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Diretor Industrial
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Gerente Editorial
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Conselho Editorial
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Cristiano de Jesus Ferronato
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João Augusto Gama da Silva
José Anselmo de Oliveira
Jussara Maria Moreno Jacintho
Luciano Correia dos Santos
Ricardo Oliveira Lacerda de Melo
Aracaju
2015
Copyright©2015 by Rosa Fátima de Souza / Antonio Carlos Ferrera Pinheiro /
Antônio de Pádua Carvalho Lopes
CAPA
Felipe Ferreira
DIAGRAMAÇÃO
Breno Ilan
REVISÃO
Rosilene Santos
PRÉ-IMPRESSÃO
Marcos Nascimento
H673
ISBN 978-85-63318-57-2
CDU 37(091)
Editora filiada
Sindicato Nacional
dos Editores de Livros
PREFÁCIO....................................................................................................... 9
APRESENTAÇÃO........................................................................................ 15
Referências..................................................................................................... 24
13
APRESENTAÇÃO
2 Projeto Integrado de Pesquisa apresentado ao CNPq para solicitação de Auxílio à Pesquisa – Edital
Universal MCT/CNPq n° 014/2010.
História da Escola Primária no Brasil
lo deste livro, escrito por José Carlos Souza Araújo, Vera Teresa Valde-
marin e Rosa Fátima de Souza e intitulado: A contribuição da pesquisa em
perspectiva comparada para a escrita da história da escola primária no Brasil:
notas de um balanço crítico, realiza uma reflexão crítica sobre os percalços
e avanços dessa pesquisa de âmbito nacional sobre a história compara-
da da escola primária no Brasil, expondo uma revisão dos fundamentos
que nortearam as análises da equipe de investigadores e apresentando
algumas interpretações sobre os resultados obtidos.
Podemos aqui salientar que este livro é composto, mesmo que não
esteja em sua estrutura formal, por trabalhos que realizaram as suas
análises a partir da perspectiva da História Cruzada que emergiu no
transcurso do desenvolvimento da pesquisa como uma possibilidade
de comparação. Há, entretanto, outros que realizaram comparações a
partir de outros parâmetros conceituais tais como: o de republicanismo,
federalismo e cidadania, expansão escolar e matrículas nas instituições
públicas, ou ainda tomando como referência os de representação, lugar
de memória e escolarização.
Nesta obra também se encontram estudos em que os seus autores
procuraram aprofundar especificidades acerca, por exemplo, da arqui-
tetura escolar e da circulação de princípios da Escola Nova no ensino
da leitura e nos livros escolares. Tais estudos abrem outras e amplas 19
possibilidades para futuras análises comparativas.
No texto A escola primária segundo as Mensagens dos Presidentes da
República e dos Governadores de São Paulo, Minas Gerais e Goiás entre 1930 e
1961: propósitos comuns e desafios, José Carlos Souza Araújo, Rosa Fátima
de Souza e Rubia-Mar Nunes Pinto problematizam a relação existente
entre educação, republicanismo, federalismo e cidadania, no período de
1930 a 1961, por meio do exame do discurso das figuras políticas men-
cionadas no título, destacando tanto o papel social e político da educa-
ção pública sob responsabilidade do Estado-Nação quanto dos estados
que compõem a federação brasileira.
O capítulo escrito por Alessandra Cristina Furtado, Analete Regina
Schelbauer e Elizabeth Figueiredo de Sá, intitulado: Escola primária rural:
caminhos percorridos pelos estados de Mato Grosso e Paraná (1930-1961), dis-
cute a respeito das ruralidades impressas nos estados de Mato Grosso e
Paraná, com a finalidade de alcançar nuances do papel atribuído à esco-
la rural nestes estados, bem como da escolarização ofertada à infância,
que teve como palco de seu desenvolvimento as áreas rurais. O investi-
mento da análise incide, ao mesmo tempo, na compreensão das diferen-
ças e similaridades entre a escolarização da infância da zona rural, nos
estados mencionados, e também na busca por ir além das realidades e
dos fatos, ao procurar compreender como se constituíram os problemas
que ainda hoje permeiam as realidades rurais em nosso país, intentando
História da Escola Primária no Brasil
Os organizadores
23
Referências
SOUZA, Rosa Fátima de; SILVA, Vera Lucia Gaspar da; SÁ, Elizabeth
Figueiredo de. Por uma teoria e uma história da escola primária no
Brasil. Investigações comparadas sobre a escola graduada (1870–1930).
Cuiabá, MT: EdUFMT, 2013.
1 Esse projeto incidiu sobre a história da escola graduada em 15 estados brasileiros – Acre, Maranhão,
Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato
Grosso, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, envolvendo a participação de 27 pesqui-
sadores doutores pertencentes a 17 Programas de Pós-Graduação do país: (UNESP/Araraquara; UFF,
UFAC, UFPB, UFPI, UFMA, UFRN,UFS, UFBA,USP, UFPel, UFPR, UDESC, UFU, UFMG, PUC-MG/
Poços de Caldas, UFG, UFMT). Processo CNPq n° 480462/2007-0 (Edital Universal/2007 – Faixa C).
História da Escola Primária no Brasil
‘sentido histórico dos fatos’ [...]”. Nessa direção, em outro texto, Nóvoa
e Mashal (2003) afirmam que o foco da educação comparada deve ser
não os fatos ou as realidades, mas os problemas. Somente os problemas
constituem a base de comparações complexas, problemas que estão an-
corados no presente, mas que possuem uma história, problemas que são
localizados e relocalizados no tempo e no espaço, através de processos
de transferência, circulação e apropriação, problemas que podem ser
elucidados mediante a adoção de novas zonas de observação inscritas
em espaço delimitado por fronteiras e significados e não somente por
fronteiras físicas (NÓVOA; MASHAL, 2003).
No âmbito da História Comparada, surgiram, nas duas últimas
décadas, várias abordagens: História Cruzada, Histórias Conectadas,
World History, Global History e Big History (para a uma discussão des-
sas locuções, cf. BARROS, 2014). Enquanto a maioria das abordagens en-
fatiza a comparação entre nações, a História Cruzada volta-se também
para uma discussão teórico-metodológica sobre o uso da comparação na
pesquisa histórica e evoca a pluralidade relacionando, geralmente em
escala nacional, formações sociais, culturais e políticas, admitindo des-
de o início que elas mantêm relações entre si. Esta abordagem convida
ao questionamento da historicidade dos objetos e dos procedimentos de
análise, assinalando-os como um empreendimento auto reflexivo gera-
30 dor de sentidos e, segundo Werner e Zimmermann (2003), pertencendo
à família dos procedimentos relacionais que indaga sobre os laços exis-
tentes entre diferentes formações sociais historicamente constituídas.
As indicações metodológicas, segundo esses autores, devem levar
a um triplo procedimento de historicização: do objeto, das categorias
de análise e das relações entre o pesquisador e o objeto de pesquisa.
Assinalam que, seja qual for a escolha do nível da comparação (região,
Estado-Nação, civilização), nenhuma dessas escalas é rigorosamente
unívoca ou generalizável. Por isso, a definição das escalas provoca efei-
tos sobre a definição dos objetos de comparação.
A Educação Comparada e a História Comparada se instituíram
considerando as nações como escala predominante de comparação. A
comparação em âmbito nacional – tomada como objeto de estudo nos
projetos de pesquisa aqui mencionados, com incidência sobre as uni-
dades territoriais brasileiras – apresenta-selegitimamente justificável
pelo fato de que interpretações largamente estabelecidas na historio-
grafia deixaram de considerar diferenças que os estudos mais recentes
têm evidenciado. Nessa perspectiva, em torno dos termos nação, es-
tado e região torna-se imperiosa uma problematização dos conceitose
dos sentidos simbólicos e políticos neles implicados.
Essa precisão conceitual está em consonância com o objetivo dese-
jável de historicizar o objeto de pesquisa. O termo região é polissêmico
Capítulo 1
dade, no caso aqui a escola primária. A explicação, por sua vez, signifi-
ca etimologicamente, esclarecimento, elucidação, tendo em vista tornar
claro ou inteligível um dado objeto. E a interpretação visa, etimologi-
camente, determinar o significado preciso ou dar sentido a, ou mesmo
julgar; ela tem em seu horizonte um conjunto de acontecimentos, o que
implica escolha de características históricas dominantes e centrais.
Tais eixos – as unidades lógico-metodológicas e os níveis de conhe-
cimento – se encadeiam, somados a algumas técnicas de pesquisa, para
lançar luzes sobre a movimentação histórico-educacional do objeto em
pauta, no caso a escola primária, em vários estados desde os meados do
século XIX aos meados do século XX; tal pesquisa se constituiu em torno
de diferentes modos de ser da escola primária, o que incluiu, geralmen-
te, a escola isolada, a escola reunida, o grupo escolar e a escola-modelo
(esta designava o grupo escolar em anexo a uma Escola Normal).
Contextualmente, o legado advindo do período imperial, mais co-
nhecido por escola isolada, se caracterizava como unitária, não seriada e
não graduada. Por sua vez, o grupo escolarresulta de um agrupamento
de escolas isoladas masculinas e femininas, estabelecendo-o em regime
graduado e seriado; entretanto, também no período republicano, um
outro modo de ser da escola primária foi denominado por escola reuni-
da, ou seja, não era nem agrupada, nem isolada, porém significava um
passo em transição para a constituição de um grupo escolar. 33
Certamente, sobretudo no período republicano desde o seu nas-
cimento, revela-se, em relação à escola primária, a busca do novo, do
moderno, mas a fim de superar o atrasado, o antigo. Porém, a tensão ou
talvez o antagonismo e mesmo a oposição entre o novo e o velho perma-
necerão por muito tempo até décadas recentes, mais próximas do final
do século XX, como é o caso das escolas isoladas rurais.
