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PRÉ -

Pré modernismo: contexto histórico


O início do século XX foi marcado pelo confronto das
rivalidades internacionais, que teve como resultado a
Primeira Guerra Mundial (1914 – 18) e que teve como
resultado o surgimento de uma nova potência: os
Estados Unidos da América. Em 1917, com a Revolução
Russa, o proletariado toma o poder. Começaram, então,
a tomar forma dois regimes opostos: o comunismo e o
capitalismo.

No Brasil, o Pré-Modernismo desenvolveu-se na época


de transição da República da Espada (ditadura militar)
para a República das Oligarquias ou República do café
com leite, onde o Brasil foi governado ora por donos de
O Rio de Janeiro do início do século XX, capital da recém-proclamada fazendas cafeeiras de São Paulo, ora por fazendeiros de
República, em meio a suas profundas transformações promovidas pela Minas, os dois estados mais ricos do país. No entanto,
reforma urbana de Pereira Passos, na região central da cidade. A nas cidades surgia uma classe média reformista e, nos
Reforma instaurava o período conhecido como Belle Époque, marcado quartéis, uma geração de militares, entusiasmados por
por ares europeizados do Centro da Cidade, sobretudo. O Rio de Janeiro ideias positivistas, que exigiam mudanças.
apresentava-se como a Paris dos Trópicos.
A descoberta de um outro Brasil
No início do século XX, a literatura brasileira, de modo geral, não apresentava sinais de
renovação. Os movimentos artísticos que agitavam a Europa não repercutiam no ambiente
artístico brasileiro, ainda bastante provinciano e acanhado. Alguns escritores, porém,
contrariavam esse estado de coisas. Eram os pré-modernistas.

Nos primeiros anos do século XX, a literatura brasileira passava longe dos problemas mais
sérios da sociedade brasileira. Era encarada apenas como uma de entretenimento das elites.
Nossa poesia era quase toda parnasiana, com sua linguagem artificial e temas repisados. A
prosa buscava os velhos recursos do Realismo e até do Romantismo.

No entanto, alguns poucos escritores – Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e
Graça Aranha – destoaram dos demais e produziram obras que mostravam uma visão crítica da
realidade brasileira. Por isso, são considerados pré-modernos, conforme sintetiza o crítico
Alfredo Bosi: “Creio que se pode chamar pré-modernista tudo o que, nas primeiras décadas do
século, problematiza a nossa realidade social e cultural”.
Um país que cresce com muitos problemas
● Euclides da Cunha, em Os sertões, denuncia a situação miserável do sertanejo nordestino,
abandonado pelo governo, que, em vez de compreender e resolver os problemas das
desigualdades sociais, nada mais faz do que intervir com violência e crueldade.
● Monteiro Lobato se preocupa em mostrar o estado de abatimento físico e miséria cultural do
homem que vive no campo.
● Graça Aranha, no romance Canaã, enfoca problemas da imigração.
● Lima Barreto trata da vida obscura do proletariado urbano, da discriminação racial e da corrupção
política.

Os primeiros anos do século XX mostram um Brasil com muitos problemas sociais e políticos. A
República, que tinha sido proclamada em 1889, não trouxera as reformas de que o país necessitava. As
desigualdades econômicas que há entre as diversas regiões do país provocam situações de conflito e
tensões sociais, observadas também no campo e nas cidades. Revolta da Chibata (1910), Revolta da
Vacina (1904), Guerra de Canudos (1893-1897), Guerra do Contestado (1912)...
Euclides da Cunha e a transição ao Modernismo
Euclides da Cunha (1866-1909) foi colaborador do jornal O Estado de São Paulo,
que, em 1897, enviou-o a Canudos, povoado no interior da Bahia, para escrever
sobre as operações que o Exército estava realizando com o objetivo de sufocar a
rebelião de sertanejos liderada por Antônio Maciel, o Conselheiro.
Euclides ficou em Canudos até quase o fim das lutas. Com base nas pesquisas e
reportagens feitas para o jornal, publicou, em 1902, Os sertões. A obra causou
um grande impacto não só pela originalidade e exuberância de seu estilo como
também pela corajosa crítica às ações do Exército, que, obedecendo às ordens
do governo republicano recém-proclamado, massacrou os habitantes de
Canudos.
Embora não seja ficção, “Os sertões” pode ser
considerado uma obra literária pelo tratamento
artístico a que o autor submeteu o assunto e a
linguagem. E pode ser considerado pré-moderno
pela visão crítica que expressa sobre a realidade
brasileira.

