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Ministério do Meio Ambiente

Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental


Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental

Brasília – DF | 2009
5ª Edição | Revista e atualizada
Ficha Técnica

Coordenação
Samyra Brollo de Serpa Crespo | Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental
Karla Monteiro Matos | Diretora do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental
Geraldo Vitor de Abreu | Gerente de Projeto (CNMA/A3P)

Elaboração e Revisão
Equipe técnica A3P
Luciana Chueke Pureza
Luiz Augusto Vitali
Marina Monteiro
Mônica Rocha de Souza
Patrícia Carvalho Nottingham

Colaboradores
Ana Carla Leite de Almeida
Emival Sizino dos Santos

Capa e Identidade Visual


OZ Propaganda

Diagramação
Gráfica Ideal

Ilustrações
Estúdio Nous
Sumário

Apresentação 7 Principais temas relacionados


aos Eixos Temáticos da A3P 52
Legislação e Políticas Públicas 10
Coleta Seletiva Solidária 52
Responsabilidade Socioambiental 20
Consumo da Madeira 59
Agenda Ambiental na
Administração Pública (A3P) 30 O papel nosso de cada dia 60
Histórico 30 Eficiência energética 65
Marco Legal 31 A água e seus usos múltiplos 68
O que é A3P 32 Manutenção da frota
oficial de veículos 72
Objetivos da A3P 33
Principais resíduos gerados
Eixos Temáticos da A3P 36 na Administração Pública 73
Uso racional dos recursos naturais Ampliando conhecimentos 77
e bens públicos 37 Mudanças Climáticas, Empregos verdes,
Resíduos Eletrônicos, Construções Sustentáveis,
Gestão adequada dos resíduos gerados 39 Rotulagem Ambiental, Análise do Ciclo de Vida,
Pagamento por Serviços Ambientais
Qualidade de vida no ambiente de trabalho 43
Implantando a A3P na sua Instituição 86
Sensibilização e capacitação dos servidores 45
Onde ocorre e quem participa 86
Licitações sustentáveis 47
Como a Administração
Pública Participa da A3P 86
Termo de Adesão 87
Rede A3P 87
Passo a passo para implantar a A3P 89
Sugestões de ações 92
Equilibrando prioridades
7

Apresentação

Prezado(a) leitor(a),

A Administração Pública, como grande consumidora de bens e serviços, como cumpridora respon-
sável das políticas públicas e com o poder de compra que possui por meio das licitações, precisa
dar o exemplo das boas práticas nas atividades que lhe cabem. Desta forma, o material que compõe
esta cartilha foi especialmente elaborado para os gestores públicos federais, estaduais e municipais
com o intuito de auxiliá-los no processo de inserção da responsabilidade socioambiental e da sus-
tentabilidade em tais atividades.
O grande desafio consiste em transpor o discurso meramente teórico e concretizar a boa intenção
num compromisso sólido, já que a adoção de princípios sustentáveis na gestão pública exige mudan-
ças de atitudes e de práticas. Para que isso ocorra, se fazem necessárias a cooperação e união de
esforços visando minimizar os impactos sociais e ambientais advindos das ações cotidianas atinentes
à Administração Pública.
Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente criou o programa Agenda Ambiental na Administração
Pública (A3P), uma ação que busca a construção de uma nova cultura institucional nos órgãos e entida-
des públicos. A A3P tem como objetivo estimular os gestores públicos a incorporar princípios e critérios
de gestão socioambiental em suas atividades rotineiras, levando à economia de recursos naturais e à
redução de gastos institucionais por meio do uso racional dos bens públicos, da gestão adequada dos
resíduos, da licitação sustentável e da promoção da sensibilização, capacitação e qualidade de vida no
ambiente de trabalho.
A sustentabilidade no âmbito governamental tem sido cada vez mais um diferencial da nova gestão
pública, onde os administradores passam a ser os principais agentes de mudança. Simples e peque-
nas ações realizadas diariamente, como por exemplo, o uso eficiente da água e da energia, a coleta
seletiva, o consumo responsável de produtos e serviços, entre outros, contribuem para este processo.
Cada um pode fazer a sua parte nas atividades cotidianas, seja no trabalho, em casa, no escritório,
na rua, na escola e em outros locais. Portanto, mãos à obra! A A3P começa por você!

Carlos Minc
Ministro de Estado do Meio Ambiente
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Legislação e
Políticas Públicas
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Legislação e Políticas Públicas

As ações necessárias para o alcance d a susten- •• Convenção de Basiléia sobre Controle de


tabilidade ambiental devem ser vistas como um Movimentos Transfronteiriços de Resíduos
conjunto único, uma vez que nenhuma ação, de Perigosos e seu Depósito (Basiléia);
forma isolada, é capaz de propiciar ganhos sig-
•• Convenção sobre o Procedimento de
nificativos no enfrentamento dos atuais desafios
Consentimento Prévio Informado Aplicado
socioambientais, cada vez mais em evidência,
a Certos Agrotóxicos e Substâncias
tanto no cenário nacional como internacional.
Químicas Perigosas Objeto de Comércio
A preocupação ambiental vem sendo tratada no
Internacional – PIC (Roterdã);
âmbito internacional desde a realização da Confe-
rência de Estocolmo em 1972, ganhando destaque •• Protocolo de Montreal sobre Substâncias
na Conferência das Nações Unidas para o Meio que Destroem a Camada de Ozônio;
Ambiente e Desenvolvimento (RIO 92), onde a pro-
•• Convenção sobre Zonas Úmidas
posta da sustentabilidade foi consolidada como
de Importância Internacional
diretriz para a mudança de rumo no desenvolvi-
especialmente como Habitat de Aves
mento, com a aprovação da Agenda 21. Desde
Aquáticas (Convenção RAMSAR);
então, o conceito de desenvolvimento sustentável
passou a ser um referencial para todos os países. •• Convenção das Nações Unidas
Outras convenções internacionais passaram a para Combate à Desertificação;
oferecer elementos para fundamentar o arcabouço
•• Convenção-Quadro das Nações
jurídico brasileiro, encontrando-se algumas delas
Unidas sobre Mudança do Clima;
incorporadas à legislação e/ou regulamentação
específicas como por exemplo: •• Protocolo de Quioto.
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No Brasil, a publicação da Lei nº 6.938, em demandando a complementaridade e a interação


agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional entre as mais diversas ações do poder público.
do Meio Ambiente, constituiu o marco inicial das Essas ações devem, portanto, ser articuladas e
ações para conservação ambiental e incorpora- implementadas de forma transversal para que pos-
ção do tema nas atividades de diversos setores sam contribuir para a consolidação das bases que
da sociedade. A partir daí várias normas e regu- permitirão a definição e implantação de uma política
lamentações passaram a disciplinar a questão efetiva para o desenvolvimento sustentável do país.
ambiental, relacionadas à conservação do meio Posteriormente à Lei da Política Nacional do Meio
ambiente, uso dos ecossistemas, educação am- Ambiente, seguiu-se a Lei de Ação Civil Pública (Lei
biental, água, patrimônio genético, fauna e flora, nº 7.347, de 1985) a qual tutela os valores ambien-
entre outras. Outro marco importante para a con- tais, disciplinando a ação civil pública de respon-
servação ambiental no Brasil foi a publicação da sabilidade por danos causados ao meio ambiente,
Lei de Crimes Ambientais - nº 9.605, em fevereiro ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
de 1998, que definiu sanções penais e adminis- estético, histórico, turístico e paisagístico.
trativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente.

Política Nacional do Meio Ambiente


Marco Histórico no Desenvolvimento
do Direito Ambiental
A legislação ambiental brasileira, um dos principais
instrumentos da sustentabilidade ambiental, prevê
a manutenção e conservação do meio ambiente
ao mesmo tempo que contempla a necessidade
de adoção de uma nova ética social, buscando
explorar a dimensão econômica de forma racional
e adequada, visando à manutenção do equilíbrio
ecológico, garantia da saúde, qualidade de vida
e bem-estar econômico, social e ambiental das
milhares de famílias brasileiras.
As questões ambientais fazem parte da agenda
pública constituindo-se em fatores decisivos para o
desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo,
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Constituição Federal
Na Constituição Federal foi reservado um artigo Artigos Constitucionais
específico para tratar do meio ambiente, o que relacionados ao meio ambiente
demonstra a importância do tema para a socie-
dade brasileira. O artigo 225 impõe ao poder Art. 5º Art. 170
XXIII; LXXI; LXXIII III e VI - Princípios Gerais
público e à coletividade o dever de defender - Dos Direitos e da Atividade Econômica,
e preservar o meio ambiente e exige, na forma Deveres Individuais Função Social da
Propriedade e Defesa do
da lei, que sejam realizados estudos prévios de Art. 20 Meio Ambiente.
I; II; III; IV; V; VI; VII;
impacto ambiental para instalação de obra ou IX; X; XI e § § 1º e 2º Art. 174
atividade potencialmente causadora de signifi- §§ 3º e 4º - Organização
Art. 21 da atividade garimpeira,
cativa degradação do meio ambiente. XIX; XX; XXIII levando em conta
a, b e c; XXV a proteção do Meio
Ambiente;
Art. 22
IV; XII; XXVI
Art. 176
Artigo 225 - “Todos têm direito ao meio §§ 1º ao 4º - Jazidas
Art. 23 e recursos minerais;
ambiente ecologicamente equilibrado, I;III; IV; VI; VII; IX; XI
bem de uso comum do povo e essencial Art. 182
Art. 24 §§ 2º e 4º - Política de
à sadia qualidade de vida...” VI; VII; VIII Desenvolvimento Urbano;

Art. 43 Art. 186


§ 2º, IV e §3º II - Da Política Agrícola e
Fundiária e da Reforma
No texto constitucional foram atribuídas com- Art. Agrária;
49: XIV; XVI
petências aos entes federados para a proteção Art. 200
VII; VIII - IV e VIII.
ambiental, o que possibilitou a descentralização Art. Da Saúde, Saneamento
91: § 1º, III
e permitiu à União, Estados, Municípios e Distrito Básico e Colaboração
na Proteção do Meio
Federal ampla competência para legislarem so- Art. 103 Ambiente.
Competência para
bre matéria ambiental. Essas competências estão propor ação de Art. 216
definidas nos art. 21, 22, 23 e 24. inconstitucionalidade; V e §§ 1º, 3º e 4º -
Além de um artigo exclusivo para tratar do meio Art. 129 Da Cultura
III e VI - Funções
ambiente, o texto constitucional também faz refe- institucionais do
Art. 225
rência ao tema em outros artigos. Ministério Público; Art. 231
Art. 232
Arts. 43 e 44 do ADCT
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Políticas Públicas
Entende-se por Políticas Públicas “o conjunto de terceira refere-se ao fortalecimento do Sistema Na-
ações coletivas voltadas para a garantia dos direi- cional de Meio Ambiente (Sisnama). O envolvimento
tos sociais, configurando um compromisso público dos diferentes setores do Poder Público na solução
que visa dar conta de determinada demanda, em dos problemas ambientais, incluso no princípio da
diversas áreas. Expressa a transformação daquilo “transversalidade”, é a quarta e última linha que tem
que é do âmbito privado em ações coletivas no orientado a política ambiental. Essas quatro diretrizes
espaço público” (GUARESCHI et al, 2004, p. 180). têm direcionado as atividades do MMA, permitindo
A política pública compreende um elenco de a construção de uma política ambiental integrada.
ações e procedimentos que visam à resolução pací-
fica de conflitos em torno da alocação de bens e re- DIRETRIZES DO MMA
cursos públicos, sendo os personagens envolvidos Desenvolvimento Sustentável
nesses conflitos denominados “atores políticos”. Controle e Participação Social
A sustentabilidade econômica, social e ambien- Fortalecimento do SISNAMA
tal é um dos grandes desafios da humanidade e Transversalidade
exige ação do poder público para que seja possí-
vel garantir a inserção da variável socioambiental É forçoso reconhecer que a aplicabilidade des-
no processo decisório, particularmente na formu- ses princípios, no caso brasileiro, esbarra em certos
lação das políticas públicas. obstáculos, tais como a fragilidade institucional,
Atualmente, 50% do Produto Interno Bruto (PIB) a falta de uma base sólida de dados ambientais,
brasileiro depende da biodiversidade, o que deman- recursos financeiros escassos e a carência de re-
da a adoção de novos padrões de sustentabilidade, cursos humanos necessários à prática de gestão
bem como a busca por novas formas – mais efica- ambiental em todos os níveis.
zes – de pensar o desenvolvimento, preservando O processo de institucionalização das políticas
os recursos naturais, dos quais depende a nossa ambientais no Brasil demanda um grande esforço de
economia e o crescimento sustentável do país. coordenação entre os diversos setores do governo.
Desde 2003, quatro linhas básicas têm determi- Para ampliar os níveis de eficácia da ação do Estado
nado o traçado da política ambiental do Brasil. Elas brasileiro na gestão ambiental, é necessário adotar
permeiam todas as iniciativas, ações, projetos, pla- estratégias que vão desde a correta aplicação dos
nos e programas do Ministério do Meio Ambiente instrumentos previstos na legislação até novas for-
(MMA). A promoção do desenvolvimento susten- mas de atuação, com maior transparência, maior
tável é a primeira delas. A segunda linha aborda a controle social e menor vulnerabilidade aos interes-
necessidade de controle e participação social; a ses econômicos e político-partidários.
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Integração de Políticas Públicas

Política Nacional do Meio Ambiente Meio Ambiente - o conjunto de condições,


leis, influências e interações de ordem
A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA física e biológica, que permite, abriga e
foi instituída pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto rege a vida em todas as suas formas.
de 1981, com o intuito de preservar, melhorar e
recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, Degradação da Qualidade Ambiental –
a alteração adversa das características
assegurando condições ao desenvolvimento só-
do meio ambiente;
cio-econômico, à segurança nacional e à proteção
da dignidade da vida humana. Poluição - a degradação da qualidade
Visando um melhor entendimento do tema ambiental resultante de atividades
ambiental, o art. 3º da Lei 6.938/81 fornece as que, direta ou indiretamente:
seguintes definições: a) prejudiquem a saúde, a segurança
e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas
ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia
em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos.

Poluidor - pessoa física ou jurídica, de


direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental;

Recursos Ambientais - a atmosfera; as


águas interiores, superficiais e subterrâneas;
os estuários; o mar territorial; o solo; o subsolo
e os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
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É importante ressaltar que a Política Nacional do Lei de Saneamento Básico


Meio Ambiente consagrou um princípio muito im- (Lei nº 11.445/2007)
portante quanto à responsabilidade do poluidor. Em
questões ambientais ela é objetiva, isto é, independe A Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabe-
da existência de dolo (intenção de causar o dano) leceu as diretrizes nacionais para o saneamento
ou culpa (negligência, imperícia ou imprudência). O básico e para a política federal de saneamento
poluidor é responsável pelos danos causados ao básico. Em seu art. 52, a lei determina que a União
Meio Ambiente e a terceiros, devendo repará-los. elabore, sob a coordenação do Ministério das Ci-
Outro ponto importante da lei diz respeito ao dades, o Plano Nacional de Saneamento Básico
art. 9º, no qual encontram-se enunciados os – PNSB, abrangendo o abastecimento de água
Instrumentos da Política Nacional de Meio Am- potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urba-
biente, como o zoneamento ambiental, avaliação na, o manejo de resíduos sólidos e a drenagem
de impacto ambiental, licenciamento ambiental, e, o manejo de águas pluviais urbanas, além de
sistema de informações sobre o meio ambiente, outras ações de saneamento básico de interesse
cadastro técnico federal de atividades e relatório para a melhoria da salubridade ambiental.
de qualidade do meio ambiente. A lei estabelece ainda que o PNSB deverá con-
ter: (a) objetivos e metas nacionais e regionaliza-
das, de curto, médio e longo prazos, com vistas à
Impacto ambiental universalização dos serviços e ao alcance de níveis
“Qualquer alteração das propriedades físicas,
crescentes de saneamento básico; (b) diretrizes
químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou e orientações para o equacionamento de condi-
energia resultante das atividade humanas cionantes de natureza político-institucional, legal
que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, e jurídica, econômico-financeira, administrativa,
a segurança e o bem-estar da população; cultural e tecnológica com impacto na consecução
as atividades sociais e econômicas; a biota; das metas e objetivos estabelecidos; (c) proposi-
e as condições dos recursos ambientais.”
ção de programas, projetos e ações necessários
ao atingimento dos objetivos e metas da Política
A Lei 6.938/81 (art. 6º) constituiu o Sistema Na- Federal de Saneamento Básico, com identificação
cional de Meio Ambiente - SISNAMA, composto das fontes de financiamento; (d) diretrizes para o
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e planejamento das ações de saneamento básico
também definiu as competências do Conselho Na- em áreas de especial interesse turístico; (e) proce-
cional do Meio Ambiente – CONAMA (art. 8º) que dimentos para a avaliação sistemática da eficiência
é o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA. e eficácia das ações executadas.
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Política Nacional de Resíduos Deputados e seguirá para o Senado Federal para


Sólidos (Pl N° 1991/07) nova apreciação, que, após aprovação, será enca-
minhado para sanção presidencial.
O Projeto de Lei que o Governo Federal enca-
minhou à Câmara dos Deputados é a primeira
Política Nacional Urbana –
iniciativa do Executivo que propõe regulamentar
a questão dos resíduos sólidos, estabelecendo Estatuto Das Cidades
as diretrizes para sua gestão integrada.
O Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/2001) regu-
Dentre os principais avanços contidos no PL,
lamentou o capítulo de política urbana da Cons-
destacam-se a responsabilização do gerador pe-
tituição Federal (art. 182 e 183) e estabeleceu
los resíduos gerados, desde o acondicionamento
diretrizes gerais para a política urbana, bem como
até a disposição final ambientalmente adequada;
normas de ordem pública e interesse social que
a elaboração de Planos de Gestão Integrada de
regulam o uso da propriedade urbana em prol do
Resíduos Sólidos pelo titular dos serviços; a aná-
bem coletivo, segurança e bem-estar dos cida-
lise e avaliação do ciclo de vida do produto e a
dãos e equilíbrio ambiental.
logística reversa. Cria, ainda, mecanismos para
De acordo com o texto do estatuto, a política
uma mudança de comportamento em relação aos
urbana deve buscar o ordenamento para pleno de-
atuais padrões insustentáveis de produção e con-
senvolvimento das funções sociais da cidade e da
sumo para a adoção e internalização do conceito
propriedade urbana, tendo como uma de suas di-
dos 5 Rs: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e
retrizes evitar a poluição e a degradação ambiental.
Reciclar, em todas as etapas do processo.
O estatuto também definiu o zoneamento am-
Também busca consolidar o controle social nas
biental como um dos instrumentos da política
várias etapas da atividade no que se refere aos re-
urbana para ordenação do território e desenvol-
síduos domiciliares urbanos, desde o planejamento
vimento econômico e social.
até a prestação dos serviços. O art. 3º trata do
envolvimento do Poder Público e da coletividade
na busca da efetividade das ações que envolvam Política Nacional de Recursos
os resíduos sólidos gerados. Por meio desse arti- Hídricos (Lei Nº 9.433/1997)
go, por exemplo, o Ministério Público poderá atuar
sempre que houver o não cumprimento de uma A Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, instituiu
obrigação prevista na lei originada do PL 1991/07. a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH
O referido PL, que tramita em conjunto com o PL e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos
203/91, foi aprovado no plenário da Câmara dos Recursos Hídricos – SNGRH.
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Constituem-se em fundamentos da PNRH: I - a Sistema Nacional de


