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UFF - Universidade Federal Fluminense

Faculdade de Direito

Oferta e Publicidade nas Práticas Comerciais

Larissa Lana Querino de Oliveira


Matrícula: 112007016

Relações De Consumo e Responsabilidade Civil


Prof. José Acir
06 de dezembro de 2017
1. Da Oferta
Apesar de poder ter vários conceitos, a oferta é um instrumento que
também possui conceito no Código de Defesa do Consumido (CDC), sendo que para
o presente trabalho este é o conceito que nos importa. Vejamos o que diz o art. 30
do CDC:

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada


por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e
serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Ora, a oferta é um legítimo instrumento que está à disposição do


fornecedor e é utilizado para otimizar a sua lucratividade, promover seus produtos e
serviços, atrair novos consumidores, divulgar informações e características,
qualidades dos produtos, além de possuir outras funcionalidades. Sobre isso o autor
Nelson Nery Junior afirma que oferta é “qualquer informação ou publicidade sobre
preços e condições de produtos ou serviços, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma”1.
Ainda, é importante ressaltar que o referido dispositivo prevê o Princípio
da Obrigatoriedade da oferta. Este é o principio de discorre sobre a vinculação do
fornecedor ao cumprimento exato do pré-contrato anunciado através da oferta.
Dessa forma, a partir do momento que o fornecedor de determinado produto cria
uma oferta, a informação veiculada nela se torna parte do contrato de consumo. Este
princípio protege o consumidor de possíveis fraudes e práticas abusivas por parte do
fornecedor e ainda prediz como devem constar as informações da oferta. Sobre isso
vejamos o art. 31 do CDC:

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar


informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre
os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Sobre as características da oferta podemos afirmar que se trata de um

1NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação processual civil
extravagante em vigor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p. 184).
gênero da publicidade e, como visto no artigo 31, tem como caráter principal a
informação das condições do produto e seu preço, bem como formas de aquisição
do produto ou serviço.
É importante destacar que para que as características da oferta e o
Princípio da Obrigatoriedade estão relacionados, pois para que o fornecedor seja
totalmente vinculado à oferta é preciso que exista precisão na oferta. Assim, não
seria qualquer oferta que geraria a obrigação do fornecedor, sendo que o caráter
obrigatório só seria configurado quando verificado que a oferta publicitária possui um
mínimo de informações capazes de influenciar o consumidor a efetiva contratação
do serviço ou compra do produto. Os dispositivos em questão devem sempre ser
aplicados em harmonia com os princípios da boa-fé, da razoabilidade e do equilíbrio
das relações contratuais.
Passemos a ver o que é publicidade.

2. Da Publicidade
Diferentemente da oferta, o CDC não possui um conceito para
publicidade. Sobre ela, inicialmente, nos cabe fazer uma distinção entre publicidade
e propaganda, tendo em vista que existe certa divergência na doutrina. O autor Vidal
Serrano Nunes Júnior, de forma geral, aborda as duas definições, e afirma que
propaganda seria

“toda forma de comunicação, voltada ao público determinado ou


indeterminado, que, empreendida por pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, tenha por finalidade a propagação de idéias relacionadas à
filosofia, à política, à economia, à ciência, à religião, à arte ou à sociedade” 2

Enquanto que publicidade seria

“o ato comercial de índole coletiva, patrocinado por ente público ou privado,


com ou sem personalidade, no âmago de uma atividade econômica, com a
finalidade de promover, direito ou indiretamente, o consumo de produtos e
serviços.”3

2 NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Publicidade comercial: proteção e limites na Constituição de 1988.
São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001, p. 16.
3 Ibidem. p. 22-23.
Assim, publicidade seria o meio pólo qual se veicula a oferta, tendo um
específico propósito de promover conceitos ou ideias a respeito de im produto ou
serviço, sempre incentivando a aquisição destes. De forma geral, a propaganda é
carente de informação ideológica e as informações veiculadas na publicidade são,
geralmente, objetivas e procuram transferir conhecimento ao consumidor sobre
dados de funcionamento, utilidade, produtividade, segurança e eficácia do produto
ou serviço anunciado. Dessa forma, oferta e publicidade constituem aquilo que
chamamos de marketing.
Sobre a veiculação da publicidade, o CDC informa que ela deve ser “de
tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal”4.

3. Do objeto da publicidade e da oferta


Uma vez esclarecido o que seria oferta e o que seria propaganda, é válido
mencionar qual seria o objeto da oferta e da propaganda. Ora, como as relações de
consumo tem como pontapé inicial a venda de um produto ou a prestação de um
serviço entre um fornecedor e um consumidor, o objeto da oferta e da propaganda
seria este produto ou serviço.
O nosso CDC possui clara definição de produto e de serviço em seu
artigo 3º, sendo “produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”5 e
“serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”6. Não se pode esquecer
que o destinatário da oferta e da publicidade é o consumidor e sobre isso o art. 29
do CDC prediz que “equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas”7.

4. Práticas abusivas na oferta e publicidade

5. Conclusão

6. Referências

4
Art. 36º do Código de Defesa do Consumidor;
5 §1º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor;
6 § 2º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor;
7 Art. 29º do Código de Defesa do Consumidor;
FARIAS, Talden Queiroz. Publicidade e propaganda no Código de Defesa do
Consumidor. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 28, abr 2006. Disponível
em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1082>.
Acesso em dez 2017;

NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Publicidade comercial: proteção e limites na


Constituição de 1988. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001;

http://emporiododireito.com.br/backup/o-conceito-de-consumidor-diante-ao-
cdc-e-a-publicidade-abusiva-por-mauricio-correia/

https://www.conjur.com.br/2016-ago-31/garantias-consumo-publicidade-
invisivel-internet-praticaabusiva-relacoes-consumo

https://direitomemoriaefuturo.com/2014/01/23/a-vinculacao-da-oferta-nas-
relacoes-de-consumo-e-os-principios-da-boa-fe-razoabilidade-e-equilibrio/

http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI135523,51045-
A+publicidade+e+o+consumidor+breves+consideracoes

https://vitorgug.jusbrasil.com.br/artigos/170918919/erro-na-publicidade-
quando-o-fornecedor-esta-obrigado-a-cumprir-a-oferta

http://estadodedireito.com.br/publicidade-e-oferta-no-codigo-de-defesa-do-
consumidor/

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