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Resumo: Neste trabalho analisamos algumas das mais importantes correntes sociológicas no campo da
arte no que concerne ao clássico dilema das ciências sociais: agência vs. estrutura. Mostramos que as
várias abordagens neste campo – tentando fugir do personalismo romântico presente nas análises de
estetas e historiadores da arte – terminam por privilegiar comumente um dos pólos deste dilema: a
estrutura do mundo artístico. Assim, autores como Howard Becker ou Janet Wolff, ou mesmo Pierre
Bourdieu, privilegiam as estruturas em detrimento de uma concepção mais apurada, do ponto de vista
sociológico, do artista enquanto agência. Uma contribuição recente – a de Vera Zolberg – chama a
atenção para a necessidade de uma abordagem em que se leve em conta também a agência, no caso, o
artista. No entanto, contestamos os trabalhos de ambos os lados. Embora concordemos que é necessário,
ao lado da estruturas dos mundos artístico e exterior, considerarmos o artista como agente dotado de
certas características (reflexividade e estrategização, entre outras), sustentamos a tese de que a velha
dicotomia não fornece meios adequados para análise do mundo artístico, dado que a obra de arte tem sua
própria autonomia e que independe, até certo ponto, é óbvio, tanto de artistas, estetas e historiadores de
arte, por um lado, e das estruturas, de outro. Neste sentido, podemos afirmar que, em lugar de um
modelo dicotômico, precisamos de um modelo tricotômico.
1. Introdução
Pode-se afirmar que, em geral, os cientistas sociais brasileiros têm dado pouca
Brasil, os estudos devotados ao tema da arte têm sido de autoria de críticos nem
1
Professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia/Departamento de Ciências Sociais da
Universidade Federal de Pernambuco.
2
Professor do Departamento de Ciências Sociais e doutorando do Programa de Pós-Graduação em
Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
EUA parece haver uma suspeita mútua entre artistas e cientistas sociais, o que resulta
em poucos estudos dentro das ciências sociais sobre a arte e o mundo artístico.
forma a contribuir para difundir no meio acadêmico brasileiro um maior interesse por
sobre o que seria uma sociologia da arte. Logicamente, nosso objetivo foi o de esboçar
arte, sem, contudo, querer esgotar a questão. Ao invés disso, tomamos, por exemplo,
apenas alguns trabalhos que consideramos pontuais, a fim de tê-los como pretexto para
sociologia da arte.
entre aqueles que buscam uma compressão das condições histórico-sociais que
explicam a criação de uma dada obra artística e aqueles que propõem uma abordagem
sintética em que se privilegie tanto problemas externos quanto internos da obra de arte.
estéticos. No entanto, este corpo teórico não será aqui tratado por se circunscrever mais
em si, não é examinada, mas tão somente o ambiente social que permitiu a gênese da
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mesma. Ou seja, as condições externas são o foco analítico em que dada obra de arte
foi criada. Talvez o estudo mais típico neste tipo de abordagem seja o de Howard
Becker (19xx), embora devamos apontar para o fato de que há uma gama variada de
Em segundo lugar, pode-se destacar uma corrente que advoga que os cientistas
social é Theodor Adorno, que também era músico e compositor – e perder o medo de
tratar as questões estéticas, por reconhecer que há uma irredutibilidade de tais questões
a análises sociológicas, políticas, históricas etc, e por considerar que a obra de arte em
Witkin (1995 e 1997) e de Vera Zolberg (1990) podem ser considerados como os
obra artística, tem em Janet Wolff uma de suas mais importantes defensoras como
arte tendo o marxismo como área importante da teoria social. Porém, a maioria desses
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Em um de seus primeiros trabalhos, publicado originalmente em 1981, Janet
Wolff mostra tal influência. No entanto, pode-se ali rastrear uma tentativa de
início, mapeada pelo cabedal marxista, Wolff não consegue estabelecer uma esfera
relativamente autônoma para a estética, visto que ela não escapa da consideração da
determinação “em última instância” das condições sociais – para não dizer a economia
Mas o que seria uma sociologia da arte em termos marxistas? O primeiro ponto
produto social. Sendo assim, uma sociologia da arte deveria focar sobre questões de
Em torno desta premissa e destas questões gira uma outra que diz respeito ao problema
“noções do artista-como-gênio”.
entender qualquer obra de arte sem se considerar que a mesma é situada e produzida
criativos e individuais dos artistas, não pode ser vista como resultado de uma
Está, assim, colocada a velha oposição entre ação e estrutura, ou melhor, entre
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necessariamente uma tensão entre estes dois pólos já que é tarefa de uma sociologia
A autora deixa claro, no início de sua obra, que não acredita ser possível reduzir
entanto, toda a sua análise subseqüente é a busca pela demonstração de que a arte é
seja criativa ou mesmo inovativa, pode ser explicada pelas numerosas condições
sociais.
