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PROCESSO E PROCEDIMENTO
Processo:
Tecnicamente, há distinção entre processo e procedimento.
O processo corresponde a um sistema voltado a compor a lide
em juízo através de uma relação jurídica vinculativa de direito público.
O processo representa um complexo de atividades que se
desenvolvem para que se alcance em juízo um determinado provimento
jurisdicional.
Temos uma sucessão ordenada de atos que segue modelos
previstos em lei que são os procedimentos. O processo é, então, um
instrumento pelo qual se opera a jurisdição. É uma unidade, um todo e algo
abstrato.
Procedimento:
O processo não se desenvolve do mesmo modo em todos os
casos. Os atos exteriorizam-se de maneiras diferentes conforme as
peculiaridades da pretensão deduzida.
O modo próprio de desenvolvimento do processo, conforme
cada caso, é exatamente o procedimento, ou seja, o rito a ser adotado. Rito e
procedimento são expressões sinônimas.
O procedimento, portanto, é a maneira pela qual os atos se
desenvolvem no processo; representa o aspecto formal do processo.
Uma ação de cobrança não se desenvolve da mesma maneira
que uma ação de prestação de contas ou de consignação em pagamento; uma
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Tipos de processo:
O CPC de 1973 indicava a existência de três tipos de processo,
levando em conta o conteúdo da prestação jurisdicional almejada (processo de
conhecimento, processo de execução e processo cautelar); o novo CPC
reconhece autonomia apenas aos processos de conhecimento e de execução,
estabelecendo uma nova disciplina para a outorga das tutelas provisórias de
urgência.
1) Processo de Conhecimento:
A parte busca uma sentença de mérito voltada ao
reconhecimento de um direito, haja vista a existência de um conflito de
interesses.
Temos então a cognição da causa pelo juiz e a declaração do
direito material aplicável ao caso concreto. O juiz irá conhecer das alegações
das partes e das provas produzidas, proferindo uma sentença voltada a compor
a lide. A sentença nesse tipo de processo sempre terá uma carga declaratória.
O processo de conhecimento apresenta uma subclassificação,
tendo em vista a natureza do provimento pretendido pelo autor. Pode ser
meramente declaratório, condenatório e constitutivo.
2) Processo de Execução:
Visa a satisfação de uma obrigação expressa em título
produzido em processo de conhecimento (títulos executivos judiciais) ou em
negócio jurídico documentado (títulos executivos extrajudiciais).
No CPC de 1973 o rol dos títulos executivos judiciais se
encontrava no artigo 475-N e dos extrajudiciais no artigo 585.
No CPC de 2015 o rol dos títulos executivos judiciais
se encontra no artigo 515 e dos extrajudiciais no artigo 784.
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo
cumprimento dar-se-á de acordo com os
artigos previstos neste Título:
I – a sentença proferida no processo civil que I – as decisões proferidas no processo civil que
reconheça a existência de obrigação de fazer, reconheçam a exigibilidade de obrigação de
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de
entregar coisa;
III – a sentença homologatória de conciliação II – a decisão homologatória de autocomposição
ou de transação, ainda que inclua matéria não judicial;
posta em juízo;
V – o acordo extrajudicial, de qualquer III – a decisão homologatória de autocomposição
natureza, homologado judicialmente; extrajudicial de qualquer natureza;
VII – o formal e a certidão de partilha, IV – o formal e a certidão de partilha,
exclusivamente em relação ao inventariante, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
aos herdeiros e aos sucessores a título singular herdeiros e aos sucessores a título singular ou
ou universal. universal;
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as
custas, emolumentos ou honorários tiverem sido
aprovados por decisão judicial;
II – a sentença penal condenatória transitada em VI – a sentença penal condenatória transitada em
julgado; julgado;
IV – a sentença arbitral; VII – a sentença arbitral;
VI – a sentença estrangeira, homologada pelo VIII – a sentença estrangeira homologada pelo
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Art. 585. São títulos executivos Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a I – a letra de câmbio, a nota promissória, a
duplicata, a debênture e o cheque; duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento II – a escritura pública ou outro documento
público assinado pelo devedor; o documento público assinado pelo devedor;
particular assinado pelo devedor e por duas
testemunhas; o instrumento de transação
referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública ou pelos advogados dos
transatores;
III – o documento particular assinado pelo
devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV – o instrumento de transação referendado
pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado pelo tribunal;
III - os contratos garantidos por hipoteca, V – o contrato garantido por hipoteca, penhor,
penhor, anticrese e caução, bem como os de anticrese ou outro direito real de garantia e
seguro de vida; aquele garantido por caução;
VI – o contrato de seguro de vida em caso de
morte;
IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio;
V - o crédito, documentalmente comprovado, VIII – o crédito, documentalmente comprovado,
decorrente de aluguel de imóvel, bem como de decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
encargos acessórios, tais como taxas e despesas encargos acessórios, tais como taxas e despesas
de condomínio; de condomínio;
VI - o crédito de serventuário de justiça, de
perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as
custas, emolumentos ou honorários forem
aprovados por decisão judicial;
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda
Pública da União, dos Estados, do Distrito Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, Federal e dos Municípios, correspondente aos
correspondente aos créditos inscritos na forma créditos inscritos na forma da lei;
da lei;
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Art. 795. A extinção só produz efeito quando Art. 925. A extinção só produz efeito quando
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3) Processo Cautelar:
Guardava autonomia no CPC de 1973.
Ao postular uma tutela cautelar, o requerente objetiva uma
proteção emergencial e provisória de bens jurídicos envolvidos em um litígio,
de modo a preservar a situação de fato, enquanto se aguarda a obtenção da
tutela definitiva; no CPC de 1973, essa tutela de urgência normalmente
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causa enquadrava-se nas hipóteses do artigo 275 do CPC (rito sumário); não
sendo hipótese de rito sumário, teria lugar então a adoção do rito ordinário,
que era o rito padrão; suas disposições gerais aplicavam-se subsidiariamente
aos demais procedimentos (v. art. 272, parágrafo único, do CPC de 1973); no
CPC de 2015 o procedimento comum não apresenta o desdobramento do
CPC de 1973; as disposições gerais desse novo procedimento comum são
aplicadas subsidiariamente aos procedimentos especiais e ao processo de
execução (v. art. 318 do CPC de 2015).
Art. 271. Aplica-se a todas as causas o Art. 318. Aplica-se a todas as causas o
procedimento comum, salvo disposição em procedimento comum, salvo disposição em
contrário deste Código ou de lei especial. contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-
se subsidiariamente aos demais procedimentos
especiais e ao processo de execução.
Art. 272. O procedimento comum é ordinário
ou sumário.
Parágrafo único. O procedimento especial e o
procedimento sumário regem-se pelas
disposições que lhes são próprias, aplicando-se-
lhes, subsidiariamente, as disposições gerais do
procedimento ordinário.
processo de inventário.
início a partir da sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.
§ 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz
requisitará os autos e dará andamento ao processo.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o Ministério Público.
4 - Fase decisória:
A sentença pode ser proferida em audiência, após o
encerramento da instrução, ou no prazo de 30 (trinta) dias (v. art. 366 do CPC
de 2015). Esse prazo é impróprio, pois é conferido ao juiz e não se submete à
preclusão.
PETIÇÃO INICIAL
(Arts. 282 a 285-A do CPC de 1973 e 319 a 332 do CPC de
2015)
Consiste na declaração da parte da vontade de acionar. Na
petição inicial o autor formula a sua pretensão a ser examinada pelo órgão
jurisdicional.
Requisitos da petição inicial:
- Requisito externo: forma escrita. A petição pode ser
impressa, datilografada ou manuscrita.
- Requisitos internos: arts. 282 do CPC 1973 e 319 do CPC
de 2015.
Dos Requisitos da Petição Inicial Dos Requisitos da Petição Inicial
Art. 282. A petição inicial indicará: Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; I – o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a
domicílio e residência do autor e do réu; existência de união estável, a profissão, o
número no cadastro de pessoas físicas ou no
cadastro nacional de pessoas jurídicas, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência
do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do III – o fato e os fundamentos jurídicos do
pedido; pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações; IV – o pedido com as suas especificações;
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Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;
IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
ocorrência de decadência ou de prescrição.
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dar no prazo de 48 horas, enquanto no CPC de 2015 esse prazo passou a ser
de cinco dias);
no CPC de 1973, se o juiz não reformasse sua sentença,
determinava então a imediata remessa dos autos ao Tribunal para julgamento
da apelação; não havia previsão de citação do réu para responder ao recurso;
já no CPC de 2015, se não houver retratação, o réu deverá ser citado para
responder ao recurso; por via de consequência, se a sentença for reformada
pelo Tribunal, com determinação de prosseguimento da ação, o prazo para o
réu contestar começará a correr automaticamente da intimação do retorno dos
autos, observado o disposto no art. 334;
2 – v. arts. 285-A do CPC de 1973 e 332 do CPC de 2015:
CAPÍTULO III
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO
PEDIDO
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for Art. 332. Nas causas que dispensem a fase
unicamente de direito e no juízo já houver sido instrutória, o juiz, independentemente da citação
proferida sentença de total improcedência em do réu, julgará liminarmente improcedente o
outros casos idênticos, poderá ser dispensada a pedido que contrariar:
citação e proferida sentença, reproduzindo-se o
teor da anteriormente prolatada.
I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça
sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será
intimado do trânsito em julgado da sentença, nos
termos do art. 241.
§ 1º Se o autor apelar, é facultado ao juiz § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-
decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter se em 5 (cinco) dias.
a sentença e determinar o prosseguimento da
ação.
§ 2º Caso seja mantida a sentença, será § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o
ordenada a citação do réu para responder ao prosseguimento do processo, com a citação do
recurso. réu, e, se não houver retratação, determinará a
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PEDIDO
É o objeto da ação. É a expressão da pretensão do demandante.
Não há ação sem pedido.
No pedido temos a postulação de uma providência
jurisdicional na tutela de um bem jurídico.
Fala-se então em pedido imediato e pedido mediato.
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REQUISITOS DO PEDIDO
(v. art. 286, caput, do CPC de 1973 e arts. 322 e 324 do CPC
de 2015)
O pedido deve ser certo, determinado e concludente.
Pedido certo: quer dizer pedido expresso, explícito.
Pedido determinado: significa pedido delimitado na sua
qualidade e na sua quantidade. O pedido mediato pode ser indeterminado em
alguns casos.
Pedido concludente: deve resultar logicamente da causa de
pedir (caso contrário, haverá inépcia da petição inicial).
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ESPÉCIES DE PEDIDO
1 - Pedido determinado ou genérico: arts. 286, I a III, do
CPC de 1973 e 324, § 1º, do CPC de 2015.
Art. 286. O pedido deve ser certo ou Art. 324. O pedido deve ser determinado.
determinado. É lícito, porém, formular pedido § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
genérico:
I - nas ações universais, se não puder o autor I – nas ações universais, se o autor não puder
individuar na petição os bens demandados; individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, de II – quando não for possível determinar, desde
modo definitivo, as consequências do ato ou do logo, as consequências do ato ou do fato;
fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da III – quando a determinação do objeto ou do
condenação depender de ato que deva ser valor da condenação depender de ato que deva
praticado pelo réu. ser praticado pelo réu.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à
reconvenção.
INTERPRETAÇÃO DO PEDIDO
Arts. 293 do CPC de 1973 e 322 do CPC de 2015.
Art. 293. Os pedidos são interpretados Art. 322. O pedido deve ser certo.
restritivamente, compreendendo-se, entretanto, § 1º Compreendem-se no principal os juros
no principal os juros legais. legais, a correção monetária e as verbas de
sucumbência, inclusive os honorários
advocatícios.
§ 2º A interpretação do pedido considerará o
conjunto da postulação e observará o princípio
da boa-fé.
TUTELA PROVISÓRIA
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2 - tutela cautelar.
No CPC de 1973, a medida cautelar, antecedente ou incidental,
deveria ser sempre requerida em processo autônomo (v. arts. 796 e seguintes);
falava-se em processo acessório, que visava simplesmente assegurar a eficácia
e utilidade do processo principal, que poderia ser de conhecimento ou de
execução.