água é um bem de domínio público; II - a água é um Unidades de Conservação
recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
(Lei Nº 9.985/2000)
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos
recursos hídricos é o consumo humano e a desse- O Sistema Nacional de Unidades de Conservação
dentação de animais; IV - a gestão dos recursos – SNUC tem por objetivo garantir a biodiversidade, a
hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo diversidade dos recursos genéticos e a integridade dos
das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade processos ambientais, tanto por meio da preservação
territorial para a implementação da PNRH e atuação quanto da conservação dos ecossistemas. O SNUC é
do SNGRH; VI - a gestão dos recursos hídricos deve constituído pelas unidades de conservação, que são
ser descentralizada e contar com a participação do espaços territoriais e seus recursos ambientais, com
Poder Público, dos usuários e das comunidades. características naturais relevantes legalmente instituí-
A PNRH tem por objetivo promover a utilização dos pelo Poder Público, com objetivos de conservação
sustentável dos recursos hídricos e a prevenção e limites definidos, sob regime especial de adminis-
contra os eventos hidrológicos nocivos e busca: tração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
I - assegurar à atual e às futuras gerações a ne- proteção. A Lei 9.985/2000 prevê que sua criação e
cessária disponibilidade de água, em padrões de gestão ocorram em consonância com as políticas
qualidade adequados aos respectivos usos; II - a administrativas do uso da terra e das águas e com a
utilização racional e integrada dos recursos hídri- participação da população local, promovendo o desen-
cos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas volvimento sustentável a partir dos recursos naturais.
ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção
e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de O SNUC é gerido pelo CONAMA, seu órgão
origem natural ou decorrentes do uso inadequado consultivo e deliberativo; pelo Ministério do
dos recursos naturais. Meio Ambiente, órgão central que atua como
Foram definidos como instrumentos da PNRH: coordenador; e pelo Instituto Chico Mendes
e o Ibama, em caráter supletivo, e os órgãos
os planos de recursos hídricos (planos de bacia
estaduais e municipais como órgãos executivos,
hidrográfica, planos estaduais de recursos hídri- com a função de implementar o SNUC, subsidiar
cos e o plano nacional de recursos hídricos), o as propostas de criação e administrar as
enquadramento dos corpos de água em classes unidades de conservação federais, estaduais e
segundo os usos preponderantes, a outorga dos municipais nas respectivas esferas de atuação.
direitos de uso dos recursos hídricos, a cobrança
pelo uso dos recursos hídricos e o sistema de As unidades de conservação dividem-se em
informações sobre recursos hídricos. dois grupos: as de proteção integral e as de uso
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sustentável. As primeiras abrangem as estações voltadas para a conservação do meio ambiente,


ecológicas, as reservas biológicas, os parques bem de uso comum do povo, essencial à sadia
nacionais, os monumentos naturais e os refúgios qualidade de vida e sua sustentabilidade.
de vida silvestre e visam à preservação do am- A Lei 9.795/99 define a EA como um componen-
biente local, enfatizando determinadas caracte- te essencial e permanente da educação nacional,
rísticas ambientais em particular. devendo estar presente, de forma articulada, em
As unidades de uso sustentável visam pro- todos os níveis e modalidades do processo edu-
mover a conservação do local, ou seja, o uso cativo, em caráter formal e não-formal, sendo um
sustentável de parcela de seus recursos natu- direito de todos.
rais. Tais unidades compreendem as áreas de A educação ambiental visa ao desenvolvimento
proteção ambiental (APA), áreas de relevante de uma compreensão integrada do meio ambiente
interesse ecológico (ARIE), florestas nacionais em suas múltiplas e complexas relações, envol-
(FLONA), reservas extrativistas (RESEX), reservas vendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais,
de fauna, reservas de desenvolvimento susten- políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais
tável e reservas particulares do patrimônio na- e éticos. Portanto, é dotada de uma visão holística,
tural (RPPN), assim denominadas segundo seu que considera a interdependência entre o meio
propósito principal. natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o
Cada unidade de conservação possui um enfoque da sustentabilidade.
conselho consultivo ou deliberativo responsá- A educação ambiental se faz valer tanto de ma-
vel por sua gestão e por seu plano de manejo, neira formal, permeando as várias disciplinas das
cujos representantes envolvem órgãos públicos, instituições de ensino, como informal, por meio da
organizações da sociedade civil e das popula- sensibilização da coletividade sobre as questões
ções tradicionais residentes na área, quando ambientais e estímulo a sua organização e partici-
for o caso. pação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Sua abrangência compreende as três esferas de
Política Nacional governo – União, estados e municípios.
de Educação Ambiental A estrutura da Política Nacional de Educação
Ambiental possui como organismos gestores o
(Lei nº 9.795/1999)
Órgão Gestor e o Comitê Assessor no âmbito da
Entende-se por educação ambiental (EA) os União; as Comissões Interinstitucionais de Edu-
processos por meio dos quais o indivíduo e a cação Ambiental e Secretarias Estaduais nos es-
coletividade constroem valores sociais, conhe- tados; e as Secretarias Municipais de Educação
cimentos, habilidades, atitudes e competências e Meio Ambiente no âmbito dos municípios.
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Responsabilidade
Socioambiental
20

Responsabilidade Socioambiental

O processo econômico decorrente da globalização, tentável e da conservação ambiental. É evidente


as transformações políticas e sociais mundiais, a que muitos reconhecem a sua importância e não
inovação tecnológica e científica e, mais recen- se pode negar que muitas ações importantes
temente, os impactos das mudanças climáticas, foram executadas e outras estão em execução,
têm evidenciado a importância e a fragilidade da entretanto, a efetividade de todas as iniciativas
agenda socioambiental global e, ao mesmo tempo, deve ser melhor avaliada, com vistas ao seu aper-
destacado a preocupação de governos e socieda- feiçoamento e efetividade.
de, principalmente no que diz respeito à necessi- No Brasil, a extensão territorial é um dos fatores
dade de revisão dos atuais padrões insustentáveis a ser considerado para a avaliação das limitações
de produção e consumo e modelos econômicos e fragilidades de programas e projetos de caráter
adotados pelos países desenvolvidos e economias socioambiental que buscam trazer a sustentabi-
emergentes, como é o caso do Brasil. lidade ambiental do discurso para a prática. A
Nos últimos anos, o modelo econômico globali- riqueza ambiental do território brasileiro somada
zado tem sofrido críticas severas, principalmente no à diversidade de biomas e as possibilidades e
que diz respeito ao acirramento das desigualdades forma de exploração de seus recursos, geram a
regionais. O movimento “anti-globalização”, por urgente necessidade de mudança não apenas na
exemplo, tem atuado em resposta à globalização postura, mas nos resultados obtidos a partir da
dos mercados pelas grandes corporações trans- implementação das diversas iniciativas denomi-
nacionais, colocando-se em oposição ao “abuso nadas socioambientais, mas que não englobam
da globalização e das instituições internacionais de uma forma sistêmica todas as suas dimensões
que promovem o neoliberalismo sem consideração (econômica, social, ambiental, política e cultural).
aos padrões éticos”. O movimento tem realizado As questões que remetem à Responsabilidade
protestos internacionais forçando a inclusão de Socioambiental (RSA) são globais e sua com-
tópicos globais e dos impactos sociais e ambien- preensão é diferente por parte das empresas e
tais nas agendas das corporações e dos órgãos instituições (governamentais ou não), dependendo
públicos, com vistas a mudar os atuais padrões de dos impactos e da influência dos desafios econô-
crescimento e políticas econômicas desenvolvidas. micos, sociais e ambientais a serem enfrentados,
Desde a Declaração de Estocolmo, vários são bem como dos padrões internacionais e nacionais
os tratados, convenções internacionais, discursos adotados como referência para o desenvolvimento
e argumentos em favor do desenvolvimento sus- em cada um dos diferentes países. Entretanto, a
21

importância da criação e adoção de políticas e


SOCIAL
programas de RSA aumentou e pode ser conside-
rada, em grande medida, como resultado do pro-
cesso desigual e desequilibrado de globalização
das economias bem como da pressão exercida
por organizações e movimentos sociais.
Apesar da crescente importância do tema obser-
vada nos últimos anos, a noção de responsabilidade
social não é nova e, desde os anos 80, faz parte de
uma agenda voluntária do setor empresarial rela-
cionada ao desenvolvimento de projetos e ações
de cunho social. A partir de 1990, o número de
iniciativas e as discussões relacionadas ao tema
se expandiram e atualmente – como mencionado ECONÔMICO Ambiental
anteriormente – o assunto faz parte da agenda inter-
nacional, não apenas restrita ao setor empresarial,
mas também no âmbito das instituições governa- governança aberto e transparente que concilia
mentais que, cada vez mais, têm participado como interesses de diversos agentes em um enfoque
ator do processo, inclusive criando estruturas de global de qualidade e viabilidade.
governo específicas para tratar do tema. Muitas empresas têm desenvolvido os seus
No âmbito do setor empresarial, a responsa- programas de responsabilidade social segundo a
bilidade social das empresas é, essencialmente, abordagem do “triple bottom line”, que se constitui
um conceito que expressa a decisão de contribuir na principal ferramenta do Índice de Sustentabi-
voluntariamente em prol de uma sociedade melhor lidade da Dow Jones (Dow Jones Sustainability
e um meio ambiente mais equilibrado e sadio. Os Index) da Bolsa de Valores de Nova Iorque e do
compromissos assumidos de forma voluntária Índice de Sustentabilidade Social (ISE) da Boves-
pelas empresas vão além das obrigações legais, pa. O conceito se refere a um conjunto de indica-
regulamentares e convencionais que devem obri- dores utilizado para a avaliação do desempenho
gatoriamente ser cumpridas. As empresas que econômico das empresas e das suas ações de
optam por investir em práticas de responsabili- responsabilidade social e ambiental.
dade social elevam os níveis de desenvolvimento No cenário atual, a RSA deixou de ser um con-
social, proteção ao meio ambiente e respeito aos ceito restrito aos projetos sociais de cunho filan-
direitos humanos e passam a adotar um modo de trópico de algumas empresas e passou a envolver
22

um espectro mais amplo, com temas que integram Meio Ambiente, Direitos Humanos
acordos internacionais, como é o caso da Declara- e Democracia Participativa - Pilares
ção Universal dos Direitos Humanos, Declaração de uma Sociedade Sustentável
da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
Agenda 21, Declaração de Copenhague para o A Declaração da Organização Internacional do
Desenvolvimento Social e as Metas do Milênio. Os Trabalho – OIT sobre os princípios e direitos fun-
princípios constantes desses acordos constituem damentais no trabalho foi adotada em junho de
o amplo escopo do conceito de RSA que ganhou 1998, e se trata de uma reafirmação universal
expressão mundial no ano de 1999, durante o do compromisso dos Estados Membros e da
Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos comunidade internacional em geral de respeitar,
(Suíça), quando o então Secretário Geral das promover e aplicar um patamar mínimo de prin-
Nações Unidas, Kofi Annan, propôs aos líderes cípios e direitos no trabalho, que são reconhe-
empresariais mundiais a adoção do Pacto Global cidamente fundamentais para os trabalhadores.
(“Global Compact”). Os princípios e direitos fundamentais incluem oito
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, Convenções relacionadas a quatro áreas básicas:
adotada em 1948, é um dos documentos básicos liberdade sindical e direito à negociação coletiva,
das Nações Unidas e nela estão enunciados os erradicação do trabalho infantil, eliminação do
direitos que todos os seres humanos possuem. trabalho escravo e não discriminação no emprego
A declaração tem sido usada como princípio e ou ocupação.
guia das atividades empresariais consideradas
socialmente responsáveis.

“Todos os seres humanos nascem livres e A OIT foi fundada em 1919 com o obje-
iguais em dignidade e direitos. São dotados tivo de promover a justiça social e é a
de razão e consciência e devem agir em relação única agência do Sistema das Nações
uns aos outros com espírito de fraternidade.” Unidas que tem estrutura tripartite, na
(Artigo I da Declaração Universal dos Direitos qual os representantes dos emprega-
Humanos) dores e dos trabalhadores têm os mes-
mos direitos que os do governo.
23

Durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvi-


mento Social, realizada em 1995 em Copenha- Declaração de Copenhague:
gue, Dinamarca, os líderes mundiais assumiram compromissos assumidos
o compromisso de erradicar a pobreza do mundo Criação de um ambiente econômico, político,
e estabeleceram um plano de ação. A Declara- social, cultural e legal que permitirá às pessoas
ção de Copenhague reafirmou o compromisso alcançarem o desenvolvimento social;
da Organização das Nações Unidas com o con-
ceito de desenvolvimento sustentável (no qual as Erradicação absoluta da pobreza com o
estabelecimento de metas para cada país;
dimensões social, econômica e ambiental estão
intimamente entrelaçadas), assumindo a erradica- Emprego universal como uma meta
ção da pobreza “como um imperativo ético, social, política básica;
político e econômico”.
Promover a integração social baseada na
Em 2000, foi aprovada a Declaração do Milênio,
promoção e proteção dos direitos humanos
um compromisso político que sintetizou várias das de todos;
importantes conferências mundiais da década de
90, articulou as prioridades globais de desenvolvi- Igualdade entre os gêneros;
mento e definiu metas a serem alcançadas até 2015.
Acesso igualitário e universal à
O documento incluiu na pauta internacional de priori-
educação e serviços de saúde primários;
dades temas fundamentais de direitos humanos sob
a perspectiva do desenvolvimento, especialmente Acelerar o desenvolvimento da África e países
direitos econômicos, sociais e culturais. menos desenvolvidos;
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
Assegurar que programas de ajuste estrutural
(ODM) privilegiaram uma perspectiva de acom-
incluam metas de desenvolvimento social;
panhamento dos avanços, de metas e prioridades
a alcançar, enquanto a perspectiva de direitos Aumentar os recursos destinados
humanos tem uma visão mais ampla – aborda ao desenvolvimento social;
tanto metas intermediárias como metas integrais
Fortalecer a cooperação para o
de fortalecimento de direitos, abarcando assim a desenvolvimento social através da ONU.
amplitude da dignidade humana.
24

Em relação ao Pacto Global, o mesmo foi for-


Os Princípios do Pacto Global malmente lançado como uma iniciativa voluntá-
ria, em 20 de julho de 2000, na Sede das Nações
Direitos Humanos
Unidas, objetivando promover valores universais
Princípio 1 Apoiar e respeitar a proteção dos junto ao setor privado, contribuindo para a geração
direitos humanos internacionais de um mercado global mais inclusivo e susten-
dentro de seu âmbito de influência; tável por meio da implementação de princípios
Princípio 2 Certificar-se de que suas universais nas áreas de direitos humanos, direi-
corporações não sejam cúmplices tos do trabalho, proteção ambiental e combate à
de abusos em direitos humanos. corrupção. Participam da iniciativa mais de 5.000
instituições signatárias articuladas por 150 redes
Trabalho
ao redor do mundo, envolvendo agências das Na-
Princípio 3 Apoiar a liberdade de associação e o ções Unidas, empresas, sindicatos, organizações
reconhecimento efetivo do direito à não-governamentais, entre outros parceiros.
negociação coletiva; Além das iniciativas internacionais, outras na-
Princípio 4 Apoiar a eliminação de todas cionais e intersetoriais relacionadas ao tema e ao
as formas de trabalho forçado e amplo escopo da RSA surgiram no mundo inteiro e
compulsório; têm envolvido e despertado o interesse não apenas
do setor empresarial, mas também dos governos,
Princípio 5 Apoiar a erradicação efetiva do
trabalho infantil;
em diversos países, que cada vez mais tem incluído
o tema em suas agendas.
Princípio 6 Apoiar o fim da discriminação Da mesma forma que o conceito, as práticas
relacionada a emprego e cargo. relacionadas à responsabilidade socioambien-
tal estão em contínuo processo de construção e
Meio Ambiente
aperfeiçoamento. Atualmente, existe um grande
Princípio 7 Adotar uma abordagem preventiva número de ferramentas que estão sendo oferecidas
para os desafios ambientais; como alternativas para os setores empresarial e
governamental com vistas a promover avanços
Princípio 8 Tomar iniciativas para promover
maior responsabilidade ambiental; em seus projetos, tornando-os mais transparentes
e incluindo a participação social.
Princípio 9 Incentivar o desenvolvimento Em 2000, a Organização para Cooperação e
e a difusão de tecnologias Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou as
ambientalmente sustentáveis.
“Diretrizes de Responsabilidade Social para Empre-
25

sas Multinacionais” que estabeleceram princípios e dos anteriores e está sendo realizado por meio da cria-
padrões de cumprimento voluntário, com vistas a ção de grupos de trabalho multissetoriais que envolvem
uma conduta empresarial responsável das empre- a participação de representações dos trabalhadores;
sas multinacionais e que têm sido utilizadas como consumidores; indústria; governo; e organizações não
instrumento para desenvolvimento de programas governamentais (ONGs).
de responsabilidade social das empresas. As Di-
retrizes representam recomendações voluntárias e
não vinculam governos às empresas. Iso 26000 – Norma Internacional
No Brasil, a Portaria do Ministério da Fazenda de Responsabilidade Social
nº 92/MF, de 12 de maio de 2003, instituiu, no âm-
bito do MF, o Ponto de Contato Nacional para a A ISO 26000 abordará como temas centrais: go-
Implementação das Diretrizes da OCDE para as vernança organizacional; direitos humanos; práticas
Empresas Multinacionais – PCN, que possui, den- do trabalho; meio ambiente; práticas leais (justas) de
tre outras atribuições, participar de conversações operação; questões relativas ao consumidor e, envol-
entre as partes interessadas em todas as matérias vimento e desenvolvimento da comunidade.
abrangidas pelas Diretrizes, a fim de contribuir para Todas essas iniciativas internacionais têm sido tradu-
a resolução de questões que possam surgir no zidas como novos padrões, acordos, recomendações
seu âmbito; cooperar com os Pontos de Contatos e/ou códigos de condutas adotados em diferentes
Nacionais dos demais países em relação às ma- países, inclusive no Brasil, e fazem parte da agenda de
térias abrangidas nas Diretrizes; e acompanhar responsabilidade socioambiental do setor empresarial
e implementar, no que couber, as Decisões do e de instituições governamentais, principalmente das
Conselho da OCDE sobre as Diretrizes. empresas públicas e sociedades de economia mista.
Além das iniciativas mencionadas neste texto,
é importante destacar ainda o atual processo de
construção da ISO 26000, prevista para ser conclu- Responsabilidade Socioambiental
ída em 2010, que buscará estabelecer um padrão no Setor Público
internacional de diretrizes de Responsabilidade So- Os novos desafios globais e a necessidade de pro-
cial e, diferentemente da ISO 9001 e da ISO 14001, mover uma Agenda de Desenvolvimento “que atenda
não será uma norma para certificação. O processo às necessidades do presente, sem comprometer a
atual de desenvolvimento da norma se diferencia capacidade de as futuras gerações atenderem às suas

