Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Deste modo, a presente extensão circunscreve-se aos 2 — As condições de trabalho constantes dos con-
empregadores filiados na AEEP com trabalhadores não tratos colectivos de trabalho entre a AEEP — Associa-
representados por associações sindicais outorgantes, ção dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Coo-
bem como a estabelecimentos de ensino particular e perativo e a FNE — Federação Nacional dos Sindicatos
cooperativo não superior não filiados na associação de da Educação e outros e entre a mesma associação de
empregadores outorgante, que tenham como denomi- empregadores e o SINAPE — Sindicato Nacional dos
nador comum a comparticipação financeira do Estado Profissionais da Educação, publicados no Boletim do
em despesas de pessoal e de funcionamento através, Trabalho e Emprego, 1.a série, n.o 46, de 15 de Dezembro
nomeadamente, de contratos de associação, contratos de 2005, são estendidas, no território do continente:
simples, contratos de patrocínio e contratos de coope-
a) Às relações de trabalho, não abrangidas pelo dis-
ração, assegurando-se assim condições de concorrência
posto no n.o 1 do presente artigo, entre estabelecimentos
equivalentes.
de ensino particular e cooperativo não superior não filia-
Atendendo a que as convenções regulam diversas con-
dos na associação de empregadores outorgante que
dições de trabalho, procede-se à ressalva genérica de
beneficiem de apoio financeiro do Estado, para despesas
cláusulas contrárias a normas legais imperativas. de pessoal e de funcionamento, mediante a celebração
Tendo em consideração que não é viável proceder de correspondentes contratos, e trabalhadores ao seu
à verificação objectiva da representatividade das asso- serviço das profissões e categorias profissionais neles
ciações outorgantes e ainda que os regimes das duas previstas;
últimas convenções são substancialmente idênticos, pro- b) Às relações de trabalho entre empregadores filia-
cede-se à respectiva extensão conjunta. dos na associação de empregadores outorgante e tra-
Com vista a aproximar os estatutos laborais dos tra- balhadores ao seu serviço das profissões e categorias
balhadores e as condições de concorrência entre as profissionais previstas nas convenções não representa-
empresas do sector de actividade abrangido, a extensão dos pelas associações sindicais outorgantes.
assegurará uma retroactividade das tabelas salariais e
das cláusulas de conteúdo pecuniário idêntica à das con- 3 — Não são objecto de extensão as disposições con-
venções. No entanto, as compensações das despesas de trárias a normas legais imperativas.
deslocações previstas, respectivamente na cláusula 33.a
do contrato colectivo de trabalho entre a AEEP e a
FENPROF e na cláusula 31.a dos contratos colectivos Artigo 2.o
de trabalho entre a AEEP a FNE e entre a AEEP e 1 — A presente portaria entra em vigor no 5.o dia
o SINAPE não serão objecto de retroactividade, uma após a sua publicação no Diário da República.
vez que se destinam a compensar despesas já feitas para 2 — A tabela salarial e as cláusulas de conteúdo pecu-
assegurar a prestação do trabalho. niário constantes do contrato colectivo de trabalho refe-
Embora as convenções tenham área nacional, a exten- rido no n.o 1 do artigo anterior, com excepção da cláu-
são de convenções colectivas nas Regiões Autónomas sula 33.a, sobre trabalhadores em regime de deslocação,
compete aos respectivos Governos Regionais, pelo que produzem efeitos desde 1 de Setembro de 2004 e a
a extensão apenas será aplicável no território do tabela salarial e as cláusulas de conteúdo pecuniário
continente. constantes dos contratos colectivos de trabalho men-
Assim: cionados no n.o 2 do mesmo artigo, com excepção da
Ao abrigo dos n.os 1 e 3 do artigo 575.o do Código cláusula 31.a, sobre trabalhadores em regime de des-
do Trabalho, manda o Governo, pelo Ministro do Tra- locação, produzem efeitos desde 1 de Setembro de 2005.
balho e da Solidariedade Social, o seguinte: 3 — Os encargos resultantes da retroactividade da
presente extensão poderão ser satisfeitos em prestações
mensais de igual valor, com início no mês seguinte ao
Artigo 1.o da sua entrada em vigor, correspondendo cada prestação
a dois meses de retroactividade ou fracção e até ao
1 — As condições de trabalho constantes do contrato limite de seis.
colectivo de trabalho entre a AEEP — Associação dos
Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo O Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social,
e a FENPROF — Federação Nacional dos Professores José António Fonseca Vieira da Silva, em 8 de Agosto
e outros, publicado no Boletim do Trabalho e Emprego, de 2006.
1.a série, n.o 33, de 8 de Setembro de 2004, são esten-
didas, no território do continente, às relações de tra-
balho entre estabelecimentos de ensino particular e coo- MINISTÉRIO DA SAÚDE
perativo não superior não filiados na associação de
empregadores outorgante que beneficiem de apoio
Decreto-Lei n.o 176/2006
financeiro do Estado, para despesas de pessoal e de
funcionamento, mediante a celebração de correspon- de 30 de Agosto
dentes contratos, e trabalhadores ao seu serviço das pro- 1 — O presente decreto-lei marca uma profunda
fissões e categorias profissionais nele previstas repre- mudança no sector do medicamento, designadamente
sentados pelas associações sindicais outorgantes. nas áreas do fabrico, controlo da qualidade, segurança
6298 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
e eficácia, introdução no mercado e comercialização dos Paralelamente, em cumprimento de uma obrigação co-
medicamentos para uso humano. munitária, introduz-se um novo procedimento, a autoriza-
Na disciplina jurídica dos medicamentos de uso ção excepcional, que permitirá dotar o mercado nacional
humano desempenhou um papel fundamental o Decre- de oferta de medicamentos não comercializados entre nós
to-Lei n.o 72/91, de 8 de Fevereiro, que deu coerência nem objecto de pedidos de autorização de introdução no
dogmática e sistemática a um sector até então regido mercado ao abrigo dos procedimentos tradicionais.
por um conjunto disperso de normas. Estas medidas visam permitir uma maior oferta e con-
corrência, no mercado nacional, no que concerne aos
Contudo, o incessante progresso técnico e científico,
medicamentos, sem prejuízo da necessidade de assegurar
os novos problemas, as novas prioridades políticas e a
o respeito pela saúde pública e pelos interesses dos con-
necessidade de adaptar a legislação nacional aos coman- sumidores.
dos emanados dos órgãos competentes da Comunidade 6 — Entre as matérias reguladas pelo presente Estatu-
Europeia conduziu outra vez a uma fragmentação exces- to do Medicamento, cumpre destacar algumas que, pela
siva da legislação aplicável aos medicamentos para uso novidade ou releitura, se consideram mais importantes.
humano. Salienta-se, a este propósito, a reformulação de alguns
O presente decreto-lei procede, deste modo, à trans- institutos particularmente relevantes na óptica do consu-
posição da legislação comunitária e à revisão, em con- midor.
formidade, da legislação vigente. É o caso da rotulagem e do folheto informativo, que é
2 — A legislação até agora dispersa é reunida num alvo de uma preocupação especial que se consubstancia
único texto legal, respeitando-se, no entanto, a auto- na garantia do fornecimento de uma informação correcta
nomia e especialidade de certas matérias, que se man- e compreensível ao público, especialmente tratando-se de
medicamentos que interfiram com a capacidade de con-
tiveram fora do âmbito de aplicação do presente
dução de veículos.
decreto-lei. Algumas, aliás, constituem já instrumen- É também o caso da publicidade dos medicamentos. O
tos legislativos com os quais o presente decreto-lei presente decreto-lei aperfeiçoa o regime até hoje constante
terá de interagir, designadamente com a Lei dos do Decreto-Lei n.º 100/94, de 19 de Abril. Neste particu-
Ensaios Clínicos e com os diplomas dos regimes de lar, foi considerada especialmente a necessidade de as-
preços e comparticipações do Estado no preço dos segurar o pleno respeito pelo direito à saúde, conjugado
medicamentos. com a protecção constitucional dos consumidores, no
3 — Neste Estatuto há aspectos que merecem ser quadro dos valores constitucionalmente protegidos e tam-
sublinhados pelo que têm de inovador. bém acolhidos no plano da ordem jurídica e jurisdicional
Um destaque especial merece a matéria relativa aos da União Europeia.
procedimentos de autorização de introdução no mer- Particular destaque merece, também, a inovação relati-
cado, crescentemente variados. Aos procedimentos va à prescrição de medicamentos que, gradualmente, pas-
nacional, de reconhecimento mútuo e centralizado, já sará a ser feita por via electrónica.
Uma das vantagens deste mecanismo consiste no fac-
hoje previstos na legislação nacional e comunitária, é
to de todos os medicamentos serem prescritos com a in-
aditado agora o procedimento descentralizado, que per- dicação da denominação comum da substância activa.
mite a uma empresa efectuar, em vários Estados mem- 7 — O objectivo de consolidação num diploma princi-
bros e em simultâneo, um pedido de autorização de pal de um conjunto muito significativo de diplomas e
introdução no mercado. matérias até hoje reguladas em legislação avulsa é ainda
4 — O regime da renovação das autorizações de intro- acompanhado de outro objectivo já assinalado, que é o
dução no mercado é profundamente alterado. Com de proceder a uma transposição coerente e sistemática das
efeito, até à presente data as autorizações de introdução mais recentes directivas emanadas pelos órgãos compe-
no mercado de medicamentos para uso humano eram tentes da Comunidade Europeia.
obrigatoriamente renováveis de cinco em cinco anos Deste modo, partindo da codificação operada pela Di-
mas, de agora em diante, passa a vigorar o princípio rectiva n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Con-
da renovação única e por período ilimitado, salvo se selho, de 6 de Novembro de 2001, que estabelece um
razões de farmacovigilância impuserem solução dife- código comunitário relativamente aos medicamentos para
rente. uso humano, foi tido em conta o processo de revisão da
legislação farmacêutica comunitária, que culminou na re-
5 — No que se refere a outras formas de introdução cente adopção da Directiva n.º 2004/27/CE, do Parlamento
e comercialização no mercado de medicamentos, o pre- Europeu e do Conselho, de 31 de Março de 2004.
