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Conceitos de
Geoprocessamento

Universidade Federal Fluminense / UFF


Niterói, RJ
2014
SIGCidades: Mapeamento de Áreas Protegidas
UFF - Instituto de Geociências - Departamento Análise Geoambiental
UFF - Pró-Reitoria de Extensão
MEC - Programa de Extensão
MCidades -Programa Nacional de Capacitação das Cidades

APRESENTAÇÃO

O Ministério das Cidades, dentro do Programa Nacional da Capacitação das Cidades,


visando o fortalecimento da capacidade técnica e institucional dos municípios nas áreas de
planejamento, serviços urbanos e gestão territorial, tem lançado editais, no âmbito do
Programa de Extensão Universitária (ProExt) do MEC, destinados à qualificação de técnicos
municipais em Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
O projeto SIGCidades, desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
desde 2008, tem como objetivo o desenvolvimento de ações visando à capacitação de técnicos
de prefeituras do estado do Rio de Janeiro no gerenciamento e tratamento de dados
geográficos em SIG para fins de ordenamento territorial municipal. SIGCidades 2014 é
dedicado ao tema o uso das Geotecnologias para o Mapeamento de Áreas Protegidas.
SIGCidades: Mapeamento de Áreas Protegidas
UFF - Instituto de Geociências - Departamento Análise Geoambiental
UFF - Pró-Reitoria de Extensão
MEC - Programa de Extensão
MCidades -Programa Nacional de Capacitação das Cidades -

Sistemas de Informações Geográficas


Estudo Dirigido em SIG
2ª edição revisada

Cristiane Nunes Francisco

Niterói, julho 2014.


UFF-GAG/PROEX - PROEXT-MEC/MCidades - SIGCidades: Mapeamento de Áreas Protegidas
Sistemas de Informações Geográficas – 2014.

1- Sistemas de Informação Geográfica e Geoprocessamento


Até o advento da informática, a manipulação de dados geográficos era feita através de
mapas e outros documentos impressos ou desenhados em uma base de papel. Esta
característica impunha algumas limitações, como (1) na análise combinada de mapas oriundos
de diversas fontes, temas e escalas e (2) na atualização dos dados, neste caso, era necessária a
reimpressão/redesenho em outra base. A partir da metade do século XX, os dados geográficos
passam a serem tratados por um conjunto de técnicas matemáticas e computacionais
denominadas de Geoprocessamento. Para Câmara et al. (2005), uma nova ciência estaria
surgindo, denominada de Ciência da Geoinformação, que teria como objetivo “o estudo e a
implementação de diferentes formas de representação computacional do espaço geográfico”,
pois, trabalhar com a geoinformação “significa, antes de mais nada, utilizar computadores
como instrumentos de representação de dados espacialmente referenciados”. Este tema é
bastante controverso, pois há outros que consideram o Geoprocessamento como a
automatização de processos de tratamento e manipulação de dados geográficos que antes
eram feitos manualmente.

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) correspondem às ferramentas


computacionais de Geoprocessamento, que permitem a realização de “análises complexas, ao
integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados” (Câmara et
al., 2005). Para Aronoff (1989), os SIG, projetados para a entrada, o gerenciamento
(armazenamento e recuperação), a análise e a saída de dados, devem ser utilizados em estudos
nos quais a localização geográfica seja uma questão fundamental na análise, apresentando,
assim, potencial para serem utilizados nas mais diversas aplicações (Quadro 1). Burrough
(1986) considera que estes sistemas não apresentam apenas a função de manipulação de dados
geográficos, mas, dentro de um SIG, os dados estruturados representam um modelo do mundo
real (Figura 1).

Quadro 1: Exemplos de aplicações dos SIG.

Finalidade Objetivo Exemplos de aplicação


Definição das características do Projeto de loteamentos
Projetos
projeto Projeto de irrigação
Delimitação de zoneamentos e Planos de manejo de unidades de
Planejamento
estabelecimento de normas e conservação
territorial
diretrizes de uso Planos diretores municipais
Modelagem de processos hidrológicos
Modelagem Estudo de processos e comportamento
Gestão de serviços de utilidade
Gestão Gerenciamento de rede abastecimento
pública
Armazenamento e recuperação de Cadastro urbano e rural
Banco de Dados
dados
Avaliação de riscos e Identificação de locais susceptíveis à
Mapeamento de riscos ou potenciais
potenciais ocorrência de um determinado evento
Acompanhamento da evolução dos
Monitoramento da cobertura florestal
Monitoramento fenômenos espaciais através de
Monitoramento da expansão urbana
mapeamentos sucessivos no tempo
Definição da melhor rota
Logístico Identificação de locais e rotas ideais Identificação de locais para implantação de
empreendimento econômico

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Mundo Real Universo de Universo de


Representação Implementação

Universo
Matemático

Figura 1: Representação do mundo real no ambiente computacional.


Fonte: Adaptado de Câmara et al. (2005).

As múltiplas operações apresentadas por um SIG podem ser classificadas em três


grupos, de acordo com o fim a que se destinam (adaptado INPE, 2004):

• Gerenciamento de banco de dados geográficos – armazenamento, integração e


recuperação de dados georreferenciados de diferentes fontes, formatos e temas
dispostos em um único banco de dados.

• Análises espaciais – a partir de um banco de dados geográficos, são efetuados


combinações e cruzamentos de dados por meio de operações geométricas e
topológicas cujo resultado é a geração de novos dados.

• Produção cartográfica – entrada, conversão e edição de dados, bem como de


acabamento visando à apresentação final por forma impressa ou meio digital.

Diferentemente dos sistemas de informação, os sistemas aplicativos utilizados em


geoprocessamento não apresentam funções de banco de dados, mas desempenham tarefas
específicas sobre a base de dados (RODRIGUES, 1990). Dentre estes sistemas, podemos
destacar:

• CAD (Computer Aided Design - projeto auxiliado por computador) – facilitam a


elaboração de projetos de engenharia e arquitetura. Na cartografia digital, são
empregados para a digitalização das bases cartográficas através da vetorização de um
documento cartográfico, em formato raster, diretamente na tela ou de um documento
impresso com auxílio de uma mesa digitalizadora. Estes sistemas apresentam recursos
para apresentação com comandos sofisticados de edição gráfica, exibição e impressão.

• Processamento Digital de Imagens (PDI) – executam operações de tratamento de


imagens de sensoriamento remoto com auxílio da análise estatística, visando à
melhoria da sua qualidade para extração de informações pelo analista humano. Dentre
as operações disponíveis, podem ser destacadas as técnicas de realce, filtragens,
operações algébricas, transformação por componentes principais e classificação.

• Modelos Numéricos de Terreno (MNT) – geram uma superfície contínua


representando a distribuição espacial de uma grandeza através da interpolação de
pontos amostrais ou isolinhas.

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2- Dados Geográficos

Os dados geográficos descrevem os objetos do mundo real, com base (1) na localização
geográfica - posição em relação a um sistema de coordenadas; (2) nos relacionamentos
espaciais ou topológicos - relações espaciais entre objetos; e (3) em atributos temáticos -
propriedades medidas ou observadas dos objetos (BARBOSA, 1997).

Em um SIG, os dados geográficos são estruturados em planos de informação, também


denominados de camadas. Os planos de informação, quando geograficamente referenciados
(georreferenciados), ou seja, referenciados ao sistema de coordenadas terrestres (topográficas,
geográficas ou planas), podem ser sobrepostos e representam o modelo do mundo real (Figura
2). Para que ocorra a correta sobreposição entre os planos de informação, é necessário que
possuam projeção cartográfica, sistema de coordenadas e sistema referencial geodésico
comuns, bem como tenham sido gerados em escalas aproximadas.

Figura 2: Estrutura de dados dispostos em camadas.


Fonte: ESRI (2004)

Os planos de informação são compostos por uma coleção de elementos geográficos,


denominados também entes ou entidades espaciais ou objetos, relacionados a um único tema
ou uma classe de informação. Conceitualmente, em uma única camada não devem existir
elementos que se sobreponham espacialmente, pois, como a camada contém elementos de um
único tema, não é correto que um elemento pertença a duas classes do mesmo tema
simultaneamente. Por exemplo, um elemento não pode pertencer a ambas as classes, floresta e
área urbana, em um mapa de uso e cobertura da terra. No entanto, há exceções, como no caso
do mapeamento de unidades de conservação, em que podem estar presentes unidades
sobrepostas.

Os elementos geográficos representam e descrevem os eventos e os fenômenos do


mundo real através de duas componentes (Figura 3):

• Gráfica ou espacial – corresponde aos planos de informação ou camadas que descrevem


(1) a localização registrada pelo sistema de coordenadas geográficas, sistema de
coordenadas da projeção ou sistema de coordenadas com uma origem local; (2) a

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geometria que fornece informações sobre área, perímetro e forma; (3) a topologia que
possibilita estabelecer as relações espaciais entre os elementos geográficos.

• Não-gráfica ou não-espacial ou alfanumérica – descreve os atributos temáticos e


temporais dos elementos geográficos, representados em forma de tabela estruturada ou de
um banco de dados convencional.

Figura 3: Estrutura dos dados em um SIG.

A componente alfanumérica relaciona-se com a componente gráfica através de


identificadores comuns, denominados geocódigos. A organização dos atributos é feita de
acordo com técnicas convencionais de banco de dados. A maioria dos SIG utiliza o modelo
relacional, baseado na estruturação dos dados em tabelas onde cada linha ou registro
corresponde a um elemento geográfico representado graficamente no plano de informação. As
colunas ou campos correspondem aos atributos dos elementos.

3- Modelo geométrico da componente gráfica

Os modelos geométricos para a representação da componente gráfica no ambiente


digital são vetorial e matricial, também denominado de raster. As operações dos SIG, para
serem eficientemente executadas, requerem que os planos de informação estejam
representados em um determinado modelo. Em geral, esses sistemas suportam os dois
modelos geométricos.

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3.1 Modelo Vetorial

Na estrutura vetorial, a localização e a feição geométrica do elemento são armazenadas


e representadas por vértices definidos por um par de coordenadas. Dependendo da sua forma e
da escala cartográfica, os elementos podem ser expressos pelas seguintes feições geométricas
(Figura 4):

 Pontos – representados por um vértice, ou seja, por apenas um par de coordenadas,


definindo a localização de objetos que não apresentam área nem comprimento.
Exemplos: hospital representado em uma escala intermediária, cidade em uma escala
pequena, epicentro de um terremoto, etc.

 Linhas poligonais ou arcos – representados por, no mínimo, dois vértices conectados,


gerando polígonos abertos que expressam elementos que possuem comprimento.
Exemplos: estradas, rios, etc.

 Polígonos - representados por, no mínimo, três vértices conectados, sendo que o


primeiro vértice possui coordenadas idênticas ao do último, gerando, assim, polígonos
fechados que definem elementos geográficos com área e perímetro. Exemplos: limites
político-administrativos (municípios, estados), classes de mapas temáticos (uso e
cobertura do solo, pedologia), etc.

Figura 4: Representação geométrica dos elementos geográficos.


Fonte: ESRI (2004)

Os elementos geográficos em um plano de informação podem ser compostos por um ou


mais elementos gráficos. Os rios de uma bacia hidrográfica, por exemplo, formados por um
conjunto de linhas poligonais, podem estar agrupados e armazenados como um único
elemento. Outro exemplo refere-se aos limites político-administrativos, por exemplo, os
municípios compostos por partes insular e continental são representados por um conjunto de
polígonos agrupados formando um único elemento. Há outros casos em que o elemento é
representado por um polígono e outro(s) contido(s) dentro deste, formando “buracos”,
representando, por exemplo, um corpo d’água no interior de uma mancha urbana (Figura 5).

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(A) (B)

(A) Rios agrupados por bacia compondo um


único elemento geográfico formado por
mais de uma linha.
(B) Município formado por mais de um
polígono formando um único elemento
geográfico.
(C) Lagoa formada por um “buraco” em
(C) vários elementos geográficos.

Figura 5: Representação dos elementos geográficos.

As feições geométricas (ponto, linha e polígono), utilizadas para representação dos


elementos, bem como a sua estrutura de armazenamento, estabelecem as relações espaciais
entre os elementos geográficos, ou seja, relações espaciais existentes entre si e entre os outros
elementos, denominadas de relações topológicas (Burrough, 1998). As relações espaciais são
percebidas intuitivamente pelo leitor: ao analisar um mapa, por exemplo, os elementos que
fazem fronteiras com outros elementos são facilmente identificados. Entretanto, como os
sistemas computacionais não são capazes de perceber estas relações, para processamento de
análises espaciais nos SIG, há necessidade de que estas sejam definidas explicitamente nos
arquivos digitais que armazenam as feições geométricas dos elementos.

A estrutura de armazenamento dos dados vetoriais pode ser topológica ou do tipo


spaghetti (RIPSA, 2000). Na estrutura topológica (Figura 6), os relacionamentos espaciais
entre os elementos geográficos, representados por nós, arcos e polígonos, estão armazenados
em tabelas. Os nós são entidades unidimensionais que representam o vértice inicial e o final
dos arcos, além das feições pontuais. Os arcos correspondem a entidades unidimensionais,
iniciados e finalizados por um nó, podendo representar o limite de um polígono ou uma feição
linear. Os polígonos, que representam feições de região, são definidos por arcos que
compõem o seu perímetro. A topologia permite estabelecer as seguintes relações entre os
elementos:

• Pertinência / Contingência – os arcos definem os limites dos polígonos fechados


delimitando uma área;

• Conectividade – os arcos são conectados com outros a partir de nós, permitindo a


identificação de rotas e de redes, como rios e estradas; e

• Contigüidade – os arcos comuns definem a adjacência entre polígonos.

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Figura 6: Topologia de polígonos, arcos e nós.


Fonte: UNBC GIS LAB (2005)

Na estrutura spaghetti, as coordenadas das feições são armazenadas linha a linha,


resultando em arquivos contendo uma lista de coordenadas. A simplicidade desta estrutura
limita a sua utilização em análises espaciais, já que pode gerar incongruências como as
listadas na Figura 7.

02
# #
#

04 #
04
# #
#
03

#
#
01
Estrutura spaghetti Estrutura topológica
(1) arcos sem contigüidade
(2) polígonos abertos sem área
(3) arcos sem conectividade devido ao cruzamento
de dois arcos sem presença de nó
(4) polígonos adjacentes com sobreposição ou "buracos"

Figura 7: Comparação entre a estrutura topológica e spaghetti.


Fonte: Adaptado UNBC GIS LAB (2005)

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3.2 Modelo Matricial

No modelo matricial, também denominado raster, o terreno é representado por uma


matriz M(i, j), composta por i colunas e j linhas, que definem células, denominadas de pixels
(picture cell), ao se cruzarem (Figura 8). Cada pixel apresenta um valor referente ao atributo,
além dos valores que definem o número da coluna e o número da linha, correspondendo,
quando o arquivo está georreferenciado, às coordenadas x e y, respectivamente.

Figura 8: Modelo de representação matricial.

Neste tipo de representação, a superfície é concebida como contínua, onde cada pixel
representa uma área no terreno, definindo a resolução espacial. Em dois documentos
visualizados na mesma escala, o de maior resolução espacial apresenta pixels de menor
tamanho e discrimina objetos de menor tamanho no terreno. Por exemplo, um arquivo com a
resolução espacial de 1 m possui maior resolução do que um de 20 m, pois o primeiro pode
discriminar objetos com tamanho em torno de 1 m, enquanto o segundo de 20 m (Figura 9).
As medidas de área e distância são mais exatas nos documentos de maior resolução, mas, por
sua vez, demandam mais espaço para o seu armazenamento.

