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An o XXII • N º 5439• 06 / 1 1 / 2 0 1 8 • Ed it o r : Re f i na l d o C h i l e ngue
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Moçambicanos em risco de negócios

OMR alerta que

despedimento na mina de Gold Fields

orçamento para
agricultura em
Moçambique é
Trabalhadores moçambi- insuficiente
canos corporizam o con- páG 3
tingente de mais de mil
mineiros da Gold Fields negócios E
B
que receberam cartas de Metical com e
despedimento na mina de
Westonaria, cerca de 100
ligeira valorização T
km de Joanesburgo, devido face ao euro e
a alegadas perdas financei- estável com o USD
ras pela empresa o que sus-
citou a convocação de uma
greve pela União Nacional
dos Mineiros (NUM).
A delegação do Ministério
moçambicano do Trabalho,
páG 4
Emprego e Segurança Social
na África do Sul lamenta,
mas não tem poderes para negócios
travar o despedimento de Inflação nos
pelo menos mil mineiros alimentos pode
da companhia de ouro Gold ter agravado
Fields que já receberam car-
tas de rescisão de contratos
pobreza em 4% a
ou despedimento. 6%
paG 2 páG 5

tiku 15!
Liberdade de
expressão
- R. Chilengue
páG 5

Moçambicanos em risco de despedimento na mina de Gold Fields
Desconhece-se ainda o número exacto de moçambicanos afectados pela redução da mão-
de-obra na Gold Fields, mas uma fonte dos mineiros disse ao jornal Correio da manha em
Joanesburgo que “são muitos”
Trabalhadores moçambica-
nos corporizam o contingen-
te de mais de mil mineiros
da Gold Fields que recebe-
ram cartas de despedimen-
to na mina de Westonaria,
cerca de 100 km de Joanes-
burgo, devido a alegadas
perdas financeiras pela em-
presa o que suscitou a con-
vocação de uma greve pela
União Nacional dos Mineiros
(NUM).
A delegação do Ministério
moçambicano do Trabalho,
Emprego e Segurança Social
na África do Sul lamenta,
mas não tem poderes para
travar o despedimento de
pelo menos mil mineiros da
companhia de ouro Gold Fiel-
ds que já receberam cartas
de rescisão de contratos ou
despedimento.
Desconhece-se ainda o nú-
mero exacto de moçambica-
nos afectados pela redução
da mão-de-obra na Gold Fiel-
ds, mas uma fonte dos minei-
ros disse ao jornal Correio da
manha em Joanesburgo que
“são muitos”.
correio da manhã • novembro 2018
sociedade
A Gold Fields em Westonaria
tem cerca de cinco mil tra-
balhadores mineiros e alega
fraca produção de ouro e
elevadas perdas financeiras.
O sindicato descorda e acu-
sa os gestores australianos
de má gestão da companhia
mineira.
Líderes sindicais mobiliza-
ram os trabalhadores para
greve que começou sexta-
O ano de 2017
-feira de forma, tendo ga-
caracterizou-se
nhado novas aderências
esta segunda-feira em pro-
por uma
testo contra a medida de
tendência de
despedimento, conforme
constatou a reportagem, do
aumento de preços
Correio da manhã no local.
de Janeiro a Abril
Vídeos postados nas redes
sociais nas primeiras ho-
ras da noite de Domingo
mostravam grevistas empu-
nhando paus e queimando
pneus na estrada de acesso
a companhia mineira Gold
Fields em Westonaria.
Segundo os sindicalistas,
em 2018 a companhia des-
pediu 1800 trabalhadores
e desde então tem estado a
mudar de gestores.
2
O Correio da manhã apurou
que uma equipa do Minis-
tério moçambicano do Tra-
balho, Emprego e Segurança
Social visitou sexta-feira a
mina de Sibanye Gold, quase
na mesma região onde ope-
ra a Gold Fields.
A Sibanye Gold perdeu mais
de 20 trabalhadores incluin-
do moçambicanos este ano
em acidentes de trabalho.
Então, a delegação de Mo-
çambique visitou uma das
minas de Sibanye para se in-
teirar das condições de tra-
balho a partir da superfície
até ao interior onde se extrai
pedra da qual sai o ouro.
Cenário penoso
A directora provincial do
Trabalho de Inhambane, Le-
onilde Forquia, e a chefe do
departamento dos recursos
humanos e finanças da dele-
gação do Trabalho na África
do Sul, Isaura Muianga, não
resistiram e choraram con-
vulsivamente de medo e
pena das condições no inte-
rior da mina. O trabalho de-
baixo da mina é muito duro.
A temperatura ronda os cer-
ca de 60 graus positivos e as
duas mulheres nunca imagi-
naram o tipo de condições
em que trabalham os minei-
ros numa mina de ouro na
África do Sul.
Foi a primeira experiência
que viveram a mais de dois
mil metros de profundidade
onde o ar chega de forma
condicionada pela tecnolo-
gia.
No final da visita disseram
que vão intensificar com
conhecimento de causa a
mobilização dos mineiros a
fazerem poupanças financei-
ras para o seu futuro e das
respectivas famílias em casa,
sobretudo porque o empre-
go nas minas se tornou inse-
guro.
Quase todas as companhias
mineiras sul-africanas es-
tão a reduzir a mão-de-
-obra.
Moçambique perde oito por
cento dos trabalhadores por
ano na indústria mineira sul-
-africana, devido a vários
factores e não há reposição.
Agora Moçambique tem cer-
ca de 23 mil mineiros contra
cerca de 100 mil na década
de 1970.
O Director provincial do Tra-
balho de Gaza, Sancho Hum-
bana, disse que os trabalha-
dores moçambicanos nas
minas têm particularidade
especial, são respeitados por
todos os colegas de outras
nacionalidades.
A indústria mineira sul-
-africana emprega cidadãos
locais e de países vizinhos
nomeadamente Lesotho,
Moçambique e Suazilândia.
THANGANI WA TIYANI,
CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL

