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Uniforme amarelo,
E não de coletor;
Chamam de cheiroso
Algum coletor
SEM NOÇÃO
Recolher as vassouras
Alguém grita:
E tá sujando o chão?
A HONRA
Ou varrendo rua.
Estudei muito.
A LINGUAGEM DO SILÊNCIO
No ponto de ônibus,
Desembrulhou um picolé.
Saboreando o picolé,
A VIRADA
O Zé venceu
Lecionou um pouquinho
mas bem que alguém podia dar uma mãozinha pro carrinheiro.
UM PONTO
E jogando no caminhão.
De um velho casarão
Na creche ou Memorial
O remédio é herbicida
De janeiro a janeiro.
Porque é estagiário.
De longe é só um ponto
De perto, um cidadão
DÁ-ME ÁGUA
Alguém atende,
UM PORTO SEGURO
É generosa e acolhedora.
E a idade, já é avançada;
Obrigado!
SOU GARI
Uniforme amarelo
Camisa número 1
Calça número 38
Botina número 39
Boné no rosto.
Ir para o trabalho,
Na hora do almoço.
Subir no caminhão.
Desce gente
Desce vassouras
Desce carrinhos.
A FESTA DO FEIJÃO
Conclamar a população
Entra no mutirão,
a multidão aguardava
o seu tão suado feijão.
O BOM SAMARITANO
Acabado o trabalho,
Voltei pra separação.
Lá no centro de triagem
CAMINHÃO PIPA
Levanta cedo
O ônibus já passou.
Espera outro.
Chega na empresa,
Entra no caminhão,
Abastece o caminhão.
Enche os tambores
Com o mangote
Atrás do caminhão.
Vai...
Aceitei o desafio
E, só depois, já cansado,
A marmita fria esquentar.
Saia eu no caminhão;
Lá pelas 4 horas.
A VERGONHA
Fui.
Senti vergonha.
Me reconheceram.
Dentro de mim,
Algo me consumia.
E ganhar insalubridade.
O OBSERVADOR
Ficava observando
Crianças chegando,
Na ausência do Monitor,
TENHO QUE IR
Trabalhei muito
Suei muito
Me dediquei muito
Sou analfabeto.
Tentaram me ajudar
Para aprender o B A BA
O tempo expirou.
Deixei a empresa
Estou desempregado
JUSTIÇA FEITA
Pegou telefone
No olho da rua.
Mania de perseguição
Metal.
Dois garis,
O fardo já saiu.
Pesa o fardo.
O FARDO
Pega o carrinho,
Cochila não!
Mais necessária.
(tempos difíceis)
mas bem que alguém podia dar uma mãozinha pro carrinheiro.
A líder chama a atenção das varredeiras que fez pouco caso da sujeira.
O TRABALHO DO ANCINHO
as varredeiras e o carrinheiro
CAPINANDO POR AÍ
Hora do almoço,
O COLETOR DE LIXO
Ô lixeiro!
UM ESCULTOR DE ARTE
Crucifixos e estatuetas
No quartinho da triagem
E queria um exemplar.
Vestidos e calçados
Registrando as criações
Do começo da jornada,
E eu a toda acompanhava
Eu estava envolvido.
Participei de evento
Na casinha espalhada
e produtos de limpeza.
É presente lá do céu.
PAÍS DA DESIGUALDADE
E precisa acontecer.
A sociedade da desigualdade
E quem menos.
No país da desigualdade,
Porque ditaram
é honroso.
Mas varrer rua, capinar, vender picolé, ser faxineira, ser coletor
Não é honroso.
Sem o capinador?
Sem a faxineira?
O que leva as pessoas a discriminar como função vil, ainda que muito
importante e vital.
No caminhão baú.
Também caiei.
Também trabalhei.
Também me esforcei.
Na separação de vidro.
E no triturador de vidro.
No galpão de estocagem.
Fiz faculdade
Professor de História.
Recebi promoção.