sente decreto-lei actua em vários sentidos. 8 — Procurou ainda dotar-se o Instituto Nacional da
Pela primeira vez, a legislação nacional ocupa-se de Farmácia e do Medicamento (INFARMED), no plano in-
institutos há muito consagrados na jurisprudência dos terno, de competências e mecanismos que permitam uma
tribunais comunitários e, crescentemente, na legislação acção mais eficaz, designadamente na fiscalização do res-
de vários Estados membros da Comunidade Europeia, peito pela legislação nacional e no aconselhamento cien-
como é o caso do instituto das importações paralelas tífico da indústria nacional, no plano externo, reforçando
de medicamentos. os instrumentos de cooperação com organizações e or-
São ainda agilizados e corrigidos alguns aspectos de ganismos internacionais, em especial no quadro europeu.
procedimentos especiais de autorização, como os rela- 9 — Tem igualmente o Governo a consciência de que
a implementação deste decreto-lei exige, para a sua plena
tivos à utilização especial de medicamentos ou da sua
aplicação, uma importante acção por parte dos agentes
aquisição directa.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6299
económicos no mercado. Mas é também certo que a sua que estabelece normas de qualidade e segurança em rela-
execução exige da Administração Pública que tutela o ção à colheita, análise, processamento, armazenamento e
sector um grande esforço de readaptação em ordem ao distribuição de sangue humano e de componentes san-
cumprimento das exigências dele decorrentes. guíneos e que altera a Directiva n.º 2001/83;
10 — Finalmente, mas não menos relevante, este decre- c) A Directiva n.º 2003/63/CE, da Comissão, de 25 de
to-lei regulamenta igualmente a base XXI da Lei de Ba- Junho de 2003, que altera a Directiva n.º 2001/83/CE;
ses da Saúde, a qual remete a actividade farmacêutica d) A Directiva n.º 2003/94/CE, da Comissão, de 8 de
para legislação especial, submetendo-a à disciplina e fis- Outubro de 2003, que estabelece princípios e directrizes
calização dos ministérios competentes de forma a garan- das boas práticas de fabrico de medicamentos para uso
tir a defesa e a protecção da saúde, a satisfação das ne- humano e de medicamentos experimentais para uso hu-
cessidades da população e a racionalização do consumo mano;
de medicamentos. e) A Directiva n.º 2004/24/CE, do Parlamento Europeu
Foi promovida a audição do Conselho Nacional do e do Conselho, de 31 de Março de 2004, que altera, em
Consumo. relação aos medicamentos tradicionais à base de plantas,
O INFARMED participou na elaboração das normas a Directiva n.º 2001/83/CE;
constantes do presente decreto-lei. f) A Directiva n.º 2004/27/CE, do Parlamento Europeu e
Foram ouvidas, a título facultativo, a Ordem dos Mé- do Conselho, de 31 de Março de 2004, que alterou a Di-
dicos, a Ordem dos Farmacêuticos, Ordem dos Médicos rectiva n.º 2001/83/CE.
Dentistas, a Associação Nacional das Farmácias, a As-
sociação de Farmácias de Portugal, a Associação Portu- 3 — Os anexos ao presente decreto-lei fazem dele par-
guesa da Indústria Farmacêutica, o Instituto Nacional da te integrante.
Propriedade Industrial, a Associação Portuguesa de Em- Artigo 2.º
presas de Distribuição, a Agência Portuguesa para o In- Âmbito de aplicação
vestimento, a Associação Portuguesa das Empresas Quí-
micas, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, 1 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial e
a Associação Portuguesa de Alimentação Racional e Di- nos números seguintes, o presente decreto-lei aplica-se
etética, a Associação Portuguesa das Empresas de Dis- aos medicamentos preparados industrialmente ou em cujo
positivos Médicos, a Associação Portuguesa de Genéri- fabrico intervenha um processo industrial.
cos, a Associação Portuguesa das Empresas de 2 — Excluem-se do âmbito de aplicação do presente
Publicidade e Comunicação, a Plataforma Saúde em Diá- decreto-lei:
logo e outras associações representativas do sector. a) Os produtos intermédios destinados a transforma-
Foi ouvida a Comissão Nacional de Protecção de Da- ção posterior por um fabricante autorizado, salvo o dis-
dos. posto no n.º 4;
Assim: b) Os medicamentos manipulados, designadamente na
No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido pela forma de preparados oficinais ou de fórmulas magistrais;
Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, nos termos da alínea c) do c) Os medicamentos experimentais, salvo disposição em
n.º 1 do artigo 198.º, o Governo decreta o seguinte: contrário;
d) Os radionúclidos utilizados sob a forma de fontes
CAPÍTULO I seladas;
e) O sangue total, o plasma e as células sanguíneas
Disposições Gerais de origem humana, à excepção do plasma e das células
estaminais hematopoiéticas que sejam utilizadas em tera-
SECÇÃO I pia celular, em cuja produção intervenha um processo
Objecto, âmbito e definições industrial.
nos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou gnosticar, induzir ou reduzir uma hipersensibilidade espe-
administrada no ser humano com vista a estabelecer um cífica na resposta imunológica a um agente alergeno;
diagnóstico médico ou, exercendo uma acção farmacoló- qq) «Medicamento órfão», qualquer medicamento que,
gica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 141/2000, do
modificar funções fisiológicas; Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro
ff) «Medicamento à base de plantas», qualquer medi- de 1999, seja designado como tal;
camento que tenha exclusivamente como substâncias ac- rr) «Medicamento radiofarmacêutico», qualquer medi-
tivas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma camento que, quando pronto para ser utilizado, contenha
ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais um ou vários radionúclidos ou isótopos radioactivos des-
substâncias derivadas de plantas em associação com uma tinados a diagnóstico ou a utilização terapêutica;
ou mais preparações à base de plantas; ss) «Medicamento tradicional à base de plantas», qual-
gg) «Medicamento considerado», medicamento objec- quer medicamento à base de plantas que respeite o dis-
to de autorização de introdução no mercado válida em posto no artigo 141.º;
Portugal com a mesma composição quantitativa e quali- tt) «Medida urgente de segurança», uma alteração tran-
tativa em substâncias activas, a mesma forma farmacêuti- sitória da informação sobre o medicamento constante da
ca e as mesmas indicações terapêuticas de um medica- autorização e que afecte as informações de segurança
contidas no resumo das características do medicamento,
mento objecto de importação paralela;
nomeadamente indicações, posologia, contra-indicações,
hh) «Medicamento derivado do sangue ou do plasma
advertências e reacções adversas, em virtude de novos
humanos», medicamento preparado à base de componen- dados relacionados com a segurança da utilização do
tes de sangue, nomeadamente a albumina, os concentra- medicamento;
dos de factores de coagulação e as imunoglobulinas de uu) «Nome do medicamento», designação do medica-
origem humana; mento, a qual pode ser constituída por uma marca insus-
ii) «Medicamento de referência», medicamento que foi ceptível de confusão com a denominação comum, pela
autorizado com base em documentação completa, incluin- denominação comum acompanhada de uma marca ou pelo
do resultados de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e nome do requerente ou do titular da autorização, contan-
clínicos; to que não estabeleça qualquer equívoco com as propri-
jj) «Medicamento equivalente», o medicamento tradi- edades terapêuticas e a natureza do medicamento;
cional à base de plantas que se caracteriza por possuir vv) «Ocultação», dissimulação deliberada da identida-
as mesmas substâncias activas, independentemente dos de de um medicamento experimental, de acordo com as
excipientes utilizados, uma finalidade pretendida idêntica, instruções do promotor;
uma dosagem e posologia equivalentes e uma via de xx) «Precursor», qualquer outro radionúclido usado
administração idêntica à do medicamento tradicional à para a marcação radioactiva de uma outra substância antes
base de plantas a que o pedido se refere; da sua administração;
ll) «Medicamento essencialmente similar», o medica- zz) «Pessoa qualificada», o director técnico ou o téc-
mento com a mesma composição qualitativa e quantitati- nico qualificado que, em relação ao titular da autorização
va em substâncias activas, sob a mesma forma farmacêu- de fabrico ou de importação, assume as responsabilida-
tica e para o qual, sempre que necessário, foi demonstrada des previstas na presente lei e na lei dos ensaios clínicos;
bioequivalência com o medicamento de referência, com aaa) «Preparações à base de plantas», preparações
base em estudos de biodisponibilidade apropriados; obtidas submetendo as substâncias derivadas de plantas
mm) «Medicamento experimental», a forma farmacêuti- a tratamentos como a extracção, a destilação, a expres-
ca de uma substância activa ou placebo, testada ou uti- são, o fraccionamento, a purificação, a concentração ou
lizada como referência num ensaio clínico, incluindo os a fermentação, tais como as substâncias derivadas de
medicamentos cuja introdução no mercado haja sido au- plantas pulverizadas ou em pó, as tinturas, os extractos,
os óleos essenciais, os sucos espremidos e os exsuda-
torizada mas que sejam utilizados ou preparados, quanto
dos transformados;
à forma farmacêutica ou acondicionamento, de modo di-
bbb) «Preparado oficinal», qualquer medicamento pre-
verso da forma autorizada, ou sejam utilizados para uma parado segundo as indicações compendiais de uma far-
indicação não autorizada ou destinados a obter mais in- macopeia ou de um formulário oficial, numa farmácia de
formações sobre a forma autorizada; oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares, desti-
nn) «Medicamento genérico», medicamento com a nado a ser dispensado directamente aos doentes assisti-
mesma composição qualitativa e quantitativa em substân- dos por essa farmácia ou serviço;
cias activas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequi- ccc) «Profissional de saúde», a pessoa legalmente ha-
valência com o medicamento de referência haja sido de- bilitada a prescrever, dispensar ou administrar medicamen-
monstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados; tos, designadamente, médicos, médicos dentistas, médi-
oo) «Medicamento homeopático», medicamento obtido cos veterinários, odontologistas ou farmacêuticos;
a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias- ddd) «Quebra da ocultação», quebra do código de
-primas homeopáticas, de acordo com um processo de identificação do medicamento ocultado;
fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, eee) «Reacção adversa», qualquer reacção nociva e
em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado involuntária a um medicamento que ocorra com doses
membro, e que pode conter vários princípios; geralmente utilizadas no ser humano para profilaxia, diag-
pp) «Medicamento imunológico», vacinas, toxinas e nóstico ou tratamento de doenças ou recuperação, cor-
soros, incluindo, nomeadamente, qualquer produto admi- recção ou modificação de funções fisiológicas;
nistrado para produzir uma imunidade activa ou passiva fff) «Reacção adversa grave», qualquer reacção adver-
específica, bem como qualquer produto destinado a dia- sa que conduza à morte, ponha a vida em perigo, requei-
6302 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
b) Onze anos após a autorização inicial do medicamen- n.º 36/2003, de 5 de Março, a realização dos estudos e
to de referência, caso, nos primeiros oito dos dez anos, ensaios necessários à aplicação dos n.os1 a 6, e as exi-
o titular da autorização de introdução no mercado do gências práticas daí decorrentes, não são contrárias aos
medicamento de referência tenha obtido uma autorização direitos relativos a patentes ou a certificados complemen-
para uma ou mais indicações terapêuticas novas que, na tares de protecção de medicamentos.
avaliação científica prévia à sua autorização, se conside-
re trazerem um benefício clínico significativo face às tera- Artigo 20.º
pêuticas até aí existentes.
