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A Publicidade como
texto multimodal
A imagem
Cátia Vânia Ferreira da Costa
23 de junho de 2013
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3
A Publicidade ................................................................................................................. 11
Anexos ............................................................................................................................ 19
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
Introdução
É facto que, cada vez mais, a publicidade trabalha com imagens. Como o intuito
ideia inicialmente exposta por Roland Barthes. A ideia de que a publicidade é um texto
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
“Pode, portanto, conceber-se uma ciência que estuda a vida dos sinais no seio da vida
social, que formaria uma parte da psicologia geral; dar-lhe-emos o nome de ‘semiologia’. Será
ela a mostrar-nos no que consistem os signos, que leis o regem (…) A linguística não é mais do
que uma parte desta ciência geral – as leis que revelará a semiologia serão aplicáveis à
linguística, e esta ficará assim ligada a um domínio bem definido no conjunto dos factos
humanos.”
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
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in Le bruissement de la langue.
4
in Semiotica.
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idem.
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A Imagem
Perante esta perspetiva triádica do signo, o signo será algo que está no lugar de
uma coisa para alguém. A semiose é, portanto, a relação de cooperação entre as três
entidades, é um produto de significação que encaixa na função interpretativa. Esta
função interpretativa baseia-se naquilo a que Peirce chama de Abdução, isto é, um tipo
de raciocínio que se fundamenta em influências hipotéticas. Trata-se de um método de
formação de novas hipóteses explicativas. Para Fidalgo (1998)8, a semiose é ilimitada,
uma vez que, para estabelecer um significado, é necessário nomear primeiro um
significante que, por sua vez, pode ser interpretado por outro significante. O próprio
mundo faz parte do processo de semiose, pois a significação e a comunicação
circunscrevem as unidades culturais, por meio de reenvios contínuos. Deste modo, a
6
Ver subcapítulo “Signos e Significação”, página 7.
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Figura 1 (Anexos, página 19).
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in Semiótica: A Lógica da Comunicação.
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
Signos e Significação
Significação
“Uma cultura, ao definir os seus objetos, remete sempre para alguns códigos de reconhecimento que
individualizaram traços pertinentes e caracterizantes do conteúdo.”
Peirce estabeleceu uma tipologia baseada na relação que o signo estabelece com
o seu referente, objeto a que se refere ou denota. Assim, existem ícones, índices e
símbolos. Para isso, Peirce refere a existência de dois tipos de objetos: o objeto
dinâmico, que se refere àquilo que o signo reporta e denota (aquilo que o signo
substitui); e o objeto imediato, que se trata do modo como o signo representa ou evoca o
seu objeto dinâmico (a forma como o signo substitui o objeto dinâmico)9.
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Figura 2 (Anexos, página 19).
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
relação copulante, pois existem relações lógicas entre ambos (exemplos: símbolos
matemáticos; símbolos químicos). Considera-se que um signo é um símbolo quando
qualquer objeto é suscetível de autentificar qualquer coisa ou assinalar uma convenção.
Um símbolo será tudo aquilo que representa ou denota uma coisa por uma vaga
sugestão ou alguma relação convencional. Esta definição, apresentada por Peirce, diz
que o símbolo é um signo convencional e arbitrário (corresponde à definição que
Saussure dá de signo). Naturalmente que a visão de Saussure já é diferente, pois, para o
autor, o símbolo nunca é totalmente arbitrário, uma vez que existe uma ligação natural
entre significante e significado. A representação simbólica tem um caráter motivado
para Saussure. Neste sentido, esta visão aproxima-se do ícone de Peirce, sendo que o
ícone é o signo que denota o objeto em virtude de caracteres próprios de similaridade,
como veremos mais à frente.
Se quiséssemos definir os tipos de signo em Peirce com apenas uma palavra para
cada um, faríamos o seguinte: símbolo e lei; índice e mudança; ícone e similaridade.
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Figura 3 (Anexos, página 20).
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
“Um ícone é um signo que se refere ao objeto que denota apenas em virtude dos seus caracteres
próprios, caracteres que ele igualmente possui quer um tal objeto realmente exista ou não (...)
Qualquer coisa, seja uma qualidade, um existente individual ou uma lei, é ícone de qualquer
coisa, na medida em que for semelhante a essa coisa e utilizado como seu signo.”
11
Figura 3 (Anexos, página 20).
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in Imagem, Signos, Figuras – A Abordagem Semiótica da Imagem.
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idem.
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in Rhétorique de l’image.
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idem.
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ibidem.
17
in Introdução à Análise da Imagem.
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A Imagem
(signos icónicos, analógicos), mas também signos plásticos: cores, formas, composição
interna ou textura, e a maior parte do tempo também signos linguísticos, da linguagem
verbal.” A mesma autora acrescenta que “é a sua relação, a sua interação, que produz o
sentido que aprendemos mais ou menos conscientemente a decifrar e que uma
observação mais sistemática nos ajudará a compreender melhor”.
