Atividades Substitutivas Língua Portuguesa Professor (a): Ronalda Maria Assunção Disciplina: Língua Portuguesa Série: 3º Ano nº _________ Ano: 2019 Habilidade:26 – Identificar, em um texto, normas ortográficas, de concordância, de regência ou de colocação pronominal, com base na correlação entre definição/exemplo. (GI)
(Fevereiro) 1º Bimestre
O sertanejo
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo
dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava- o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência um caráter de humildade deprimente. [...] Entretanto. Toda esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. [...] Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se, impertiga-se [...] e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias. [...] CUNHA, Euclides da. Os sertões. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. V.2, p. 179-180. (Fragmento).
Raquitismo: definhamento físico.
Neurastênicos: que sofrem de doença mental. Desempeno: porte esbéltico. Fealdade: feiura. Impertiga-se (variante de empertigar-se): aprumar-se, comportar-se de modo ativo, orgulhoso. Tabaréu: caipira (regionalismo usado no fim do século XIX). Canhestro: desajeitado. Titã: na mitologia, cada um dos gigantes que quiseram escalar o céu para destronar Júpiter.
Leia os textos a seguir para responder às questões de 1 a 4.
Dois olhares para o mesmo conflito Os textos a seguir apresentam duas visões diferentes sobre a Guerra de Canudos.
Euclides da Cunha, no final de Os sertões, registrava:
[...] Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu
até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, [...] caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, Euclides da. Os sertões. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. v. 2, p. 513. (Fragmento).
Já Olavo Bilac, escrevendo sobre o mesmo episódio, comemorava:
Enfim, arrasada a cidadela maldita! Enfim, dominado o antro negro,
cavado no centro do adusto sertão, onde o Profeta das longas barbas sujas concentrava sua força diabólica, feita de fé e de patifaria, alimentada pela superstição e pela rapinagem! [...] BILAC, Olavo. Cidadela maldita. In: Vossa insolência: crônicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. P. 412. (Fragmento).
1. Que visão cada trecho manifesta sobre o episódio?
2. Transcreva no caderno as expressões utilizadas por Olavo Bilac em seu
texto para caracterizar a vila de Canudos e Antônio Conselheiro. - Que juízo de valor está associado a elas? Explique.
3. O que pode explicar duas visões tão diferentes a respeito de um mesmo
acontecimento histórico?
4. Os dois textos citados circulam em jornais da época. Que repercussão a
apresentação de duas visões tão distintas pode ter tido sobre os leitores da época? Os dois textos podem ter contribuído para a polarização de opiniões da população a respeito do conflito? Explique.
Literatura e contexto histórico
- Vocês se lembram de outro acontecimento mais recente da história do Brasil
que tenha sido alvo de interpretações opostas? Qual?