Acompanhar varredeiras
Capa: pinguimdocerrado.blogst.com.br
Uniforme amarelo,
E não de coletor;
Chamam de cheiroso
Algum coletor
SEM NOÇÃO
Recolher as vassouras
Alguém grita:
E tá sujando o chão?
A HONRA
Ou varrendo rua.
Estudei muito.
A LINGUAGEM DO SILÊNCIO
No ponto de ônibus,
Desembrulhou um picolé.
Saboreando o picolé,
A VIRADA
O Zé venceu
Lecionou um pouquinho
mas bem que alguém podia dar uma mãozinha pro carrinheiro.
UM PONTO
E jogando no caminhão.
De um velho casarão
Na creche ou Memorial
O remédio é herbicida
De janeiro a janeiro.
Porque é estagiário.
De longe é só um ponto
De perto, um cidadão
DÁ-ME ÁGUA
Alguém atende,
UM PORTO SEGURO
É generosa e acolhedora.
E a idade, já é avançada;
Obrigado!
SOU GARI
Uniforme amarelo
Camisa número 1
Calça número 38
Botina número 39
Boné no rosto.
Ir para o trabalho,
Na hora do almoço.
Subir no caminhão.
Desce gente
Desce vassouras
Desce carrinhos.
A FESTA DO FEIJÃO
Conclamar a população
Entra no mutirão,
a multidão aguardava
o seu tão suado feijão.
O BOM SAMARITANO
Acabado o trabalho,
Voltei pra separação.
Lá no centro de triagem
CAMINHÃO PIPA
Levanta cedo
O ônibus já passou.
Espera outro.
Chega na empresa,
Entra no caminhão,
Abastece o caminhão.
Enche os tambores
Com o mangote
Atrás do caminhão.
Vai...
Aceitei o desafio
E, só depois, já cansado,
A marmita fria esquentar.
Saia eu no caminhão;
Lá pelas 4 horas.
A VERGONHA
Fui.
Senti vergonha.
Me reconheceram.
Dentro de mim,
Algo me consumia.
E ganhar insalubridade.
O OBSERVADOR
Ficava observando
Crianças chegando,
Na ausência do Monitor,
TENHO QUE IR
Trabalhei muito
Suei muito
Me dediquei muito
Sou analfabeto.
Tentaram me ajudar
Para aprender o B A BA
O tempo expirou.
Deixei a empresa
Estou desempregado
JUSTIÇA FEITA
Pegou telefone
No olho da rua.
Mania de perseguição
Metal.
Dois garis,
O fardo já saiu.
Pesa o fardo.
O FARDO
Pega o carrinho,
Cochila não!
Mais necessária.
(tempos difíceis)
mas bem que alguém podia dar uma mãozinha pro carrinheiro.
A líder chama a atenção das varredeiras que fez pouco caso da sujeira.
O TRABALHO DO ANCINHO
as varredeiras e o carrinheiro
CAPINANDO POR AÍ
Hora do almoço,
O COLETOR DE LIXO
Ô lixeiro!
UM ESCULTOR DE ARTE
Crucifixos e estatuetas
No quartinho da triagem
E queria um exemplar.
Vestidos e calçados
Registrando as criações
Do começo da jornada,
E eu a toda acompanhava
Eu estava envolvido.
Participei de evento
Na casinha espalhada
e produtos de limpeza.
É presente lá do céu.
PAÍS DA DESIGUALDADE
E precisa acontecer.
A sociedade da desigualdade
E quem menos.
No país da desigualdade,
Porque ditaram
é honroso.
Mas varrer rua, capinar, vender picolé, ser faxineira, ser coletor
Não é honroso.
Sem o capinador?
Sem a faxineira?
O que leva as pessoas a discriminar como função vil, ainda que muito
importante e vital.
No caminhão baú.
Também caiei.
Também trabalhei.
Também me esforcei.
Na separação de vidro.
E no triturador de vidro.
No galpão de estocagem.
Fiz faculdade
Professor de História.
Recebi promoção.
Acompanhar varredeiras
Capa: pinguimdocerrado.blogst.com.br