Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


ENGENHARIA CIVIL

FERNANDA DA SILVA ALMEIDA


JOÃO VICTOR MARTINS DA PAZ
RAFAELLE FERREIRA MACHADO
RENATO LUCAS PEREIRA SILVA
WANNY RENALI OLIVEIRA GRANGEIRO

DISTRIBUIÇÃO DE VIAGENS

JUAZEIRO DO NORTE - CE
2018
DISTRIBUIÇÃO DE VIAGENS

RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de analisar a distribuição de viagens, que
visa determinar os destinos específicos das viagens originadas em cada zona geográfica,
relacionado aos veículos motorizados e não motorizados por dois motivos, trabalho e educação.
Essa análise foi feita a partir dos dados de produção e atração de viagens obtidos na etapa da
geração e a partir disso gerar matrizes O/D - Origem Destino, relacionadas a esses dois motivos
e modos de transportes. Utilizou-se como ferramenta para a modelagem a análise dos dados
através do Excel a partir de uma matriz de impedância, buscando estabelecer correlações entre
as variáveis, e o software TransCAD, onde foram desenvolvidos os mapas temáticos os quais
nos mostram as linhas de desejos referentes a maior quantidade de viagens produzidas e atraídas
de acordo com cada motivo. Os resultados mostram a matriz OD corrigida por balanceamento
e distribuída pelo modelo gravitacional.

Palavras-chave: TransCad; O/D; Modelagem.

INTRODUÇÃO

O modelo sequencial é um procedimento muito utilizado em planejamentos de


transportes. Esse modelo é conhecido como modelo 4 etapas, e se trata de uma ferramenta
versátil para aplicação, análise e estimativa de fluxos de viagens. Ele é conhecido dessa forma
porque se divide em 4 submodelos: geração de viagens, distribuição de viagens, divisão modal
e alocação de fluxo. O modelo tem foco diretamente na viagem, e menos nas relações de
consumo por trás da necessidade de deslocamentos. A partir disso, é possível estabelecer um
padrão de deslocamento.
O trabalho trata a segunda etapa do processo de previsão de demanda que visa distribuir
as futuras viagens entre as zonas de origem e destino. O principal meio utilizado é a criação da
Matriz Origem-Destino (OD), para a qual foi desenvolvido um método estimativo a partir dos
dados disponíveis. Para isto, é necessário o uso de ferramentas para a manuseio dos dados e a
análise dos mesmos.
O planejamento de transporte consiste em uma sequência de atividades que podem ser
amparadas por softwares do tipo SIG (Sistema de Informação Geográfica). Esse software
possibilita utilizar e processar dados de diversas fontes e apresentá-los de forma simples e
gráfica, dessa forma utilizamos os dados da primeira etapa que estão armazenados no Excel,
utilizados tanto para tratar de dados espaciais quanto para análise de transporte. O software
utilizado foi o TransCad, que é uma ferramenta específica de transporte e possui variadas
funções como: apresentar informações espaciais de acordo a necessidade, modelagem de
transporte, análise de rotas, digitalizar mapas etc.

DESENVOLVIMENTO

A partir dos dados obtidos por meios de métodos estatísticos os quais forneciam a
estimativa de viagens produzidas e atraídas na etapa de geração, foram consolidados os
seguintes dados: as matrizes O-D das viagens realizadas, por zonas, para os modais motorizados
e não motorizados, referentes aos motivos educação e trabalho. Assim, após a análise e seleção
de dos dados e variáveis, consta na Tabela 1 os dados de distribuição modal fornecidos.

Tabela 1: Dados Fornecidos (Divisão modal – produção)


Divisão modal – Produção
ID Nome da Zona Motorizadas Não Motorizadas
Zona 1 Pedra Grande 30% 70%
Zona 2 Centro 50% 50%
Zona 3 Praia Mansa 50% 50%
Zona 4 Lagoinha 27% 73%
Zona 5 Cais do Porto 20% 80%
Zona 6 Vila Operária 36% 64%
Zona 7 Bairro Novo 17% 83%
Zona 8 Parque Ecológico 15% 85%
Zona 9 Planalto 24% 76%
Zona10 Paraíso 26% 74%
Zona11 Precatuba 35% 65%
Zona12 Atenas 22% 78%
Zona13 Distrito Industrial I 28% 72%
Zona14 Distrito Industrial II 28% 72%
Zona15 Caiçaras 31% 69%
Zona16 CAPITAL 100% 0%