1. A International Organization for Standardization (ISO), criada em 1946, é uma confederação internacional de órgãos nacionais de
normalização de todo o mundo e promove normas e atividades que favoreçam a cooperação internacional nas esferas intelectual,
científica, tecnológica e econômica. No Brasil, sua representante é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
26

próprias necessidades”, tendo como princípio a participação e controle social, os quais devem,
necessidade de mudar comportamentos e adotar também, orientar todas as políticas implementa-
novas práticas éticas e responsáveis – tanto no das pelo governo brasileiro. Essa nova orientação
setor empresarial como público – destaca a im- é fundamental, tendo em vista que apenas os ins-
portância da criação de políticas e programas de trumentos de regulação e comando e controle não
Responsabilidade Socioambiental (RSA). são suficientes para o enfrentamento dos novos
Promover a RSA é um dos elementos essenciais desafios ambientais globais, que cada vez mais
para o desenvolvimento sustentável e demanda demandam novas estratégias que respondam e
a integração das mais diversas instituições que garantam, ao mesmo tempo e de forma susten-
podem e devem ser mais envolvidas nas discus- tável, o crescimento econômico coerente com
sões atuais. Sustentabilidade não pode ser um as políticas para o desenvolvimento sustentável.
assunto somente para seminários ou produção Há que se considerar ainda o papel que o go-
de relatórios, mas sim um critério a ser inserido verno desempenha na economia enquanto grande
em todas as atividades governamentais, sejam consumidor de recursos naturais, bens e servi-
elas atividades meio ou finalísticas. ços nas suas atividades meio e finalísticas, o que,
O Plano de Governo (2007 a 2010) apresentou o muitas vezes, provoca impactos socioambientais
Programa Setorial de Meio Ambiente e Desenvol- negativos. A adoção de critérios ambientais nas
vimento – “Cuidando do Brasil” – que tem como atividades administrativas e operacionais da Admi-
compromisso central a distribuição de renda, nistração Pública constitui-se um processo de me-
educação de qualidade e sustentabilidade am- lhoramento contínuo que consiste em adequar os
biental, em observância aos princípios da Agenda efeitos ambientais das condutas do poder público
21 Brasileira. Foi estabelecida como prioridade a à política de prevenção de impactos negativos ao
promoção do desenvolvimento com inclusão so- meio ambiente. Em outras palavras, a conservação
cial e educação de qualidade. Para alcançar esse racional dos recursos naturais e a proteção contra
objetivo, o governo tem elevado os investimentos a degradação ambiental devem contar fortemente
em áreas consideradas estratégicas para o cresci- com a participação do poder público.
mento econômico e espera que a iniciativa possa A participação das instituições públicas no
atrair, da mesma forma, o investimento privado processo de RSA é necessária e o Estado é o
para o desenvolvimento dos setores estratégicos. principal interlocutor junto à sociedade, possuin-
Para promoção do crescimento econômico em do uma ampla responsabilidade e papel indutor
bases sustentáveis, o governo estabeleceu quatro fundamental para tornar as iniciativas atuais, e
princípios que têm orientado a política ambiental: também as futuras, mais transparentes, incitando
desenvolvimento sustentável, transversalidade, a inserção de critérios de sustentabilidade em
27

suas atividades e integrando as ações sociais e


A responsabilidade socioambiental é
ambientais com o interesse público. um processo contínuo e progressivo de
Além da capacidade de indução, o poder de mobi- desenvolvimento de competências cidadãs,
lização de importantes setores da economia exercido com a assunção de responsabilidades
pelas compras governamentais, que movimentam de sobre questões sociais e ambientais
10 a 15% do Produto Interno Bruto (PIB), é inques- relacionadas a todos os públicos com os
quais a entidade interage: trabalhadores,
tionável e deve ser usado para garantir a mudança
consumidores, governo, empresas,
e adoção de novos padrões de produção e de con- investidores e acionistas, organizações da
sumo que reduzam os impactos socioambientais sociedade civil, mercado e concorrentes,
negativos gerados pela atividade pública, contribuin- comunidade e o próprio meio ambiente.
do para o crescimento sustentável e promovendo
a responsabilidade socioambiental no âmbito do
setor e, por sua vez, respondendo às expectativas da administração pública e das atividades do setor
sociais. A decisão de implantação de um sistema de produtivo e empresarial.
compras verdes, por exemplo, é uma das formas das No âmbito do setor público, até o momento não
instituições públicas proverem as indústrias e forne- existe um entendimento único ou uma definição
cedores com incentivos reais para o desenvolvimento universal para a Responsabilidade Socioambiental.
de tecnologias sustentáveis e compatíveis com uma O conceito pode divergir entre os diferentes órgãos
política para o desenvolvimento sustentável. e entidades, e também dos utilizados por diferentes
A necessidade de enfrentar os desafios ambien- organizações da sociedade civil e setor empresarial.
tais de uma maneira mais inovadora, harmonizan- Além de implantar uma política coerente de
do os atuais padrões de produção e consumo RSA, o governo possui um papel importante na
com objetivos econômicos, prioridades sociais e disponibilização das condições necessárias para
ambientais, tem motivado as mais diversas insti- que outros setores da economia possam respon-
tuições públicas a implementar iniciativas espe- der melhor às expectativas sociais e necessidades
cíficas e desenvolver programas e projetos para de preservação ambiental. A estrutura para a
promover a discussão sobre desenvolvimento e implantação de uma política de RSA demanda
a adoção de uma política de Responsabilidade a construção de novas, bem como o aperfeiço-
Socioambiental do setor público. amento das atuais ferramentas públicas, leis e
A RSA busca integrar o crescimento econômico regulamentações, infra-estrutura, serviços e in-
com o desenvolvimento sustentável, atuando na centivos que possam promover e/ou garantir as
dinamização de práticas socioambientais e no mudanças necessárias para que as atividades
avanço em direção à sustentabilidade no âmbito públicas sejam sustentáveis.
28

O governo possui ainda um papel estratégico no A definição de uma estrutura básica e viável para
processo de RSA por meio da promoção do diá- a implantação da RSA no âmbito da administração
logo entre os setores sociais, da conscientização pública demanda o estabelecimento de um ponto
da sociedade sobre a importância de uma política de coordenação para o processo, assim como
de responsabilidade socioambiental, da ampla a designação das responsabilidades dentro do
publicidade e transparência das iniciativas de RSA, governo. O monitoramento das iniciativas é outro
promovendo a sensibilização e capacitação em componente importante e um desafio a ser en-
parceria com as entidades do setor empresarial frentado e requer uma definição clara dos critérios
e da sociedade civil. obrigatórios a serem adotados e um nível elevado
As instituições governamentais devem buscar de comprometimento das instituições públicas,
a mudança de hábitos e atitudes internas, promo- bem como de uma estrutura de apoio e especial-
vendo uma nova cultura institucional de combate mente de um sistema independente de verificação
ao desperdício. Ao mesmo tempo, devem promo- dos impactos das iniciativas implantadas.
ver a revisão e adoção de novos procedimentos Atualmente, muitas iniciativas já estão sendo im-
para as compras públicas que levem em consi- plementadas e são uma tentativa das instituições
deração critérios sustentáveis de consumo que governamentais de dar o exemplo. O Ministério do
podem incluir, por exemplo: a obrigatoriedade de Meio Ambiente, por exemplo, lançou e tem imple-
se respeitar a sustentabilidade ambiental como mentado, desde 1999, a Agenda Ambiental para
um princípio geral da compra a ser realizada; a a Administração Pública (A3P), que tem sido
inclusão da necessidade de proteção ambiental reforçada desde então. A A3P é uma ação voluntária
como um critério para a seleção dos produtos que busca a adoção de novos padrões de produção
e serviços; e a conformidade às leis ambientais e consumo, sustentáveis, dentro do governo.
como condição prévia para participação nos pro-
cessos licitatórios.
É importante ressaltar ainda que a adoção de
uma política de RSA pelas instituições públicas gera
economia dos recursos públicos, na medida em que
esses serão gastos com maior eficiência, além de
beneficiar o meio ambiente com menores emissões
de CO2, contribuindo para que o país possa cumprir
seus compromissos internacionais e ao mesmo tem-
po dando o exemplo para outros países que ainda
não implantaram agendas equivalentes.
Agenda Ambiental
na Administração
Pública | A3P
30

Agenda Ambiental na Administração Pública | A3P

Histórico
A Agenda Ambiental na Administração Pública lação Institucional e Cidadania Ambiental (SAIC).
(A3P) surgiu em 1999 como um projeto do Minis- Nesse novo arranjo institucional, a A3P foi fortale-
tério do Meio Ambiente que buscava a revisão dos cida enquanto Agenda de Responsabilidade So-
padrões de produção e consumo e a adoção de cioambiental do Governo e passou a ser uma das
novos referenciais de sustentabilidade ambiental principais ações para proposição e estabelecimen-
nas instituições da administração pública. to de um novo compromisso governamental ante as
Dois anos após o lançamento do projeto, foi cria- atividades da gestão pública, englobando critérios
do o Programa Agenda Ambiental na Administração ambientais, sociais e econômicos a tais atividades.
Pública, cujo objetivo era sensibilizar os gestores pú- Atualmente, o principal desafio da A3P é pro-
blicos para a importância das questões ambientais, mover a Responsabilidade Socioambiental como
estimulando-os a incorporar princípios e critérios política governamental, auxiliando na integração
de gestão ambiental em suas atividades rotineiras. da agenda de crescimento econômico conco-
Em 2002, a A3P foi reconhecida pela Unesco mitantemente ao desenvolvimento sustentável,
devido à relevância do trabalho desempenhado e por meio da inserção de princípios e práticas de
dos resultados positivos obtidos ao longo do seu sustentabilidade socioambiental no âmbito da
desenvolvimento, ganhando o prêmio “O melhor administração pública.
dos exemplos” na categoria Meio Ambiente.
Diante da sua importância, a A3P foi incluída no
PPA 2004/2007 como ação integrante do programa
de Educação Ambiental para Sociedades Susten-
táveis, tendo continuidade no PPA 2008/2011. Essa
medida garantiu recursos que viabilizaram a implan-
tação efetiva da A3P, tornando-a um referencial de
sustentabilidade nas atividades públicas.
A partir de 2007, com a reestruturação do Minis-
tério do Meio Ambiente, a A3P passou a integrar o
Departamento de Cidadania e Responsabilidade
Socioambiental (DCRS), da Secretaria de Articu-
31

Marco Legal
O Código Florestal, publicado em 1965 (Lei nº Já a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
4.771), constituiu um dos primeiros passos em que trata dos crimes ambientais e citada ante-
termos de legislação ambiental no Brasil. Suas riormente, é considerada um marco na proteção
premissas abordavam a proteção de florestas efetiva do meio ambiente.
nativas e a definição das áreas de preservação Por sua vez, a Conferência da ONU sobre o
permanente, onde a conservação da vegetação Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
é obrigatória. As sanções ambientais que existiam no Rio de Janeiro e conhecida como ECO-92,
na lei foram criminalizadas a partir da Lei de Cri- sacramentou, em termos mundiais, a preocupa-
mes Ambientais, em 1998. ção com as questões ambientais, reforçando os
Criada em 1981, a Lei da Política Nacional do princípios e as regras para o combate à degra-
Meio Ambiente (Lei nº 6.938) é considerada um dação ambiental. Uma das principais conquistas
marco histórico no desenvolvimento do direito da conferência foi a elaboração da Agenda 21,
ambiental, estabelecendo definições legais sobre instrumento diretriz do desenvolvimento sustentá-
os temas: meio ambiente, degradação da qua- vel que concilia métodos de proteção ambiental,
lidade ambiental, poluição, poluidor e recursos justiça social e eficiência econômica.
ambientais. Esta lei instituiu, entre outros, um As diretrizes da A3P se fundamentam nas reco-
importante mecanismo de proteção ambiental mendações do Capítulo IV da Agenda 21, que in-
– o estudo prévio de impacto ambiental (EIA) dica aos países o “estabelecimento de programas
e seu respectivo relatório (Rima), instrumentos voltados ao exame dos padrões insustentáveis
modernos em termos ambientais mundiais. de produção e consumo e o desenvolvimento
Seguiu-se à Lei de Ação Civil Pública (Lei nº de políticas e estratégias nacionais de estímulo a
7.347, de 1985), a qual tutela os valores am- mudanças nos padrões insustentáveis de consu-
bientais, disciplinando a ação civil pública de mo”, no Princípio 8 da Declaração do Rio/92, que
responsabilidade por danos causados ao meio afirma que “os Estados devem reduzir e eliminar
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos padrões insustentáveis de produção e consumo
de valor artístico, estético, histórico, turístico e promover políticas demográficas adequadas”
e paisagístico. e, ainda, na Declaração de Joanesburgo, que
Em 1988, nossa Constituição Federal dedicou, institui a “adoção do consumo sustentável como
em seu título VIII - Da Ordem Social - Capítulo VI, princípio basilar do desenvolvimento sustentável”.
Artigo 225, normas direcionais da problemática Em face do ordenamento jurídico brasileiro,
ambiental, definindo meio ambiente como bem entende-se ser viável a implantação de uma polí-
de uso comum do povo. tica de responsabilidade socioambiental no Brasil.
32

O que é a A3P?
A A3P é um programa que busca incorporar os
princípios da responsabilidade socioambiental nas
atividades da Administração Pública, através do
estímulo a determinadas ações que vão, desde
uma mudança nos investimentos, compras e con-
tratações de serviços pelo governo, passando pela
sensibilização e capacitação dos servidores, pela
gestão adequada dos recursos naturais utilizados
e resíduos gerados, até a promoção da melhoria da
qualidade de vida no ambiente de trabalho. Essas
ações embasam e estruturam os eixos temáticos
da A3P, tratados no capítulo seguinte.
A Agenda se encontra em harmonia com o prin-
cípio da economicidade, que se traduz na relação
custo-benefício e, ao mesmo tempo, atende ao
princípio constitucional da eficiência, incluído no
texto da Carta Magna (art. 37) por meio da Emen-
da Constitucional 19/1998, e que se trata de um
dever da administração.

“... o que se impõe a todo agente público de realizar suas


atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional.
É o mais moderno princípio da função administrativa, que
já não se contenta em ser desempenhada apenas com
legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço
público e satisfatório atendimento das necessidades da
comunidade e de seus membros.” (princípio da eficiência
administrativa – Hely Lopes Meirelles).
33

Objetivos da A3P
A A3P tem como principal objetivo estimular a
reflexão e a mudança de atitude dos servidores
para que os mesmos incorporem os critérios de
gestão socioambiental em suas atividades roti-
neiras. A A3P também busca:

Sensibilizar os gestores públicos


para as questões socioambientais;

Promover o uso racional dos


recursos naturais e a redução
de gastos institucionais;

Contribuir para revisão dos padrões


de produção e consumo e para a adoção
de novos referenciais de sustentabilidade
no âmbito da administração pública;

Reduzir o impacto socioambiental


negativo direto e indireto causado
pela execução das atividades de
caráter administrativo e operacional;

Contribuir para a melhoria


da qualidade de vida.
34
35

Eixos Temáticos
da A3P
36

Eixos Temáticos da A3P

Em suas ações, a agenda ambiental tem priori- Nesse contexto, diante da importância que as
zado como um de seus princípios a política dos instituições públicas possuem em “dar o exemplo”
5 R’s: Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar para redução de impactos socioambientais negati-
e Recusar consumir produtos que gerem impac- vos, a A3P foi estruturada em cinco eixos temáticos
tos socioambientais significativos. Esse último prioritários – uso racional dos recursos naturais
R, em grande medida, irá definir o sucesso de e bens públicos, gestão adequada dos resíduos
qualquer iniciativa para a introdução de critérios gerados, qualidade de vida no ambiente de traba-
ambientais no local de trabalho. lho, sensibilização e capacitação dos servidores e
licitações sustentáveis - descritos a seguir:
37

1 Uso racional dos recursos naturais e bens públicos


Usar racionalmente os recursos naturais e bens públicos implica em usá-
los de forma econômica e racional evitando o seu desperdício. Este eixo
engloba o uso racional de energia, água e madeira além do consumo de
papel, copos plásticos e outros materiais de expediente.

Estudos apontam que o consumo dos recursos de redução de custos. Sendo o meio ambiente
naturais já excede em 30% a capacidade do pla- um potencial provedor de recursos mal aprovei-
neta se regenerar, se mantivermos o ritmo atual, tados, sua inclusão no horizonte de negócios
somado ao crescimento populacional, em torno pode gerar atividades que proporcionem lucro
de 2030 precisaríamos de mais dois planetas ou pelo menos se paguem com a poupança de
para nos manter. energia, de água, ou de outros recursos naturais.
O acúmulo de riqueza e o consumo cada vez Reciclar resíduos, por exemplo, é transformá-los
maior de bens e serviços fazem parte das socieda- em produtos com valor agregado. Conservar
des e economias modernas. Infelizmente, a cultura energia, água e outros recursos naturais é reduzir
do desperdício é a marca do nosso tempo, fruto custos de produção.
de um modelo econômico apoiado em padrões de Tanto a proteção ambiental, em face da cres-
consumo e produção insustentáveis, que ultrapas- cente demanda, como a potencialização de
sa as camadas de alta renda e paradoxalmente novas possibilidades de oferta ambiental ad-
atinge as camadas menos favorecidas. Cabe-nos quiriram importância extraordinária, cuja influ-
refletir sobre a origem e a hegemonia de uma ência sobre o desenvolvimento se torna cada
cultura pautada pelo desperdício. vez mais relevante. Uma abordagem básica
A economia brasileira caracteriza-se por eleva- relacionada às preocupações ambientais se
do nível de desperdício de recursos naturais. A constitui na utilização positiva do meio ambiente
redução desses constitui verdadeira reserva de no processo de desenvolvimento. Trata-se da
desenvolvimento para o Brasil, bem como fonte valorização de recursos que ainda não haviam
de bons negócios para empresas decididas a sido incorporados à atividade econômica. É re-
enfrentar o problema. curso hoje o que não foi recurso ontem. Poderá
Quando se fala em meio ambiente, passam ser recurso amanhã o que não foi percebido
despercebidas oportunidades de negócios ou hoje como recurso.
38

Escassez dos Recursos Naturais

Água Energia
Inúmeras são as previsões relativas à escassez No início de 2008, o Brasil esteve na iminência
de água, em conseqüência da desconsideração de um novo apagão de energia. A falta de chuvas
da sua esgotabilidade. A água é um dos recursos colocou o país em estado de alerta, temendo
naturais fundamentais para as diferentes atividades uma repetição da crise de 2001, neste período a
humanas e para a vida, de uma forma geral. indústria sentiu a alta dos preços da energia no
O Brasil detém 13% das reservas de água mercado, que chegaram a quase R$ 600/MWh.
doce do Planeta, que são de apenas 3%. Esta As poucas chuvas do início do ano levaram o
visão de abundância, aliada à grande dimensão Operador Nacional do Sistema (ONS) a acionar
continental do País, favoreceu o desenvolvimento usinas térmicas para garantir a estabilidade do
de uma consciência de inesgotabilidade, isto suprimento de energia. Estas usinas térmicas
é, um consumo distante dos princípios de utilizam combustíveis fósseis como carvão,
sustentabilidade e sem preocupação com a óleo combustível e gás natural, insumos de
escassez. A elevada taxa de desperdício de água fornecimento cada vez mais caro e instável e de
no Brasil, 70%, comprova essa despreocupação. grandes emissões de gases de efeito estufa.
O consumo de energia elétrica está aumentando
cada vez mais e é um fator bastante preocupante
pela possibilidade de afetar a vida da população.
Surge então a necessidade de utilizá-la de modo
inteligente e eficaz. Nesse cenário, a eficiência
energética assume hoje uma importância capital
no desempenho empresarial e no equilíbrio
financeiro das famílias, sociedade e governos.
39

2 Gestão adequada dos resíduos gerados


A gestão adequada dos resíduos passa pela adoção da política dos 5R´s:
Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recusar. Dessa forma deve-se
primeiramente pensar em reduzir o consumo e combater o desperdício
para só então destinar o resíduo gerado corretamente.

