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da manhã
An o XXII • N º 5434• 30 / 1 0 / 2 0 1 8 • Ed it o r : Re f i na l d o C h i l e ngue
re daccao @co rre i o damanhamoz.com / ed it or@correiod ama nhamoz.com
www. co r re io d a m a nh a m oz . co m

KwaNgwanase ou economia
Moeda

Manguzi: novo destino


moçambicana
ganha meio
metical face ao
KwaNgwanase ou Manguzi euro
são designações que dora- páG 3
vante integrarão o léxico e
E
constituirão escala frequen- negócios B
te, principalmente para os
residentes do sul de Moçam-
Moçambique e
bique, com maior predomi- precisa de T
nância para os da cidade de forte disciplina
Maputo. orçamental
A região está rematada
páG 4
no distrito municipal de
UmKhanyakude, no extremo
norte da província sul-afri- política
cana de KwaZulu-Natal. Breytenbach, o
KwaNgwanase, que tem fotojornalista em
como principal centro re-
lativamente urbanizado o
quem Savimbi
vilarejo de Manguzi, é uma confiou
região por enquanto extre- páG 5
mamente (em)pobre(cida),
de onda a maioria dos ope- opinião
radores turísticos, comer- Paz entre
ciais e residentes de Ponta
do Ouro e outras regiões... Renamo e MDM!
paG 2 páG 7

tiku 15!
Liberdade de
expressão
- R. Chilengue
páG 5
correio da manhã • outubro 2018

negócios

KwaNgwanase ou Manguzi
Longe do nível de Malelane e Nelspruit (Mbombela), a região de KwaNgwanase ou
Manguzi, localizada a aproximadamente 15 quilómetros da fronteira de Ponta do Ouro
(Moçambique)/Kosi Bay (África do Sul), apresenta-se no entanto relativamente bem
apetrechada no que ao comércio e outras infra-estruturas fornecedoras de bens e
serviços básicos diz respeito
vislumbrar oficinas e barracas
comerciais com as cores da
bandeira de Moçambique nas
paredes ou escritas em língua
portuguesa.
Em KwaNgwanase justamen-
te na casa do Rei Tembe,
realiza-se um ritual anual
(decorre no mês de Feverei-
ro) no qual os rongas de Mo-
çambique, África do Sul, Su-
azilândia e outros países da
Um grupo de turistas momentos antes de efectuar um passeio pela Reserva dos Elefantes de Tembe África Austral se reúnem para
convívio em torno do “Festi-
KwaNgwanase ou Manguzi maputenses quando preten- nos dois lados bandeiras na- val de Amarula”), cerimónia
são designações que dora- dem efectuar compras, trata- cionais da África do sul e de caracterizada por abundantes
vante integrarão o léxico e mento médico e/ou turismo. Moçambique. comeretes e beberetes.
constituirão escala frequen- Longe do nível de Malelane Oficialmente, 1.4% dos cer- A família do antigo presi-
te, principalmente para os e Nelspruit (Mbombela), a ca de 5.540 habitantes de dente da República, Arman-
residentes do sul de Moçam- região de KwaNgwanase ou KwaNgwanase falam tsonga do Emílio Guebuza tem sido
bique, com maior predomi- Manguzi, localizada a apro- (changana/ronga) largamen- presença regular e destacada
nância para os da cidade de ximadamente 20 quilóme- te fomentada por uma subs- nestes eventos.
Maputo. tros da fronteira de Ponta do tancial colónia de moçam- Em algumas ocasiões este
A região está rematada Ouro (Moçambique)/Kosi Bay bicanos ali estabelecida. Há festival é realizado integral
no distrito municipal de (África do Sul), apresenta- quem se assume como tal, ou parcialmente do lado mo-
UmKhanyakude, no extremo -se no entanto relativamen- mas muitos preferem ocultar çambicano.
norte da província sul-africa- te bem apetrechada no que a respectiva nacionalidade. Doravante, com a Ponte Ma-
na de KwaZulu-Natal. ao comércio e outras infra- Muitos emigraram legal ou puto-KaTembe e a sua auto-
KwaNgwanase, que tem como O ano de 2017
-estruturas fornecedoras de ilegalmente para KwaNgwa- -estrada será fácil para mui-
principal centro relativamen-
te urbanizado o vilarejo de
caracterizou-se
bens e serviços básicos diz
respeito.
nase ou Manguzi durante
a chamada “guerra dos 16
tos moçambicanos visitar
KwaNgwanase ou Manguzi,
Manguzi, é uma região por por uma
Tem a vantagem de, uns dez anos” (1976/1992) em Mo- participar no Festival de Ama-
enquanto extremamente (em)
pobre(cida), de onda a maio-
tendência de
quilómetros mais para o in-
terior, albergar a fabulosa
çambique e de lá não mais
regressaram à pátria-mãe e
rula e/ou visitar as regiões
turísticas de Richard Bay e
ria dos operadores turísticos, aumento de preços
Reserva dos Elefantes de por lá gerou filhos, e netos e Durban, em KwaZulu-Natal,
comerciais e residentes de
Ponta do Ouro e outras regi-
de Janeiro a Abril
Tembe, um pitoresco destino
turístico que até agora era de
bisnetos.
É normal entre os andrajosos
entre outros pontos fascinan-
tes que aquela região do país
ões do sul da província meri- difícil acesso para a maioria vendedores informais ou que vizinho possui.
dional moçambicana de Ma- dos moçambicanos, cenário se acotovelam ao longo da Importa referir que a austo-
puto se abastecem. que doravante será relegado principal estrada que atra- -estrada tem dois sentidos,
Provavelmente, estas duas para o passado, com a inau- vessa o centro de Manguzi portanto são, igualmente,
expressões/local, paulatina- guração da Ponte Maputo- encontrar moçambicanos, bem-vindos os sul-africanos
mente substituirão ou dispu- -KaTembe, no próximo dia 10 detectáveis pelo idioma que e eMaswati (naturais de eSwa-
tarão protagonismo com as de Novembro deste 2018. usa. tini), antiga Swazilândia,que
de Malelane e Nelspruit ou Importa referir que os carros No meio de algum “esconde- passam a ter acesso fácil às
Mbombela, na província sul- que movimentam turistas no -esconde”, há quem não se paradisíacas praias moçambi-
-africana de Mpumalanga, interior da Reserva dos Ele- inibe e evidencia o seu orgu- canas e outros pontos de lazer.
para onde recorrem muitos fantes de Tembe ostentam lho patriótico, daí ser normal REFINALDO CHILENGUE

