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Gênesis 1.1­2.

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Para ordenar o caos da nossa vida

Introdução
Nessa   narrativa,   há   a   clara   e   intencional   tentativa   de   apresentar   a
existência   de   um   Deus   que   age   livre   e   deliberadamente   a   favor   e
independente de tudo o que é criado. O foco, aqui, não é a criação, mas quem
está por trás de toda a criação: Deus.
Em uma época de cosmogonias fantasiosas –  deuses saindo de ovos, o
mundo criado a partir dos restos mortais de um monstro caótico  – sempre
recheadas   de   elementos   caóticos   e   não­intencionais,   a   narrativa   de
cosmogonia judaica vem a ser uma proposta diferente.
Em vez de explicar a existência do mundo em perspectiva de explicação
da criação, essa narrativa parte do ponto de vista do Agente dessa criação:
tudo o que existe tem o seu início em Deus.
Nessa  narrativa  de  cosmogonia  judaica,   podemos  ver   claramente  uma
ação de ordenação na criação. Há um Regente à frente da peça que está sendo
apresentada.   Sua   presença   não   apenas   ordena,   mas   vibra,   dança,   colore,
enfim, dá vida a tudo!

1. Precisamos relembrar que Deus é o Criador de tudo
No princípio, vemos a atividade criadora divina agindo deliberadamente,
com   propósitos   definidos.   No   princípio,   Deus   criou,   chamou   à   existência
aquilo que não existia ainda. Do nada, o Tudo cria tudo, pois não necessita de
nada, a não ser Ele mesmo! 
A expressão mais fantástica nessa narrativa em lingua­gem humana é:
“No princípio Deus...” 
Até o momento deste escrito ser elaborado, as narrativas de cosmogonias
mais   conhecidas   eram   a   Suméria   e   a   Egípcia.   O   que   era   comum   a   essas
cosmogonias, era a presença marcante do caos como elemento criador.
Os   sumérios   e   babilônios   desenvolveram   uma   cosmogonia   própria,
preservada   em   poema,   como   “Gilgamesh”   e   “Enuma   Elis”.   A   criação   era
representada como um processo de procriação. Os deuses seriam elementos
naturais que formaram o universo. Segundo os babilônios, Marduk foi o único
deus que conseguiu derrotar Tiamat, o dragão, que representava o caos e as
águas do mar.
Resumo   do   mito:   Na   mitologia   mesopotâmica,   no   princípio   do   mundo
existia Abzu e Tiamat, os elementos masculino e feminino das águas. Tiamat
criou o céu, de quem nasceu Ea (a magia), que produziu Marduk. Este venceu
os demais deuses e dividiu o corpo de  Tiamat, separando o céu da Terra e
produziu o primeiro homem, usando o sangue do monstro derrotado.
Quando a Bíblia nos relata, através do livro do Gênesis, que no princípio
criou Deus os céus e a terra, não podemos entender que esse princípio seja o
princípio de todas as coisas. Deus é o princípio de todas as coisas, como vemos
em João 1.1­2: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus,
e era Deus. Ele estava com Deus no princípio.”
O início de todas as coisas aqui relatado, refere­se ao início de todas as
coisas   criadas,   pois  “...Deus   que   dá   vida   aos   mortos   e  chama   à   existência
coisas que não existem,  como se existissem.” (Romanos 4.17)  A ação criadora
de Deus envolve, então, chamar à existência coisas que não existem, como se
existissem!
Pense na grandiosidade dessa verdade! Deus tem o poder, a capacidade
de chamar à existência, coisas que não existem! O que pode ser impossível
para Ele? Absolutamente Nada!
Se   entendermos   que   no   princípio   de   todas   as   coisas,   Deus   já   existia,
conseguiremos descansar nEle! Para que nossas vidas dêem certo, precisamos
lembrar que Deus está no princípio delas!
O   grande   contraste   entre   as   famosas   cosmogonias   do   passado   e   a
cosmogonia judaica está no fato da Bíblia afirmar a existência de um único
Deus acima de tudo e de todos e isento de influências externas. Isso deve...