Uso clínico bem estabelecido
4 — Para efeito do disposto nos números anteriores, 1 — Sem prejuízo dos direitos da propriedade
entende-se que: industrial, o requerente fica dispensado de apresentar os
a) Os diferentes sais, ésteres, isómeros, misturas de ensaios pré-clínicos e clínicos previstos na alínea i) do
isómeros, complexos ou derivados de uma substância n.º 2 do artigo 15.º se puder demonstrar que as substân-
activa são considerados uma mesma substância activa, a cias activas do medicamento têm tido um uso clínico bem
menos que difiram significativamente em propriedades estabelecido na Comunidade Europeia há, pelo menos, dez
relacionadas com a segurança ou a eficácia, caso em que anos, com eficácia reconhecida e um nível de segurança
o requerente tem de fornecer dados suplementares desti- aceitável, nos termos das condições previstas no anexo I.
nados a comprovar a segurança e a eficácia dos vários 2 — No caso previsto no número anterior, os resulta-
sais, ésteres ou derivados de uma substância activa au- dos dos ensaios têm de ser substituídos por bibliografia
torizada; científica adequada, devendo o relatório previsto no n.º 5
b) As diferentes formas farmacêuticas orais de liberta- do artigo 15.º justificar o recurso à referida bibliografia.
ção imediata são consideradas como uma mesma forma
farmacêutica; Artigo 21.º
c) O requerente pode ser dispensado da obrigação de Nova associação fixa
apresentação de estudos de biodisponibilidade se de-
monstrar que o medicamento genérico satisfaz os crité- Sempre que o medicamento contiver substâncias acti-
rios específicos definidos para a matéria em directrizes vas presentes em medicamentos autorizados mas que
adoptadas pelo INFARMED ou no espaço comunitário. ainda não tenham sido associadas para fins terapêuticos,
têm de ser fornecidos os resultados dos novos ensaios
5 — Os resultados dos ensaios pré-clínicos ou clínicos pré-clínicos ou clínicos relativos à associação, mas não
adequados têm de ser apresentados sempre que um dos as referências científicas a cada uma das substâncias ac-
seguintes casos se verifique: tivas.
a) O medicamento não está abrangido pelo disposto Artigo 22.º
no número anterior; Consentimento
b) A bioequivalência não pode ser demonstrada atra-
vés de estudos de biodisponibilidade; O titular da autorização pode consentir que a sua do-
c) O medicamento apresenta, relativamente ao medica- cumentação farmacêutica, pré-clínica e clínica seja utiliza-
mento de referência, alterações da ou das substâncias da na avaliação de requerimento de autorização apresen-
activas, das indicações terapêuticas, da dosagem, da for- tado relativamente a um medicamento com a mesma
ma farmacêutica ou da via de administração. composição qualitativa e quantitativa em substâncias
activas e a mesma forma farmacêutica.
6 — Caso um medicamento biológico similar a um me-
dicamento biológico de referência não satisfaça as con- Artigo 23.º
dições da definição de medicamento genérico, devido, em Prazos
especial, às diferenças relacionadas com as matérias-pri-
mas ou relativas aos processos de fabrico, são apresen- 1 — O INFARMED decide sobre o pedido de autoriza-
tados os resultados dos ensaios pré-clínicos ou clínicos ção de introdução no mercado de um medicamento no
adequados e relacionados com essas condições, em ter- prazo de duzentos e dez dias, contados da data da re-
mos que correspondam aos critérios pertinentes constan- cepção de um requerimento válido, em conformidade com
tes do Anexo I e das orientações adoptadas em conexão o disposto no artigo 15.º e no n.º 1 do artigo 16.º
com os mesmos, e sem prejuízo para a circunstância de 2 — O prazo previsto no número anterior suspende-se
não ser exigível a apresentação de resultados de outros sempre que ao requerente seja exigida a correcção de
ensaios constantes do processo do medicamento de re- deficiências do requerimento previsto no artigo 15.º, rei-
ferência. niciando-se com a recepção dos elementos em falta.
7 — Para além do disposto nos n.os 1 a 3, o titular de 3 — O INFARMED cria e mantém um registo dos pra-
uma autorização de introdução no mercado tem direito a zos relativos a cada processo, bem como das causas e
um ano de protecção de dados, não cumulativo, quando datas de suspensão ou interrupção dos mesmos.
tiver apresentado um pedido para uma nova indicação te-
rapêutica de uma substância activa bem conhecida e rea- Artigo 24.º
lizado ensaios pré-clínicos ou clínicos significativos rela- Autorização com condições
tivos à nova indicação.
8 — Sem prejuízo do disposto no artigo 102.º do Códi- 1 — A autorização pode ser concedida sob condição
go da Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei de realização posterior de estudos complementares ou do
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6307
2 — Se uma alteração menor de tipo IA implicar outras a) Dados e documentos comprovativos previstos para
alterações de tipo IA ou se uma alteração de tipo IB a instrução de um requerimento de autorização de intro-
implicar alterações de tipo IA e ou de tipo IB, estas po- dução no mercado;
dem ser incluídas numa única notificação, a qual descre- b) Dados justificativos da alteração solicitada;
ve a relação existente entre as várias alterações do mes- c) Versão revista dos documentos alterados na sequên-
mo tipo efectuadas, sem prejuízo do pagamento das taxas cia do pedido, incluindo, se for caso disso, o resumo das
devidas por cada alteração. características do medicamento, a rotulagem ou o folheto
informativo, se a alteração implicar uma tal revisão;
d) Adendas ou relatórios actualizados, avaliações crí-
Artigo 35.º ticas ou sumários realizados por peritos, tendo em conta
Decisão das alterações de tipo I as alterações requeridas;
e) Referência a outros pedidos de alteração maior da
1 — A notificação de uma alteração de tipo IA, em mesma autorização já apresentados ou a apresentar, sem
conformidade com o disposto no artigo anterior é decidi- prejuízo do disposto no número seguinte;
da pelo INFARMED no prazo de 14 dias. f) Comprovativo do pagamento das taxas devidas;
2 — Sem prejuízo do disposto nos n.os 5 a 8, presume- g) No caso de alterações relacionadas com questões
-se tacitamente concedida a autorização para a alteração de segurança, uma proposta justificada de prazo para a
notificada ao abrigo do número anterior, se o INFARMED implementação das mesmas.
não se pronunciar no prazo previsto.
3 — A notificação de uma alteração de tipo IB, em 2 — Se uma alteração maior implicar outras alterações
conformidade com o disposto no artigo anterior, deve ser maiores da mesma autorização, os vários pedidos podem
validada pelo INFARMED no prazo de cinco dias, conta- ser cumulados, descrevendo-se a relação existente entre
dos da data da notificação. as várias alterações requeridas, sem prejuízo do pagamen-
4 — As notificações de alterações de tipo IB valida- to das taxas devidas por cada alteração.
das nos termos do número anterior consideram-se tacita- 3 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes,
mente deferidas se, no prazo de 30 dias contados da va- o INFARMED decide cada pedido no prazo de sessenta
lidação e sem prejuízo do disposto nos números dias, que pode ser prorrogado por mais trinta dias, no
seguintes, o INFARMED não proferir acto expresso de caso de modificações ou alargamento das indicações te-
indeferimento devidamente fundamentado, não havendo rapêuticas e caso se justifique.
lugar à audiência a que se referem os artigos 100.º e se- 4 — Até à decisão, o INFARMED pode ordenar ao
guintes do Código do Procedimento Administrativo, adi- requerente a prestação de informações complementares,
ante designado por CPA, aprovado pelo Decreto-Lei em prazo para o efeito fixado, ficando suspensos os
n.º 442/91, de 15 de Novembro, na redacção que lhe foi prazos de decisão até à recepção das informações solici-
conferida pelo Decreto-Lei n.º 6/96, de 31 de Janeiro. tadas.
6310 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
5 — A decisão do INFARMED sobre o pedido de al- Comunidade Europeia, instituída pela Decisão n.º 2119/98/
teração é notificada ao requerente, acompanhada, no caso CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de Se-
de indeferimento, dos respectivos fundamentos. tembro, o INFARMED pode, a título excepcional e tem-
porário, tomar uma decisão provisória relativa a um pedi-
Artigo 37.º do de alteração dos termos de uma autorização de
introdução no mercado, sem prejuízo da apresentação de
Transferência
dados completos relativos à segurança e eficácia clínicas
1 — Os pedidos de transferência de titular de uma au- do medicamento e da aplicação paralela do procedimento
torização de introdução no mercado são apresentados ao previsto no presente decreto-lei.
INFARMED, o qual decide no prazo de 60 dias, conta-
dos da data da apresentação de requerimento válido. Artigo 39.º
2 — O requerimento é apresentado pelo titular da auto-
Medidas urgentes de segurança
rização, instruído com os seguintes elementos:
a) Nome do medicamento a que a transferência se re- 1 — Em caso de risco para a saúde pública, o titular
fere, número ou números de registo da autorização e da- de uma autorização de introdução no mercado adopta as
tas da respectiva concessão; medidas urgentes de segurança, devendo comunicá-las
b) Identificação, incluindo sede ou residência, do titu- imediata e previamente ao INFARMED, para os efeitos
lar da autorização e da pessoa em favor da qual a trans- previstos no número seguinte.
ferência deve ser efectuada; 2 — No prazo de vinte e quatro horas após a comuni-
c) Proposta comum das pessoas referidas na alínea cação e antes da implementação das medidas pelo titular
anterior, relativamente à data a partir da qual a transfe- da autorização, o INFARMED pode:
rência deve produzir efeitos, se autorizada; a) Decidir impedir a adopção das medidas urgentes de
d) Documento comprovativo de que o processo relati- segurança;
vo ao medicamento em questão, devidamente actualizado b) Determinar as formas de implementação das medi-
e completo, foi ou será colocado à disposição da pessoa das urgentes de segurança, em articulação com o titular
a favor de quem a transferência deve ser efectuada; da autorização.
e) Resumo das características do medicamento, projec-
to de acondicionamento primário, de embalagem e de fo- 3 — O INFARMED pode ainda adoptar, nos termos da
lheto informativo, com os elementos referentes à pessoa
lei, as medidas urgentes de segurança ou outras medidas
em favor da qual a transferência deve ser efectuada;
que se mostrem necessárias para a defesa e garantia da
f) Comprovativo do pagamento das taxas devidas;
saúde pública.
g) Certidão, certificado ou outros documentos compro-
vativos da posse, pela pessoa em favor de quem a trans- 4 — O disposto nos números anteriores não prejudica
ferência deve ser efectuada, das habilitações e da com- a obrigação de apresentação, pelo titular da autorização,
petência e experiência exigidas por lei ao titular de uma no prazo de quinze dias após o início da implementação
autorização de introdução no mercado; das medidas urgentes de segurança, da notificação pre-
h) Documento que identifique o responsável pela far- vista nos artigos 34.º ou 36.º, devidamente instruída.
macovigilância, acompanhado do respectivo curriculum 5 — As notificações previstas nos n.os1 e 2 são feitas
vitae, morada e números de contacto telefónico e elec- por via electrónica ou por telecópia, em termos a definir
trónico; pelo INFARMED.
i) Documento identificando o departamento científico SECÇÃO II
responsável pela informação relativa ao medicamento,
acompanhado do currículo do respectivo responsável, Procedimento de reconhecimento mútuo
morada e números de contacto telefónico e electrónico.