A situação do manejo de resíduos sólidos no nismos para destinação adequada dos resíduos
país é um assunto que tem recebido cada vez mais gerados, aproveitando para promover a internali-
atenção por parte das instituições públicas, em zação do conceito dos 5Rs (Repensar, Recusar,
todos os níveis de governo. Os governos federal Reduzir, Reutilizar e Reciclar) nos mais diversos
e estaduais têm aplicado mais recursos e criado órgãos e instituições da administração pública.
programas e linhas de crédito específicas voltadas
para a gestão adequada dos resíduos.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamen-
to Básico (PNSB, 2000), são coletados, diaria-
mente, cerca de 228.413 toneladas de resíduos
sólidos, sendo mais de 50% referente aos resí-
duos domiciliares. Uma outra parte significativa
desses resíduos é gerada pela administração
pública na realização de suas atividades. Entre
os resíduos produzidos em maiores quantidades
encontram-se: papéis, plásticos, cartuchos e
tonners, lâmpadas fluorescentes, lixo eletrônico
e, em menor quantidade, vidros e metais, além
de pilhas e baterias.
No que diz respeito à destinação dos resíduos
no Brasil, nos últimos anos, também houve uma
significativa melhoria da situação, mas ainda há
muito a ser feito. Nesse sentido, é muito importante
que os órgãos públicos definam e adotem meca-
40

O Princípio dos 5 R’s


A política dos 5R´s tem sido abordada em projetos 5R’s apresenta a vantagem de permitir aos admi-
de Educação Ambiental (EA) que trabalham a nistradores uma reflexão crítica do consumismo,
questão dos resíduos sólidos como tema gera- ao invés de focar na reciclagem.
dor. Em relação à política dos 3R´s, amplamente Segundo o Manual de Educação para o Consu-
difundida e anterior a essa última, a política dos mo Sustentável, “a reciclagem é uma das alternati-
vas de tratamento de resíduos sólidos mais vanta-
Repensar Repensar a necessidade de josas, tanto do ponto de vista ambiental como do
consumo e os padrões de social. Ela reduz o consumo de recursos naturais,
produção e descarte adotados. poupa energia e água e ainda diminui o volume
de lixo e a poluição. Além disso, quando há um
Recusar Recusar possibilidades de
sistema de coleta seletiva bem estruturado, a reci-
consumo desnecessário e
produtos que gerem impactos clagem pode ser uma atividade econômica rentá-
ambientais significativos. vel. Pode gerar emprego e renda para as famílias
de catadores de materiais recicláveis, que devem
Reduzir Reduzir significa evitar os ser os parceiros prioritários na coleta seletiva”.
desperdícios, consumir menos
produtos, preferindo aqueles
que ofereçam menor potencial
de geração de resíduos e
tenham maior durabilidade.
É importante destacar a diferença
Reutilizar Reutilizar é uma forma e evitar entre Reutilizar e Reciclar.
que vá para o lixo aquilo que
não é lixo reaproveitando tudo Reutilizar significa usar novamente
o que estiver em bom estado. um material antes de descartá-lo.
É ser criativo, inovador usando
um produto de diferentes Reciclar é transformar os produtos
maneiras. em matéria prima para se iniciar
um novo ciclo de produção-
Reciclar Reciclar significa transformar consumo-descarte.
materiais usados em matérias-
primas para outros produtos Qualquer cidadão pode auxiliar no
por meio de processos processo de reciclagem.
industriais ou artesanais.
41

Ainda segundo esse Manual, a


reciclagem começa com a coleta
Código de cores
seletiva, que é a separação e o
VERMELHO:
recolhimento, desde a origem dos AZUL:
plástico;
resíduos sólidos potencialmente papel/papelão;
recicláveis. Para tanto, é preciso a
parceria entre governos, empresas
VERDE: AMARELO:
e sociedade civil, para se “desen-
vidro; metal;
volver políticas adequadas e des-
fazer preconceitos em torno dos
aspectos econômicos e da confia-
PRETO: LARANJA:
bilidade dos produtos reciclados”.
madeira; resíduos perigosos;

Padrão de cores
ROXO:
A coleta é efetuada por diferentes BRANCO:
resíduos radioativos;
tipologias dos resíduos sólidos, resíduos ambulatoriais
segundo a Resolução CONAMA e de serviços de saúde;
nº275 de 25 de abril de 2001, que
estabelece o código de cores para MARROM: CINZA:
os diferentes tipos de resíduos, a resíduos orgânicos; resíduo geral
ser adotado na identificação de não reciclável
coletores e transportadores, bem ou misturado,
como nas campanhas informativas ou contaminado
para a coleta seletiva. não passível de
separação.
42

O Decreto nº 5.940/06, publicado em 26 de ou-


tubro de 2006, instituiu a separação dos resíduos
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades
da administração pública federal direta e indireta na
fonte geradora e sua destinação às associações e
cooperativas de catadores de materiais recicláveis
e constituiu a Comissão da Coleta Seletiva Solidá-
ria, criada no âmbito de cada órgão e entidade da
administração pública federal direta e indireta com
o objetivo de implantar e supervisionar a separa-
ção dos resíduos recicláveis descartados na fonte
geradora e a sua destinação às associações e co-
operativas dos catadores de materiais recicláveis.
A implementação do Decreto nº 5.940/06, so-
mada às ações da Agenda da Administração
Pública Federal, constitui-se numa estratégia que
busca a construção de uma nova cultura insti-
tucional para um novo modelo de gestão dos
resíduos no âmbito da administração pública fe-
deral direta e indireta. Saiba mais sobre a Coleta
Seletiva Solidária na página 54.
A coleta seletiva é também uma maneira de
sensibilizar as pessoas para questão do tratamen-
to dispensado aos resíduos sólidos produzidos
no dia-a-dia, quer seja nos ambientes públicos
quanto nos privados. Exemplo disso é a campanha
nacional “SACO É UM SACO” de conscientização
do consumidor, promovida pelo Ministério do Meio
Ambiente, com vistas a alertar para a importância
de reduzir o consumo de sacolas plásticas, utili-
zando alternativas para o transporte das compras
e acondicionamento de lixo, e recusando sacos e
sacolinhas sempre que possível.
43

3 Qualidade de Vida no Ambiente de Trabalho


A qualidade de vida no ambiente de trabalho visa facilitar e satisfazer
as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na
organização através de ações para o desenvolvimento pessoal e profissional.

A administração pública deve buscar permanente- Entre os muitos fatores que implicam a melhoria
mente uma melhor Qualidade de Vida no Trabalho na qualidade de vida no trabalho, segue abaixo
promovendo ações para o desenvolvimento pessoal e algumas ações que podem ser implantadas:
profissional de seus servidores. Para tanto, as institui-
ções públicas devem desenvolver e implantar progra- Uso e desenvolvimento de capacidades
mas específicos que envolvam o grau de satisfação da Aproveitamento das habilidades;
pessoa com o ambiente de trabalho, melhoramento Autonomia na atividade desenvolvida;
Percepção do significado do trabalho.
das condições ambientais gerais, promoção da saúde
e segurança, integração social e desenvolvimento das Integração social e interna
capacidades humanas, entre outros fatores. Ausência de preconceitos;
Tal qualidade de vida visa facilitar e satisfazer Criação de áreas comuns para
integração dos servidores;
as necessidades do trabalhador ao desenvolver
Promoção dos relacionamentos interpessoais;
suas atividades na organização tendo como ideia Senso comunitário.
básica o fato de que as pessoas são mais pro-
Respeito à legislação
dutivas quanto mais satisfeitas e envolvidas com Liberdade de expressão;
o próprio trabalho. Portanto, a ideia principal é a Privacidade pessoal;
conciliação dos interesses dos indivíduos e das Tratamento imparcial.
organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação
Condições de segurança e saúde no trabalho
do trabalhador dentro de seu contexto laboral, Acesso para portadores de deficiência física;
melhora-se consequentemente a produtividade. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA;
Também faz-se necessário avaliar, de forma sis- Controle da jornada de trabalho;
temática, a satisfação dos servidores, pois, nesse Ergonomia: equipamentos e mobiliário;
processo de autoconhecimento, as sondagens de Ginástica laboral e outras atividades;
Grupos de apoio anti-tabagismo,
opinião interna são uma importante ferramenta
alcoolismo, drogas e neuroses diversas;
para detectar a percepção dos funcionários sobre Orientação nutricional;
os fatores intervenientes na qualidade de vida e Salubridade dos ambientes;
na organização do trabalho. Saúde Ocupacional.
44

COMO melhorar seu


ambiente de trabalho
Fique por dentro !
1. Relações interpessoais
Resolução CONAMA nº 2,
Buscar o equilíbrio das emoções
de 8 de março de 1990, que
no ambiente de trabalho
institui, em caráter nacional, o
possibilita bons relacionamentos,
Programa Nacional de Educação
proporcionando suporte essencial
e Controle de Poluição Sonora-
às atividades de equipe.
Silêncio, para o monitoramento
2. Integração e movimento se combinam das questões de poluição sonora.
A ginástica no trabalho ajuda a
prevenir doenças características da Consulte o manual de normas de
atividade exercida e proporciona maior construção e adaptação de acessos
disposição, integra as pessoas, traz e espaços específicos da ABNT.
felicidade e bem estar; as oficinas de
talento, criatividade e sensibilização Informações sobre os direitos
(dinâmicas de grupo) complementam dos portadores de deficiência,
as necessidades de desenvolvimento que podem ser adquiridas na
do potencial de cada um, por meio Coordenadoria Nacional para
da expressão e arte, favorecendo o Integração da Pessoa Portadora
melhor entendimento entre colegas. de Deficiência – CORDE:
http://www.corde.gov.br.
3. Um toque pessoal na decoração
do seu local de trabalho
Decreto federal nº 1.171,
É saudável que cada servidor
de 22 de junho de 1994 que
público tenha seu local de trabalho
dispõe sobre o código de ética
organizado, imprimindo um toque
do servidor público.
pessoal na decoração de sua mesa,
e, quando possível, da própria sala.
São pequenas atitudes que podem
fazer a diferença em sua identificação
com o ambiente profissional.
45

4 Sensibilização e Capacitação
A sensibilização busca criar e consolidar a consciência cidadã da
responsabilidade socioambiental nos servidores. O processo de
capacitação contribui para o desenvolvimento de competências
institucionais e individuais fornecendo oportunidade para os servidores
desenvolverem atitudes para um melhor desempenho de suas atividades.

As mudanças de hábitos, comportamento e pa- O processo de sensibilização dos servidores


drões de consumo de todos os servidores impacta envolve a realização de campanhas que busquem
diretamente na preservação dos recursos naturais. chamar a atenção para temas socioambientais
A maioria das pessoas não têm consciência dos relevantes, esclarecendo a importância da ado-
impactos que produzem sobre o meio ambiente, ção de medidas socioambientais e os impactos
tanto negativos quanto positivos, em decorrência positivos da adoção dessas medidas para a so-
de suas atividades rotineiras. Para contornar esse ciedade. As campanhas podem ser realizadas
problema a A3P apóia as ações de sensibilização de modo presencial através de palestras, mini-
e conscientização dos servidores com o intuito de cursos, fóruns, apresentações teatrais ou ainda
explanar a importância da adoção de uma postura por meio da mídia seja ela digital ou impressa.
socioambientalmente responsável. As campanhas têm que, além de sensibilizar os
Conscientizar os gestores e servidores públicos servidores, proporcionar uma maior interatividade.
quanto à responsabilidade socioambiental é um
grande desafio para a implantação da A3P e ao
mesmo tempo fundamental para o seu sucesso.
As mudanças de hábito, comportamento e pa-
drões de consumo de todos os servidores impacta
diretamente na preservação dos recursos naturais.
Para que essas mudanças sejam possíveis é ne-
cessário o engajamento individual e coletivo, pois
apenas dessa forma será possível a criação de
uma nova cultura institucional de sustentabilidade
das atividades do setor público, sejam essas rela-
cionadas à área meio ou à área finalística.
46

Como estratégia de sensibilização recomenda-se: penho das suas atividades, valorizando aqueles
•• Criar formas interessantes de envolvimento que participam de iniciativas inovadoras e que
das pessoas em uma ação voltada buscam a sustentabilidade. Os processos de
para o bem comum e para a melhoria capacitação promovem ainda um acesso demo-
da qualidade de vida de todos; crático a informações, novas tecnologias e troca
de experiências, contribuindo para a formação
•• Orientar para a redução no consumo
de redes no setor público.
e para as possibilidades de
Dessa forma, é importante os órgãos desenvolve-
reaproveitamento do material descartado
rem um Plano de Capacitação que, além de promo-
no local de trabalho e em casa;
ver o desenvolvimento das competências individu-
•• Incentivar o protagonismo e a ais, deve capacitar os servidores para trabalharem
reflexão crítica dos servidores sobre como multiplicadores. A formação de multiplicado-
as questões socioambientais, res é fundamental principalmente para os órgãos
promovendo a mudança de atitudes que possuem várias filiais. Esses multiplicadores
e hábitos de consumo da instituição. têm como papel principal levar o conhecimento,
trocar experiências e identificar oportunidades para
A sensibilização deve ser acompanhada de ini- todas as áreas do órgão contribuindo assim para
ciativas para capacitação dos servidores tendo em a eficácia na implantação da A3P.
vista tratar-se de um instrumento essencial para Programas e projetos de sensibilização e
construção de uma nova cultura de gerenciamento capacitação são instrumentos essenciais para
dos recursos públicos, provendo orientação, in- construção de uma nova cultura de gerencia-
formação e qualificação aos gestores públicos e mento dos recursos públicos, provendo orien-
permitindo um melhor desempenho das atividades tação, informação e qualificação aos gestores
implantadas. A formação dos gestores pode ser públicos e permitindo um melhor desempenho
considerada como uma das condicionantes para das atividades implantadas. A formação dos
efetividade da ação de gestão socioambiental no gestores pode ser considerada como uma das
âmbito da administração pública. condicionantes para a efetividade da ação de
A capacitação é uma ação que contribui para gestão socioambiental no âmbito da adminis-
o desenvolvimento de competências institucio- tração pública e deve ser estimulada.
nais e individuais nas questões relativas à ges- A mobilização deve ser permanente e contínua,
tão socioambiental e, ao mesmo tempo, fornece pois a mudança de atitudes e hábitos depende da
aos servidores oportunidade para desenvolver reflexão sobre as questões ambientais e sociais e
habilidades e atitudes para um melhor desem- do envolvimento e cada pessoa com a temática.
47

5 Licitações Sustentáveis
A administração pública deve promover a responsabilidade socioambiental
das suas compras. Licitações que levem à aquisição de produtos e serviços
sustentáveis são importantes não só para a conservação do meio ambiente mas
também apresentam uma melhor relação custo/benefício a médio ou longo prazo
quando comparadas às que se valem do critério de menor preço.

Em todo o mundo, o poder de compra e contratação ambiental é possível na discriminação do produto


do Governo tem um papel de destaque na orienta- a ser adquirido, porém não é regulamentada nem
ção dos agentes econômicos quanto aos padrões obrigatória, o que seria um importante passo em
do sistema produtivo e do consumo de produtos direção às licitações sustentáveis.
e serviços ambientalmente sustentáveis. No Brasil As denominadas licitações sustentáveis são
estima-se que as compras governamentais movi- aquelas que levam em consideração a sustentabi-
mentem cerca de 10% a 15% do PIB nacional. lidade ambiental, social e econômica dos produtos
A utilização de recursos públicos para aqui- e processos a ela relativos. Licitações que levem
sição de produtos ou contratação de serviços à aquisição de produtos e serviços sustentáveis
gera impactos significativos na economia. Nes- são importantes para a conservação do meio
se contexto, o agente tomador de decisão deve ambiente, abrangendo a própria sociedade nele
dispor de instrumentos que lhe permitam tomar inserida, como também apresentam no aspecto
decisões fundamentadas nas melhores práticas econômico uma melhor relação custo/benefício
que envolvam não só os aspectos econômicos, a médio ou longo prazo quando comparadas às
mas também os ambientais e sociais. que se valem do critério de menor preço.
As compras e contratações públicas são feitas
por meio de um procedimento administrativo – as
licitações – visando selecionar a proposta mais
vantajosa ao interesse público: o melhor produto
pelo menor preço. A Lei 8.666/93 que regulamente
as licitações, embora leve em consideração o
impacto ambiental do projeto básico de obras e
serviços, não se refere ao fator ambiental com rela-
ção a compras. Assim, as exigências de produtos
que contemplem o conceito de sustentabilidade
48

às informações sobre produtos e serviços susten-


Fique por dentro ! táveis, mecanismos legais para garantir a prefe-
rência aos produtos sustentáveis e a capacitação
O Decreto nº 5.450, de 2005, regulamenta o dos agentes públicos.
pregão, na forma eletrônica, para aquisição de O Estado precisa incentivar o mercado nacional
bens e serviços comuns. A modalidade licitatória a ajustar-se à nova realidade da sustentabilidade,
do pregão, realizado por meio eletrônico apresenta permitindo às instituições públicas assumir a lide-
vários benefícios, como a redução no tempo rança pelo exemplo.
administrativo e nas despesas, com procedimentos Nesse sentido, o governo federal regulamentou
mais simplificados e eficientes, além da maior a utilização de critérios sustentáveis na aquisição
transparência, pois é realizado via web. de bens e na contratação de obras e serviços,
através da Instrução Normativa Nº1 de 19/01/10.
As regras abrangem os processos de extração ou
fabricação, utilização e o descarte de produtos e
matérias-primas. A IN abrange os órgãos da Admi-
Compras públicas sustentáveis nistração Federal Direta, Autarquias e Fundações.
Compras sustentáveis consistem naquelas em
que se tomam atitudes para que o uso dos recur- Obras Públicas
sos materiais seja o mais eficiente possível. Isso As obras públicas devem ser elaboradas visando
envolve integrar os aspectos ambientais em todos a economia da manutenção e operacionalização
os estágios do processo de compra, de evitar da edificação, redução do consumo de energia e
compras desnecessárias a identificar produtos água, bem como a utilização de tecnologias e ma-
mais sustentáveis que cumpram as especifica- teriais que reduzam o impacto ambiental, tais como:
ções de uso requeridas. Logo, não se trata de
•• uso de equipamentos de climatização
priorizar produtos apenas devido a seu aspecto
mecânica, ou de novas tecnologias
ambiental, mas sim considerar seriamente tal as-
de resfriamento do ar, que utilizem
pecto juntamente com os tradicionais critérios de
energia elétrica, apenas nos ambientes
especificações técnicas e preço.
aonde for indispensável;
Em muitos países, como o Canadá, Estados
Unidos, Japão e países da União Européia, as •• automação da iluminação do prédio,
iniciativas de compras sustentáveis foram intro- projeto de iluminação, interruptores,
duzidas inicialmente como programas de adoção iluminação ambiental, iluminação tarefa,
de boas práticas ambientais, entre elas o acesso uso de sensores de presença;
49

•• uso exclusivo de lâmpadas fluorescentes Metrologia, Normalização e Qualidade


compactas ou tubulares de alto Industrial - INMETRO como produtos
rendimento e de luminárias eficientes; sustentáveis ou de menor impacto
ambiental em relação aos seus similares;
•• energia solar, ou outra energia limpa
para aquecimento de água; •• que os bens devam ser, preferencialmente,
acondicionados em embalagem individual
•• sistema de medição individualizado
adequada, com o menor volume possível,
de consumo de água e energia;
que utilize materiais recicláveis, de forma
•• sistema de reuso de água e de a garantir a máxima proteção durante
tratamento de efluentes gerados; o transporte e o armazenamento; e

•• aproveitamento da água da chuva, •• que os bens não contenham substâncias


agregando ao sistema hidráulico elementos perigosas em concentração acima da
que possibilitem a captação, transporte, recomendada na diretiva RoHS (Restriction
armazenamento e seu aproveitamento; of Certain Hazardous Substances),
tais como mercúrio (Hg), chumbo (Pb),
•• utilização de materiais que sejam reciclados,
cromo hexavalente (Cr(VI)), cádmio
reutilizados e biodegradáveis, e que
(Cd), bifenil-polibromados (PBBs),
reduzam a necessidade de manutenção; e
éteres difenil-polibromados (PBDEs).
•• comprovação da origem da madeira a ser
utilizada na execução da obra ou serviço. Contratação de Serviços
As regras da Instrução Normativa para a con-
Aquisição dos Bens tratação de serviços exige das empresas contra-
O governo federal poderá exigir os seguintes cri- tadas as seguintes práticas de sustentabilidade
térios de sustentabilidade na aquisição dos bens: na execução dos serviços:

•• que os bens sejam constituídos, no •• use produtos de limpeza e conservação


todo ou em parte, por material reciclado, de superfícies e objetos inanimados
atóxico, biodegradável, conforme que obedeçam às classificações e
ABNT NBR - 15448-1 e 15448-2; especificações determinadas pela ANVISA;

•• que sejam observados os requisitos •• adote medidas para evitar o desperdício


ambientais para a obtenção de de água tratada, conforme instituído no
certificação do Instituto Nacional de Decreto nº 48.138, de 8 de outubro de 2003;
50

•• observe a Resolução CONAMA nº 20, •• preveja a destinação ambiental adequada


de 7 de dezembro de 1994, quanto das pilhas e baterias usadas ou inservíveis,
aos equipamentos de limpeza que segundo disposto na Resolução CONAMA
gerem ruído no seu funcionamento; nº 257, de 30 de junho de 1999.