2. No princípio Deus criou e ordenou
Os céus e a terra foram criados antes dos seis dias. Durante os seis dias,
parece haver uma ordenação das coisas criadas e criação de outras coisas. A
ação   criadora   divina   é   interessante,   há   um   movimento:   dizer/chamar­
fazer/criar­ver(aprovar).   As   coisas   criadas   são   também   ordenadas,   assim
como   há   ordenação   (lógica),   na   ação   divina.   Primeiramente   Deus   pensa
(disse/chamou), para depois agir (fez/criou), para em seguida, constatar sua
ação (viu/abençoou).
A criação divina é um movimento comple­to, como tudo o que Deus faz. A
ação divina é completa em todas as Suas realizações, tanto que no sétimo dia,
Deus   descansou,   abençoou   e   santificou   o   sétimo   dia.   Deus   não   continua
descansando,   mas   continua   trabalhando:  “Disse­lhes   Jesus:   “Meu   Pai
continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando”. (João 5.17)
O descanso divino envolve o descanso da ação criadora daquele momento.
Ele continua agindo, mantendo e sustentando a Sua criação.
Deus   está   atento   ao   nosso   caos   particular!   Tudo   o   que   Deus   criou   é
perfeito. Na narrati­va da criação, há um momento de separa­ção (abismo),
seguido pelas trevas que cobriam a sua face. Entretanto, a expressão usada
em seguida é belíssima: “mas o Espírito do Senhor pairava sobre as águas”.
Não importa o que passemos: Deus está atento ao nosso caos! O Espírito
do   Senhor   tem   vasculhado   nossas   vidas,   para   ordenar   o   que   precisar   ser
ordenado e criar o que precisa ser novo!

3. No princípio Deus completamente cria
Não podemos, jamais pensar em ação criadora divina, pensando apenas
em  uma ação  de  “Deus  Pai”. Essa  diferenciação  não pode ser  feita, pois  é
perigosa, podendo levar a um triteísmo. 
A   Bíblia   é   clara   ao   afirmar   que   Deus   (Pai,   Filho   e   Espírito   Santo),
estavam agindo na criação. Em Colossenses 1.15­17, vemos: “Ele é a imagem
do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas
todas as coisas nos céus e na terra,as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou
soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e
para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.”
Jesus estava com Deus no princípio de todas as coisas e no princípio das
coisas criadas. Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. A criação é
uma ação completa de Deus, por Si e para Si.
Gênesis 2.4­3.24
ENTRE DUAS ÁRVORES

(saudades de um fim de tarde)