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economia & negócios

Moeda
moçambicana
ganha meio metical
face ao euro
A moeda moçambicana valorizou-
-se meio metical face ao euro du-
rante a última semana, de acordo
com as taxas de câmbio diárias di-
vulgadas pelo banco central.
Durante a última semana, o euro
foi oficialmente comprado a uma
média de 68,61 meticais em Mo-
çambique, menos 0,54 que na se-
mana anterior, enquanto a venda
foi feita em média a 69,96 meti-
cais, ou seja 0,56 mais barato.
Em relação ao dólar norte-ameri-
cano, a moeda moçambicana man-
teve-se estável.
Cada unidade da moeda norte-
-americana foi comprada em mé-
dia, na última semana, a 60 meti-
cais, enquanto a venda foi feita em
média a 61,18 meticais, pratica-
mente sem variação face à sema-
na anterior.
A divisa dos EUA é a moeda que
serve de base de cálculo às taxas
de câmbio de referência para as
outras moedas em Moçambique.
Taxas de câmbio médias de refe-
rência do euro em meticais
Euro compra venda
26/Out 68,15 69,51
25/Out 68,5 69,85
24/Out 68,56 69,92
23/Out 68,78 70,11
22/Out 69,06 70,42
Ficha técniica
Média 68,61 69,96
Primeiro jornal ilustrado transmitido por FAX, E-mail e entregue por estafeta no
Taxas de câmbio médias de refe- endereço desejado (só cidade de Maputo), de 2ª a 6ª-feira.  Propriedade da
rência do dólar americano em me- SOJORNAL Sociedade Jornalística, Avenida Filipe Samuel Magaia, 528-3º Flat 6,
ticais Maputo Moçambique - C.P. 1756
USD compra venda website: www.correiodamanhamoz.com E-Mail: correiodamanha@tvcabo.co.mz /
26/Out 60,01 61,2 redaccao@correiodamanhamoz.com / editor@correiodamanhamoz.com
25/Out 60,01 61,2 Tel.: Redacção: 21305322/3 - Editor: 21305326 - Fax: 21305321/8; móvel: 841404040
24/Out 60,01 61,19 Os artigos de opinião inseridos nesta edição são da inteira responsabilidade dos
23/Out 59,98 61,15 respectivos autores e não reflectem necessariamente o ponto de vista nem a linha
22/Out 59,98 61,17 editorial deste jornal.