No entanto, é necessário chamar a atenção para o fato de que Wolff defende uma
não são meros autômatos que agem de acordo com o que a estrutura lhes manda.
entre agência e estrutura, a autora deixa a impressão de ser mais favorável à idéia da
síntese entre estrutura e criatividade. Basta ver que ela se posiciona bem ao lado da
Aliás, a autora termina por creditar paixão humanista aos críticos do anti-humanismo
(p.14).
abordagem sociológica da arte, e mais ainda de uma sociologia marxista – segundo sua
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Wolff não consegue mostrar como operariam os artistas nas estruturas sociais tal como
distinguir entre trabalho artístico e quaisquer outros tipos de trabalho. Para ela, em
Isto se mostra bastante evidente, quando ela procura exemplificar, de modo ainda
palavras, neste ensaio Maiakovski defende a idéia de que a obra de arte – visão
completamente aceita por Wolff – é pura manufatura, o que implica em dizer que, em
escrever boa poesia. Tal posição leva Wolff a defender a questionável visão de que o
texto de Maiokovski
Assim, podendo ser a obra de arte concebida como um produto social, Wolff
[da obra de arte] e aqueles que determinam seu curso subseqüente” (p.41).
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Neste sentido, argumenta Wolff, faz-se necessário analisar: 1) o processo de
Isto pode ser colocado de forma simples, ou seja, “obras de arte, sendo produtos
sociais feitos por determinados grupos sociais, trazem [em si] as idéias, valores e
(p.49).
materialismo histórico, como procura ser uma teoria dos elementos específicos da
produção cultural e literária. Por outro lado, como reconhece Williams, isto se dá de
relevando-se uma certa “estranheza de alguns de seus elementos”, sua teoria participa
elaborar uma moderna sociologia da cultura deve reconhecer, antes de tudo, uma nova
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Nos seus próprios termos, o autor assinala que o livro foi escrito sob o signo
questões globais, enquanto outros procuram centrar sua atenção mais nitidamente
estudos culturais, caracteriza-se como um “ramo da sociologia geral”. Como tal, diz o
autor:
E mais:
Mas, uma sociologia da cultura não pode ser apreendida sem uma discussão a
propósito das relações da sociologia com as ciências da cultura. O autor aponta duas
ciências culturais das ciências naturais – em que a interpretação das formas sócio-
culturais tem sua centralidade no conceito de verstehen. De outro, a ênfase recai sobre
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explicativa, quanto “recorrer ao ‘espírito formador’ (teoricamente circular) para fins de
palpáveis” (p.15-6).
presente, embora o método observacional encontre maior interesse, pelo menos nos
países anglo-saxônicos. Com efeito, o autor destaca “três tipos de estudo de interesse”
econômicas da cultura” e o que daí resulta como produto – “seu conteúdo” e “seus
efeitos” (p.16).
observa na tradição alemã e na tradição marxista, sendo que esta última participa mais
em íntima relação com a história e a crítica, uma vez que seus estudos apresentam uma
análise” (p.20). Com efeito, tais estudos são apontados pelo autor como coincidentes
arte”, ao “material social na obras de arte” e às “relações sociais nas obras de arte”.