Trata-se, na verdade, de uma antítese materializada em torno
dos modos de ser da escola primária: o novo – grupo escolar – se ma-
nifesta, mas não anula o velho; o novo irá tomando corpo, mas o ve-
lho permanecerá por várias décadas ao lado do novo, constituindo-
se como resistência,masfirmado em umestado de incompatibilidade
com o novo. Para abusar dos sinônimos, pode-se inclusive considerar
que houve necessariamente uma contraposição entre o novo e o ve-
lho, mas que não eliminou a convivência dos modos de ser da escola
primária fundados na justaposição e na contiguidade.
É sob esse foco que cabe compreender o movimento em que andou
a escola primária desde o início dos tempos republicanos no Brasil. Com
certeza, os estados focalizados pelos dois projetos, em diferentes con-
junturas, são diferenciados em vários aspectos, mas mesmo assim a as-
piração por uma escola melhor estruturada – como é o caso do grupo
escolar e da escola-modelo – encontra-se sintonizada, pelo menos do
História da Escola Primária no Brasil
40
Referências
SILVA, Vera Lucia Gaspar da; PETRY, Marília Gabriela. (Orgs.). Objetos
da Escola: Espaços e lugares de constituição de uma cultura material
escolar (Santa Catarina – Séculos XIX e XX). Florianópolis: Insular, 2012.
SOUZA, Rosa Fátima de; SILVA, Vera Lucia Gaspar da; SÁ, Elizabeth
Figueiredo de. Por uma teoria e uma história da escola primária no
Referências
2 Parte desse período da Segunda República é importante pelos seguintes aspectos: 08/11/1930 – Posse
de Getúlio Vargas; a 14/11/1930, criação do Ministério da Educação e Saúde; a 11/04/1931, criação do
Conselho Nacional de Educação; criação da Diretoria Nacional de Educação pelo decreto n. 24.439, de
12/06/1934; instalação da Assembleia Constituinte de 15/11/1933, que durou até 16/07/1934, quando foi
promulgada a Constituição.
Capítulo 2
Ano de envio
Governadores Período de governo
das mensagens
Benedito Valadares 15/12/1933 a
1935, 1936, 1937
Ribeiro (interventor) 04/11/1945
Milton Soares 19/03/1947 a
1947, 1948, 1949, 1950
Campos 31/01/1951
Juscelino Kubitschek 31/01/1951 a
1951, 1952, 1953, 1954, 1955
de Oliveira 31/03/1955
José Francisco 31/01/1956 a
1956, 1957, 1958, 1959.
Bias Fortes 31/01/1961
História da Escola Primária no Brasil
3 Somente com a Constituição Brasileira de 1934, o Território do Acre passa a integrar a estrutura fe-
derativa brasileira. Na Constituição referida, no “Art 1º - A Nação brasileira, constituída pela união
perpétua e indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios em Estados Unidos do
Brasil, mantém como forma de Governo, sob o regime representativo, a República federativa procla-
mada em 15 de novembro de 1889.” (BRASIL, 1934).
História da Escola Primária no Brasil
a Constituição de 1934, Art. 150, § único, letra c, estabelece que o Plano Na-
cional de Educação obedecerá a seis normas; dentre elas, a “c) liberdade de
ensino em todos os graus e ramos, observadas as prescrições da legislação
federal e estadual”.
Esse capítulo se organiza em torno de alguns eixos temáticos pre-
sentes nas Mensagens em apreço, e estruturados após a leitura e estudo
das mesmas tendo em vista uma preocupação com a categorização, ou
seja: trata-se de, organizadamente, hierarquizar e compor as ideias que
estruturam os conteúdos das mesmas. Eis os eixos temáticos: a) A edu-
cação do povo, uma diretriz entre outras para o progresso; b) O sistema
educativo como instrumento para a democracia e para a igualdade de
oportunidades; c) A educação nacional, condição indispensável para a
construção da nacionalidade; d) O magno problema da disseminação
do ensino primário nas zonas rurais; e) A relação entre União, estados e
municípios na expansão e institucionalização da escola primaria; e f) As
estatísticas educacionais.
que importava, também, em operar como instrumento de fixação do homem no campo” (NAGLE,
1974, p. 234).
7 Em relação ao ensino típico rural, vale assinalar a conceituação exposta pelo governador paulista Jânio
Quadros, em mensagem de 1957: “O ensino típico rural é uma modalidade de ensino especializado
para a criança da roça. Além de programa próprio, relativo ao aprendizado das atividades agrícolas
e higiene rural, caracteriza-se por ser ministrado nos grupos rurais mediante um sistema de estudo
teórico-prático, que leva o estudante a comparecer à escola nos dois períodos, da manhã e da tarde. Re-
veste-se esse menino, por esse fato, de rico conteúdo educativo, como curso de preparação da criança e
do adolescente, para as atividades rurais e o convívio social da zona agrícola, em que reside. Constitui
tal ensino uma das faces da solução do problema da educação rural, de tão capital interesse para a
economia do Estado e o seu progresso político-social” (SÃO PAULO, 1957, p. 63).
História da Escola Primária no Brasil
Fonte: IBGE8
ARAÚJO, José Carlos S.; SOUZA, Rosa Fátima de; PINTO, Rubia-Mar
Nunes (Orgs.). Escola primária na Primeira República (1889–1930):sub-
sídios para uma história comparada. Araraquara: Junqueira & Marin,
2012.
SOUZA, Rosa Fátima de; SILVA, Vera Lúcia Gaspar; SÁ, Elizabeth Fi-
gueiredo de. (Orgs.). Por uma teoria e uma história da escola primária
no Brasil:investigações comparadas sobre a escola graduada (1870–
1930). Cuiabá: EdUFMT, 2013.
101
3.
ESCOLA PRIMÁRIA RURAL:
Caminhos percorridos pelos estados de Mato
Grosso e Paraná (1930–1961)
Viver na zona rural não era algo fácil, porém muito mais difícil era
sair da capital para lecionar. Primeiramente, as distâncias eram grandes
e os meios de transporte, precários, como relatam as professoras:
Porto-Murtinho 04
Nioaque 01
Herculânea 09
Campo-Grande 12
Paranaíba 04
Ponta-Porã 03
Poxoreu 05
Três Lagoas 04
Entre Rios 02
Alto-Araguaia 03
Guajará-Mirim 06
Araguaína 07
Lageado 02
Maracajú 02
Dourados 65 Sidrolândia 03
Itaporã 03 Torixoreu 01
Itiquira 01 Tesouro 02
Jaraguai 07 Terrenos 02
Fonte: Mato Grosso – APMT (1955).
Em
Grupoescolar rural Valinhos 2 salas e residência
andamento
Em
Grupo escolar rural Rio Azul 6 salas
andamento
Em
Grupo escolar rural São Mateus 8 salas
andamento
Em
Grupo escolar rural Guarapuava 8 salas
andamento
Em
Grupo escolar rural Palmas 8 salas
andamento
Em
Grupoescolar rural Ingá 6 salas
andamento
Em
Grupo escolar rural Bom Jardim 4 salas
andamento
Em
Grupoescolar rural Cerro Azul 4 salas
andamento
Em
Grupoescolar rural Porto Vitória 2 salas e residência
andamento
Em
Grupoescolar rural Pato Branco 2 salas e residência
andamento
Em 127
Grupo escolar rural Três Bicos 2 salas e internato
andamento
Em
Grupoescolar rural Laranjeiras 2 salas e internato
andamento
Fonte: Relatório 1940–1941 (PARANÁ, 1941).
Cambé, em Saltinho - -
Cambé, Fazenda Santa Cândida - 1
Carlópolis - 1
Clevelândia - região Oeste - -
Foz do Iguaçu - região Oeste - -
Laranjeiras do Sul - região Oeste - -
Mangueirinha - região Oeste 12 -
TOTAL 13 6
Natureza
Localidade Construídas
da obra
Abatiá, em Água das Pedras Madeira -
Andirá, em Moacyr Correia - -
Assaí, em Saltinho - -
Bela Vista do Paraíso - -
Cambará - -
Cambé, em Saltinho Madeira 1
Cambé, Fazenda
- -
Santa Cândida
Carlópolis - -
Clevelândia - região Oeste madeira, c/ 1 sala 7 129
Foz do Iguaçu - região Oeste madeira, c/ 1 sala 8
Laranjeiras do Sul - região Oeste madeira, c/ 1 sala 10
Mangueirinha - região Oeste madeira, c/ 1 sala 4
TOTAL 30
Fonte: Paraná (Relatório, 1950a).
130
137
Referências
ARAÚJO, José Carlos; SOUZA, Rosa Fátima de; NUNES PINTO, Ru-
bia-Mar. A escola primária e o ideário republicanista nas mensagens
dos presidentes de estado: investigações comparativas (1893–1918). In:
SOUZA, Rosa Fátima de; SILVA, Vera Lúcia Gaspar da; SÁ, Elizabeth
Figueiredo de. (Orgs.). Por uma teoria e uma história da escola pri-
mária no Brasil. Investigações comparadas sobre a escola graduada
(1870–1930). Cuiabá: Edufmt, 2013, p. 105-146.
OLIVEIRA, Benícia Couto de. (Org.). Histórias que (re) contam his-
tória: análise do povoamento, colonização e reforma agrária do sul de
Mato Grosso do Sul. Dourados: Ed. UFGD, 2013.
ner, 1952.