Segundo Euclides da Cunha, os sertanejos que se


refugiaram em Canudos, onde tentaram criar um
estilo comunitário de vida, não poderiam ser vistos
como culpados, mas sim como vítimas de uma série
de fatores econômicos, geográficos, raciais e
históricos.

Abandonada pelo governo, a população miserável


do sertão – formada pela mistura do branco com o
negro e o índio – foi ficando cada vez mais isolada e
acabou formando comunidades fechadas e muito
atrasadas culturalmente, facilitando o surgimento do
misticismo e fanatismo religioso.
A figura carismática e impressionante de Antônio Maciel, chamado o “Conselheiro”, cumpriu o
papel de líder místico, aglutinando em torno de si uma multidão de sertanejos miseráveis,
sedentos de esperança e de melhores condições de vida.
A presença incômoda daquele povoado que crescia e atraía gente de vários lugares, provocou a
interferência violenta de tropas policiais, que queriam desalojá-lo dali.
Apesar da diferença de recursos, a resistência obstinada dos sertanejos, para quem a luta se
revestia de caráter religioso, foi tornando o combate cada vez mais feroz. O governo baiano,
impotente diante da situação, apelou para o Exército. Nos confrontos iniciais, as forças do
governo sofreram muitas baixas, animando os sertanejos e indignando ainda mais o Exército, que
resolveu armar uma verdadeira operação de guerra para destruir Canudos, o que finalmente
aconteceu, numa carnificina impressionante.
No dia 5 de outubro de 1897, ocorreu o último confronto, assim descrito por Euclides da Cunha:
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando
caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois
homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
A terra, o homem, a luta
Euclides da Cunha foi influenciado pela teoria determinista na análise que fez da Guerra
de Canudos. A própria divisão do livro, aliás, já revela o esquema determinista.

Na primeira parte – A Terra – estuda cientificamente a região. Na segunda – O Homem


– procura mostrar como a mistura das raças e as condições geográficas fazem surgir um
certo tipo humano. Na última parte – A Luta – narra o conflito entre a visão de mundo
dessas comunidades isoladas e a mentalidade da “civilização urbana”, que resulta num
combate sangrento e na destruição dos sertanejos.

Essa concepção determinista de Euclides da Cunha baseou-se nas teorias do


naturalista francês Hippolyte Taine (1828-1893), que via o comportamento humano como
resultado da influência do meio, da raça e do momento histórico.
Lima Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) ocupa um lugar
de destaque em nossa literatura porque fez uma crítica
contundente da sociedade carioca (e, por extensão, da
sociedade brasileira) do começo do século XX. Denunciou o
preconceito racial e a corrupção das nossas elites e falou com
carinho e compaixão do povo sofrido dos subúrbios, de suas
vidas tristes e sem horizontes.

Nas palavras do escritor João Antônio, Lima Barreto “resolveu


não seguir a moda (...) revoltou-se contra os formalismos, (...)
enquanto os seus contemporâneos, senhores literatos, falavam
do Olimpo e de plagas gregas que nem conheciam, ele
inaugurou no papel o subúrbio carioca”.

De sua vasta produção literária, destaca-se o romance Triste fim


de Policarpo Quaresma.
A ação transcorre no final do século XIX, e a figura central é
o major reformado Policarpo Quaresma, um nacionalista
fanático que, conhecendo o Brasil apenas por intermédio
dos livros, sonha em poder ajudar o país a se transformar
numa grande potência. Seu patriotismo leva-o a se envolver
em três projetos nacionalistas, que constituem o conteúdo
das três partes em que se divide o livro.

Inicialmente, Quaresma mergulha no estudo das tradições


brasileiras, depois dedica-se ao trabalho agrícola, para
finalmente lutar pelos ideais republicanos.