Média 60,00 61,18


Fonte: Banco de Moçambique

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economia & negócios

Moçambique precisa de
forte disciplina orçamental
O economista-chefe do damental para Moçambique,
Standard Bank refere que não só pela credibilidade
o Governo de Moçambique internacional, mas também
precisa de manter uma forte pelo espaço orçamental que
disciplina orçamental e avi- abre para investimentos em
sou que o próximo ano será projetos que ajudem a eco-
muito importante para a nomia a acelerar.
economia moçambicana. “Para além destes dois fac-
“O próximo ano será muito tores [renegociação da dívi-
importante do ponto de da e Decisão Final de Inves-
vista económico, sobretudo timento], o que podemos
porque se espera que dois depreender da decisão de
grandes projectos de gás manter inalterada a taxa de
natural atinjam a fase de juro é que é preciso que se
Decisão Final de Investi- mantenha uma forte dis-
mento, de um potencial de ciplina orçamental, inde-
decisão de investimento na pendentemente daquilo
ordem dos 55 mil milhões que venha a acontecer na
de dólares para uma eco- renegociação da dívida ou
nomia de 12,5 mil milhões, nos projectos de gás natu-
portanto é substancial”, ral”, argumentou Fáusio
disse Fáusio Mussa. Mussa.
Em entrevista à Lusa sobre O Governo, defendeu, “tem
as perspectivas económicas de manter o défice orça-
para o país, o economista- mental controlado para
chefe do Standard Bank permitir algum nível de
avançou que “esses inves- consolidação”, apesar de
timentos, a avançarem, o próximo ano ser ano de
abrem espaço para o país eleições e de, tradicional-
desenvolver de forma sub- mente, a despesa pública
stancial o potencial energé- aumentar.
tico que é neste momento “Eu acredito que, obvia-
o gás natural” e, por outro mente, sendo um ano de
lado, “obviamente que isto eleições, haverá pressão a
pode permitir melhorar a esse nível do ponto de vista
iniciativa do governo para orçamental, mas ao mesmo
estabilizar a economia, ou tempo eu noto que há um
seja garantir uma inflação grande esforço, incluindo
estável e um câmbio estáv- no próprio Orçamento do
el e criar uma base para a Estado, para manter um
economia começar a cresc- controlo sobre estas var-
er com ritmos acelerados”. iáveis”, concluiu o econo-
Por outro lado, acrescentou, mista-chefe do Standard
a renegociação da dívida é Bank em Maputo.
também uma questão fun- redacção

PREVISÃO DE TEMPO
CANAL DO TEMPO

TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO


30 Outubro 31 Outubro 01 Novembro 02 Novembro 03 Novembro
FONTE

34º 21º 27º 20º 28º 19º 23º 17º 26º 16º

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política

Cloete Breytenbach, conflito e fez sempre o que


estava ao seu alcance para
que eu pudesse acompanhar
no quotidiano dos soldados,
nos seus “tempos mortos”,
no que decorria entre bata-

o fotojornalista em o grupo”.
A relação estreitou-se e
lhas. “A vida dos soldados ia
para além de matar pesso-