SOUZA, Rosa Fátima de; ÁVILA, Virgínia Pereira da Silva (Orgs.). Re-
presentações, práticas e políticas de escolarização da infância na zona
rural (Dossiê). In: História da educação[Online]. Porto Alegre, v. 18,
nº 43, p. 9-11, maio/ago. 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/
pdf/3216/321630678001.pdf Acesso em: 10 dez. 2014.
História da Escola Primária no Brasil
Introdução
173
Considerações finais
BRASIL. Ofício n.º 145, de 9 de abril de 1945. In: DANTAS, Andréia Ma-
ria Lopes. A gestão Lourenço Filho no Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos e a organização da Revista Brasileira de Estudos Peda-
gógicos: o impresso como dispositivo de assessoria técnica. Disponível
em: <http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/tema4/0486.pdf>.
Acesso em: 22 set. 2013.
tas. Diário Oficial [do] Estado do Rio Grande do Norte, Poder Executi-
vo, Natal, p. 5, 3 jun. 1951.
nando no seu art. 120 que o ensino primário deve ser obrigatório com
gratuidade de material escolar, inclusive livros, para alunos reconheci-
damente pobres.
Na Bahia, na gestão de Anísio Teixeira como Secretário da Educação,
no ano de 1947, o anteprojeto da Lei Orgânica de educação do estado, que
não foi aprovado, regulamentava que toda criança entre sete e 12 anos de
idade ficaria obrigada a frequentar a escola pública em que for matricu-
lada pela autoridade escolar, durante o período de cinco anos, sob a res-
ponsabilidade dos pais ou responsáveis, sob pena de multa ou até mesmo
suspensão do pátrio poder, no caso de descumprimento.
Quanto à proporção entre as escolas isoladas e grupos escolares
observa-se, nos três estados, que os grupos escolares apareciam em nú-
mero sempre inferior ao de escolas isoladas. Observando a situação ma-
ranhense em 1942, dos 44 municípios sobre os quais a Diretoria da Ins-
trução Pública dispunha de informações, contabilizava-se a existência
de 28 grupos escolares, sendo 12 deles localizados na capital e 16 em 14
municípios. Sendo assim, do universo de 44 municípios apresentados,
29 deles não possuíam nenhum grupo escolar, estando, portanto, des-
providos da escola colocada como o padrão ideal de qualidadeno Ma-
ranhão, desde o início do século XX. Bom lembrar que se comparamos
esses dados com o universo real de número de municípios do Maranhão
204 no período, a disparidade torna-se ainda maior. Nessa época, o Mara-
nhão possuía 652 municípios, o que indica ausência desse tipo escolar na
grande maioria do estado. Do total de municípios que possuíam grupos
escolares (15, excluindo a capital), apenas Caxias possuía dois grupos
escolares, enquanto que os demais (14 restantes) possuíam apenas um
grupo por município. Em 1947, o percentual de grupos escolares sofreu
significativa ampliação, atingindo o número de 60 escolas, enquanto
que havia 91 escolas reunidas, e 579 escolas isoladas. (MARANHÃO,
Mensagem, 1948).
Esse quadro é peculiar também no Acre. No ano de 1942, em sete mu-
nicípios acreanos (Rio Branco, Xapuri, Brasília, Sena Madureira, Cruzeiro
do Sul, Feijó e Seabra) havia oito grupos escolares. Somente o município de
Rio Branco, capital do Território, possuía duas dessas escolas, em contra-
partida, funcionavam 104 escolas isoladas distribuídas no Território (COS-
TA, 1942apud GINELLI, 2008). Em 1947, observa-se uma diversificação de
escolas, embora as escolas isoladas ainda permanecessem como maioria,
sendo em número de 75, 09 grupos escolares, 03 escolas reunidas, 03 es-
colas noturnas. Além dessas, não podem ser desconsideradas 65 escolas
primárias e normais regionais, mantidas pelo governo territorial sob a res-
ponsabilidade dos municípios (CASTRO, 1947 apud GINELLI, 2008).
208
Referências
213
6.
EXPANSÃO DA ESCOLA PRIMÁRIA,
HISTÓRIA COMPARADA ENTRE
SERGIPE E PARANÁ (1930–1961):
Entrecruzando olhares
Introdução
É preciso que a Educação Comparada seja um meio de compreender
o outro [...] a comparação em educação é uma história de sentidos e
não de arranjo sistematizado de factos: os sentidos que as diferentes
comunidades dão às suas acções e que lhes permitem construir e
reconstruir o mundo. (ANTÓNIO NÓVOA, 2009, p. 83.).
1 Neste aspecto há espaço, embora não possamos aprofundar, para diálogo intradisciplinar (BARROS,
2007), com as modalidades históricas econômica e demográfica.
História da Escola Primária no Brasil
Nº no Interior 227 01
Total 247 01
Fonte: Sergipe (Mensagem, 1930, p. 37).
3 A esses dados está contida, no texto da mensagem referencia à existência de dois grupos escolares
noturnos para operários que funcionam nos prédios dos grupos escolares Tiradentes e Xavier da Silva.
Tudo indica tratar-se de duas classes, por isso não os consideramos como unidades escolares propria-
mente ditas, por funcionarem no interior de duas unidades existentes, ainda que no texto haja indica-
ção de 12 unidades de grupos escolares na capital.
4 Contava o Paraná nessa época com 58 municípios, significando dizer que, em dezenove deles não
havia Grupo Escolar.
Capítulo 6
Tipo Localidade Nº
Escolas Públicas Isoladas 1ª entrância (Povoados) 164
2ª entrância (Vilas) 52
224 3ª e 4ª entrância
39
(Cidades Capital)
Escolas Municipais 48
Escolas Particulares 53
Colégios na capital com cur-
5
sos primários
Total de Unidades Escolares 361
Tipo Modelos Nº
Grupos Escolares 15
Escolas Agrupadas Urbanas 4
Ensino Público
Escolas Urbanas Nocturnas 7
Estadual
Escolas Rurais Diurnas 160
Escolas Districtaes 13
Escolas Urbanas Diurnas 20
Ensino Escolas Urbanas Nocturnas 5
Público Municipal Escolas Rurais Diurnas 17
Escolas Rurais Nocturnas 4
Escolas Districtaes diurnas 2
Escolas Agrupadas Urbanas 3
Escolas Urbanas Diurnas 35
Ensino Particular
Escolas Urbanas Nocturnas 16
Escolas Rurais Diurnas 3
Escolas Rural Nocturna 1
Total de Unidades Escolares 400 225
Número de Número
Modelos
Unidades de Classes
Grupos Escolares 71 518
Escolas isoladas 1.288
Escolas Complementares Primárias 34 36
Escolas Municipais 264 -
Escolas Particulares 107 -
Escolas de Trabalhadores Rurais - -
Fonte: Paraná (Relatório, 1932 e 1939, p. 54).
Fonte: Quadro elaborado com dados obtidos do documento “Realizações do Governo Manoel
Ribas”. (PARANÁ, Realizações, 1937 a 1942, p. 23-25).
Localização
236 Denominação da Escola Capacidade
Município
Escolas de Trabalhadores Rurais
Piraquara 85 alunos
de Canguiri
Escolas de Trabalhadores Rurais de
Curitiba 60 alunos
Dr. Carlos Cavalcanti
Escolas de Trabalhadores Rurais de
Ponta Grossa 110 alunos
Guaratuba Augusto Ribas
Escolas de Trabalhadores Rurais de
Castro 100 alunos
Olegário Macedo
Escolas de Trabalhadores Rurais de
Palmeira 100 alunos
Getúlio Vargas
Escolas de Trabalhadores Rurais de Rio
Rio Negro 60 alunos
Negro
Escolas de Trabalhadores Rurais de
Curitiba 30 alunos
Campo Comprido
Escolas de Trabalhadores Rurais de Ivai Ipiranga 60 alunos
Escolas de Trabalhadores Rurais de
Reserva 60 alunos
Três Bicos
Escola de Pescadores A.
Paranaguá 75 alunos
Serafim Lopes
Escola de Pescadores de Guaratuba Guaratuba 60 alunos
Capítulo 6
Ano de
Denominação da Escola Matrícula
instalação
Escolas de Trabalhadores
1936 65
Rurais de Canguiri
Escolas de Trabalhadores
Rurais de Dr. 1937 60
Carlos Cavalcanti
Escolas de Trabalhadores
Rurais de 1938 110
Guaratuba Augusto Ribas
Escolas de Trabalhadores
Rurais de 1938 90
Olegário Macedo
Escolas de Trabalhadores
1940 100
Rurais de Getúlio Vargas
Escolas de Trabalhadores
1940 60
Rurais de Rio Negro
Escolas de Trabalhadores
Rurais de 1941 30
Campo Comprido
Escolas de Trabalhadores 237
1942 60
Rurais de Ivai
Escolas de Trabalhadores
1942 60
Rurais de Três Bicos
Escola de Pescadores
1936 80
A. Serafim Lopes
Escola de Pescadores de
1940 60
Guaratuba
Fonte: Quadro elaborado com dados obtidos do documento “Realizações do Governo Manoel
Ribas” do período de 1937 a 1942, p. 46.
Em
Modelos Construídos Planejados Total Parcial
construção
Grupos 40 45 54 139
Escolares
Casas 145 55 159 359
Escolares
Casas
Escolares 02 - 03 05
Rurais
Escola
profissional - - 01 01
Feminina
História da Escola Primária no Brasil
Escolas de
Trabalhadores - 10 15 25
Rurais
Grupo Escolar - - 03 03
Rural
187 100 235
TOTAL 532
GERAL
Fonte: Quadro elaborado com dados obtidos do documento “A Concretização do Plano de obras
do Governo Moysés Lupion 1947–1950”(p. 13-327).