Artigo 40.º
3 — Os documentos referidos nas alíneas c), d), g) a Objecto e âmbito de aplicação
i) do número anterior são assinados pelo requerente e pela
A presente secção aplica-se aos pedidos apresentados
pessoa em favor de quem se efectua a transferência.
perante o INFARMED com vista ao:
4 — Em cada requerimento só pode ser solicitada auto-
rização para uma única transferência, a qual deve ser in- a) Reconhecimento noutro Estado membro de uma
deferida sempre que ocorra uma das seguintes situações: autorização de introdução no mercado de um medicamen-
a) O requerimento não seja apresentado em conformi- to concedida em Portugal;
dade com o disposto nos números anteriores; b) Reconhecimento em Portugal de uma autorização de
b) A pessoa em favor da qual a transferência deva ser introdução no mercado de um medicamento concedida
efectuada não esteja estabelecida num Estado membro. noutro Estado membro.
No caso de pandemia relacionada com um vírus, des- 1 — O requerimento apresentado ao abrigo da presen-
de que devidamente reconhecida pela Organização Mun- te secção é instruído com os seguintes elementos:
dial de Saúde, ou no quadro da rede de vigilância epide- a) A indicação de que o INFARMED assumirá a qua-
miológica e de controlo das doenças transmissíveis na lidade de Estado membro de referência, no caso previsto
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6311
na alínea a) do artigo anterior, ou a indicação do Estado tos a que se refere o n.º 3 do artigo 42.º, caso considere
membro de referência, responsável pela elaboração do existir um potencial risco grave para a saúde pública.
relatório de avaliação, no caso previsto na alínea b) do 2 — O parecer é notificado ao Estado membro de refe-
artigo anterior; rência, aos restantes Estados membros envolvidos, ao
b) Os documentos e demais elementos previstos nos requerente e, quando actue como Estado membro de re-
artigos 15.º e 18.º, bem como, consoante os casos, nos ferência, ao grupo de coordenação a quem compete exa-
artigos 19.º a 22.º, podendo o INFARMED autorizar que minar questões relativas à autorização de introdução no
algum ou alguns deles sejam apresentados noutras lín- mercado de um medicamento em dois ou mais Estados
guas, nos termos definidos em regulamento por si adop- membros.
tado; Artigo 45.º
c) Todos os demais elementos relevantes para a ela-
Arbitragem
boração do relatório de avaliação previsto no artigo se-
guinte, sempre que aplicável. 1 — Pode ser pedida a intervenção do Comité dos
Medicamentos para Uso Humano da Agência, (CHMP),
2 — São correspondentemente aplicáveis, com as de- sempre que ocorra uma das seguintes situações:
vidas adaptações, as disposições pertinentes dos arti-
a) Na sequência do parecer previsto no artigo anteri-
gos 15.º e 16.º or, o acordo entre os Estados membros envolvidos não
Artigo 42.º for alcançado no seio do grupo de coordenação, no pra-
Estado membro de referência zo de 60 dias;
b) O interesse comunitário o justifique;
1 — O INFARMED actua na qualidade de Estado mem- c) Se verifique um dos casos previstos no n.º 3 do
bro de referência quando a primeira autorização do medi- artigo 46.º
camento objecto do procedimento de reconhecimento
mútuo tiver sido concedida em Portugal. 2 — A intervenção do CHMP pode igualmente ser pe-
2 — Quando actue na qualidade de Estado membro de dida caso os Estados membros adoptem decisões diver-
referência, o INFARMED prepara e apresenta o relatório gentes relativamente à autorização, suspensão ou revo-
de avaliação ou, caso este já exista e se mostre necessá- gação de autorização relativa a um medicamento, ou antes
rio, uma sua versão actualizada, no prazo de noventa dias, da adopção de qualquer decisão de alteração dos termos
contados da data da recepção de um pedido válido. de uma autorização, nomeadamente por razões de farma-
3 — O relatório de avaliação, ou a sua actualização, é covigilância.
transmitido ao requerente e aos restantes Estados mem- 3 — A intervenção do CHMP pode ser requerida pela
bros envolvidos, acompanhado dos projectos de resumo Comissão Europeia, pelo INFARMED ou pelo requerente
das características do medicamento, de rotulagem e de ou titular da autorização de introdução no mercado.
folheto informativo. 4 — A questão a submeter ao CHMP deve ser clara-
4 — Caso os restantes Estados membros envolvidos, mente definida, devendo o requerente e o titular da auto-
no prazo de noventa dias contados da notificação pre- rização de introdução no mercado, quando não hajam
vista no número anterior, aprovem os documentos aí re- solicitado a intervenção do CHMP, ser devidamente in-
feridos e notifiquem a aprovação ao INFARMED, este formados.
encerra o procedimento e notifica a decisão ao requerente. 5 — Os Estados membros e o requerente ou o titular
da autorização de introdução no mercado enviam ao
CHMP toda a informação disponível relativamente ao
Artigo 43.º
assunto em questão.
Estado membro envolvido 6 — As regras de funcionamento e de procedimento
aplicáveis ao CHMP são as definidas ao abrigo da legis-
1 — Quando não actue na qualidade de Estado mem-
lação comunitária aplicável.
bro de referência, o INFARMED aprova, no prazo de
noventa dias após a respectiva recepção, o relatório e os
projectos referidos no n.º 3 do artigo anterior, elaborados Artigo 46.º
pela autoridade competente do Estado membro de refe- Alteração da autorização de introdução no mercado
rência, e comunica o facto ao mesmo Estado, salvo nos
casos previstos no artigo seguinte. 1 — Qualquer pedido de alteração dos termos de uma
2 — Caso o Estado membro de referência haja consta- autorização de introdução no mercado concedida pelo
tado e comunicado a existência de um acordo entre os INFARMED ao abrigo da presente secção deve ser apre-
vários Estados membros a que o pedido diz respeito, o sentado pelo respectivo titular ao mesmo Instituto e às
INFARMED adopta, no prazo de trinta dias e em confor- autoridades competentes dos Estados membros em que
midade com os elementos a que se refere o n.º 3 do arti- o medicamento esteja autorizado.
go anterior, a decisão de autorização. 2 — Caso o INFARMED considere necessária, para a
protecção da saúde pública, a alteração dos termos de uma
autorização de introdução no mercado concedida ao abri-
Artigo 44.º go do disposto na presente secção ou a sua suspensão
Parecer desfavorável ou revogação, pode adoptar uma ou ambas as medidas
seguintes:
1 — O INFARMED emite, no prazo referido, consoan-
te os casos, no n.º 2 do artigo 42.º ou no n.º 1 do artigo a) Submeter imediatamente a questão à Agência, para
anterior, parecer desfavorável à aprovação dos documen- aplicação dos procedimentos previstos no artigo 45.º;
6312 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
3 — A autorização apenas se aplica aos locais e aos 3 — Para efeitos do disposto no número anterior, o
medicamentos ou formas farmacêuticas indicadas no re- fabrico de substâncias activas utilizadas como matérias-
querimento previsto no artigo anterior ou especificamen- -primas inclui o fabrico, total ou parcial, ou a importação
te autorizadas. de uma substância de base, tal como definida no n.º 3.2.1.1.
4 — O INFARMED transmite à Agência, em simultâneo alínea b) da parte I do anexo I, bem como as diversas
com a notificação ao requerente, cópia da autorização, operações de divisão ou acondicionamento anteriores à
para efeitos de introdução na base de dados comunitária. sua incorporação num medicamento, incluindo o reacon-
5 — O INFARMED revoga ou suspende a autorização dicionamento e a re-rotulagem, designadamente efectua-
de fabrico para um medicamento ou uma forma farmacêu- dos por um distribuidor por grosso de matérias-primas.
tica sempre que qualquer das exigências resultantes dos
números anteriores não for observada. Artigo 60.º
Director técnico
Artigo 58.º
1 — O titular de autorização de fabrico fica obrigado a
Alteração
dispor, de forma permanente e efectiva, de um director
1 — O pedido de alteração de autorização de fabrico, técnico, que assume as obrigações previstas no artigo
mormente de algum dos elementos constantes dos n.os 2 seguinte.
e 3 do artigo 56.º, é decidido pelo INFARMED no prazo 2 — O titular da autorização pode assumir a função de
máximo de 30 dias. director técnico, desde que reúna as condições definidas
2 — No decurso do prazo referido no número anterior, no presente decreto-lei.
o INFARMED pode, em casos excepcionais devidamente 3 — As funções de director técnico são assumidas por
justificados, decidir a sua prorrogação por um período farmacêutico especialista em indústria farmacêutica, ins-
que, no total, não pode exceder os 90 dias. crito na Ordem dos Farmacêuticos e sujeito aos deveres
resultantes do Decreto-Lei n.º 288/2001, de 10 de Novem-
bro, na redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei
Artigo 59.º n.º 134/2005, de 16 de Agosto.