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Tutela Antecipada
O art. 273 do CPC de 1973 é que veio a instituir a
possibilidade da antecipação da tutela de mérito pretendida pela parte, em
qualquer processo de conhecimento, mediante cognição sumária (averiguação
superficial e provisória dos fatos da causa).
A sentença de mérito é proferida a partir de uma cognição
exauriente, ou seja, a partir de um exame aprofundado dos elementos de
convicção coligidos no curso do procedimento.
O juiz pode, então, a requerimento da parte, antecipar total ou
parcialmente o próprio provimento de mérito pretendido ou os seus efeitos.
Essa tutela provisória é instituto típico de processo de conhecimento, pois
apenas neste tipo de processo temos o julgamento do mérito de uma causa.
A ideia do legislador foi a de evitar os males corrosivos do
tempo no processo, tratando de forma diferenciada o direito que se mostra
evidente. Quando concede a tutela antecipada, o juiz adianta os efeitos da
sentença de mérito a ser proferida na ação de conhecimento.
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bem, de modo a assegurar a sua entrega a quem de direito nos autos da ação
principal).
Ex. 2: a mulher, pretendendo ajuizar ação de divórcio, requer
em caráter antecedente o arrolamento dos bens do casal, de modo a assegurar
a futura partilha, a ser deliberada quando da eventual decretação da dissolução
do vínculo conjugal.
OBS.: o novo CPC inovou e a tutela provisória cautelar poderá
ser concedida, em caráter incidental, nos próprios autos do processo de
conhecimento ou de execução em curso, ou seja, não se exige mais que a
medida cautelar nessas condições seja reclamada em processo cautelar
autônomo; aproveita-se a mesma relação processual em que tramita o pedido
de tutela principal; há também disciplina própria, no CPC de 2015, para
requerer e obter tutela cautelar em caráter antecedente, ou seja, antes de se
propor o pedido de tutela principal.
Uma vez concedida a tutela cautelar, em caráter antecedente, o
autor deve formular o pedido principal em 30 dias, sob pena de cessação da
eficácia da medida; o requerido será citado para apresentar contestação em 5
dias; caso venha a cessar a eficácia da tutela preventiva, o pedido não pode
ser renovado, salvo sob fundamento diverso.
Observações sobre tutela provisória:
a) em princípio, não pode ser concedida de ofício pelo juiz,
ou seja, depende de requerimento da parte;
b) tem lugar a antecipação da tutela de mérito em qualquer
processo de conhecimento, seja qual for o rito adotado; cabe, inclusive, no
procedimento sumaríssimo do JEC;
c) nas ações de conhecimento meramente declaratórias e
constitutivas é possível a antecipação dos efeitos da sentença de mérito a ser
proferida (antecipam-se os efeitos, e não o próprio provimento de mérito);
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embora represente uma tutela satisfativa, ela é provisória, devendo então ser
considerada a possibilidade da reversão dos seus efeitos.
Ex.: não se admite tutela antecipada para demolição ou
modificação de prédio tombado pelo patrimônio histórico.
Essa regra deve ser interpretada com temperamento quando se
está diante de um interesse legitimamente superior a ser tutelado como direito
à saúde e à vida.
Segue reprodução dos artigos 303 a 310 do CPC de 2015,
relativos aos procedimentos da tutela antecipada requerida em caráter
antecedente e da tutela cautelar requerida em caráter antecedente.
CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA
REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
“Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura
da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua
argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final,
em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de
mediação na forma do art. 334;
III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado
na forma do art. 335.
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste
artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á
nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais.
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá
de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final.
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CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA
EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar
em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito
que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o
pedido e indicar as provas que pretende produzir.
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Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor
presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5
(cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o
procedimento comum.
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser
formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais.
§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido
de tutela cautelar.
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do
pedido principal.
§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a
audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados ou
pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu.
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado
na forma do art. 335.
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:
I – o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II – não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III – o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor
ou extinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela
cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte
formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do
indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.”
DEFESA DO RÉU
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MODALIDADES DE RESPOSTA
No CPC de 1973, tínhamos:
- contestação
- exceção
- reconvenção
Exceção, para o CPC de 1973, representava processo
incidente pelo qual o litigante poderia apenas arguir incompetência relativa do
Juízo e impedimento ou suspeição do Juiz. É defesa indireta processual,
restrita a tais arguições. Todas as demais defesas contra o processo e contra o
mérito deveriam ser deduzidas na contestação.
Como meios de defesa, incluiam-se a contestação e a
exceção. A reconvenção não tinha como propósito buscar a extinção do
processo sem resolução do mérito ou requerer a improcedência da ação –
representava um contra-ataque do réu.
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Art. 366. Quando a lei exigir, como da Art. 406. Quando a lei exigir instrumento
substância do ato, o instrumento público, público como da substância do ato, nenhuma
nenhuma outra prova, por mais especial que outra prova, por mais especial que seja, pode
seja, pode suprir-lhe a falta. suprir-lhe a falta.
Ex.: numa ação reivindicatória de bem imóvel, a propriedade
do autor só pode ser provada mediante exibição da escritura pública,
registrada no ofício imobiliário. A não exibição do documento não pode ser
suprida nem mesmo pela não impugnação do réu da alegação do autor de que
é proprietário do bem.
c) quando os fatos não impugnados estiverem em contradição
com a defesa, considerada em seu conjunto. Ex.: o réu baseia a sua defesa no
fato de que não estava presente no local onde ocorreu o ato ilícito.
Implicitamente, estarão impugnados todos os demais fatos alegados pelo
autor que pressuponham a presença desse contestante no local.
Como visto, essa regra, da impugnação especificada dos fatos,
não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
A jurisprudência entende que a regra também não se aplica à
Fazenda Pública, que defende direitos indisponíveis em Juízo.
Obs.: o Curador Especial atua na defesa do réu quando ele for
revel em hipóteses em que a citação se deu por edital ou com hora certa, ou
ainda quando ele se encontra preso, podendo então contestar o pedido por
negativa geral; isso faz com que o autor continue com o ônus de provar os
fatos alegados na inicial, afastada, assim, a presunção de veracidade das
alegações de fato constantes da petição inicial.
As defesas processuais revestem-se de caráter prejudicial e
devem ser apresentadas preliminarmente, ou seja, antes de discutir o mérito
da causa – v. arts. 301 do CPC de 1973 e 337 do CPC de 2015.
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o
o mérito, alegar: mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação; I – inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta; II – incompetência absoluta e relativa;
III – incorreção do valor da causa;
III - inépcia da petição inicial; IV – inépcia da petição inicial;
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IV - perempção; V – perempção;
V - litispendência; VI – litispendência;
Vl - coisa julgada; VII – coisa julgada;
VII - conexão; VIII – conexão;
Vlll - incapacidade da parte, defeito de IX – incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização; representação ou falta de autorização;
IX - convenção de arbitragem; X – convenção de arbitragem;
X - carência de ação; XI – ausência de legitimidade ou de interesse
processual;
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a XII – falta de caução ou de outra prestação que a
lei exige como preliminar. lei exige como preliminar;
XIII – indevida concessão do benefício da
gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa
julgada, quando se reproduz ação anteriormente julgada quando se reproduz ação anteriormente
ajuizada. ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as § 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o
mesmo pedido. mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, § 3º Há litispendência quando se repete ação que
que está em curso; há coisa julgada, quando se está em curso.
repete ação que já foi decidida por sentença, de § 4º Há coisa julgada quando se repete ação que
que não caiba recurso. já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o § 5º Excetuada a convenção de arbitragem e a
juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada incompetência relativa, o juiz conhecerá de
neste artigo. ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6º A ausência de alegação da existência de
convenção de arbitragem, na forma prevista
neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição
estatal e renúncia ao juízo arbitral.
procedente, ainda que o réu não conteste o pedido, se não for exibida a
escritura pública registrada no ofício imobiliário.
Obs.: a presunção de veracidade em causa é relativa, tendo em
vista o princípio da livre apreciação da prova e da persuasão racional; se há
elementos nos autos que levam a conclusão diversa, o juiz não está obrigado a
julgar a ação procedente; nessa linha, temos agora o inciso IV do citado artigo
345 do novo CPC: “a revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se as
alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos”.
Procedimento
Admitida a reconvenção, o autor é intimado na pessoa de seu
procurador para apresentar resposta em 15 dias. Essa intimação tem a
natureza e os efeitos de uma citação.
Normalmente a reconvenção enseja o recolhimento de taxa
judiciária.
No CPC vigente é necessário identidade de partes entre a ação
originária e a reconvenção, ou seja, só o réu ou qualquer dos réus têm
legitimidade para reconvir e só o autor ou autores ostentam legitimação
passiva para a reconvenção; o novo CPC possibilita a ampliação subjetiva da
relação processual, a partir do oferecimento da reconvenção; assim, esta pode
ser proposta contra o autor e terceiro; nesse caso, o terceiro deve ser citado
para integrar a lide; de outro lado, a reconvenção pode ser proposta pelo réu
em litisconsórcio com terceiro.
Indeferida liminarmente a reconvenção, é possível admitir a
interposição do recurso de agravo de instrumento; o novo CPC não contém
previsão expressa para a apresentação de agravo de instrumento nas hipóteses
de indeferimento liminar da reconvenção ou julgamento liminar de sua
improcedência (v. arts. 330 e 332 do CPC de 2015); mas essa interposição
pode encontrar fundamento nos artigos 354, parágrafo único, e 356, § 5º,
também do CPC de 2015.
81
recorrer da decisão.
§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição,
o tribunal fixará o momento a partir do qual o
juiz não poderia ter atuado.
§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do
juiz, se praticados quando já presente o motivo
de impedimento ou de suspeição.
§ 2o Nos tribunais caberá ao relator processar e § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o §
julgar o incidente. 1º será disciplinada pelo regimento interno.
§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à
arguição de impedimento ou de suspeição de
testemunha.
Incompetência relativa
Não pode ser declarada de ofício pelo juiz (v. Súmula 33 do
STJ), prevalecendo essa vedação no novo CPC (v. § 5º do art. 337); exceção à
regra encontra-se no artigo 112, parágrafo único, do CPC/73, com
correspondência no § 3º do art. 63 do CPC/2015; de acordo com a nova
disciplina, é possível ao juiz, de ofício, declarar abusiva cláusula de eleição de
foro, reputando-a ineficaz, caso em que será determinada a remessa dos autos
ao juízo do foro de domicílio do réu; no novo CPC, ressalva-se que a análise
ex officio da validade da cláusula de eleição de foro só tem lugar antes da
citação do réu; realizada a citação, cabe ao réu alegar na própria contestação,
se for o caso, que a cláusula de eleição de foro é abusiva; fica preclusa a
questão se não for ela suscitada oportunamente.
CPC/73
Art. 112. Argui-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser
declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.
CPC/2015
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro
onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir
expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz se
abusiva, hipótese em que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob
pena de preclusão.
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
89
CPC/73 CPC/2015
CAPÍTULO IV CAPÍTULO IX
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E
DO SANEAMENTO
Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, Art. 347. Findo o prazo para a contestação, o
o escrivão fará a conclusão dos autos. O juiz, juiz tomará, conforme o caso, as providências
no prazo de 10 (dez) dias, determinará, preliminares constantes das seções deste
conforme o caso, as providências preliminares, Capítulo.
que constam das seções deste Capítulo.
90
Seção I Seção I
Do Efeito da Revelia Da não Incidência dos Efeitos da Revelia
Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz,
verificando que não ocorreu o efeito da revelia, verificando a inocorrência do efeito da revelia
mandará que o autor especifique as provas que previsto no art. 344, ordenará que o autor
pretenda produzir na audiência. especifique as provas que pretenda produzir, se
ainda não as tiver indicado.
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de
provas, contrapostas às alegações do autor, desde
que se faça representar nos autos a tempo de
praticar os atos processuais indispensáveis a essa
produção.