Vê em Floriano o reformador que sonhara e entrega-lhe um


documento em que expõe seus planos de salvação do país.
Mas o Marechal responde-lhe secamente: “Você,
Quaresma, é um visionário...”. Desilude-se mais uma vez.
Compreende então que não há patriotismo. Os homens
que governam o país só estão preocupados com seus
interesses pessoais.

E ao denunciar as atrocidades que se cometem contra os


prisioneiros, acaba sendo preso pelo mesmo governo ao
qual se aliou voluntariamente. Na prisão, espera seu “triste
fim”.
Os princípios estéticos de Monteiro Lobato (1882-1948)
Monteiro Lobato enraizavam-se em autores “clássicos” da língua
portuguesa, não faltando mesmo certo purismo em sua
linguagem literária. Essa formação tradicional o impediu
de assumir compromisso efetivo com o movimento
renovador e polêmico dos primeiros modernistas, que
ele via com desconfiança, temendo ser simples imitação
de ideias estrangeiras. Mas a visão crítica da realidade
brasileira e o nacionalismo lúcido e objetivo que possuía
revelam, sem dúvida, a face moderna de Lobato.

Ele descobriu o homem do interior do Brasil. Descobriu


nova dimensão da literatura brasileira, nacionalizando-a.
Daí seu êxito enorme, revelado pelo número das
edições e, igualmente, pelo tom da crítica. Monteiro
Lobato deixou uma extensa obra, composta de contos,
crônicas, ensaios, artigos. De sua obra de ficção para
adultos, merecem destaque os livros de contos Urupês,
Cidades Mortas e Negrinha. Mas foram os seus livros
infantis que o tornaram muito popular.
Coletânea de contos e crônicas em que o
pré-modernista Monteiro Lobato inaugura um tipo de
regionalismo crítico e mais realista do que o
pitoresco e fantasioso praticado anteriormente, no
Romantismo. A crônica que dá título ao livro,
Urupês, traz uma visão depreciativa do caboclo
brasileiro, o "fazedor de desertos", estereótipo
contrário à visão romântica dos autores modernistas.
Apesar de Monteiro Lobato representar a transição
entre o Realismo/Naturalismo e as correntes do
Modernismo, o autor se indispôs profundamente
com os escritores modernistas da primeira geração,
que responderam a Urupês com a obra Juca Mulato,
de Menotti del Picchia. Entre os traços típicos de
Monteiro Lobato, estão o tom moralizante e didático
que também aparece nas obras infantis do autor,
além de sua obsessão pela linguagem e gramática.
Nascido em uma família de posses, cursou Direito no Recife, exercendo

Graça Aranha a magistratura por algum tempo no interior do Espírito Santo, fato que lhe
iria fornecer material para um de seus mais notáveis trabalhos - o
romance Canaã.

No período da Semana de Arte Moderna, foi o único intelectual


pré-modernista a participar ativamente através da conferência de
abertura em 13 de fevereiro de 1922, intitulada: “A emoção estética na
arte moderna”. Graça Aranha é considerado um dos líderes do
movimento renovador de nossa literatura. Faleceu no Rio de Janeiro, já
consagrado como escritor e pensador, em 26 de janeiro de 1931.

O romance Canaã, publicado em 1902, traz o resultado de observações


de uma colônia de imigrantes alemães no Espírito Santo. A formulação
da obra mesclava uma estrutura convencional de narrativa,
apresentando enredo e personagens ficcionais e um eixo dominante
centrado no debate de ideias. Desta forma, Canaã estabelecia no Brasil
um gênero desconhecido: o romance-ensaio, o romance de tese, ou
seja, um romance onde as ideias são mais importantes do que o enredo
da obra. A narrativa gira em torno de dois imigrantes alemães, Mikau e
Lentz, recém chegados da Europa e que trabalham como colonos no
interior do Espírito Santo. Os personagens discutem sobre o futuro do
país emitindo teorias sobre o atraso social do Brasil, assim como sobre o
papel da imigração no futuro do país, por fim, acabam discutindo o
sentido da existência humana.
Augusto dos Anjos
Assim como seus contemporâneos – Lima Barreto, Euclides
da Cunha, Monteiro Lobato e Graça Aranha –, Augusto dos
Anjos está filiado ao Pré-Modernismo, período da Literatura
Brasileira marcado pelo sincretismo cultural.

