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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ – SEDUC


COORDENADORIA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – CREDE 03
ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL JÚLIO FRANÇA – EEEP

ÁREA DO CONHECIMENTO: LINGUAGENS


COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA
OBJETO DE ESTUDO: HISTÓRIA SOCIAL DO (PRÉ) MODERNISMO
Leia os textos.

Texto I

Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva


que a de uma estepe nua.
Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte
largo e a perspectiva das planuras francas.
Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o
e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-
o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos
estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas,
imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos Antônio Conselheiro - cena do filme A Guerra de
estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no Canudos (Os Sertões)
espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar
imenso, de tortura, da flora agonizante...
Texto II
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos
do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica
impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos
fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros
desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um
caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se
invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a
cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um
conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a
espenda da sela. Caminhando, mesmo a passoápido, não traça
trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear
característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros
das trilhas sertanejas. (...)
Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a
todo o momento, em todos os pormenores da vida sertaneja Família Lucena - cena do filme A Guerra de Canudos
caracterizado sempre pela intercadência impressionadora entre (Os Sertões)
extremos impulsos e apatias longas.
Texto III

Decididamente era indispensável que a campanha de canudos tivesse objetivo superior à função
estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a
combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se
não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, continua e
persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes
compatriotas retardatários. [...]
Canudos não se
rendeu. Fechemos
este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os
seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma
criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.
(Fragmentos da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, São paulo: Círculo do Livro, 1975)

01- [D 02 / D 01]
De acordo com o texto I, como se mostra a relação entre a natureza e o homem? Que trechos evidenciam essa análise?

02- [D 03 / D 21]

O texto II, ao descrever o sertanejo, apresentam-se como contraditórios certos aspectos de sua constituição física e de seu
comportamento. São exemplos dessa contradição os trechos:

03- [D 02]

No 1º parágrafo do texto III, o autor critica a guerra em si e afirma que outra “guerra mais demorada e digna” deveria ser
travada. Que inimigo constitui a rivalidade para esta guerra mais gloriosa?

04- [D 02 / D 08]

Os textos I, II e III são trechos, respectivamente, das três partes que constituem a obra Os Sertões: “A terra”, “O homem” e “A
luta”. Nesse sentido, a ótica para o local acentua o viés modernista. E a própria estrutura do romance? Constitui uma
concepção realista, ou naturalista da literatura?

05- [D 02]

De acordo com as concepções do determinismo científico de fins do século XIX, em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a que
circunstâncias o homem é submetido pela natureza?

06. [D 02 / D 06 / D 15]

No texto III, que posicionamento crítico Euclides da Cunha propõe sobre o massacre ocorrido em Canudos?

07- [D 02 / D 05]

Do ponto de vista existencial, por que se afirma que a obra Os Sertões se aproxima da História e da Sociologia?

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