Seção II
Da Declaração incidente
Art. 325. Contestando o réu o direito que
constitui fundamento do pedido, o autor poderá
requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre
ele o juiz profira sentença incidente, se da
declaração da existência ou da inexistência do
direito depender, no todo ou em parte, o
julgamento da lide (art. 5o).
Seção III Seção II
Dos Fatos Impeditivos, Modificativos ou Do Fato Impeditivo, Modificativo ou
Extintivos do Pedido Extintivo do Direito do Autor
Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo,
se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de quinze dias,
este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.
facultando-lhe o juiz a produção de prova
documental.
Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses
previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o
declarará extinto o processo. juiz proferirá sentença.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o
caput pode dizer respeito a apenas parcela do
processo, caso em que será impugnável por
agravo de instrumento.
Seção II Seção II
Do Julgamento Antecipado da Lide Do Julgamento Antecipado do Mérito
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o
pedido, proferindo sentença: pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando:
I - quando a questão de mérito for unicamente I – não houver necessidade de produção de
de direito, ou, sendo de direito e de fato, não outras provas;
houver necessidade de produzir prova em
audiência;
II - quando ocorrer a revelia (art. 319). II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no
art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.
Seção III
Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito
quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II – estiver em condições de imediato
julgamento, nos termos do art. 355.
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito
poderá reconhecer a existência de obrigação
líquida ou ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde
logo, a obrigação reconhecida na decisão que
julgar parcialmente o mérito, independentemente
de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em
julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão
que julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a
requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é
impugnável por agravo de instrumento.
Seção III
Da Audiência Preliminar
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses
previstas nas seções precedentes, e versar a
causa sobre direitos que admitam transação, o
juiz designará audiência preliminar, a realizar-
se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão
as partes intimadas a comparecer, podendo
92
Extinção do processo
O processo é extinto sem exame do mérito se delineadas as
hipóteses previstas no art. 267 do CPC/73 e 485 do CPC/2015.
CAPÍTULO III CAPÍTULO XIII
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 267. Extingue-se o processo, sem Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
resolução de mérito:
I - quando o juiz indeferir a petição inicial; I – indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) II – o processo ficar parado durante mais de um
ano por negligência das partes; ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e III – por não promover os atos e as diligências
diligências que Ihe competir, o autor abandonar que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por
a causa por mais de 30 (trinta) dias; mais de trinta dias;
IV - quando se verificar a ausência de IV – verificar a ausência de pressupostos de
pressupostos de constituição e de constituição e de desenvolvimento válido e
desenvolvimento válido e regular do processo; regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de V – reconhecer a existência de perempção, de
perempção, litispendência ou de coisa julgada; litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das VI – verificar ausência de legitimidade ou de
condições da ação, como a possibilidade interesse processual;
jurídica, a legitimidade das partes e o interesse
processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; VII – acolher a alegação de existência de
convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
Vlll - quando o autor desistir da ação; VIII – homologar a desistência da ação;
IX - quando a ação for considerada IX – em caso de morte da parte, a ação for
intransmissível por disposição legal; considerada intransmissível por disposição legal;
e
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código. X – nos demais casos prescritos neste Código.
o
§ 1 O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a
arquivamento dos autos, declarando a extinção parte será intimada pessoalmente para suprir a
do processo, se a parte, intimada pessoalmente, falta no prazo de cinco dias.
não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao n o § 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as
II, as partes pagarão proporcionalmente as partes pagarão proporcionalmente as custas, e,
custas e, quanto ao no III, o autor será quanto ao inciso III, o autor será condenado ao
condenado ao pagamento das despesas e pagamento das despesas e dos honorários de
honorários de advogado (art. 28). advogado.
o
§ 3 O juiz conhecerá de ofício, em qualquer § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria
tempo e grau de jurisdição, enquanto não constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer
proferida a sentença de mérito, da matéria tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer
constante dos ns. IV, V e VI; todavia, o réu que o trânsito em julgado.
a não alegar, na primeira oportunidade em que
Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas
96
custas de retardamento.
§ 4o Depois de decorrido o prazo para a § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá,
resposta, o autor não poderá, sem o sem o consentimento do réu, desistir da ação.
consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada
até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do
processo, por abandono da causa pelo autor,
depende de requerimento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos
casos de que tratam os incisos deste artigo, o
juiz terá cinco dias para retratar-se.
Transação
O juiz chancela a solução encontrada pelas próprias partes para
o litígio.
A transação corresponde a negócio jurídico bilateral apto a
prevenir ou terminar litígio, mediante concessões recíprocas (art. 840 do
Código Civil).
O juiz intervém apenas para verificar a capacidade das partes,
a licitude do objeto e a regularidade formal, homologando então a transação
por sentença.
A lide estará solucionada definitivamente. A sentença
homologatória produz coisa julgada material.
Prescrição e decadência: são efeitos do transcurso do tempo
sobre os direitos subjetivos.
A decadência é a extinção do próprio direito, que pela lei ou
pela convenção, nasceu com um prazo certo de eficácia.
O reconhecimento da decadência é o reconhecimento do
perecimento do direito invocado.
Prescrição – decorrido o lapso previsto em lei, desaparece a
possibilidade da fazer valer o direito. O direito não desaparece.
99
Prova Judiciária
Prova, no direito processual, corresponde a todo elemento que
contribui para a formação da convicção do juiz a respeito da existência de
determinado fato controvertido, tido como relevante para a solução do litígio.
Fala-se, nesse aspecto, em prova judiciária, a ser produzida
normalmente na fase instrutória do processo de conhecimento.
Classificação das provas:
103
Objeto da prova
A prova se destina a convencer o juiz quanto à existência ou
inexistência dos fatos sobre os quais versa a lide.
Os fatos da causa são objeto da prova.
Via de regra provam-se fatos; por exceção, prova-se o direito
quando estadual, municipal, costumeiro, singular ou estrangeiro (v. arts. 337
do CPC/73 e 373 do CPC/2015).
Nem todos os fatos carecem de prova (arts. 334 do CPC/73 e
374 do CPC/2015).
Dependem de prova os fatos controvertidos, relevantes e
determinados.
Fatos controvertidos ou controversos – se não há controvérsia
quanto aos fatos alegados pelos litigantes, a questão se traduz à mera
aplicação do direito.
Reclamam prova apenas os fatos contestados ou não admitidos
como verdadeiros pela parte contrária a quem os alega.
Em dadas circunstâncias, embora não contestados, deve ser
feita a prova dos fatos:
- quando reclamada pelo juiz para o fim de formar com mais
segurança o seu convencimento;
- quando a lide versar sobre direitos indisponíveis (v. ação de
anulação de casamento, de investigação de paternidade, de destituição do
poder familiar etc.) – v. arts. 320, II, do CPC/73 e 345, II, do CPC/2015;
- quando a lei exige que a prova do ato ou negócio jurídico se
revista de forma especial (prova da propriedade imobiliária, de direito real de
106
Destinatário da Prova
O destinatário direto da prova é o juiz da causa, que deve se
convencer da verdade dos fatos para compor o litígio.
Para garantia das próprias partes, o julgador só pode tomar em
consideração o que for alegado e provado no curso do procedimento.
O direito processual se contenta, então, com a chamada
108
CPC/73 CPC/2015
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos
atendendo aos fatos e circunstâncias constantes autos, independentemente do sujeito que a tiver
dos autos, ainda que não alegados pelas partes; promovido, e indicará na decisão as razões da
mas deverá indicar, na sentença, os motivos que formação de seu convencimento.
Ihe formaram o convencimento.
Ônus da prova
CPC/73 CPC/2015
Art. 333. O ônus da prova incumbe: Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito; direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato II – ao réu, quanto à existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor. do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa, relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de
cumprir o encargo nos termos do caput ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato
contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova
de modo diverso, desde que o faça por decisão
111
Art. 333.
Parágrafo único. É nula a convenção que § 3º A distribuição diversa do ônus da prova
distribui de maneira diversa o ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes,
quando: salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte; I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o II - tornar excessivamente difícil a uma parte o
exercício do direito. exercício do direito.
Inversão convencional
As partes podem transigir sobre a distribuição do ônus da
prova, salvo quando:
- recair sobre direito indisponível;
- a convenção tornar excessivamente difícil a uma parte o
exercício do direito (v. parágrafo único do art. 333 do CPC/73 e § 3º do art.
373 do CPC/2015).
O direito indisponível não é sujeito à transação ou à confissão,
razão pela qual também não se admite a inversão do ônus da prova por
convenção entre as partes.
113
Inversão legal
É normalmente aquela que decorre de uma presunção.
A presunção consiste em uma forma de raciocínio pela qual,
por meio do conhecimento de um fato, infere-se a existência de outro.
Há presunções relativas e absolutas estabelecidas pelo
legislador (presunções legais).
Apenas no caso de presunção relativa, por admitir prova em
contrário, é que se pode falar em inversão do ônus probatório.
Quando o fato é presumido, não precisa ser comprovado por
quem o alega. Cabe ao adversário fazer prova da inveracidade do fato
alegado.
A inversão legal não depende da avaliação do juiz, pois
decorre da lei.
A presunção legal é muito usada no âmbito da
responsabilidade civil. Ex.: presume-se a culpa do dono do animal pelos
danos por ele causados; numa ação de indenização, o autor invoca a culpa
assim presumida, incumbindo-se o réu de demonstrar a sua inocorrência.
Presume-se ainda a culpa das prestadoras de serviço público
pelos danos ao particular, a do fornecedor pelos danos ao consumidor e a
daquele que exerce atividade de risco pelos danos causados a terceiros
(Código Civil, art. 927, parágrafo único).
O artigo 38 do Código de Defesa do Consumidor também
estabelece uma hipótese de inversão do ônus da prova que não está na esfera
de discricionariedade do juiz, ou seja, é obrigatória; refere-se a dois aspectos
da publicidade: a veracidade e a correção; de acordo com o dispositivo, o
ônus da prova nesses dois aspectos da informação ou comunicação
publicitária cabe a quem as patrocina.
Momentos da Prova
O procedimento probatório passa por três momentos:
- proposição da prova;
- admissão da prova;
- produção da prova.
1º) Proposição ou propositura da prova: as partes determinam
na petição inicial ou na contestação os fatos a serem provados; e para
demonstrar a existência desses fatos, devem especificar os meios de prova a
serem utilizados.
De acordo com o CPC/73, no rito ordinário bastaria menção à
espécie de prova; já no rito sumário, havia necessidade da particularização das
provas a produzir desde logo.
No novo procedimento comum, disciplinado no CPC/2015,
basta menção genérica, na inicial e na contestação, aos meios de prova a
serem utilizados.
Em todos os casos, a prova documental deve ser proposta e
116
sua jurisdição.
Expede-se, nessas hipóteses, carta precatória, rogatória ou de
ordem.
Em princípio, a prova por rogatória ou precatória deve ser
requerida na petição inicial ou na contestação.
O momento da proposição dessa prova influi sobre os efeitos
da precatória ou rogatória (v. arts. 338 do CPC/73 e 377 do CPC/2015).
Requerida a expedição após o despacho saneador, a precatória
ou rogatória não terão efeito suspensivo, ou seja, a sua expedição não
suspende o julgamento da causa.
Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o
suspenderão o processo, no caso previsto na auxílio direto suspenderão o julgamento da causa
alínea b do inciso IV do art. 265 desta Lei, no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea b,
quando, tendo sido requeridas antes da decisão quando, tendo sido requeridos antes da decisão
de saneamento, a prova nelas solicitada de saneamento, a prova neles solicitada for
apresentar-se imprescindível. imprescindível.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta Parágrafo único. A carta precatória e a carta
rogatória, não devolvidas dentro do prazo ou rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas
concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos
juntas aos autos até o julgamento final. autos a qualquer momento.
I - se tiver de ausentar-se;
II - se, por motivo de idade ou de moléstia I – haja fundado receio de que venha a tornar-se
grave, houver justo receio de que ao tempo da impossível ou muito difícil a verificação de
prova já não exista, ou esteja impossibilitada de certos fatos na pendência da ação;
depor.