quem Savimbi confiou


Breytenbach chegou mesmo as”, diz.
retratar o líder angolano em “Eu queria que as pessoas
contexto familiar. soubessem o que os rapazes
Era fácil atravessar a fron- andavam a fazer. Fotogra-
teira entre a África do Sul e fei-os enquanto lavavam
Angola e o fotojornalista fê- a roupa, enquanto liam ou
-lo 50 a 60 vezes ao longo escreviam cartas. Nunca tive
de 20 anos. “Pedi sempre uma agenda, nunca fotogra-
autorização a Savimbi an- fei de forma interessada ou
tes de ir. Os seus homens tendenciosa. Nunca me in-
encontravam-me na fron- teressou quem ganhava ou
teira e levavam-me até ao perdia”.
local onde estavam estabe- Nessa época, era duro ser
lecidos”. um soldado rebelde em Áfri-
De cada vez que visitou An- ca, garante. As longas cami-
gola, Breytenbach permane- nhadas diárias no mato, o
ceu no terreno entre duas se- racionamento de alimentos,
De 1967 a 1987, foi o úni- chefe severo, mas, em si- manas e um mês. Percorreu o perigo iminente tornavam
co homem branco no grupo multâneo, muito popular o território do país e esteve a experiência esgotante. A
militar da UNITA. “Comia entre os soldados”. presente em todas as frentes camaradagem e a boa dis-
o que eles comiam, dor- Entre os dois estabeleceu- activas, tendo então produ- posição funcionavam como
mia onde eles dormiam”. -se um elo de confiança zido o corpo do trabalho do um antídoto. “Os soldados
Recusou ter uma arma: que permitiu ao fotógra- qual se extraíram as 60 fo- da UNITA tratavam-se como
“Já tinha a minha câmera fo avançar para o terreno tografias agora reunidas em seres humanos, mutuamen-
fotográfica”. sob a protecção da UNITA. A Guerra em Angola 1967- te”, descreve, referindo de
Decorria o ano de 1966. “Ele percebeu, logo desde 1987, exposição que pode seguida que o mesmo não
Cloete Breytenbach con- o início, que eu não era um ser vista no Espaço Mira, no acontecia entre os soldados
tava então com 15 anos de espião, que não tinha uma Porto, até 10 de Novembro, do MPLA. “Creio que a maio-
carreira como fotojornalis- posição política definida numa extensão do festival ria dos soldados da UNITA
ta ao serviço do Die Burger, sobre o conflito angolano encontros da Imagem. não se interessava pelos fac-
um jornal de facção nacio- e que o meu objectivo era, Escapou à morte várias ve- tos, pelo resultado do confli-
nalista, manifesto defen- unicamente, documentar. zes, mas viu mais do que de- to ou pela consequência das
sor do regime de apartheid Ele compreendia a necessi- sejaria. suas próprias acções. O sol-
então vigente na África do dade de registo histórico do dado médio queria apenas
Sul. Além de matar ter comida na mesa, queria
A relação estreita que exis- Ao longo da sua carreira um emprego. Se alguém o
tia entre o diário e o exército Ao longo da de 67 anos, Breytenba- mandasse matar, ele fazia-o
sul-africano (SADF) tornou sua carreira ch acompanhou de perto sem
possível o contacto do fo-
tojornalista com um general
de 67 anos, vários conflitos no conti-
nente africano, nomeada-
questionar, sem conhecer o
motivo.
da UNITA que lhe garantiu Breytenbach mente no Zimbabué, em Milhares de jovens alista-
ser próximo de Jonas Sa-
vimbi (1934-2002). “Disse-
acompanhou de Moçambique, no Congo e
na África do Sul. Apesar de
ram-se no exército porque
não tinham nada mais in-
-lhe que gostaria de passar perto vários ter documentado inúme- teressante para fazer. E ali
algum tempo com as forças conflitos no ros confrontos, a morte, o sempre podiam usar armas.
do exército rebelde e ele
respondeu-me que iria to-
continente sangue e a crueldade que
se praticava no campo de
Não as usavam para defen-
der um ideal, não tinham
mar as providências neces- africano, batalha nunca estiveram na razões de ordem ideológi-
sárias”. nomeadamente mira da sua lente fotográfi- ca para lutar. Lutavam para
O encontro com o chefe da
organização não tardou. “Sa-
no Zimbabué, em ca. “Um morto é um morto,
aqui, em Angola ou na Chi-
defender um líder. Lutavam
para servir Savimbi”.
vimbi era um homem muito Moçambique, na”, justifica.
carismático, inteligente, fa-
lava várias línguas”, descre-
no Congo e na O sul-africano decidiu, ao “Não é um milagre
invés, centrar grande parte estar vivo”
veu Breytenbach. “Era um África do Sul da sua narrativa fotográfica Cloete Breytenbach cor-