Notadamente, essas ênfases têm relação com áreas do saber (quase sempre como modo
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destaque dado pelo autor, ao pensamento marxista – essas áreas, muitas vezes,
mais detidamente cultivada - ainda que goze de certo interesse por parte da estética, da
relação infra e superestrutura; por fim, as relações sociais da arte despertam claro
interesse ao debate sobre infra e superestrutura, particularmente, pelo fato de que tal
ideologia. Sobre esta questão, Williams trabalha dois sentidos importantes para a
Para o autor, o primeiro tópico é um caminho válido, mas não suficiente para a
análise cultural; sendo necessário que a análise se estenda em dois sentidos: primeiro,
para “a área dos sentimentos, atitudes e compromissos” que são os aspectos menos
conscientes ou inconscientes menos palpável; mas que são, bem mais amplo ainda, os
que revelam a cultura em mudança face aquilo que, como crenças formais e
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conscientes, aparentam perdurar. Assim, em mediação ao que chama de “coloração
procedimento analítico que se estenda até a “área manifesta da produção cultural” que,
pela “natureza de suas formas”, não é exclusivamente apenas expressão das “crenças
formais e conscientes” – visto que além da filosofia, religião, teoria econômica, teoria
política ou direito, também é teatro, ficção, poesia, pintura: que também atuam por
merecem particular atenção, posto que levam a reflexão a propósito das relações entre
Aí, Williams começa por estabelecer certas distinções das características básicas
sido organizados ou se têm organizado eles próprios, suas formações” (p.35). Mas
abordagens mais variadas “da questão das reais relações sociais da cultura” (idem,
ibidem). Com isso, não quer o autor negar elos significativos ou causais no que
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“organização cultural” não tem sido institucional: como é o caso dos independentes,
Quanto aos grupos, eles podem se apresentar em sua formação como formais e
conta tanto a “história geral” quanto os “estudos individuais mais específicos”. Por
outro lado, a importância do estudo das formações está no fato de nos possibilitar
preencher a grande lacuna existente entre “a história geral e a sua associação a cada
uma das artes e dos estudos individuais. Por exemplo, o autor fala de “relações sociais
de outro, a tensão aí causada pelas relações com o “Estado” e com a “produção cultural
tradicional” (p.68-74).
da arte em que a própria obra artística não tem muita importância. Em outras palavras,
como um produto de uma cadeia de cooperação que envolve não somente o artista (por
mais genial que seja), mas também um mercado distribuidor (marchards, galerias,
circuito.
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Para Becker, o mundo artístico opera a partir de convenções sociais que
distinguem, dentre aqueles que cooperam na criação, quem deve ser chamado de artista
e quem deve ser considerado como pessoal de apoio. Neste sentido, o artista perde a
divisão do trabalho, alguém eleito como tal. Com exemplo, Becker chama a atenção
para artistas que simplesmente planejam a obra de arte, enquanto que outros (artesãos,
Mas, o caráter cooperativo da obra de arte vai além da mera divisão do trabalho
o público consumidor. É assim que faz sentido a idéia de Becker, expressa acima, de
que a fruição de uma obra artística só é possível se há meios de circulação que criam
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as convenções tornam o trabalho artístico mais rotinizado, menos custoso no que
convenções; para ele, fundamentos estéticos, pautados em crenças morais, são a base
convenção se traduz como uma adesão ou ruptura com uma estética – e, assim, muito
que a organização social e a estrutura social não passam de metáforas, cuja finalidade é
a da indicação de tipos regularidades das ações coletivas. Estas, por sua vez, assim
investigação sociológica.
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mundo da arte. Diante disso, o autor se propõe esboçar o que seria um programa de
sociologia da arte, mais do que fazer um balanço da situação. De início, ele advoga
orientada (p.12).
Para ele, os melhores livros sobre a questão arte e sociedade não se apresentam
sob a denominação de sociologia da arte. Esse fato o autor reputa aos “espíritos
teses apresentadas, temos a referência a Antal: onde faltaria a idéia de uma ação
aparece como instrumento, não como expressão de um grupo (p.15). Antal seria,
idéias e da história do espírito, ainda que, aqui, se afirme a autonomia como o valor
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E embora Francastel reconheça o valor sociológico de certas correntes da
Escola de Viena, considera que o mesmo foi dominado por uma concepção cada vez
mais filosófica de estética. Para ele, o que figura como principal dificuldade de
constituição de uma sociologia da arte por todas essas tentativas ressaltadas, diz
apreendida como relações passivas ou dependentes para com a sociedade. Para ele, o
que faltou foi uma “concepção da complementaridade das atividades artísticas e das
social” total; mas procurar o que na arte se pode apreender como “laços mais ou menos
duráveis que unem os diferentes elementos do corpo social em ação”, em sua “gênese”
questões das especificidades técnicas e mentais da arte (com referência, aqui, às artes
delimitação dos fatos, de uma “realidade objetiva”, a partir daquilo que o autor
(p.17).