De acordo com os dados obtidos pode ser feito uma relação para estimar a quantidade
de viagens produzidas e atraídas pelo motivo educação com a utilização de transportes
motorizados e não motorizados, além disso, o mesmo foi feito para o motivo trabalho. Os
resultados obtidos podem ser vistos na tabela 2 abaixo:
Tabela 2: Previsão de Viagens
VPT VPT VPE VPE VAT VAT VAE VAE
ID Nome M NM M NM M NM M NM
Pedra
1 Grande 925 2157 335 783 485 1132 0 0
2 Centro 8339 8339 5081 5081 8571 8571 0 0
Praia
3 Mansa 3181 3181 2220 2220 2603 2603 3772 3772
4 Lagoinha 1059 2865 436 1178 2846 7693 0 0
Cais do
5 Porto 349 1395 228 910 1947 7786 0 0
Vila
6 Operária 1705 3032 769 1368 2414 4292 0 0
Bairro
7 Novo 617 3010 226 1104 583 2847 0 0
Parque
8 Ecológico 427 2417 156 885 355 2012 406 2299
9 Planalto 1776 5626 1111 3520 1573 4981 654 2070
10 Paraíso 410 1166 405 1151 698 1988 4986 14190
11 Precatuba 1869 3472 1220 2266 504 936 0 0
12 Atenas 2021 7165 622 2204 774 2743 593 2102
Distrito
13 Industrial I 1273 3275 414 1066 869 2233 0 0
Distrito
14 Industrial II 705 1812 76 197 409 1050 905 2328
15 Caiçaras 1038 2311 294 655 504 1123 0 0
16 Capital 1390 0 140 0 1185 0 239 0
Somatório 27084 51223 13733 24585 26318 51990 11554 26762

Com base nos resultados alcançados nessa tabela podemos perceber que o somatório
entre as viagens produzidas e atraídas referendes aos dois motivos em questão e com relação
aos transportes motorizados e não motorizados são diferentes. Assim, faz-se necessário o
cálculo do fator de correção para cada um desses motivos, obtido pela razão entre eles.
27084
f (VATM) = = 1,02910556
26318
51223
f (VATNM) = = 0,98524716
51990
13733
f (VAEM) = = 1,1885927
11554
24587
f (VAENM) = = 0,91872805
26762
Com cada coeficiente obtido foi feita a correção referente as viagens atraídas pelos
motivos trabalho e educação e os modos de transportes analisados. A partir disso obteve-se a
tabela 3 mostrada a seguir:
Tabela 3: Dados corrigidos
VATM VATNM VAEM VAENM
ID Nome da Zona corrigida corrigida corrigida corrigida
1 Pedra Grande 499 1115 0 0
2 Centro 8820 8444 0 0
3 Praia Mansa 2678 2564 4483 3465
4 Lagoinha 2928 7580 0 0
5 Cais do Porto 2003 7671 0 0
6 Vila Operária 2484 4229 0 0
7 Bairro Novo 600 2805 0 0
Parque
8 Ecológico 365 1982 482 2112
9 Planalto 1619 4908 777 1902
10 Paraíso 719 1958 5926 13036
11 Precatuba 519 922 0 0
12 Atenas 796 2703 705 1931
Distrito
13 Industrial I 894 2200 0 0
Distrito
14 Industrial II 420 1035 1076 2138
15 Caiçaras 519 1106 0 0
16 Capital 1220 0 284 0
Somatório 27084 51223 13733 24585