Figura 9: Imagens IKONOS (1m) e SPOT (20 m).

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O modelo raster é adequado para armazenar e manipular imagens de sensoriamento


remoto, ou seja, imagens da superfície terrestre geradas a partir da detecção e do registro da
radiação eletromagnética refletida ou emitida por uma área da superfície terrestre por um
sensor transportado em um veículo aéreo ou orbital. Os atributos dos pixels representam um
valor proporcional à energia eletromagnética refletida, emitida ou retro-espalhada pela
superfície terrestre. Para identificação e classificação dos elementos geográficos, é necessário
recorrer às técnicas de processamento digital de imagem e de interpretação visual.

3.3 Modelo Vetorial x Modelo Matricial

A eficiência na execução das operações de manipulação e tratamento dos dados em um


SIG depende do modelo geométrico utilizado para sua representação (Quadro 2).
Quadro 2: Funções do SIG de acordo com o modelo geométrico. Fonte: Adaptado Câmara et al. (2005).

Função Representação Vetorial Representação Matricial


Relações espaciais entre Relacionamentos topológicos Relacionamentos espaciais
objetos entre objetos disponíveis devem ser inferidos
Facilita associar atributos a Associa atributos apenas a
Ligação com banco de dados
elementos gráficos classes do mapa
Representa melhor fenômenos
Representação indireta de
Análise, Simulação e com variação contínua no espaço
fenômenos contínuos
Modelagem Simulação e modelagem mais
Álgebra de mapas é limitada
fáceis
Problemas com erros Processamento mais rápido e
Algoritmos
geométricos eficiente.
O modelo vetorial permite que os relacionamentos topológicos estejam disponíveis junto
aos objetos, já no modelo matricial eles devem ser inseridos no banco de dados. Essa
propriedade possibilita que os arquivos vetoriais sejam mais adequados à execução de
consultas espaciais.

A associação entre o atributo e a componente gráfica também é mais adequada ao


vetorial, já que neste modelo um elemento é identificado como único, enquanto no raster esse
é definido por um conjunto de pixels que possuem um atributo comum. Assim, operações de
consultas aos atributos são mais adequadas de serem executadas nos arquivos vetoriais.

Por outro lado, a representação da superfície por pixels permite que os fenômenos
contínuos sejam adequadamente representados no modelo matricial. No modelo vetorial, para
cada variação da magnitude do fenômeno, há necessidade de criação de um novo elemento.
Por isso, o modelo matricial é utilizado nas imagens de sensoriamento remoto.

A representação contínua da superfície facilita a realização de simulação e modelagem.


O raster também facilita as operações algébricas entre camadas (operações com matrizes),
correspondendo a operações algébricas entre os pixels de camadas sobrepostas corretamente,
ou seja, georreferenciadas, e com mesma resolução espacial. Esse processamento é utilizado
na elaboração de mapas de susceptibilidade (potencial/risco), onde o valor obtido por cada
pixel, após as operações algébricas, pode ser classificado em níveis de susceptibilidade (baixo,
médio, alto).

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4- Modelagem de dados em SIG

Ao se adotar o SIG como o recurso de tratamento e análise de dados em um projeto, o


primeiro passo a ser efetuado é gerar um modelo de análise que represente o objeto de estudo
e que seja baseado no objetivo do projeto. Este modelo deve conter as seguintes componentes:
a base de dados, os tipos de processamento e os resultados alcançados em cada etapa.

Para definição da base de dados é necessário estabelecer as variáveis que compõem o


objeto de estudo e necessárias para alcançar o objetivo do trabalho, por isso é fundamental
que o pesquisador tenha conhecimento profundo do comportamento do fenômeno que está
estudando. Por exemplo, caso o objetivo seja identificar as áreas sujeitas a enchentes, devem
ser levantadas os dados que influenciam na ocorrência deste evento, como hidrografia, uso e
cobertura da terra, altimetria etc. Nesta etapa, devem ser definidos: as propriedades
cartográficas dos dados (escala, projeção, SGR), o modelo geométrico de representação (vetor
ou raster), a unidade territorial de integração dos dados ou análise de dados (bacia
hidrográfica, municípios etc.), as fontes disponíveis de dados e os métodos de coleta. Os
dados são representados por planos de informação e, para que sejam corretamente
sobrepostos, devem ser conhecidos o sistema de coordenadas, a projeção cartográfica e o
sistema geodésico de referência (SGR), e as escalas devem ser aproximadas.

O processamento dos dados corresponde às operações de tratamento e de análise dos


dados. O tratamento destina-se à montagem e à preparação da base de dados, consistindo em
operações como: conversão dos dados para o formato digital (digitalização), adequação da
base de dados às propriedades cartográficas, construção das tabelas de atributos, e
especificação dos geocódigos. Com a base de dados construída, o processamento seguinte
consiste em operações de análise que se destinam a atingir o objetivo do projeto propriamente
dito. Algumas destas operações estão descritas no próximo item.

Durante o processamento dos dados, são gerados resultados intermediários e, sobre


estes, são executadas novas operações até atingir-se o resultado final. Tanto os produtos
intermediários quanto o final devem ser definidos no modelo de análise.

Uma boa dica para a geração do modelo de análise é construí-lo com base em um
fluxograma. A Figura 10 representa um modelo de análise de dados cujo objetivo é a
identificação de áreas urbanizáveis a partir do mapeamento da legislação ambiental e
urbanística. Neste estudo, foram consideradas como restrições legais à urbanização:

• Declividade do terreno – o Código Florestal e a Lei de Parcelamento do Solo


restringem à ocupação de acordo com a declividade. Essa foi gerada através do MNT
elaborado com base nas curvas de nível.
• Mata Atlântica – o projeto de lei da Mata Atlântica restringe à ocupação de acordo
com os estágios de sucessão. Para identificar essas áreas, foram utilizadas imagens de
sensoriamento remoto.

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• Hidrografia – o Código Florestal considera como áreas de preservação permanente


aquelas localizadas próximas aos rios. Para definição desses locais, foram construídas
áreas de proximidade em torno dos cursos d’água.
• Unidades de conservação – a presença de unidades restringe à ocupação e o uso da
terra de acordo com a sua categoria.
• Plano diretor municipal – no zoneamento municipal são estabelecidas as áreas
destinadas à preservação e outras onde não há restrição à ocupação.
Esses dados, representados em planos de informação, foram cruzados, obtendo como
resultado a delimitação das áreas com restrições legais à ocupação e daquelas onde a ausência
de todas variáveis indica que a urbanização é legal (Figura 11).

De

0 2,5
Km

Obs. Devido à escala, não está


Plano Diretor Municipal Domínio da União APP representada APA de Tamoios

Zona de Preservação Parque Nacional da Bocaina Manguezal


Zona Rural Reserva Indígena Faixa marginal
Zona Urbana Decreto Mata Atlântica Parcelamento do Solo e Código Florestal

Outros Mata Atlântica Primária ou Secundária Área com declividade acima de 30%

Figura 11: Mapa de restrições legais ao uso e ocupação da terra\ – Angra dos Reis, RJ.

5- Operações de análise de dados de um SIG

A quantidade de operações que um SIG pode executar é numerosa, podendo ser


classificadas em três grupos. No grupo relacionado à produção cartográfica estão inseridas
operações de entrada, conversão e edição de dados, bem como aquelas destinadas ao
acabamento visando à apresentação final de forma impressa ou digital. No grupo das
operações relacionadas ao gerenciamento de banco de dados geográficos estão inseridas as
operações de montagem, preparação e recuperação de dados. O grupo de operações
relacionadas à análise espacial dos dados gera novas informações a partir da base de dados
existente. Abaixo são apresentadas as principais operações presentes no SIG.

5.1 Associação entre plano de informação e tabela de atributos

A associação entre um plano de informação e uma tabela de atributos é feita a partir de


um campo comum entre eles (Figura 12). Essa associação possibilita que, na seleção de

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elementos, sejam conjuntamente selecionados a componente gráfica e os atributos da tabela


vinculados aos elementos selecionados.

Figura 12: Associação entre a camada e tabela de atributos.

Duas camadas também podem ser diretamente vinculadas, a partir da associação entre
elementos geográficos de uma camada aos de outra camada, tendo como base a localização
desses elementos. Quando o vínculo espacial é estabelecido entre duas camadas do tipo ponto
ou do tipo linha, o critério para a associação é a distância entre os elementos de cada camada.
Caso uma das camadas seja do tipo polígono, a pertinência ou a interseção entre os elementos
geográficos é analisada. No vínculo espacial estabelecido pela distância pode haver a opção
de que seja calculada a distância entre os dois elementos como um atributo a ser acrescentado
à tabela. Esta operação é apropriada para calcular a menor distância entre dois elementos
pertencentes a duas camadas distintas.

5.2 Consulta por atributos

Operações de consultas visam à recuperação da informação a partir da formulação de


condições. Em um banco de dados geográficos, como no caso dos SIG, as condições podem
ser estabelecidas com base nos atributos ou na localização dos elementos geográficos
(consulta espacial). Como resultado das consultas, elementos geográficos são selecionados e,
sobre eles, outras operações podem ser executadas, como: novas consultas, criação de uma
nova camada apenas com os elementos selecionados, cruzamento de camadas etc.

As consultas por atributos são baseadas em expressões compostas por campos da tabela,
operadores e os valores de atributos, do tipo: [campo] <operador> “valor”. Geralmente, os
SIG utilizam SQL (Structured Query Language), linguagem de programação utilizada para
acessar e gerenciar banco de dados. Nesta linguagem, os operadores utilizados são: = (igual),
<> (diferente), => (maior e igual), <= (menor e igual), > (maior), < (menor) e LIKE (como).
Caso a consulta seja composta por mais de uma expressão, um dos seguintes operadores
lógicos é utilizado para unir as duas expressões (Figura 13):

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• AND (interseção) - os elementos, para serem selecionados, devem atender as


condições de ambas as expressões;

• OR (união) - os elementos, para serem selecionados, devem atender apenas a condição


de uma expressão;

• NOT (negação) - os elementos, para serem selecionados, não devem atender a


condição da expressão precedida por este operador.

Figura 13: Operação de consulta aos atributos.

5.3 Consulta espacial


As consultas espaciais são formuladas a partir de condições baseadas na localização, na
forma e nas relações topológicas dos elementos geográficos (Figura 14):

• Proximidade – seleção de elementos tendo como base a distância entre eles;

• Adjacência ou vizinhança – seleção de elementos com base na existência de limites


comuns entre elementos. Com esta condição, é possível selecionar linhas ou polígonos
que apresentam vértices comuns;

• Pertinência – estabelecida pela condição de elementos estarem contidos em polígonos


ou de polígonos conterem elementos;

• Interceptação ou interseção - estabelecida pela condição de elementos (linhas e


polígonos) cruzarem com outros elementos; e

• Geometria – definida pela existência de elementos que apresentam geometria idêntica.

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Figura 14: Condições de seleção por localização

5.4. Elaboração de cartogramas

Esta operação destina-se ao estabelecimento de uma representação gráfica comum (cor,


tipo, símbolo, padrão e tamanho) dos elementos geográficos a partir da classificação dos
atributos, ou seja, os atributos pertencentes a uma mesma classe apresentam a mesma
representação gráfica. O número de classes, o tipo de classificador e a representação gráfica
dos elementos são definidos pelo usuário. Os tipos de classificadores mais comuns são
(Figura 15):

• Quantil – as classes possuem o mesmo número de elementos. A partir da definição do


número de classes, os intervalos são estipulados definindo o número de elementos de
cada classe, obtido através da divisão entre o número total de elementos e número de
classes.

• Intervalos iguais / Passos iguais – as classes devem possuir o mesmo intervalo,


calculado pela subtração entre o valor máximo e valor mínimo do atributo a ser
classificado e, posteriormente, dividindo este valor pelo número de classes.

• Desvio padrão – as classes são determinadas com base na soma e na subtração do


desvio padrão da média do atributo a ser classificado, gerando, assim,
respectivamente, as classes acima da média e as classes abaixo da média.

• Quebras naturais – classes são estabelecidas utilizando o algoritmo denominado


Otimização de Jenks para classificar os atributos. Este algoritmo agrupa os atributos

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baseado no menor erro possível, definido pela soma dos desvios absolutos da classe
mediana ou, alternativamente, a soma dos desvios quadrados da classe média (ESRI,
2004).

• Valor único - utilizado para dados qualitativos. Os atributos com mesmo valor são
inseridos na mesma classe.

Intervalos iguais
(Valor máx – valor mín) /
número de classes =
(97-77) / 3 = 6
Taxa de Alfabetização

77 - 83%
84 - 90%
91 - 97%
Quantil
Nº de elementos / número de
classes =
91 / 3 = 30
Taxa de Alfabetização
77 - 88%
89 - 92%
93 - 97%

Quebras naturais

Taxa de Alfabetização
77 - 85%
86 - 90%
91 - 97%

Desvio Padrão
DP =Desvio padrão

< -3 DP
-3 - -2 DP
-2 - -1 DP
-1 - 0 DP
Média
0 - 1 DP
1 - 2 DP

Figura 15: Mapas de demografia do Rio de Janeiro segundo vários classificadores.

Dependendo da distribuição dos dados, um determinado tipo de classificador é


adequado. No caso de dados que apresentam uma tendência de distribuição uniforme em
todos os intervalos, a classificação utilizando intervalos iguais ou quantil é apropriada. No
caso de dados intervalos fixos, como, por exemplo, porcentagens e temperaturas, o
classificador intervalos iguais pode ser uma boa opção. Para dados com distribuição não
uniforme, os classificadores por quebras naturais e desvio-padrão são as melhores opções. No
caso deste tipo de distribuição, a classificação feita pelos classificadores - quantil e intervalos
iguais - pode resultar em interpretações incorretas, já que estes podem agrupar em uma
mesma classe elementos com valores de muito grande amplitude entre si e separar elementos
com menor amplitude entre si.

15
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Sistemas de Informações Geográficas – 2014.

5.5 Cálculo de medidas lineares e de área

Uma das operações básicas de um SIG é o cálculo de medidas lineares e de área, desde
que a base de dados esteja em uma estrutura topológica e corretamente georreferenciada.
Podem ser calculados: a distância entre elementos geográficos, a extensão de feições lineares,
e a área e o perímetro de feições poligonais. Com base nessas medidas, outros cálculos podem
ser feitos, como, por exemplo, densidade por área, indicadores de fragmentação e da
geometria de bacias hidrográficas.

5.6 Cruzamento de planos de informação

Uma das funções mais relevantes em um SIG é o cruzamento de planos de informação,


que gera um novo plano com as feições gráficas originadas do cruzamento das camadas
envolvidas e com os atributos de um ou de todos os planos cruzados. Os cruzamentos podem
ser dos seguintes tipos (Figura 16):

• Interseção - a partir do cruzamento de duas ou mais camadas, é gerado um novo plano


com a área de abrangência correspondendo à interseção das camadas cruzadas. Os
atributos podem ser de todos ou apenas de um plano cruzado.

• União – a partir do cruzamento de duas ou mais camadas, é gerado um novo plano


com área de abrangência correspondendo à união das camadas cruzadas. Os atributos
podem ser de todos ou apenas de um plano cruzado.

• Diferença - a partir do cruzamento de duas ou mais camadas, é gerado um novo plano


com área de abrangência correspondendo à diferença entre as camadas cruzadas. Os
atributos podem ser de todos ou apenas de um plano cruzado.