•• forneça aos empregados os equipamentos


de segurança que se fizerem necessários, Portal Comprasnet
para a execução de serviços; O Ministério do Planejamento Orçamento e Ges-
tão disponibilizará um espaço específico no Portal
•• realize um programa interno de
Comprasnet para realizar a divulgação das listas
treinamento de seus empregados,
dos bens, serviços e obras que tenham requisitos
nos três primeiros meses de execução
de sustentabilidade ambiental, exemplos de boas
contratual, para redução de consumo
práticas adotadas nessa área, ações de capaci-
de energia elétrica, de consumo
tação, bem como um banco com editais de aqui-
de água e redução de produção
sições sustentáveis já realizadas pelo governo.
de resíduos sólidos, observadas
as normas ambientais vigentes; acesse: www.comprasnet.gov.br
•• realize a separação dos resíduos
recicláveis descartados pelos órgãos
e entidades da Administração Pública
Federal direta, autárquica e fundacional,
na fonte geradora, e a sua destinação
às associações e cooperativas dos
catadores de materiais recicláveis, que
será procedida pela coleta seletiva do
papel para reciclagem, quando couber,
nos termos da IN/MARE nº 6, de 3 de
novembro de 1995 e do Decreto nº
5.940, de 25 de outubro de 2006;

•• respeite as Normas Brasileiras - NBR


publicadas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas sobre resíduos sólidos; e
51

Principais Temas
Relacionados aos eixos
Temáticos da A3P
52

Principais Temas Relacionados


aos Eixos Temáticos da A3P

1.Coleta Seletiva e Reciclagem


Em várias instituições públicas, o processo de
implantação da A3P tem se iniciado com a coleta
seletiva e é decorrente, em grande medida, da
edição do Decreto nº 5.940 de 25 de outubro
de 2006, que instituiu a separação dos resíduos
recicláveis descartados pelos órgãos e institui-
ções da administração pública federal direta e
indireta na fonte geradora e a sua destinação às
associações e cooperativas dos catadores de
materiais recicláveis.
Uma grande parte dos resíduos gerados na Coleta Seletiva Solidária
administração pública pode ser destinada para a
reciclagem, mas, para que isso seja possível, é O governo federal instituiu a Coleta Seletiva
imprescindível a implantação de um sistema de Solidária para contribuir para o acesso à
coleta seletiva eficiente. Nesse processo, a sepa- cidadania , à oportunidade de renda e à
ração dos materiais recicláveis daqueles que não inclusão social dos catadores de materiais
são, é a primeira preocupação a ser observada. recicláveis.
O acondicionamento e a coleta, quando reali- A Coleta Seletiva Solidária é uma estratégia
zados sem a segregação dos resíduos na fonte, que busca a construção de uma cultura
resultam na deterioração, parcial ou total, de várias institucional para um novo modelo de gestão
das suas frações recicláveis. O papelão se desfaz dos resíduos, no âmbito da administração
com a umidade, tornando-se inaproveitável; o pa- pública federal, direta e indireta, somada
pel, assim como o plástico em filme (sacos e outras aos princípios e ações da A3P.
embalagens) se suja em contato com a matéria
» Para saber mais sobre a Coleta
orgânica, perdendo valor; os recipientes de vidro e
Seletiva Solidária acesse:
lata enchem-se com outros materiais, dificultando
www.coletasolidaria.gov.br
sua seleção e causando risco de acidentes aos tra-
53

balhadores da coleta de resíduos; também a mistu- nientes. Para a implantação deste sistema, os resídu-
ra de determinados materiais, como pilhas, cacos, os gerados podem ser separados em dois grupos:
tampinhas e restos de equipamentos eletrônicos
•• Materiais recicláveis:
pode contribuir para o risco de acidentes e piorar
compostos por papel, papelão, vidro,
significativamente a qualidade dos recicláveis.
metal e plástico, entre outros.

•• Materiais não recicláveis:


A coleta seletiva é uma importante atividade
também chamados de lixo úmido ou
na gestão dos resíduos sólidos.
simplesmente lixo: compostos pela
Trata-se do processo de seleção do lixo, que
matéria orgânica e pelos materiais
envolve duas etapas distintas: Separação do
que não apresentam, atualmente,
Lixo na Fonte (ou Segregação) e Coleta.
condições favoráveis à reciclagem.

Essa seleção poderá ser classificada em três cate-


gorias: resíduos orgânicos e inorgânicos ou secos e
úmidos ou recicláveis e não recicláveis. Materiais não
Você sabia ?
recicláveis são aqueles compostos por matéria orgâ-
nica e/ou que não possuam, atualmente, condições
Que o lixo adequadamente manuseado
favoráveis para serem reciclados. É uma pré-seleção
pode produzir riquezas na forma de energia,
do material nos locais de origem: papel, papelão,
produtos reciclados, com uma enorme
plástico, vidro, metal, dentre outros. Isto requer sensi-
economia no que se refere à extração de
bilização, conscientização e a participação de todos.
matéria-prima?
Trata-se de recolhimento especial, que permi-
te que os materiais pré-selecionados possam
ser recuperados, separados e recebam uma
destinação adequada, quer seja, reutilização, Para que a coleta seletiva seja eficaz tem que
reciclagem, compostagem ou aterro sanitário. haver a garantia da correta destinação dos resí-
No caso de resíduos orgânicos, eles necessa- duos para empresas que trabalham com recicla-
riamente passam por um processo de triagem gem. Para introduzir um sistema de coleta sele-
antes de serem encaminhados para reciclagem. tiva é necessário o envolvimento de prefeituras,
Portanto, a implantação da coleta seletiva deve comunidades, catadores, carroceiros/sucateiros,
prever a separação dos materiais na própria fonte entidades sociais e, principalmente, empresas
geradora, evitando o surgimento desses inconve- privadas que atuem com coleta e reciclagem.
54

Vantagens da Coleta Triagem de Resíduos Sólidos


Seletiva Solidária Os resíduos sólidos separados podem ser pren-
sados em fardos ou não, no local de origem, re-
Diminui a exploração colhidos e repassados para associações, coope-
dos recursos naturais; rativas e/ou empresas, que se encarregarão de
vendê-los para outras empresas que trabalham
Diminui a poluição do com reciclagem.
solo, da água e do ar; Os diversos tipos de papéis usados e separados
em coleta seletiva denominam-se aparas e são
Reduz os resíduos encaminhados
prensados em fardos. Quanto mais limpa e sele-
aos aterros sanitários;
cionada for a apara, maior será seu valor comercial.
Gera emprego e renda para os
catadores de materiais recicláveis; Exemplificação dos Resíduos

•• Resíduos líquidos ou efluentes:


Diminui os gastos
rejeitos industriais, águas utilizadas
com a limpeza pública;
(servidas) e chorumes.
Prolonga a vida útil
•• Resíduos orgânicos: restos de alimentos,
dos aterros sanitários;
galhos e folhas, papel higiênico
Fortalece a organização •• Resíduos inorgânicos: plásticos,
dos catadores e melhora suas papéis, vidros e metais.
condições de trabalho.
•• Resíduos secos: plásticos, papéis, vidros,
metais, embalagens “longa vida”.

•• Resíduos úmidos: restos de alimentos,


cascas de frutas, podas de jardim.

•• Outros Resíduos (rejeitos): todos


aqueles que não se enquadram
nas outras classificações.
55

Descarte corretamente o resíduo


Recicláveis

Plástico Papéis Metal Vidro Orgânico

Copos descartáveis, Jornais e revistas, Tampinha de garrafa, Restos de comida,


Recipientes
sacolas e sacos caixas em geral, latas de óleo, leite em papel higiênico,
e frascos em
plásticos, CDs, aparas de papel, pó e conservas latas lenços de papel,
geral, garrafas de
disquetes, embalagens fotocópias, de refrigerarante, guardanapos,
bebidas, copos,
plásticas, embalagens envelopes, cartazes alumínio, embalagens absorventes.
potes de produtos
tipo PET, canos e tubos velhos, papel de fax, metálicas de
alimentícios, cacos.
plásticos em geral. embalagens tipo congelados.
longa vida.

Não Recicláveis

Etiquetas adesivas; papel carbono e celofane; fita crepe; papéis sanitários; papéis molhados
ou papéis sujos de gordura; papéis metalizados; parafinados ou plastificados (embalagens de
biscoito, por exemplo); guardanapos usados; bitucas de cigarro; fotografias; acrílicos; clips;
grampos; esponjas de aço; tachinhas; pregos; espelhos; vidros planos e cristais; cerâmicas e
porcelanas; tubos de TVs e computadores; lâmpadas fluorescentes.
56

Principais etapas para


implementação da Coleta Seletiva Após formada a Comissão esta deverá realizar
um levantamento de dados sobre a situação da
O Ministério de Desenvolvimento Social e Com- gestão dos resíduos no local de trabalho, buscando
bate à Fome desenvolveu uma cartilha que versa conhecer todos os tipos e quantidades de resíduos
sobre a implantação da Coleta Seletiva Solidária, gerados. Além das quantidades e tipos, o diagnós-
Decreto 5.940/06, nos órgãos públicos federais. tico deve identificar os locais dos equipamentos
Para facilitar a implantação da coleta pelos diferen- geradores de resíduos utilizados (máquinas foto-
tes órgãos e instituições, sejam eles das esferas copiadoras, impressoras, etc.), a logística interna
federais, estaduais e municipais, elencamos as de recolhimento pelos empregados dos serviços
etapas do guia abaixo. gerais, ou seja, como e onde o lixo é acondicionado
Segundo a cartilha, para implementar a coleta, e recolhido e se há algum sistema de recolhimento
primeiramente os órgãos e instituições devem e destinação de recicláveis já implantado.
formar uma Comissão da Coleta Seletiva. Esta Também é importante identificar o volume e
comissão deve ser formada por servidores que se recursos gastos na compra de materiais de con-
interessem pelo tema e deve ter a participação das sumo, tais como: papéis brancos, sacos plásticos,
diversas áreas e setores do órgão. A comissão é copos descartáveis, cartuchos de impressoras,
responsável pelo planejamento da implantação e lâmpadas, CD, disquetes e outros, a fim de avaliar
monitoramento da Coleta Seletiva e também pela o comprometimento ambiental dos fabricantes
interlocução com a organização de catadores. e possibilidades de redução na compra após a
implantação do programa.
A comissão deve identificar ainda quais co-
operativas ou associações têm interesse e
capacidade de coletar os materiais selecionados.
O contato com as organizações de catadores
ajuda a identificar os tipos de materiais reciclá-
veis que poderão ser absorvidos pelo mercado
local. No caso dos órgãos federais abrangidos
pelo Decreto 5.940/06 o diagnóstico deve incluir
a identificação das cooperativas ou associações
de catadores que atendem aos critérios do pre-
vistos no decreto.
57

As cooperativas e associações selecionadas das cooperativas e também os tipos de materiais


devem: negociados no mercado local, e definir quais serão
•• Estar formal e exclusivamente os materiais a serem separados.
constituída por catadores de materiais
A logística da coleta inclui ainda:
recicláveis que tenham a catação
como forma única de renda; •• Estabelecer o fluxo, forma e
frequência de recolhimento interno
•• Não possuir fins lucrativos;
dos materiais recicláveis;
•• Possuir infra-estrutura para realizar
•• Prever a forma e local de armazenamento
a triagem e a classificação dos
do material reciclável até que seja coletado;
resíduos recicláveis descartados; e
•• Definir locais para a disposição
•• Possuir sistema de rateio entre os
de coletores para recolhimento de
associados e cooperados.
materiais, como por exemplo, mesas de
Alguns órgãos e instituições, entretanto, podem trabalho, ilhas de impressão, máquinas
encontrar dificuldades por não haver em suas cida- fotocopiadoras, recepção e copa, e
des cooperativa ou associação de catadores. Nesses demais locais geradores de materiais
casos recomendamos que haja um engajamento recicláveis e fluxo de pessoas;
do poder público para financiar, tanto tecnicamente
•• Estabelecer tarefas específicas e
quanto financeiramente, os catadores autônomos
rotinas necessárias nas diversas etapas
para que estes formem cooperativas capazes de
da operacionalização do projeto –
recolher os resíduos gerados. Outra alternativa é a
recolhimento interno, armazenamento,
associação com outros órgãos públicos e privados
pesagem, controle, entrega dos
para enviar os resíduos gerados para alguma cidade
materiais e coleta dos recicláveis.
próxima que possua um centro de triagem.
Depois de realizado o levantamento de dados A comissão deve elaborar um cronograma
deve ser definida a logística da coleta seletiva de implantação e providenciar os equipamentos
a ser implantada no órgão, ou seja, planejar a e materiais necessários para operacionalizar a co-
sua operacionalização. Na operacionalização leta seletiva: sacos plásticos ou coletores em cores
deve-se considerar os dados levantados como diferenciadas, cestas/caixas de coleta de papel,
os locais disponíveis para armazenamento, os re- coletores de copos descartáveis; fragmentadora
cursos disponíveis para aquisição de coletores de de papéis sigilosos e balança para a pesagem do
recicláveis e contêineres, a capacidade de coleta material, dentre outros.
58

Outra atividade importante que deve ser


realizada no momento da efetiva implantação da
coleta, que ocorre com a distribuição de coletores
Você sabia ?
e contêineres é a sensibilização dos servidores.
Portanto, o planejamento deve ser cuidadoso,
Uma enorme quantidade de catadores,
prevendo materiais educativos e de comunicação
inclusive crianças, ainda participa das ações
para os servidores, além de atividades educativas
de coleta nos lixões à céu aberto? Evitar
tais como: mostras de vídeo, depoimentos de ca-
essa exclusão social é ação decisiva para o
tadores e de funcionários de outros órgãos com
resgate da cidadania.
experiência na coleta seletiva, visitas a coopera-
tivas de catadores e aterros sanitários, concursos
Quanto mais desenvolvida a sociedade, mais
culturais e palestras sobre o tema.
resíduos sólidos por habitante são por ela
Após a implementação devem ser feitas visto-
produzidos?
rias e avaliações periódicas para verificação
do cumprimento das rotinas estabelecidas para a
A média de resíduos produzidos pelos suíços
seleção, coleta e destinação dos materiais, obser-
chega a 1,7 kg/dia/habitante, Em cidades
vando os procedimentos requeridos para garantir
como São Paulo e Rio de Janeiro, a média
o sigilo dos documentos e também verificando
diária chega a superar 1 kg/dia/habitante.
eventuais focos de desperdícios.
É necessário também elaborar instrumentos
O lixo adequadamente manuseado pode
de controle e registro de pesagem do material
produzir riquezas na forma de energia,
coletado. Esse instrumento pode ser uma planilha
produtos reciclados, com uma enorme
ou formulário simples, contendo a data, as quan-
economia no que se refere à extração de
tidades de recicláveis em kg e o responsável pelo
matéria-prima.
registro das informações.
A comissão deve se reunir mensalmente para
No Brasil apenas 2% do lixo é reciclado
realizar a avaliação da coleta identificando os fa-
enquanto que nos EUA e na união Européia a
cilitadores e dificultadores do processo, a fim de
reciclagem chega a 40% do total descartado.
reformular as estratégias e redirecionamento das
ações quando necessário.
59

2. Consumo da madeira de novos produtos florestais permitem uma maior


valorização das florestas e, assim, um maior poten-
O Brasil é um dos maiores produtores e o maior con-
cial econômico e social de seu manejo sustentável.
sumidor mundial de madeiras tropicais. Setores es-
Todavia, apesar desse potencial inexplorado, os
tratégicos da economia brasileira, como a siderurgia,
gestores públicos ainda não perceberam que eles
a indústria de papéis e embalagens e a construção
podem contribuir para a sustentabilidade do mane-
civil são altamente dependentes do setor florestal.
jo florestal. A administração pública pode exercer
Nos últimos anos, observou-se um grande aumento
influência em prol do manejo florestal sustentável
na demanda por madeira que não tem sido acompa-
exigindo que a madeira comprada por si tenha
nhado por um aumento sensível do reflorestamento.
origem legal. A madeira em tora explorada em flo-
A madeira é empregada de diversas formas nas
restas naturais na Amazônia pode ser legalmente
atividades humanas desde matéria prima para
adquirida por meio de duas fontes: Autorizações de
utensílios até estruturas de construções. A admi-
Desmatamento (AD) e Planos de Manejo Florestal
nistração pública também é grande consumidora
Sustentável (PMFS) (LENTINI et al. 2005).
desse recurso principalmente na forma de mobi-
liário e divisórias de escritórios.
A madeira é o material que apresenta maior sus-
tentabilidade em sua produção. Por ser um recurso
natural renovável, a madeira é totalmente assimilável Curiosidade
pelo ambiente e possui um vantajoso e significa-
tivo potencial sócio-econômico. No entanto, essa A AD consiste em um direito de suprimir parte da
sustentabilidade depende profundamente de um vegetação de uma propriedade por qualquer motivo.
A porcentagem da área do terreno passível de desmate
manejo adequado das florestas produtoras que
é regulamentada em lei e depende da região onde o
garanta sua exploração ordenada. Portanto, embora terreno se localiza, sendo que, na Amazônia Legal, esse
haja impactos importantes gerados pela cadeia valor é de 20% de acordo com a Medida Provisória
produtiva da madeira, estes podem ser minimizados 2.166-65/2001. A madeira proveniente da AD é legal,
de modo que esse recurso seja utilizado de maneira porém não é resultado de um manejo florestal, visto que
sustentável, sendo necessário, para isso, que sua a área da qual ela foi retirada é utilizada para outro fim.

origem seja de áreas de manejo adequado, o que


O PMFS consiste num plano de aplicação do
deve ser uma exigência real de seus consumidores.
manejo florestal sustentável em uma determinada
Além de desempenhar seu papel ambiental, as propriedade. A aprovação do PMFS é a garantia de
florestas podem e devem ser utilizadas como fonte que a madeira da área não será explorada de forma
de renda. O desenvolvimento das técnicas de extra- predatória, e sim de um modo que garanta sua
tivismo e o aumento do conhecimento e da oferta disponibilidade para as futuras gerações.
60

A administração pública pode estimular a ado- 3. O papel nosso de cada dia


ção de práticas florestais benéficas por meio das
Dentre os subprodutos da madeira um merece
compras sustentáveis, promovendo o manejo flo-
atenção especial: o papel. Nas atividades desen-
restal correto e o uso mais eficiente e responsável
volvidas na administração pública o papel é um
da madeira. O exemplo do governo é um importan-
dos principais recursos naturais consumidos. O
te indutor para a mudança de atitude dos outros
papel A4 - 75 g/m2 ocupa posição de destaque
setores da sociedade e é uma importante ferra-
quanto ao uso nas ações rotineiras. Entretanto,
menta para iniciar a implantação dessa ação tão
também fazem parte do uso diário das instituições
urgente que é o manejo sustentável das florestas.
públicas os envelopes, cartões de visita, agendas,
papéis de recado, entre outros, todos envolvendo
grandes quantidades de papel.
Os problemas ambientais relacionados à produ-
Dica ção e consumo de papéis são de grande escala,
estando os principais impactos relacionados ao
Já existem publicações referentes ao uso alto consumo de matéria prima – especialmente
de madeiras menos nobres para o uso. madeira, água e energia. Além de usar intensiva-
Um exemplo é o livro “Espécies de Madeiras mente recursos florestais, o processo de produção
Substitutas do Mogno” de Júlio Eustáquio de
Melo publicado pelo MMA.

Para mais informações acesse o site:


www.mma.gov.br/sfb
Você sabia ?

Que uma tonelada de papel requer o corte de


40 árvores?