II – a prova a ser produzida seja suscetível de
viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução de conflito;
III – o prévio conhecimento dos fatos possa
justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto
nesta seção quando tiver por finalidade apenas a
realização de documentação e não a prática de
atos de apreensão.
§ 2º A produção antecipada da prova é da
competência do juízo do foro onde esta deva ser
produzida ou do foro de domicílio do réu.
§ 3º A produção antecipada da prova não previne
a competência do juízo para a ação que venha a
ser proposta.
§ 4º O juízo estadual tem competência para
produção antecipada de prova requerida em face
da União, entidade autárquica ou empresa
pública federal se, na localidade, não houver
vara federal.
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que
pretender justificar a existência de algum fato ou
relação jurídica, para simples documento e sem
caráter contencioso, que exporá, em petição
circunstanciada, a sua intenção.
Art. 848. O requerente justificará Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as
sumariamente a necessidade da antecipação e razões que justificam a necessidade de
mencionará com precisão os fatos sobre que há antecipação da prova e mencionará com precisão
de recair a prova. os fatos sobre os quais a prova há de recair.
Parágrafo único. Tratando-se de inquirição de
testemunhas, serão intimados os interessados a
comparecer à audiência em que prestará o
depoimento.
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a
requerimento da parte, a citação de interessados
na produção da prova ou no fato a ser provado,
salvo se inexistente caráter contencioso.
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência
ou a inocorrência do fato, nem sobre as
respectivas consequências jurídicas.
§ 3º Os interessados poderão requerer a
produção de qualquer prova no mesmo
procedimento, desde que relacionada ao mesmo
fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar
excessiva demora.
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa
ou recurso, salvo contra a decisão que indeferir
121
Prova emprestada
É aquela produzida em determinado processo, buscando-se o
seu aproveitamento em outro feito.
O novo CPC, no artigo 372, admite expressamente a utilização
de prova emprestada (“Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova
produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
observado o contraditório”); o CPC/73 não continha previsão a respeito, sendo
Meios de Prova
São os instrumentos através dos quais se torna possível a
comprovação dos fatos relevantes à solução da lide.
O nosso direito processual admite a utilização dos meios legais
de prova ou outros meios moralmente legítimos.
CPC/73 CPC/2015
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os Art. 369. As partes têm o direito de empregar
moralmente legítimos, ainda que não todos os meios legais, bem como os moralmente
especificados neste Código, são hábeis para legítimos, ainda que não especificados neste
provar a verdade dos fatos, em que se funda a Código, para provar a verdade dos fatos em que
ação ou a defesa. se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.
Depoimento pessoal
Depoimento pessoal consiste no testemunho da parte em juízo.
Consiste em meio de prova, pelo qual a parte é inquirida, a
pedido do adversário, a respeito dos fatos relevantes para a solução da lide.
É um instituto voltado a provocar a confissão e a elucidação
dos fatos debatidos no processo.
O sujeito do depoimento pessoal é aquele que figura como
parte no processo e tem capacidade jurídica.
O objeto do depoimento pessoal são os fatos da causa.
A iniciativa da diligência pode ser da parte contrária ou do
128
próprio juiz.
Faz-se então distinção entre depoimento pessoal e
interrogatório.
O depoimento pessoal é sempre requerido pelo adversário, é
colhido normalmente na audiência de instrução e julgamento e tem por
finalidade provocar a confissão.
Já o interrogatório é determinado de ofício pelo juiz, pode ser
realizado em qualquer fase do procedimento e se destina a fornecer subsídios
para o julgamento do feito; não se aplica então a pena de confesso caso a
parte não compareça à audiência para interrogatório ou, comparecendo, se
recuse a depor.
Não se admite requerimento para depoimento pessoal da
própria parte ou de litisconsorte. O pedido deve ser feito para inquirição de
quem ocupa o polo oposto da relação processual.
O Ministério Público, atuando como fiscal da lei, pode
requerê-lo.
Se a parte for pessoa jurídica, o depoimento será prestado
pelos seus representantes legais.
A parte (autor ou réu), uma vez intimada, deve comparecer em
juízo e prestar o depoimento, o que representa um ônus processual; se a parte
não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, estará sujeita a uma
consequência negativa, qual seja, a aplicação da pena de confesso; o juiz
admite então como verdadeiros os fatos alegados contra ela.
A pena de confesso também pode ser aplicada pelo juiz
quando a parte, sem motivo justificado, calar-se ou deixar de responder
adequadamente o que lhe for perguntado, empregando evasivas.
A parte, no entanto, pode se escusar de depor nas hipóteses
previstas nos artigos 347 do CPC/73 e 388 do CPC/2015; o novo CPC trouxe
relevante ampliação dos casos em que a escusa pode ser admitida (ler os
129
Procedimento
O depoimento pessoal normalmente é requerido na petição
inicial ou na contestação e via de regra é prestado na audiência de instrução e
julgamento.
A parte deve ser intimada pessoalmente, com a advertência da
pena de confesso.
Admite-se, por exceção, a produção antecipada dessa prova (v.
arts. 846/848 do CPC/73 e 381/383 do CPC/2015).
Admite-se ainda a inquirição da parte por precatória ou
rogatória, se residir fora da comarca onde tramita o feito; o NCPC preconiza a
possibilidade do depoimento ser colhido por meio de videoconferência ou
outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (v.
§ 3º do art. 385).
Observa-se a mesma forma prevista para a inquirição de
testemunhas, ressalvadas as disposições incompatíveis; o advogado do
depoente não poderá fazer reperguntas; o litigante que ainda não prestou
depoimento não pode assistir a inquirição do litisconsorte ou do adversário.
Na audiência de instrução e julgamento o depoimento das
partes é tomado antes da oitiva das testemunhas. Primeiro ouve-se o autor,
depois o réu.
O novo CPC permite que o advogado da parte adversa formule
as suas perguntas diretamente ao depoente; o juiz poderá formular suas
perguntas à parte depoente antes ou depois da intervenção do advogado; cabe
ao juiz indeferir perguntas impertinentes, repetitivas ou que tenham por
escopo induzir a resposta; no sistema do CPC vigente, o advogado formula
suas indagações por intermédio do juiz.
CPC/73 CPC/2015
130
Confissão
Consiste no reconhecimento, pela parte, de serem verdadeiros
os fatos ou alguns dos fatos alegados pelo adversário.
Confissão diz respeito então a fatos desfavoráveis ao
confitente e favoráveis à parte contrária.
A confissão não se confunde com reconhecimento da
procedência do pedido pelo réu, que é causa de extinção do processo, com
julgamento do mérito; também não se confunde com renúncia ao direito sobre
que se funda a ação; mediante confissão a parte (autor ou réu) apenas admite a
veracidade de fato alegado pelo adversário, sem reconhecer a justiça ou
injustiça da pretensão deste; o fato confessado pode ou não levar à vitória do
adversário; portanto, na confissão a parte não abre mão do seu direito.
A confissão é considerada meio de prova de excepcional
eficácia, pois a partir dela o fato se torna incontroverso, dispensando outras
provas a respeito; os seus efeitos são análogos aos da revelia.
A confissão só é válida:
1) sobre fatos relativos a direitos disponíveis, ou seja, deve
haver disponibilidade do direito relacionado com o fato confessado (ex.: não
se admite confissão nas ações relativas ao estado da pessoa ou à filiação –
destituição do poder familiar, anulação de casamento, investigação de
paternidade, e mesmo nas ações movidas contra a Fazenda Pública);
2) quando inexigível forma especial para a validade do ato
judicial confessado (ex.: confissão não supre escritura pública quando esta for
da substância do negócio jurídico);
3) se emanar de pessoa capaz de obrigar-se; é inadmissível a
132
Espécies de confissão
Pode ser judicial ou extrajudicial (v. arts. 348 do CPC/73 e
389 do CPC/2015).
Confissão Judicial: feita em juízo nos próprios autos, a
qualquer tempo; pode ser escrita (na contestação, réplica ou em outra petição
oferecida) ou verbal (durante o depoimento pessoal).
Fala-se ainda que a confissão judicial pode ser espontânea ou
provocada (v. arts. 349 do CPC/73 e 390 do CPC/2015); a provocada resulta
normalmente do depoimento pessoal da parte, quando ela responde as
perguntas do juiz ou do advogado do adversário; a espontânea resulta da
iniciativa do próprio confitente e é manifestada em petição dirigida ao juízo.
Confissão extrajudicial: é feita fora do processo, por escrito
ou oralmente, perante a parte contrária ou terceiros, ou ainda por testamento
(v. arts. 353 do CPC/73 e 394 do CPC/2015); deve ser provada nos autos por
documentos ou testemunhas.
A confissão judicial e a extrajudicial podem ser feitas pela
parte ou por representante com poder especial (v. arts. 349, parágrafo único,
do CPC/73 e 390, § 1º, do CPC/2015).
A confissão também pode ser expressa ou tácita (ficta); a
expressa é feita de forma categórica, por escrito ou oralmente; a ficta ou tácita
decorre da falta de impugnação na contestação dos fatos alegados na petição
inicial ou da omissão da parte em falar quando provocada (geralmente resulta
da recusa da parte em prestar depoimento).
A eficácia da confissão judicial e extrajudicial está prevista nos
133
artigos 350 e 353 do CPC/73 e 391 e 394 do CPC/2015 (ler os artigos adiante
transcritos); a confissão judicial faz prova contra o confitente, não podendo
prejudicar os litisconsortes; “nas ações que versarem sobre bens imóveis ou
direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou
companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o
de separação absoluta de bens”.
Uma vez considerada eficaz, a confissão é irretratável.
O confitente poderá pleitear a anulação da confissão em ação
própria, diante da presença de vício de consentimento; o CPC/73 fazia
referência ao cabimento de ação anulatória, se o processo em que se deu a
confissão ainda estivesse em andamento, ou de ação rescisória se transitou em
julgado a sentença de mérito proferida com fundamento na confissão viciada;
o novo CPC menciona apenas a possibilidade de ação anulatória, pois não
mais se insere dentre os fundamentos para ajuizar uma ação rescisória
eventual vício da confissão manifestada.
Os artigos 354 do CPC/73 e 395 do CPC/2015 preconizam a
indivisibilidade da confissão; isso quer dizer que se o ato da confissão abordar
vários pontos, deve ser considerado como um todo, ou seja, tanto naquilo que
for favorável ou desfavorável à parte a quem aproveita a confissão; esta,
porém, poderá cindir-se quando o confitente a ela aduzir fato novo, capaz de
constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
CPC/73 CPC/2015
Da Confissão Da Confissão
Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial,
verdade de um fato, contrário ao seu interesse e quando a parte admite a verdade de fato
favorável ao adversário. A confissão é judicial contrário ao seu interesse e favorável ao
ou extrajudicial. adversário.
Art. 349. A confissão judicial pode ser Art. 390. A confissão judicial pode ser
espontânea ou provocada. Da confissão espontânea ou provocada.
espontânea, tanto que requerida pela parte, se
lavrará o respectivo termo nos autos; a
confissão provocada constará do depoimento
pessoal prestado pela parte.
Parágrafo único. A confissão espontânea pode § 1º A confissão espontânea pode ser feita pela
134
ser feita pela própria parte, ou por mandatário própria parte ou por representante com poder
com poderes especiais. especial.
§ 2º A confissão provocada constará do termo de
depoimento pessoal.
Art. 350. A confissão judicial faz prova contra Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o
o confitente, não prejudicando, todavia, os confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes. litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre
bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis
a confissão de um cônjuge não valerá sem a do alheios, a confissão de um cônjuge ou
outro. companheiro não valerá sem a do outro, salvo se
o regime de casamento for o da separação
absoluta de bens.
Art. 351. Não vale como confissão a admissão, Art. 392. Não vale como confissão a admissão,
em juízo, de fatos relativos a direitos em juízo, de fatos relativos a direitos
indisponíveis. indisponíveis.
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem
não for capaz de dispor do direito a que se
referem os fatos confessados.
§ 2º A confissão feita por um representante
somente é eficaz nos limites em que este pode
vincular o representado.
Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, Art. 393. A confissão é irrevogável, mas pode
dolo ou coação, pode ser revogada: ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
I - por ação anulatória, se pendente o processo coação.
em que foi feita;
II - por ação rescisória, depois de transitada em
julgado a sentença, da qual constituir o único
fundamento.
Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de Parágrafo único. A legitimidade para a ação
propor a ação, nos casos de que trata este prevista no caput é exclusiva do confitente e
artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus pode ser transferida a seus herdeiros se ele
herdeiros. falecer após a propositura.
Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por
escrito à parte ou a quem a represente, tem a
mesma eficácia probatória da judicial; feita a
terceiro, ou contida em testamento, será
livremente apreciada pelo juiz.
Parágrafo único. Todavia, quando feita Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita
verbalmente, só terá eficácia nos casos em que oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei
a lei não exija prova literal. não exija prova literal.
Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, Art. 395. A confissão é, de regra, indivisível, não
não podendo a parte, que a quiser invocar como podendo a parte que a quiser invocar como prova
prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la
rejeitá-la no que lhe for desfavorável. Cindir- no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á
se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir quando o confitente a ela aduzir fatos novos,
fatos novos, suscetíveis de constituir capazes de constituir fundamento de defesa de
fundamento de defesa de direito material ou de direito material ou de reconvenção.
reconvenção.
135
PROCEDIMENTO
Pedido de exibição em face da parte contrária, no curso de
processo de conhecimento.
A exibição pode ser requerida na petição inicial ou na
contestação, ou logo após o adversário mencionar a existência do documento;
quando se trata de pedido incidental, não há autuação em separado, ou seja,
processa-se nos próprios autos da ação originária.
O requerido é intimado para responder em cinco dias:
- feita a exibição, encerra-se o incidente;
- se o requerido não responde o pedido, não efetua a exibição
quando determinado ou se sua recusa for considerada ilegítima, o juiz profere
decisão interlocutória, admitindo como verdadeiros os fatos que seriam
provados por meio do documento ou da coisa (EXTRAEM-SE
ARGUMENTOS PROBATÓRIOS CONTRA O REQUERIDO, COM
EFICÁCIA DE CONFISSÃO FICTA – v. arts. 359 do CPC/73 e 400 do
CPC/2015);
- quando o requerido nega a existência do documento ou da
coisa em seu poder, cabe ao requerente o ônus de provar a inveracidade da
afirmação (arts. 357 do CPC/73 e 398, parágrafo único, do CPC/2015);
- alegada a inexistência da obrigação de exibir, o juiz examina
a pertinência dos argumentos apresentados; não os acolhendo, admitirá como
verdadeiros os fatos que seriam provados por meio do documento ou da coisa;
- considerando justo o motivo invocado, o juiz dispensa o
requerido da exibição.
OBS.: o novo CPC traz inovação, dando conta que, sendo
necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais
138
Art. 356. O pedido formulado pela parte Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:
conterá:
I - a individuação, tão completa quanto I – a individuação, tão completa quanto possível,
possível, do documento ou da coisa; do documento ou da coisa;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos II – a finalidade da prova, indicando os fatos que
140
Art. 360. Quando o documento ou a coisa Art. 401. Quando o documento ou a coisa
estiver em poder de terceiro, o juiz mandará estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará sua
citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) citação para responder no prazo de quinze dias.
dias.
Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de
exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o exibir ou a posse do documento ou da coisa, o
juiz designará audiência especial, tomando-lhe juiz designará audiência especial, tomando-lhe o
o depoimento, bem como o das partes e, se depoimento, bem como o das partes e, se
necessário, de testemunhas; em seguida necessário, o de testemunhas, e em seguida
proferirá a sentença. proferirá decisão.
Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se
recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á
que proceda ao respectivo depósito em cartório que proceda ao respectivo depósito em cartório
ou noutro lugar designado, no prazo de 5 ou em outro lugar designado, no prazo de cinco
(cinco) dias, impondo ao requerente que o dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas
embolse das despesas que tiver; se o terceiro despesas que tiver.
descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a
de apreensão, requisitando, se necessário, força ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão,
policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade requisitando, se necessário, força policial, sem
por crime de desobediência. prejuízo da responsabilidade por crime de
desobediência, pagamento de multa e outras
141
Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de
exibir, em juízo, o documento ou a coisa: exibir, em juízo, o documento ou a coisa, se:
I - se concernente a negócios da própria vida da I – concernente a negócios da própria vida da
família; família;
II - se a sua apresentação puder violar dever de II – sua apresentação puder violar dever de
honra; honra;
III - se a publicidade do documento redundar III – sua publicidade redundar em desonra à
em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes
seus parentes consangüíneos ou afins até o consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou
terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação lhes representar perigo de ação penal;
penal;
IV - se a exibição acarretar a divulgação de IV – sua exibição acarretar a divulgação de fatos
fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam
devam guardar segredo; guardar segredo;
V - se subsistirem outros motivos graves que, V – subsistirem outros motivos graves que,
segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem
a recusa da exibição. a recusa da exibição;
VI – houver disposição legal que justifique a
recusa da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os
os ns. I a V disserem respeito só a uma parte do incisos I a VI do caput disserem respeito a
conteúdo do documento, da outra se extrairá apenas uma parcela do documento, a parte ou
uma suma para ser apresentada em juízo. terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser
extraída cópia reprográfica, de tudo sendo
lavrado auto circunstanciado.
Autoria
Autor do documento é a pessoa a quem se atribui sua
formação.
É considerado autor do documento não só quem o forma
materialmente para si, mas também quem o faz formar por outrem para si.
Nessa segunda hipótese alguém manda outrem compor o documento para si.
Ainda que eu solicite a confecção de um recibo por um contador ou
secretário, eu sou o autor desse documento particular.
Temos ainda como autor do documento aquele que o forma no
exercício da atividade de documentador, por força de função na qual é
investido pelo Estado.
Assim, autor do documento público também pode ser o oficial
público que o forma. No entanto, a formação do documento se dá no interesse
de outras pessoas. Os efeitos jurídicos do documento aproveitarão a quem
solicitou sua formação ao oficial público. Aqui, portanto, no sentido estrito,
autor é o notário. Mas num sentido amplo, a autoria do documento também
pode ser atribuída ao interessado ou interessados na representação do ato ou
do negócio jurídico.
Pode ser feita então a distinção entre autor intelectual e autor
material do documento.
Autor intelectual ou autor propriamente dito é quem
procura produzir com o documento determinados efeitos jurídicos e a quem
tais efeitos aproveitarão. O documento foi formado em proveito dele.
De outro lado, entende-se por autor material aquele que de
fato e materialmente elaborou o documento.
Em se tratando de documento particular normalmente há
coincidência entre o seu autor intelectual e material.
143
Conteúdo do documento
Os documentos reproduzem normalmente uma declaração de
ciência ou de vontade. Fala-se, então, em documentos declarativos.
E, conforme as declarações reproduzidas sejam de ciência ou
de vontade, os documentos são considerados narrativos (declarações de
ciência acerca de um fato) ou constitutivos (encerram declarações de
vontade, criando, extinguindo ou modificando uma relação jurídica).
Duas outras questões ligadas diretamente à autoria do
documento merecem atenção: a subscrição e a autenticidade.
Subscrição
145
Autenticidade
Entende-se por autenticidade a certeza de que o documento
proveio do autor nele indicado.
Do fato da subscrição não se extrai a certeza de que seja
autêntico o documento. Há possibilidade de ser falsa a indicação da autoria.
Da subscrição ou assinatura decorre apenas a autoria aparente.
Apenas quando se confirma a coincidência entre a autoria
aparente e a real é possível falar em documento autêntico.
Num sentido estrito, consideram-se autênticos apenas os
documentos públicos; estes encerram uma presunção de autenticidade.
De ordinário, os documentos particulares, cuja
autenticidade necessita de confirmação, não são considerados autênticos.
Provada a sua autenticidade, fala-se em documento autenticado (v. arts.
369 e 372 do CPC/73 e 411 do CPC/2015).
Resumindo o exposto, é possível definir uma classificação
geral dos documentos:
No que tange a autoria os documentos podem ser: públicos ou
privados; autógrafos e heterógrafos; assinados ou não assinados; autênticos e
autenticados.
146
Documento e instrumento
O documento, quando especialmente preparado para a prova
de um ato ou negócio jurídico, denomina-se instrumento.
Instrumento é, destarte, espécie do gênero documento, sendo
mencionado no Código Civil nos artigos 215 e 221; tem por finalidade criar,
extinguir ou modificar uma relação jurídica, servindo-lhe de prova. Presta-se,
portanto, a tornar exequível um ato.
Os instrumentos podem ser públicos ou particulares, conforme
sejam formados por oficial público no exercício de suas funções ou por
particulares.
Instrumentos Públicos: testamento público, instrumento
público de mandato, escritura pública de compra e venda de imóvel, ato de
nomeação de funcionário, sentença judicial, auto de penhora, etc.
Instrumentos Particulares: títulos cambiais, instrumento
particular de mandato, compromisso de compra e venda, etc.
Documentos, em sentido estrito, são escritos que, não sendo
prova pré-constituída do ato, oferecem, contudo, elementos para prová-lo
(definição de João Mendes Júnior). Podem ser públicos (mensagens do Chefe
do Executivo, publicações de atos administrativos, etc.) ou particulares
(missivas, convites, avisos de estabelecimentos bancários, etc.).
Importante:
O juiz não pode formar sua convicção contra o teor de
documento público, louvando-se em outra prova.
Só pode ser desconsiderada a eficácia probante do documento
público se for declarada a sua falsidade ou reconhecida a presença de vícios
sociais (simulação e fraude) ou do consentimento (erro, dolo e coação).
OBS.: quando a lei exige, como da substância do ato, o
instrumento público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode
suprir-lhe a ausência (v. arts. 366 do CPC/73 e 406 do CPC/2015). Nem
mesmo a confissão da outra parte supre essa ausência.
Para certos atos a forma especial e substancial é a escritura
pública, sendo nulos se constituídos por outra forma. Exemplos: pactos
antenupciais, contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre
imóveis, salvo o penhor agrícola (v. artigos 108 e 109 do Código Civil).
Nem sempre é possível a exibição dos documentos públicos
em original; daí a possibilidade de usar cópias ou outras reproduções para
juntada aos autos (v. arts. 365 do CPC/73 e 425 do CPC/2015).
Art. 365. Fazem a mesma prova que os Art. 425. Fazem a mesma prova que os
originais: originais:
I - as certidões textuais de qualquer peça dos I – as certidões textuais de qualquer peça dos
autos, do protocolo das audiências, ou de outro autos, do protocolo das audiências ou de outro
livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por livro a cargo do escrivão ou chefe de secretaria,
ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas; sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância e
por ele subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por II – os traslados e as certidões extraídas por
oficial público, de instrumentos ou documentos oficial público de instrumentos ou documentos
lançados em suas notas; lançados em suas notas;
III - as reproduções dos documentos públicos, III – as reproduções dos documentos públicos,
desde que autenticadas por oficial público ou desde que autenticadas por oficial público ou
conferidas em cartório, com os respectivos conferidas em cartório, com os respectivos
originais. originais;
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio IV – as cópias reprográficas de peças do próprio
processo judicial declaradas autênticas pelo processo judicial declaradas autênticas pelo
149
próprio advogado sob sua responsabilidade advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se
pessoal, se não lhes for impugnada a não lhes for impugnada a autenticidade;
autenticidade.
V - os extratos digitais de bancos de dados, V – os extratos digitais de bancos de dados
públicos e privados, desde que atestado pelo públicos e privados, desde que atestado pelo seu
seu emitente, sob as penas da lei, que as emitente, sob as penas da lei, que as informações
informações conferem com o que consta na conferem com o que consta na origem;
origem;
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer VI – as reproduções digitalizadas de qualquer
documento, público ou particular, quando documento público ou particular, quando
juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e seus
seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus
auxiliares, pelas procuradorias, pelas auxiliares, pela Defensoria Pública e seus
repartições públicas em geral e por advogados auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições
públicos ou privados, ressalvada a alegação públicas em geral e por advogados, ressalvada a
motivada e fundamentada de adulteração antes alegação motivada e fundamentada de
ou durante o processo de digitalização. adulteração.