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sociais, uma espécie de “natureza profunda”, largamente difundida pelos historiadores
(p.17-8). Em seu modo de ver, essa concepção de natureza profunda da arte liga-se a
uma tradição de concepção estética fincada menos na arte e mais a uma concepção que
da arte, que passou a considerar o artista como aquele que se identifica com certos
dá seja no nível estético, seja no nível sociológico (p.19). Aqui, conceitos e valores
arte como valor simbólico. Francastel critica Croce por rejeitar, p. ex., qualquer relação
entre o social e o estético (p.19). Croce, por sua vez, rejeita a concepção formalista e
não se identificar com a tese formalista da associação direta da arte com os “valores
modalidades de ação. A arte não pode, por fim, ser reduzida ao personalismo e ao
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simbolismo. Em seus termos: cria um sistema próprio de sinais; “é criadora, ao mesmo
ponto a ressaltar, ele faz a distinção entre imagem, figura, forma e a complexa noção
de objeto figurativo (p.21). Com efeito, um dos principais aspectos apresentados pelo
autor, diz respeito a como a ilusão de se ver uma obra instantaneamente, está ligada ao
mas por um “saber intelectualizado”. O significado de uma obra pode não está
relacionado aos “caracteres intrínsecos da obra, mas àqueles que uma tradição que
passou através do verbal atribui mais ou menos com justeza” à obra (p.22).
arte”: cores, escalas, “ligações de toda espécie, que relacionam tanto as partes de uma
aspectos de uma obra, que não possibilita uma única e imediata interpretação. Sendo a
obra objeto de várias interpretações, visto que toda forma de representação figurativa e
com uma experiência humana – a obra de arte fixa, a interpretação móvel. O caráter da
obra de arte diz respeito tanto ao pensamento do artista quanto ao espectador (p.23-4).
produzido com o estudo das imagens e dos objetos, desde um ponto em que não se os
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estrutural baseada na homologia entre a estrutura da obra artística e a estrutura social,
quando assinala que, diante do objeto figurativo, que nessa definição deve ser
apreendido como objeto de civilização, deparamo-nos com “um vasto domínio que
reproduz, de uma certa forma, na sua complexidade, a textura das sociedades” (p.25-
6).
Por fim, Francastel vai fazer referência ao caráter de duplicidade da arte, cujo
“projeto” que, não sendo propriamente excludentes entre si, se apresentam como
ancorada numa obviedade, a de que o sentido dos objetos criados pelos homens
arte pode atuar segundo um parâmetro de coesão ou dissociação social. Com efeito, a
tecnicabilidades, exigindo destreza e iniciação aos que atuam nessa esfera ou procuram
inclusive, com certo grau de elementos especulativos e valorativos (p.30). Com isso,
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Francastel procura denunciar a superficialidade com que se procura estabelecer
analogias entre “palavras e sinais figurativos”, mais uma vez pela heteronomia do uso
linguagem (p.31).
ênfase que ele procura dar à característica da obra de arte como obra de civilização.
tudo isso orientado pelo método da homologia entre ambas as estruturas, a da arte e a
da civilização.
modalidades possíveis de análise das obras. São elas: 1) Sociologia dos grupos e
industrializada.
apaixonada que ela faz de uma conjunção entre as abordagens internalista (mais
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humanistas) (p.5-8) e externalista (mais relacionada à abordagem sociológica) (p.8-11)
sociólogos tendem a utilizar tal objeto para discutir questões outras que não a própria
arte (p.ix). De acordo com Zolberg, talvez o melhor exemplo disto seja, em relação à
a obra máxima, já discutida acima, seria a de Becker, que estaria mais interessado,
entraria aqui mais pela formação cultural de Becker) mais do que aquelas concernentes
à própria arte. Para Zolberg, tal distinção permanece mesmo naqueles humanistas
preocupados com uma ‘história social da arte’, pois os objetos de arte permanecem
mística quase religiosa (p.12). Por outro lado, a contribuição humanística faz-se
necessária porque a maioria dos sociólogos tende a reduzir a obra de arte às estruturas
sociais como se aquele fosse mero epifenômeno destas, caso notório de boa parte da
Uma abordagem sintética, como defendida por Zolberg, é útil para mostrar que
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ao mostrar que, por exemplo, um artista como Van Gogh “não era extremamente não
Além disso, apesar de mudanças históricas que tem acontecido desde, digamos, o
suas carreiras. Zolberg afirma que tais estágios são claramente discerníveis mesmo em
carreiras de artistas marginais (p.24, 175-184). Vale então dizer que a criação de uma
histórico.
o artista “desaparece”. Para Zolberg, faz-se necessário considerar aspectos tais como
instituições sociais) com aspectos mais subjetivos (o artista passa por “processos e
aquela desenvolvida por Robert Witkin. A primeira diferença diz respeito à abordagem
da própria obra de arte em termos de certos problemas estéticos, que são estranhos, no
mais das vezes, ao discurso sociológico que se pauta pela análise do mundo artístico,
indicado acima, pode parecer mais uma das análises que reduzem a obra de arte às
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estruturas sociais. Porém, nada mais errado. É verdade que Witkin liga a obra de arte
de arte deixa de ser mero reflexo da realidade social, como quer certa tendência dentro
do marxismo.
a interpretação marxista que Clark (1990) faz deste quadro. É interessante resumir o
questionamento que Witkin faz de tal leitura para compreendermos sua proposta.
