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A LEGISLAÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO
MUNICIPAL
Plano Diretor e alguns de seus instrumentos reguladores:
Zoneamento e Operações Urbanas Consorciadas
C
om tantas discussões sobre as Isso não é diferente no que diz respeito ao mento das cidades, bem como a harmonia
Operações Urbanas e projetos de planejamento do espaço físico e desenvol- entre eles.
restauração de áreas degradadas, vimento das cidades. Seguindo o estabelecido na nova
como é o bairro da Luz, achamos que se- Na década de 60, vários movi- legislação, a câmara municipal de São Pau-
ria de grande interesse escrever uma maté- mentos sociais se organizavam para criar lo institui, em 13 de Setembro de 2002, seu
ria simples, que elucidasse o emaranhado um instrumento que conduzisse o início do Plano diretor, a Lei Municipal 13.430. Pre-
de leis e intervenções das quais a cidade crescimento das cidades, com a preocupa- visto, também, nessa legislação municipal
de São Paulo tem sido palco nos últimos ção de que isso fosse feito de maneira orde- estava a determinação de que alguns itens
meses. Dando um passo além, podemos nada. Se eles tivessem tido sucesso, talvez importantes, como o zoneamento da cida-
mostrar como questões tão longe do nos- hoje o perfil das nossas grandes cidades de, por exemplo, fosse revisado, o que está
so dia-a-dia na verdade estão mais perto poderia ser diferente e melhor. O fato é sendo feito agora em 2009.
do que pensamos. O trem que pegamos, que, em linhas gerais, essa luta foi deixada De maneira geral, a melhor com-
o prédio onde trabalhamos, o restaurante de lado durante os governos militares. A preensão que se tem de um Plano Diretor é
onde comemos; todos esses itens da nos- retomada do assunto se deu timidamente que ele seja o instrumento básico da políti-
sa vida diária são regidos por leis: onde e no final da década de 80 com a promulga- ca de desenvolvimento do Município. Sua
como devem ser construídos, quais os fa- ção da nova Constituição Brasileira, mas principal finalidade é orientar a atuação do
tores importantes para seu funcionamento só veio a ser alvo de sérias discussões nos poder público, e da iniciativa privada, na
e como a integração de tudo isso melhora anos 90. O fruto tardio de todas essas dé- construção dos espaços urbanos e rurais e
a qualidade de vida dos cidadãos. Quem cadas de discussões resultou, em 10 de ju- na oferta dos serviços públicos essenciais,
sabe, conhecendo melhor tudo isso, você lho 2001, na Lei 10.257, conhecida como visando assegurar melhores condições de
se sinta motivado a participar de maneira o “Estatuto das Cidades”, que regulamenta vida para a população.
mais ativa na melhoria da sua cidade. os Artigos 182 e 183 da Constituição Fe- Mas, em uma cidade como São
deral, estabelecendo diretrizes gerais da Paulo, cuja extensão territorial, diversida-
O que é Plano Diretor? política urbana e outras providências. O de geográfica e histórica é imensa, o Plano
Capítulo II, Artigo 4º, item 3 trata especifi- Diretor ficaria inviável se abordasse todos
A história do Brasil está recheada camente do Plano Diretor, dando-lhe uma os itens reguladores necessários. Assim,
de acontecimentos complicados e de gran- grande responsabilidade, a de reger todos foi necessária sua desmembração em pla-
des confrontamentos políticos e sociais. os processos de crescimento, desenvolvi- nos menores, delimitados geograficamen-
8
OPERAÇÕES URBANAS EXISTENTES
1) FARIA LIMA
10 2) ÁGUA BRANCA
15 3) CENTRO
2 12
4) ÁGUA ESPRAIADA
7 11 5 5) RIO VERDE / JACÚ
3
OPERAÇÕES URBANAS PROPOSTAS
1 9
6) VILA SÔNIA
6 7) VILA LEOPOLDINA
8) DIAGONAL NORTE
13
9) DIAGONAL SUL
10) CARANDIRU / VILA MARIA
4
11) CELSO GARCIA
12) AMADOR BUENO
14 13) SANTO AMARO
14) PÓLO DESENVOLVIMENTO SUL
15) TERMINAL LOGÍSTICO FERNÃO DIAS
* A Operação Urbana Terminal Logístico Fernão
Dias não foi prevista na Lei n° 13.885/04
Fonte: Imagem concedida pela Secretária Municipal de Desenvolvimento Urbano
ra, além das existentes Faria Lima, Água ficiente de aproveitamento de 1 para 2 a 4,
Branca, Centro e Águas Espraiadas. Veja dependendo da região. Esse procedimento
os mapas do que já está sendo feito, o que é conhecido como Outorga Onerosa, deter-
será feito em breve e as demais localidades minado pelo Estatuto das Cidades.
onde existem projetos, mas que ainda não
foram iniciadas obras. Veja as ilustrações ao lado.