§ 1o Os originais dos documentos digitalizados, § 1º Os originais dos documentos digitalizados
mencionados no inciso VI do caput deste mencionados no inciso VI deverão ser
artigo, deverão ser preservados pelo seu preservados pelo seu detentor até o final do
detentor até o final do prazo para interposição prazo para propositura de ação rescisória.
de ação rescisória.
§ 2o Tratando-se de cópia digital de título § 2º Tratando-se de cópia digital de título
executivo extrajudicial ou outro documento executivo extrajudicial ou de documento
relevante à instrução do processo, o juiz poderá relevante à instrução do processo, o juiz poderá
determinar o seu depósito em cartório ou determinar seu depósito em cartório ou
secretaria. secretaria.
Desentranhamento de documentos
O documento, uma vez produzido, se incorpora ao processo,
passando a constituir parte integrante deste.
Não pode ser dispensado antes de proferida a sentença e seu
trânsito em julgado, a não ser que a parte contrária concorde e o juiz o
autorize.
O desentranhamento tem lugar, no entanto, se os documentos
são impertinentes ou produzidos intempestivamente.
OBS.: o processo moderno é informado pelo princípio da
aquisição processual ou da comunhão da prova. É irrelevante quem tenha
trazido a prova aos autos. Ela passa a pertencer ao processo e deverá ser
avaliada pelo juiz independentemente de ter origem na atividade deste ou
daquele litigante.
O princípio aludido admite que a parte produza prova contra si
mesma, devendo o juiz tomá-la em consideração no julgamento da lide.
Nesse sentido é explícito o artigo 371 do CPC/2015: “O juiz
apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.” (g.n.)
Art. 367. O documento, feito por oficial Art. 407. O documento feito por oficial público
público incompetente, ou sem a observância incompetente ou sem a observância das
das formalidades legais, sendo subscrito pelas formalidades legais, sendo subscrito pelas partes,
partes, tem a mesma eficácia probatória do tem a mesma eficácia probatória do documento
documento particular. particular.
ARGUIÇÃO DE FALSIDADE
Consiste na provocação do órgão jurisdicional para declarar a
falsidade de documento.
Pode verificar-se com finalidade preventiva, instaurando-se
processo autônomo (v. ação de conhecimento meramente declaratória prevista
nos arts. 4º, II, do CPC/73 e 19, II, do CPC/2015); ou então como incidente,
no curso do processo em que foi produzido o documento (v. arts. 390 a 395 do
CPC/73 e 430 a 433 do CPC/2015).
Amplia-se, no caso de arguição incidente, o thema
decidendum, pois o juiz, além de solucionar a lide pendente, irá se pronunciar
quanto a falsidade ou a autenticidade do documento.
A arguição incidente é admitida em qualquer tempo ou grau de
jurisdição (no juízo de primeiro grau ou nos tribunais), respeitadas as
limitações quanto a prazos, estabelecidas no CPC; somente pode ser
instaurado o incidente de falsidade em relação a falsidade material, ou
seja, quando houver vício na elaboração física do documento; pode
referir-se a documentos públicos ou particulares.
Eventual controvérsia quanto a veracidade dos fatos
documentados, ensejará à parte interessada a possibilidade de demonstrar,
161
pelos meios de prova pertinentes, que outra era a realidade; não é caso,
portanto, de instaurar incidente de falsidade.
Esse incidente de falsidade, tal como concebido no CPC
vigente, constitui verdadeira ação declaratória incidental, devendo então o
juiz declarar, no dispositivo da sentença, se o documento é falso ou autêntico;
e essa declaração judicial será então acobertada pela coisa julgada material,
impedindo que a questão do falsum assim decidida seja reavivada em outro
processo.
OBS. IMPORTANTE: no novo CPC a parte pode também
invocar a falsidade documental apenas como fundamento de defesa, ou
seja, sem deflagrar o incidente de falsidade; e nesse caso a decisão a
respeito constará apenas da parte de fundamentação da sentença, que
não é alcançada pela coisa julgada material (v. art. 436, III, do
CPC/2015); desse modo, ao arguir a falsidade, a parte deve explicitar se
pretende que esta seja resolvida como questão principal, nos termos do
inciso II do art. 19 do CPC/2015; assim, a parte estará suscitando a
falsidade como fundamento de uma ação declaratória incidental.
A arguição de falsidade deve ser suscitada pelo réu na
contestação (diante de documentos exibidos com a petição inicial), na réplica
pelo autor (em face de documentos que instruíram a contestação) ou no prazo
legal, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos; no
caso de apresentação de documentos após o ajuizamento da inicial e o
oferecimento da contestação ou da réplica, o CPC/73 estabelecia o prazo de
10 dias para suscitar o incidente, enquanto o novo CPC fixa prazo de 15 dias.
Instaurado o incidente, a parte que produziu o documento será
intimada para responder; o CPC/73 estabelecia prazo de 10 dias para tanto; o
novo CPC fixa prazo de 15 dias; segue-se então, normalmente, a realização de
perícia; não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o
documento concordar em retirá-lo.
162
366 do CPC/73, 406 do CPC/2015 e 108/109 do Código Civil). Para tais atos
a forma escrita é da sua substância.
De outro lado, há fatos que exigem conhecimento especial de
técnico e somente através do exame pericial podem ser provados; muitas
vezes a prova pericial pode ser complementada em audiência com a
inquirição de testemunhas, mas não pode ser por ela substituída.
No CPC/73, vinha estabelecida restrição ao cabimento da
prova exclusivamente testemunhal (v. art. 401 do CPC/73); não se admitia
prova exclusivamente testemunhal para comprovar a existência de contrato
cujo valor exceda o décuplo do salário mínimo vigente ao tempo em que foi
celebrado; essa regra, aplicável à prova dos contratos, era extensiva à prova
do pagamento e da remissão de dívida (v. art. 403 do CPC/73).
O CPC/2015 não reproduz tais disposições, de modo a afastar
situações de enriquecimento sem causa; muitas vezes, embora inexista
contrato escrito, pode ter ocorrido, por exemplo, prestação de serviços de
valor expressivo e, desse modo, não deve ser de todo afastada a possibilidade
de se produzir prova oral idônea.
De toda sorte, mesmo nos casos em que o direito material
exige prova escrita da obrigação, a parte pode se valer da prova testemunhal
como subsidiária ou complementar da prova literal, ou seja, sempre que haja
“começo de prova por escrito”; considera-se “começo de prova por escrito” o
documento emanado da parte contra quem se pretende produzir prova; deve
existir, então, prova escrita capaz de demonstrar a verossimilhança da
indicação da celebração do contrato, ou ainda do pagamento ou da remissão
da dívida (v. arts. 402, I, CPC/73 e 444 do CPC/2015).
A prova exclusivamente testemunhal é admitida, outrossim,
quando há impossibilidade material ou moral de obter prova escrita da
obrigação (v. arts. 402, II, CPC/73 e 445 do CPC/2015); como por exemplo,
nas obrigações em caso de parentesco, especialmente entre pais e filhos, e
165
Obrigações da testemunha:
1) comparecer em juízo, desde que intimada para tanto; a
parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audiência,
independentemente de intimação, presumindo-se, caso ela não compareça,
que desistiu de ouvi-la (v. arts. 412 do CPC/73 e 455, § 2º, do CPC/2015);
169
CPC/73 CPC/2015
Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar
ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia,
da hora e do local da audiência designada,
dispensando-se a intimação do juízo.
Art. 412.
§ 3o A intimação poderá ser feita pelo correio, § 1º A intimação deverá ser realizada por carta
170
sob registro ou com entrega em mão própria, com aviso de recebimento, cumprindo ao
quando a testemunha tiver residência certa. advogado juntar aos autos, com antecedência de
pelo menos três dias da data da audiência, cópia
da correspondência de intimação e do
comprovante de recebimento.
Art. 412.
§ 1o A parte pode comprometer-se a levar à § 2º A parte pode comprometer-se a levar à
audiência a testemunha, independentemente de audiência a testemunha, independentemente da
intimação; presumindo-se, caso não compareça, intimação de que trata o § 1º, presumindo-se,
que desistiu de ouvi-la. caso a testemunha não compareça, que a parte
desistiu de sua inquirição.
§ 3º A inércia na realização da intimação a que se
refere o § 1º importa desistência da inquirição da
testemunha.
§ 4º A intimação será feita pela via judicial
quando:
I – frustrada a intimação prevista no § 1º deste
artigo ou quando sua necessidade for
devidamente demonstrada pela parte ao juiz;
Art. 412. II – quando figurar no rol de testemunhas
§ 2o Quando figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o
funcionário público ou militar, o juiz o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao
requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir;
comando do corpo em que servir.
III – a testemunha houver sido arrolada pelo
Ministério Público ou pela Defensoria Pública;
IV – a testemunha for uma daquelas previstas no
art. 454.
Art. 412. A testemunha é intimada a § 5º A testemunha que, intimada na forma do §
comparecer à audiência, constando do mandado 1º ou do § 4º, deixar de comparecer sem motivo
dia, hora e local, bem como os nomes das justificado, será conduzida e responderá pelas
partes e a natureza da causa. Se a testemunha despesas do adiamento.
deixar de comparecer, sem motivo justificado,
será conduzida, respondendo pelas despesas do
adiamento.
ser feito em audiência especialmente designada pelo juiz para este fim, com
apoio no art. 357, § 3º, o rol deve ser apresentado nesse ato.
No juízo comum, a apresentação do rol é indispensável, ainda
que a parte se comprometa a levar as testemunhas à audiência
independentemente de intimação; tal apresentação presta-se a permitir que a
parte contrária possa conhecer previamente as testemunhas arroladas e
preparar a contradita, a ser oferecida na própria audiência em que se dará a
inquirição.
CPC/73 CPC/2015
Art. 407. Incumbe às partes, no prazo que o Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre
juiz fixará ao designar a data da audiência, que possível, o nome, a profissão, o estado civil,
depositar em cartório o rol de testemunhas, a idade, o número de inscrição no Cadastro de
precisando-lhes o nome, profissão, residência e Pessoas Físicas, o número de registro de
o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol identidade e o endereço completo da residência e
será apresentado até 10 (dez) dias antes da do local de trabalho.
audiência.
Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer,
no máximo, dez testemunhas; quando qualquer
das partes oferecer mais de três testemunhas
para a prova de cada fato, o juiz poderá
dispensar as restantes.
Produção
O depoimento da testemunha é prestado, em princípio, na
audiência de instrução e julgamento, perante o juiz da causa.
As testemunhas são inquiridas após os esclarecimentos orais
dos peritos e dos depoimentos das partes (v. arts. 452 do CPC/73 e 361 do
CPC/2015).
Art. 452. As provas serão produzidas na Art. 361. As provas orais serão produzidas em
audiência nesta ordem: audiência, ouvindo-se nesta ordem
preferencialmente:
I - o perito e os assistentes técnicos responderão I – o perito e os assistentes técnicos responderão
aos quesitos de esclarecimentos, requeridos no aos quesitos de esclarecimentos requeridos no
prazo e na forma do art. 435; prazo e na forma do art. 477, caso não
respondidos anteriormente por escrito;
II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, II – o autor e, em seguida, o réu, que prestarão
primeiro do autor e depois do réu; depoimentos pessoais;
III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas III – as testemunhas arroladas pelo autor e pelo
arroladas pelo autor e pelo réu. réu, que serão inquiridas.
CPC/73 CPC/2015
Art. 336. Salvo disposição especial em Art. 449. Salvo disposição especial em
contrário, as provas devem ser produzidas em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas na
audiência. sede do juízo.
Parágrafo único. Quando a parte, ou a Parágrafo único. Quando a parte ou a
testemunha, por enfermidade, ou por outro testemunha, por enfermidade ou por outro
motivo relevante, estiver impossibilitada de motivo relevante, estiver impossibilitada de
comparecer à audiência, mas não de prestar comparecer, mas não de prestar depoimento, o
depoimento, o juiz designará, conforme as juiz designará, conforme as circunstâncias, dia,
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la. hora e lugar para inquiri-la.