Níveis de Ensino
Modelos Ensino Ensino Primário Ensino
Primário Supletivo Normal
Grupos Escolares 226 - -
Escolas Isoladas *
1.712 - -
Estaduais
Escolas Isoladas** 2.617 - -
Cursos Noturnos ***
- 768 -
Escolas Normais ****
- - 66
TOTAL 4.552 768 66
* Escola de aplicação anexa às Escolas Normais.
241
** Das quais 1.036 eram Escolas Primárias Rurais Subvencionadas com verba do governo estadual, median-
te acordo firmado com 116 municípios para a ampliação da rede de Ensino Público Rural.
*** Dos quais 605 localizados, na maioria, nas zonas rurais, 120 salas na capital e 43 no interior, estas
mantidas exclusivamente pelo Estado.
**** 39 Escolas Normais Regionais, 17 Escolas Normais Secundárias, 10 Escolas Normais Particulares.
Modelos Nº de unidades
Grupos Escolares 288
Casas Escolares 08
Escolas Isoladas 1.796
11 “O ensino primário elementar é obrigatório para todas as crianças nas idades de sete a doze anos,
tanto no que se refere à matrícula como no que diz respeito à frequência regular às aulas e exercícios
escolares.” (BRASIL, Decreto-Lei nº 8.529, Leis Orgânicas do Ensino Primário, Título V, Capítulo II).
Capítulo 6
Mensagens/
Relatórios Não há dados es-
de Governo pecíficos. Podem 112.009 123.776*
- -
constar na mensa- (MG) (MG)
gem de 1941.
IBGE - - - - -
Fonte: Mensagens e Relatórios de Governo. Dados do IBGE correspondentes aos anos indicados no quadro.
250
Fonte: PARANÁ, Relatório Apresentado ao Presidente da República Getúlio Vargas, pelo Inter-
ventor federal no estado do Paraná Manoel Ribas, 1940- 1941, p. 39
Não há
Mensagens/Relató- 125.927 indicação de
rios de Governo (MG) nº de
matrícula
Album
1º Centenário da
136.717
Emancipação
Política do Paraná
158.880
153.316 (MG) 164.612 172.065
IBGE*
(MG) 117.240 (MG) (MG)
(ME)
Album 1º
Centenário da
Emancipação
Política do Paraná
14 Destaque-se que a noção de escola democrática proposta por Dewey (CUNHA, 1994) parece estar
presente no discurso do governador, por meio da seguinte passagem na qual anuncia a iniciativa de
relação escola família: “Procurando aproximar a escola das populações adultas.”
História da Escola Primária no Brasil
Mensagens/Relatórios de
- -
Governo
398.619(MG) 410.776(MG)
IBGE*
340.623 (ME) 355.815 (MF)
257
SERGIPE
Índice de Evasão:
Ano Unidades Matrícula Matrícula
Frequência Matrícula Efetiva/
Escolares Geral Efetiva
Frequência (%)
1930 - - - - -
1931 - - - - -
1932 387 21.029 19.113 13.797 27,9%
1933 449 21.124 19.731 14.785 25,1%
1934 445 22.295 20.982 15.885 24,3%
1935 397 19.615 18.562 14.634 21,2%
1936 426 21.220 20.053 16.023 20,1%
1937 486 23.538 22.428 17.330 22,8%
1942 640 34.394 - - -
1943 - 35.486 33.732 26.356 21,9%
1944 626 35.518 33.591 26.150 22,2%
1945 648 37.570 35.611 28.744 19,3%
1946 662 38.588 36.860 29.753 19,1%
258
1947 672 40.253 38.012 31.338 -
1948 747 43.552 41.319 32.740 -
1952 750 45.700 43.880 36.800 -
1953 814 48.049 45.987 - -
1954 885 51.523 49.911 - -
1955 901 51.614 50.190 - -
1956 1.020 58.259 56.443 - -
1957 1.069 61.753 59.867 -
1958 1.102 62.524 60.637
1959 1.217 68.077 66.591
1960 1.241 70.387 68.882
1961 1.254 73.963 71.946
Capítulo 6
PARANÁ
Índice de Evasão:
Ano Unidades Matrícula Matrícula
Frequência Matrícula Efetiva/
Escolares Geral Efetiva
Frequência(%)
1930 - - - -
1931 - - - -
1932 1.136 61.179 45.460 35.798 22,3%
1933 1.081 63.662 47.961 36.050 24,9%
1934 1.204 69.163 54.592 42.598 22%
1935 1.196 68.877 53.348 43.239 19%
1936 1.284 76.429 56.199 46.406 17.5%
1937 1.438 81.597 61.672 48.795 20,9%
1942 1.813 119.184 - - -
1943 - 121.685 90.455 75.314 16,8%
1944 1.722 115.218 86.482 72.931 15,7%
1945 1.676 - 84.684 70.464 16,8%
1946 1.632 114.746 84.749 71.999 15,1%
1947 1.525 119.588 90.148 75.142 -
1948 1.618 125.688 93.056 79.802 - 259
1952 1.682 140.858 117.240 103.500 -
1953 1.960 162.314 131.920 - -
1954 2.070 170.170 139.873 - -
1955 4.171 271.558 225.729 - -
1956 5.054 332.414 272.338 - -
1957 5.366 350.473 292.546 - -
1958 5.534 367.206 304.112
1959 5.603 387.951 316.095
1960 5.816 398.619 340.623
1961 5.985 410.776 355.815
Por fim, nos parece que a categoria “lógica” tomada como cons-
tructo para pensar a relação entre a expansão da escola primária entre
os dois estados, pareceu-nos deveras apropriada para entender uma
espécie de movimento muito similar na mesma direção, ainda que em
proporções diferentes. Significa pensar também qualitativamente e cui-
dar para não enaltecer este ou aquele, mas entender que a lógica está
em cada particularidade (Sergipe e Paraná) mediada subterraneamente
pelas razões que fazem com que ela se manifeste: instruir para moder-
nizar, nacionalizar pela prosperidade, sobretudo econômica, tônica dos
discursos dos governadores do período.
262
Referências
CUNHA, Marcus Vinicius da. John Dewey: Uma filosofia para educa-
dores em sala de aula. Petrópolis: Rio de Janeiro, Vozes, 1994.
SILVA, V. L. G. Estar aqui, estar lá. In: SOUZA, Donaldo B.; MARTÍ-
NEZ, Silvia A. (orgs.). Educação comparada: rotas de além-mar. São
Paulo: Xamã, 2009, p. 317 - 333.
Referências
FONTES
2 A Lei n.º 405, de 29 de novembro de 1916, reorganizou o ensino primário, secundário e profissional no
Rio Grande do Norte. (RIO GRANDE DO NORTE, 1917).
História da Escola Primária no Brasil
Unidades escolares no
Ano Rio Grande do Norte
Escola Isolada Escola Reunida Grupo Escolar
1930 - 37 21
1935 167 - 32
1936 181 45 34
- - - -
- - - -
- - - -
1952 610 39 71
- - - -
1955 789 48 74
- - - -
276
1957 705 60 81
- - - -
1960 1135 69 105
282
8.
QUE ESCOLA PRIMÁRIA?
UM ESTUDO COMPARADO DAS MARCAS E
LEMBRANÇAS DE UM NÍVEL
DE ESCOLARIZAÇÃO
Considerações iniciais
Esse estudo é parte do projeto de pesquisa História da escola pri-
mária no Brasil: investigação em perspectiva comparada em âmbito
nacional (1930–1961) e tem como objeto de estudo as representações da
escola primária em um período de abrangência que, embora procure
centrar-se entre 1930 e 1961, faz recuos e avanços nesse recorte conside-
rando o que se deseja compreender.
Tomando as representações de escola primária para análise, esse
trabalho pretende realizar um estudo comparado do modo como esse
nível de escolaridade foi pensado nos discursos veiculados em escri-
tos de autobiografias e nos livros de história dos municípios/cidades. A
comparação, considerando o objetivo e o mesmo tipo de fonte, envolve
os estados da Paraíba, Piauí, Sergipe e Minas Gerais. Para Sergipe, além
dos livros de memórias, foram utilizadas entrevistas biográficas1 publi-
cadas em jornais.
Com esse estudo, procuramos continuar uma reflexão iniciada no
texto Os grupos escolares nas memórias e histórias locais: um estudo
comparativo das marcas da escolarização primária (PINHEIRO et al.,
2013). Contudo, diferentemente do que realizamos ali, aqui não nos
restringimos ao estudo dos grupos escolares, embora estes continuem
sendo objeto de nossa análise como uma variação de escola primária,
mas procuramos perceber as diferentes formas como a escola primária
aparece nos documentos analisados.
Considerado o objetivo de compreender o modo como a escola pri-
mária é pensada nos escritos produzidos por diferentes sujeitos e vei-
1 Apesar dessa fonte ser diferenciada em relação àquelas utilizadas pelos pesquisadores dos outros es-
tados (Piauí, Paraíba e Minas Gerais), são consideradas relevantes para a nossa análise, uma vez que as
entrevistas remetem à memórias e representações sobre o passado educacional e escolar sergipano.
História da Escola Primária no Brasil
que significa o estar na escola. Segundo Faria Filho (2002), a escola não
surge no vazio deixado por outras instituições, ela inventou e também
produziu o seu lugar próprio, no complexo diálogo com outras esferas
da vida social, modelando, assim, a sua tarefa de atuar de maneira cen-
tral na formação de novas gerações.
