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ALUNO:FELIPE EUCLIDES DUARTE FIGUEIREDO

TURMA:3G

DATA: 13/08/2021

Atividades - texto para análise – Pré-Modernismo


Embora não seja ficção, o livro Os Sertões de Euclides da Cunha pode ser considerado uma obra literária
pelo tratamento artístico a que o autor submeteu o assunto e a linguagem. E pode ser considerado pré-
moderno pela visão crítica que teve o autor dos fatos que presenciou na região de Canudos.

O livro divide-se e, três partes: “A terra”- em que o autor estuda cientificamente a região; “O homem”
– em que procura mostrar as características peculiares do sertanejo; “A luta”- em que narra os combates
ocorridos entre as tropas do governo e os sertanejos.

Texto para análise – [A ENTRADA DE UM GRUPO DE PRISIONEIROS]

Os combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-se; comoviam-se. O arraial, in extremis,


punha-lhes adiante, naquele armistíciotransitório, uma legião desarmada, mutilada, faminta e claudicante,
num assalto mais duro que os das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela gente inútil e
frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
rostos baços, os arcabouçosesmirrados e sujos, cujos molambosem tiras não encobriam lanhos, escarase
escalavro- a vitória tão longamente apetecia decaía de súbito. Repugnava aquele triunfo. Envergonhava. Era,
com efeito, contraproducente compensação a tão luxuosos gastos de combates, de revesese de milhares de
vidas, o apresamento daquela caqueirada humana – do mesmo passo angulhentae sinistra, entre trágica e
imunda, passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e molambos...

Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma arma, nem um peito resfolegante de
campeador domado: mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças envelhecidas, velhas e
moças indistintas na mesma fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris desnalgados,
filhos encarapitados arrastados às costas, filhos suspensos aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços,
passando; crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de velhos; raros homens, enfermos
opilados, faces túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante. (Os Sertões, cit. p. 429-30.)

Atividades.

1 – Por que, para os soldados do governo, a visão dos prisioneiros era mais difícil de enfrentar do que o fogo
das trincheiras?

R: Porque eram pessoas frágeis sem meios de se defender e totalmente mutiladas, sujos e de péssima
aparência. E os soldados são causadores disso.

2 – O que fez com que a vitória tão desejada de repente perdesse o sabor e a importância?

R: O estado em que os sobreviventes - mulheres, crianças e idosos - se encontravam, fez a vitória


parecer uma vergonha.
3 – A descrição dos prisioneiros de guerra destaca:

(A) A glória militar da campanha realizada pelas tropas do governo.


(B) O valor militar das tropas convocadas para sufocar a rebelião.
(C) A irracionalidade de tantos esforços e tanta violência em Canudos.
4 – O texto destaca um contraste violento, que acentua a “vergonha” da vitória. Que contraste é esse?
R: Os gastos enormes naqueles combates, e aparência miseráveis do alvos

Referência bibliográfica:
TUFANO. Douglas. Estudos de Literatura Brasileira – 4ª edição – Editora Moderna –

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