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FACULDADE DE CIÊNCIAS JURIDICAS E SOCIAIS APLICADAS

DO ARAGUAIA - FACISA
CURSO DE DIREITO NOTURNO

ELIANA SOUSA TAVARES


GEIZIANE DA SILVA ROSA
ROSIVAN BARBOSA GOMES JUNIOR
VÂNIA RODRIGUES DOS SANTOS
YARA KAROLINE FERLETE FELIZARDO

CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS, AS LEIS DO ESTADO A


PARTIR DE CADA CONTEXTO
CONSTITUIÇÃO DE 1824

Barra do Garças - MT
Outubro, 2018.

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ELIANA SOUSA TAVARES
GEIZIANE DA SILVA ROSA
ROSIVAN BARBOSA GOMES JUNIOR
VÂNIA RODRIGUES DOS SANTOS
YARA KAROLINE FERLETE FELIZARDO

DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO


DOCENTE: RENATA GALVÃO

Barra do Garças - MT
Outubro, 2018.

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SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................ 4

2 CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS E ANÁLISE DE ARTIGOS


CONTEXTUALIZANDO ................................................................................................... 5

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 7

4 REFÊRENCIAS ............................................................................................................... 8

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo explanar sobre a Constituição de 1824


(1ª constituição brasileira) que foi outorgada por Dom Pedro I, na data do dia vinte e cinco
de março do ano de um mil oitocentos e vinte e quatro (25/03/1824). A princípio
abordaremos seu contexto histórico, buscando através da história da formação do Brasil
esclarecer a sua origem, por isso, no desenvolver do tema é trazido à baila as suas
características constituintes dentro do período do primeiro reinado.
Tudo começa com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, no ano
de 1808, no entanto, em 1821 Dom João VI, se vê obrigado a retornar a Portugal, e deixa
no comando do Brasil como seu sucessor hereditário, seu filho D. Pedro I, já com algumas
orientações quanto a independência do Brasil, tendo em vista que os países vizinhos já
havia conquistado suas independências.
Após o processo de Independência do Brasil em 1822 as margens do Rio
Ipiranga em São Paulo, realizado por Dom Pedro I, cujo governo foi marcado por uma
série de crises de interesses políticos entre os dois partidos que havia dentro da monarquia,
o partido brasileiro e o partido português, sendo que o primeiro visava o liberalismo e o
segundo a centralização do poder nas mãos do imperador.
Ocorreu uma assembleia constituinte no período de maio a novembro de
1823, esse fato se deu por meio de um movimento de reuniões políticas, com vários
interesses diferentes e diversos conflitos de ideias. Em novembro do mesmo ano foi
dissolvida essa assembleia pois quando Dom Pedro I pediu para que fosse redigida uma
constituição, ele deixou claro que era para manterem o poder centralizado no imperador,
contudo, não foi bem isso que aconteceu, ao saber que o poder estava sendo
descentralizado o monarca dissolveu a assembleia e deu fim ao projeto que ali estava sendo
elaborado. Dessa maneira o referido projeto não teve conclusão e ficou conhecido apenas
como a constituição da mandioca, isso porque tinham direito de voto, somente as pessoas
que eram proprietárias de alqueires de plantações de mandioca.
Então Dom Pedro I, na data de 25/03/1824, outorga a constituição,
imprimindo-a conforme a sua vontade, centralizando o poder na pessoa do imperador, com
traços de absolutismo, autoritário, pois era ainda vinculado a tradição portuguesa, e tinha
como característica principal o poder moderador.

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A constituição de 1824, foi marcada pelas seguintes características: O poder
era concentrado nas mãos do imperador; O voto era baseado na renda, então somente quem
tinha poder financeiro podia votar, este sistema eleitoral excluiu a maioria da população
brasileira do direito de escolher seus representantes e a igreja era subordinada ao estado.
Havia a manutenção do sistema que garantia os interesses da aristocracia.
Ficou determinado pela constituição de 1824 que o Brasil seguiria o regime político
monárquico e o poder seria transmitido de forma hereditária.
O Poder Moderador, exercido pelo imperador, estava acima de todos os
outros poderes, através dele, o monarca poderia controlar e regular os demais e manteria
poder absoluto sobre todas as esferas do governo brasileiro. O imperador tinha o direito de
não responder na justiça por seus atos.
O voto era censitário, desta maneira, para poder se candidatar e votar a
pessoa deveria comprovar determinada renda. Estabeleceram-se os quatro poderes:
executivo, legislativo, judiciário e moderador.
A Igreja Católica foi escolhida como a religião oficial do Brasil, sendo ela
subordinada ao Estado e criou-se o conselho de estado, composto por conselheiros
escolhidos pelo imperador.
O Poder Executivo era exercido pelo imperador e ministros de Estado.
Deputados e Senadores eram os responsáveis pela elaboração das leis do país. Foi mantida
a divisão territorial nacional em províncias.

2. CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS E ANÁLISE


CONTEXTUALIZADA DE ARTIGOS

A Carta Imperial de 1824 foi marcada por ser liberal em relação aos direitos
individuais e na organização dos Poderes. O governo imperial era uma monarquia
hereditária e constitucional conforme o artigo 3: “Art. 3º O seu governo é monárquico,
hereditário, constitucional e representativo”.
O Brasil é um Estado de proporções continentais, por isso foi implementado
um rigoroso centralismo, criando assim um Estado unitário sem a existência de um poder
local, consequentemente o poder ficou nas mãos do Imperador que tinha como uma de suas
atribuições a nomeação de um presidente para cada província, este poderia ser removido a

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qualquer tempo. Esse fato é notado no seguinte artigo: “Art. 165. Haverá em cada
província um presidente, nomeado pelo Imperador, que o poderá remover, quando
entender que assim convém ao bom serviço do Estado”. Devido a esse artigo, não havia
autonomia de poderes locais, era uma forma de evitar que o controle de todo o Estado
brasileiro saísse das mãos do Imperador. Portanto o Estado era unitário, o federalismo só
foi surgir posteriormente na promulgação da Carta da República de 1891.
Outra característica peculiar dessa constituição era o fato de haver o poder
moderador como “chave” de todo a organização política do Estado. O texto do art. 98
dispunha: “Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é
delegada privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência,
equilíbrio e harmonia dos mais poderes políticos”. É evidente a existência de um “quarto”
(além do executivo, judiciário e legislativo) poder, cujo detentor é exclusivamente o
imperador e devido a esse fato ele alcança a condição de Chefe Supremo da Nação, através
desse poder o Imperador conseguia impor limites à atuação das demais atribuições
políticas.
A Carta Imperial no que se refere a nomeação dos integrantes da Câmara e
do Senado, adotara um modelo de eleição indireta, entretanto mesmo que de forma elitista
foi estabelecido o direito ao voto em que era permitido a escolha das pessoas que
elegeriam os parlamentares. Portanto o processo eleitoral era bifásico, ou seja, primeiro era
escolhido pela população os chamados “eleitores de paróquia” que após eleitos tinham a
atribuição de eleger os eleitos de província e por fim esses elegiam os deputados e
senadores. Pode-se verificar esse fato no seguinte artigo: “Art. 90. As nomeações dos
Deputados, e Senadores para a Assembléa Geral, e dos Membros dos Conselhos Geraes
das Provincias, serão feitas por Eleições indirectas, elegendo a massa dos Cidadãos
activos em Assembléas Parochiaes os Eleitores de Provincia, e estes os Representantes da
Nação, e Provincia”. Contudo é importante ressaltar que o voto não era universal, o voto
era censitário e por isso era restrito a uma pequena parcela da população.
A Constituição Imperial trouxe grandes avanços no campo dos direitos
fundamentais, como por exemplo, a garantia da inviolabilidade de direitos civis e políticos
do povo brasileiro baseada na liberdade, segurança individual e na propriedade. Outro fato
que merece destaque é que apesar dessa constituição ter uma religião oficial como
estabelecido no artigo 5: “Art. 5. A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a

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ser a Religião do Imperio. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto
domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma alguma exterior do
Templo. Ela não proibiu o culto de outras religiões e por houve uma mitigação da liberdade
de culto, uma vez que conforme a redação do referido artigo, as demais crenças poderiam
seguir suas liturgias no ambiente doméstico desde que não se utilizasse qualquer forma
exterior no templo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto a emancipação política do Brasil foi resultado de uma sucessão de


fatores, tanto externos como internos que foram fundamentais para o surgimento de um
Estado, por causa do enfraquecimento do Rei devido às tropas napoleônicas bem como as
ideias separatistas e liberais impulsionadas por D. Pedro I ao convocar uma Assembleia
Constituinte para a criação de um Brasil independente.
Em decorrência do confronto entre os modelos de governo monárquico e
republicano, nossa primeira constituição terminou sendo imposta como forma de evitar a
retirado do poder do príncipe regente, fato que culminou na adoção de um sistema unitário
e a previsão de um poder moderador com consequência de uma longevidade dessa Carta
Imperial, uma vez que esse poder efetuou um controle sobre os demais poderes. Outra
forma de dominação foi o reflexo da forma de nomeação dos parlamentares, cuja eleição
era indireta e o voto censitário.
Entretanto essa carta magna trouxe inovações ao garantir um rol de direitos
fundamentais com valores igualitários e democráticos apesar de ser uma sociedade
escravocrata, surgiram valores que com o tempo resultaram na abolição da escravatura.
Observa-se nessa época uma dependência do Poder Judiciário que não tinha autonomia,
ficando a mercê da vontade do imperador, uma vez que ele era responsável pelo controle
de constitucionalidade, efetuando recusa de projetos aprovados pelas casas da assembleia
geral.

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4. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, Francisco Belisário Soares de. Apud NOGUEIRA, Octaciano. A


Constituição de 1824, Constituições Brasileiras, vol 1, 2ed., Secretaria Especial de
Editoração e Publicações do Senado Federal, Brasília, 2001.

IMPÉRIO DO BRASIL. Constituição Política do Império do Brazil.


Brasília: Planalto do Governo. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm > Acessado em
27/10/2018

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