Obrigações do titular da autorização
a) Ter ao seu serviço pessoal qualificado, tanto no que Competências do director técnico
se refere ao fabrico como ao controlo de qualidade; 1 — O director técnico é responsável por todos os ac-
b) Produzir e dispor apenas dos medicamentos para os tos praticados no âmbito do fabrico, competindo-lhe, no-
quais tenha obtido autorização de fabrico; meadamente:
c) Informar previamente o INFARMED de qualquer
alteração introduzida nas informações transmitidas com o a) Garantir que cada lote de medicamentos foi fabrica-
requerimento ou posteriormente; do e controlado no respeito pela lei e das boas práticas
d) Comunicar imediatamente ao INFARMED a substi- de fabrico, de acordo com os métodos e técnicas fixados
tuição imprevista do director técnico; no processo de autorização de introdução no mercado;
e) Facultar imediatamente o acesso aos locais e insta- b) Assegurar que cada lote de medicamentos que não
lações pelos trabalhadores, funcionários e agentes do tenha sido fabricado num Estado membro é objecto de
INFARMED, no exercício dos seus poderes de inspecção; uma análise qualitativa completa, de uma análise quanti-
f) Disponibilizar ao director técnico os meios necessá- tativa abrangendo pelo menos todas as substâncias acti-
vas e da realização de todos os ensaios ou verificações
rios ao cumprimento das suas obrigações;
necessários para assegurar a qualidade do medicamento
g) Assegurar que todas as operações de fabrico de
de acordo com a respectiva autorização de introdução no
medicamentos, incluindo os destinados exclusivamente a mercado;
exportação, se efectuam em conformidade com as boas c) Atestar que cada lote de fabrico respeita o dispos-
práticas de fabrico e com as respectivas autorizações de to nas normas aplicáveis, procedendo ao respectivo re-
fabrico; gisto em documento próprio, que é mantido permanente-
h) Assegurar que todas as operações integradas no mente actualizado;
fabrico de medicamentos cuja introdução no mercado ou d) Elaborar os relatórios de controlo de qualidade;
comercialização careça de autorização são efectuadas no e) Disponibilizar aos interessados e ao INFARMED os
respeito pelas informações dadas no pedido de autoriza- registos e os relatórios previstos nas alíneas anteriores,
ção e aceites pelas autoridades competentes; pelo menos até ao termo do prazo de um ano após a
i) Comprovar, através da elaboração de relatório, a caducidade do lote e durante um prazo que não pode ser
execução dos controlos realizados no medicamento, nos inferior a cinco anos;
seus componentes e produtos intermédios de fabrico, de f) Diligenciar para que as substâncias activas e outras
acordo com os métodos de controlo descritos em aplica- matérias-primas sujeitas a operações de fraccionamento
ção do disposto na alínea h) do n.º 2 do artigo 15.º sejam analisadas de modo a garantir a sua qualidade e
pureza;
2 — Para efeitos do disposto na alínea g) do número g) Zelar pelo armazenamento e acondicionamento dos
anterior, o fabricante só pode utilizar, como matérias-pri- medicamentos e matérias-primas;
mas, substâncias activas fabricadas de acordo com as h) Garantir o cumprimento das disposições legais que
boas práticas de fabrico de matérias-primas, tal como regulam o emprego de estupefacientes e substâncias psi-
definidas por regulamento do INFARMED. cotrópicas.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6315
2 — O director técnico fica dispensado da obrigação de viamente definidos e em conformidade com as boas prá-
realizar os controlos previstos na alínea b) do número ticas de fabrico e a autorização de fabrico, ainda que o
anterior, se o lote de medicamentos: medicamento se destine exclusivamente à exportação;
f) Garantir que todas as operações de fabrico de medi-
a) Já tiver sido introduzido no mercado de outro
camentos cuja introdução no mercado careça de autori-
Estado membro e vier acompanhado dos relatórios de con-
zação são efectuadas de acordo com as informações pres-
trolo assinados pelo responsável no referido Estado mem-
tadas no pedido de autorização;
bro;
g) Dispor dos meios suficientes e adequados ao con-
b) Provier de um Estado que não seja Estado membro,
trolo do processo de fabrico, garantindo o registo e a
adiante designado como Estado terceiro, mas que, por
investigação aprofundada de todos os desvios do pro-
acordo com a Comunidade Europeia, garanta o fabrico
cesso de fabrico e dos defeitos de produção;
dos medicamentos de acordo com boas práticas de fabri-
h) Adoptar todas as medidas técnicas e organizativas
co e o controlo dos mesmos segundo métodos equiva-
que se revelem adequadas a evitar a contaminação cru-
lentes aos previstos no presente decreto-lei.
zada e a mistura involuntária de produtos;
i) Respeitar a informação dada pelo promotor, nas
3 — A informação relativa ao acordo referido na
operações de fabrico de medicamentos experimentais usa-
alínea b) do número anterior pode ser solicitada ao IN-
dos em ensaios clínicos;
FARMED, que a disponibilizará, designadamente por via
j) Proceder à análise periódica dos métodos de fabri-
electrónica.
co, à luz do progresso científico e técnico e dos avanços
4 — A responsabilidade do director técnico não exclui
da elaboração do medicamento experimental;
nem limita a responsabilidade do fabricante.
l) Estabelecer e manter um sistema de documentação;
5 — Em caso de incumprimento pelo director técnico
m) Criar e manter um sistema de controlo da qualidade
das suas obrigações, o INFARMED pode decidir suspen-
independente da produção, sob a responsabilidade de
der ou solicitar à associação ou ordem profissional res-
uma pessoa que preencha os requisitos necessários em
pectiva, consoante os casos, que determine a suspensão
termos de qualificações;
do exercício das suas funções até à conclusão do proce-
n) Implementar um sistema de registo e análise das
dimento criminal, contra-ordenacional ou disciplinar ins-
reclamações.
taurado ou a instaurar, nos termos da lei, pelas entida-
des competentes.
4 — O fabricante coloca um ou mais laboratórios de
Artigo 62.º controlo da qualidade, com pessoal e equipamento ade-
Fabricantes quados à execução do exame e ensaio das matérias-pri-
mas e dos materiais de embalagem e do ensaio de produ-
1 — Os fabricantes devem demonstrar que se encontram tos intermédios e acabados, à disposição da pessoa
em condições de: responsável a que se referem as alíneas d) e m) do nú-
a) Realizar o fabrico de acordo com a descrição do mero anterior, ou garante o acesso desta pessoa aos
processo de fabrico constante da alínea g) do n.º 2 do mesmos.
artigo 15.º; 5 — Aquando do controlo final dos produtos acaba-
b) Efectuar os controlos segundo os métodos descri- dos que precede a saída para venda, a distribuição ou o
tos no processo e referidos na alínea h) do n.º 2 do arti- uso em ensaios clínicos, o sistema de controlo de quali-
go 15.º dade toma em consideração, além dos resultados analíti-
cos, outros dados essenciais, como as condições de pro-
2 — Os processos de fabrico novos ou as alterações dução, os resultados dos controlos durante o fabrico, a
relevantes de um dado processo de fabrico são valida- análise dos documentos relativos ao fabrico e a confor-
dos, estando as fases críticas do processo de fabrico midade dos produtos com as respectivas especificações,
sujeitas a reavaliações periódicas. incluindo a embalagem final.
3 — Compete ainda ao fabricante assegurar o respeito 6 — Se, na sequência da aplicação do disposto na alí-
pelas boas práticas de fabrico e, em particular: nea j) do n.º 3, se revelar necessário alterar os termos da
autorização de introdução no mercado ou introduzir uma
a) Criar e aplicar um sistema eficaz de garantia da qua- alteração ao pedido apresentado pelo promotor do ensaio
lidade farmacêutica que envolva a participação activa da clínico, de acordo com o disposto na respectiva legisla-
gestão e do pessoal dos vários departamentos e impli- ção, a proposta de alteração é submetida ao INFARMED,
que a realização reiterada de auto-inspecções; nos termos previstos na legislação aplicável.
b) Assegurar que as instalações e equipamentos res- 7 — O fabrico de medicamentos apenas pode ser sus-
peitam as exigências previstas no presente decreto-lei; penso ou proibido nos casos previstos nas alíneas c) a
c) Dispor, em cada local de fabrico, de pessoal compe- e) do n.º 1 do artigo 25.º ou de desrespeito dos requisi-
tente, adequadamente qualificado e em número suficiente tos previstos no artigo 56.º
para que se alcancem os objectivos de garantia da quali-
dade farmacêutica explicitados no presente decreto-lei e Artigo 63.º
nas demais normas aplicáveis;
Conservação de amostras
d) Contratar a pessoa responsável pelo sistema de
controlo da qualidade e garantir os meios necessários ao 1 — São conservadas amostras de todos os lotes de
desempenho das suas funções; medicamentos acabados até ao final do primeiro ano sub-
e) Assegurar que todas as operações de produção se sequente ao termo do prazo de validade do respectivo
efectuam de acordo com instruções e procedimentos pre- lote.
6316 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
refere o número anterior e, independentemente desse colaboração com o promotor, devendo ser identificados
prazo, até ao termo do prazo de um ano após a caduci- todos os centros de ensaios e, na medida do possível,
dade do lote. indicados os países de destino.
3 — A documentação relativa a cada lote de medica- 4 — O fabricante de medicamentos experimentais que
mentos experimentais é conservada durante, pelo menos, beneficiem de autorização de introdução no mercado in-
cinco anos, contados da conclusão ou da cessação for- forma, em colaboração com o promotor, o titular da refe-
mal do último ensaio clínico em que os lotes tenham sido rida autorização sobre qualquer defeito que possa relaci-
utilizados. onar-se com o medicamento autorizado.