Faria Filho (2002) chama a atenção para a necessidade de se per-
ceber a escola e os processos dela advindos a partir de um período de
longa duração. Em duzentos anos (do início do século XIX até o início do
século XXI), podemos perceber as mudanças significativas sofridas pela
escola e as mudanças sociais sofridas a partir da escola. Essa instituição
ajudou a configurar uma série de mudanças sociais como tempos fami-
liares e acordos entre empregados e patrões, além de outros nuances co-
tidianos que regulam a vida de parte significativa da população brasilei-
ra. Neste sentido, Faria Filho (2002, p. 22) afirma que a mudança de uma
sociedade não escolarizada para uma sociedade escolarizada modifica
não somente a escola e seu entorno, mas também toda a sociedade: “A
escola é tanto produtora quanto produto da sociedade como um todo.”
Vidal e Biccas (2008, p. 28) retomam a questão, afirmando que es-
colarização é
a. Os livros de memórias/autobiografias
Farmacêutico 03 - - 03
Maestro / Músico 03 - - 03
Bancário 02 - 01 03
Relações públicas 02 - - 02
Coletor Federal 02 - - 02
Promotor de Justiça 01 01 - 02
Teólogo 01 01 - 02
Formado em Educação Física - 01 - 01
Formado em Biologia - 01 - 01
Agricultor 01 - - 01
Agrimensor 01 - - 01
Analista técnico na Acesita 01 - - 01
Aposentado 01 - - 01
Bibliotecária 01 - - 01
Comerciário 01 - - 01
Diácono da Assembleia de Deus 01 - - 01
Escriturário 01 - - 01
Escrivão de Polícia 01 - - 01
Marceneiro 01 - - 01
Psicólogo 01 - - 01 297
Publicista 01 - - 01
Publicitário 01 - - 01
Radialista 01 - - 01
Sacristão 01 - - 01
Secretário Municipal do
01 - - 01
Trabalho e Ação Social
Veterinário 01 - - 01
Sem informações 50 12 26
Fonte: Dados da pesquisa
quadro mais claro de como a escola de nível primário foi lembrada pelos
nossos autores, ou seja, o léxico utilizado, organizamos o seguinte quadro:
estados total de
PI PA SE MG
léxico frequência
Grupo escolar 25 44 47 22 138
Escola primária
42 31 - 19 92
particular/escola paroquial
Escola Primária Pública 01 - - 26 27
Cadeira ou escola isolada, ca-
deira primária, cadeira 04 17 - 06 27
rudimentar, singular
Escola rural 08 09 - 08 25
Escolas
Reunidas/Escolas Agrupadas/ 10 07 - 07 24
Escolas Combinadas
Escola primária noturna/escola 299
01 05 - 02 08
rudimentar/escola elementar
Externato Municipal - - - 02 02
Patronato (instituição
02 - - - 02
confessional)
Mestre escola (professor
02 - - - 02
particular itinerante)
Escola de primeiras letras* 01 - - 01 01
Patronato (instituição federal) - - - 01 01
Fonte: Dados da pesquisa
*No caso da Paraíba e do Piauí, essa nomenclatura é encontrada para as escolas do período impe-
rial e primeiros anos do período republicano, ainda no século XIX.
10 Trata-se do Grupo Escolar Padre Ibiapina, localizado na cidade de Itabaiana, agreste paraibano. Para
maior aprofundamento dessa peculiaridade local, consultar E. Silva (2011).
História da Escola Primária no Brasil
[...] foi uma das primeiras escolas a transferir aos alunos no-
ções de civismo, saúde e boas maneiras. Os alunos cantavam
o Hino Nacional e, sempre que passava um cortejo fúnebre
diante da escola, levantavam-se, em sinal de respeito. No
estabelecimento de ensino imperava o respeito dos funcio-
nários para com os seus colegas, para com os alunos e para
com a própria diretora, e vice-versa. E todos efetuavam suas
atividades com denodo, criatividade e perseverança, de
modo que os trabalhos não fossem interrompidos.
Viu-se através de um importante trabalho a formação de
uma instituição de ensino, com o objetivo primordial de
atender o aluno no seu aspecto sócio-educacional e que
desde a sua fundação desenvolveu atividades dentro dos
moldes regidos por leis, decretos e resoluções, possibilitan-
do beneficiar aqueles que oportunamente se utilizaram de
seus serviços.
303
As salas de aulas eram localizadas nas residências das pro-
fessoras e não ofereciam satisfatórias condições de escola-
ridade. Sensível ao problema, o Dr. João Tavares, quando
prefeito municipal (1905–10), construiu um prédio destina-
do às aulas. Bem planejado para a época em que foi cons-
truído, abrigou até 1945 as escolas reunidas da localidade.
(SALES, 1990, p. 150-151).
Ou seja:
11 No Nordeste, o termo “brejo” não tem, como no Sudeste, o sentido de terreno alagado, mas de região
com altitude elevada e úmida.
História da Escola Primária no Brasil
[...] primeira escola de Simone foi com sua tia Delma custou
a gravar as letras mas depois ficou uma menina estudiosa
uma letrinha linda, aprendia tudo. (PALITOT, 1985, p. 68).
Outro tipo de escola que aparece nas obras são as escolas rurais. Fo-
308 ram referenciadas em quantidade diminuta, ou seja, nove vezes nas obras
paraibanas, oito nas mineiras, oito nas piauienses e sem qualquer indica-
ção, como já referimos anteriormente, em relação ao estado de Sergipe.
Essas escolas, no caso do Piauí, muitas vezes funcionavam na casa
de moradores da região. J. Oliveira (1997, p. 38) relembra uma que fre-
quentou: “Pouco tempo depois, começou a funcionar uma escolinha
na casa do Antônio Pedro, com a professora Susa, e lá estava eu para
aprender a ler e escrever”. Moura (2009, p. 84) relembra que: “durante a
década de 1940 foi passar um tempo na casa do avô, com a finalidade de
freqüentar as aulas do pai, agora na casa de Izac Pereira, no lugar Diogo
(do outro lado do rio)”.
No caso da Paraíba, elas são apresentadas, normalmente, como
aquelas que simplesmente se situavam no meio rural12, quase sempre
próximo a sede de uma grande propriedade rural. Sobre essa caracte-
rística em termos de localização temos o exemplo da escola do profes-
sor Gastão Estelita de Barros, que funcionava em uma dependência nos
fundos da casa-sede da Fazenda Santa Maria, localizada no município
de Taperoá, Sertão paraibano e que fora construída pelo seu proprietá-
12 Fazemos essa ressalva porque aqui não estamos pensando em uma escola que tenha como suporte
para o seu funcionamento a cultura rural, com uma estrutura didático-pedagógica baseada na hete-
rogeneidade de escolarização e que disponha de uma estrutura organizativa e administrativa singu-
lar, adaptada às características e necessidades inerentes aos contextos onde se encontram instaladas.
(BOIX, 2004).Assim, normalmente essas escolas, apesar de se encontrarem no meio rural seguem os
padrões de ensino definidos, majoritariamente, para o meio urbano.
Capítulo 8
14 Nas obras consultadas, também encontramos um número significativo de relatos obre a criação, inau-
guração de ginásios, colégios (confessionais e não confessionais), escolas de 1º e 2º graus, institutos,
escolas profissionalizantes, incluindo as normais e faculdades, universidades e/ou cursos superiores
específicos. Contudo, todos esses tipos de instituições estão fora do universo de nossa pesquisa, que
se restringiu, conforme já ressaltado anteriormente, à escolarização primária.
Capítulo 8
Os Sujeitos
319
Considerações finais
NUNES, Maria Julita. Sempre nunca mais. Campina Grande, PB: Cara-
vela, 2003.
SALES, José Borges. Alagôa Nova: notícias para sua história. Fortaleza:
Editora R. Esteves Tiprogresso, 1990.
SOUZA, Rosa Fátima de; SILVA, Vera Lúcia Gaspar da; SÁ, Elizabeth Fi-
gueiredo de. (Orgs.). Por uma teoria e uma história da escola primária
no Brasil: investigações comparadas sobre a escola graduada (1870–1930).
Cuiabá: EDUFMT, 2013.
3 As autoras agradecem à bolsista Rafaela Cremasco, pelo trabalho de levantamento e organização dos
dados dos periódicos nacionais.
4 Periódico mantido pela Associação Sul-Rio-Grandense de pesquisadores em História da Educação –
Asphe/RS. Publicada desde 1997, a Revista História da Educação teve periodicidade semestral até
2006, quando passou a ser quadrimestral.
5 A Revista Brasileira de História da Educação é a publicação oficial da Sociedade Brasileira de História da
Educação (SBHE). Entre 2001 e 2006, foi publicada semestralmente, passando em 2007 a ter periodicidade
quadrimestral.
6 Publicação do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História e Historiografia da Educação da Faculdade de
Educação da Universidade Federal de Uberlândia. Criado em 2002, o periódico teve periodicidade anual até
2008, passando a partir de então a ter periodicidade semestral.
7 Periódico publicado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” –
HISTEDBR da Faculdade de Educação/UNICAMP.