Segundo Clark, a pintura moderna deveria ser questionada pela sua incapacidade de
Witkin ataca tal tese mostrando que, assim como outras obras de pintura
moderna, Olympia pode ser vista como uma leitura sociológica múltipla de problemas
Através da análise de uma obra individual, Witkin procura demonstrar que a arte
moderna – da qual Olympia de Manet é um exemplo típico – pode ser “vista como
solidariedade’” (p.103-107).
Witkin procura mostrar que, diferentemente do que pensa Clark, Olympia não reflete
ela é.
3
Para Zolberg, o termo deve ser no plural já que o singular implica na visão romântica e ingênua do
artista como gênio acima de quaisquer estruturas sociais (p.197).
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Assim, Witkin procura mostrar que Manet, através do uso de certos ‘códigos de
sociedade (capitalista), mostrando o homem como aquele que ganha o pão, ou seja,
subvertida por Manet já que Olympia mostra um lado não tão ideal da face feminina no
mulher através da jovem prostituta que mira seu próximo cliente recém-chegado.
de classe, pois os utilizados não nos permitem distinguir se Olympia é uma prostituta
de segunda categoria ou uma cortesã de luxo (p.122). Assim, se Manet usa tais
símbolos identificadores de uma origem de classe de forma não clara, como identificar
Uma questão central que pode ser creditada ao seu pensamento sociológico
Bourdieu e, em particular, aqui, à sua proposta de uma sociologia das obras, diz
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estrutura e agência, que o autor denomina de abordagens objetivistas e subjetivistas ou,
O autor vai nos apresentar “três modos de conhecimento teórico” que, embora
“mundo social” como constituído a partir das “representações que dele se fazem os
mediação entre estrutura e agência, a partir da elaboração do que seria uma sociologia
teórico”.
disposições sociais não são apenas a interiorização de normas e padrões pelo habitus,
são, inclusive, os “‘esquemas generativos’ que presidem a escolha” (Ortiz, 1983, p.16),
da análise estrutural, visto que sua proposta de um pensamento relacional, que ele
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da construção de “homologias”, ponto a partir do qual se poderia apreender “um
as tomadas de posição (“‘escolhas’ que os agentes sociais fazem nos domínios mais
posse global de capital: tanto o capital econômico, quanto o capital cultural. Nesse
relacionadas com as diferenças de capital (econômico ou cultural) que, por sua vez, se
posições.
estruturas mentais que se formam como interiorização das estruturas do mundo social,
a partir das “posições sociais” ocupadas pelos agentes ou grupos, e que, embora se dê
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estando histórica e socialmente determinados (Bourdieu, 1990, p.158; Ortiz, 1983, p.
16-7). Os habitus devem ser vistos como “sistemas de disposições duráveis”. É o que
definidas, por sua vez, “a partir da distribuição desigual” do capital social (econômico
as obras culturais”, Bourdieu vai assinalar o que ele caracteriza como “uma primeira e
bem conhecida divisão” das obras literárias, a saber: a da oposição entre “explicações
insuficiente, visto que perdem o caráter relacional que deve envolver o modo de pensar
27
da “literatura ‘pura’”. Mas, como ressalta o autor, tais pressupostos são historicamente
contexto social em termos de uma “lógica do reflexo”. Nesse sentido, vincula-se a obra
às condições sociais do autor e/ou do público. Esse modelo de análise externa pode se
tentativa de síntese que visa superar a dicotomia que preside os modelos anteriores.
Para ele, a prevalência atribuída à análise das funções tende a negligenciar a “lógica
interna dos objetos culturais”, ao passo que uma análise exclusiva da obra como
autonomia absoluta da lógica interna leva ao não reconhecimento dos “grupos que
produzem esses objetos [...] através dos quais eles também preenchem funções” (Idem,
p.60).
microcosmo social, que se define como o espaço social onde se produzem “obras
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entre posições”, no interior do qual se pode situar o conjunto das relações objetivas
entre os agentes e as instituições. Essas relações objetivas são entendidas por Bourdieu
mudanças nas relações entre agentes e entre instituições, depende do conhecimento das
da mudança reside nas lutas nos campos de produção. As estratégias dos agentes e das
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A ação das obras sobre as obras se exerce pelos autores e suas limitações e
pontos de vista particulares a partir dos quais se extrai a essência sublimada daquela de
tipo universal.