Sua poesia é tipicamente de transição. Isso porque não


possui idealizações, é realista, e, também, porque apresenta
marcas do naturalismo (vocabulário cientificista), do
parnasianismo (rigor formal: metrificação e rimas) e do
simbolismo (referências místicas, entre outras marcas).

Autor de um livro só, chamado Eu (1912), Augusto dos Anjos


traz para a literatura brasileira uma poesia que, muitas
vezes, dialoga com o grotesco. Em seu soneto “Versos
íntimos”, o eu lírico mostra-se pessimista em relação à
humanidade.

A obra de Augusto dos Anjos versa essencialmente sobre a


visão da morte em seus aspectos mais chocantes e a
linguagem cientificista.
Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

Somente a Ingratidão — esta pantera — O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

Foi tua companheira inseparável! A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Acostuma-te à lama que te espera! Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

O Homem, que, nesta terra miserável, Apedreja essa mão vil que te afaga,

Mora entre feras, sente inevitável Escarra nessa boca que te beija!

Necessidade de também ser fera.


1913 - Primeira exposição de Lasar Segall
Em março de 1913, em um salão alugado em São Paulo, acontecia a mostra de Lasar
Segall, considerada por muitos como a primeira exposição de arte moderna do país. O
artista russo tinha então apenas 22 anos de idade, veio ao Brasil para visitar irmãos que
já viviam por aqui e aproveitou a ocasião para mostrar, em São Paulo e posteriormente
Campinas, um amplo conjunto de trabalhos de cunho marcadamente influenciado pelo
impressionismo alemão e pela pintura holandesa.

Apesar do distanciamento em relação à arte acadêmica, modelo com que o público


paulista estava acostumado e que Segall já rejeitava, a mostra teve boa aceitação e 21
obras – ou cerca da metade dos trabalhos expostos – foram vendidas.

A exposição de 1913 abriu o horizonte dos artistas daqui e pavimentou o caminho que
levou Anita Malfatti (1889-1964) a fazer a exposição de 1917 e a impulsionar o
movimento modernista brasileiro. Na capital paulista, o lituano passou a ser considerado
um representante das vanguardas europeias, com grande impacto na cultura brasileira.
Realizou grandes murais para a decoração do Pavilhão de Arte Moderna de Olívia
Guedes Penteado, em São Paulo, entre 1924 e 1925, e manteve contato com
modernistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Mário de Andrade, o crítico que
mais escreveu sobre Segall e que foi retratado por ele.
Leitura (1913)

Asilo de Velhos (1912)


1917 - Exposição de Anita Malfatti
A Exposição de Pintura Moderna - Anita Malfatti, realizada em São
Paulo, entre 12 de dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918, é
considerada um marco na história da arte moderna no Brasil e o
"estopim" da Semana de Arte Moderna de 1922, nos termos do
historiador Mário da Silva Brito.

Anita Malfatti (1889-1964) expõe 53 trabalhos. Além das obras da


artista, são apresentados trabalhos de nomes internacionais ligados
às vanguardas históricas. Desse modo, como indica o historiador
Tadeu Chiarelli, a exposição deve ser entendida como uma "coletiva
de arte moderna protagonizada por Anita Malfatti, e não uma individual
da pintora". As telas expressionistas apresentadas por Anita Malfatti
na Exposição de Pintura Moderna representam um conjunto inédito
para o público da época.
Nas obras expostas - como Homem Amarelo, por A novidade da pintora é apreendida pelos jovens artistas da
exemplo - são incorporados procedimentos básicos da época: "Não posso falar pelos meus companheiros de
arte moderna: a relação dinâmica e tensa entre a figura então, mas eu, pessoalmente, devo a revelação do novo e a
convicção da revolta a ela e à força de seus quadros", indica
e fundo; a pincelada livre que valoriza os detalhes da
Mário de Andrade.
superfície; os tons fortes e usados de forma não
convencional; as sugestões de luz que fogem ao "Em sentido semelhante, aponta Di Cavalcanti: "A exposição
claro-escuro tradicional; e uma liberdade de de Anita foi a revelação de algo mais novo do que o
composição. impressionismo". Se Lasar Segall já havia exposto na
cidade, em 1913, sua exposição parece ter passado
despercebida naquele momento.