OMR alerta que orçamento
para agricultura em
Moçambique é insuficiente
Os investimentos feitos
pelos governos de Moçam-
bique na agricultura são in-
suficientes para assegurar o
desenvolvimento do sector
e a autossuficiência alimen-
tar, consideram investigado-
res do Observatório do Meio
Rural, uma Organização Não
Governamental (ONG) mo-
çambicana ligada à agricul-
tura (Correio da manhã Nº
3435, págs. 1 e 2).
Numa análise intitulada
“Orçamento Geral do Estado
para o sector agrário e de-
senvolvimento rural”, João
Mosca e Rabia Aiuba assi-
nalam que a dotação para a
agricultura inscrita no Orça-
mento do Estado foi sempre
inferior a 4,8% do total das
despesas, desde 2011, com
um ligeiro aumento previsto
para 6,4% em 2019.
“Os níveis de investimento
são insuficientes para re-
cuperar, a médio prazo, o
défice e as debilidades em
infraestruturas diretamen-
te associadas ao setor agrá-
rio”, diz o estudo.
correio da manhã • novembro 2018
economi & negócios
Com o volume de recur-
sos que têm sido alocados
à agricultura e ao desen-
volvimento rural, não será
possível ao Estado criar
condições para que o sec-
tor se imponha como fun-
damental para a economia
do país.
João Mosca e Rabia Aiuba
recordam que o Estado mo-
çambicano comprometeu-
-se a canalizar 10% do seu
orçamento à agricultura.
Nesse sentido, os dois es-
tudiosos instam o governo
a trabalhar no sentido de
destinar essa percentagem
a partir de 2022.
A OMR apela aos partidos
com assento no parlamento
para que exijam ao Governo
o cumprimento desta direc-
tiva, porque já se passaram
15 de incumprimento.
Os Estados da União Afri-
cana assinaram em 2010 a
Declaração de Maputo, com-
prometendo-se a transferir
10% dos seus orçamentos à
agricultura.
redacção
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 correio da manhã • novembro 2018

economia & negócios

Metical com ligeira a 61,25 meticais, ou seja, com

variações marginais.
A divisa dos EUA é a moeda
29/Out

Média 68,36
68,36

69,70
69,72

valorização face ao que serve de base de cálcu-

lo às taxas de câmbio de re-
Taxas de câmbio médias de
referência do dólar america-

euro e estável com o USD

ferência para as outras moe- no em meticais
das em Moçambique. USD compra venda
Taxas de câmbio médias de 02/Nov 60,14 61,33
referência do euro em meti- 01/Nov 60,1 61,28
cais 31/Out 60,06 61,25
Euro compra venda 30/Out 60,03 61,18
02/Nov 68,71 70,07 29/Out 60,02 61,21
01/Nov 68,36 69,7
31/Out 68,1 69,45 Média 60,07 61,25
30/Out 68,25 69,55 Fonte: Banco de Moçambique

A moeda moçambicana va-
lorizou-se ligeiramente em
relação ao euro na última
semana e manteve-se qua-
se inalterada face ao dólar
norte-americano, de acordo
com as taxas de câmbio di-
árias divulgadas pelo Banco
de Moçambique (BM).
Durante a semana passada,
o euro foi oficialmente com-
prado a uma média de 68,36
meticais em Moçambique,
menos 25 centavos que na
semana anterior, enquanto
a venda foi feita em média
a 69,70 meticais, ou seja, 26
centavos mais barato.
Em relação ao USD, cada uni-
dade da moeda norte-ameri-
cana foi comprada em média,
oficialmente, na última sema-
na, a 60,07 meticais, enquan-
to a venda foi feita, em média,
frase
As casas são construídas para que se viva nelas, não
para serem olhadas
- Francis Bacon (1561-1626), filósofo e político
Ficha técniica
Primeiro jornal ilustrado transmitido por FAX, E-mail e entregue por estafeta no ende-
reço desejado (só cidade de Maputo), de 2ª a 6ª-feira.
  Propriedade da SOJORNAL Sociedade Jornalística, Avenida Filipe Samuel Magaia,
528-3º Flat 6, Maputo Moçambique - C.P. 1756
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reflectem necessariamente o ponto de vista nem a linha editorial deste jornal.

