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(Reportagem publicada na Revista Única / Expresso,
edição de 24 de Outubro 2009)
28.10.2009 às 9h34m
ROTINAS RÍGIDAS
Tudo isto passa dentro de uma rotina instalada. Acordam às 7h
e fazem uma oração conjunta com as 19 irmãs que também
vivem no colégio. O pequeno-almoço é servido às 7h45, e às
8h20 começam as aulas, que se prolongam até às 16h30, com
almoço pelo meio. Depois do lanche e a partir das 17h é tempo
de estudo numa sala de aula até às 19h45, hora do jantar.
Segue-se um período de convívio até às 21h, altura em que as
alunas são obrigadas a novo estudo até as 22h30. Às 23h
apagam-se as luzes. É assim quatro dias por semana. Pelo
menos para aquelas que vão a casa à sexta-feira e regressam
domingo à noite. Mas há quem só veja a família de 15 em 15 dias
ou nas férias. Para estas, há permissão para acordar mais tarde
durante o fim-de-semana e algumas têm autorização para "dar
uma voltinha até ao El Corte Inglés ou ir a uma papelaria se
precisarem", assegura a Madre Elisa. O resto do tempo é
passado a ver filmes, a jogar, a conversar, a navegar na Internet,
mas também a estudar.
SAUDADES DE CASA
A saudade, curiosamente, é palavra que as raparigas do CNSB
evitam ou encaram de forma mais crua do que os rapazes. Estes
usam-na muitas mais vezes no seu discurso, nomeadamente os
mais novos que estão pela primeira vez no CIC. Como José
Almeida, de 11 anos, aluno do 5º ano, que acabou de chegar de
Estarreja. "As saudades foi o que custou mais. Estar aqui
sozinho... Ter de estudar muitas vezes", diz de olhos baixos.
"Ainda lhe custa", observa António Cunha, 54 anos, o prefeito
que também dorme todos os dias no colégio com os internos.
"Quantas vezes passo pelo corredor e ouço-os a chorar dentro
do quarto. Alguns até vêm ter comigo a meio da noite porque
não conseguem dormir. Coitados. Tenho pena deles...", resume.