Nesse sentido, o caráter de precursora do modernismo de


1922 é atribuído a Anita Mafaltti pelos críticos e
participantes da Semana de Arte Moderna.

Em A Gazeta de 13 de fevereiro de 1922, Mário de Andrade


é, mais uma vez, enfático: "quem manifestou primeiro o
desejo de construir sobre novas bases a pintura? São Paulo
com Anita Malfatti". A imediata incorporação da pintora
recém-chegada pelos jovens modernistas pode ser aferida
também pelo destaque a ela concedido na programação da
Semana de Arte Moderna: Anita é a maior representação
individual na exposição com 12 telas a óleo, oito peças
Homem Amarelo (1915-1916) entre gravuras e desenhos.
Se os comentadores enfatizam o sucesso da Exposição de Pintura Moderna - Anita Malfatti, apontam também a polêmica
que cerca o evento, em função da crítica feita por Monteiro Lobato em O Estado de S. Paulo, de 20 de dezembro de 1917,
"A propósito da exposição de Anita Malfatti" (republicado em 1919 na coletânea Idéias de Jeca Tatu, com o título Paranóia
ou mistificação?).

Os argumentos críticos de Lobato giram em torno dos supostos equívocos da arte moderna - seu elitismo, adesão aos
modismos, sua "falta de sinceridade" -, a despeito do "talento vigoroso" que ele reconhece na artista. As palavras de
desaprovação do crítico agrupam jovens poetas e escritores - como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del
Picchia - em torno de Anita Malfatti.

As réplicas se sucedem nos jornais da época


defendendo a pintora e desautorizando o crítico,
geralmente tratado nos textos como "pintor". Além
de desqualificado como crítico de arte, Lobato é
ainda responsabilizado, pelos modernistas e por
seus herdeiros, pelo recuo de Anita em relação às
vanguardas.

A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a


Semana, apesar da violenta crítica recebida, reunir
ao seu redor artistas dispostos a empreender uma
luta pela renovação artística brasileira.
Algumas das obras apresentadas na
exposição de 1917:
O Japonês (1915-1916)

A Estudante Russa (ca.1915)

Tropical (1917)

A Mulher de Cabelos Verdes


(1915-1916)
O Farol de Monhegan (1915)

O barco (1915)

A Ventania (1915-1917)
Assim como o Romantismo, o Pré-Modernismo caracterizava-se pela temática nacionalista; o primeiro, com
textos de cunho ufanista e o segundo, com um nacionalismo crítico, questionador. Os primeiros vinte anos do
século XX foram marcados tanto pela presença de resíduos culturais do século XIX, como pelo desejo de uma
redescoberta crítica do Brasil.

Oscilando entre uma produção conservadora, com características realistas/naturalistas na prosa e


parnasiano-simbolistas na poesia e, uma produção inovadora com um profundo interesse e preocupação em
registrar, na prosa, os desequilíbrios sociais da época.

Na música, compositores brasileiros com formação erudita, como Alberto


Nepomuceno, utilizavam temas do folclore brasileiro. Na música popular, o
choro, o maxixe, a modinha e o samba substituíram a polca, o tango e a
valsa nos salões. Importantes compositores do período: Ernesto Nazaré e
Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marchinha de carnaval, Ô abre alas,
em 1899.
O pré-modernismo foi uma espécie de ensaio para o modernismo brasileiro.
Durante os anos de 1902 a 1922, o modernismo foi sendo forjado até fixar as
suas bases. Nesse período, os problemas sociais, econômicos e políticos
tornaram-se mais evidentes, e falar sobre eles era inevitável. Não havia mais
espaço para idealizações, o novo Brasil que se descortinava no início do século
XX precisava ser discutido.
Era um Brasil republicano, em que a economia não dependia mais do trabalho
escravo, e o ambiente urbano, com suas indústrias, passava a ter protagonismo
na história econômica e cultural do país, que entrava, enfim, na modernidade.
Assim, o pré-modernismo fez a ponte entre o passado rural, escravocrata e
imperial e o futuro urbano, republicano e dependente da força de trabalho do
operariado.

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