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Marta Massada (1), Alexandre Pereira (1), Ricardo Aido (1), Ricardo Sousa (1), Leandro Massada (2)
(1)
Serviço de Ortopedia, Hospital de Santo António, Centro Hospitalar do Porto | (2) Departamento
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abstract
Ankle sprain is among the most common injuries in sports and in the active population. Although
often regarded as trivial by athletes and coaches, they can represent a significant public health
problem. The primary predisposing factor to suffering an ankle sprain is a history of previous
sprains.As residual symptoms of ankle sprains can alter significantly the health of individuals who
suffer from recurrent instability, it’s the authors’ opinion that they shouldn’t be considered mild
injuries. In contrast, a proper approach to this injury and a prevention programme are required.
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nozelo é um traumatismo em inversão excessiva, com supi- Não existe um tratamento “óptimo” consensual para as entor-
tema
nação, rotação interna e flexão-plantar do complexo articular ses do tornozelo. No atleta jovem com evidência diagnóstica
tornozelo-pé(5). Neste tipo de traumatismo, as estruturas mais de rotura aguda do LPAA e/ou LCP o tratamento cirúrgico
frequentemente lesadas são o ligamento peróneo-astragalino imediato é uma opção válida, com resultados demonstrados(16).
anterior (LPAA), a região ântero-lateral da cápsula articular, A exigência da alta competição e a necessidade de um retorno
o ligamento calcâneo-peroneal (LCP) e o ligamento peróneo- rápido à actividade, minimizando a sintomatologia residual e/
astragalino posterior, o que resulta inevitavelmente em dor, ou a instabilidade sequelar podem ser alguns dos factores pro-
redução do arco de movimento e défice funcional . Os meios
(4,5)
postos na “defesa” desta abordagem. No entanto, são vários os
complementares de diagnóstico devem ser utilizados com sen- autores que referem não existir diferença significativa entre os
dois tipos de tratamento. Povacz et al numa população não-
atleta, mostraram resultados funcionais semelhantes entre os
dois tipos de tratamento e um período de recuperação mais
rápido no grupo tratado conservadoramente(17). Pijnenburg ve-
rificou que uma estratégia de “não-tratamento” conduz a mais
sintomatologia residual e que o tratamento cirúrgico apresen-
ta melhores resultados que o tratamento funcional e que este
tem melhores resultados que a imobilização gessada por 6 se-
manas(18). Na abordagem inicial da lesão ligamentar aguda, os
autores defendem a análise individual de cada caso, ponderan-
Figura 1 - Regras de decisão para realização de Rx nas lesões agu-
do, para além da gravidade da lesão, os níveis de actividade e
das do tornozelo (segundo regras de Ottawa).
a exigência competitiva do atleta em questão. Na instabilidade
so, sendo aconselhados quando a clínica o justifique. Segundo crónica, incapacitante tanto no desportista como no indivíduo
as regras de Ottawa (Fig. 1), o estudo radiográfico simples tem activo, os autores defendem a reparação cirúrgica como única
indicações precisas podendo ser complementado com o exame forma de restaurar a biomecânica do tornozelo. Num estudo
em stress dos dois tornozelos ou com ressonância magnética(12). de Hintermann et al, a artroscopia do tornozelo permitiu vi-
Após o primeiro episódio, o risco de desenvolvimento de ins- sualizar lesões da cartilagem articular em 66% dos tornozelos
tabilidade crónica do tornozelo (ICT) aumenta exponencial- com alterações ligamentares externas e em 98% das lesões do
mente(1,4,16). Yeung reportou uma taxa de recorrência em 73% deltóide(19), o que enfatiza a necessidade de correcção desta
dos indivíduos vítimas de um primeiro episódio de entorse e anomalia mecânica, potenciadora de lesão adicional.
sintomas residuais e incapacidade que condicionaram inevita-
velmente a prática desportiva em 59%(14). Baseados num estudo A prevenção
epidemiológico que conduzimos entre jovens atletas de quatro A prevenção, amplamente discutida, não se acompanha de
das principais modalidades em Portugal (voleibol, basque- evidência científica que suporte os benef ícios da aplicação dos
tebol, futebol e andebol), pudemos verificar que pelo menos métodos aconselhados. O treino proprioceptivo, referido insis-
11.3% dos atletas sofreram entorses recidivantes do tornozelo tentemente como uma medida profiláctica eficaz, parece dimi-
e 3.5% da população total desenvolveu sintomas residuais de nuir a recorrência de lesão nos atletas com história prévia, mas
instabilidade articular crónica que condicionaram seriamente não naqueles que nunca sofreram uma entorse do tornozelo(27-
a prática desportiva(11). De referir, ainda, que em cada 100 en- . O taping ou bracing do tornozelo é de utilização endémica
29)
torses passam despercebidas 15 lesões ligamentares externas nos desportistas. Acredita-se que associado a mecanismos neu-
graves(3). Anandacoomarasamy et al demonstraram a persis- romusculares reflexos(28,29), o suporte externo pode potenciar a
tência de pelo menos um sintoma em 74% dos atletas 1.5 a 4 estabilidade, protegendo as estruturas ligamentares através da
no entanto, evidência comprovando inequivocamente o efeito 7. Boland AJ, Glick J. Editorial comment. Am J Sports Med 1981; 9: 316-317.
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protector das ortóteses ou do taping do tornozelo. A escolha do
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calçado desportivo, por vezes limitado pelos ditames da moda matol Arthrosc 1990; 4: 19-21.
ou influência publicitária, pode igualmente influir na história 9. Ekstrand J, Gillquist J. The frequency of muscle tightness and injuries in soccer players. Am
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natural da entorse. A única certeza dos autores é que, não obs-
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tante os meios de prevenção adoptados, a entorse do tornozelo and risk factors. Br J Sports Med 2001; 35: 103-108.
continuará a ser uma lesão frequente no sistema esquelético do 11. Massada M, Pereira A, Sousa R, Freitas D, Muras Geada J, Massada, L. Traumatismo
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o tratamento e o prognóstico destas lesões. Assim sendo, o conceito 21. Pinar H, Akseki D, M. Bozkurt, Kovanlikaya I, Araç S, Bozkurt M. Bone bruises detected
by magnetic resonance imaging following lateral ankle sprains. Knee Surg Sports Traumatol
de trivialidade associado à entorse do tornozelo deve ser modifi-
Arthrosc 1997; 5: 113–117.
cado na prática médico-desportiva, aconselhando-se um exame 22. Schäfer D, Hintermann B. Arthroscopic assessment of the chronic unstable ankle joint.
clínico cuidadoso, determinando o mecanismo causal com pesqui- Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 1996; 4: 48-52.
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posterior positivos e/ou báscula externa do astrágalo nas manobras 24. Volpi P, Pozzoni R, Galli M. The major traumas in youth football. Knee Surg Sports
em stress). Torna-se, ainda, fulcral enfatizar a criação de estratégias Traumatol Arthrosc 2003; 11: 399–402.
preventivas efectivas, como a criação de perfis pré-lesionais de esta- 25. Leanderson J, Nemeth G, Eriksson E. Ankle injuries in basketball players. Knee Surg
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