4 — O titular da autorização de introdução no merca-
do ou, caso não seja a mesma pessoa, o promotor do Artigo 72.º
ensaio clínico, garante que os registos são conservados
nas condições exigidas para a autorização de introdução Suspensão e recolha
no mercado, de acordo com o previsto na lei, se forem 1 — O fabricante informa imediatamente o INFARMED
necessários para uma autorização de introdução no mer- de qualquer deficiência de qualidade susceptível de con-
cado posterior. duzir à recolha ou a restrições anormais de fornecimento
5 — Os documentos previstos no presente artigo são de medicamentos ou de medicamentos experimentais, bem
colocados à disposição dos trabalhadores, funcionários como, na medida do possível, indicar todos os países de
ou agentes do INFARMED e de outras autoridades com- destino.
petentes, durante os prazos previstos nos n.os 2 e 3 do 2 — O fabricante ou o titular da autorização de intro-
presente artigo. dução no mercado comunicam imediatamente ao INFAR-
Artigo 69.º MED qualquer acção empreendida no sentido de suspen-
der ou retirar do mercado um medicamento, acompanhada
Tratamento de dados
da respectiva fundamentação, quando a mesma disser
1 — O fabricante valida previamente os sistemas elec- respeito à eficácia do medicamento ou à protecção da
trónicos, fotográficos ou, de qualquer forma, não escri- saúde pública.
tos, de tratamento de dados, através da comprovação da 3 — A decisão de recolha e os respectivos motivos
adequação do armazenamento dos dados durante o perí- devem ser imediatamente levados ao conhecimento da
odo previsto de armazenamento. Agência e, quando possa estar em causa a saúde públi-
2 — Os dados armazenados nestes sistemas devem ca em Estados terceiros, à Organização Mundial de Saúde.
poder ser rapidamente disponibilizados em formato legí- 4 — O fabricante de medicamentos experimentais fica
vel e a pedido das autoridades competentes. obrigado a implementar, em colaboração com o promotor,
3 — Os dados armazenados electronicamente são pro- um sistema eficaz para retirar prontamente e a qualquer
tegidos por métodos de segurança, tais como a duplica- momento os medicamentos experimentais colocados na
ção ou cópias de segurança e transferência para outro rede de distribuição.
sistema de armazenamento, de forma a evitar a sua perda 5 — O promotor fica obrigado a implementar um pro-
ou danificação, devendo ainda ser mantidos registos de cedimento que permita, sob sua responsabilidade, quebrar
verificação. rapidamente o código de identificação do medicamento
4 — À matéria regulada no presente artigo é aplicável, ocultado, se e quando tal seja necessário para recolher
com as devidas adaptações, o disposto no artigo anterior. prontamente o medicamento do mercado, tal como referi-
do no número anterior.
Artigo 70.º
SECÇÃO II
Auto-inspecções
Importação e exportação
1 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei,
o fabricante fica obrigado a realizar repetidas auto-inspec- Artigo 73.º
ções, integradas no sistema de garantia da qualidade, com
Autorização de importação
vista ao acompanhamento da aplicação e observância das
boas práticas de fabrico e à introdução das medidas de 1 — A importação de medicamentos está sujeita a au-
correcção necessárias. torização do INFARMED.
2 — O fabricante mantém registos das auto-inspecções 2 — Exceptuam-se do disposto no número anterior os
realizadas, bem como de quaisquer medidas de correcção medicamentos importados de Estados terceiros com os
subsequentes. quais a Comunidade Europeia tenha estabelecido acordos
Artigo 71.º que tenham por efeito dispensar a autorização nacional
de importação.
Reclamações
Artigo 74.º
1 — O fabricante fica obrigado a dispor de um sistema
Regime de importação
de registo e de análise de reclamações.
2 — Todas as reclamações relativas a deficiências de 1 — À importação de medicamentos de Estados tercei-
qualidade de medicamentos e de medicamentos experimen- ros em relação à Comunidade Europeia aplica-se, com as
tais são devidamente registadas e investigadas pelo fa- necessárias adaptações, o disposto na secção anterior, em
bricante. especial nos artigos 56.º, 57.º, 59.º, 61.º e nos n.os 1, 2 e 4
3 — O sistema de registo e análise de reclamações re- do artigo 62.º, sem prejuízo do disposto nos números
lativas a medicamentos experimentais é implementado em seguintes.
6318 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
b) Vender medicamentos não sujeitos a receita médica 2 — Só podem ser objecto de importação paralela os
a pessoas singulares ou colectivas autorizadas, por força medicamentos que:
da lei, a vender medicamentos ao público;
a) Em relação ao medicamento considerado, tenham a
c) Transaccionar medicamentos livremente entre si;
d) Vender medicamentos a estabelecimentos e serviços mesma composição quantitativa e qualitativa em substân-
de saúde, públicos ou privados, e a instituições de soli- cias activas, a mesma forma farmacêutica e as mesmas
dariedade social sem fins lucrativos, que disponham de indicações terapêuticas;
serviço médico e farmacêutico, bem como de regime de b) Tenham uma origem comum;
internamento, desde que os medicamentos adquiridos se c) Na falta de origem comum, a autorização não repre-
destinem ao seu próprio consumo e estes estabelecimen- sente um risco para a saúde pública;
tos, serviços e instituições se encontrem devidamente d) Utilizem excipientes diferentes ou em quantidades
autorizados para o efeito pelo INFARMED; diferentes sem incidência terapêutica.
e) Vender determinado medicamento a entidades públi-
cas ou privadas a quem o INFARMED haja concedido, 3 — Consideram-se como tendo origem comum os me-
por razões fundamentadas de saúde pública ou para per- dicamentos fabricados noutro Estado membro por uma
mitir o normal exercício da sua actividade, uma autoriza- empresa ligada contratualmente à empresa titular da au-
ção de aquisição directa do medicamento em questão, torização de introdução no mercado em Portugal ou a uma
desde que seja assegurado o acompanhamento individu- empresa do mesmo grupo de sociedades.
alizado dos lotes e adoptadas as medidas cautelares ade- 4 — O disposto no alínea b) do n.º 2 e no número ante-
quadas. rior aplica-se igualmente no caso da empresa titular da
autorização de introdução no mercado em Portugal fabri-
2 — O INFARMED publica, na sua página electrónica, car ou comercializar em Portugal o medicamento em virtude
as autorizações concedidas nos termos do número ante- de um acordo estabelecido com uma empresa contratual-
rior, bem como, anualmente, a lista das entidades autori- mente ligada à empresa titular da autorização de introdu-
zadas. ção no mercado no Estado membro de proveniência.
3 — A autorização referida na alínea e) do n.º 1 é con- 5 — Incumbe ao requerente, em caso de dúvida, de-
cedida para uma única operação de aquisição directa de monstrar que a autorização de importação paralela de
medicamentos e obedece aos requisitos e condições fixa- medicamento, que não tenha uma origem comum ou que
dos pelo INFARMED na respectiva autorização. apresente excipientes diferentes ou os mesmos excipien-
tes em quantidades diferentes em relação ao medicamen-
to considerado, não representa um risco para a saúde
SECÇÃO II
pública e, no caso dos excipientes, não tem qualquer in-
Importação paralela cidência sobre a eficácia terapêutica ou segurança do
medicamento.
Artigo 80.º Artigo 82.º
Objecto Notificação
1 — A importação paralela de medicamentos rege-se 1 — A importação paralela é notificada previamente:
pelo disposto no presente decreto-lei, com as alterações
resultantes do disposto na presente secção. a) Ao titular da autorização de introdução no mercado
2 — A presente secção não prejudica a aplicação do no Estado membro de proveniência do medicamento ob-
regime previsto para a importação de medicamentos de jecto de importação paralela;
Estados terceiros ou de disposições constantes de con- b) Ao titular da autorização de introdução no mercado
venções internacionais que vinculem os Estados membros. em Portugal do medicamento considerado.
apresentar, com um dos seguintes fundamentos relativa- 3 — O requerimento é acompanhado dos seguintes ele-
mente ao medicamento objecto do pedido: mentos:
a) Não ser idêntico ou essencialmente similar ao medi- a) Tradução oficial do certificado de autorização de
camento considerado; introdução no mercado do medicamento objecto de im-
b) Ser embalado ou acondicionado de modo a prejudi- portação paralela;
car a reputação ou a identidade do medicamento consi- b) Rotulagem e folheto informativo do medicamento
derado, ou com nome diferente; autorizado em Portugal;
c) Ser apresentado com alterações ao seu estado ori- c) Declaração do requerente atestando que o estado
ginal; original do medicamento objecto de importação paralela
d) Não ter sido colocado no mercado do Estado mem- não será, em qualquer momento, alterado;
bro de importação pelo titular da autorização ou com o d) Declaração do requerente sobre se a importação
seu consentimento; paralela implica, por força das disposições legais em vi-
e) Ser proveniente de um Estado membro abrangido gor em Portugal, a alteração da apresentação do medica-
por disposições derrogatórias ou complementares resul- mento, face àquela existente no Estado membro de pro-
tantes do Acto de adesão à União e Comunidades Euro- veniência;
peias de Chipre, da Eslováquia, da Eslovénia, da Estónia, e) Certificado de boas práticas de fabrico emitido pela
da Hungria, da Letónia, da Lituânia, de Malta, da Polónia autoridade competente do Estado membro onde se pro-
e da República Checa, assinado em Atenas a 16 de Abril cede à operação de re-embalagem do medicamento objec-
de 2003, ratificado pelo Decreto do Presidente da Repú- to de importação paralela, se for diferente do fabricante
blica n.º 4-A/2004, de 15 de Janeiro, e em vigor desde 1 do medicamento no Estado membro de proveniência;
de Maio de 2004. f) Comprovativo das notificações referidas no artigo
anterior;
Artigo 83.º g) Documento contendo os elementos relativos ao res-
Requerimento e autorização ponsável pela farmacovigilância em Portugal, previstos no
anexo II;
1 — A importação paralela é objecto de autorização, a h) Comprovativo do pagamento da taxa devida;
conceder pelo INFARMED no prazo de 45 dias, conta- i) Quaisquer outros elementos que devam acompanhar
dos da apresentação de requerimento válido. os requerimentos para a concessão de uma autorização
2 — O requerimento é dirigido ao presidente do órgão de introdução no mercado ao abrigo do disposto no pre-
máximo do INFARMED, instruído com os seguintes ele- sente decreto-lei, sempre que tal seja considerado con-
mentos: veniente, através de regulamento do INFARMED.
a) Nome ou firma e domicílio ou sede do requerente e,
4 — O certificado referido na alínea e) do número an-
quando aplicável, do seu representante legal;
terior apenas é apresentado caso os fabricantes não es-
b) Número de identificação atribuído pelo Registo Na-
tejam autorizados em Portugal.
cional de Pessoas Colectivas ou número fiscal de contri-
5 — O prazo previsto no n.º 1 interrompe-se sempre
buinte, excepto se o requerente tiver a sua sede, domicí-
que ao requerente seja exigida a correcção de deficiênci-
lio ou estabelecimento principal noutro Estado membro;
as do requerimento previsto no n.º 2 ou dos elementos
c) Estado membro de proveniência do medicamento e transmitidos ao abrigo do n.º 3, reiniciando-se com a re-
identificação da autoridade que autorizou a introdução do cepção dos elementos em falta.
medicamento no mercado nesse país; 6 — Para efeitos do disposto no presente artigo, ape-
d) Nome do medicamento no Estado membro de pro- nas o requerente é responsável pela exactidão dos docu-
veniência e nome ou firma e domicílio ou sede do titular mentos e dos dados que apresente.