Por isso, quando o autor fala de uma genealogia das obras, deve-se entender
aqui a configuração de um método que visa determinar as filiações entre tipos e não
tanto uma origem primeira ou uma espécie de pré-formação das figuras principais
universalização das normas e dos juízos de valor em jogo, numa luta de interesses,
eternização do campo a partir dos juízos de valor em disputa, não torna apenas o
tentativa sociológica de uma visão de reflexo entre campo e mundo social). Só a partir
campo e estabelecer certos parâmetros da sua dinâmica relacional com o mundo social.
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O sentido e o valor da obra (juízo estético) pode ser solucionado numa história
disposição (habitus) estética particular exigida pelo próprio campo. É preciso, com
envolvidas no jogo artístico (artista e conhecedor), bem como, das disposições por eles
Caberia à ciência das obras, estabelecer a lógica objetiva do jogo e dos campos,
existência de uma homologia entre espaço das tomadas de posição (escolhas) e espaço
das posições ocupadas no campo. É, ainda, o de historicizar tais produtos culturais com
Duas são as razões da virada reflexiva apontada pelo autor: 1) a evolução dos
virada reflexiva e crítica dos produtores pela sua própria produção, o que os leva a
sobre si mesma. O domínio prático das aquisições específicas inscritas nas obras
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passadas e registradas faz parte das condições de entrada no campo de produção, ainda
Na definição de Marcuse, a teoria crítica deve ser entendida como uma teoria
política” (Marcuse, 1997, p.138). Para Horkheimer, o sentido de crítica deveria ser
“não tanto [...] da crítica idealista à razão pura, quanto [...] de crítica dialética à
Pode-se dizer que o pensamento crítico dos frankfurtianos tem sua herança
com os fenômenos enquanto objeto de estudo: a lógica dos juízos é de uma categoria
um estado a priori da identidade; e, sim, algo que se constrói de sua própria negação.
história na direção do Espírito Absoluto. Com efeito, não se pode distinguir entre real e
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A resposta de Marx à dialética hegeliana, vai no sentido de invertê-la da ordem
Desde o início, era este princípio da dialética negativa que informava a teoria
crítica. Daí a forte influência hegeliano-marxista. Mas, para a Escola, Hegel cai na
humana (Idem).
social. Com efeito, é no âmbito da razão instrumental que vai residir toda a forma da
sobrevivência de Eros resulta da frágil contenção das pulsões sexuais indômitas e dos
impulsos destrutivos (Merquior, 1969, p.29; Rusconi, 1969, p.225). Discutiremos essa
questão adiante.
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Outra influência, pouco considerada, sobre o pensamento da teoria crítica, é a
por uma racionalidade orientada para fins instrumentais, próprias ao capitalismo. Com
Uma última nota a propósito da construção do modelo da teoria crítica deve ser
levada em conta em três aspectos importantes. Uma teoria não pode ser apreendida
sem que se leve em conta, primeiramente, a dimensão ralacional entre a parte e o todo;
sem que se adote uma perspectiva metodológica capaz de dar respostas meta-teóricas
Geuss (1988) vai identificar três teses sobre a crítica da ideologia entre os
membros da Escola. A primeira tese é a de que a crítica radical da sociedade não pode
crítica não pode ser identificada como simples crítica moralizante, mas como “um
crítica da ideologia tem uma “estrutura cognitiva” distinta da ciência natural, fato que
crítica, tem-se nas figuras de Adorno, Marcuse e, ainda que não diretamente vinculado
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à Escola, Benjamin como os principais arquitetos de uma teoria estética no programa
Para Adorno, em particular, a autonomia da arte deve ser apreendida por sua
indústria cultural, uma vez que na sociedade de mercado, cuja base de produção é
processar nesse circuito, como mercadoria fetichizada, ainda que goze de autonomia.
considerar que todo traço de manifestação cultural acaba por ser absorvido pela esfera
arte, consiga-se manter o caráter ambíguo que caracteriza a sua própria natureza.
de uma maneira altamente integrada pelo sistema da moda. Nesse sentido, não apenas
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transformadas em mercadorias de circulação no mercado da indústria cultural. Aqui se
pode perceber, mais claramente, a influência dos dois conceitos clássicos que
Aliás, como vimos, pode-se afirmar que a direção tomada pelo conjunto dos
mundo (Ortiz, 1986, p.44; e Freitag, 1986, p.34-5), a partir da qual se articula o
(idem).
establishment.