Os papéis mais comumente utilizados são


feitos à base de celulose extraída de Eucaliptus
e Pinus. Do Eucaliptus vem o papel para
escrever e fazer cópias; do Pinus, os papelões
para embalagem.
61

do papel demanda grandes quantidades de água muito menores do que as da produção tradicional e
e gera altos volumes de efluentes líquidos, resídu- lança no ambiente volumes menores de poluentes.
os sólidos e emissões atmosféricas. Em adição ao menor consumo de recursos na
O processo de produção de papel engloba o produção, é importante salientar que com a reci-
seu branqueamento cujas técnicas mais usadas clagem do papel há redução sensível do volume
pela indústria nacional são o branqueamento a de resíduos destinados aos aterros sanitários, au-
cloro ou peróxido de hidrogênio. O branquea- mentando sua vida útil e facilitando a coleta de lixo.
mento por cloro é mais nocivo ao meio ambiente. Além dos impactos ambientais do papel reciclado
Entretanto as indústrias vem desenvolvendo o pro- serem menores, seus impactos sociais podem ser
cesso de branqueamento livre de cloro essencial, muito mais benéficos devido à possível geração
cuja nocividade é menor. O processo utilizando de emprego e renda se implantado um sistema
o peróxido de hidrogênio ainda não é comum no de coleta seletiva que o supra.
Brasil, mas, por ser totalmente livre de cloro, é o
melhor no respeito ao meio ambiente. Vantagens da Redução
do Consumo de Papel
Reduz o corte de árvores

Reduz a utilização de água doce


nos processos de produção

Reduz a energia usada


no processo de fabricação

Um aspecto importante a ser ressaltado diz respei-


Uma opção menos nociva ao meio ambiente to às iniciativas do setor público para substituição e/
é o papel reciclado. Apesar de não ser necessa- ou redução do uso do papel. Os avanços nas tecno-
riamente livre de cloro, utilizam matéria prima já logias de informação, principalmente por meio do uso
usada, poupando matéria prima que vem direta- das tecnologias de desmaterialização de processos
mente da natureza evitando reiniciar o processo e documentos, têm possibilitado ao setor público a
de uso do recurso natural. Embora ainda implique adoção de novas ferramentas mais eficientes.
em consumo de água e energia, a produção do Atualmente com as tecnologias disponíveis é
papel reciclado utiliza tais recursos em quantidade possível implantar processos informatizados e
62

desmaterializados para grande parte dos proce- A otimização do uso do papel também pode
dimentos administrativos com o intuito de reduzir ser exercida por meio do reaproveitamento de pa-
ou mesmo eliminar o uso do papel. Em alguns péis tornados inúteis para rascunhos, lembretes,
casos o processo poderá envolver a transferência, anotações, entre outros usos e ainda por meio
a transmissão de dados em rede ou a sua inserção de impressões de frente e verso, que reduzem o
em suportes como fita magnética, disquete, etc, uso de papel pela metade. Com medidas como
visando a substituição da versão em papel por essas, pode-se realizar o mesmo trabalho com
um equivalente eletrônico (fotografia digital do uma utilização muito menor de papel, o que re-
conteúdo ou conteúdo em formato digital). duz os custos decorrentes de sua aquisição e os
resíduos gerados.
O poder de compra do poder público orienta
Vantagens da os agentes econômicos quanto aos padrões do
Reciclagem do Papel sistema produtivo de produtos ambientalmente
sustentáveis e, por sua grande escala de consu-
Reduz a poluição do ar e dos rios,
mo, pode incentivar o aumento da produção e
pois não implica na utilização de
tornar tais produtos economicamente acessíveis,
certos procedimentos químicos,
ou seja, mais baratos.
que geram impactos ambientais
para obtenção da pasta de celulose
Recriando o uso do papel
(lançamento de efluentes nos rios
Sempre que possível, use papéis que não utilizam
e partículas e odores no ar)
cloro em seu processo de fabricação e, portanto,
não são tão poluentes. Outra opção ambiental-
possibilita a inserção social
mente correta é a utilização de papéis reciclados.
dos catadores e outras parcelas
No mercado brasileiro já existem papéis 100%
da população, bem como a
reciclados, diferentes e de excelente qualidade,
geração de emprego e renda.
produzidos em escala industrial. Tendo o poder de
compra do poder público um papel de destaque
na orientação dos agentes econômicos, quanto
aos padrões do sistema produtivo e do consumo
de produtos ambientalmente sustentáveis, este
pode viabilizar a produção em larga escala.
63

Vantagens da desmaterialização
Maior eficiência no processo
Você sabia ?
de comunicação

Cada tonelada de papel enviado para o


Simplificação dos processos
processo de reciclagem deixa de ocupar
Economia de recursos uma área de aproximadamente 3 metros
naturais e materiais cúbicos nos aterros sanitários.

Maior facilidade no intercâmbio A reciclagem de papel proporciona:


de informações »» redução da poluição do ar em 74%;
»» redução da poluição da água em 35%;
Maior facilidade para controle do »» redução do consumo de energia em 71%.
processo (acompanhamento “on line”)
É possível reciclar um papel com textura
de boa qualidade até sete vezes.
64

PARA ECONOMIZAR PAPEL

1. Utilize frente e verso das folhas, 6. Quando for imprimir confira sempre
sempre que possível. no monitor se não há nenhum erro;
2. Use os papéis que seriam 7. Use meio digital, tanto quanto
jogados fora na confecção de possível, para gravação de cópias
blocos para anotações. de ofícios e documentos para
arquivos, gerando aumento de
3. Utilize e-mail para comunicação
espaço nas repartições e gabinetes.
interna e externa.
8. Adote sistemas que facilitem a
4. Ao ser enviado material pelo correio,
economia do papel ao imprimir
procure saber se há possibilidade
documentos, tais como usá-
de serem encaminhados outros
lo em frente e verso, configurar
em conjunto ou se pode o
duas páginas em uma folha
material ser encaminhado por
e assim por diante.
outra forma (correio eletrônico).
9. Reformate documentos para
5. Verifique se é necessário, realmente,
evitar espaços em branco
extrair cópias reprográficas ou
e vias desnecessárias
imprimir material e, em caso positivo,
preste atenção para não copiar ou 10. Produza papelaria genérica para
imprimir material em excesso. eventos – crachás, pastas e
blocos, sem indicar data e nome
65

4. Eficiência energética
A energia elétrica se tornou um dos bens de con- •• Programa Nacional de Conservação de
sumo fundamentais para as sociedades modernas. Energia Elétrica (Procel) que tem como
Ela é utilizada para gerar iluminação, movimentar objetivo promover a racionalização da
máquinas e equipamentos, controlar a temperatura produção e do consumo de energia
produzindo calor ou frio, agilizar as comunicações, elétrica, para que se eliminem os
etc. Da eletricidade dependem a produção, loco- desperdícios e se reduzam os custos
moção, eficiência, segurança, conforto e vários e ainda os investimentos setoriais;
outros fatores associados à qualidade de vida.
A contrapartida dos benefícios proporcionados •• Programa Brasileiro de Etiquetagem
pelo desenvolvimento tecnológico é o crescimento (PEB) que efetua a certificação de
constante do consumo de energia. Para enfrentar equipamentos quanto ao consumo de
o aumento da demanda no futuro é preciso en- energia em parceria com o Procel.
carar o uso da energia sob a ótica do consumo
sustentável, ou seja, aquele que atende às neces-
A administração pública é grande consumi-
sidades da geração atual sem prejuízo para as
dora de energia elétrica. Apesar da maioria das
gerações futuras. Isso significa eliminar desperdí-
edificações públicas não terem sido projetadas
cios e buscar fontes alternativas mais eficientes e
de maneira sustentável de um modo geral elas
seguras para o homem e o meio ambiente.
apresentam oportunidades significativas de re-
No Brasil já existem diferentes leis e programas
dução de custos no consumo de energia.
voltados à promoção da eficiência energética,
A economia nos edifícios públicos pode se
entre eles destacam-se:
dar através de medidas como o gerenciamen-
to das instalações, adoção de equipamentos
•• Lei Nº 10.295 que versa sobre a
tecnologicamente mais avançados e eficientes,
eficiência energética dos equipamentos
alterações de algumas características arquitetô-
comercializados no país que devem atender
nicas, utilização de técnicas modernas de pro-
aos índices mínimos de eficiência ou níveis
jeto e construção, alterações dos hábitos dos
máximos de consumo de energia definidos;
usuários, entre outras. Essas oportunidades de
•• Decreto nº 4.131 que dispõe sobre redução devem ser identificadas em um estudo
medidas emergenciais de redução do específico, com recomendação das ações a
consumo de energia elétrica no âmbito serem empreendidas e análise de viabilidade
da Administração Pública Federal. técnico-econômica.
66

Você sabia ?

Atualmente, as edificações são responsáveis


por 42% de toda a energia elétrica consumida,
as quais se distribuem entre os setores
residencial (23%), comercial (11%) e público
(8%). No caso de prédios públicos, o
condicionamento de ar é responsável por 48%
desse consumo e a iluminação por 24%.

Fique por dentro !

O Procel possui um programa específico


para a eficientização energética de prédios
públicos. Confira as dicas no “Manual de
Orientações Gerais para a Conservação de
Energia em Prédios Públicos”.

Para maiores informações acesse o site:


http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp
67

PARA ECONOMIZAR ENERGIA

1. Dê preferência à iluminação natural, 7. Mantenha as paredes do ambiente


abrindo janelas, cortinas e persianas. de trabalho preferencialmente
pintadas com cores claras. Não
2. Apague as lâmpadas de
se esqueça que, por critério de
ambientes vazios ou quando
padronização no serviço público, as
deixar o ambiente de trabalho.
paredes são pintadas na cor branca.
3. Não deixe computadores e outros
8. Se estiver com sistema de ar
equipamentos elétricos ligados
condicionado ligado, mantenha
por muito tempo sem uso.
portas e janelas fechadas para
4. Ao sair para o almoço, desligue, ao evitar a entrada de ar externo e
menos, o monitor do computador. otimizar o sistema. Não mexa,
em hipótese alguma, nas grelhas
5. Otimize o uso de elevadores. Se
de entrada e saída de ar sem a
subir apenas um andar ou se
orientação de um técnico, isto
for descer dois andares, use a
pode comprometer o sistema e
escada. Além de fazer exercício
aumentar o consumo de energia.
economiza-se energia elétrica.

6. Evite o uso de tomadas


em sobrecarga (fios de
extensão e beijamins).
68

5. A água e seus usos múltiplos


A água é elemento essencial à vida e é básica
para as atividades sociais e produtivas do ser hu- Você sabia ?
mano: abastecimento público, geração de energia,
agropecuária, recreação, transporte fluvial e marí- O planeta Terra é composto de 70% de água
timo, indústria, aqüicultura, comércio e serviços, e que o corpo humano também tem em sua
ou seja, a água é geradora de todos os sistemas composição 70% de líquidos
necessários e formadores da sociedade.
Porém, o aumento da demanda por água, so- A água existente no planeta está
mado ao crescimento das cidades, à impermea- distribuída da seguinte forma:
bilização dos solos, à degradação da capacidade » 97% é salgada;
produtiva dos mananciais, à contaminação das » 3% é doce, dos quais:
águas e ao desperdício estão conduzindo a um » 2% está congelada nas geleiras;
quadro preocupante em relação à sustentabilidade » 1% está disponível em lagos,
do abastecimento público. rios e camadas subterrâneas;
A Constituição Federal de 1988 define que “os » 13% de toda a água doce está
bens componentes do meio ambiente, como a concentrada no Brasil.
atmosfera, a água, o solo, os elementos da bios-
fera, a fauna e a flora, são bens ambientais”. Assim
sendo, a água é um bem ambiental por ser um
dos elementos formadores do meio ambiente e
um bem de uso comum do povo
69

Visando a equidade na utilização dos corpos hídri- playground, dormitórios, cozinhas e refeitórios,
cos e a manutenção de sua qualidade, ações para o dando preferência para as lavagens de garagens
uso sustentável da água estão sendo difundidas no e acesso de automóveis.
mundo inteiro. No âmbito da administração pública
já foram documentados várias medidas adotadas
Benefícios do reaproveitamento
para conter o desperdício no consumo de água. Entre
essas medidas destacam-se o uso de aparelhos eco-
e reuso das águas
nomizadores como por exemplo vasos sanitários com Redução do consumo de água;
caixa acoplada, registro com sensor, acionamentos
temporizados, vasos a vácuo, entre outros aparelhos. Evita a utilização de água potável
A adoção dessas medidas tem como intuito a onde esta não é necessária;
maximização da eficiência do uso da água dentro
dos edifícios que compõem a administração públi- Os investimentos na construção
ca e podem ser facilmente adotadas seja em edifí- dos reservatórios tem retorno
cios em construção como naqueles já construídos. em 2 anos e meio;
Também podem ser adotadas medidas como a
instalação de um sistema de reaproveitamento das Faz sentido ecológica e financeiramente
águas pluviais e do sistema de reuso das águas não desperdiçar um recurso natural
cinzas. O reaproveitamento das águas pluviais com- escasso em toda a cidade, e disponível
preende a coleta, filtragem e armazenamento das em abundância no nosso telhado;
águas das chuvas que podem ser usadas em vários
pontos como por exemplo o vaso sanitário, irrigação, Ajuda a conter as enchentes,
lavanderia e na lavagem de automóveis e calçadas. represando parte da água que teria
O sistema de reuso das águas cinzas consiste de ser drenada para galerias e rios;
na utilização da água provenientes das lavagens
de roupas, chuveiro, ralos e pia do banheiro, que Encoraja a conservação de água, a auto-
compõem o chamado esgoto secundário. Neste suficiência e uma postura ativa perante
sistema o esgoto secundário é tratado em equi- os problemas ambientais da cidade;
pamento específico de modo a garantir a quali-
A instalação do sistema, que é
dade mínima requerida pelos padrões e normas
modular, pode ser realizada tanto
sanitárias e é encaminhado para o reuso nos
em obras em andamento como
vasos sanitários, lavagens de pátio que não te-
em construções finalizadas.
nham contato humano como calçadas internas,
70

Como parte da nova cultura de gestão da água,


mudar hábitos cotidianos é responsabilidade de
cada um. Medidas simples de serem adotadas
no ambiente de trabalho que remetem à mudan-
ça de postura devem ser estimuladas como, por
Fique por dentro !
exemplo, comunicar os responsáveis se houver
vazamentos em torneiras, descargas e bebe-
No Brasil, o gerenciamento das águas possui
douros; sugerir a adoção de equipamentos de
uma legislação moderna e abrangente, que
alta pressão de água que permitam uma limpeza
busca estabelecer critérios de quantidade
efetiva e com grande economia; ou ainda sugerir
e qualidade, de forma democrática, para o
a colocação de adesivos com mensagens edu-
desenvolvimento sustentável das comunidades
cativas, lembrando a todos, da necessidade do
menos abastadas e de todo o País.
bom uso da água no ambiente de trabalho.

A administração pública tem papel


fundamental na disseminação de informações
sobre o correto uso da água e de práticas para
Dica
conter seu desperdício. Conheça o Código das
Águas, Decreto nº 24.643, de 10 de julho de
O livro “Água: Manual de Uso” lista uma série
1934, e a Lei federal nº 9.433, de 8 de janeiro
de cuidados com a água na alimentação, na
de 1997, que institui a Política Nacional de
higiene pessoal da residência ou do local de
Recursos Hídricos.
trabalho.
71

PARA ECONOMIZAR Água

1. Coloque ou sugira a colocação 5. Instale um sistema de reuso


de adesivos com mensagens das águas cinzas que, após
educativas lembrando a todos tratamento específico, podem
da necessidade do bom uso da ser reutilizadas nas instalações
água no ambiente de trabalho. sanitárias, lavagens de garagens e
automóveis e irrigação de jardins;
2. Substitua as torneiras e as
caixas de descargas por 6. Observar as contas de água do
outras mais econômicas; edifício. Este procedimento poderá
indicar aumentos de consumo
3. Utilize “Dispositivos Economizadores
incomuns que podem representar
de Água” que podem resultar
vazamentos ou desperdício
numa redução de vazão de até
de água pelos usuários.
12 L/min, por peça sanitária
(torneiras, chuveiros etc.); 7. Providencie de imediato
os consertos de torneiras,
4. Instale um sistema de
bebedouros e descargas vazando
aproveitamento de água de chuva,
em seu local de trabalho.
com utilização de água não
potável nas instalações sanitárias,
lavagens de garagens e automóveis
e para irrigação de jardins;
72

6.Manutenção da frota
oficial de veículos
Fique por dentro !
As revisões preventivas e periódicas sugeridas pe-
los fabricantes, o uso do combustível recomendado
Resolução CONAMA Nº 418/2009 - “Dispõe
e a calibragem de pneus são itens imprescindíveis
sobre critérios para a elaboração de Planos de
para a manutenção adequada de veículos. Isso con-
Controle de Poluição Veicular - PCPV e para
tribui para o prolongamento da vida útil do veículo,
a implantação de Programas de Inspeção
representa uma economia financeira e minimiza o
e Manutenção de Veículos em Uso - I/M
lançamento de poluentes no ar, no solo e nas águas.
pelos órgãos estaduais e municipais de meio
Sempre que um veículo oficial em sua área
ambiente e determina novos limites de emissão
de trabalho estiver transitando de forma irregu-
e procedimentos para a avaliação do estado de
lar – soltando fumaça, vazando óleo do motor,
manutenção de veículos em uso.”
combustível ou graxas, emitindo ruídos acima do
suportável, tendo dificuldade de frear, com sus-
Resolução CONAMA Nº 415/2009 - “Dispõe
pensão desalinhada ou pneus carecas - comuni-
sobre nova fase (PROCONVE L6) de exigências
que ao encarregado da frota e peça providências.
do Programa de Controle da Poluição do Ar
Os governos federal, estaduais e municipais, inclu-
por Veículos Automotores-PROCONVE para
sive as fundações, autarquias e empresas de econo-
veículos automotores leves novos de uso
mia mista têm por obrigação dar bom exemplo quanto
rodoviário e dá outras providências.”
à manutenção das respectivas frotas de veículos.
O exemplo pode ser dado comprando automó-
Resolução CONAMA Nº 342/2003 -
veis econômicos, eficientes e que utilizem combus-
“Estabelece novos limites para emissões de
tível de fonte renovável, como álcool ou biodiesel.
gases poluentes por ciclomotores, motociclos
A tecnologia acessível hoje e que já representa
e veículos similares novos, em observância à
um grande avanço é a flex-fuel, que permite o
Resolução n o 297, de 26 de fevereiro de 2002,
abastecimento dos automóveis com álcool ou
e dá outras providências”
gasolina. Com a frota formada por carros flex o ór-
gão ou instituição pode avaliar com o combustível
que traz melhor benefício econômico-ambiental
de acordo com as especificidades locais.
73

7. Principais Resíduos Gerados nistração pública na forma, principalmente, de


na Administração Pública copos plásticos utilizados para o consumo de
água e café. Diferentemente dos papéis, que
A administração pública gera grandes quantida- podem ser reaproveitados para rascunho, os
des de resíduos decorrentes de suas atividades copos plásticos não são reaproveitados por
regimentais. Entre os resíduos produzidos em outras pessoas e tem curtíssima duração de
maior quantidade podemos citar a geração de vida, podendo, apenas, serem destinados à
papéis, plásticos, cartuchos e tonners, lâmpadas reciclagem. Uma medida simples que otimiza a
fluorescentes, lixo eletrônico e, em menor quan- separação dos copos plásticos para reciclagem
tidade, vidros e metais além de pilhas e baterias. é a disponibilização nos órgãos públicos de co-
A seguir fazemos uma breve descrição desses letores de copos plásticos e a conscientização
resíduos e o que fazer com eles. dos usuários para sua correta utilização.
Além da implantação de formas de destina-
Papel ção menos poluentes, é importante que sejam
O papel é o resíduo gerado em maior quantidade adotadas medidas que promovam a redução na
pela administração pública e o que possui maior geração desse resíduo, como por exemplo, a reali-
valor para aproveitamento por meio da reciclagem zação de campanhas para uso racional dos copos
se bem separado por meio da coleta seletiva. plásticos ou substituição de copos descartáveis
Uma das maneiras de promover a correta sepa- por copos duráveis.
ração do papel é a disposição de recipientes ade-
quados para o seu descarte. Na maioria dos órgãos Metal
públicos são utilizadas caixas de papelão, indivi- A administração pública não é, em sua gran-
duais ou coletivas. Essas caixas também devem de maioria, grande produtora de metais nas
ser separadas de acordo com a destinação dos atividades regimentais. Os mais comuns são
papéis, ou seja, se serão reutilizados (rascunhos) os metais ferrosos encontrados nos utensí-
ou destinados à reciclagem. É muito importante que lios domésticos, ferramentas, peças de au-
o papel não seja amassado nem seja misturado tomóveis, estruturas de edifícios e em latas
com outros tipos de materiais para que não sujem, de alimentos e bebidas. A maioria dos metais
o que reduz o valor do material para reciclagem. pode ser encaminhado para a reciclagem. O
processo de reciclagem gera vários benefícios
Plástico entre eles o que mais se destaca é a redução
Ao lado do papel, o plástico se constitui em no consumo de energia quando comparada à
um dos principais resíduos gerados pela admi- produção do metal.
74

Vidro Materiais de escritório mais usados e desperdi-


A quantidade de vidro gerado pela administração çados:
pública varia entre os órgãos e instituições, entretan-
to, de uma forma geral, esse material é gerado em
quantidade muito inferior ao papel e plástico. O vidro
pode ser reaproveitado ou destinado à reciclagem
para tanto deve-se observar a sua correta separação.

