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Nos primeiros anos do século XX, a literatura brasileira passava longe dos problemas mais
sérios da sociedade brasileira. Era encarada apenas como uma de entretenimento das elites.
Nossa poesia era quase toda parnasiana, com sua linguagem artificial e temas repisados. A
prosa buscava os velhos recursos do Realismo e até do Romantismo.
No entanto, alguns poucos escritores – Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e
Graça Aranha – destoaram dos demais e produziram obras que mostravam uma visão crítica da
realidade brasileira. Por isso, são considerados pré-modernos, conforme sintetiza o crítico
Alfredo Bosi: “Creio que se pode chamar pré-modernista tudo o que, nas primeiras décadas do
século, problematiza a nossa realidade social e cultural”.
Um país que cresce com muitos problemas
● Euclides da Cunha, em Os sertões, denuncia a situação miserável do sertanejo nordestino,
abandonado pelo governo, que, em vez de compreender e resolver os problemas das
desigualdades sociais, nada mais faz do que intervir com violência e crueldade.
● Monteiro Lobato se preocupa em mostrar o estado de abatimento físico e miséria cultural do
homem que vive no campo.
● Graça Aranha, no romance Canaã, enfoca problemas da imigração.
● Lima Barreto trata da vida obscura do proletariado urbano, da discriminação racial e da corrupção
política.
Os primeiros anos do século XX mostram um Brasil com muitos problemas sociais e políticos. A
República, que tinha sido proclamada em 1889, não trouxera as reformas de que o país necessitava. As
desigualdades econômicas que há entre as diversas regiões do país provocam situações de conflito e
tensões sociais, observadas também no campo e nas cidades. Revolta da Chibata (1910), Revolta da
Vacina (1904), Guerra de Canudos (1893-1897), Guerra do Contestado (1912)...
Euclides da Cunha e a transição ao Modernismo
Euclides da Cunha (1866-1909) foi colaborador do jornal O Estado de São Paulo,
que, em 1897, enviou-o a Canudos, povoado no interior da Bahia, para escrever
sobre as operações que o Exército estava realizando com o objetivo de sufocar a
rebelião de sertanejos liderada por Antônio Maciel, o Conselheiro.
Euclides ficou em Canudos até quase o fim das lutas. Com base nas pesquisas e
reportagens feitas para o jornal, publicou, em 1902, Os sertões. A obra causou
um grande impacto não só pela originalidade e exuberância de seu estilo como
também pela corajosa crítica às ações do Exército, que, obedecendo às ordens
do governo republicano recém-proclamado, massacrou os habitantes de
Canudos.
Embora não seja ficção, “Os sertões” pode ser
considerado uma obra literária pelo tratamento
artístico a que o autor submeteu o assunto e a
linguagem. E pode ser considerado pré-moderno
pela visão crítica que expressa sobre a realidade
brasileira.
Graça Aranha a magistratura por algum tempo no interior do Espírito Santo, fato que lhe
iria fornecer material para um de seus mais notáveis trabalhos - o
romance Canaã.
Foi tua companheira inseparável! A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Acostuma-te à lama que te espera! Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
O Homem, que, nesta terra miserável, Apedreja essa mão vil que te afaga,
Mora entre feras, sente inevitável Escarra nessa boca que te beija!
A exposição de 1913 abriu o horizonte dos artistas daqui e pavimentou o caminho que
levou Anita Malfatti (1889-1964) a fazer a exposição de 1917 e a impulsionar o
movimento modernista brasileiro. Na capital paulista, o lituano passou a ser considerado
um representante das vanguardas europeias, com grande impacto na cultura brasileira.
Realizou grandes murais para a decoração do Pavilhão de Arte Moderna de Olívia
Guedes Penteado, em São Paulo, entre 1924 e 1925, e manteve contato com
modernistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Mário de Andrade, o crítico que
mais escreveu sobre Segall e que foi retratado por ele.
Leitura (1913)
Os argumentos críticos de Lobato giram em torno dos supostos equívocos da arte moderna - seu elitismo, adesão aos
modismos, sua "falta de sinceridade" -, a despeito do "talento vigoroso" que ele reconhece na artista. As palavras de
desaprovação do crítico agrupam jovens poetas e escritores - como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del
Picchia - em torno de Anita Malfatti.
Tropical (1917)
O barco (1915)
A Ventania (1915-1917)
Assim como o Romantismo, o Pré-Modernismo caracterizava-se pela temática nacionalista; o primeiro, com
textos de cunho ufanista e o segundo, com um nacionalismo crítico, questionador. Os primeiros vinte anos do
século XX foram marcados tanto pela presença de resíduos culturais do século XIX, como pelo desejo de uma
redescoberta crítica do Brasil.