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política

reu muitos riscos enquan- um milagre estar vivo hoje, mundial envolveram-se no freu anos e anos de atraso no
to fotojornalista — riscos mas admito que tive muita conflito. “A União Soviética desenvolvimento. Quando
calculados. “Eu andava sorte. Não me teria surpre- envolveu-se na guerra — e voltei a Luanda, no final da
sempre na cauda do pelo- endido se tivesse morrido arrastou consigo as forças guerra civil, há poucos anos,
tão e nunca assumia riscos logo no início [da minha do exército de Fidel Cas- apenas alguns edifícios e
desnecessários”. Se a si- carreira]. Mas nunca me ar- tro — e os Estados Unidos estruturas do tempo da ocu-
tuação se tornava dema- rependi de ter estado em também, fazendo da África pação portuguesa se man-
siado perigosa, abandona- lugares perigosos; por ve- do Sul seu aliado. Foi um tinham, sobretudo pontes e
va o campo de batalha e zes, arrependi-me de não período de grandes avanços alguns prédios.
regressava a casa. “Nunca ter escolhido outros luga- tecnológicos, no que toca a As outras estruturas que
quis ser um herói porque res perigosos, de não ter armamento, e Angola apre- existiam na altura em que lá
nunca quis morrer lá. Se estado presente noutros sentava-se como cenário estive a documentar desapa-
morresse, o que aconte- sítios”. perfeito para o teste dessas receram”.
ceria às imagens que tinha A colecção de 60 fotogra- novas ferramentas de guer- Breytenbach publicou 11 fo-
feito?” Apesar de tomar as fias que está patente no ra. O resultado foi calamito- tolivros e produziu 30 docu-
precauções necessárias, Espaço Mira contém tam- so”. mentários sobre conflitos em
sentiu a sua vida “por um bém imagens do quotidia- Cloete Breytenbach é da opi- países africanos. Hoje, vive
fio” algumas vezes. “Fui no das tropas portugue- nião de que ninguém ganhou na Cidade do Cabo e produz
passageiro de um veícu- sas durante o período da ou perdeu a guerra. “No final documentários para a televi-
lo que pisou uma mina. Guerra Colonial. “Nessa de contas, apenas Angola so- são.
O nosso era o último de altura, a guerra era muito freu”, conclui. ANA MARQUES MAIA
uma fila de vários jipes. simples, pouco sofistica- “O país ficou destruído, so- In jornal PÚBLICO de Portugal
Ninguém viu a mina, mas da. Os transportes eram

frase
eu vi. Os que iam à frente rudimentares — faziam-
passaram por ela, sem dar -se sobretudo com recurso
conta, mas o nosso car- à força animal —, o arma-
ro pisou-a. Eu vi, eu ouvi mento era arcaico, o ritmo Se Bolsonaro aplicar o que prega, perdem-se 30 anos
e gritei: ‘Parem, parem!’ era lento e a violência era de conquistas democráticas e 50 anos nos costumes. O
Saímos todos e a mina ex- moderada”. Brasil mudou, o Mundo mudou e ele nega isso.
plodiu. O carro explodiu”. Após a independência de - Renato Janine Ribeiro, Cientista político e professor
Por alguma razão, a vida Angola, quando a guerra de Filosofia, ex-ministro da Educação de Dilma Rouss-
de Breytenbach foi sempre civil estourou, outras for- eff
poupada. “Não diria que é ças do panorama político

redacção

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opinião

hounnouedwin@gmail.com fugas de seus quadros que à posterior, tenhamos assis-


passaram para a Renamo tido declarações de alguns
Miradouro por contactos informáveis e dirigentes da Renamo pouco

