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À pergunta o que é o Direito, correlaciona à pergunta o que é a Justiça. E, no curso da história, resta
claro, que não basta olhar para os fenômenos e tentar conhece-los. Neste sentido, a grande contribuição
dos sofistas, que redimensionaram o olhar, a reflexão e o conhecimento para o estudo das coisas humanas.
Hoje em dia, um giro filosófico para a ideia da argumentação como lógica de fundamentação das coisas
afeitas à convivência humana, indica, até certo ponto um “retorno à sofística”. É na atividade humana, em
suas dimensões sociais, econômicas e políticas, que esse deslocamento do objeto de estudo e reflexão se
pautam
Assim, a ideia de Justiça, a priori, tem muito mais a ver com as contingências humanas instaladas
no fenômeno da convivência (nomos), que na inexorabilidade (necessidade) das coisas naturais (physis).
Pressupõe-se assim, que é na paradoxal construção histórica do humano e de suas interações, que melhor
se amolga a lógica do estudo da Justiça.
1. Qual a relação entre ética, virtude e Justiça? Uma visão absoluta e universalizante (Ideia
clássica), ou uma postura flexível quanto ao relativismo ético: (Sofistas).
2. É possível manter ou cindir o conceito ou ideia de Justiça, da ideia de lei e direito, ou há que se
falar em instrumentalidade deste em relação àquela?
3. É possível detectar direitos que seriam comuns aos humanos, ou cada povo, em cada
circunstância histórica, e moldado por suas condicionantes, elabora tais consensos? A Justiça
sistematiza essa dinâmica?
Em nível geral, portanto, faz-se necessário compreender essa busca humana histórica, por uma ideia de
Justiça, fundada, legitimada na convivência humana, em razão dos próprios limites e possibilidades. Esse
constructo humano, essencial, é o que, ao fim, amolda, conforma a ideia de Justiça
2. Visão do Jusnaturalismo Cristão da Justiça: Justiça como valor Divino em correlação com
a Lei Divina, Natural e Humana
A) Livre arbítrio (vontade): pode-se fazer o mal, mesmo conhecendo o bem
B) A escravidão se justifica
C) Os homens são iguais na sua singularidade
D) Lei Divina, lei natural, Lei humana
6. Justiça e Igualdade formal (Chaim Perelman – Polônia) Não foi trabalhado nos seminários
todas tem um substrato comum para que funcionem: a partir da equidade, ou seja, aplicadas aos
indivíduos que estejam na mesma categoria essencial, respeitando a especificidade de cada um.
7. Justiça como Equidade: (John Rawls): como chegar a um equilíbrio entre valores da
Liberdade e da Igualdade
A) condições para a cooperação social
B) “Arranjo social”
8. Justiça como Liberdade, desenvolvimento e Igualdade de oportunades (A. Sen): (Não foi
trabalhado nos seminários, mas ajusta-se à reflexão de Rawls)
a) base: valor moral substantiva da liberdade
b) condições indispensáveis para o exercício das liberdades (recursos, instrumentos, que contempla
as diferenças, correção equitativa)
c) A falta de legitimidade moral de um modelo de desenvolvimento exclusivamente econômico –
limita as condições instrumentais para determinados fins.
d) utilização indiscriminada de recursos naturais
e) modelo de sustentabilidade (relações entre as pessoas, bens disponíveis e recursos naturais,
futuras gerações)
f) Justiça como liberdade: estabilidade e legitimidade das sociedades/atendimento às necessidades
humanas/ diferentes relações culturais/ princípio da sustentabilidade: relações intencionais, concepção de
estruturas democráticas)/ Igualdade e Justiça social/ justiça como realização.;
g) Exemplo da flauta (utilitarismo, Igualitarismo, Libertarianismo);
h) Perspectiva da Justiça do contrato social falhou; falhou também a perspectiva do
institucionalismo transcendental;
i) A justiça não pode ser indiferente às vidas que as pessoas podem viver de fato.