Interseção – conservam-se
os atributos das duas
camadas sobrepostas e a
interseção da área das
duas camadas.
União – conservam-se os
atributos das duas
camadas sobrepostas e a
união da área das duas
camadas.

Figura 16: Cruzamento de planos de informação.

5.7 Criação de áreas de proximidade

Esta função gera polígonos – buffer – no entorno de elementos a partir de uma distância
definida pelo usuário ou de um atributo de distância vinculado aos elementos. Na primeira
opção, ou seja, quando um valor único de distância é especificado, são criados um ou mais
polígonos com a distância igual no entorno dos elementos (ponto ou linha) ou do seu

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Sistemas de Informações Geográficas – 2014.

perímetro (polígono). Na segunda opção, o atributo vinculado aos elementos estabelece a


distância para geração dos polígonos; neste caso, o buffer construído no entorno de cada
elemento varia segundo esse valor (Figura 17). No caso de polígonos, também pode haver a
opção de construção do buffer no entorno externo ou interno.

Figura 17: Opções na construção de buffers.

5.8 Agregação de dados

Esta função gera uma nova camada a partir da agregação espacial de elementos com
base em um atributo comum. Assim, a partir de uma camada com elementos com menor
agregação espacial, uma nova camada pode ser gerada com elementos apresentando maior
agregação, por exemplo: municípios podem ser agregados em microrregiões.

Da mesma forma, os atributos podem ser tratados, ou seja, uma nova tabela pode ser
construída a partir da agregação de registros com base em um atributo comum. A agregação
dos elementos pode ocorrer a partir de medidas estatísticas como média, moda, variância,
desvio-padrão e soma (Figura 18).

Figura 18: Agregação de municípios gerando uma nova camada a partir do campo “regiões de governo”.

17
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5.9 Tabela de Pontos


Uma tabela de pontos, denominada também como tabela de eventos, contém as
coordenadas de eventos, que podem ser mapeados e representados graficamente através de
pontos. As coordenadas podem ser obtidas através de um sistema de posicionamento por
satélite, como o GPS.

5.10 Geocodificação por endereço

Esta operação consiste no mapeamento de eventos através da atribuição de


coordenadas aos seus endereços, possibilitando que cada evento seja representado na tela por
um ponto. Para executar esta operação, são necessárias uma base de ruas e uma lista de
endereços. A base de ruas deve ser constituída pelos eixos de logradouros segmentados por
quadras – “trechados”. Como atributos, cada trecho deve possuir o nome do logradouro, a
numeração inicial e final, par e ímpar. A lista de eventos deve estar em uma tabela “endereço”
formada pelo nome e complemento em campos separados. Para o ideal funcionamento dessa
operação, é necessário que o nome do logradouro que conste na base de ruas seja idêntico ao
relacionado na tabela, caso contrário, o endereço não é encontrado automaticamente, sendo
necessária intervenção do usuário para localização do endereço. Sugere-se que não sejam
utilizados acentos e cedilha nos endereços, já que a chance de erro aumenta.

6- Modelos digitais de distribuição espacial

Os modelos digitais de distribuição espacial, conhecidos por modelos digitais de


terrenos (MNT) e modelos digitais de terreno (MDT), representam a distribuição espacial da
magnitude (grandeza) de um fenômeno através de uma representação matemática
computacional gerada a partir da interpolação, ou seja, processo de medida para determinação
de valores médios com base em valores fixos existentes (FELGUEIRAS, 2005).

A primeira etapa para a geração de um modelo corresponde ao levantamento dos


valores da magnitude, que podem estar representados por curvas de isovalores (isolinhas) ou
pontos tridimensionais, compostos pelas coordenadas (x,y) e pelo valor da magnitude (z), que
correspondem a pontos de coleta dos dados.

A etapa seguinte corresponde à modelagem propriamente dita e consiste na


interpolação dos valores de magnitude, resultando em uma grade regular ou triangular,
dependendo do interpolador utilizado (Figura 19). A primeira grade corresponde a uma matriz
(raster) com espaçamento fixo, onde cada ponto da grade apresenta um valor estimado a
partir da interpolação das amostras. A grade triangular é formada a partir da conexão entre as
amostras utilizando, em geral, a triangulação de Delaunay, representada por uma estrutura
vetorial do tipo arco-nó.

Os modelos podem ser aplicados para representar espacialmente dados


hidrometeorológicos, geofísicos, geoquímicos, altimétricos etc. Esses últimos são
denominados de modelos digitais de elevação (MDE)1 e com eles é possível: calcular o

1
Nos últimos anos, novas tecnologias, com a utilização de sensores remotos, vêm sendo empregadas para a
geração de MDE, destacando-se o radar interferométrico e perfilamento a laser.

18
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volume e a área da superfície; traçar perfil e seção transversal do terreno; gerar curva de nível;
elaborar mapas de declividade, orientação de vertentes, sombreamento e visibilidade; e
visualizar em perspectiva tridimensional.

Figura 19: Modelos digital de distribuição espacial: (A) grade regular e (B) grade triangular.

7- Levantamento de dados geográficos

O levantamento de dados geográficos é aqui apresentado de acordo com a natureza dos


dados e está dividido em planialtimétrico, ambiental e populacional. Os levantamentos
planialtimétricos determinam a posição do objeto em relação à localização (x,y) e à altura ou
altitude (z). Os métodos de levantamento podem ser divididos nos seguintes grupos (adaptado
Rodrigues, 1990):

• Topográficos - são baseados na medição de distâncias e ângulos e na aplicação de


relações trigonométricas, através de equipamentos analógicos e, mais recentemente,
por estações totais. São utilizados em levantamentos com extensão de até 30 km, onde
a curvatura da Terra não necessita ser considerada.

• Geodésicos - são similares aos topográficos, porém destinados a levantamentos de


maiores extensões, onde a curvatura da Terra deve ser considerada. A determinação da
localização planimétrica dos pontos pode ser feita por triangulação, poligonação ou
trilateração, e a altitude através de nivelamento geodésico.

• Posicionamento por satélites - fundamentam-se na utilização de rastreadores


geodésicos que recebem ondas eletromagnéticas emitidas de posições conhecidas,
permitindo a determinação da posição do objeto na superfície terrestre. São exemplos
19
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desse levantamento os realizados por sistema global de navegação por satélites


(GNSS) como o GPS, GALILEO e o GLONASS.

• Aerofotogramétricos - utilizam fotografias aéreas para determinação da posição dos


objetos. Estes não prescindem dos dados levantados pelos métodos anteriores, pois é
necessário ter pontos de controle com coordenadas conhecidas para a transformação
dos pontos das fotos em valores das coordenadas.

• Sistemas de varredura - baseiam-se na emissão de um pulso de energia em direção à


superfície terrestre a partir de um sensor a bordo de uma aeronave. Ao atingir a
superfície, parte do sinal emitido é refletida na direção do sensor, que mede a
intensidade do sinal de retorno e o tempo decorrido entre a emissão e a captação. Um
destes sistemas é denominado como LIDAR - Light Detection And Ranging - e
consiste na utilização de um pulso de laser disparado na direção da superfície.

• De forma semelhante funciona a interferometria por radar, que consiste na interação de


pulsos refletidos pelo terreno e recebidos por antenas instaladas no sensor e operando
conjuntamente na plataforma de vôo. O sinal refletido pelo terreno chega em
momentos diferentes nas duas antenas; conhecendo-se esta diferença, dados sobre a
altura do terreno são obtidos. A missão espacial liderada pela NASA, em fevereiro de
2000, conhecida como Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM), coletou dados
altimétricos de mais de 80% da superfície terrestre utilizando um radar a bordo do
ônibus espacial Endeavour, fazendo uso da técnica de interferometria.

Os levantamentos de dados ambientais coletam a distribuição espacial de eventos da


superfície terrestre de forma contínua e qualitativa, como os mapas de pedologia e a aptidão
agrícola, ou de forma pontual e quantitativa, como os dados pluviométricos.

Nos levantamentos ambientais contínuos, os dados podem ser coletados diretamente em


campo ou remotamente. Neste último caso, a coleta é feita por sensores que registram a
energia emitida ou refletida pelo alvo de forma contínua na superfície, gerando imagens e
possibilitando a coleta de dados de áreas extensas e de difícil acesso. Os dados coletados,
quando interpretados visualmente ou processados digitalmente, fornecem as feições espaciais
e os atributos qualitativos. Devido à possibilidade de coleta temporal constante, é possível
fazer o monitoramento de fenômenos espaciais, como, por exemplo, o monitoramento do uso
e cobertura da terra. Esses levantamentos podem dar origem a outras informações ambientais,
como pedologia, geologia etc.

Os levantamentos ambientais pontuais baseiam-se na coleta de dados a partir de estações


localizadas em campo ou na coleta direta em campo, e visam medir a magnitude do
fenômeno. A possibilidade dos dados serem enviados por estações telemétricas reduz a
quantidade de visitas a campo. Nesses levantamentos, podem ser obtidas séries históricas de
dados, permitindo o monitoramento do fenômeno estudado. As estações hidrometeorológicas
são exemplos deste tipo de levantamento.

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Os levantamentos populacionais coletam dados sobre a freqüência de ocorrências


(contagem) e os atributos dos indivíduos que compõem a população. Estes levantamentos
podem ser feitos por amostragem, nos quais parte representativa da população é levantada, ou
por censo, onde todo universo é levantado. Os métodos de levantamento podem ser por
observação ou por entrevistas. As pesquisas domiciliares demográficas e socioeconômicas são
exemplos dos métodos baseados em entrevistas, onde os atributos são obtidos através da
aplicação de questionários.

BIBLIOGRAFIA
ARONOFF, S. Geographic Information Systems: A Management Perspective. WDL Publications. 1995.
BARBOSA, C. C.F. Álgebra de mapas e suas aplicações em sensoriamento remoto e geoprocessamento.
de Mestrado. São José dos Campos, SP, 1997. Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto). INPE.
BURROUGH, P.A.; MCDONNELL, R.A. Principles of Geographical Information Systems. Oxford
University Press. 1998
CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M.V. Introdução à Ciência da Geoinformação. Disponível
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FELGUEIRAS, C.A. Modelagem Numérica de Terreno. In: Introdução à Ciência da Geoinformação.
Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/livros.html. Acesso em: março de 2005.
INPE. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. SPRING versão 4.1. São Paulo: INPE,
2004. Disponível em http://www.inpe.br.
RIPSA. Conceitos Básicos de Sistemas de Informação Geográfica e Cartografia aplicados à Saúde. Org:
Carvalho, M.S; Pina, M.F; Santos, S.M. Brasília: Organização Panamericana da Saúde, Ministério da Saúde,
2000.
RODRIGUES, M. Introdução ao Geoprocessamento. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
GEOPROCESSAMENTO, 1990, São Paulo. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1990, 1-26p.
UNBC GIS LAB. Introduction to Geographic Information System. Lecture 3b. Canada: University of
Northern British Columbia. Disponível em: http://www.gis.unbc.ca/courses/geog300/lectures/lect6/index.php.
Acesso em: agosto/2005.
XAVIER-DA-SILVA, J. et al. Geoprocessamento e SGIs. In: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
GEOPROCESSAMENTO, unidades didáticas 12 a 19, volume 1. Rio de Janeiro: LAGEOP /UFRJ, 2002. 2 CD-
ROM.

21
SIGCidades: Mapeamento de Áreas Protegidas
UFF - Instituto de Geociências - Departamento Análise Geoambiental
UFF - Pró-Reitoria de Extensão
MEC - Programa de Extensão
MCidades -Programa Nacional de Capacitação das Cidades

Fundamentos de Cartografia e SIG


Estudo Dirigido em Cartografia
2ª edição revisada

Cristiane Nunes Francisco


Ladjane Marques Guimarães
Luiz Paulo da Silva
Lidiana de Paiva Lima Vieira

Niterói, julho 2014.


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Lições de Sensoriamento Remoto – 2014.

1. Representação da Terra

Os mapas correspondem à representação, aproximada, em um plano dos aspectos -


geográficos, naturais, culturais e antrópicos, em proporção reduzida de toda superfície
terrestre ou de parte dela. Para confecção de um mapa é necessária a aplicação de um
conjunto de procedimentos que visa relacionar os pontos da superfície terrestre a pontos
correspondentes no plano de projeção (mapa). Estes procedimentos consistem em (IBGE,
2004):

• Adotar um modelo matemático simplificado que melhor represente a forma da


Terra;
• Projetar os elementos da superfície terrestre sobre o modelo de representação
selecionado; e
• Relacionar, através de um processo projetivo ou analítico, pontos do modelo
matemático de referência ao plano de projeção, selecionando a escala e o sistema
de coordenadas.

A superfície terrestre é totalmente irregular, não existindo, até o momento, definições


matemáticas capazes de representá-la sem deformá-la. A forma da Terra se assemelha a um
elipsóide, com o raio equatorial aproximadamente 23 km maior do que o polar, devido ao
movimento de rotação em torno do seu eixo (Figura 1).

Figura 1: Comparação entre os três modelos de representação da superfície terrestre (CRUZ, 2002).

O modelo que se aproxima da sua forma real, e que pode ser determinado através de
medidas gravimétricas, é o geiodal. Neste modelo, a superfície terrestre é definida por uma
superfície fictícia determinada pelo prolongamento do nível médio dos mares estendendo-se
em direção aos continentes. Esta superfície pode estar acima ou abaixo da superfície
topográfica, definida pela massa terrestre (Figura 2).

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Figura 2: Comparação entre a superfície topográfica, elipsoidal e geoidal (Brandalize,(2004).

Para representar a superfície terrestre em um plano, é necessário que se adote uma


superfície de referência, que corresponda a uma figura matematicamente definida. O elipsóide
de revolução, gerado por uma eclipse rotacionada em torno de eixo menor, é a figura
geométrica que mais se aproxima da forma real da Terra. Para representações em escalas
muito pequenas – menores do que 1:5.000.000, a diferença entre o raio equatorial e o raio
polar apresenta um valor insignificante, o que permite representar a forma a Terra, em
algumas aplicações, como uma esfera. Este modelo é bastante simplificado e o mais distante
da realidade, pois os elementos da superfície terrestre apresentam-se bastante deformados em
relação às suas correspondentes feições reais e à posição relativa. O globo terrestre é uma
representação deste tipo (Figura 3).

Figura 3: Globo terrestre.

2. Sistemas Geodésicos de Referência (SGR)

Para a confecção de um mapa, é necessário, assim, estabelecer a superfície de


referência a ser utilizada para representar a superfície terrestre no modelo matemático. Sobre
esta superfície, são necessárias informações sobre as dimensões do elipsóide de referência
melhor adaptado à região a ser mapeada (raio do equador e raio polar), a sua orientação no
espaço e a origem do sistema de coordenadas geodésicas referenciadas a superfície (datum
horizontal).

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O elipsóide de melhor ajuste varia de acordo a área a ser mapeada, por isto que cada
região tende a adotar um referencial específico. No Brasil, até o final da década de 1970,
utilizava-se o elipsóide Internacional de Hayford e o datum Córrego Alegre-MG, como a
origem das coordenadas. A partir de 1977, passou-se a adotar o SAD-69 (Datum Sul-
Americano), que apresenta o vértice Chuá-MG como a origem das coordenadas, e como
elipsóide de referência o recomendado pela União Astronômica Internacional, homologado
em 1967 pela Associação Internacional de Geodésia (Quadro 1). Esses sistemas são
considerados topocêntricos, pois o ponto de origem está localizado na superfície da Terra.