Paz entre à  margem das conversações


que estavam a decorrer ao
abonatórias e de menospr-
ezo. Mas a vitória da Renamo

Renamo e MDM! nível mais alto das duas for-


mações politicas. Por isso,
está muito acima desses rad-
icais, orgulhosos e fofoquei-
como gato um escaldado ros.
Na quinta-feira da semana porque esses são membros que até pode fugir de água Os membros, amigos e sim-
passada, o porta-voz do do MDM. Agindo de modo fria, reagiu reprovando a patizantes do MDM, em
Movimento Democrático de contrário, seria um contras- postura da Renamo. Se a Nampula, disseram sentir-
Moçambique, MDM, Sande senso. Renamo tentou aliciar mem- se satisfeitos por não terem
Carmona, a partir da Beira, O MDM ainda se ressente de bros do MDM, é de recomen- deixado a autarquia daquela
apelou à Renamo a fim de dar para agir desse modo. A cidade cair sob as garras
parar de aliciar os recém- informalidade, neste caso, é da Frelimo. Foi bom para a
eleitos membros do galo O MDM ainda se prejudicial. Nem se fosse a oposição que deseja ver a
para a Assembleia Municipal ressente de fugas Renamo não fingiria que não Frelimo fora da maior parte
da Matola a fim de  “gazetar-
em” à cerimónia da tomada
de seus quadros estivesse a acontecer nada
de ruim. 
dos destinos das autarquias
e do país. 
de posse. A Renamo saiu em que passaram para Tal como na Cidade de Nam- Se tivesse havido a humil-
sua defesa,  através do por- a Renamo por pula, na segunda da inter- dade e inteligência sufi-
ta-voz, José Manteigas, no
mesmo artigo noticioso, di-
contactos calar, em Janeiro deste ano,
a Delegação Política da
cientes ao nível das lideran-
ças da Renamo e MDM para
zendo que o seu partido age informáveis e Renamo, ao nível daquela aproximação, as eleições
em conformidade com a lei.  à margem das urbe, escreveu uma carta autárquicas de 10 Outubro
Essa notícia, nada boa, diga-
se em abono da verdade, foi,
conversações dirigida à sua congénere do
MDM, solicitando cooper-
corrente marcariam o princí-
pio do fim da hegemonia da
amplamente, difundida por que estavam a ação na sua disputa com o Frelimo.
órgãos de comunicação so-
cial interessados nas fúteis
decorrer ao nível partido Frelimo. Pensando
bem, o MDM apoiou, partic-
Combinada a larga base da
Renamo com o inteligente
quezílias que reinam en- mais alto das duas ipou na campanha e apelou, controlo de voto do MDM,
tre estes dois partidos da formações veementemente, aos seus o partido teria ficado sufo-
oposição.
Carmona acrescentou, ain-
politicas. Por membros, amigos e a to-
dos que, na primeira volta,
cado, porém, os interesses
mesquinhos de alguns têm
da, que qualquer passo que isso, como gato um haviam ficado em casa para estado a protelar a per-
a Renamo desejasse dar com escaldado que até depositarem o seu voto na manência ilegítima da Fre-
MDM, fosse de instituição
para instituição, quer dizer,
pode fugir de água Renamo. 
Em consequência desse
limo no poder.
Que a Renamo e o MDM
aquele tipo de conversa de- fria, reagiu profícuo entendimento, a ultrapassem os seus inter-
via decorrer da Renamo para
MDM ou vice-versa e não
reprovando a Renamo triunfou sobre a
Frelimo, para o regalo de
esses individuais para que o
país avance e se desenvolva!
da Renamo para os visados postura da Renamo toda a oposição, ainda que, EDWIN HOUNNOU

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