Lixo orgânico
A quantidade de lixo orgânico gerada depende
das especificidades de cada instituição. A sua
destinação final pode ser os aterros sanitários
da região ou ainda um sistema de compostagem Outros Resíduos gerados nas
que pode ser realizado por qualquer instituição e Atividades de Governo
servir de adubo para as áreas verdes.
Lâmpada fluorescente
O material de expediente As lâmpadas fluorescentes, apesar de serem mais
Nem sempre prestamos atenção se o material econômicas do que as incandescentes, contêm
de expediente é de fato necessário e em caso mercúrio, um metal pesado altamente prejudicial
positivo, se é usado de forma racional. E mais, ao meio ambiente e à saúde. Os resíduos de lâm-
sequer sabemos se esses materiais são produ- padas fluorescentes são considerados resíduos
zidos a partir de fontes naturais não renováveis, perigosos (Classe I) pela Associação Brasileira
como minerais, carvão e petróleo. de Normas Técnicas (ABNT) porque apresentam
Seja qual for a função que exerçamos na ad- concentrações de mercúrio e chumbo que exce-
ministração pública, o resultado do nosso com- dem os limites regulatórios, o que exige a adoção
prometimento com o uso racional de todo o tipo de medidas adequadas para o seu descarte que
de bem público será bem visto e com certeza não deve, jamais, ser feito diretamente nas lixeiras.
influenciará, em pouco tempo, outros servidores Como forma de minimizar os impactos provo-
a procederem da mesma forma. Combater o des- cados pelo descarte inadequado de lâmpadas os
perdício é poupar os recursos naturais e valorizar órgãos da administração pública devem buscar
os bens públicos. Combater o desperdício é con- soluções internas e possuir um gerenciamento
viver de forma equilibrada com a natureza e fazer específico que permita a correta descontaminação
economia para os cofres públicos. e descarte dessas lâmpadas.
75

Pilhas e Baterias Cartuchos e tonners


A Legislação Brasileira (Resolução CONAMA nº Os cartuchos e tonners - assim como pilhas, ba-
401/2008) estabelece que pilhas e baterias que terias e lâmpadas fluorescentes - são resíduos
tenham elevados teores de chumbo, mercúrio e considerados perigosos e devem ter uma destina-
cádmio, devem ser recolhidas pelos estabeleci- ção apropriada. Caso esses resíduos sejam ma-
mentos comerciais. Caberá ao comércio varejista nejados de forma inadequada, podem contaminar
encaminhar o material recolhido aos fabricantes e o solo, a água, os animais e os seres humanos
importadores que, por sua vez, serão responsáveis causando sérios problemas ao meio ambiente
pela reciclagem, ou, quando não for possível, pelo e ao homem. A melhor opção é encaminhá-los
descarte definitivo em aterros sanitários licenciados. para empresas especializadas que possam pro-
A resolução prevê ainda que nos materiais pu- ceder sua recarga para posterior reutilização,
blicitários e nas embalagens de pilhas e baterias, prolongando sua vida útil. Não sendo possível o
fabricadas no País ou importadas, deverão constar encaminhamento, é preciso buscar uma forma de
de forma clara, visível e em língua portuguesa, a encapsulá-los ou destruí-los.
simbologia indicativa da destinação adequada, as
advertências sobre os riscos à saúde humana e Pneus
ao meio ambiente, bem como a necessidade de, A Resolução CONAMA nº 416/09, que “Dispõe
após seu uso, serem encaminhadas aos revende- sobre a prevenção à degradação ambiental cau-
dores ou à rede de assistência técnica autorizada. sada por pneus inservíveis e sua destinação
ambientalmente adequada, e dá outras provi-
dências”, disciplina o gerenciamento dos pneus
considerados inservíveis que, dispostos ina-
dequadamente, constituem passivo ambiental,
com riscos ao meio ambiente e à saúde pública.
Um sistema de logística reversa será aplicado
para destinação correta de pneus inservíveis,
estabelecendo que o resíduo é de responsa-
bilidade de fabricantes e importadores. Eles
serão obrigados a coletar e dar destinação
ambientalmente adequada aos pneus na pro-
porção de um para um. Isso significa que a
cada pneu novo comercializado, um inservível
deverá ser recolhido.
76

Carcaças de computadores Canos de cobre, ferro e alumínio


e ar condicionados Podem ser vendidos a sucateiros.
Podem ser comprados para desmonte. Em cida-
des como Curitiba e São Paulo existem empresas Peças mecânicas e baterias de veículos
que recebem esses materiais para o reaproveita- Peças mecânicas de metal devem ser encaminha-
mento ou reciclagem. das aos ferros-velhos ou sucateiros e as baterias
de veículos descarregadas, enviadas ao revende-
Óleos lubrificantes dor. As resoluções nos 257 e 263/99 do CONAMA
Óleos não re-refinados ou não reciclados, de- tratam do tema baterias.
pois de usados, deverão ser acondicionados em
tambores para disposição em aterros industriais Medicamentos com data vencida e
próprios para resíduos perigosos. Em sua compo- resíduos de serviços de saúde
sição há metais e compostos altamente tóxicos e Podem ser encaminhados aos serviços de saúde.
por isso são classificados como resíduos perigo- Leia a Resolução CONAMA nº 358/2005 para
sos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. saber mais a esse respeito.
Leia a Resolução CONAMA nº 9, de 31 de agosto
de 1993, para saber mais a esse respeito. Produtos químicos em geral
Podem ser levados para aterros industriais ou
Carcaças de veículos dispostos em aterros de resíduos perigosos.
Podem ser encaminhadas aos ferros-velhos ou
sucateiros. Entulhos de construção
civil e canos de PVC
Móveis Leia a Resolução CONAMA nº 307/2002 para sa-
Podem ser levados para aterros sanitários ou do- ber mais a esse respeito.
ados às entidades sociais.
Divisórias e cortinas
Quando verificado a impossibilidade de reapro-
veitamento, devem ser encaminhadas aos aterros
sanitários.
77

Ampliando conhecimentos

Mudanças Climáticas
A mudança global do clima é um dos mais significativos desafios da atualidade.
O aquecimento do planeta é o resultado de um processo de acúmulo de gases de
efeito estufa na atmosfera, causado pela interferência humana que está em curso desde
a revolução industrial. O estilo de desenvolvimento seguido pela sociedade priorizou
a utilização de combustíveis fósseis para a produção de energia, que, associado ao
aumento acelerado da mudança no uso da terra, levaram a um significativo incremento
na liberação de gases de efeito estufa para a atmosfera.

O aquecimento global provoca alterações na dinâmica do sistema climático, intensi-


ficando eventos extremos, como secas e tempestades e modificando ecossistemas.
Em 1992, foi assinada a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC)
no âmbito da Organização das Nações Unidas - ONU, em que se definiu o termo
“Mudanças Climáticas” como sendo: a mudança do clima que é atribuída direta ou
indiretamente à atividade humana, que altere a composição da atmosfera mundial
e que se soma àquela provocada pela variabilidade natural do clima observada ao
longo de períodos comparáveis.

Apesar de incerto quanto a sua magnitude, a mudança climática já é reconhecida


como fato pela comunidade científica internacional. Por ser global, o problema requer
o engajamento de todos: comunidade internacional, governos nacionais, governos
locais e regionais, indústrias, setor agrícola, universidades e escolas, organizações da
sociedade civil e indivíduos. Mudanças no estilo de vida, comportamento e padrões de
consumo da população visando a conservação de recursos podem reduzir as emissões
de gases de efeito estufa, contribuindo para o desenvolvimento de uma economia de
baixo consumo de carbono.

Para saber mais:


www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=96&idConteudo=7929
78

O que ainda é possível fazer 4. Melhorar as condições de tratamento


tendo em vista os cenários de seus resíduos sólidos criando
futuros da mudança do clima aterros sanitários que capturem e
A questão da mudança climática é um proble- aproveitem as emissões de metano
ma global que requer o engajamento de todos: para geração de energia;
comunidade internacional, governos nacionais,
5. Aprimorar o saneamento básico,
governos locais e regionais, indústrias, setor agrí-
aproveitando o lodo do esgoto para gerar
cola, universidades e escolas, organizações da
biogás (estudo do potencial de geração de
sociedade civil e indivíduos.
energia renovável proveniente dos aterros
O papel dos governos em nível local como ele-
sanitários nas regiões metropolitanas
mento de estratégia global envolve estratégias
e grandes cidades do Brasil);
de redução das emissões de gases efeito estufa
por meio da inserção da mudança do clima nas 6. Parceria municipal com empresas de
políticas globais, implementação de medidas de serviços de conservação de energia
adaptação à mudança do clima, criação e/ou ex- (contrato de performance);
tinção de subsídios, apoio para que o setor de
7. No setor de transportes:
negócios possa buscar suas próprias soluções
tecnológicas, bem como a busca pelo engaja- •• substituição de combustíveis de veículos da
mento da sociedade civil (conscientização sobre frota oficial (substituição por combustíveis
mudanças necessárias em nossos hábitos de com menos carbono intensivo);
consumo e combate ao desperdício).
•• aumento da oferta de transporte público de
Implementação de planos de ações qualidade – redução de congestionamento,
Alguns Exemplos diminuição de transporte privado
individual e criação de facilidades para
1. Economizar energia e aumentar a eficiência
o uso do transporte não motorizado;
energética em prédios públicos;

2. Estimular o setor privado para a economia 8. No setor da construção civil:


e a maior eficiência no uso da energia;
•• implementação de sistemas de
3. Oferecer melhores opções de aquecimento e refrigeração mais eficientes;
transporte coletivo – investir em infra-
•• • uso de aquecedores solares. Por fim,
estrutura para ciclistas e pedestres;
vale lembrar que quanto menor a emissão,
79

melhor para o Planeta, sendo a mitigação XXI, combater as mudanças climáticas, protegen-
sempre mais eficiente do que compensação. do o meio ambiente; e a oferta de trabalho, como
A maneira mais efetiva de contribuir para forma de inclusão social.
a mitigação do problema do aquecimento O estudo “Empregos verdes: trabalho decente
global é reduzir o consumo e privilegiar em um mundo sustentável e com baixas emis-
produtos ambientalmente sustentáveis. sões de carbono”, da OIT, apresentado em se-
tembro/2008, aponta que 1,5 milhão de brasileiros
O homem, principal ator da degradação ambiental,
estão em atividades dessa natureza. Destes, 500
sofre as conseqüências do desrespeito ao meio am-
mil trabalham com energias renováveis, 500 mil
biente em todas as esferas de sua vida. A mudança
com reciclagem e o restante em reflorestamento,
de postura no relacionamento com o meio ambiente
construções sustentáveis e saneamento, entre ou-
é imprescindível para que haja uma transformação.
tros. Sendo que os setores apontados como mais
Empregos Verdes promissores são reciclagem e biocombustíveis.
Definem-se como empregos verdes aqueles que
reduzem o impacto ambiental das empresas e Lixo Eletrônico
dos setores econômicos até um nível definitivo de No início do século passado, o lixo urbano era
sustentabilidade. Sintetizam a transformação das rico materiais orgânicos. A partir da década de
economias, dos ambientes de trabalho e dos mer- 1980, um novo tipo de componente, quando des-
cados laborais rumo a uma economia sustentável, cartado inadequadamente, tornou-se prejudicial
que proporciona um trabalho decente com baixas ao meio ambiente: o lixo eletrônico. São compu-
emissões de carbono (Programa Empregos Verdes tadores, telefones celulares, televisores e outros
da Organização Internacional do Trabalho – OIT). tantos aparelhos e componentes que, por falta de
Há diversos setores da economia passíveis de destino apropriado, são incinerados, depositados
utilizar empregos verdes: agricultura, indústria, em aterros sanitários ou até mesmo em lixões.
construção civil, energia, transportes, serviços e Estima-se que até 2004 cerca de 315 milhões
na administração. de microcomputadores tenham sido descartados,
A contribuição desse tipo de emprego aplica- 850 mil dos quais no Brasil. Além de ocupar muito
da a cada um desses segmentos é distinta, mas espaço, peças e componentes de microcompu-
significativa para redução do impacto ambiental tadores feitos de metais pesados apresentam
da atividade econômica, para conservar ou res- toxicidade para a saúde humana. O chumbo dos
tabelecer a qualidade ambiental. tubos de imagem, o cádmio das placas e circui-
Os empregos verdes representam a possibilida- tos impressos e semicondutores, o mercúrio das
de de fazer frente a dois dos desafios do século baterias, o cromo dos anticorrosivos do aço e o
80

plástico dos gabinetes são ameaças concretas o uso de energia solar ou das correntes de vento.
que requerem soluções em curto prazo. Na administração pública poucos foram as edifi-
A reciclagem é um dos meios de tratar esses cações projetadas de maneira sustentável. Porém,
resíduos; a outra é a substituição de metais pe- mesmo em um prédio já construído, é possível
sados por outros componentes menos tóxicos. adotar medidas que visem a eficientização dos
Se prevalecer o princípio do “poluidor pagador”, recursos naturais. Algumas medidas que podem
a tendência apontada pela Política Nacional dos ser adotadas são o incentivo a materiais de cons-
Resíduos Sólidos, que está em discussão, é a de trução com certificado de origem que atestem a
que os fabricantes sejam co-responsabilizados produção através de uma cadeia “limpa” na fase
pelos equipamentos descartados e sejam incum- de construção, a adoção de um sistema de rea-
bidos de lhes dar um fim ambientalmente seguro. proveitamento e reuso das águas e a adoção de
um sistema de iluminação eficiente. Essas últimas
Construção Sustentável
medidas podem ser adotadas em qualquer fase
Construção sustentável é um conceito que deno-
da obra inclusive após a construção.
mina um conjunto de medidas adotadas durante
A implantação dessas medidas pode ser adota-
todas as etapas da obra que visam a sustentabi-
da tanto em edifícios em construção como naque-
lidade da edificação. Através da adoção dessas
les já construídos. A instalação dessas medidas
medidas é possível minimizar os impactos nega-
gera uma economia substancial de recursos natu-
tivos sobre o meio ambiente além de promover a
rais contribuindo não apenas para a manutenção
economia dos recursos naturais e a melhoria na
do equilíbrio ambiental como também na redução
qualidade de vida dos seus ocupantes.
de gastos para o setor público.
Uma obra sustentável leva em consideração
todo o projeto da obra desde a sua pré-constru-
ção onde devem ser analisados o ciclo de vida
do empreendimento e dos materiais que serão
usados, passando por cuidados com a geração
de resíduos e minimização do uso de matérias-
-primas com reaproveitamento de materiais du-
rante a execução da obra até o tempo de vida útil
da obra e a sustentabilidade da sua manutenção.
Apesar do tema construções e reformas sustentá-
veis não ser novo, a maioria dos prédios públicos não
foi desenvolvido de forma sustentável com aprovei-
tamento dos recursos naturais como, por exemplo,
81

Rotulagem Ambiental e
Nove princípios da Análise do Ciclo de Vida
Construção Sustentável Rotulagem ambiental é a certificação de que o pro-
duto em questão é apropriado ao uso que se propõe
Segundo os sistemas de certificação que são e apresenta menor impacto ambiental em relação a
referência na área de construção sustentá- outros produtos comparáveis disponíveis no merca-
vel no mundo. BREEAM (Inglaterra), Green do. É conhecida também pelo nome de Selo Verde,
Star (Austrália), LEED (Estados Unidos) e sendo utilizada em vários países inclusive o Brasil.
HQE ( França), existem nove princípios que A rotulagem ambiental busca, com base em
norteiam as diretrizes de uma obra que se informações sobre aspectos ambientais de produ-
proponha a ser ambientalmente equilibrada: tos e serviços, encorajar a demanda por aqueles
que causem menores efeitos nocivos ao meio
1. Planejamento Sustentável da Obra ambiente, estimulando a melhoria contínua da
qualidade ambiental.
2. Aproveitamento passivo Dentre os objetivos da rotulagem ambiental
dos recursos naturais destacam-se:

3. Eficiência energética 1. proteger o. meio ambiente: os programas de


rotulagem pretendem influenciar as decisões
4. Gestão e economia de água dos consumidores de modo a incentivar
a produção e o consumo de produtos
5. Gestão dos resíduos na edificação menos agressivos ao meio ambiente;

2. estimular a inovação ambiental saudável


6. Qualidade do ar e do ambiente interior
na indústria: os programas podem
7. Conforto termo-acústico incentivar o mercado no sentido de
introduzir tecnologias inovadoras e
8. Uso racional de matérias eficientes do ponto de vista ambiental;
9. Uso de produtos e tecnologias 3. desenvolver a consciência ambiental dos
ambientalmente amigáveis consumidores: por se tratar de um meio
idôneo e confiável para dar visibilidade
no mercado de produtos e serviços “eco-
eficientes”, os rótulos ecológicos são um dos
instrumentos mais eficazes para esse fim.
82