Quadro 1: Sistemas geodésicos de referência utilizados no Brasil.


Elipsóide Ponto Datum Raio Equador (m) Achatamento Início Final

Hayford Córrego Alegre- 6.378.388 1/297 - 1977


(IAG-1924) MG

SAD – 69
Chuá-MG 6.378.160 1/298,25 1977 2014
(UGGI-1967)

Centro de Massa 6.378.137 1/298,257223563


WGS – 84 1984 Hoje
da Terra

Centro de Massa 6.378.137 1/298,25722210


GRS – 80 2000 Hoje
da Terra

Com o advento do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), foi necessário
empregar referencial geodésico geocêntrico, ou seja, o ponto de origem coincide com o centro
de massa da Terra e com eixo de revolução coincidente com o eixo de rotação da Terra. A
sua materialização ocorre mediante o estabelecimento de uma rede de estações geodésicas
com coordenadas tridimensionais (IBGE, 2014). Os sistemas WGS–84 e SIRGAS são
referenciais geodésicos geocêntricos, o primeiro é utilizado globalmente, e o segundo é
adotado no país. A partir do ano 2014, os mapeamentos oficiais feitos no Brasil devem
empregar esse sistema.

Dicas SIG

• No levantamento da base de dados para uso em um Sistema de Informação Geográfica


(SIG), é comum encontrar os documentos cartográficos e as imagens de sensoriamento
remoto referenciados a diferentes SGR.

• A sobreposição de planos de informação que apresentem diferentes SGR no SIG pode


apresentar deslocamentos de até 100 m, devido à diferença das coordenadas dos SGR.
Considerando 65 m como a diferença média das coordenadas entre o SAD-69 e um
sistema geocêntrico, em escalas acima de 1/250.000, o SGR não deve ser ignorado,
pois o deslocamento ultrapassa 0,2 mm, caso esse valor seja considerado como erro
admissível (Quadro 2).

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• Assim, caso a base cartográfica apresente SGR distintos, é necessário fazer a


conversão, utilizando o próprio SIG ou outro sistema computacional que apresente
esta rotina.

• O mesmo cuidado deve ser adotado ao se levantar dados por GPS. É necessário que o
SGR seja devidamente configurado para o sistema de interesse do mapeamento.

• As diferenças das coordenadas entre o WGS-84 e o SIRGAS é irrelevante para fins


cartográficos, logo é possível manipular conjuntamente bases cartográficas
configuradas nesses dois sistemas.
Quadro 2: Deslocamento entre mapeamento em SAD69 e em sistema geocêntrico considerando 65m como
diferença média das coordenadas.

Fonte: (IBGE, 2014)

3. Sistemas de Coordenadas Terrestres

A superfície terrestre pode ser descrita geometricamente a partir de levantamentos


geodésicos ou topográficos tendo como base sistemas de coordenadas distintos. Estes
sistemas servem como referência para o posicionamento de pontos sobre uma superfície
referência, que, como foi visto, pode ser um elipsóide, uma esfera ou um plano. Para a esfera
é empregado o sistema coordenadas geográficas. Para o elipsóide é empregado o sistema de
coordenadas geodésicas. Por fim, para o plano pode ser empregado um sistema de
coordenadas cartesianas ou planas (x,y) e topográficas locais.

O sistema de coordenadas geográficas considera que qualquer ponto da superfície


terrestre apresenta a mesma distância do centro da esfera. Para o posicionamento de um
ponto, é necessário conhecer dois ângulos diedros, pois o raio do vetor é constante e
conhecido. O par de coordenadas neste posicionamento é definido por uma rede geográfica
formada por meridianos e paralelos (Figura 4). Um ponto na superfície terrestre pode ser
localizado, assim, pela interseção de um meridiano e um paralelo.

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Figura 4: Meridianos e paralelos (a) perspectiva lateral, (b) perspectiva superior.


http://www.cdcc.sc.usp.br/cda/aprendendo-basico/esfera-celeste/esfera-celeste.htm

Os meridianos são semicírculos gerados a partir da interseção de planos verticais que


contém o eixo de rotação terrestre com a superfície da Terra. Um semicírculo define um
meridiano que com seu antimeridiano formam um círculo máximo (Figura 5). O meridiano de
origem (0º), denominado como Greenwich, com o seu antimeridiano (180º), divide a Terra em
dois hemisférios: leste ou oriental e oeste ou ocidental. À leste de Greenwich, os valores da
coordenadas são crescentes, variando entre 0º e +180°. A oeste, as medidas são decrescentes,
variando entre 0º e -180º.

Figura 5: Meridiano de Greenwich e outros meridianos.


http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/cartogrf.htm#projecoes.
Os meridianos são referência para medição da distância angular entre um ponto
qualquer e o meridiano de Greenwich. Esse ângulo, denominado longitude, corresponde,
assim, ao arco da circunferência, em graus, medido do meridiano de origem ao meridiano
onde se localiza um determinado ponto (Figura 6).

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Figura 6: Longitude. Fonte: http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/cartogrf.htm#projecoes.

A linha do Equador é um círculo máximo gerado a partir da interseção de um plano


perpendicular ao eixo de rotação terrestre com a superfície da Terra passando pelo centro da
esfera (Figura 7). Eqüidistante aos pólos, divide a Terra em dois hemisférios, norte ou
setentrional e sul ou meridional. Os paralelos são círculos menores, gerados a partir da
interseção de planos paralelos ao plano do Equador terrestre com a superfície da Terra.
Devido à curvatura da Terra, a extensão dos paralelos diminui em direção pólos, até se
tornarem um ponto neste local. Ao norte do Equador, os valores da coordenadas são
crescentes, variando entre 0º e +90°. Ao sul desta linha, as medidas são decrescentes,
variando entre 0º e -90°.

Figura 7: Linha do Equador e paralelos. Fonte: http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/cartogrf.htm#projecoes.

Os paralelos são referências para medição da distância angular entre um ponto,


localizado sobre um paralelo, e a linha do Equador. Esta ângulo, denominado latitude,
corresponde, assim, ao arco da circunferência, em graus, medido entre um ponto localizado
em um paralelo qualquer e a linha do Equador (Figura 8).

Figura 8: Latitude. Fonte: http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/cartogrf.htm#projecoes.


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O sistema de coordenadas cartesianas é composto por dois eixos perpendiculares: um


eixo horizontal correspondendo ao eixo das abscissas e denominado com x, e outro vertical
correspondendo ao eixo das ordenadas e denominado como y. A interseção dos eixos
corresponde a origem do sistema (Figura 9). Um ponto qualquer no sistema é definido pela
interseção de duas retas perpendiculares entre si e paralelas aos respectivos eixos, e expresso,
assim, por dois valores, um correspondente à projeção sobre o eixo x, e outro correspondente
à projeção sobre o eixo y. O par das coordenadas de origem, normalmente, apresenta valor
(0,0), mas, por convenção, pode receber valores diferentes de zero.

Figura 9: Sistema de coordenadas cartesianas.

Dicas SIG

• Em geral em um SIG, os sistemas de coordenadas utilizados para armazenamento e


visualização da componente gráfica são o geográfico e o cartesiano. Este último
corresponde ao sistema de coordenadas da projeção cartográfica, dentre estes o mais
conhecido é a UTM.

• Para que seja possível a correta sobreposição entre os planos de informação, o sistema
de coordenadas deve ser comum entre os planos, bem como as unidades das
coordenadas devem ser mesmas. Caso contrário, é necessário se faça a conversão para
um sistema e uma unidade comuns, utilizando o próprio SIG ou outro sistema
computacional que apresente esta rotina.

• Em geral, as coordenadas cartesianas apresentam-se em unidades métricas –


quilômetro ou metro, enquanto que as coordenadas geográficas são expressas em graus
decimais.

4. Escala

Escala é a relação matemática entre o comprimento ou a distância medida sobre um mapa


e a sua medida real na superfície terrestre. Esta razão é adimensional já que relaciona
quantidades físicas idênticas de mesma unidade. A escala pode ser representada
numericamente e graficamente.

A escala numérica, ou fracionária, é expressa por uma fração ordinária


(denominador/numerador) ou por uma razão matemática. O numerador corresponde a uma
unidade no mapa, enquanto o denominador expressa a medida real da unidade no terreno. A
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escala, por exemplo, 1:10.000 indica que uma unidade no mapa corresponde a 10 mil
unidades no terreno, ou seja, considerando como unidade o centímetro, 1 cm no mapa
equivale a 10.000 cm no terreno. Quanto maior o denominador, menor a escala, menor o
detalhamento e maior a extensão da área mapeada, considerando a mesma dimensão do plano
de representação (Figura 10).

Figura 10: Comparação entre mapas de diferentes escalas.

A escala gráfica é representada por um segmento de reta graduada em uma unidade de


medida linear, dividida em partes iguais indicativas da unidade utilizada. A primeira parte,
denominada como talão ou escala fracionária, é subdividida de modo a permitir uma
avaliação mais detalhada das distâncias ou dimensões no mapa (Figura 11).

Figura 11: Escala gráfica.

A documentação cartográfica com escalas até 1/25.000 é denominada como plantas ou


cartas cadastrais, enquanto entre 1/25.000 e 1/250.000, é denominada como cartas
topográficas (IBGE, 2005).

Dicas SIG

• Em um SIG, um plano de informação georreferenciado pode ser exibido e manipulado


em qualquer escala, inclusive maiores do que o seu original. Porém, o usuário deve
ficar atento, pois a inexistência de limite técnico, não o habilita a manusear planos de
informação em escalas muito ampliadas em relação ao original. Como o erro
cartográfico é função direta da escala do mapa, a ampliação da escala provoca
igualmente a ampliação dos erros associados à escala do mapa.
• Desta forma, antes de iniciar a manipulação de mapa em formato digital, é
fundamental que o usuário tome conhecimento da escala do original e do método
utilizado para a elaboração do mapeamento. No caso de um arquivo em formato raster,
a resolução espacial é uma boa dica da escala adequada às suas análises.

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Lições de Sensoriamento Remoto – 2014.

5. Projeção Cartográfica

A projeção cartográfica corresponde a um conjunto de métodos empregados e relações


matemáticas para representar a superfície terrestre sobre um plano, onde cada ponto desse
plano corresponde a um ponto na superfície de referência. A representação de uma superfície
curva, no caso a Terra, sobre um plano gera distorções, pois não é possível representar uma
superfície esférica em uma superfície plana sem causar "extensões" ou "contrações" da
superfície original. Assim todo mapa apresenta uma deformação ou a combinação de mais de
uma dos seguintes tipos de deformação: linear, angular e superficial. A projeção cartográfica
escolhida na confecção do mapa determina as deformações presentes no mapa, assim deve
possuir propriedades que atendam aos objetivos da finalidade do mapeamento, podendo ser
classificadas em três tipos:

• Conforme ou Isogonal – mantém a fidelidade aos ângulos observados na superfície de


referência, conservando a forma da superfície mapeada.

• Equivalente ou Isométrica – conserva as relações de superfície, mantendo a área da


superfície mapeada inalterada em relação à área real do terreno.

• Equidistante – mantém a proporção entre a distância dos pontos representados no


plano e os correspondentes na superfície de referência em determinadas direções.

Uma ou duas destas propriedades podem estar contidas em um mapa, caso a superfície
de referência seja envolvida por uma superfície desenvolvível, que funciona como uma
superfície intermediária auxiliando na projeção dos elementos da área a ser mapeada no
plano. A seleção da superfície sobre a qual se projeta depende da finalidade do mapa e da
situação geográfica da área a ser mapeada. De acordo com a superfície desenvolvível, as
projeções podem ser classificadas em:

• Projeção cônica – os meridianos e paralelos geográficos são projetados em um cone


tangente, ou secante, à superfície de referência, desenvolvendo, a seguir, o cone num
plano. (Figura 12).

Figura 12: Projeção cônica. Fonte: IGAC.

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• Projeção cilíndrica - a projeção dos meridianos e paralelos geográficos é feita num


cilindro tangente, ou secante, à superfície de referência, desenvolvendo, a seguir, o
cilindro num plano. (Figura 13).

Figura 13: Projeção cilíndrica. Fonte: IGAC.

• Projeção plana ou azimutal – a projeção é construída com base num plano tangente ou
secante a um ponto na superfície de referência. (Figura 14).

Figura 14: Projeção plana. Fonte: IGAC.

Dicas SIG

• Para que os planos de informação sejam corretamente sobrepostos em um SIG, é


necessário que eles apresentem a mesma projeção. Caso contrário, deve ser feita a
conversão para uma projeção comum, utilizando o próprio SIG ou outro programa
com esta rotina.

• Os SIG denominam de Geográfica a projeção que utiliza como referência o sistema de


coordenadas geográficas. A superfície de referência é a esfera e a origem do sistema
é o cruzamento entre a linha do Equador e o meridiano de Greenwich. As
coordenadas do hemisfério norte e do hemisfério oriental possuem valores positivos,
enquanto as coordenadas do hemisfério sul e do hemisfério ocidental possuem valores
negativos. (ESRI, 1999).

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6. Sistema de Projeção UTM

A Universal Transversa de Mercator (UTM) é um sistema de projeção cartográfica e


corresponde a uma modificação da projeção de Mercator, onde o cilindro secante é colocado
em posição transversa (Figura 15). Este sistema foi adotado pela Diretoria de Serviço
Geográfico do Exército e pelo IBGE como padrão no mapeamento sistemático do país.

Figura 15: Cilindro na posição transversa. Fonte: IGAC.

O sistema é constituído por 60 fusos de 6º de longitude, numerados a partir do


antimeridiano de Greenwich, seguindo de oeste para leste até o encontro com o ponto de
origem (Figura 16). A extensão latitudinal está compreendida entre 80º Sul e 84o Norte. O
eixo central do fuso, denominado como meridiano central, estabelece a origem do sistema de
coordenadas de cada fuso junto com a linha do Equador.

Figura 16: Sistema Universal Transversa de Mercator. Fonte: IGAC.

Para evitar coordenadas negativas, são acrescidas constantes à origem do sistema de


coordenadas, conforme especificado abaixo (Figura 17):

• 10.000.000 m para a linha do Equador, referente ao eixo das ordenadas do hemisfério


sul, com valores decrescentes nesta direção;

• 0 m para a linha do Equador, referente ao eixo das ordenadas do hemisfério norte, com
valores crescentes nesta direção; e

• 500.000 m para o meridiano central, com valores crescentes do eixo das abscissas em
direção à leste.

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Figura 17: Origem das coordenadas do fuso 23 UTM . Fonte: IGAC.

Cada fuso apresenta um único sistema com valores de coordenadas que se repetem em
todos os fusos. Assim, para localizar um ponto definido pelo sistema UTM, é necessário
conhecer, além dos valores das coordenadas, o fuso às quais as coordenadas pertençam.

Como convenção atribui-se a letra N para coordenadas norte-sul (ordenadas) e, a letra


E, para as coordenadas leste-oeste (abscissas). Um par de coordenadas no sistema UTM é
definido, assim, pelas coordenadas (E, N).

Cada fuso, na linha do Equador, apresenta, aproximadamente, 670 km de extensão


longitudinal, já que a circunferência da Terra é próxima a 40.000 km. Como o meridiano
central possui valor de 500.000 m, o limite leste e oeste de cada fuso corresponde, na linha do
Equador, respectivamente, valores próximos a 160.000 m e 830.000 m (IBGE, 2005).