Capítulo 9
Método(s) de
Periódico/ Método(s) Escola Nova/ ensino
Termo de busca de ensino Escolanovismo Escola Nova/
Escolanovismo
História da Educa-
ção (1997–2013) 29 38 28
(39 artigos)
Revista Brasileira de
História da Educa-
03 12 02
ção (2001–2013)
(13 artigos) 341
Cadernos de His-
tória da Educação 01 02
0
(2002–2013)
(03 artigos)
Revista Histedbr
On-line (2008–2013) 05 09 01
(13 artigos)
Totais 38 61 31
Revista
Cadernos de Revista
História da Brasileira de
Ano História da Histedbr Totais
Educação História da
Educação On-line
Educação
1997 02 - - - 02
1998 - - - - -
1999 02 - - - 02
2000 01 - - - 01
2001 01 - - - 01
2002 03 - - - 03
2003 - 01 - - 01
2004 - - - - -
2005 02 02 - - 04
2006 - - - -
2007 02 02 - - 04
2008 - 02 - - 02
2009 03 02 - 02 05
2010 07 01 - - 08
342
2011 05 - - 01 06
2012 02 01 03 04 10
2013 09 02 06 17
total 39 13 03 13 68
Fonte: Elaborada pelas autoras.
rina com vistas à reforma dos modos de ensinar; Teive (2009) analisa
o currículo dos primeiros grupos escolares desse mesmo estado; Wer-
le (2011) estuda o rádio como veículo de difusão de propostas de mo-
dernização do mundo rural, como também do ruralismo pedagógico;
Valdemarin (2008) examina um manual didático publicado entre 1940 e
1966, indagando sobre o processo de incorporação das concepções esco-
lanovistas nas prescrições para a prática pedagógica; Filgueiras (2013)
detém-se sobre os processos de avaliação dos livros escolares realizados
na década de 1940, em suas relações com os intentos de atualização de
conteúdos e métodos de ensino, com base nos programas em vigor e nas
pesquisas científicas. As orientações pedagógicas oferecidas aos profes-
sores também são objeto do estudo de Gualtieri (2013), que se debruça
sobre os artigos publicados em um impresso oficial publicado em São
Paulo na década de 1930, a Revista Escola Nova. O estudo de Kreutz
(2007) examina um periódico sobre o livro escolar, indagando sobre as
propostas pedagógicas postas em circulação por meio da imprensa pe-
dagógica e sobre a produção e uso de livros escolares, especialmente
nas escolas de imigração do sul do país.
As práticas escolares foram objeto de estudos que buscam possibi-
litar uma aproximação do trabalho cotidiano do professor em classe e
dos modos como os alunos se apropriam e dão sentido aos conteúdos e
346 práticas. Com vistas a apreender essa dimensão, Peres (2012) analisa ca-
dernos escolares de crianças em fase de alfabetização, indagando sobre
a materialidade dos cadernos e a proposta pedagógica de alfabetização,
num período que vai de 1940 ao final de 2000; Grazziotin e Gastaud
(2010) estudam um caderno de caligrafia, tomando-o tanto do ponto de
vista da sua materialidade como dos conteúdos escolares e das práticas
de exercício que registra; Bastos e Ermel (2013) examinam as escritas
dos alunos do ensino primário de uma instituição do Rio Grande do Sul,
publicadas em um jornal estudantil, por meio do qual procuram aden-
trar no cotidiano da escola. É também por meio de um jornal produzido
por alunas do ensino primário que Cunha (2013) analisa a circulação
dos preceitos higienistas e cívicos no interior de uma instituição reli-
giosa feminina catarinense. Rabelo (2013) também examina um jornal
estudantil, indagando sobre a sua contribuição para a cultura escolar
constituída na instituição, como também as práticas e saberes estudan-
tis. Silva (2013) toma o jornal escolar como fonte para o acesso ao projeto
político de nacionalização em Santa Catarina e às práticas escolares.
Passos e Pavan (2010) lançam mão de entrevistas e do diário de aula
de uma professora para analisar os modos de transmissão dos saberes
escolares. A indagação sobre as práticas escolares também se expressa
nos estudos sobre livros escolares: Maciel (2002) estuda as cartilhas em
suas articulações com a história da alfabetização; Silva e Flores (2010)
Capítulo 9
349
Referências
SOUZA, Rosa Fátima de; SILVA, Vera Lúcia Gaspar da; SÁ, Elizabeth Fi-
gueiredo de. (Orgs.). Por uma teoria e uma história da escola primária
no Brasil: investigações comparadas sobre a escola graduada (1870–1930).
Cuiabá: Ed. UFMT, 2013.
Introdução
A graduação do ensino
Salienta-se, ainda, que ela foi concebida como série didática por
sua proposta lúdica (imagens e personagens) e psicológica (obedien-
te aos princípios etários básicos do processo de aprendizagem), sendo
também uma forma de literatura infantil. Gradativamente personagens
e situações são apresentados desde o primeiro volume, Pedrinho – livro
I, cuja primeira edição é de 1953, que apresenta o personagem em seu
ambiente familiar com pais, irmãos, parentes e sua entrada na escola, e
corresponde à passagem da literatura hesitante para a leitura corrente
(MARINS, 1997, p. 88-89). Indicado para crianças de 7 e 8 anos com o
intuito de criar ou reforçar no aluno o gosto de ler, este primeiro volume
discorre, em suas 64 lições (ou histórias), de uma maneira geral, sobre
família e escola. Segundo o próprio autor o livro se destinava à:
com o propósito do livro, que entre seus objetivos buscava “[...] o ler e o
escrever deforma autônoma, em que o aluno deveria caminhar sozinho,
instruir-se e compreender os pontos de vista dos autores” (MONAR-
CHA apud MARINS; 1997, p. 88).
As questões da escrita também constituíam preocupação na Série
e estão sinalizadas principalmente no volume IV, na explicação de final
de livro na página onde está descrito como um de seus objetivos: “[...]
despertar o gosto pelo emprego das formas claras, corretas, elegantes,
no falar e no escrever [...]” (MONARCHA apud MARINS, 1997, p. 173).
Tal atividade está materializada em atividades de cópia propostas, em
geral, ao final das lições e cujo teor privilegiavam conteúdos de apelo
moral, cívico-patriótico, disciplina e autoridade, bem ao molde das pres-
crições emanadas pela legislação catarinense.
Um exemplo:
382
Referências
CUNHA, Maria Teresa Santos. Das mãos do autor aos olhos do leitor.
Um estudo sobre livros escolares: A Série de Leitura Graduada Pedrinho
de Lourenço Filho (1950/1970). História (On-line) São Paulo: UNESP. v.
30, p. 81-99, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/his/v30n2/
a05v30n2.pdf / Acesso em: 17/07/2014.
para la escuela Del siglo XXI. 8ª ed. Barcelona: Editora Graó, 2012.
p. 15-40.
386
11.
A CIRCULAÇÃO DOS LIVROS DE LEITURA
COMO CULTURA MATERIAL ESCOLAR NA
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
ESCOLA PRIMÁRIA:
Maranhão, São Paulo e Sergipe na primeira metade
do século XX.
Introdução
ende o que lê veria logo que o método fecundo a que [se] referia era
[ao] método analítico de leitura [...]”28.
Se para Godóis o método analítico se baseava (segundo o progra-
ma da escola) na regressão da sentença para a palavra e desta para
a letra “[...] por processo de mestre [...]”29 mostrando uma distinção
entre método e processo, ao afirmar que a educação moralizante no
era um de seus elementos constitutivos, para Lobo não era a simples
regressão da sentença à letra a única particularidade do método, no
qual a seleção de frases era um fator essencial, o que não legitimava a
educação moral como parte integrante do mesmo, embora ela se cons-
tituísse uma meta na sua aplicação, na medida em que se “[...] a cul-
tura moral [era] o fim por excellencia de toda educação; então, todos
os métodos utilizados [deveriam] contribuir, a seu modo, para a con-
secução desse fim”, segundo a defesa do próprio diretor30. Portanto,
embora Köpke recomendasse que os elementos para os exercícios fos-
sem recolhidos do ambiente escolar pelo professor (ou pelo processo
do mestre) sem fazer menção à utilização de livros no primeiro ano
da Escola-Modelo e não responsabilize exclusivamente aos exercícios
orais pela educação moral; por outro lado, o inspetor afirma que “[...]
nem por tal teria, de certo, que a fins diametralmente opostos fossem
os mesmos exercícios consagrados a frases de conteúdo duvidosas,
398 como a que os filhos vaiem os pais e outros gracejem as avós [...]”31.
Desta forma, fica nítido que a troca de ofícios no interior da ad-
ministração pública e a exposição a público por meio de diferentes
críticas e réplicas, via jornais em diferentes momentaneidades, se mos-
tram como permanências que tonalizam a arenga pedagógica em que
a instrução maranhense se foi constituindo até chegar à instituciona-
lização da escola primária na primeira metade do século XX, na qual
os problemas teórico-metodológicos que norteiam os livros aprovados,
adotados e vetados no ensino, regidos pelos diferentes regulamentos
da instrução32, parecem ficar reféns das interpretações e decisões de
professores, intelectuais e políticos enredados na maia de confrontos
políticos latentes entre os diferentes setores do poder público e seus re-
28 A contestação do Bacharel Godóis. Diário do Maranhão, 22 de maio de 1911.
29 Ver Regulamento (1900).
30 A contestação do Bacharel Godóis. Diário do Maranhão, 22 de maio de 1911.
31 A contestação do Bacharel Godóis. Diário do Maranhão, 22 de maio de 1911.
32 Regulamentos da Instrução Pública no Império (1844, 1854, 1874 e 1877). Regulamentos da Instrução
Pública na Primeira República: Regulamento do Ensino Primário, de 24 de novembro de 1894; Regula-
mento Geral da Instrução Pública do Estado do Maranhão de 1896 – para execução das Leis n.º 56, de
15 de maio de 1893 e 119, de 2 de maio de 1895; Regimento Interno dos Grupos Escolares –Decreto n.º
38, de 19 de julho de 1904; Regulamento para a Reforma do Ensino Primário – Decreto n.º 616, de 15 de
fevereiro de 1923; Regulamento para o Curso Normal do Lyceu Maranhense – Decreto n.º 689, de 29
de junho de 1923; Regulamento Geral de Ensino – Decreto n.º 1141, de 8 de abril de 1927; Regulamento
do Lyceu Maranhense – Decreto n.º 1142, de 8 de abril de 1927; Regulamento da Instrução Pública –
Decreto n.º 46, de 23 de fevereiro de 1931 e Regulamento para o Ensino Secundário – Decreto n.º 253,
de 9 de março de 1932.