Podemos notar agora que os somatórios referentes a cada motivo deram todos iguais,
isso significa que a relação e analise que foi feita está correta.
Após a elaboração dessa nova tabela com os dados Origem Destino já corrigidas,
partimos para a próxima etapa referente a geração da matriz O/D a qual pode ser determinada
a partir da matriz de impedância fornecida.
Tabela 4: Matriz de impedância – Motorizados
Zonas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1 0,00 9,37 9,76 11,91 9,43 10,83 8,81 5,06 11,14 2,24 6,08 5,85 3,56 3,33 6,07 9,50
2 9,37 0,00 0,39 10,04 7,16 8,39 0,56 12,53 1,77 9,03 7,61 12,65 10,35 6,82 3,83 8,41
3 9,76 0,39 0,00 10,43 7,55 8,16 0,95 12,92 1,38 9,42 8,01 13,04 10,74 7,21 4,22 8,80
4 11,91 10,04 10,43 0,00 4,26 4,93 9,47 14,94 11,81 11,44 8,27 15,06 12,77 9,93 7,25 6,32
5 9,43 7,16 7,55 4,26 0,00 1,91 6,60 12,47 8,93 8,97 5,79 12,59 10,29 7,46 4,78 4,89
6 10,83 8,39 8,16 4,93 1,91 0,00 7,83 13,87 7,69 10,37 7,20 13,99 11,69 8,86 6,18 6,34
7 8,81 0,56 0,95 9,47 6,60 7,83 0,00 11,97 2,33 8,47 7,05 12,08 9,79 6,26 3,27 7,85
8 5,06 12,53 12,92 14,94 12,47 13,87 11,97 0,00 14,30 4,61 9,12 3,82 3,96 6,51 9,11 12,53
9 11,14 1,77 1,38 11,81 8,93 7,69 2,33 14,30 0,00 10,80 9,38 14,42 12,12 8,59 5,60 10,18
10 2,24 9,03 9,42 11,44 8,97 10,37 8,47 4,61 10,80 0,00 5,62 4,04 1,74 3,01 5,61 9,03
11 6,08 7,61 8,01 8,27 5,79 7,20 7,05 9,12 9,38 5,62 0,00 9,24 6,94 4,65 4,20 3,89
12 5,85 12,65 13,04 15,06 12,59 13,99 12,08 3,82 14,42 4,04 9,24 0,00 3,01 6,63 9,23 12,65
13 3,56 10,35 10,74 12,77 10,29 11,69 9,79 3,96 12,12 1,74 6,94 3,01 0,00 4,33 6,93 10,36
14 3,33 6,82 7,21 9,93 7,46 8,86 6,26 6,51 8,59 3,01 4,65 6,63 4,33 0,00 4,07 8,07
15 6,07 3,83 4,22 7,25 4,78 6,18 3,27 9,11 5,60 5,61 4,20 9,23 6,93 4,07 0,00 5,63
16 9,50 8,41 8,80 6,32 4,89 6,34 7,85 12,53 10,18 9,03 3,89 12,65 10,36 8,07 5,63 0,00

Tabela 5: Matriz de impedância – Não Motorizados


Zonas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

1 0,00 78,64 81,58 100,39 84,54 94,98 74,44 73,22 90,75 21,16 60,29 48,43 33,53 26,42 55,54 81,37

2 78,64 0,00 2,94 82,10 52,88 61,81 4,20 137,55 12,10 78,19 65,33 106,15 87,47 57,85 35,45 67,40

3 81,58 2,94 0,00 85,04 55,82 63,54 7,14 140,49 9,17 81,13 68,27 109,09 90,41 60,79 38,39 70,34

4 100,39 82,10 85,04 0,00 30,82 35,46 77,89 153,51 90,15 93,95 57,84 120,01 100,47 85,27 61,45 41,21

5 84,54 52,88 55,82 30,82 0,00 15,28 48,68 137,67 64,99 78,10 41,99 104,16 84,62 65,89 39,67 31,04

6 94,98 61,81 63,54 35,46 15,28 0,00 57,60 148,10 59,47 88,53 52,43 114,59 95,06 76,26 49,14 44,20

7 74,44 4,20 7,14 77,89 48,68 57,60 0,00 133,35 16,31 73,98 61,12 101,95 83,27 53,64 31,25 63,19

8 73,22 137,55 140,49 153,51 137,67 148,10 133,35 0,00 149,66 67,61 109,59 67,80 68,87 85,49 110,42 134,49

9 90,75 12,10 9,17 90,15 64,99 59,47 16,31 149,66 0,00 90,29 77,43 118,26 99,58 69,95 47,56 79,50

10 21,16 78,19 81,13 93,95 78,10 88,53 73,98 67,61 90,29 0,00 50,02 31,82 16,40 26,13 50,97 74,92

11 60,29 65,33 68,27 57,84 41,99 52,43 61,12 109,59 77,43 50,02 0,00 76,08 56,55 45,18 38,72 29,11

12 48,43 106,15 109,09 120,01 104,16 114,59 101,95 67,80 118,26 31,82 76,08 0,00 23,83 54,10 77,26 100,98

13 33,53 87,47 90,41 100,47 84,62 95,06 83,27 68,87 99,58 16,40 56,55 23,83 0,00 36,35 57,73 81,45

14 26,42 57,85 60,79 85,27 65,89 76,26 53,64 85,49 69,95 26,13 45,18 54,10 36,35 0,00 35,79 66,25

15 55,54 35,45 38,39 61,45 39,67 49,14 31,25 110,42 47,56 50,97 38,72 77,26 57,73 35,79 0,00 42,80

16 81,37 67,40 70,34 41,21 31,04 44,20 63,19 134,49 79,50 74,92 29,11 100,98 81,45 66,25 42,80 0,00