As linhas de secância do cilindro estão situadas entre o meridiano central e o limite


inferior e superior de cada fuso, o que infere, assim, duas linhas onde a distorção é nula, ou
seja, o fator escala igual a 1. Elas estão situadas a cerca de 180 km a leste e a oeste do
meridiano central, correspondendo, respectivamente, a coordenada 320.000 m e 680.000 m.
Entre os círculos de secância, fica estabelecida a zona de redução e, externa a eles, a zona de
ampliação. No meridiano central, o coeficiente de redução de escala corresponde a 0,9996,
enquanto, nos limites do fuso, o coeficiente de ampliação é igual a 1,0010 (Figura. 18).

Figura 18: Zonas de ampliação e redução de um fuso UTM. Fonte: Cruz (2002)

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Devido à sua extensão longitudinal, o território brasileiro possui por oito fusos UTM:
do fuso 18, situado no extremo oeste, ao fuso 25, situado no extremo leste do território
(Figura 19). Como quase toda a extensão latidudinal do território está situada no hemisfério
sul, as coordenadas situadas ao norte da linha do Equador, que deveriam apresentar valores
crescentes e seqüenciais a partir do 0, de acordo com a convenção atribuída à origem do
sistema de coordenadas, apresentam valores crescentes e seqüenciais a partir de 10.000.000
m, dando continuidade às coordenadas atribuídas ao hemisfério sul.

Figura 19: Fusos UTM que atravessam o território brasileiro.

Dicas SIG

• Em um SIG, não é possível manipular conjuntamente planos de informação de fusos


UTM distintos, já que cada fuso apresenta um sistema de coordenadas único, com sua
origem definida pelo cruzamento do meridiano central do fuso e a linha do Equador.
Para que seja possível a manipulação, é necessário converter o sistema de coordenadas
para um sistema único a todos os planos de informação. A seguir estão descritos
alguns procedimentos que podem ser adotados.

• Converter a projeção dos planos de informação para uma projeção comum, passando-
se a adotar o sistema de coordenadas da respectiva projeção ou o sistema de
coordenadas geográficas.

• Deslocar o meridiano central do fuso para que toda a área em estudo pertença a um
único fuso. Com este procedimento, não será possível sobrepor os planos de
informação com o fuso deslocado a outros planos de informação com fuso padrão.

• Converter o fuso do plano de informação, com a menor área de interesse, para o fuso
do plano, com maior área de interesse. Como resultado, a área de estudo ficará
inserida em um único fuso estendido. Este procedimento é indicado quando a área do
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Lições de Sensoriamento Remoto – 2014.

fuso estendido não ultrapassar 30’ ou, no máximo, 1º grau, pois o coeficiente de
ampliação cresce demasiadamente após transposição dos limites leste e oeste do fuso,
gerando distorções cartograficamente inadmissíveis. Neste caso, recomenda-se utilizar
um dos procedimentos anteriormente descritos.

Referências Bibliográficas

BRANDALIZE, M.C.B. Topografia. PUC/BR Disponível em: www.topografia.com.br. Acesso em


03/09/2004.

BAKKER, M. P. R. Introdução ao estudo da Cartografia: noções básicas. Rio de Janeiro: D. H. N., 1965.

CRUZ, C.B.M; PINA, M.F. Fundamentos de Cartografia. CEGEOP Unidades didáticas 29 a 41. Volume
2. Rio de Janeiro: LAGEOP /UFRJ, 2002.

ESRI. Help do Arc View 3.1 1999.

FUNDAÇÃO IBGE. Noções Básicas de Cartografia. Disponível em


http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia. Acesso em 12/07/2005.

RIPSA. Conceitos Básicos de Sistemas de Informação Geográfica e Cartografia aplicados à Saúde. Org:
Carvalho, M.S; Pina, M.F; Santos, S.M. Brasília: Organização Panamericana da Saúde, Ministério da Saúde,
2000.

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SIGCidades: Mapeamento de Áreas Protegidas
UFF - Instituto de Geociências - Departamento Análise Geoambiental
UFF - Pró-Reitoria de Extensão
MEC - Programa de Extensão
MCidades -Programa Nacional de Capacitação das Cidades

LIÇÕES DE
SENSORIAMENTO REMOTO
2ª edição revisada

Cristiane Nunes Francisco


Rodrigo Peixoto de Souza

Niterói, julho 2014.


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Lições de Sensoriamento Remoto – 2014.

Lição 1: Definição de Sensoriamento Remoto

De acordo com INPE (1980) “Um fluxo de radiação eletromagnética ao se


propagar pelo espaço pode interagir com superfícies ou objetos, sendo por esses
refletido, absorvido, transmitido ou reemitido. As variações que essas interações
produzem no fluxo considerado dependem fortemente das propriedades físico-químicas
dos elementos irradiados, e o fluxo resultante constitui uma valiosa fonte de
informações a respeito daquelas superfícies ou objetos. Essa ideia básica tem motivado
a criação de equipamentos, que situados a grandes distâncias de alvos naturais, podem
detectar e registrar o fluxo de radiação eletromagnética (REM) proveniente dos
mesmos. As informações obtidas, geralmente sob a forma de gráficos ou imagens, são
então analisadas por especialistas na busca de dados que os auxiliem no
desenvolvimento de projetos de pesquisa e monitoramento da superfície terrestre.

A utilização de sistemas sensores em nível aéreo ou orbital permite a aquisição


de imagens da superfície da terra de forma sinótica e repetitiva. Considerando que as
propriedades dos alvos se manifestam de forma característica no fluxo de REM que
refletem ou emitem, tais imagens, quando obtidas em faixas espectrais adequadas,
permitem que um máximo de discriminação entre os alvos e sua vizinhança seja obtido,
e constituem um meio rápido, econômico e eficiente para detecção dos alvos na área
analisada.”

Novo (2010) assim define “Sensoriamento remoto como sendo a utilização


conjunta de modernos sensores, equipamentos, aeronaves, espaçonaves etc., com
objetivo de estudar o ambiente terrestre através do registro e da análise das interações
entre a radiação eletromagnética e as substâncias componentes do planeta Terra em suas
mais diversas manifestações”.

De acordo com a autora, os sensores remotos são os equipamentos capazes de


transformar a energia em um sinal passível de ser convertido em informação sobre o
ambiente, podendo ser transportados em aeronaves e espaçonaves (Figura 1). Esses
equipamentos incluem as câmaras fotográficas, os scanners eletro-ópticos e os sistemas
de radares.

Energia Coletor Detector Processador Produto

Coletor - recebe energia através de uma lente, espelho, antenas etc.


Detector - capta a energia coletada de uma determinada faixa do espectro
Processador - sinal registrado é submetido a um processamento - revelador, amplificação -
através do qual se obtém o produto

Figura 1: Esquema de um de sensor remoto (INPE, 2012).

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Até a década de 1960, a utilização de fotografias aéreas predominava como o


principal sensor remoto no levantamento de informações sobre a superfície terrestre A
partir da década de 1970, com lançamento do primeiro satélite não tripulado para
levantamento de recursos naturais, o primeiro da série LANDSAT, iniciava-se uma
nova etapa (Anexo I - Evolução do sensoriamento remoto). Nas últimas décadas, os
sensores transportados por cada satélite lançado trazem inovações, superando as
limitações presentes nas primeiras imagens geradas a nível orbital (Anexo II -
Características dos principais sistemas sensores em operação). Uma das principais
limitações dizia respeito à resolução espacial que não possibilitava o uso das imagens
em aplicações que requeriam escalas de grande detalhe, como é o caso de áreas urbanas.
Com o lançamento do satélite IKONOS II, em 1999, cujos sensores geram imagens com
1 m de resolução, permitindo a geração de mapeamentos até a escala 1:2.500, mais uma
limitação foi superada

Lição 2: Radiação Eletromagnética

Energia eletromagnética é uma forma dinâmica de energia causada pela


oscilação ou aceleração de carga elétrica. Está associada às reações de fusão e fissão no
núcleo atômico, ao movimento dos elétrons para órbitas de maior e menor energia, e ao
movimento aleatório dos átomos e moléculas. Toda substância natural ou sintética, com
temperatura acima do zero absoluto (-273.16° C ou 0° K), produz e emite energia
eletromagnética proporcional à sua temperatura (AVERY; BERLIN,1992).

Radiação é uma forma de transferência de energia de um corpo para outro na


ausência de um meio. Se o meio está presente, deve ser suficientemente transparente de
modo a permitir a transferência. Radiação eletromagnética (REM) é energia
eletromagnética em trânsito que pode ser detectada somente quando interage com a
matéria (AVERY; BERLIN,1992).

A física moderna interpreta a radiação eletromagnética como tendo uma


natureza dual, descrevendo-a como uma onda (teoria ondulatória) ou como uma
partícula (teoria corpuscular). Segundo a teoria ondulatória, a energia eletromagnética
se propaga através do espaço sob formas de ondas contínuas que são igualmente e
respectivamente distribuídas no tempo (AVERY; BERLIN,1992). A REM, por sua
natureza ondulatória, é caracterizada pelo comprimento de onda (λ) – distância linear
entre duas cristas ou depressões sucessivas, e pela frequência (ν) – número de cristas ou
depressões (ciclos) que passa em ponto fixo por segundo. Para um mesmo meio, a REM
propaga-se na velocidade da luz (c), que no vácuo é de 299.792 km/seg. Esses três
valores estão relacionados de acordo com a seguinte equação:

c=νλ ou ν = c / λ

A equação demonstra que (1) a frequência e o comprimento de onda são


diretamente proporcionais à velocidade, que é uma constante em um meio uniforme, e
(2) o comprimento de onda e a frequência são inversamente proporcionais.

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Segundo a teoria corpuscular, a energia eletromagnética é emitida, absorvida ou


propagada, não de maneira contínua, mas em pequenas unidades discretas de energia
denominadas quanta ou fótons. A intensidade da REM é diretamente proporcional ao
número de fótons presente, e a energia contida em uma radiação de fóton está
relacionada à frequência (ν) e ao comprimento de onda (λ), de acordo com a seguinte
equação:

Q=hν=hc/λ

Onde: Q = energia de fótons em joule (J) e


h = 6.626 x 10-34 J.s (constante de Planck)

Essa equação demonstra (1) a relação direta entre frequência e energia, ou seja, a
energia contida em cada fóton varia diretamente com a frequência, e (2) a relação
inversa entre comprimento e onda e a energia, ou seja, a energia é inversamente
proporcional à variação do comprimento de onda.

Lição 3: Espectro eletromagnético

A faixa de REM conhecida é representada no espectro eletromagnético, que


consiste em uma classificação contínua da REM segundo comprimento de onda,
frequência e energia do fóton. O espectro eletromagnético é subdividido em faixas
denominadas regiões ou bandas espectrais, possuindo características peculiares em
termos dos processos físicos, geradores de energia em cada faixa, ou dos mecanismos
físicos de detecção desta energia. Os limites entre as bandas não são rígidos e suas
denominações são de natureza histórica, ou decorrentes dos processos utilizados na sua
produção ou detecção.

No espectro eletromagnético, a REM está ordenada em ordem decrescente de


frequência e crescente de comprimento de onda. A região espectral dos raios gama,
primeira a ser representada, possui comprimento de onda menor que 0,01 µm e
frequência maior que 1020 Hz. Já a região das ondas de rádio, última a estar
representada no espectro, possui comprimento de onda maior que 1 m e frequência
menor que 10-25 Hz.

As unidades utilizadas para expressar comprimento de ondas são:


1 Ǻ (angstroms) = 10-10 m
1 nm (namômetro) = 10-9 m
1 µm (micrômetro) = 10-6 m
As unidades utilizadas para expressar frequência são:
1 hz (hertz) = 1 ciclo por segundo
1 Mhz (megahertz) = 108 Hz
1 GHz (gigahertz) = 109 Hz

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Figura 2: Espectro eletromagnético. INPE (2012).

Raios Gama (3 x 10-6 a 3 x 10-4 µm) - são os mais penetrantes e emitidos por materiais
radioativos. A radiação gama é utilizada em medicina (radioterapia) e radiografia
industrial. Os raios gamas são totalmente absorvidos pela atmosfera, não sendo útil para
o sensoriamento remoto
• Altíssima freqüência e minúsculos comprimentos de onda;

• Altíssimo poder penetrante;

• Não existe limite superior para esta faixa, somente os raios cósmicos.

Raios-x (3 x 10-4 a 0,01 µm) - gerados pelo freamento dos elétrons de alta energia. Por
seu poder de penetração, são utilizados em aplicações na medicina e controle de
qualidade industrial. Também não conseguem atravessar atmosfera e não possuem uso
no sensoriamento remoto (INPE, 1980).

• Alta freqüência e pequeno comprimento de onda.

• Alto poder penetrante.

Ultravioleta – apresenta um relativo potencial nas aplicações em sensoriamento


remoto, porém a forte atenuação atmosférica apresenta-se como um grande obstáculo na
sua utilização. É subdividida nas seguintes regiões: ultravioleta distante (0,01 a 0,20
µm), ultravioleta médio (0,20 a 0,30 µm) e ultravioleta próximo (0,30 a 0,38 µm)
(INPE, 1980).
• A poluição marinha, rochas e minerais fluorescem e emitem luz visível quando
expostos aos raios ultravioletas.

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• Sofre forte atenuação pela atmosfera, sendo um grande obstáculo para sua
utilização no sensoriamento remoto.

• Não captada pelos métodos fotográficos, somente sensores de varredura


registram imagens desta faixa.

Visível (0,4 a 0,7 µm) – faixa da radiação que pode ser percebida pelo sistema visual
humano. Os diferentes componentes do espectro visível produzem sensações de cor,
variando do violeta ao vermelho, dependendo do seu comprimento de onda ou
frequência. Tem fraca absorção na camada de ozônio, tendo o sol como principal fonte
da radiação (INPE, 1980).

• Apresenta como cores primárias o azul, verde e vermelho, sendo possível através
de um processo de adição de cores, obter todas as cores da faixa.

• O violeta e o azul sofrem muita influência da atmosfera, por isso costumam ser
preteridos em imagens de sensoriamento remoto. A radiação do verde em diante
sofre pouca interferência da atmosfera, fornecendo importantes informações
sobre os objetos da superfície.

• A radiação do visível pode ser registrada por sensores passivos, que não
produzem sua própria energia, através de métodos fotográficos e de varredura.

Infravermelho (0,7 a 1.000 µm) - possui grande importância para o sensoriamento


remoto, sendo dividida em três regiões: infravermelho próximo (0,7 a 0,3 µm),
infravermelho médio (3,0 a 6,0 µm) e infravermelho distante (6,0 a 10³ µm). A radiação
do infravermelho próximo pode ser encontrada em quantidade bastante significativa na
superfície terrestre proveniente da radiação solar. A radiação do infravermelho distante,
também conhecida como radiação termal, tem como sua fonte mais importante os
objetos terrestres (INPE, 1980).

• Alta reflectância na vegetação, permitindo análises em sua estrutura.

• Aplicações geológicas no infravermelho médio.

• Monitoramento de queimadas.

Microondas (0,1 cm a 1 m) – dispositivos, denominados radares, produzem feixes de


REM altamente concentrados na faixa do microondas e são utilizados largamente em
sensoriamento remoto. A pequena atenuação da radiação pela atmosfera e pelas nuvens
propicia um excelente meio para uso de sensores microondas em condições de tempo
não satisfatórias (INPE, 1980).

• Grande interação com a textura dos materiais.

• Complementa as informações obtidas em outros comprimentos de onda.

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• Pouca atenuação pelas nuvens.