Capítulo 11
Por outro lado, em artigo publicado anos mais tarde e com parecer
contrário aos anteriores, fazia referência à Cartilha Maternal ou Arte da
leitura, de João de Deus, como um método conveniente para facilitar
à infância e ao analfabeto a aprendizagem da leitura, mas alerta que
essa cartilha fora precedida no Brasil, por um livro que, “[...] visando os
mesmos fins, e ferindo de frente a rotina, foi, entretanto bruta, insolente
e estupidamente reprimido do ensinamento oficial [...]”48, fazendo refe-
rência a seu Método rápido para aprender a ler, que não foi aprovado.
Nesse artigo, esclarece que a não autorização da adoção de seu livro nas
escolas públicas primárias, para além de não ter libertado as crianças
do terrível sofrimento imposto pelos velhos silabários, também o tinha
prejudicado duplamente, na medida em que teria ocultado o pioneiris-
mo da sua cartilha, na qual apresentava aspectos vantajosos, se compa-
rada à de João de Deus. Embora desde 1º de novembro de 1892, num
relatório enviado à Instrução Pública, o professor Luiz Cardoso Fran-
co, responsável pela Escola pública do 17º distrito da capital, ao prestar
contas a respeito dos métodos e materiais empregados para o ensino da
402 leitura, já elencasse as referências para o ensino de acordo com o mé-
todo sintético da palavração utilizado na época, citando João de Deus,
Hilário Ribeiro e João Köpke, o que demonstra que o método analítico
era difundido pelos discursos pedagógicos desde o final do século XIX
e já estava incorporado ao Programa do Curso de Língua Nacional na
formação dos professores normalistas, além de apresentar indícios da
importância atribuída ao material de Köpke, enquanto referência para
o ensino baseado no método analítico pela palavração (PANIZZOLO,
2006, s.p.):
Deste modo, se por um lado Köpke afirma que apesar da Série Pui-
ggari-Barreto, no sentido pedagógico, não se constitui num curso de
leitura graduada e sim em livros de leitura complementar, que devem
ser apresentados aos alunos, quando estes tenham a oportunidade de
aprender com livros intermediários, com os quais gradativamente se
406 aperfeiçoem na “nova arte”, a fim de alcançar a leitura corrente, sendo
esta a finalidade do Primeiro Livro desta série, embora “[...] primeiro
na série, esse livro não [poderia ser] o primeiro [a ser lido] depois da
Cartilha [...]” (KÖPKE, 1904, p. 591). Por outro, não só sugere que os
cavaletes com quadros negros para as lições de cálculo e as estampas de
bicho sintercaladas nos textos sejam excluídos, como também elogia os
seus autores quanto à adaptação do assunto e da linguagem à capacida-
de de assimilação das crianças, afirmando que esta é a melhor qualidade
que pode observar nos livros da Série, fato que o levaria a adotá-la no
ensino de seus próprios discípulos, como leitura suplementar, já que os
textos preocupam-se com as necessidades da natureza emotiva e que,
dando à contemplação dos jovens leitores assuntos a sua altura, se podia
perceber a influência benéfica que teriam sobre o desenvolvimento do
caráter, educando ao mesmo tempo, a mente e o coração.
Aparentemente a crítica fora bem recebida pelos autores e a compa-
ração do Primeiro livro com os demais livros da Série confirmam algu-
mas mudanças no modo de configuração. Se no prefácio não aparecem
mais indicações dessa natureza para os professores, sendo a escrita do
primeiro livro a impressa vertical, existindo variedade de gêneros textu-
ais, ao utilizar além da narrativa dialogada, algumas poesias e uma fábula
contada pela vovó; no segundo, além de aparecerem dois tipos de escrita
––a impressa vertical e a manuscrita, tanto as poesias criadas pelos pró-
Capítulo 11
Baretto
Segundo Livro – de João Kopke
59 Elas aconteceram em diversos períodos do sistema educacional sergipano, era uma das exigências
do Regulamento da Instrução Pública do Estado de Sergipe, reformado por vários Presidentes do
Estado, nas três primeiras décadas do século XX. Na ata de 05 de maio de 1919, do Conselho Superior
da Instrução Pública foi organizado o Programa de Conferências para aquele ano, constituídos pelas
temáticas e oradores seguintes: Educação e seus fins – Dr. Carvalho Neto (julho); Métodos de Ensi-
no – Dr. AscendinoArgollo (julho); Da Metodologia Pedagógica – Dr. Ávila Lima (agosto); O médico
e a Escola–– Dr. Augusto Leite (setembro); Estudo da Geografia e da História – Dr. Alcebiádes Paes
(outubro). Em 1945, foram regulamentadas em Sergipe as Reuniões Pedagógicas, as quais deveriam
acontecer bimestralmente nos grupos escolares e serviriam de instrumento para a difusão do ideário
escolanovista em Sergipe. Ver Almeida (2009) e Nascimento e Freitas (2011).
Capítulo 11
CATANI, Denise Barbara. Prefácio. In: SOUSA, Rosa Fátima de; SILVA,
Vera Lúcia Gaspar da; SÁ, Elizabeth Figueiredo de. Por uma teoria e
uma história da escola primária: investigações comparadas sobre a es-
cola graduada (1870–1930). Cuiabá: EdUFMT, 2013. p. 5-7.
KÖPKE, João. Livros escolares. Revista de Ensino, São Paulo, ano III, n.
2, jun. 1904.
425
12.
ARQUITETURA ESCOLAR:
Entre construções e adaptações
Introdução
AUTOR(A)(ES)(AS) TÍTULO
Arquitetura Escolar de “escolas exem-
Eurize Caldas Pessanha; plares” em quatro cidades brasileiras:
Ângelo Marcos Vieira de Arruda expressão de projetos de modernização
e escolarização de 1880 a 1954.
Silvia Alicia Martinez; Marcelo Arquitetura, Escola e Memória: O edifí-
Carlos Gantos; Maria Amélia de cio do Liceu de
Almeida Pinto Boynard Humanidades de Campos.
Escolas e Cidades do Sertão (1933–
Rubia-Mar Nunes Pinto
1945): espaço, endereço, arquitetura.
Das escolas de improviso às escolas
Terciane Ângela Luchese; planejadas: um olhar sobre os espaços
Lúcio Kreutz. escolares da Região Colonial Italiana,
Rio Grande do Sul.
A materialidade física e jurídica da
Cleide Maria Maciel de Melo; Ana
Escola Normal oficial de Dores de
Maria Casasanta Peixoto
Indaiá-Minas Gerais (1928-2002).
O espaço escolar como objeto da História
Luciano Mendes de Faria Filho
432 da Educação: algumas reflexões.
Pesquisa sobre arquitetura e educação:
Ester Buffa
aspectos teórico-metodológicos.
Elisabeth Gottschalg Raimann; Arquitetura e espaço escolar na produção
Cristiane Raimann de subjetividades.
A arquitetura escolar como fonte para a
Fábio Luiz da Silva
História da Educação.
História & Arquitetura Escolar: em busca
Ana Paula
da construção de Escolas “modernas” no
Pupo Correia
Paraná (1943–1953).
Espaços Escolares:
Cristianne Maria Famer Rocha
modernizações produtivas
Museu Escolar: sentidos, propostas e
Marilia Gabriela Petry; Vera Lucia
projetos para a Escola Primária
Gaspar da Silva
(séculos XIX e XX).
Maria Rosa Os espaços escolares e a constituição de
Chaves Kunzle um programa anti-disciplinar.
Glaucia de Cássia Magalhães da Inter-Relação entre espaço escolar e
Silva Cavaliere currículo.
Propagandas das instituições de ensino
Helena de Araujo Neves de Pelotas-RS: visibilidade ao espaço
escolar (1875–1910).
Capítulo 12
les homens a viam, como eles viam a se mesmos, quando diziam ‘nós’.”
(ELIAS, 2001, p. 80).
Nesse sentido, os primeiros vestígios identificados na documenta-
ção pesquisada no Maranhão, sobre espaços para o funcionamento do
ensino, encontram-se na obra História da Companhia de Jesus na ex-
tinta Província do Maranhão e Pará, escrita pelo Padre José de Moraes,
em 1759, na qual descreve que:
Observamos que para além de uma sumária descrição do espaço fí- 439
sico é possível identificarmos a presença de livros que serviram para as
atividades dos docentes e discentes, compreendendo-se em certa medida
a natureza do ensino; entretanto, na obra Crônica da Missão dos Padres
da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão, Bettendorff (2010) traz
maiores informações sobre este Colégio3 e sobre o de Nossa Senhora da
Luz4, cujos corredores eram amplos, suas janelas altas, o piso de lajotas e
as salas estavam circundadas por um amplo jardim onde os estudantes
e os padres nos dias mais quentes podiam desfrutar de uma brisa suave
que vinha do mar.