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Aliás, o próprio conceito de arte de Adorno segue a clássica distinção da cultura em
níveis. Para ele, um dos problemas centrais da indústria cultural é que a padronização
que ela promove integra domínios há muito separados: a arte superior e a arte inferior
– inclusive com prejuízo de ambas (idem, 1986, p.92-3). Assim a autonomia da obra
de arte, que nunca existiu de uma “forma pura” e sempre sofreu “conexões causais”,
vê-se suplantada pela indústria cultural (p.93). Com efeito, o que Adorno e
mercadorias. Para eles, “as produções do espírito no estilo da indústria cultural não são
não se encontrarem na imediaticidade de sua venda e do seu lucro; visto que a indústria
cultural, como o relações públicas em que se transformou, não precisa manter relações
cultural, daquele usado para as obras de arte. No primeiro caso, a técnica diz respeito a
implica para a forma intra-artística, mas também sem respeitar a lei formal da
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Ainda sobre as considerações a respeito da técnica, Benjamin (1980) parece
refletir de modo mais dialético, por não separar rigidamente a técnica na indústria
cultural da técnica da arte: para ele não há apenas reprodução técnica da obra de arte,
mas a mudança de percepção pelo público fruidor – a esse respeito se falará mais
adiante.
as satisfações que não podem ser satisfeitas, e resolve aparentemente os problemas que
não podem ser por ela resolvidos; para o autor, o objetivo central da indústria cultural é
idem, p.177).
dialética realidade-ilusão, isso só pode ser imaginado, segundo ele, com base na
meios de comunicação.
Partindo desta questão, Adorno vai ter nas manifestações da vanguarda artística
uma dimensão crítica potencialmente mais determinante do que na arte engajada; uma
vez que esta última, por tentar uma crítica inteligível, finda por dissimular “uma
elogio feito por Adorno aos aspectos anti-discursivos da arte moderna e de vanguarda
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enquanto arte crítica encontra-se ligado à idéia de que, só assim, a arte pode ser
da arte. Por outras palavras, a visão crítica da obra de arte restituidora do “não-
Adorno:
fuga da dialética realidade-ilusão, a arte parece gozar de uma característica curiosa nas
sociedades atuais, posto que pode apresentar-se como uma expressão positiva da
próprias. Determinam o valor de uso (e, com ele, o valor de troca) das obras, mas não o
parece não mais conseguir comunicar o que caracteriza o mundo atual, Marcuse vai
analisar o caráter afirmativo da cultura e da arte naquilo que ela expressa de negação,
39
contestação adviriam de toda a espécie social de lumpen, e não necessariamente do
proletariado como classe econômica, Marcuse vai afirmar que a arte, como a
levado a descobertas de sentidos que não nos eram permitidos anteriormente; e isso
tem afetado a forma artística enquanto tal. Com efeito, a arte atuaria por seu “poder
nos tempos atuais, em que o “caráter totalitário” da sociedade afluente tende a absorver
crise da arte é parte da “crise geral da oposição política e moral”, por sua incapacidade
(idem, p.246).
40
revolucionária interna de sua própria linguagem: em que “a linguagem da imaginação
Aliás, é nesse sentido que, para ele, a arte nos anos 60 teria assumido a sua
da negação” (p.248). Mas, talvez, o ponto central a que Marcuse queria chegar nisso
sensível se caracteriza, para o autor, como a própria finalidade da obra de arte: em que
nunca ser capaz de alcança-lo” e em que “a razão e a verdade da arte foram definidos e
“arte política” das teorias marxistas do reflexo (que o autor aponta como conceito
“monstruoso”).
Não podendo realizar por si mesma este nível estrito de transformação, a arte,
cultura. Críticos apontam aí “uma imagem simplista de o que seria a sociedade de fato
41
humanizada” (Lima, 1978:243). Trata-se da recorrência que Marcuse faz à psicanálise,
prazer havia nas pulsões indômitas; em Marcuse mais prazer existe na humanização
nova sensibilidade.
atualmente (sem que isto, em todo caso, represente a livre manifestação do princípio
do prazer).
crucial para uma cultura humanizadora dos instintos agressivos e onde o princípio do
1979, p.11-34).