• Possibilidade de imageamento noturno.

Ondas de rádio (> 1 m) – são utilizadas para comunicação a longa distância, pois, além
de serem pouco atenuadas pela atmosfera, são refletidas pela ionosfera, propiciando
uma propagação de longo alcance. Possuem baixa frequência e um longo comprimento
de onda o que facilita seu grande alcance. Não possui aplicação em sensoriamento
remoto (INPE, 1980).

• Baixa frequência, longo comprimento de onda;


• Aplicação em aparelhos de rádio, televisão, radares e etc.

Lição 4: Interação alvo - energia -sensor

Praticamente a totalidade de energia eletromagnética presente na superfície


terrestre é produzida pelo sol, apenas uma pequena quantidade é produzida no interior
da Terra. A energia emitida pelo sol, após atravessar atmosfera e sofrer interferência,
atinge a superfície e, ao interagir com o alvo, a energia incidente pode ser absorvida,
refletida e transmitida, em proporções que dependem: (1) das características físico-
químicas do alvo, (2) do comprimento de onda e da frequência da radiação incidente e
(3) do ângulo formado entre o alvo e a radiação incidente (Figura 3). Por exemplo, em
relação à luz visível, (1) o vidro apresenta altos valores de transmitância e baixos
valores de reflectância e absortância; (2) a neve apresenta altos valores de reflectância e
baixos de absortância e transmitância; e (3) asfalto pode ser caracterizado por sua falta
absorção e mínima reflexão e transmissão (AVERY, T.E.; BERLIN, 1992).

Considerando a lei de conservação da energia, pode-se expressar:


EI = ET + ER + EA.
Onde: EI = energia incidente,
ET = energia transmitida,
ER = energia refletida, e
EA = energia absorvida.

Figura 3: Interação entre a radiação e os alvos da superfície terrestre.


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A radiação eletromagnética refletida volta à atmosfera e atravessa-a,


sendo, posteriormente, detectada e registrada pelo sensor. O sensor também pode
detectar a radiação eletromagnética emitida, correspondente à parte da radiação
eletromagnética absorvida pelo alvo e convertida em energia termal que,
posteriormente, é emitida em comprimento de ondas correspondente ao infravermelho
termal.

A REM, ao atravessar a atmosfera, pode sofrer os seguintes processos: (1) ser


absorvida e re-irradiada em comprimentos de ondas maiores – infravermelho termal; (2)
ser refletida espalhada sem alteração na velocidade e no comprimento de onda; ou (3)
ser transmitida diretamente pela atmosfera. Esses processos afetam a radiação a ser
detectada pelo sensor, alterando a resposta espectral dos alvos.

Em sensoriamento remoto, a faixa espectral situada entre 0,3 µm e 15 µm -


ultravioleta próximo ao infravermelho distante - é a mais utilizada. A atmosfera é mais
transparente aos comprimentos de ondas correspondentes a essa faixa espectral. A
radiação correspondente às outras regiões espectrais é absorvida em sua totalidade ou
em grande parte pelos constituintes da atmosfera, não alcançando a superfície terrestre.
Janela atmosférica é a denominação dada às regiões do espectro eletromagnético nas
quais os sensores remotos atuam em função da transparência da atmosfera à REM
correspondente (INPE, 2012).

Lição 5: Assinatura espectral

O comprimento de onda e a intensidade de radiação emitida e refletida pelas


substâncias componentes da superfície terrestre variam em função das suas propriedades
físico-químicas. Por exemplo, a vegetação sadia absorve mais radiação na região do
visível e reflete mais na região do infravermelho próximo, já a água limpa absorve mais
radiação tanto na faixa do visível quanto no infravermelho. A assinatura espectral ou
comportamento espectral dos alvos corresponde à variação da intensidade de emissão e
reflexão dos alvos de acordo com o comprimento de onda, possibilitando a sua
identificação nas imagens de sensoriamento remoto (INPE, 2012) (Figura 4).

Nas imagens de sensoriamento remoto, a radiação registrada pelo sensor é


representada pela tonalidade. Utilizando os dois exemplos acima, a vegetação e a água
são representadas por tons escuros em uma imagem da faixa do visível. Já em uma
imagem do infravermelho próximo, a vegetação é representada por tons claros e água
por tons muito escuros. Essas características são utilizadas para identificação dos alvos,
que pode ser efetuada através da interpretação visual ou da classificação automática por
sistemas de processamento digital de imagens.

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Figura 4: Assinatura espectral de alvos das bandas LANDSAT-4.

Lição 6: Classificação dos sensores remotos

Os sensores podem ser classificados em função da fonte de energia ou em


função do tipo de produto que ele produz conforme demonstrado a seguir (INPE, 2012).

Quanto à fonte de energia utilizada:


• Sensores ativos – produzem sua própria radiação. Exemplo: radares.

• Sensores passivos – detectam a radiação solar refletida ou a radiação emitida


pelos alvos da superfície. Ex. câmaras fotográficas

Quanto à região espectral que atuam:


• Sensores ópticos – operam na região óptica do espectro (região do vísivel ao
infravermelho distante)

• Sensores de microondas – operam na região do microondas (comprimento de


onda 1 mm a 1 m).

Os sensores ópticos ainda podem ser classificados em:


• Sensores termais – detectam a energia originada da absorção da energia solar e,
posteriormente, emitida pelos alvos em comprimento de onda correspondente ao
infravermelho termal.

• Sensores de energia solar refletida – detectam energia originada da reflexão da


energia solar pelos alvos da superfície (região do visível, infravermelho próximo
e infravermelho médio).

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Quanto ao produto gerado:


• Sensores imageadores – detectam a energia fornecendo a variação especial da
resposta espectral, gerando uma imagem da superfície levantada.

• Sensores não-imageadores – detectam e convertem a energia em valores que


podem ser apresentados na forma de gráficos, planilhas etc., não gerando uma
imagem. Ex. radiômetros e espectrômetros.

Os sensores imageadores ainda podem ser classificados:


• Sensores fotográficos – referem-se às câmaras fotográficas cuja operação
consiste em focalizar a energia proveniente da superfície sobre detector (filme
ou CCD).

• Sensores de varredura eletro-óptica – os dados são registrados em forma de sinal


elétrico, o que possibilita transmissão à distância. Ex. Sensores transportados por
satélites.

• Radares de visada lateral – sensor ativo operando na região espectral do


microondas. A radiação emitida pela antena – presente no sistema de radar –
atinge a superfície, produzindo um sinal de retorno detectado por uma antena
sincronizada para receber a energia refletida pela superfície imageada.

Lição 7: Sensores fotográficos


Os sensores fotográficos foram os primeiros recursos de sensoriamento remoto a
serem utilizados e ainda hoje são amplamente usados. Isso é decorrente, principalmente,
da sua simplicidade de operação e da produção de material em grandes escalas. Os
sensores fotográficos são comumente transportados em aviões equipados com câmaras
fotográficas especiais para este fim.

Uma câmara fotográfica é similar ao globo ocular (Figura 6). Pelo diafragma a
luz penetra, passando pelo diafragma e atravessando a câmara escura. A imagem é
formada no filme, podendo ser sensível a faixa espectral do visível ao infravermelho
próximo.

Figura 6: Esquema geral do olho humano como uma analogia de um sensor. (INPE, 2001).
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Quanto ao tipo de filme, as fotografias aéreas podem ser classificadas como:

• Pancromáticas preto e branco – adquiridas através de filmes sensíveis a toda


região do espectro do visível. As variações da energia refletida pelo alvo são
representadas em tons de cinza.

• Pancromáticas coloridas – adquiridas através de filmes sensíveis a toda região


visível do espectro. O filme apresenta três camadas sensíveis ao azul, vermelho e
verde.

• Infravermelhas preto e branco – adquiridas através de filmes sensíveis a radiação


infravermelha. As variações de resposta dos alvos são representadas por tons de
cinza.

• Infravermelhas falsa cor – adquiridas através de filmes sensíveis a radiação


infravermelha. As variações de resposta dos alvos são representadas por tons e
por cores diferentes daquelas detectadas pelo olho humano (Figura 7).

(a) (b)
Figura 7: (a) Foto capturada com filme infravermelho, abertura f 9.55 e velocidade de 1/3 segundos. (b)
Foto capturada colorida visível, abertura f 9.5 e velocidade 1/350 segundos. (Autor: Romulo
Lubachesky).

O levantamento aerofotogramétrico é realizado em faixas, a sobreposição entre


elas, denominado recobrimento lateral, é da ordem de 30%. Já recobrimento
longitudinal, ou seja, sobreposição da área do terreno fotografada em fotos adjacentes
da mesma faixa é da ordem de 60% (Figura 8).

Figura 8: Recobrimento lateral e longitudinal de levantamento aerofotogramétrico. (ANDERSON, 1982)

O recobrimento longitudinal apresenta esse valor para que seja possível a


visualização das fotografias em três dimensões (estereoscopia). A visão estereoscópica é
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obtida quando um objeto é visualizado simultaneamente a partir de dois pontos de


referência distintos, semelhante ao processo de visão realizado pelo olho humano e o
cérebro. Para ter uma visão estereoscópica em fotografias aéreas, é necessário que a
superfície seja fotografada em duas fotos consecutivas com o avião em diferente
posição. O recobrimento de 60% garante que área sobrevoada seja representada em duas
fotos consecutivas. Com o uso do estereoscópio colocado sobre um par de fotografias
consecutivas, denominado de estereograma, é possível obter a visão estereoscópica.
Este equipamento tem a função de “fundir” a imagem do terreno representado nas duas
fotos.

O formato padrão das fotografias aéreas é de 23 X 23 cm, a área abrangida no


terreno depende da escala da foto (E), que é determinada pela altura do vôo (h) e
distância focal (f) (Figura 9). No Quadro 1 está demonstrado o cálculo da escala de uma
fotografia aérea.
Quadro 1: Cálculo da escala de uma fotografia aérea.

Exemplo de cálculo da escala da foto quando há variação do relevo:


Altitude do vôo em relação (H) – 6500 m
Distância focal (f) – 150 mm
Altura média da região (ha) – 500 m

Escala aproximada das fotos:


E= f/H-ha

150 mm/(6500m-500m) = 1/40.000

Figura 9: Relação entre distância focal, altura do vôo e escala da fotografia.

Quanto à posição do eixo ótico, as fotografias podem ser classificadas como


verticais, oblíquas altas e oblíquas baixas (Figura 10).

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Figura 10: Tipos de fotografias aéreas de acordo com posição do eixo ótico (ANDERSON, 1982).

• Verticais – eixo ótico de câmara está direcionado verticalmente, sendo indicadas


para elaboração de mapas acurados e minuciosos (Figura 11).

Figura 11: Fotografia aérea vertical.

• Oblíquas altas – eixo ótico inclinado em relação à vertical de tal forma que a
linha do horizonte fica visível. São indicadas para a construção de mapas de
reconhecimento (Figura 12).

Figura 12: Fotografia aérea oblíqua alta.

• Oblíquas baixas – a inclinação do eixo ótico é menor do que na anterior, não


ficando visível a linha do horizonte. São indicadas para a construção de mapas
de reconhecimento (Figura 13).

Figura 13: Fotografia aérea oblíqua baixa..

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Lição 8: Mapeamento por fotografias aéreas

Para elaboração de um mapeamento com base em fotografias aéreas são


necessárias as seguintes etapas (IBGE, 1998):

• Recobrimento aerofotogramétrico ou vôo aerofotográfico – Define-se a


altitude da aeronave, tipo de filme, filtro, comprimento total das linhas de
vôo, número de fotos, porcentagem de recobrimento longitudinal e lateral

• Apoio de campo ou terrestre - Estabelece um sistema de coordenadas nas


aerofotos, onde são marcados pontos de controle (facilmente identificáveis
em campo e nas fotos) a serem levantados em campo.

• Aerotriangulação - Os pontos de controle são densificados e distribuídos


sobre todo o bloco de aerofotos, assim estabelecendo-se em todas as
aerofotos um referencial em X, Y e Z.

• Restituição aerofotogramétrica - Transferência das feições do terreno da


imagem fotográfica sob a forma de traços através do restituidor.

• Reambulação - Levantamento em campo de feições, obscuras na etapa da


restituição, e da toponímia.

Uma fotografia aérea possui distorções que provocam a variação da escala,


impedindo que as medidas de coordenadas, distâncias e áreas sejam feitas corretamente.
As causas das distorções são: projeção central do processo fotográfico, variação da
topografia do terreno, sistema de lentes da câmara fotográfica, variações na altitude de
vôo da aeronave e curvatura da terra (COELHO; BRITO, 2003). O processo
denominado ortorretificação consiste na geração de imagens em posição ortogonal com
valor de documento cartográfico (Figura 14).

Figura 14: Comparação entre projeção central e ortogonal. (COELHO; BRITO, 2003).
Assim, além da confecção de mapas, as ortofotos são outro produto derivado das
fotografias aéreas, e estão sendo produzidas com maior freqüência nos últimos anos,
devido ao processamento digital. Correspondem a uma imagem fotográfica com
qualidade geométrica de um documento cartográfico e, quando possuem elementos
interpretados e toponímia, são denominadas como ortofotocartas.
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Lição 9: Plano de vôo

Para a realização de um levantamento aerofotogramétrico, é necessária a


elaboração de um plano de vôo, contendo informações sobre: área a ser fotografada,
distância focal das lentes, escala das fotografias, recobrimento longitudinal e lateral,
velocidade do avião, altitude do vôo, intervalo de tempo entre exposições, número de
faixas de vôo e número total de fotografias (MARCHETTI, GARCIA, 1986). No
Quadro 2 está demonstrado um exemplo de cálculo do número de fotografias em um
plano de vôo.

Quadro 2: Cálculo de número de fotografias de um plano de vôo.

Cálculo do número de fotos de um levantamento aerofotogramétrico com as seguintes características:

Área a ser fotografada – 16.000m (L) x 8000m (C)


Escala aproximada (E) – 1:10.000
Tamanho das fotografias (T) – 23 x 23 cm
Recobrimento lateral (RLa) – 25%
Recobrimento longitudinal (RLo) – 60%
1) Campo abrangido por cada foto (C)
T / Denominador da escala=
23 x 1:10.000 = 2.300m
2) Cobertura Lateral Efetiva (CLa)
C x (100 – RLa)%=
2.300 x ((100 – 25)/100) = 2300 * 0,75 = 1.725 m
3) Cobertura Longitudinal Efetiva (CLo)
C x (100 – RLo)% =
2.300 x ((100 – 60)/100) = 2300 * 0,40 = 920 m
4) Número de Faixas (Fa)
A + 2(1/4 x C) / (CLa) =
8.000 + 2(1/4 x 2.300) / 1.725 = 5,31 ≒ 6 fotos
Obs.: A largura de ¼ do recobrimento lateral é adicionada em cada lado da área a ser sobrevoada com
faixa de segurança.
As fotos das linhas de vôo são obtidas geralmente longitudinalmente sobre uma área para diminuir o
número de voltas necessárias.
5) Número de fotos por linha de vôo (Fo)
(L / CLo) + 2 =
(16.000 / 920) + 4 = 21,4 ≒ 22 fotos
Obs.: Normalmente são tiradas duas fotos extras ao final de cada linha de vôo por segurança.
6) Número total de fotos
Fa x Fo =
22 x 6 = 132

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Lição 10: Sensores de varredura


Os sensores de varredura utilizam de detectores sensíveis à REM da faixa do
espectro eletromagnético entre as bandas do ultravioleta ao infravermelho termal. As
imagens são produzidas através do imageamento de linhas do terreno numa faixa
perpendicularmente à trajetória do veículo que transporta o sensor. A energia registrada
por cada detector é transformada em um sinal elétrico e este pode ser transmitido para
as estações em Terra e armazenados em equipamentos apropriados. Existem duas
categorias de sensores (NOVO, 2010):

• Varredura mecânica – a varredura do terreno é realizada com auxílio de um


espelho que oscila perpendicularmente ao deslocamento do satélite. Durante a
oscilação do espelho, a imagem do terreno ao longo da faixa é focalizada sobre
uma matriz de detectores. A dimensão de cada detector que compõe a matriz é
responsável pelo seu campo de visada instantâneo (área observada por cada
detector na superfície terrestre). A cada oscilação do espelho, o veículo desloca-
se ao longo da trajetória e, assim, proporciona o imageamento contínuo do
terreno.