“Quanto à semiótica visual, ela postula para todo o objeto semiótico, portanto para as semióticas
visuais, o arbitrário da ‘semiosis’, quer dizer, da conjunção de um plano da expressão e dum
plano do conteúdo. A imagem é, pois, tão arbitrária como o enunciado linguístico”.
(FLOCH, 1985)
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A Imagem
A Publicidade
“(…) la publicidad consiste en divulgar, es decir, en publicar, poner algo al alance del
público. Lo que queremos poner al alcance del público son noticias o anuncios, pero no de
cualquier tipo, sino de carácter comercial. Y, además, lo hacemos con el objetivo de atraer a
compradores de nuestro producto, espectadores de nuestro acontecimiento o usuarios de nuestro
servicio.”
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in A Publicidade da Benetton – um discurso sobre o real.
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A Imagem
A imagem na publicidade
“Se a imagem contém signos, estamos certos de que em publicidade esses signos são totais,
formados tendo em vista a melhor leitura: a imagem publicitária é franca ou pelo menos
enfática.”
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Ver subcapítulo “O caso da Benetton”, página 14.
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
É facto que, cada vez mais, a publicidade trabalha com imagens, elementos
estruturais do discurso publicitário, que lhe confere uma retórica da imagem. E é claro
também que o poder das imagens advém da sua imediatez e da sua espontaneidade. Se
as estratégias que circulam entre os elementos verbais ainda passam despercebidas pelos
leitores/consumidores, é provável que ainda mais discretos sejam os elementos de
persuasão que estão imbricados nos elementos não-verbais, mais especificamente, nas
imagens. Isso porque o ser humano é alfabetizado para ler textos escritos, e
posteriormente, interpretá-los, mas em relação aos textos não-verbais não existe a
exigência de alfabetizado, acreditando-se que a interpretação desses deva ocorrer de
forma natural, sem interpretações e sem questionamentos. Dessa forma, é uma
transformação nos termos da valorização dos elementos e textos visuais, a partir da
definição de uma estrutura de análise crítica, que autores, como por exemplo, Kress e
van Leeuwen (1996) e Dondis (1980), propõem por meio da análise de textos
publicitários multimodais.
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in Rhétorique et image publicitaire.
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A Publicidade como texto multimodal
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não são selecionados em vão. Os elementos não-verbais estão tão presentes nos textos
quanto os verbais e representam diferentes significações que, muitas vezes, os leitores
são incapazes de interpretar. Posto isto, a proposta de uma gramática do visual de Kress
e van Leeuwen (1996) surge como um instrumento para a análise de textos visuais, que
pode ser útil tanto para a prática, ou seja, para a construção desses textos, quanto para a
análise crítica, numa verificação dos significados que estão amarrados aos elementos
visuais e que devem ser interpretados. A gramática do design visual de Kress e van
Leeuwen (1996) foi criada com base nas metafunções da linguagem apresentadas na
gramática sistémico-funcional proposta por Halliday (1989 e 1994)21.
O caso da Benetton
“a interpretação das imagens deve ser diferente da interpretação das palavras, porque os
aspetos sintáticos, prescritivos e verídicos da gramática verbal não se aplicam às imagens”.
(WORTH, 1990)22
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Figura 4 (Anexos, página 20).
22
WORTH, Sol, cit. Por Jacques Aumont, op. cit., Paris, 1990, pp.192-194.
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A Imagem
23
in A Publicidade da Benetton – um discurso sobre o real, pp. 52-54.
24
PANOFSKY, Erwin, Estudos de Iconologia, Editorial Estampa, Lisboa, 1995, pp. 19-28.
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A Publicidade como texto multimodal
A Imagem
Conclusão
“Queiramo-lo ou não, as palavras e as imagens estão ligadas, interagem, completam-se,
iluminam-se com uma energia vivificante. Longe de se excluírem, as palavras e as imagens
alimentam-se e exaltam-se mutuamente. Correndo o risco de parecer paradoxal, poderíamos
dizer que quanto mais trabalharmos sobre as imagens mais amamos as palavras”.
(JOLY, 1994)
Assim, as estruturas visuais devem ser lidas da mesma maneira como são lidas
as estruturas verbais, buscando uma interpretação dos sentidos que circulam por ambas.
Roland Barthes (1964)25 disse: “não existe imagem puramente denotada que se contente
em representar desinteressadamente uma realidade gratuita: pelo contrário, toda a
imagem veicula numerosas conotações provenientes do mecanismo de certos códigos.”
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in Essais critiques.
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A Imagem
26
in Jornal Público, 25/02/92.
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A Publicidade como texto multimodal
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Referências Bibliográficas
LOBO, M.ª Ángeles González Lobo (1994) Curso de Publicidad. Madrid: Eresma &
Celeste Editiones.
SAUSSURE, Ferdinand de. (1999) Curso de Linguística Geral (8.ª edição). Lisboa: D.
Quixote.
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multimod
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Anexos
Figura 1
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