4

Inflação nos alimentos
pode ter agravado
pobreza em 4% a 6%
A inflação do preço dos ali-
mentos em 2016-17 pode ter
aumentado em quatro a seis
pontos percentuais a parcela
de população moçambicana
que vive na pobreza, de acor-
do com um novo estudo do
Banco Mundial.
“Uma análise do Banco Mun-
dial sobre as implicações da
inflação do preço dos ali-
mentos em 2016-17 conclui
que pode ter significado um
aumento da pobreza em 04
a 06 pontos percentuais”,
refere a fonte.
A informação faz parte do
boletim sobre a Actualidade
Económica de Moçambique,
divulgado na quarta-feira
da semana passada, em Ma-
puto.
Algumas das províncias
mais pobres, tais como Tete,
Manica e Niassa (interior
norte e centro), terão sido as
que mais suportaram o far-
do, devido ao elevado nível
de dependência do milho,
acrescenta.
Como Moçambique é im-
portador de milho e arroz, o
preço dos alimentos chegou
a subir 40% em novembro
de 2016, por causa de uma
depreciação acentuada da
moeda, o Metical - logo,
eram necessários mais met-
icais para pagar a mesma
quantidade de comida.
Hoje, a situação macroe-
conómica estabilizou-se (a
inflação média a 12 meses
é de 4,59%), mas as marcas
podem perdurar.
Estas perspectivas sobre
2016 são as mais recentes
indicações sobre a evolução
da pobreza em Moçam-
bique, uma vez que os úl-
timos dados oficiais con-
solidados das autoridades e
correio da manhã • novembro 2018
economia, negócios & sociedade
menores, mas qualitativa-
mente iguais”.
O estudo realça “os custos
A descoberta de dívidas
ocultas do Estado, ascend-
endo a dois mil milhões de
da instabilidade macro-
económica nos mais desfa-
dólares norte-americanos,
contribuiu para que o abran-
vorecidos, especialmente damento económico de
dada a medida em que Moçambique, que já se per-
as subidas de preços dos spectivava, se transformasse
Banco Mundial são de 2014- alimentos são despropor- numa crise em 2016-17,
15 e indicam que 48,4% da cionalmente sentidas pelas com os indicadores macro-
população é pobre - uma famílias mais pobres, mes- económicos a estabilizarem
trajetória de descida desde mo quando são produtoras desde o último ano.
2002-03 em que o valor at- de alimentos”. redacção
ingia 60,3%.
“A medição da pobreza em
Moçambique baseia-se no
valor de um nível mínimo
curiosidade
de consumo necessário
para a vida normal a curto
prazo e bem-estar humano
a longo prazo e que é esti-
mado a partir de pesquisas
domiciliares a cada cinco
ou seis anos”, pelas autori-
dades moçambicanas, nota
a instituição.
Apesar da situação infla-
cionária verificada em 2016-
17, o Banco Mundial prevê
que, até 2030, Moçambique
consiga reduzir a pobreza
de 48,4% para 21,8% (mel-
hor cenário) ou 36% (pior
cenário).
O impacto desigual da insta-
bilidade macroeconómica Enfermeiro confessa que matou
(e consequente inflação do mais de cem pacientes
preço de alimentos) regista- O enfermeiro alemão Niels Högel confessou ter matado cem
da em Moçambique nos úl- pacientes, entre 1999 e 2005, em dois hospitais no Norte da
timos anos é avaliado numa Alemanha.
secção específica do novo Na primeira sessão do julgamento, que começou no dia 30
boletim do Banco Mundial. de Outubro na cidade de Oldenburg, o Ministério Público
Na secção, a instituição nota acusou Högel de provocar paragens cardíacas aos pacientes
que as famílias pobres do para depois os reanimar e, assim, impressionar os seus co-
interior rural foram as que legas.
mais cortaram na alimen- O enfermeiro está a cumprir uma pena de prisão perpétua
tação. pela morte de outros seis pacientes.
“Uma análise ao impacto de As autoridades estão também a investigar o que falhou nos
preços mais altos no bem- hospitais para que Niels Högel pudesse matar dezenas de
estar das famílias mostra pacientes durante vários anos.
que um aumento de 10%
nos preços do milho levou
a uma redução de 1,2% PREVISÃO DE TEMPO
do consumo per capita nas
CANAL DO TEMPO
áreas rurais e de 0,2% nas TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO
áreas urbanas”, refere a in- 06 Novembro 07 Novembro 08 Novembro 09 Novembro 10 Novembro
FONTE
stituição.
Os efeitos causados pelas
mudanças “nos preços do 29º 18º 26º 16º 27º 16º 27º 15º 27º 16º
arroz e mandioca foram