• Varredura eletrônica – a energia que atinge o espelho plano é focalizada sobre


uma matriz linear de detectores. Cada matriz consiste em conjunto de detectores
arranjados linearmente. O número de detectores corresponde à área imageada
por cada linha no terreno. Este sistema permite o imageamento instantâneo de
uma linha completa no terreno perpendicularmente à direção de deslocamento
do veículo em sua trajetória.

As imagens produzidas pelos sensores de varredura são constituídas por um


arranjo de elementos discretos sob a forma de uma matriz. Cada elemento discreto,
denominado pixel, apresenta uma localização em um sistema de coordenadas do tipo
coluna e linha, respectivamente, “x” e “y”. Cada pixel também possui um atributo
numérico que indica o nível de cinza e corresponde à radiação refletida e emitida pelos
alvos e registrada pelo sensor.

Os sensores de varredura são comumente transportados por de satélites. Em


1972 foi lançado o primeiro satélite não tripulado da série Landsat. Desde essa data até
os dias atuais, outros sensores a bordo de satélites vêm sendo lançados e as deficiências
vem sendo superadas.

Lição 11: Radares de visada lateral

O radar de visada lateral é um sensor ativo, ou seja, produz sua própria fonte de
radiação eletromagnética e opera na região espectral de microondas. Os radares
registram as características de espalhamento de sinais do microondas pelos materiais da
superfície terrestre (AMARAL,1991). Os sistemas de radar podem ser transportados em
aeronaves ou espaçonaves.

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Na região do microondas, em particular nas faixas utilizadas pelos radares, a


atmosfera apresenta elevada transmitância, a presença de nuvens e a nebulosidade, em
geral, não interfere na propagação da radiação, apenas a chuva prejudica a operação
desses sistemas. Como são sensores ativos também não dependem da hora do dia e da
estação do ano para sua operação (AMARAL,1991). Estas características fazem com
que seu uso seja uma opção para obtenção de imagens em regiões permanentemente
cobertas por nuvens, principalmente nas regiões tropicais úmidas (Figura 15).

(a) (b)
Figura15: Comparação entre imagens geradas por sensor óptico e de radar.

A operação dos sistemas de radar baseia-se na emissão de radiação na faixa do


microondas pela antena transmissora, após propargar-se no meio, a radiação atinge o
obstáculo, quando então parte dela pode ser refletida de volta e registrada. O sistema de
radar obtém informação através do registro da intensidade dos sinais de retorno, ângulos
e distâncias aos objetos imageados. A imagem de radar é uma representação
bidimensional destas características, onde uma dimensão é dada pelo tempo de retorno,
e outra pelo deslocamento da plataforma.

Segundo Amaral (1991), a amplitude do sinal de retorno é função de fatores, tais


como: (1) rugosidade superficial (micro relevo), (2) geometria da superfície (macro
relevo), (3) propriedades elétricas do alvo, (4) comprimento de onda do sinal emitido,
(5) intensidade do sinal enviado, e (6) emissão natural. As tonalidades das imagens de
radar não estão associadas às diferenças espectrais entre os materiais superficiais, como
nas imagens ópticas. A rugosidade superficial e a geometria de superfície são os
parâmetros mais importantes, sendo assim essas imagens são particularmente adequadas
para análise geomorfológica (Figura 16).

Figura 16: Tonalidade e textura em imagens de radar em função do relevo e da rugosidade do terreno.

O comprimento de ondas na faixa espectral do microondas varia entre 0,1 a


100 cm. Quanto maior o comprimento de onda, maior a penetração nos alvos terrestres,
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útil em áreas cobertas por vegetação densa (Figura 17). No Quadro 3 estão apresentadas
as aplicações de imagens de radar de acordo com a faixa do microondas.

Figura 17: Comprimento de onda do microondas e penetração na cobertura vegetal. (LIMA, 1995)

Quadro 3: Bandas espectrais do microondas e suas aplicações. (RADARSAT, 1997).

A interpretação de imagens de radar difere-se, desta forma, dos critérios


tradicionais utilizados para a interpretação de imagens ópticas (Figura 18). As seguintes
orientações devem ser consideradas pelo intérprete:

• Alvos com elevado coeficiente de espalhamento da radiação emitida pelo radar


são representados por tonalidades claras, por exemplo: encostas voltadas para a
antena, terrenos muito rugosos etc.

• Alvos que não são atingidos pela radiação, em função da sua posição no terreno,
geram zonas de sombra, logo o sinal de retorno é muito fraco ou inexistente,
fazendo com que sejam representados por tons muito escuros, por exemplo:
encostas voltadas na direção contrária da antena.

• As massas d’água também são podem ser representadas por tons muito escuros,
por serem uma superfície lisa, dependendo do comprimento de onda, a direção
da reflexão se dá na direção contrária do ângulo de incidência.

• Os terrenos pouco inclinados e rugosos apresentam tonalidades intermediárias.



Feições com geometria favorável, que provocam reflexão e difração e alvos
metálicos, apresentam sinais altos, gerando tons mais claros, por exemplo: (1)
cercas de arame comportam-se como antenas secundárias e (2) associações

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vegetais com ramos equidistantes e da ordem de grandeza do comprimento de


onda da radiação enviada dão origem a fenômenos de difração.

Figura18: Parâmetros para interpretação de imagens de radar. (Radarsat, 1997).

O Quadro 4 apresenta a comparação entre as imagens geradas por sensores


ópticos e de microondas.

Quadro 4: Comparação entre a geração de imagens por um instrumento óptico e por radar.

Instrumento Radar Instrumento Óptico


“Enxerga” através das nuvens Não “enxerga” através das nuvens
Energia própria Energia solar
Comprimento de onda usado: cm Comprimento de onda usado: µm
“Enxerga” de acordo com a capacidade de “Enxerga” de acordo com as características
refletir e penetrar nas estruturas físico-químicas dos alvos
Penetra na estrutura do alvo, por exemplo, na Identifica diferenças sobre a cobertura do solo,
camada de vegetação florestal por exemplo, no topo da vegetação florestal

Lição 12: Resoluções dos sensores remotos

Os sensores remotos apresentam características que definem o conteúdo da


informação a ser registrada, e estão relacionadas às seguintes resoluções:

• Resolução espacial – capacidade do sistema sensor em definir objetos na superfície


terrestre, correspondente a área do pixel que cobre uma porção da superfície
terrestre. Quanto menor a área, ou seja, menor o objeto possível de ser definido na
imagem, maior a resolução espacial (Figura 19).

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(a) (b)

Figura 19: Imagens em diferente resolução espacial. (a) Spot 4 – 20 m (b) Ikonos – 1m.

• Resolução temporal – intervalo de tempo entre a aquisição de dados pelo sensor de


uma mesma área da superfície terrestre. Os satélites de sensoriamento remoto
registram imagens sobre o mesmo local da superfície terrestre em um intervalo de
tempo constante, o que permite o monitoramento de fenômenos que tenham
expressão espacial. O satélite Landsat 5, por exemplo, apresenta uma resolução
temporal de 16 dias, ou seja, a cada 16 dias é adquirida uma nova imagem de um
mesmo local da Terra. Alguns satélites apresentam a visão off-nadir, que permite
que uma área seja visitada em um intervalo de tempo menor, devido ao giro do
espelho do sensor. Além do aumento na periodicidade das imagens, a visão off-nadir
possibilita a geração de pares estereoscópicos, pois permite a visão de uma mesma
área através de ângulos diferentes (Figuras 20 e 21).

Figura 20: Aquisição de imagens a partir da visão off-nadir.


(http://www.crisp.nus.edu.sg/~research/tutorial/spot.htm)

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Figura 21: Geração de pares estereoscópicos através decorrente da visão off-nadir.

• Resolução espectral – definida pelo número de bandas espectrais e pela largura do


intervalo do comprimento de onda das bandas espectrais de um sistema sensor.
Quanto maior o número de bandas e menor a largura do intervalo, maior a resolução
do sistema sensor. Os sensores multiespectrais são capazes de captar sinais de
diferentes regiões do espectro eletromagnético simultaneamente, gerando com isso
imagens de uma mesma região de várias regiões do espectro que são utilizadas em
diferentes aplicações (Quadro 5). Quando o sensor adquire medidas em centenas de
bandas contíguas, com uma resolução espectral inferior a 10 nm, entre a faixa do
visível e infravermelho, é considerado um sensor hiperespectral.

• Resolução radiométrica – definida pelo número de tons de cinza usados para


representar a radiação eletromagnética registrada pelo sensor (Figura 22). A maioria
dos sistemas sensores em uso apresenta 256 tons de cinza, ou seja, 8 bits de
resolução. Alguns sensores recentemente lançados apresentam resolução de 11 bits
(1.024 tons de cinza) como WorldView II, ou 16 bits (65.536 tons) como
LANDSAT 8.

Figura 22: Comparação entre imagens de diferentes resoluções espaciais e radiométricas. (MELO, 2002)

Quadro 5: Bandas espectrais e aplicações LANDSAT 5 (FLORENZANO, 2007)

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Banda Faixa (цm) Nome Aplicação

Mapeamento de águas costeiras, diferenciação entre solo e


1 0,450 - 0,520 Azul vegetação, mapeamento de florestas e detecção de feições
culturais (mancha urbana, rodovias, etc.), entre outras.

Grande sensibilidade à presença de sedimentos em


suspensão, possibilitando análise em termos da quantidade
2 0,520 - 0,600 Verde e qualidade. Corresponde à reflectância da vegetação verde
e sadia. Também é útil para identificação de feições
culturais.

Discriminação entre espécies de plantas, e entre solo e


feições culturais. Permite um bom contraste entre áreas
ocupadas com vegetação e aquelas sem vegetação (ex.: solo
exposto, estradas e áreas urbanas). Apresenta bom contraste
entre diferentes tipos de cobertura vegetal (ex.: campo,
3 0,630 - 0,690 Vermelho cerrado e floresta). Permite a análise da variação litológica
em regiões com pouca cobertura vegetal. Permite o
mapeamento da drenagem através da visualização da mata
galeria e entalhe dos cursos dos rios em regiões com pouca
cobertura vegetal. É a banda mais utilizada para delimitar a
mancha urbana e identificar áreas agrícolas.
Estimativa da quantidade de biomassa de vegetação. É útil
para identificação de culturas agrícolas, enfatizando a
diferenciação solo/agricultura e água/solo. Apresenta
Infravermelho sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo a
4 0,760 - 0,900
próximo obtenção de informações sobre geomorfologia, solos e
geologia, e a análise e mapeamento de feições geológicas e
estruturais. Possibilita separar e mapear áreas ocupadas
com pinus e eucalipto e queimadas.

Sensibilidade ao teor de umidade das plantas,


possibilitando observar o stress hídrico da vegetação. Sofre
Infravermelho
5 1,550 - 1,750 perturbações em caso de ocorrer excesso de chuva antes da
ondas curtas
obtenção da cena. Pode ser usada para discriminação entre
nuvens, neve e gelo.

Sensibilidade aos fenômenos relativos aos contrastes


térmicos, permitindo detectar propriedades termais de
Infravermelho
6 10,40 - 12,50 rochas, solos, vegetação e água. Útil para avaliação de
termal
stress em plantas, intensidade de calor, aplicações de
inseticida e estudos de atividade geotermal.

Sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo obter


informações sobre geomorfologia, solos e geologia. Útil
Infravermelho para a discriminação de tipos de rochas e estudo de solos,
7 2,080 - 2,350
ondas curtas como também para estudar o conteúdo da umidade e da
vegetação do solo.

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Lição 13: Elementos de reconhecimento na interpretação de imagens

Elementos de reconhecimento são utilizados como fatores que orientam o


processo de reconhecimento e identificação dos alvos na superfície terrestre
conforme abaixo descrito (FLORENZANO, 2007; MARCHETTI, GARCIA, 1986;
ANDERSON, 1982)

• Tonalidade: representa o registro da radiação refletida ou emitida. As tonalidades


claras correspondem à elevada radiância, emitância ou retro-espalhamento. As
tonalidades escuras representam baixa radiância ou emitância e, nas imagens de
microondas, correspondem áreas de sombra ou reflexão especular. Depende da
banda espectral e do tipo de sensor (Figura 23).

(a) (b)
Figura 23: Imagens comparando as diferenças de tons de acordo com a banda espectral: infravermelha
(a.) e visível (b.).

• Cor: nas fotografias, as cores dependem do tipo de filme (P&B ou colorido,


pancromática ou IV próximo). Nas imagens não fotográficas, as cores variam de
acordo com a composição colorida formada por três bandas que são associadas aos
canais azul, verde e vermelho (RGB) (Figura 24). A cada pixel é atribuído a
tonalidade da cor que a respectiva banda está associada de acordo com o seu nível
de cinza, conforme abaixo descrito:

1. Número digital igual a 0, o tonalidade atribuída é escura. Em uma composição


colorida, se os pixels possuem nível de cinza igual a 0 nas três bandas, sua cor é
preta.

2. Número digital máximo, por exemplo, nível de cinza igual a 255, nas imagens
de 8 bits, a tonalidade atribuída é clara. Em uma composição colorida, se pixels
possuem nível de cinza máximo nas três bandas, sua cor é branca.

3. Pixels com igual número digital nas três bandas são representados em tons de
cinza, variando entre o claro e escuro, dependendo do nível de cinza, ou seja, o
tonalidade de cinza é mais escura para valores menores e mais clara para valores
maiores.

4. Pixels com número digital diferente em três bandas, predominando um valor


maior em uma única banda, são representados pela predominância de uma das
três cores primárias, conforme os exemplos abaixo:

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• Na composição 345 (RGB), um pixel que apresenta os seguintes números


digitais: banda 3 = 180, banda 4 = 70 e banda 5 = 10, a sua representação
final é na cor vermelha;

• Na composição 345 (RGB), um pixel que apresenta os seguintes números


digitais: banda 3 = 4, banda 180 = 70 e banda 5 = 10, a sua representação
final é na cor verde; e

• Na composição 345 (RGB), um pixel que apresenta os seguintes números


digitais: banda 3 =10, banda 4 = 70 e banda 5 = 180, a sua representação
final é na cor azul.

5. Pixels com número digital de cinza próximo em duas bandas são representados
pela composição das duas cores primárias subtrativas, gerando as cores magenta,
ciano e amarelo, conforme exemplos abaixo:

• Na composição 345 (RGB), um pixel que apresenta os seguintes níveis


de cinza: banda 3 = 180, banda 4 = 180 e banda 5 = 10, A sua
representação final é na cor amarelo;

• Na composição 345 (RGB), um pixel que apresenta os seguintes níveis


de cinza: banda 3 = 4, banda 4 = 180 e banda 5 = 180, a sua
representação final é na cor ciano; e

• Na composição 345 (RGB), um pixel que apresenta os seguintes níveis


de cinza: banda 3 =180, banda 4 = 70 e banda 180 = 180, a sua
representação final é na cor magenta.