Mais tarde, com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal,
não temos evidencias da construção de edifícios escolares para meninos
ou meninas, situação que se prolonga até a década de 40 dos oitocentos,
quando é adaptado um prédio para alojar as salas do Liceu Maranhen-
se, que desde a sua criação, em 1837, as aulas foram ministradas pelos
professores em suas residências, tal como acontecia com a instrução pri-
mária. Situação reclamada por Vicente Thomaz Pires de Figueiredo Ca-
margo, Presidente da Província no discurso apresentado à Assembleia
3 Nos Apontamentos para a História dos Jesuítas no Brasil, Antônio Henriques Leal informa que os
Jesuítas construíram no Maranhão quatro colégios: São José e São Miguel, São João Batista em Vinhais
e o Conceição da Virgem, no Pindaré.
4 A casa jesuítica de Nossa Senhora da Luz, fundada pelo padre Luis Figueira, em 1622, foi depois ele-
vada à categoria de Colégio por volta de 1670, quando o cronista João Felipe Bettendorff era então o
superior da Missão do Maranhão.
História da Escola Primária no Brasil
441
5 Este prédio no tempo presente pertence às irmãs Dorotéias que mantêm o tradicional Colégio de Santa
Teresa, cuja arquitetura traz marcas da construção original.
História da Escola Primária no Brasil
8 Cano de limpeza das imundícies da cidade; sentina (MORAES, Antônio de. Diccionario da língua portuguesa,
v.1, 1831).
História da Escola Primária no Brasil
11 Este prédio pertencia ao Desembargador Francisco Xavier Coutinho. Atualmente aloja um Departamento
do Tribunal de Justiça do Estado e ainda mantém a mesma estrutura frontal.
História da Escola Primária no Brasil
Fonte: Jornal O Novo Mundo, New York, v.5, n.53, 22 fev. 1875.
17 Das 173 escolas em funcionamento no Maranhão, em 1890, 91 eram do sexo masculino, 60 do sexo
feminino e 3 mistas (todas públicas). As particulares eram 10 do sexo masculino, para 6 do sexo femi-
nino.
18 A Escola Normal foi criada pelo Decreto n.º 21 de 15 de abril de 1890.
19 A partir de 1899, por meio do Decreto n.º 2 passou a ser denominada de Escola-Modelo Benedito Leite
em homenagem ao governador que a criou, permanecendo até a presente data com o mesmo nome.
História da Escola Primária no Brasil
20 Foi um educador, escritor, poeta, historiador e político. Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife, exer-
ceu, no Maranhão, o cargo de procurador da Justiça Federal. Como político, foi Deputado Estadual do Ma-
ranhão e Vice-Presidente do Estado do Maranhão. Exerceu o magistério, tendo lecionado como professor da
cadeira de História e Instrução Cívica, entre outros, dirigido (entre 1900 e 1905) a Escola Normal do Estado do
Maranhão e na Escola Modelo “Benedito Leite”, publicado inúmeras obras na área de educação. Participou
ativamente na imprensa de sua época e, aliado a intelectuais de expressão, que então se empenhavam em
resgatar a cultura e a literatura maranhense, fundou a Academia Maranhense de Letras, tendo ocupado a
cadeira n.º 1, cujo patrono foi o Professor Almeida Oliveira. Publicou várias obras tratando da educação, a sa-
ber: Instrução cívica (Resumo Didático) (1900), História do Maranhão – Maranhão, (1904, 2 volumes), Escrita
rudimentar (1904), O mestre e a escola (1911), Higiene pedagógica (1914),Os ramos da educação na Escola
Primária (1914). Como poeta, destaca-se sua composição da letra do Hino do Estado do Maranhão.
Capítulo 12
451
452
23 Bendito Leite, Antônio Lobo, Barbosa de Godóis, Ribeiro do Amaral, João Nepomuceno de Sousa Ma-
chado, dentre outros.
Capítulo 12
457
Considerações finais
A arquitetura escolar como tratado no decorrer deste trabalho
mostra-se como um campo fértil de estudo pela variedade de percur-
sos e possibilidades investigativas que os pesquisadores podem per-
correr como constatamos na garimpagem das fontes e da bibliografia
para a tessitura deste texto. O levantamento sobre a temática na pro-
dução brasileira, mesmo sob uma perspectiva panorâmica possibi-
litou verificarmos que há um crescente interesse dos historiadores
da educação em investigarem o modo pelo qual em determinados
períodos os edifícios foram construídos ou adaptados para atender
às demandas escolares, ao ideário político e às necessidades de in-
serção do Brasil no processo de modernidade e progresso, no qual a
forma escolar de socialização ocupava um espaço privilegiado para a
concretização desses objetivos, que começaram no período imperial
e se consolidaram na república.
Esses estudos têm contribuído para desvelar as diferentes for-
mas de inserção das culturas escolares e da cultura material escolar,
do modo de ensinar e aprender, das estratégias de controle e regu-
lação usadas, dos conteúdos ministrados, da criação de disciplinas
escolares e dos métodos de ensino, segundo as novas concepções
461
didático-metodológicas. Portanto, ao enveredarmos pelo campo da
construção dos prédios escolares é preciso entendermos que, para
além das salas de aulas, pátios, jardins, muros e fachadas havia todo
um direcionamento voltado para a formação de indivíduos específi-
cos, na qual está latente o privilégio de determinadas classes sociais e
gêneros, em detrimento de outras. Enfim, prédios, arquitetura esco-
lar e espaços de ensino que demarcam lugares, perfis, características
e variações da escola primária a serem seguidos no âmbito nacional,
regional e estadual.
Com relação às fontes adotadas nos trabalhos levantados, eviden-
ciamos que os pesquisadores no campo da História da Educação têm
feito uso de diferentes expressões, como os manuscritos, as plantas ar-
quitetônicas, os relatórios, as cartas e as descrições memorialistas de
atores sociais que participaram no processo de construção, de atuação e
vivências no interior das instituições escolares, oportunizando com isso
novos olhares sobre a educação brasileira e um desvio da atenção para
outros espaços, recursos materiais e artefatos que possibilitam uma re-
visão e reescrita dos discursos consolidados no âmbito nacional.
Se por um lado os estudos, em princípio, centravam-se nos gran-
des centros urbanos, nas capitais das unidades federadas, constatamos
pelo levantamento que realizamos que o panorama foi ampliado para a
expansão nos interiores dos estados (cidades, vilas, povoados) e para as
História da Escola Primária no Brasil
464
Referências
FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Dos pardieiros aos palácios: cultu-
ra escolar em Belo Horizonte na Primeira República. Passo Fundo: UFP,
2000.
SOUZA, Rosa Fátima de. Prefácio. In: BENCOSTTA, Maucus Levy Albi-
no (Org.). História da educação, arquitetura e espaço escolar.São Pau-
lo: Cortez, 2005. p. 7-13.
Referências
469
13.
PERCURSOS E RECURSOS DE UMA
EXPERIÊNCIA FORMATIVA EM
PESQUISA SOBRE CULTURA
MATERIAL ESCOLAR
Introdução
A – MOBÍLIA
Descrição
Tipo de Tipo de Referência da
Ano N Mat Marca Quant do Docu- Obs.
Fonte Escola Fonte
mento
7 Registro desta etapa foi publicado no artigo “Cultura Material Escolar: Fontes para a História da Esco-
la e da Escolarização Elementar (MA, SP, PR, SC e RS / 1870–1925)” de autoria de Castro,Vidal, Peres,
Souza e Gaspar da Silva e no livro organizado por Souza, Gaspar da Silva e Sá (2013, p. 273-315).
História da Escola Primária no Brasil
A – MOBÍLIA
Nº Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina São Paulo
478
479
480
O artefato está no jogo social, e esse jogo social tem que ser
entendido em todas as dimensões e a dimensão material é
uma delas. [...] O estudo da cultura material não é o estudo
das fontes materiais. A natureza do problema histórico é
que vai configurar a materialidade a ser trabalhada. Para
isso, supõe-se que as fontes materiais tenham alguma coisa
de específico a dizer, mas não se trata de fazer história dos
documentos, história de fontes.
VIDAL, Diana Gonçalves; SILVA, Vera Lúcia Gaspar da. Por uma histó-
ria sensorial da escola e da escolarização. Revista Linhas. Florianópolis.
v. 11,p. 29-45, 2010 . Disponível em: <http://www.periodicos.udesc.br/ 491
index.php/linhas/article/view/2127/1629>. Acesso em : 06 de março de
2014.
Sobre os Autores
Claudia Panizzolo
Graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (1991),
Especialização em Educação Infantil pela Universidade Metodista de
494 São Paulo (1998, Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001) e Doutorado
em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (2006). É professora Adjunta II do Curso de Peda-
gogia, na área de Educação Infantil e do Programa de Pós Graduação
em Educação da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Con-
selheira da Associação Brasileira de Brinquedotecas. Pesquisadora com
projetos em desenvolvimento financiados pelo CNPq.
Elizabeth Figueiredo de Sá
Graduada em Pedagoga, Mestre em Educação pela Universidade
Federal de Mato Grosso (2000) e Doutora em Educação pela Univer-
sidade de São Paulo (2006). Participou do estágio de doutoramento na
Sobre os Autores
Gizele Souza
Possui doutorado em Educação: História, Política, Sociedade pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com Estágio ‘Bolsa San-
duíche’/Capes em História da Infância na Università Degli Studi Di Pa-
via. Pós-Doutora pela Università degli Studi di Firenze, com bolsa Sê-
nior/CAPES. É professora efetiva do Setor de Educação da Universidade
Federal do Paraná e da Linha de História e Historiografia da Educação
do Programa de Pós-Graduação em Educação da mesma universidade.
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em História da Edu-
cação, História da Infância e Educação Infantil, atuando principalmente
nos seguintes temas: história da educação primária, história da infância,
História da Escola Primária no Brasil
501
Tiragem 450 exemplares
Formato 17x25,5cm
Tipologia Palatino Litotype, 11