9. Justiça na cidade e Justiça nas relações: Concepções Aristotélicas de Justiça
Ética a Nicômaco (obra aristotélica onde fundamenta onde trata da ideia do bem e do bom,
no ser humano, diferente do animal, da virtude e da força subjetiva motora, potencia humana
interior que motiva as ações e atitudes exteriores)
A virtude se identifica com a felicidade e esta é uma atividade de acordo com aquela – caráter
prático da ética.
Não se adquire a virtude moral por natureza. Esta nos dá somente a capacidade de recebe-la.... Pode
ser aperfeiçoada. Adquire-se a virtude quando efetivamente as praticamos.
A justiça consiste em buscar o meio termo, o equilíbrio e evitar excessos.
A lei para Aristóteles é ao mesmo tempo, lei moral e jurídica
A teoria da justiça aristotélica está fundada sobre o princípio da igualdade.
Justiça Particular
a) É a justiça que trata da divisão dos bens e dos encargos públicos na vida em sociedade;
b) É a justiça que mais se relaciona com o Direito – aplicação:
a. Justiça distributiva: cargos, benefícios, igualdade de proporções – partes iguais a pessoas
iguais e desiguais aos desiguais – igualdade pelo mérito – questão política
b. Justiça corretiva (comutativa): justiça das relações privadas. Ao invés da igualdade
proporcional – a igualdade aritmética. Irrelevante o mérito - o igual é o meio-termo entre
o ganho e a perda
c) Distributiva: igualdade de proporções entre pessoas e bens;
a. Justo é o proporcional: A proporção estabelecida de acordo com a participação de cada
pessoa – mérito
b. igualdade como critério é estabelecida pela política.
c. Igualdade geométrica
d) Corretiva ou comutativa (sinalagma): É a justiça das relações privadas
a. Aqui é irrelevante o mérito
b. O critério de igualdade é o meio-termo entre o ganho e a perda. A justiça corretiva será o
meio-termo
Em resumo
Para Aristóteles, as regras de justiça (universal ou particular), valem somente para aqueles que se
encontram num mesmo parâmetro político – Justiça política: Igualdade geométrica e igualdade aritmética.
“Não pode haver justiça política, por exemplo, entre o senhor e o escravo ou entre o pai e seu filho
enquanto este não adquire uma certa idade, pois não há nessas relações a aludida isonomia”
A) Para Aristóteles, a teoria da justiça, está fundada sobre o princípio da igualdade – No
entanto:
a. A igualdade aristotélica não é um dado da experiência, mas uma abstração (Ferraz Jr);
Igual em que e desigual em que?
b. Portanto, não é um princípio exaustivo, mas apenas específico.
B) A EQUIDADE:
a. É a última peça na Teoria da Justiça aristotélica
b. Ela não é o justo segundo a lei, mas o justo na concretude
c. Portanto, a Justiça, além de um hábito (costume/lei), deve ser um ato/ação que leva a
uma situação justa.
d. Uma retificação do justo estritamente legal = o justo na concretude;
e. A equidade, pois, é o justo na concretude;
f. O meio-termo é impossível de se definir a priori, mas se identifica com uma atividade
perpétua, sempre renovada nos casos concretos (FERRAZ JR); a função do juiz
legitima-se pela sua equidistância
A doutrina clássica: vê a justiça como uma virtude interpessoal. Para viver em sociedade é
necessário que haja distribuição dos recursos (riquezas, cargos, terras, alimentos, trabalho). Isso é um
problema da justiça. Realizar tal distribuição é função do direito e daquele que o aplica.
Em Santo Agostinho
1) A justiça e o direito a partir de Deus: “só a lei eterna, a lei que é razão e vontade de Deus, é de
fato justa”.
2) A justiça e o direito, perderam assim, todo aquele caráter objetivo e matemático que tinham em
Aristóteles.