6. A quantidade total de cores possíveis de uma imagem digital depende da


resolução radiométrica da imagem. Em uma imagem de 8 bits, por exemplo,
com intervalo de cinza entre 0 a 255, a quantidade de cores discretas na imagem
corresponde a 256 X 256 X 256 = 16.777.216.

(a) LANDSAT 7 – 3 (B) 4(G) 5(R) (b) LANDSAT 7 – 3(B) 5(G) 4(R)

Figura 24: Composições coloridas das bandas 3, 4 e 5 distribuídas nos canais RGB: ( a) banda
infravermelho próximo (4) no canal verde, enquanto (b) no canal vermelho.

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• Textura: representa a freqüência de mudanças tonais por unidade de área. Pode ser
classificada de super fina a grosseira, quanto mais heterogênea a distribuição de
tons, mais grosseira a textura. A textura depende da resolução espacial e escala da
imagem (Figura 25).

(a) (b)
Figura 25: Comparação da textura entre imagens de resolução espacial distintas: (a) maior resolução e
textura intermediária da vegetação e corpo d’água, (b) menor resolução e textura lisa da vegetação e
corpo d’água

• Padrão: refere ao arranjo espacial dos objetos, dependendo da escala e da resolução


espacial. Áreas de plantio são facilmente identificadas pelas suas linhas sucessivas,
em contrapartida das matas, onde o arranjo espacial não é padronizado. Áreas
urbanas também podem ser identificadas pelo padrão do arruamento e das
construções (Figura 26).

(a) (b)
Figura 26: Diferença de padrão entre classes de cobertura da terra: (a) padrão pontilhado e axadrezado em
cultivo, (b) Padrão axadrezado do arruamento e lotes.

• Forma: corresponde a configuração espacial dos objetos. Traçados retos, uniformes


ou regulares, geralmente, representam aspectos humanos, já as irregulares indicam
os naturais (Figura 27). Exemplos: (1) formato linear pode corresponder a estradas e
rios canalizados, (2) casas, lotes, campos de futebol, quadras e piscinas possuem
forma retangular, e (3) áreas de irrigação por pivô apresenta forma circular.

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(a) (b)
Figura 27: Diferença de forma entre contornos: (a) praia forma estreita e alongada, (b) litoral com forma
retificada.

• Tamanho: refere-se ao tamanho dos objetos, e deve ser utilizado na identificação


através da comparação do tamanho de objetos em imagens com escala ou resolução
espacial semelhante (Figura 28).

Figura 28: Diferença de tamanho entre objetos discrimina-se veículos de passeio e ônibus.

• Sombra: permite a estimativa da altura dos objetos e a identificação do tipo de


relevo de objetos alongados como postes, árvores, pontes etc. Sombras longas em
encostas indicam relevo mais acidentado do que sombras curtas, já a inexistência de
sombra indica relevo plano. No entanto, a sombra pode também ocultar parte da
superfície (Figura 29). Varia de acordo com a hora da captura da imagem, latitude
da região e luminosidade solar.

(a) (b)
Figura 29: Sombra possibilitando estimar a altura dos prédios (a) e ocultando a superfície do terreno.

• Localização: refere-se à localização geográfica do alvo ou posição relativa da


feição na cena. Alvos facilmente identificáveis próximos a desconhecidos podem
auxiliar na identificação (Figura 30).

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(a) (b)
Figura 30: Localização de objetos facilitando a identificação de alvos: (a) Maracanãzinho próximo ao
Maracanã, e (b) manguezal localizado em fundo de baía e no litoral.

Lição 16: Sensores remotos para coleta de dados altimétricos

Até recentemente, era predominante o emprego de estereoscópia de fotografias


aéreas para confecção de cartas topográficas. Nos últimos vinte anos, novas tecnologias
com a utilização de outros sensores remotos têm se expandido, destacando-se o radar
interferométrico e perfilamento a laser.

O sistema Lidar (Light Detecting & Ranging) consiste em um perfilamento a


laser do terreno para obtenção de registros contínuos das coordenadas espaciais da
superfície do terreno por um sensor a bordo de uma aeronave. Através de uma abertura
nas aeronaves, os feixes de laser são dirigidos por um espelho ao solo, o laser varre a
superfície abaixo da aeronave, registra a distância até o solo para cada feixe emitido e o
ângulo de inclinação dos feixes em relação à vertical do lugar (Figura 31). Essa
varredura é realizada em sentido transversal à direção do vôo e, com um ângulo de
abertura especificado, é determinada a largura da faixa abrangida pela perfilagem laser.
As pulsações ópticas refletidas pelo solo são então transformadas em sinais eletrônicos.
Os sistemas de perfilamento a laser operam em qualquer horário do dia por serem
sistemas ativos, as únicas possíveis interrupções físicas são as fortes chuvas e/ou a
presença densa de nuvens entre a superfície e a aeronave. (ESTEIO, 2014).

Figura32: Representação do sistema LIDAR para obtenção de dados do perfil do terreno. (ESTEIO, 2014)

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Outro fato importante do sistema está na medição da primeira e da última


reflexão de cada pulsação de laser, possibilitando a detecção de reflexões múltiplas
oriunda de pequenos objetos. Este recurso permite após processamento a distinção de
objetos acima do solo, como árvores, postes e fios de transmissão (Figura 33).

Figura 33: Perfil de vegetação obtidio com dados LIDAR. (ZANDONÁ et al. 2005).

A tecnologia de radares interferométricos é uma alternativa na obtenção de pares


estereoscópicos para geração de mapas topográficos, com a vantagem de poderem ser
processadas automaticamente e não depender das condições meteorológicas por se tratar
de um sensor ativo. Interferometria por radar consiste na interação de pulsos refletidos
pelo terreno e recebidos por antenas instaladas no sensor, operando conjuntamente na
plataforma de vôo. O sinal refletido pelo terreno alcança as duas antenas em momentos
diferentes; conhecendo-se esta diferença, dados sobre a altura do terreno são obtidos.

A missão espacial liderada pela NASA, em fevereiro de 2000, conhecida como


Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM), coletou dados altimétricos de mais de
80% da superfície terrestre utilizando um radar a bordo do ônibus espacial Endeavour,
fazendo uso da técnica de interferometria (Figura 34). Os dados adquiridos possuem
resolução espacial de 30m, no entanto são distribuídos com resolução de 90m.
(EMBRAPA, 2014).

Figura 34: Radar da missão SRTM. (http://srtm.usgs.gov/data/interferometry.php).

Os dados de elevação do terreno gerados por sensores remotos de varredura são


representados por Modelos Digitais de Elevação (MDE) que correspondem a arquivos
que contêm registros altimétricos estruturados em linhas e colunas georreferenciadas,
como uma imagem, com um valor de elevação (altura dos objetos e altitude) em cada
pixel (Figura 34). Os registros devem ser valores de altitude do relevo idealmente para
que o MDE seja uma representação da topografia (VALERIANO, 2008).

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Figura 34: Modelo digital de elevação do SRTM da região metropolitana, serrana e dos Lagos, RJ: tons
escuros representam menor elevação e os mais claros maior elevação.

Com o processamento dos MDE é possível a extração das curvas de nível,


delimitação de bacias hidrográficas e rede de drenagem, mapeamento da declividade,
orientação de vertentes, curvatura de encostas e visibilidade, e visualização em três
dimensões (Figura 35).

Figura 35: Ortofoto do município do Rio de Janeiro em visualização 3D gerada pelo SRTM.

Referências bibliográficas

ANDERSON, P.S. Fundamentos para fotointerpretação. Rio de Janeiro: Sociedade


Brasileira de Cartografia, 1982.
AVERY, T.E.; BERLIN, G.L. Fundamentals of Remote Sensing and Airphoto
Interpretation. . New Jersey: Prentice Hall, 1992.
AMARAL, G. Sensores Remotos - Aplicações em Geociências. Apostila do Curso de
Sensoriamento Remoto. São Paulo: Instituto de Geociências, USP, 1991. /xerocopiado/.
COELHO, L; BRITO, J.N. Fotogrametria digital. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003.
EMBRAPA MONITORAMENTO POR SATÉLITE. Satélites de Monitoramento.
Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2013. Disponível em:
http://www.sat.cnpm.embrapa.br. Acesso em: 20 jul. 2014
ESTEIO. Perfilamento a laser. Disponível em:
http://www.lidar.com.br/?pagina=tecnologia/tecnologia.php. Acesso em julho 2014.
FLORENZANO, T.G. Iniciação em Sensoriamento Remoto. São Paulo: Oficina de Textos,
2007.
IBGE. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.

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INPE. Ajuda do SPRING Versão 5.2.6. São José dos Campos: INPE, 2012.
INPE. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São José dos Campos: INPE, 2001.
INPE. Curso de Treinamento: Introdução às técnicas de sensoriamento remoto e
aplicações. Relatório no. INPE- 1860-MD/004. São José dos Campos: INPE, 1980.
LIMA, M.I.C. Introdução à interpretação radargeológica. Rio de Janeiro: IBGE, 1995.
MARCHETTI. D.A.B. GARCIA, G.J. Princípios de fotogrametria e fotointerpretação. São
Paulo: NOBEL, 1986.
MELO, D. H. C. T. B. Uso de dados Ikonos II na análise urbana: testes operacionais na
zona leste de São Paulo. INPE-9865-TDI/870. São José dos Campos: INPE, 2002.
NOVO, E. M.L. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo: Edgard
Blücher, 2010.
RADARSAT. RADARSAT distance Learning Program. Ottawa: Geometics International,
1997. Disponível em: http://www.ieee.ca/millennium/radarsat/radarsat.pdf. Acesso em: 20 jul.
2014.
STEFFEN, C.S. Introdução ao sensoriamento remoto. . São José dos Campos: INPE.
Disponível em: http://www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/educasere/apostila.htm. Acesso
em julho de 2014.
ZANDONÁ, D.F.; LINGNAU, C.; MARTINS, M.A. Avaliação da precisão altimétrica do
mapeamento digital a laser em áreas de cobertura vegetal densa. In: Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto, Curitiba, 12, Anais... São José dos Campos: INPE,:. 2005. 757-762p.

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Anexo 1: Evolução do Sensoriamento Remoto

Período Evento
1826-1839 Primeiro método para obtenção de fotografias por Niepce (França).
1859 Câmaras fotográficas a bordo de um balão por Tournachan (França).
1862
Formado o primeiro corpo de balonista de um exército.
Guerra Civil EUA
Início do século Militares da Bavária instituíram um corpo de pombos-correio como ferramenta
XX de reconhecimento.
1909 Fotografia tomada por aviões.
1910 Desenvolvimento de aparelhos fotogramétricos.
1914-1919 Avião torna-se uma das armas fundamentais como instrumento de
1ª Guerra Mundial reconhecimento.

1924 Desenvolvimento da emulsão colorida.

1931 Desenvolvimento do filme infravermelho.

1940-1945 Utilização de fotointérpretes e aeronaves especialmente equipadas com câmaras


2ª Guerra Mundial métricas para reconhecimento com uso de fotografias infravermelhas.
1945-1986 EUA e URSS produzindo imagens do território inimigo. Atualmente são
Guerra Fria vendidas, na Rússia, imagens da série Cosmos com a resolução de 1 a 2 m.
1954 Desenvolvimento de sistemas de radares imageadores.
1957 URSS lança o Sputnik I o primeiro satélite artificial.
1960 Lançamento do primeiro satélite meteorológico TIROS.
Primeira fotografia de satélite tripulado Mercury lançado pela NASA.
1961
Outras missões: Gemini, Skylab, Apolo.
Primeiro satélite de levantamento de recursos terrestres em órbita Landsat: 75 m
1972
- 18 dias - 4 bandas lançado pela NASA.
NASA lança o SEASAT equipado com primeiro Radar de Visada Lateral orbital
1978
– com 25 m de resolução espacial
1983 Lançamento de Landsat-TM 4: 30 m - 16 dias - 7 bandas.
1986 Lançamento SPOT (França): 20 m e 10 m - 26 dias- off-nadir- 5 dias - 4 bandas.
Lançamento do primeiro satélite de alta resolução para uso civil: IKONOS com
1999
resolução de 1m.
Lançamento do primeiro satélite sino-brasileiro: China-Brazil Earth Resources
1999
Satellite - CBERS-1. (2003 - CBERS-2; 2007 - CBERS-2B; 2013 - CBERS-3)
2000 Lançamento do EO-1: sensor Hyperion hiperespectral com 220 bandas .
2008 Lançamento satélite GEOEYE: 41 cm de resolução espacial.
Lançamento satélite WorldView II: primeiro sensor de alta resolução
2009
espacial a operar com oito bandas multiespectral.
Fonte: Novo (1989); EMBRAPA (2004)

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Anexo II: Características dos principais sistemas sensores em operação

Satélite Lançamento Sensores Resolução (m) Revisita (dias) Cena (km) Bits Off-nadir
GOES 8 a 13 2008 5 MS - 1 V 4 IV 1.000 a 8.000 15 min (EUA)
(geoestacionário) 30 min
NOAA 15 a 19 2008 1V 2IVP 1IVM 2IVT 1.100 Diária 2.400
SPOT 5 2002 HRG - 4 MS – 2V 2 IV 10; 20 26 60 8
(França) 1 PAN 2,5 5
HRS (estereoscópico) 10, 5
CBERS 2B 2007 CCD - 4 MS - 3 V 1 IV 20 26; 3 off-nadir 113 8 S
(China -Brasil) Desativado 2010 1 PAN 20
WFI - 2 MS - 1 V 1 IV 260 3-5 890 N
HRC – 1 PAN 2,7 130 27 N
SPOT 6 2010 MS – 3V 1 IV 6 1a5 60 8
(França) 1 PAN 1,5
LANDSAT 8 2013 8 MS - 4V 3 IV 1IVT 30; 100 termal 16 185 12 N
1 PAN 15 PAN
RapidEye 2008 MS – 4V 1 IV 5 1 – 5,5 77,25 12
IRS-P6 2009 LISS 3 – 2V 1IVP 1IVM 23,6 24 141 10
(Índia) LISS 4 – 2V 1IVP 5,8 5 70 10
AWIFS – 2V 1IVP 1IVM 56 5 740 12
IKONOS II 1999 4 MS - 3 V 1IV 4 3,5-5 11 11 S
1PAN 1 PAN S
QUICKBIRD 2001 4 MS - 3 V 1 IV 2,44 1 -3.5 16.5 11 S
1 PAN 0,61
GEOEYE 2008 MS - 3 V 1 IV 1,65 3 15.2 S
1 PAN 0,41
WORLDVIEW II 2009 MS - 6 V 2 IV 1,65 1,1 - 3,5 16,4 11
1 PAN 0,41
TERRA 1999 ASTER - 3V, 6IVP, 5IVT 15; 30; 90 16 60 8 e 12
MODIS – 36 bandas 250; 500; 1000 2,3 x 5 km 12
Outros: CERES, MOPITT, MISR
EO-1 2000 HYPERION - 220 bandas 30 7,5 a 100
Outros: ALI, Atmospheric
RADARSAT 2 2007 C - 5,6 cm 3 a 100 24 20 a 500 16
(Canadá)
MS – multiespectral / PAN – Pancromática / V – visível / IV – infravermelho / Fonte: EMBRAPA (2004)

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