da autorização; 7 — A decisão de autorização é notificada ao reque-
e) Composição quantitativa e qualitativa em substân- rente, produzindo efeitos após publicação na página elec-
cias activas, dosagem, forma farmacêutica e via de admi- trónica do INFARMED.
nistração do medicamento objecto de importação paralela;
f) Nome e número de registo de autorização de intro-
Artigo 84.º
dução no mercado do medicamento considerado;
g) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular de Indeferimento
autorização de introdução no mercado em Portugal do
1 — O requerimento é indeferido sempre que se verifi-
medicamento considerado;
que um ou ambos os casos seguintes:
h) Nome ou firma e domicílio ou sede do fabricante que
efectua a operação de re-embalagem do medicamento a) Não esteja preenchida qualquer das condições es-
objecto de importação paralela e do distribuidor por gros- tabelecidas nos artigos 81.º a 83.º;
so, se for diferente; b) A garantia da saúde pública o exija.
i) Termo de responsabilidade pelo qual o importador
paralelo se obriga a cumprir as demais condições resul- 2 — A decisão, devidamente fundamentada, é notifica-
tantes da legislação portuguesa aplicável, nomeadamente da ao requerente.
em matéria de distribuição por grosso e farmacovigilân- Artigo 85.º
cia;
Obrigações do importador paralelo
j) Preço a praticar;
l) Outros elementos considerados necessários pelo 1 — Obtida a autorização, o importador paralelo fica
INFARMED, através de regulamento. sujeito às obrigações que resultam da lei para o titular
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6321
Artigo 93.º
Artigo 94.º
Autorização excepcional
Autorização
1 — O INFARMED pode autorizar, por razões funda-
mentadas de saúde pública, ainda que abrangidas pelo 1 — A actividade de distribuição por grosso de medi-
disposto no artigo anterior, a comercialização de medica- camentos depende sempre de autorização do INFAR-
mentos que não beneficiem de autorização ou registo MED, salvo nos casos previstos no artigo seguinte.
válidos em Portugal ou que não tenham sido objecto de 2 — A actividade de distribuição por grosso de medi-
um pedido de autorização ou registo válido. camentos pode ser exercida a título principal ou acessório.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6323
3 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei, m) Prazo de utilização após reconstituição do medica-
o regime de comparticipação do Estado no preço dos mento ou primeira abertura do acondicionamento primá-
medicamentos está sujeito a legislação especial e à regu- rio, quando for caso disso;
lamentação adoptada em sua aplicação. n) Precauções particulares de conservação, quando for
4 — Salvo disposição em contrário, os medicamentos caso disso;
comparticipados que não tenham sido introduzidos no o) Precauções especiais para a eliminação dos medica-
mercado como medicamentos genéricos mas tenham sido mentos não utilizados ou dos resíduos ou detritos deles
objecto do procedimento previsto no n.º 3 do artigo 31.º provenientes, fazendo referência ao sistema apropriado de
mantêm automaticamente a respectiva comparticipação, eliminação;
devendo para o efeito notificar as entidades competen- p) Preço de venda ao público;
tes, com a antecedência mínima de 30 dias, do novo pre- q) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular da
ço a praticar, aprovado nos termos gerais. autorização de introdução no mercado e, quando for caso
disso, do representante local;
CAPÍTULO V r) Número de registo de autorização de introdução no
mercado do medicamento;
Rotulagem e folheto informativo
s) Número do lote de fabrico;
Artigo 104.º t) As expressões «Amostra gratuita», «Proibida a ven-
da ao público» ou outras semelhantes, quando for caso
Princípio geral disso;
u) Elementos que garantam a identidade e autenticida-
É proibido fornecer ao público medicamentos em acon-
de do medicamento, definidos ao abrigo do disposto no
dicionamentos que não estejam rotulados ou que não
artigo 13.º e no n.º 2 do artigo 109.º
contenham folhetos informativos conformes ao disposto
no presente capítulo.
2 — O acondicionamento secundário pode incluir sinais
Artigo 105.º ou imagens, previstos em regulamentação especial, desti-
Rotulagem nados a explicar certas informações mencionadas no nú-
mero anterior, bem como outras informações compatíveis
1 — Salvo disposição legal em contrário, a rotulagem do com o resumo das características do medicamento e úteis
acondicionamento secundário e, caso não exista, do acon- para o doente, sendo excluído todo e qualquer elemento
dicionamento primário, contém as seguintes indicações: de carácter publicitário.
a) Nome do medicamento, seguido da denominação 3 — Quando contidos em acondicionamentos secundá-
comum, quando o medicamento não contenha a associa- rios em conformidade com o disposto no n.º 1, os acondi-
ção fixa de mais de três substâncias activas, das dosa- cionamentos primários sob forma de fita contentora inclu-
gens, forma farmacêutica e, quando aplicável, da menção em, pelo menos, as seguintes menções:
para lactentes, crianças ou adultos; a) Nome do medicamento, tal como previsto na
b) Composição qualitativa e quantitativa das substân- alínea a) do n.º 1;
cias activas por unidade de administração, volume ou b) Nome do titular da autorização de introdução no
peso, determinados segundo a forma de administração, mercado;
devendo utilizar-se as denominações comuns, sempre que c) Prazo de validade;
existam; d) Número do lote de fabrico.
c) Apresentação e conteúdo em peso, volume ou nú-
mero de unidades; 4 — As ampolas e outros pequenos acondicionamen-
d) Lista dos excipientes com acção ou efeito notório tos primários contendo uma dose unitária e nos quais não
cujo conhecimento seja necessário para a utilização con- seja possível mencionar todas as referências previstas nos
veniente do medicamento, devendo ser indicados todos números anteriores devem conter:
os excipientes no caso de preparações injectáveis, pre-
parações de aplicação tópica ou colírios; a) Nome do medicamento, tal como previsto na
e) Modo e, se necessário, a via de administração, dis- alínea a) do n.º 1 e a via de administração;
pondo de um espaço adequado e especificamente desti- b) Número do lote de fabrico;
nado à inscrição, pelo farmacêutico, da posologia pres- c) Prazo de validade;
crita; d) Conteúdo em peso, volume ou unidade.
f) A expressão «Manter fora do alcance e da vista das
crianças»; 5 — No caso de existir mais de uma dosagem do mes-
g) Classificação do medicamento relativamente à dis- mo medicamento na mesma forma farmacêutica ou formas
pensa ao público, nos termos do disposto no artigo 113.º; farmacêuticas diferentes, em dosagens distintas ou não,
h) Indicações de utilização dos medicamentos não su- do mesmo medicamento, a rotulagem apresenta-se de for-
jeitos a receita médica; ma devidamente diferenciada por forma a evitar erros de
i) Pictograma adequado a alertar para os efeitos do utilização, devendo, nomeadamente e sem prejuízo de re-
consumo do medicamento sobre a capacidade de condu- gulamentação do INFARMED, o acondicionamento secun-
ção ou utilização de máquinas, sempre que aplicável; dário indicar obrigatoriamente a dosagem a que se refere,
j) A expressão «Uso externo», impressa em fundo ver- utilizando cor diferente ou caracteres diferentes dos utili-
melho, quando for caso disso; zados para a identificação das restantes dosagens, de
l) Prazo de validade, incluindo mês e ano; modo a garantir a fácil diferenciação.
6326 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
6 — Se o medicamento não se destinar a ser fornecido iii) Frequência da administração, se necessário indican-
ao doente para automedicação, o INFARMED pode au- do o momento em que o medicamento pode ou deve ser
torizar a não inclusão de determinadas menções na rotu- administrado.
lagem, designadamente as indicações terapêuticas.
7 — O acondicionamento secundário dos medicamen- f) Quando for caso disso, em função da natureza do
tos apresenta ainda o nome do medicamento, na medida medicamento, outras informações relevantes para a utili-
do possível com os elementos previstos na alínea a) do zação do medicamento, tais como:
n.º 1, em braille.
i) A duração do tratamento, quando deva ser limitado;
8 — O acondicionamento secundário dos medicamen-
tos comparticipados está sujeito ao regime de limites mí- ii) As medidas a adoptar em caso de sobredosagem
nimos e máximos das apresentações, a definir por porta- ou intoxicação, nomeadamente os sintomas, as medidas
ria do Ministro de Saúde. de urgência e os antídotos;
9 — Além do disposto nos números anteriores, os iii) As instruções sobre a atitude a tomar quando for
medicamentos comparticipados podem incluir outros ele- omitida a administração de uma ou mais doses;
mentos que se justifiquem, atendendo à sua natureza ou iv) A indicação de eventuais efeitos de privação, em
ao disposto em regulamentação especial. caso de suspensão do tratamento; ou
10 — O medicamento genérico deve ser identificado v) Uma recomendação específica para consultar o mé-
pelo seu nome, seguido da dosagem, da forma farmacêu- dico ou o farmacêutico, para qualquer esclarecimento re-
tica e da sigla “MG”, que devem constar do seu acondi- lativo à utilização do medicamento.
cionamento secundário.
g) Descrição das reacções adversas que podem surgir
com a normal utilização do medicamento, bem como das
Artigo 106.º medidas a adoptar, incluindo a indicação de que deve ser
Folheto informativo comunicada ao médico ou farmacêutico qualquer reacção
adversa não descrita no folheto informativo;
1 — Com excepção dos medicamentos a que seja con-
h) Chamada de atenção para o prazo de validade ins-
cedida autorização especial nos termos do artigo 92.º, é
crito no acondicionamento secundário ou no acondicio-
obrigatória a inclusão de um folheto informativo na em-
namento primário, incluindo:
balagem que contém o medicamento, excepto se a infor-
mação por ele veiculada constar do acondicionamento i) Advertência quanto aos perigos de não ser respei-
primário ou do acondicionamento secundário. tado tal prazo;
2 — O folheto informativo destina-se a informar o do- ii) Precauções específicas de conservação, quando for
ente e deve dizer apenas respeito a um medicamento, não caso disso;
podendo fazer referência a outros e, quando tal seja de- iii) Indicação dos principais sinais visíveis de deterio-
terminado pelo INFARMED para garantir a segurança na ração do medicamento, quando for caso disso;
sua utilização, pode dizer apenas respeito a determinadas iv) Composição qualitativa completa em substâncias
dosagens ou formas farmacêuticas de um mesmo medica- activas e excipientes, bem como a composição quantitati-
mento. va, para cada apresentação do medicamento, em substân-
3 — O folheto informativo é elaborado em conformida- cias activas, utilizando as denominações comuns;
de com o resumo das características do medicamento, v) Forma farmacêutica e respectivo conteúdo em peso,
devidamente actualizado, e contém os elementos seguin- volume ou número de unidades, por apresentação do
tes, pela ordem indicada: medicamento;
vi) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular da
a) Nome do medicamento, seguido das suas dosagens,
autorização de introdução no mercado e, quando for caso
forma farmacêutica e, quando for caso disso, da menção
disso, do representante local;
para lactentes, crianças ou adultos; deve ainda incluir a
vii) Nome ou firma e domicílio ou sede do fabricante.