O método utilizado para fazer essa distribuição de viagens é o modelo gravitacional que
utiliza o fator de crescimento para a estimativa, é comumente usado para esse tipo de trabalho
por se tratar de um método simples. No trabalho, foi utilizado um fator de crescimento fornecido
o qual é empregado para multiplicar todas as viagens referentes a tabela 4 e a tabela 5. Nesse
caso, foi considerado um valor de alfa para o motivo trabalho e o meio motorizado de 0,7 e não
motorizado de 0,6 e para o motivo educação, referente ao meio motorizado foi atribuído o valor
de 0,4 e não motorizado de 0,8.
O modelo gravitacional gera uma matriz origem destino (O/D). Ela pode ser dividida
por modal, que no caso se trata de veículos motorizados ou não motorizados. Como um dos
principais instrumentos para o estudo é a obtenção dessa matriz, foi utilizado o programa
TransCad. Os dados são da cidade fictícia de Pontal a fim de facilitar a analise, sendo assim,
foi possível desenvolver um método estimativo. Logo, foram gerados quatro tipos de matrizes
de acordo com cada motivo e modo de transporte.

Tabela 6: Matriz O/D Motivo Educação – Transporte Motorizado

Tabela 7: Matriz O/D Motivo Trabalho – Transporte Motorizado

Tabela 8: Matriz O/D Motivo Educação – Transporte Não Motorizado


Tabela 9: Matriz O/D Motivo Trabalho – Transporte Não Motorizado

Com a obtenção da matriz OD, foram gerados gráficos que representam o fluxo das
viagens entre os centroides. Este procedimento permite obter informações de viagens conforme
o segmento de demanda desejado, mostradas a partir das linhas de desejo. Essas linhas vão de
centroide a centroide de cada zona e conectam as 16 zonas por origem e destino. A espessura
da linha representa a frequência de viagens entre o par de zonas, ou seja, quanto mais espessa
a linha significa que o índice de viagens é maior.
Um ponto importante para se destacar é que há a necessidade de dividir a matriz por
dois antes de representa-las com mapas de Linhas de Desejo. Isso ocorre porque ao nos
deslocarmos por algum motivo essa viagem é contabilizada duas vezes. Por exemplo, se uma
pessoa sai de casa para o trabalho ao retornar do expediente essa viagem é contabilizada
novamente, isso provoca uma duplicidade no número de viagens. As linhas de desejos
representadas abaixo refletem as necessidades de transportes entre as zonas de Pontal.
Figura 1: Linha de Desejo: Motivo Educação – Transporte Motorizado
Figura 2: Linha de Desejo: Motivo Trabalho – Transporte Motorizado

Figura 3: Linha de Desejo: Motivo Educação – Transporte Não Motorizado

Figura 4: Linha de Desejo: Motivo Trabalho– Transporte Não Motorizado


Em linhas gerais, pode-se constatar que existem diferenças no fluxo de viagens. É fácil
visualizar que a zona de Praia Grande se destaca nas quatro análises pela grande quantidade de
viagens. Outro ponto a se levantar é que as cidades circunvizinhas ao Centro se destacam no
deslocamento por motivo trabalho no que se refere a meios não motorizados. Além disso, elas
mostram baixa frequência no mesmo meio por motivo educação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho abordou o modelo de distribuição de viagens, que é a segunda etapa de


um modelo usado para a análise de transportes referente a quatro etapas. Usando os dados
obtidos na etapa de geração da quantidade de viagens produzidas e atraídas de cada zona da
cidade fictícia, pode estimar a distribuição de viagens em cada região de acordo com os motivos
educação e trabalho e os modos de transportes motorizados e não motorizados.
Feito essa relação de dados, com a utilização do modelo gravitacional e o auxílio da
plataforma TransCad foram desenvolvidas quatro matrizes O/D, que identificam a quantidade
nos pontos de demanda e atração para a geração de viagens em cada zona referentes aos
determinados modos de transportes analisados nesse trabalho, com isso, obteve-se relações
quantitativas entre as viagens.
Além disso, obteve mapas temáticos onde é possível analisar a distribuição de linhas de
desejos a partir do centro da cidade fictícia para cada região, podemos observar os resultados
de forma mais dinâmica, a fim de facilitar e visualizar melhor o fluxo de distribuição de viagens
em cada zona. Os resultados obtidos foram satisfatórios pois com a utilização do transcad é
possível a alteração de dados e gera uma matriz O/D de maneira mais rápida e de melhores
resultados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE SOUZA, Cristiane Duarte Ribeiro. Modelo de quatro etapas aplicado ao planejamento de


transporte de carga. Journal of Transport Literature Submitted 2 May 2012; Vol. 7, n. 2, pp.
207-234, Apr. 2013.
FILHO, José Iran de Oliveira Lopes. Pós-avaliação da previsão de demanda por Transportes
no município de Fortaleza. 2003. 179f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza, 2003.

Você também pode gostar