1. A árvore do conhecimento nos aliena da presença Deus
Antes de comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal:
a) Eles vivam nus e não sentiam vergonha
b) Possuíam um relacionamento aberto com Deus
Após comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal:
a) Perceberam que estavam nus e juntaram folhas de figueiras para cobrirem­se
b) Esconderam­se de Deus com medo dEle
O fruto externo da árvore do conhecimento do bem e do mal não era
maligno. O que foi maligno foi a postura de desobediência e independência
de   Deus.   Eles   preferiram   dar   ouvidos   à   serpente   enganadora,   ao   Deus
bondoso. Adão e Eva foram criados à imagem e semelhança de Deus. Por
que eles quereriam ser como Deus, se já eram à Sua imagem e semelhança?
A   árvore   do   conhecimento   do   bem   e   do   mal,   trata   desse   nosso   desejo
pecaminoso, dessa herança genética maldita, de querermos viver distantes de Deus,
como se soubéssemos o que fazer. Morremos... Assim como aconteceu com Adão e
Eva, que foram expulsos do jardim. Não puderam estar mais no jardim, cujo centro
havia a  Árvore da Vida. A morte era eminente. O pecado nos distancia de Deus
(Isaías 59.2), o criador e doador da vida. O pecado nos afasta da própria vida; nos
afasta de Deus!
Se Deus é tão bom, por que tanta coisa ruim acontece no mundo? Porque nós,
seres   humanos,   em   nosso   pecado   de   desobediência   e   independência   de   Deus,
estamos alienados da presença divina!
2. A árvore do conhecimento nos aliena do nosso próximo
A segunda conseqüência da árvore do conhecimento do bem e do mal na vida do
ser humano, é a auto­alienação.
Quem era o culpado por tudo o que ocorrera? 
Não havia um culpado, um responsável. Três o eram...
Além de nos alienar da presença de Deus, o pecado nos distancia uns dos
outros.   O   homem   culpou   a   mulher,   que   por   sua   vez,   culpou   a   serpente.   A
responsabilidade   por   nossos   atos,   erros   e   pecados   é   sempre   nossa!   Temos   que
entender isso. O outro torna­se o nosso inimigo, aquele que nos ameaça, aquele que
toma o nosso lugar, aquele que tem o que eu deveria ter...
A partir desse momento, o relaciona­mento entre homem e mulher que era
para ser um paraíso, tornou­se um eterno campo de guerra. Não nos entendemos
mais. No casamento, um culpa o outro por sua infelicidade, pelas dívidas, por não
pensar e agir como penso.
O pecado é uma herança. Herdamos isso de Adão e Eva (Romanos 5.12). Não
existe ninguém puro. A Palavra de Deus é enfática ao afirmar que todos pecaram
porque nasceram pecadores.  Muitas das desgraças que acontecem em nosso
mundo, desde problemas ecológicos a problemas relacionais, são fruto de
nosso pecado. Guerras, brigas, roubos, corrupção, pobreza, injustiça, são
excelentes retratos da natureza humana. 
Desde pequenos, já temos essa inclinação ao mal (Salmo 51.5). Se as coisas
não acontecem no momento que queremos, choramos, esperneamos, fazemos birra,
até que nossos desejos sejam satisfeitos. Todo ser humano possui essa tendência de
viver a vida, como se fosse o centro do universo. Distantes de Deus...
A grande tentação lançada no jardim do Éden (Gênesis 3.5), ecoa até hoje: “como
Deus,   serão   conhecedores   do   bem   e   do   mal”.  Sermos   deuses.   Sermos
importantes.   Sermos   o   centro   do   universo.   Sermos   admirados.   Sermos
exaltados. Sermos como Deus! Disso, vêm muitas de nossas “boas ações”: “Vejam
como   eu   sou   bondoso,   como   me   preocupo   com   as   pessoas...”  Disso   vem   muito   de
nossas  ações  exigindo  “respeito”:  “Você   sabe   com   quem  está  falando?”  Disso  vem
muito de nossas ações exigindo “justiça”:  “Isso não pode acontecer comigo. Eu não
mereço!”
3. A Árvore da Vida nos devolve à presença de Deus
Assim   como   a   árvore   do   conhecimento   do   bem   e   do   mal   estava   à   disposição
posterior do ser humano, outra Árvore também estava: a Árvore da Vida. Com sua
queda, o ser humano foi afastado da Árvore da Vida.
A   queda   humana   de   seu   relacionamento   com   Deus   foi   em   frente   a   uma
árvore, a uma madeira, a um madeiro. A solução para o pecado humano, que teve
início aos pés de uma ets, a árvore do conhecimento do bem e do mal, está aos pés de
outra ets, o madeiro que foi a cruz do calvário. “Aquele que tem ouvidos ouça o que o
Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que
está no paraíso de Deus.” (Apocalipse 2.7)
A vitória de satanás sobre a mulher e o homem, debaixo dos galhos daquela
primeira árvore, levou­o à sua própria derrota, sob as vigas entrecruzadas de outra
árvore, na qual morreu o Príncipe da Glória, a personificação da sabedoria. 
Na cruz de Cristo, nossa alienação de Deus e do próximo é vencida! Os nossos
relacionamentos   são   restaurados,   traumas   são   vencidos.   Verticalmente,   sou
restaurado, para horizontalmente ser renovado... É por isso que existe uma outra
árvore, a Árvore da Vida, na Nova Jerusalém, transplantada, por assim dizer, do
Éden e ao alcance dos moradores do novo mundo vindouro da nova criação.

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