Art. 410. As testemunhas depõem, na audiência Art. 453. As testemunhas depõem, na audiência
de instrução, perante o juiz da causa, exceto: de instrução e julgamento, perante o juiz da
causa, exceto:
I - as que prestam depoimento I – as que prestam depoimento antecipadamente;
antecipadamente;
II - as que são inquiridas por carta; II – as que são inquiridas por carta.
III - as que, por doença, ou outro motivo
relevante, estão impossibilitadas de comparecer
em juízo (art. 336, parágrafo único);
IV - as designadas no artigo seguinte.
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em
comarca, seção ou subseção judiciárias
diversa daquela onde tramita o processo
poderá ser realizada por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo
real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante
a audiência de instrução e julgamento.
§2º Os juízos deverão manter equipamento para
a transmissão e recepção dos sons e imagens a
que se refere o § 1º.
Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou Art. 454. São inquiridos em sua residência ou
onde exercem a sua função: onde exercem sua função:
I - o Presidente e o Vice-Presidente da I – o presidente e o vice-presidente da
República; República;
II - o presidente do Senado e o da Câmara dos
175
Deputados;
III - os ministros de Estado; II – os ministros de Estado;
IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, III – os ministros do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça, do Superior os conselheiros do Conselho Nacional de Justiça,
Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral,os ministros do Superior Tribunal de Justiça, do
do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior
de Contas da União; Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do
Tribunal de Contas da União;
V - o procurador-geral da República; IV – o procurador-geral da República e os
conselheiros do Conselho Nacional do
Ministério Público;
V – o advogado-geral da União, o procurador-
geral do Estado, o procurador-geral do
Município, o defensor público-geral federal e o
defensor público-geral do Estado;
Vl - os senadores e deputados federais; VI – os senadores e os deputados federais;
Vll - os governadores dos Estados, dos VII – os governadores dos Estados e do Distrito
Territórios e do Distrito Federal; Federal;
VIII – o prefeito;
Vlll - os deputados estaduais; IX – os deputados estaduais e distritais;
IX - os desembargadores dos Tribunais de X – os desembargadores dos Tribunais de
Justiça, os juízes dos Tribunais de Alçada, os Justiça, Tribunais Regionais Federais, dos
juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais
dos Tribunais Regionais Eleitorais e os Regionais Eleitorais e os conselheiros dos
conselheiros dos Tribunais de Contas dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Estados e do Distrito Federal; Federal;
XI – o procurador-geral de justiça;
X - o embaixador de país que, por lei ou XII – o embaixador de país que, por lei ou
tratado, concede idêntica prerrogativa ao agente tratado, concede idêntica prerrogativa a agente
diplomático do Brasil. diplomático do Brasil.
Parágrafo único. O juiz solicitará à autoridade § 1º O juiz solicitará à autoridade que indique
que designe dia, hora e local a fim de ser dia, hora e local a fim de ser inquirida,
inquirida, remetendo-lhe cópia da petição remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da
inicial ou da defesa oferecida pela parte, que defesa oferecida pela parte que a arrolou
arrolou como testemunha. como testemunha.
§ 2º Passado um mês sem manifestação da
autoridade, o juiz designará dia, hora e local
para o depoimento, preferencialmente na sede
do juízo.
§ 3º O juiz também designará dia, hora e local
para o depoimento, quando a autoridade não
comparecer, injustificadamente, à sessão
agendada para a colheita do seu testemunho,
nos dia, hora e local por ela mesma indicados.
Art. 407. Incumbe às partes, no prazo que o Art. 357. (cuida da decisão de saneamento e de
juiz fixará ao designar a data da audiência, organização do processo).
depositar em cartório o rol de testemunhas,
precisando-lhes o nome, profissão, residência e
o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol
será apresentado até 10 (dez) dias antes da
audiência.
Parágrafo único. É lícito a cada parte § 6º O número de testemunhas arroladas não
oferecer, no máximo, dez testemunhas; pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no
quando qualquer das partes oferecer mais de máximo, para a prova de cada fato.
três testemunhas para a prova de cada fato, § 7º O juiz poderá limitar o número de
o juiz poderá dispensar as restantes. testemunhas levando em conta a
complexidade da causa e dos fatos
individualmente considerados.
No JEC podem ser apresentadas três testemunhas pela parte
na audiência de instrução e julgamento, não se exigindo o depósito prévio do
rol na Secretaria, salvo se a parte pretender a intimação das testemunhas.
Contradita: consiste na arguição de impedimento, suspeição
ou incapacidade da testemunha (v. arts. 414, § 1º, do CPC/73 e 457, §§ 1º e
2º, do CPC/2015).
A parte pode contraditar a testemunha do adversário, arguindo
a incapacidade, o impedimento ou a suspeição; a contradita deve ser
apresentada logo após a qualificação da testemunha na audiência em que irá
depor; o juiz deve então indagar à testemunha se são verdadeiros os fatos que
lhe são imputados; se esta negar a veracidade desses fatos, o advogado poderá
provar a contradita com documentos ou com testemunhas, até três,
apresentadas no ato e inquiridas em separado; sendo provados ou confessados
os fatos, o juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento como
informante, ou seja, independentemente do compromisso de dizer a verdade; a
testemunha, por sua vez, pode requerer ao juiz que a escuse de depor,
alegando os motivos previstos no próprio CPC.
CPC/73 CPC/2015
Art. 414. Antes de depor, a testemunha será Art. 457. Antes de depor, a testemunha será
qualificada, declarando o nome por inteiro, a qualificada, declarará ou confirmará seus dados e
profissão, a residência e o estado civil, bem informará se tem relações de parentesco com a
como se tem relações de parentesco com a parte ou interesse no objeto do processo.
parte, ou interesse no objeto do processo.
§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, § 1º É lícito à parte contraditar a testemunha,
177
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar
prestar informações inverídicas, responderá informações inverídicas responderá pelos
pelos prejuízos que causar à parte, ficará prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado
inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em para atuar em outras perícias no prazo de dois a
outras perícias e incorrerá na sanção que a lei cinco anos, independentemente das demais
penal estabelecer. sanções previstas em lei, devendo o juiz
comunicar o fato ao respectivo órgão de classe
para adoção das medidas que entender cabíveis.
Deveres do perito:
- aceitar o encargo, podendo escusar-se apenas se alegar justo
motivo (v. arts. 146 do CPC/73 e 157 do CPC/2015);
- respeitar os prazos (v. também arts. supra citados); pode ser
substituído se deixar de cumprir o encargo no prazo assinalado (v. arts. 424 do
CPC/73 e 468 do CPC/2015); além disso, o juiz deverá comunicar o ocorrido
182
Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do
assistente técnico que houver indicado; a do assistente técnico que houver indicado, sendo a
perito será paga pela parte que houver do perito adiantada pela parte que houver
requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido a perícia ou rateada quando a perícia
requerido por ambas as partes ou determinado for determinada de ofício ou requerida por
184
Espécies de perícia
A prova pericial pode consistir em exame, vistoria ou
avaliação (v. arts. 420 do CPC/73 e 464 do CPC/2015).
Exame pericial, em sentido estrito, corresponde à inspeção, por
meio de perito, de pessoas, coisas móveis e semoventes, para a verificação de
fatos e circunstâncias que interessam à causa.
Vistoria: inspeção realizada sobre bens imóveis.
185
Admissibilidade da perícia
Só é admissível a perícia quando da prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
O juiz deve indeferir a perícia quando:
- a prova do fato não depender do concurso de técnico;
- for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
- a verificação for impraticável (o fato é de natureza transitória
e não pode mais ser constatado);
Rege a matéria o princípio da utilidade da prova; para que se
admita a perícia é indispensável que o fato exista ou tenha existido, de modo
que possa ser examinado direta ou indiretamente; se o fato for de natureza
transitória e não puder mais ser examinado, porque não deixou vestígios, a
perícia é impraticável, devendo ser indeferida; muitas vezes, no entanto, se o
fato estiver fixado no processo por meio idôneo (testemunhas ou
documentos), sobre ele poderão incidir as observações do técnico,
procedendo-se à chamada perícia indireta (v. perícias médicas indiretas
realizadas em prontuários, exames de imagem, fotografias, etc.).
Exemplo de perícia indireta: uma mulher se submeteu à
cirurgia estética, colocando próteses de silicone; diante do insucesso do
procedimento, realizou nova cirurgia, que corrigiu as sequelas originadas da
primeira intervenção; após, moveu ação de indenização contra o médico que
realizou a primeira cirurgia, socorrendo-se da perícia indireta para demonstrar
os danos que suportou; o perito nomeado, para constatar eventual erro
médico, examinou os prontuários, exames de imagem, fotografias etc.,
produzindo laudo.
186
Proposição da perícia
Normalmente é feita pela parte (autor propõe a realização da
perícia na petição inicial e o réu na contestação).
No rito sumário, abolido no CPC/2015, deveriam as partes
indicar desde logo seus assistentes técnicos e formular quesitos (autor na
petição inicial e réu na contestação).
ADMISSÃO
Rito ordinário e novo procedimento comum do CPC/2015: na
decisão saneadora o juiz admitirá ou não a perícia.
Rito sumário: deliberação se dava na audiência prévia de
conciliação.
PRODUÇÃO
Normalmente a perícia é realizada na fase instrutória da ação
de conhecimento; pode, no entanto, ser produzida antecipadamente (v. arts.
849 do CPC/73 e 381 a 383 do CPC/2015).
CPC/73 CPC/2015
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no
imediato o prazo para a entrega do laudo. objeto da perícia e fixará de imediato o prazo
para a entrega do laudo.
§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) § 1º Incumbe às partes, dentro de quinze dias
dias, contados da intimação do despacho de contados da intimação do despacho de nomeação
nomeação do perito: do perito:
I – arguir o impedimento ou a suspeição do
perito, se for o caso;
I - indicar o assistente técnico; II – indicar o assistente técnico;
II - apresentar quesitos. III – apresentar quesitos.
§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a
perícia poderá consistir apenas na inquirição
pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião
da audiência de instrução e julgamento a
respeito das coisas que houverem
informalmente examinado ou avaliado.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará
em cinco dias:
I – proposta de honorários;
II – currículo, com comprovação de
especialização;
III – contatos profissionais, em especial o
endereço eletrônico, para onde serão dirigidas
as intimações pessoais.
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de
honorários, para, querendo, manifestar-se no
prazo comum de cinco dias, após o que, o juiz
arbitrará o valor, intimando-se as partes para
os fins do art. 95.
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de
até cinquenta por cento dos honorários
arbitrados a favor do perito no início dos
trabalhos, devendo o remanescente ser pago
apenas ao final, depois de entregue o laudo e
prestados todos os esclarecimentos
188
necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou
deficiente, o juiz poderá reduzir a
remuneração inicialmente arbitrada para o
trabalho.
Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se § 6º Quando tiver de realizar-se por carta,
por carta, poderá proceder-se à nomeação de poder-se-á proceder à nomeação de perito e à
perito e indicação de assistentes técnicos no indicação de assistentes técnicos no juízo ao
juízo, ao qual se requisitar a perícia. qual se requisitar a perícia.
não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz
juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação
segundo o seu prudente arbítrio. pela metade do prazo originalmente fixado.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.455,
de 24.8.1992)
Art. 433. O perito apresentará o laudo em Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo,
cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos no prazo fixado pelo juiz, pelo menos vinte dias
20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e antes da audiência de instrução e julgamento.
julgamento.
Parágrafo único. Os assistentes técnicos § 1º As partes serão intimadas para, querendo,
oferecerão seus pareceres no prazo comum de manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no
10 (dez) dias, após intimadas as partes da prazo comum de quinze dias, podendo o
apresentação do laudo. assistente técnico de cada uma das partes, em
igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo
de quinze dias, esclarecer ponto:
I – sobre o qual exista divergência ou dúvida de
qualquer das partes, do juiz ou do órgão do
Ministério Público;
II – divergente apresentado no parecer do
assistente técnico da parte.
Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento § 3º Se ainda houver necessidade de
do perito e do assistente técnico, requererá ao esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que
juiz que mande intimá-lo a comparecer à mande intimar o perito ou o assistente técnico a
audiência, formulando desde logo as perguntas, comparecer à audiência de instrução e
sob forma de quesitos. julgamento, formulando, desde logo, as
perguntas, sob forma de quesitos.
Parágrafo único. O perito e o assistente técnico § 4º O perito ou o assistente técnico será
só estarão obrigados a prestar os intimado por meio eletrônico, com pelo menos
esclarecimentos a que se refere este artigo, dez dias de antecedência da audiência.
quando intimados 5 (cinco) dias antes da
audiência.
Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a
autenticidade ou a falsidade de documento, ou autenticidade ou a falsidade de documento ou for
for de natureza médico-legal, o perito será de natureza médico-legal, o perito será
escolhido, de preferência, entre os técnicos dos escolhido, de preferência, entre os técnicos dos
estabelecimentos oficiais especializados. O juiz estabelecimentos oficiais especializados, a cujos
autorizará a remessa dos autos, bem como do diretores o juiz autorizará a remessa dos autos,
material sujeito a exame, ao diretor do bem como do material sujeito a exame.
estabelecimento.
§ 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os
órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir
a determinação judicial com preferência, no
prazo estabelecido.
§ 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º
pode ser requerida motivadamente.
Parágrafo único. Quando o exame tiver por § 3º Quando o exame tiver por objeto a
objeto a autenticidade da letra e firma, o perito autenticidade da letra e da firma, o perito poderá
poderá requisitar, para efeito de comparação, requisitar, para efeito de comparação,
documentos existentes em repartições públicas; documentos existentes em repartições públicas e,
na falta destes, poderá requerer ao juiz que a na falta destes, poderá requerer ao juiz que a
pessoa, a quem se atribuir a autoria do pessoa a quem se atribuir a autoria do
192
documento, lance em folha de papel, por cópia, documento lance em folha de papel, por cópia ou
ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
comparação. comparação.
APRECIAÇÃO DO LAUDO
As conclusões do laudo oficial não vinculam o juiz; pode ele
formar sua convicção com base em outros elementos de prova constantes dos
autos (v. art. 436 do CPC/73 e 479 do CPC/2015).
Como é sabido, o juiz pode apreciar livremente as provas
produzidas, inexistindo hierarquia no sistema do CPC.
Pode o juiz, por exemplo, valer-se de outros pareceres técnicos
e dados oficiais sobre a matéria objeto da prova, inclusive depoimentos de
outras pessoas entendidas, coligidos em audiência; não pode, no entanto,
valer-se de conhecimentos pessoais.
A recusa ao laudo deve ser bem fundamentada.
É possível a realização de segunda perícia; cabe ao juiz avaliar
a necessidade de outra perícia; esta não substitui a primeira, a não ser que seja
decretada a sua nulidade.
CPC/73 CPC/2015
Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de
pericial, podendo formar a sua convicção com acordo com o disposto no art. 371, indicando na
outros elementos ou fatos provados nos autos. sentença os motivos que o levaram a considerar
ou a deixar de considerar as conclusões do laudo,
levando em conta o método utilizado pelo perito.
Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a
ou a requerimento da parte, a realização de requerimento da parte, a realização de nova
nova perícia, quando a matéria não lhe perícia quando a matéria não estiver
parecer suficientemente esclarecida. suficientemente esclarecida.
Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos
mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-
destina-se a corrigir eventual omissão ou se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos
inexatidão dos resultados a que esta conduziu. resultados a que esta conduziu.
Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas § 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições
disposições estabelecidas para a primeira. estabelecidas para a primeira.
Parágrafo único. A segunda perícia não § 3º A segunda perícia não substitui a primeira,
substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de
livremente o valor de uma e outra. outra.
193
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
- no art. 464, §§ 2º a 4º, o CPC/2015 disciplina uma prova
técnica simplificada, em substituição à perícia, quando o ponto
controvertido for de menor complexidade; esta, segundo as normas supra
transcritas, consiste apenas na inquirição de especialista pelo juiz em
audiência; o especialista transmitirá então as suas conclusões sobre a
questão controvertida da causa que demanda especial conhecimento
científico ou técnico;
- e, no art. 471, o CPC/2015 disciplina uma perícia
consensual, em que as partes podem, de comum acordo, escolher o perito;
- tanto no CPC/73, quanto no CPC/2015, há previsão de
dispensa da prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que o juiz considerar suficientes; o juiz, no
entanto, somente admitirá a dispensa quando ambas as partes
fornecerem elementos de natureza técnica idôneos para a formação de
sua convicção; isto porque tal dispensa não pode comprometer o
contraditório (v. arts. 427 do CPC/73 e 472 do CPC/2015).
poderá ser assistido de um ou mais peritos. ser assistido por um ou mais peritos.
Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a
pessoa ou coisa, quando: pessoa ou a coisa quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação I – julgar necessário para a melhor verificação
ou interpretação dos fatos que deva observar; ou interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, II – a coisa não puder ser apresentada em juízo,
sem consideráveis despesas ou graves sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades; dificuldades;
Ill - determinar a reconstituição dos fatos. III – determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a Parágrafo único. As partes têm sempre direito a
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que reputem de interesse fazendo observações que considerem de
para a causa. interesse para a causa.
Art. 443. Concluída a diligência, o juiz Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará
mandará lavrar auto circunstanciado, lavrar auto circunstanciado, mencionando nele
mencionando nele tudo quanto for útil ao tudo quanto for útil ao julgamento da causa.
julgamento da causa.
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com
com desenho, gráfico ou fotografia. desenho, gráfico ou fotografia.
SENTENÇA
Os pronunciamentos do juiz podem consistir em sentenças,
decisões interlocutórias e despachos, desprovidos estes de conteúdo decisório.
A sentença, de acordo com o disposto no artigo 162, § 1°, do
CPC/73, era o ato do juiz que implicava alguma das situações previstas nos
arts. 267 e 269 do CPC.
“Dada a circunstância de a Lei nº 11.232/2005, que corporifica o
que podemos chamar de Reforma da Execução, ter feito desaparecer o ‘processo’
de execução por quantia certa que seguia ao ‘processo’ de conhecimento
condenatório (que objetivava o pagamento de quantia), transformado a ‘execução
por quantia’ em mero prolongamento do ‘processo de conhecimento condenatório’
(art. 475-J, caput), é que surgiu a necessidade de alteração do conceito de
sentença que vinha estampado no § 1º do art. 162. Se à luz do regime anterior,
sentença era o ato pelo qual o juiz sempre punha ‘termo ao processo, decidindo
ou não o mérito da causa’, a partir de 2006, sentença já não é necessariamente o
ato que encerra o processo (como visto, após a sentença condenatória a pagar
quantia, o processo entra na fase de execução, ou de ‘cumprimento da sentença’,
como querem os arts. 475-I a 475-R), de sorte que pareceu bem ao legislador
reformista afirmar que sentença é o ato judicial ‘que implica alguma das situações
196
previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei’. (...) O que se deve acentuar é que, com a
Reforma, a sentença deixa de ser necessariamente ato judicial de encerramento
do processo...” (v. “Código de Processo Civil Interpretado”, de Antônio
ESTRUTURA DA SENTENÇA
202
condicional.
CPC/73 CPC/2015
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o Art. 497. Na ação que tenha por objeto a
cumprimento de obrigação de fazer ou não prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
fazer, o juiz concederá a tutela específica da procedente o pedido, concederá a tutela
obrigação ou, se procedente o pedido, específica ou determinará providências que
determinará providências que assegurem o assegurem a obtenção de tutela pelo resultado
resultado prático equivalente ao do prático equivalente.
adimplemento.
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda
e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a
tutela liminarmente ou mediante justificação
prévia, citado o réu. A medida liminar poderá
ser revogada ou modificada, a qualquer tempo,
em decisão fundamentada.
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo
anterior ou na sentença, impor multa diária ao
réu, independentemente de pedido do autor, se
for suficiente ou compatível com a obrigação,
fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento
do preceito.
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a
obtenção do resultado prático equivalente,
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca
e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário com requisição
de força policial.
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor
ou a periodicidade da multa, caso verifique que
se tornou insuficiente ou excessiva.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela
específica destinada a inibir a prática, a
reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a
sua remoção, é irrelevante a demonstração da
ocorrência de dano ou da existência de culpa ou
208
dolo.
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega
entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica,
específica, fixará o prazo para o cumprimento fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
da obrigação.
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
determinada pelo gênero e quantidade, o credor determinada pelo gênero e pela quantidade, o
a individualizará na petição inicial, se lhe autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe
couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu,
este a entregará individualizada, no prazo este a entregará individualizada, no prazo fixado
fixado pelo juiz. pelo juiz.
o
§ 2 Não cumprida a obrigação no prazo
estabelecido, expedir-se-á em favor do credor
mandado de busca e apreensão ou de imissão
na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou
imóvel.
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o
disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.
Art. 461.
§ 1o A obrigação somente se converterá em Art. 499. A obrigação somente será convertida
perdas e danos se o autor o requerer ou se em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do impossível a tutela específica ou a obtenção de
resultado prático correspondente. tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 461.
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-
sem prejuízo da multa (art. 287). se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao
cumprimento específico da obrigação.
Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir Art. 501. Na ação que tenha por objeto a
declaração de vontade, a sentença, uma vez emissão de declaração de vontade, a sentença
transitada em julgado, produzirá todos os que julgar procedente o pedido, uma vez
efeitos da declaração não emitida. transitada em julgado, produzirá todos os efeitos
da declaração não emitida.
Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a
concluir um contrato não cumprir a obrigação,
a outra parte, sendo isso possível e não excluído
pelo título, poderá obter uma sentença que
produza o mesmo efeito do contrato a ser
firmado.
Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha
por objeto a transferência da propriedade de
coisa determinada, ou de outro direito, a ação
não será acolhida se a parte que a intentou não
cumprir a sua prestação, nem a oferecer, nos
casos e formas legais, salvo se ainda não
exigível.
Sentença condenatória
Nela é reconhecido o direito da parte vencedora
acrescentando-se uma sanção. Tem função sancionadora.
Evidentemente tem função declaratória da existência de uma
relação jurídica, acrescentando-se então uma carga condenatória.
O juiz aprecia e declara o direito existente e adiciona um
comando, determinando que o vencido cumpra obrigação de pagar quantia,
entregar coisa, fazer ou não fazer.
Atribui ao vencedor um título executivo, possibilitando que ele
possa se valer da execução forçada caso o vencido não cumpra
voluntariamente a obrigação.
Sentença constitutiva
Também não se limita à mera declaração do direito da parte.
Apresenta, cumulativamente, carga constitutiva.
Atesta o direito da parte vencedora e traz para o universo
jurídico uma inovação específica.
Destarte, a sentença constitutiva cria, modifica ou extingue um
estado ou uma relação jurídica.
215
Da Remessa Necessária
CPC/73 CPC/2015
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeito senão depois jurisdição, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal, a sentença: de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito I – proferida contra a União, os Estados, o
Federal, o Município, e as respectivas Distrito Federal, os Municípios e suas
autarquias e fundações de direito público; respectivas autarquias e fundações de direito
público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em II – que julgar procedentes, no todo ou em parte,
parte, os embargos à execução de dívida ativa os embargos à execução fiscal.
da Fazenda Pública (art. 585, VI).
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz § 1º Nos casos previstos neste artigo, não
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja interposta apelação no prazo legal, o juiz
ou não apelação; não o fazendo, deverá o ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se
presidente do tribunal avocá-los. não o fizer, o presidente do respectivo tribunal
avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o
tribunal julgará a remessa necessária.
§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando
219
COISA JULGADA
Consiste em qualidade da sentença ou do acórdão e não em
efeito destes; qualidade representada pela imutabilidade do julgado e seus
efeitos.
É fenômeno típico do processo de conhecimento, que se
destina a dar cunho de definitividade a declaração do direito constante da
decisão de mérito.
222
II - nos demais casos prescritos em lei. II – nos demais casos prescritos em lei.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Rio de
Janeiro: Editora Forense, Vol. 1.