A tendência à adoção de mecanismos volun- avaliar e demonstrar sua conformidade. Também


tários de rotulagem ambiental, por parte das in- estabelece os procedimentos de certificação para
dústrias, é mundial. Cada vez mais os atributos a concessão do rótulo.
de ecoeficiência atestados pelo selo verde têm
demonstrado que a rotulagem ambiental é um Rotulagem Tipo II – NBR ISO 14021:
poderoso instrumento de mercado, pois informa Auto-declarações ambientais
aos consumidores os padrões de produção am- Especifica os requisitos para auto-declarações
bientalmente corretos. ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos,
Mesmo não possuindo força legal as normas no que se refere aos produtos. Termos selecio-
estabelecidas por organizações não-governa- nados em declarações ambientais e fornece
mentais se universalizaram. São exemplos as qualificações para seu uso. Descreve uma meto-
séries da ISO 9000 e 14000, sobre qualidade e dologia de avaliação e verificação geral para auto-
proteção ambiental; a British Standard 8800 - BS -declarações ambientais e métodos específicos
8800 e a Occupational Health and Safety Asses- de avaliação e verificação para as declarações
sment Series 18001 - OHSAS 18001, a respeito selecionadas nesta Norma.
de segurança e saúde no local de trabalho; a
Social Account Ability 8000 – SA 8000, sobre Rotulagem Tipo III – ISO 14025:
funcionários e condições de trabalho; a Account Avaliação do ciclo de vida
Ability 1000 - AA 1000, sobre a responsabilidade Princípios e procedimentos orientam os progra-
social de forma geral, inclusive meio ambiente, mas de rotulagem que pretendem padronizar o
e o Global Reporting Initiative - GRI, com ênfase Ciclo de Vida e certificar o padrão do Ciclo de Vida,
em aspectos ecológicos. ou seja, garantindo que os valores dos impactos
A Organização Internacional de Normalização informados são corretos.
(ISO) determinou um conjunto de critérios para No Brasil, a Associação Brasileira de Normas
avaliar os esquemas de rotulagem ambiental, Técnicas - ABNT iniciou, em 1993, o Programa de
conhecida pela série ISO 14020: Rotulagem Ambiental, ainda sob a influência da Rio
92. O estudo relativo a esse programa começou
Rotulagem tipo I – NBR ISO com uma pesquisa sobre os programas de rotula-
14024: Programa Selo Verde gem existentes no mundo para fornecer bases para
Estabelece os princípios e procedimentos para o a formulação de um modelo brasileiro. O modelo
desenvolvimento de programas de rotulagem am- proposto segue o projeto de norma ISO 14024 - Ró-
biental, incluindo a seleção, critérios ambientais tulos e Declarações Ambientais – Rotulagem Am-
e características funcionais dos produtos, e para biental Tipo I - Princípios e Procedimentos. Nesse
83

modelo, que pressupõe uma estrutura participativa, utilizados diretamente pelo homem e, portanto
onde todos os setores interessados podem mani- valorados por sua utilidade direta e muitos de-
festar seus interesses, os estudos são baseados les precificados. No entanto, muitos serviços da
na consideração do ciclo de vida do produto. A natureza são intangíveis, são processos e fluxos
missão do programa é promover a redução da res- lentos e invisíveis, mas extremamente valiosos e
ponsabilidade ambiental e os impactos negativos precisam ser conservados, reconstituídos, recu-
relacionados a produtos e serviços. perados, melhorados.
Os serviços ambientais, conforme os estudos do
Pagamento por Serviços MEA (UN), são funções imprescindíveis prestadas
Ambientais – PSA pelos ecossistemas naturais para a melhoria das
Um programa das Nações Unidas reuniu mais de condições ambientais adequadas à vida, que podem
800 cientistas do mundo inteiro para avaliar o valor ser restabelecidas, recuperadas, mantidas e melho-
dos ecossistemas do mundo e os resultados, (Mil- radas, podendo constituir as seguintes modalidades:
lennium Ecosystem Assessment) publicados há 4 •• a) serviços de provisão: os que
anos, mostram que a vida e o bem estar humano fornecem bens ou produtos ambientais,
dependem do pleno funcionamento dos ecossiste- utilizados pelo ser humano, tais como
mas. Classificou estas funções dos ecossistemas água, alimentos, óleos, látex, madeira e
em quatro categorias: (a) serviços de suporte; fibras, entre outros, obtidos pelo uso e
(b) serviços de aprovisionamento; (c) serviços de manejo sustentável dos ecossistemas;
regulação e (d) serviços culturais.
•• b) serviços de suporte: os que mantêm as
Muitos destes serviços ecossistêmicos ou
condições de vida na Terra, tais como a
ambientais são bens e serviços econômicos
ciclagem de nutrientes, a decomposição
dos resíduos, a produção, a manutenção
e a renovação da fertilidade do solo, a
polinização da vegetação, a dispersão
de sementes, o controle de populações
potenciais pragas, a proteção contra
os raios ultravioleta do sol, o controle
de populações vetores potenciais de
doenças humanas, a manutenção da
biodiversidade, do patrimônio genético;
84

• c) serviços de regulação: os que ajudam na


manutenção dos processos ecossistêmicos, tais
como o seqüestro de carbono e a purificação do
ar pelas plantas, o efeito minimizador de eventos
climáticos extremos, regulação dos ciclos de
água, controle de inundações e secas, controle
do clima e o controle dos processos de erosão;

• d) serviços culturais: os que provêem


benefícios recreacionais, estéticos e espirituais,
incorporados os valores da cultura humana.

O pagamento consiste numa espécie de compen-


sação a uma pessoa que voluntariamente contribuem
para os ecossistemas continuem a prover estes bene-
fícios para o bem estar humano.
Para isto, criam-se pequenos mercados (transação
entre pagador e recebedor de um serviço ambiental)
nas diversas áreas temáticas (água, biodiversidade,
clima), conforme figura. Exemplos no Brasil são inúme-
ros, de projetos que visam a proteção de mananciais
(Extrema-MG, Apucarana-PR, Rib. Guandu-RJ), siste-
ma agroflorestal (Proambiente) e que serão replicados
em escala nacional por meio do Programa Federal de
Pagamento por Serviços Ambientais.
85

Implantando a A3P
na sua Instituição
86

Implantando A A3P na sua Instituição

Onde ocorre e quem participa? implantar a A3P. Para auxiliar neste processo, o Minis-
Desde o seu lançamento, a A3P tem sido im- tério do Meio Ambiente propõe aos parceiros interes-
plementada por diversos órgãos e instituições sados a sua institucionalização por meio da assinatura
públicas das três esferas de governo e dos três do Termo de Adesão, cuja finalidade é integrar
poderes. O Programa foi criado para ser aplicado esforços para desenvolver projetos destinados à
na administração pública, mas pode ser usado implementação da agenda. A assinatura do termo
como modelo de gestão socioambiental por outros demonstra o comprometimento da instituição com a
segmentos da sociedade. agenda socioambiental e com a gestão transparente.
Paralelamente ao termo, a A3P conta, também,
Como a Administração com uma outra forma de participação chamada de
Pública participa da A3P? Rede A3P. A rede é um canal de comunicação
permanente cujo intuito é difundir informações so-
A Responsabilidade Socioambiental se inicia bre temas relevantes à agenda, sistematizar dados
com a decisão da instituição de revisar postu- e informações acerca do desempenho ambiental
ras, atitudes e práticas internas com a finalidade das instituições, incentivar e promover progra-
de consolidar a Agenda Ambiental em sua estru- mas de formação e mudanças organizacionais
tura organizacional. O grande desafio consiste na e, finalmente, proporcionar o intercâmbio técnico
transformação do discurso teórico em ações efeti- entre os participantes, culminando na troca de
vas e a intenção em compromisso. Os princípios experiências entre eles.
da responsabilidade socioambiental requerem, A A3P reconhece o importante papel exercido
portanto, cooperação e empenho em torno de pela administração pública enquanto consumido-
causas significativas e inadiáveis. ra e usuária de recursos naturais e a sua capaci-
A A3P é uma iniciativa que demanda engaja- dade de indução de novos padrões socioambien-
mentos individual e coletivo, a partir do comprome- tais. O atendimento e a satisfação dos interesses
timento pessoal e da disposição para incorporar coletivos, enquanto finalidade da administração
conceitos preconizados, objetivando a mudança pública, faz com que a mesma tenha a obriga-
de hábitos e a difusão do programa. ção de dar o exemplo para todos os setores da
Qualquer instituição da administração pública, de sociedade, promovendo o desenvolvimento e o
qualquer uma das esferas de governo, pode e deve crescimento sustentáveis.
87

Termo de Adesão Rede A3P


O Termo de Adesão é o instrumento pelo qual a A A3P também tem sido implementada por vá-
instituição formaliza seu compromisso em implantar rias instituições públicas através da participação
a A3P. Isso ocorre através da assinatura do termo na Rede A3P. Como um canal de comunicação
entre as partes e por meio da consolidação de um permanente, a rede é utilizada para troca de infor-
Plano de Trabalho acordado junto ao MMA, conten- mações, experiências e intercâmbio técnico entre
do um rol de metas e ações a serem atingidas pela os participantes, culminando na difusão de temas
instituição em prazos diversos. Dessa maneira, de relevantes à agenda ambiental. Dessa forma, mes-
forma cooperativa e integrada, é possível inserir a mo que a instituição interessada não tenha o Termo
variável socioambiental no cotidiano da instituição. de Adesão formalizado junto ao MMA, é possível
entrar em contato com os tópicos que permeiam
Como aderir?
a A3P de maneira a incentivar as mudanças orga-
Para aderir formalmente à A3P, a instituição interessa-
nizacionais internas.
da deve enviar a documentação discriminada abaixo:

Da instituição:
Para participar da
•• Ofício para encaminhamento dos documentos; Rede A3P é muito fácil!
Basta preencher o formulário no site
•• Cópia do comprovante de regularidade fiscal;
www.mma.gov.br/a3p
•• Cópia do comprovante de endereço; ou enviar seus dados contendo:
nome, órgão, setor, e-mail, telefone
•• Plano de Trabalho impresso e em meio digital;
e endereço completo para:
•• Minuta do Termo de Adesão a3p@mma.gov.br.
impressa e em meio digital.

Do representante da instituição no Termo:

•• Cópias autenticadas do RG e do CPF;


•• Cópia autenticada do ato de nomeação;

•• Delegação de competência do representante


em questão para a assinatura de atos
(usualmente a lei orgânica ou o estatuto
da instituição, quando couber).
88

O que cabe às partes, quando da formalização do Termo de Adesão

Ao Ministério do Meio Ambiente cabe: Aos órgãos e entidades da União, estados, Distrito
•• Como órgão federal, fazer cumprir a política nacional Federal, municípios, agências nacionais, autarquias e
e as diretrizes fixadas para o meio ambiente; fundações instituídas pelo Poder Público que compõem
•• Promover intercâmbio técnico para o SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, bem
difundir informações sobre os objetivos como às empresas estatais e de economia mista, cabe:
e a metodologia de implementação da A3P; •• Criar comissão multi-setorial que será
•• Incentivar ações de combate ao desperdício responsável pela implementação das ações
e à minimização de impactos ambientais, diretos de melhoria do desempenho ambiental;
e indiretos, gerados pela atividade pública; •• Realizar, com a participação dos servidores, diagnóstico
•• Estimular a excelência na gestão ambiental, interno para identificar os aspectos ambientais mais
que consiste na conservação racional dos relevantes da instituição a serem abordados;
recursos naturais e a proteção contra a degradação •• Executar políticas e diretrizes fixadas para
ambiental, bem como a preferência por produtos a preservação do meio ambiente;
e serviços com diferenciais ecológicos; •• Desenvolver, no âmbito da instituição, a gestão adequada
•• Incentivar e promover programas de formação dos resíduos, a minimização de impactos ambientais
e mudanças organizacionais visando reduzir diretos e indiretos gerados pelas atividades administrativas,
os impactos ambientais decorrentes das atividades a promoção de uma gestão ambiental qualitativa, bem
administrativas. Sistematizar os dados sobre como projetos e ações de combate ao desperdício;
o desempenho dos órgãos parceiros, •• Estabelecer ações de substituição de insumos
facilitando a mensuração da exata contribuição e materiais que possam causar danos ou riscos à
da agenda ambiental para a melhoria do saúde do servidor, do entorno e ao meio ambiente.
desempenho ambiental do governo; •• Desenvolver um cronograma de avaliações periódicas
que permita esboçar a etapa em que se encontram as
ações previstas, bem como
a ampla divulgação dos resultados obtidos;
•• Promover campanhas educativas e de formação de
educadores que estimulem o envolvimento e conscientização
de todo o quadro de pessoal acerca da causa ambiental;
•• Despertar a responsabilidade do servidor
público no que se refere ao uso correto dos
bens e serviços da administração pública;
•• Especificar, sempre que possível, que o objeto licitado
contenha requisitos de qualidade ambiental.
89

Passo a passo para


implantar a A3P 2º Passo:
Realizar diagnóstico ambiental
Alguns passos iniciais devem ser seguidos pe-
las instituições interessadas em implantar a A3P. Mapear os gastos da instituição com
A descrição destes passos se encontra porme- energia, água, papel, plástico, materiais
norizada a seguir: de expediente, entre outros;

1º Passo: Realizar um levantamento dos programas


Criar e regulamentar existentes sobre qualidade de vida no
a Comissão Gestora da A3P ambiente de trabalho, saúde e segurança do
trabalhador, descarte de resíduos, licitações
Formar e estabelecer a comissão gestora sustentáveis, capacitação e sensibilização;
de implantação e acompanhamento do
programa, com servidores de diferentes Avaliar os recursos físicos e financeiros
setores da instituição, encarregada de propor, disponíveis para a efetivação programa;
implementar e monitorar as medidas de
Promover pesquisa de opinião pública
desenvolvimento da A3P, bem como controlar
junto aos servidores sobre a importância
e divulgar as informações mais relevantes;
da agenda para a instituição;

Criar subcomissões nas filiais da instituição, Elaborar questionário que possibilite um


quando houver, com a presença de levantamento das práticas dos servidores relativas
servidores do próprio local; ao consumo e ao descarte de materiais;

Regulamentar a comissão por meio de Identificar pontos críticos e possíveis


instrumento legal pertinente, no qual conste problemas, bem como suas causas, que
o nome de cada um dos servidores e sua permitam avaliar as facilidades e dificuldades
respectiva área de atuação na instituição. na implantação do programa.

A Comissão Gestora tem papel fundamental na O objetivo do diagnóstico é direcionar as melhores


implementação das ações da A3P, pois, através de medidas a serem implantadas na instituição, tomando
seus membros, que são representantes dos diversos por base levantamentos e pesquisas que considerem
setores e áreas da instituição, o planejamento, as necessidades da mesma, de forma a mapear seus
a execução e o monitoramento dos resultados gastos como um todo, bem como coletar informações
acontecem de forma participativa. relevantes e atinentes à A3P junto aos servidores.
90

3º Passo: 4º Passo:
Desenvolver projetos e atividades Mobilização e Sensibilização
Definir, a partir do diagnóstico e metodologia Apresentar aos funcionários o resultado do
participativa, as atividades e projetos diagnóstico, com a participação dos dirigentes,
prioritários para implantação da A3P; comparando os gastos apurados internamente ante
aos de outras instituições que aderiram a A3P;
Elaborar o Plano de Trabalho contendo as
ações prioritárias, os objetivos, as metas e os Expor os impactos que o desperdício pode causar
recursos físicos e/ou financeiros necessários; ao meio ambiente e aos cofres públicos;

Organizar um calendário de execução Apresentar os resultados do questionário e abrir


das ações, adequando-as às metas pré- um espaço para o debate sobre os mesmos;
estabelecidas no Plano de Trabalho;
Convidar um representante do MMA para apresentar
Definir os indicadores para acompanhamento o programa A3P e comentar rapidamente sobre
e aprimoramento de cada uma das atividades; as instituições que já efetuaram a sua adesão;

Envolver o maior número de Convidar um representante(s) da(s) cooperativa(s)


colaboradores e áreas de trabalho; de material reciclável a expor os trabalhos
dos cooperados vinculados a ela(s);
Implantar as ações.
Realizar apresentações culturais (música, teatro e/
É fundamental que a Comissão Gestora, após a ou outros) que se relacionem com o trabalho
avaliação efetuada no diagnóstico, elabore um Plano da A3P, com distribuição de kits (coletores,
de Trabalho contendo, de forma documentada, bloco de papel reutilizado e outros);
os objetivos do projeto de implantação da A3P, as
ações a serem realizadas, as metas mensuráveis e Incentivar o debate entre os principais envolvidos com
os recursos físicos e financeiros necessários, todos
o programa a fim de aprimorar a A3P na instituição;
dentro de um cronograma de execução coerente.
A organização dos dados deve ser feita a partir de
um escopo que permita o cômputo posterior do Divulgar as melhorias obtidas após a implantação do
desempenho da ações. Dessa maneira, busca-se programa, estimulando os servidores a replicá-las.
elencar e ordenar as medidas a serem inseridas no
Plano de Trabalho da A3P, de acordo com a realidade
institucional apurada.
91

5º Passo:
Avaliação e Monitoramento

Realizar reuniões periódicas para


gerenciar o atingimento das metas
elencadas no Plano de Trabalho;

Avaliar, sistematicamente, as ações implantadas,


identificando falhas e corrigindo-as;

Analisar o desempenho ambiental


decorrente da implantação das ações,
usando o rol de indicadores previamente
definido para auxiliar nesta etapa;

Reforçar procedimentos exitosos;

Identificar ações de controle.

Para o sucesso da implementação das O monitoramento contínuo e a avaliação


ações da A3P, definidas no Plano de Trabalho, periódica permitem que sejam identificados
principalmente no que tange às mudança os pontos críticos, as melhorias indispensáveis
de hábitos e atitudes, é imprescindível que e o os procedimentos exitosos, de forma a indicar
os servidores estejam sensibilizados para as necessidades e prioridades para replanejar
a importância da Agenda. Assim, há um as atividades. O monitoramento necessita de
envolvimento mais significativo de cada um conjunto de indicadores para mensurar os
indivíduo no processo. avanços atingidos.
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Sugestões de Ações para Implantação

Uso Racional dos Recursos Naturais / Combate ao Desperdício

Consumo de papel
• Fazer levantamento e acompanhamento do consumo
de papel usado para impressão e cópias;
• Realizar levantamento das impressoras que precisam
de manutenção ou substituição;
• Realizar impressão de papel frente e verso;
• Confeccionar blocos de anotação (com papel usado só de um lado);
• Utilizar papel não-clorado ou reciclado.

Consumo de energia
• Adotar as diretrizes propostas pelo programa Procel – Prédios Públicos que visa
promover a economia e o uso racional da energia elétrica nas edificações públicas;
• Fazer diagnóstico da situação das instalações elétricas e
propor as alterações necessárias para redução do consumo;
• Realizar levantamento e acompanhamento do consumo de energia;
• Propor implantação de sensores em banheiros;
• Promover campanhas de conscientização;
• Desligar luzes e monitores na hora do almoço;
• Fechar as portas quando ligar o ar condicionado;
• Aproveitar as condições naturais do ambiente de trabalho – ventilação, luz solar;
• Desligar um dos elevadores em horários específicos.
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Consumo de copos plásticos Consumo de água


• Promover campanhas • Realizar levantamento sobre a
de conscientização para situação das instalações hidráulicas e
uso de copos individuais proposição das alterações necessárias
não-descartáveis; para redução do consumo;
• Disponibilizar copos • Realizar levantamento e acompanhamento
permanentes para do consumo de água;
todos os servidores.
• Promover campanhas de conscientização
para o não desperdício da água.

Gestão de Resíduos

Implementação da coleta seletiva


• Promover a implantação da coleta seletiva (de acordo
com a Resolução do CONAMA nº 275 de 25 de
abril de 2001 que estabelece código de cores para
diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva);
• Promover a destinação correta dos resíduos coletados.

Adequação ao Decreto Presidencial Nº 5.940 de 25/10/2006


• Instituir uma comissão setorial de coleta seletiva com
um representante por unidade e envolver outras instituições
alocados no mesmo prédio ou condomínio;
• Realizar doação de materiais recicláveis para
cooperativas de catadores de lixo.

Destinação adequada dos resíduos perigosos


• Direcionar corretamente os resíduos de saúde, lâmpadas fluorescentes, etc.
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Sensibilização e Capacitação
Elaborar plano de capacitação e formação da Comissão Gestora da A3P
• Realizar campanha de sensibilização dos servidores com
divulgação na intranet, cartazes, etiquetas e informativos;
• Promover a capacitação e sensibilização por meio
de palestras, reuniões, exposições, oficinas, etc;
• Produzir informativos referentes a temas
socioambientais, experiências bem-sucedidas
e progressos alcançados pela instituição.

Qualidade de Vida no Licitações Sustentáveis


Ambiente de Trabalho
Propor que, sempre que possível,
Implantar programas de qualidade sejam feitas aquisições de bens
de vida, saúde e segurança e materiais; contratações de
no trabalho como por exemplo: serviços e projetos ambientalmente
sustentáveis como por exemplo:
• Implantar programa de prevenção
de riscos ambientais; • Comprar impressoras que
imprimam em frente e verso;
• Instituir comissão de prevenção de
acidentes e brigadas de incêndio; • Incluir no contrato de reprografia a impressão
dos documentos em frente e verso;
• Realizar manutenção ou substituição
de aparelhos que provocam • Comprar papel não-clorado ou reciclado;
ruídos no ambiente de trabalho;
• Incluir nos contratos de copeiragem e serviço
• Promover atividades de integração de limpeza adoção de procedimentos que
no local de trabalho e qualidade promovam o uso racional dos recursos
de vida como: ginástica laboral, (item I) e a capacitação dos funcionários
oficinas de talento, etc. para desempenho desses procedimentos.
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Anotações

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