Um grande diferencial dessas áre-
as de Operação Urbana é que o coeficiente Essa contrapartida, anteriormente
de aproveitamento pode chegar a 4 vezes citada, é normalmente feita em dinheiro. O
a área do terreno, mediante pagamento da modo como esse pagamento é feito tam-
Outorga Onerosa. O objetivo é garantir que bém deve ser determinado na legislação Coeficiente de aproveitamento = 2 a 4
grandes edifícios possam ser edificados em municipal. No caso de São Paulo, a con- Compra dos CEPACs para uso da
Outorga Onerosa
áreas com infra-estrutura desenvolvida. trapartida deve ser paga ao Poder Público
Um ponto muito importante a se observar pelo proprietário do imóvel, em espécie ou zados no Mercado de Balcão Organizado
aqui é que se por um lado a legislação visa em Certificados de Potencial Adicional de da BOVESPA; os editais dos leilões são
melhorar a ocupação de áreas com boa in- Construção, conhecidos como CEPACs. publicados no Diário Oficial da Cidade
fra-estrutura, por outro ela também visa a Cada CEPAC equivale a determinado va- de São Paulo e em jornal de grande circu-
qualidade de vida da população local. As- lor de m² para utilização em área adicional lação; 2) ou no mercado secundário, por
sim, é importante verificar se há estoque de construção ou em modificação de usos e meio de corretoras de valores.
disponível para essa compra. Muitas zonas parâmetros de um terreno ou projeto. As áreas passíveis de aplicação
em São Paulo já atingiram o máximo de Os CEPAC podem ser adquiri- de outorga onerosa são as Áreas de Inter-
construções que o Plano Estratégico Re- dos de duas maneiras: 1) em leilões reali- venção Urbana, as Áreas de Operações Ur-
gional permitia.
www.buildings.com.br 13
09 Espaços Corporativos Online
Mercado
banas aprovadas por leis específicas e as mistas e uma nova zona, a de “centralidade tragem do terreno), mediante pagamento
zonas de uso cujo coeficiente de aproveita- linear” (centros dos bairros) onde o coefi- de taxa (outorga onerosa).
mento máximo for maior que o básico. ciente de aproveitamento básico - aquele
Atualmente São Paulo tem emi- sobre o qual não é necessário pagar taxas 6. Teatro e cinema: centros de compras ou
tido CEPACs para as áreas de Operação à Prefeitura para construir mais - é de 2 shoppings com área construída superior a
Urbana das Águas Espraiadas e da Faria (duas vezes o tamanho do lote) e o máximo 30 mil metros quadrados serão obrigados a
Lima. (quando é preciso pagar), de 4. ter pelo menos uma sala de cinema e uma
de teatro com capacidade para no mínimo
PROPOSTA DE REVISÃO DO 3. Megacondomínios: condomínios que 250 pessoas cada uma.
PLANO DIRETOR tiveram terrenos muito grandes terão de
ser desmembrados em dois ou três outros 7. Postos de gasolina: o plano permite pos-
Como previsto no Plano Diretor, condomínios, subdividindo o terreno com tos de gasolina acoplados a supermercados e
foi estabelecido um prazo para que ocor- ruas públicas. hipermercados, contanto que as bombas fi-
resse uma revisão do seu conteúdo. O as- quem a 20 metros das atividades comerciais.
sunto, porém, está sendo alvo de grandes 4. Anistia branca: imóveis com área cons-
discussões. Veja os pontos principais da truída acima do permitido poderão reque- 8. Usucapião: o executivo deverá outor-
nova proposta. rer regularização mediante contrapartida gar àquele que, até 30 de junho de 2001,
urbanística, com um instrumento chama- residia em área urbana de até 250 metros
1. Proteção ambiental: no plano atual, as do Termo de Compensação Urbanística quadrados, de propriedade pública, por 5
áreas de proteção ambiental da cidade são (TCU). Atualmente, isso só é possível por anos, ininterruptamente e sem oposição,
divididas em três subtipos: de proteção in- meio de anistias que são projetos aprova- título de Concessão de Uso Especial para
tegral, de uso sustentável e de conservação dos na Câmara. Fins de Moradia.
e recuperação. Na revisão, essas três viram
sete, uma delas denominada zona mista. 5. Escolas: os estabelecimentos de ensino, 9. Direito de superfície: a Prefeitura fica
Isso quer dizer que o novo plano irá prever a título de incentivo da Prefeitura, poderão autorizada a conceder o direito de super-
vários tipos de ocupação dessas áreas. ter prédios que ultrapassem o CA máximo fície dos seus terrenos e imóveis, o que
da cidade, chegando, em alguns casos a inclui a terra em si, o subsolo e o espaço
2. Zonas mistas: o plano cria subzonas CA 6 (área construída de seis vezes a me- aéreo.