Ainda assim, apesar da acusação de ter elaborado uma tese simplista e de ter
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análise do caráter afirmativo da cultura e sua contribuição para a formulação de uma
Benjamin vai afirmar uma mudança significativa no estatuto da própria obra de arte,
caráter de autenticidade. Para o autor, isto se deve ao fato de que, sob efeito da
reprodução, o tradicional como autêntico tem seu testemunho histórico abalado, visto
que a duração material do evento produzido perde seu elo original: o que leva à
deu foi a passagem do valor da obra como objeto de culto (que torna distante o que
está próximo), para o valor da obra como realidade exibível (tornando próximo mesmo
autenticidade da obra, o seu hic et nunc. E Benjamin coloca a questão quando afirma
que “a própria noção de autenticidade não tem sentido para uma reprodução, seja
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devem ser notadas: uma diz respeito à autoridade requerida pelo original, quando da
uma falsificação”; a outra, em que isso não ocorre, concerne à reprodução técnica,
Seja como for, o que aqui se desvaloriza é o hic et nunc do original, o que
favorece ao declínio da aura da obra de arte. Como principal exemplo dessa situação,
Benjamin aponta o caso da fotografia e do cinema. Tanto por aquela capacidade que
tais linguagens têm de “ressaltar aspectos do original que escapam ao olho”, quanto
encontrado (Idem, p.7). Aliás, com relação à primeira característica, Benjamin ressalta
distinta a natureza do que é apreendido pela câmara e pelos olhos, visto que a câmara
massa diante da arte depende das “técnicas de reprodução aplicadas à obra de arte”
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Em apoio a essas afirmações, Benjamin vai estabelecer comparação entre o
cinema e a pintura, em que esta última parece não ter a pretensão de ser contemplada
“por mais de um espectador ou, então, por pequeno número deles” (Idem, p.21).
ambicioso, o seu Trabalho das passagens, Benjamin também vai se dedicar à situação
Duas situações são dignas de destaque para o interesse do que se quer esboçar
expressão por excelência do espaço burguês. É nele que o homem privado vai ter
sustentadas as suas ilusões, tanto mais quanto seus “cálculos comerciais” se distanciam
parece, o autor chama a atenção para o fato de que, aí, passa a haver uma espécie de
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retorno à aura: mas não pela significação de culto anteriormente referida, e, sim, pela
transfiguração de valor por que passam os bens - o colecionador retira dos objetos, pela
encontrar na poesia de Baudelaire. Para ele, é com Baudelaire que Paris se torna, pela
primeira vez, objeto de poesia lírica. Uma poesia que se vale do alegórico e que,
melancolicamente, olha a cidade por uma dimensão de estranhamento. Uma poesia que
se traduz pelo olhar do flâneur - um dos tipos sociais identificados por Benjamin no
Ao que parece, o flâneur representa um tipo social cuja forma de vida encontra
seu limiar tanto na cidade grande quanto na classe burguesa, mas sem que esteja a elas
subjugada. Com efeito, a multidão se expressa como o espaço asilar do flâneur, sua
marcado pelo mercado, mercado para o qual a flânerie se torna “útil à venda de
multidão, a passagem se lhe apresenta tanto como espaço exibível, quanto como
fregueses, bem como, tem como referência às tabernas (onde se refugia dos credores) e
Como conclusão, caberia aqui situar a própria maneira como a Escola situa o
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diversos e das condições de existência – contra o “uso instrumental” levado a efeito
próprias às teorias científicas. Com efeito, este talvez seja o quadro principal para se
4. Conclusão
Com vistas a uma conclusão sobre o papel de uma teoria sociológica aplicada a
versus estrutura, qual seja o de que eles, uma vez existindo no mercado artístico ou em
instituições culturais (museus, galerias, etc.) ganham uma autonomia que as torna
independente dos seus criadores e das estruturas sociais onde foram criadas. Mas, mais
do que isto: eles carregam em si uma dinâmica ou estrutura interna que a separa do seu
criador (agência) e das estruturas sociais. Ou seja, como afirmamos acima, faz-se
Vimos ao longo do texto, que alguns autores (p. ex., Wolff, Becker, Francastel)
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sociais que ‘permitiram’ a criação da obra ou sobre os agentes criadores – enquanto
outros (p. ex., Witkin, o Adorno como analista de música) privilegiam um olhar
grupo (p. ex., Zolberg, Williams, Bourdieu, Teoria Critica) busca uma síntese entre
três pólos do modelo que aqui identificamos como entidades analíticas autônomas.
tendido a privilegiar ora o debate sobre a agência, ora o debate sobre a estrutura.
Exemplo disso pode ser destacado em obras como as de Becker, Witkin e Bourdieu.
Em Becker, que adota uma abordagem externalista, privilegia-se a ação. Com Witkin,
pelo artista. Ao que parece, este argumento aponta muito mais para a construção de
homologias entre ambas as estruturas: estruturas das relações sociais e estrutura das
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Noutra perspectiva, contrária à das homologias, Williams procura uma
aqui referidos.
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