denominação comum, se o medicamento contiver apenas
uma substância activa e o seu nome for um nome de fan-
i) Se o medicamento tiver sido autorizado ao abrigo dos
tasia;
procedimentos de reconhecimento mútuo ou descentrali-
b) Categoria farmacoterapêutica ou tipo de actividade,
zado, o nome do medicamento em cada um dos Estados
em termos facilmente compreensíveis para o doente;
membros, se for diferente;
c) Indicações terapêuticas;
j) Data da aprovação ou da última revisão aprovada
d) Informações relevantes para a utilização do medica-
do folheto informativo.
mento:
i) Contra-indicações; 4 — As informações previstas na alínea d) do número
ii) Precauções de utilização adequadas; anterior devem:
iii) Interacções medicamentosas e outras, designada-
a) Ter em conta os efeitos em grávidas, lactentes,
mente com álcool, tabaco ou alimentos, susceptíveis de
crianças, idosos e em doentes com patologias especiais;
afectar a acção do medicamento;
b) Mencionar os efeitos potenciais sobre a capacida-
iv) Advertências especiais.
de de condução e utilização de máquinas, devendo, quan-
do existam, ser acompanhados do pictograma previsto na
e) Instruções de utilização, incluindo:
alínea i) do n.º 1 do artigo 105.º;
i) Posologia; c) Indicar os excipientes cujo conhecimento seja impor-
ii) Modo e via de administração; tante para uma utilização eficaz e segura do medicamen-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6327
to, devendo ser indicados todos os excipientes no caso nistro da Saúde, relativas à rotulagem e folheto informativo
de produtos injectáveis, preparações de aplicação tópica dos medicamentos e sobre os seguintes aspectos:
e colírios.
a) Formulação de advertências especiais, no que res-
5 — O folheto informativo pode incluir sinais ou ima-
peita a determinadas categorias de medicamentos ou à
gens destinados a explicar certas informações menciona- utilização na composição de medicamentos de certas subs-
das no n.º 3, bem como outras informações compatíveis tâncias com acção ou efeito conhecido;
com o resumo das características do medicamento e úteis b) Necessidades específicas de informação relativas a
para o doente, sendo excluído todo e qualquer elemento medicamentos não sujeitos a receita médica;
de carácter publicitário. c) Legibilidade das menções inscritas na rotulagem ou
6 — O presidente do órgão máximo do INFARMED, no folheto informativo, designadamente nos casos previs-
ouvida a comissão técnica especializada competente, pode tos na segunda parte do n.º 2 do artigo 106.º;
decidir da omissão no folheto informativo de algumas d) Método de identificação e autenticação dos medi-
indicações terapêuticas cuja difusão seja susceptível de camentos ou das diferentes dosagens de uma mesma
trazer graves inconvenientes ao doente. substância activa, designadamente quanto ao tipo de
codificação ou às cores a utilizar;
Artigo 107.º e) Lista dos excipientes que devem constar da rotula-
gem dos medicamentos, bem como do modo de indica-
Redacção e legibilidade ção dos referidos excipientes;
f) Aplicação na rotulagem do disposto nas alíneas l),
1 — As inscrições constantes da rotulagem e do fo-
p), r) e s) do n.º 1 do artigo 105.º;
lheto informativo são redigidas em língua portuguesa, em
g) O ou os pictogramas a que se refere a alínea i) do
termos indeléveis, facilmente legíveis, claros, compreen- n.º 1 do artigo 105.º
síveis e fáceis de utilizar para o doente, devendo os re-
querentes da autorização ou registo proceder à realização 2 — O disposto na alínea u) do n.º 1 do artigo 105.º e
de testes de legibilidade junto do público-alvo de doen- no artigo 123.º é definido por portaria do Ministro da
tes e reflectir em cada formato do folheto informativo o Saúde, podendo, nomeadamente:
resultado destes testes.
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o a) Exigir a inserção de menções que se mostrem ne-
conteúdo da rotulagem e do folheto informativo pode cessárias, designadamente por razões de protecção da
constar simultaneamente noutras línguas. saúde pública ou de conferência de facturação;
3 — No caso de certos medicamentos órfãos, as men- b) Determinar a inutilização, pela indústria ou por ou-
ções referidas no artigo 105.º podem ser redigidas só numa trem, de etiquetas, do regime de comparticipação ou de
das línguas da Comunidade, após a apresentação de pe- outros elementos aí previstos;
c) Permitir que o órgão máximo do INFARMED autori-
dido fundamentado.
ze a sobreposição, pela indústria ou por outrem, de eti-
4 — O titular da autorização de introdução no merca-
quetas ou de autocolantes, em casos devidamente justi-
do disponibiliza, a pedido de uma organização represen- ficados.
tativa de doentes ou de um estabelecimento ou serviço
de saúde, uma versão do folheto informativo em forma- Artigo 110.º
tos apropriados para consulta por pessoas com deficiên- Responsabilidade
cia visual.
O fabricante e o titular da autorização de introdução
Artigo 108.º
no mercado são responsáveis criminal, contra-ordenacio-
Suspensão da autorização nal e civilmente pelo incumprimento do disposto no pre-
sente capítulo, ainda que o INFARMED não se haja opos-
1 — Em caso de incumprimento do disposto no presen- to à autorização de introdução no mercado, ou ao registo,
te capítulo, o titular da autorização de introdução no e suas alterações ou à alteração da rotulagem ou do fo-
mercado é notificado pelo INFARMED para proceder, no lheto informativo.
prazo por este fixado e que não deve exceder os quaren-
ta e cinco dias, às correcções devidas.
CAPÍTULO VI
2 — O incumprimento do disposto no número anterior
pelo titular da autorização de introdução no mercado Ensaios clínicos e boas práticas clínicas
determina a suspensão da autorização de introdução no
mercado até que a rotulagem ou o folheto informativo do Artigo 111.º
medicamento em causa estejam em conformidade com o Ensaios clínicos
disposto no presente decreto-lei.
3 — A suspensão implica a retirada do medicamento do Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei, o
mercado, no prazo fixado na respectiva decisão ou em regime jurídico aplicável aos ensaios clínicos e à utiliza-
regulamento do INFARMED. ção de medicamentos, nomeadamente experimentais, em
ensaios clínicos em seres humanos rege-se por legislação
Artigo 109.º especial.
Artigo 112.º
Regulamentação
Boas práticas clínicas
1 — Sem prejuízo do regime comunitário aplicável aos
medicamentos órfãos, o órgão máximo do INFARMED pode 1 — Os princípios e directrizes pormenorizadas de boas
definir normas especiais, homologadas por portaria do Mi- práticas clínicas, bem como a autorização de fabrico ou
6328 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
a) Medicamentos de receita médica renovável; São passíveis de receita médica renovável os medica-
b) Medicamentos de receita médica especial; mentos sujeitos a receita médica que se destinem a de-
c) Medicamentos de receita médica restrita, de utiliza- terminadas doenças ou a tratamentos prolongados e pos-
ção reservada a certos meios especializados. sam, no respeito pela segurança da sua utilização, ser
adquiridos mais de uma vez, sem necessidade de nova
3 — O Ministro da Saúde pode, ouvido o INFARMED,
prescrição médica.
criar outras classificações, designadamente se razões de
gestão do risco o justificarem. Artigo 117.º
4 — A decisão de autorização classifica o medicamen- Receita médica especial
to, para os efeitos do presente capítulo, de acordo com
os critérios definidos na lei e regulamentados por porta- Estão sujeitos a receita médica especial os medicamen-
ria do Ministro da Saúde. tos que preencham uma das seguintes condições:
5 — Os medicamentos homeopáticos e os medicamen-
tos tradicionais à base de plantas são classificados como a) Contenham, em dose sujeita a receita médica, uma
medicamentos não sujeitos a receita médica, salvo se substância classificada como estupefaciente ou psicotró-
estiverem preenchidos quaisquer dos requisitos previstos pico, nos termos da legislação aplicável;
no artigo 114.º b) Possam, em caso de utilização anormal, dar origem
6 — Quando uma alteração da classificação tenha sido a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar toxi-
autorizada com base em ensaios pré-clínicos ou clínicos codependência ou ser utilizados para fins ilegais;
significativos, o INFARMED não fará, durante o período c) Contenham uma substância que, pela sua novidade
de um ano após a primeira alteração, referência aos re- ou propriedades, se considere, por precaução, dever ser
sultados dos ensaios aquando do exame de um pedido incluída nas situações previstas na alínea anterior.
apresentado por outro requerente ou titular de uma auto-
rização de introdução no mercado, para efeitos de altera-
Artigo 118.º
ção da classificação do mesmo medicamento.
Receita médica restrita
Artigo 114.º
1 — Estão sujeitos a receita médica restrita os medica-
Medicamentos sujeitos a receita médica mentos cuja utilização deva ser reservada a certos meios
1 — Estão sujeitos a receita médica os medicamentos especializados por preencherem, designadamente, uma das
que preencham uma das seguintes condições: seguintes condições:
a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, a) Destinarem-se a uso exclusivo hospitalar, devido às
directa ou indirectamente, mesmo quando usados para o suas características farmacológicas, à sua novidade, ou
fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilân- por razões de saúde pública;
cia médica; b) Destinarem-se a patologias cujo diagnóstico seja
b) Possam constituir um risco, directo ou indirecto, para efectuado apenas em meio hospitalar ou estabelecimen-
a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quan- tos diferenciados com meios de diagnóstico adequados,
tidades consideráveis para fins diferentes daquele a que ainda que a sua administração e o acompanhamento dos
se destinam; pacientes possam realizar-se fora desses meios;
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6329
gem dos medicamentos experimentais deve assegurar a ou do medicamento, antes da sua introdução no merca-
protecção dos participantes e a rastreabilidade, permitir a do, salvo se, tendo o lote sido fabricado noutro Estado
identificação do medicamento experimental e do ensaio e membro, tiver sido analisado e aprovado pela respectiva
facilitar o uso adequado desses mesmos medicamentos. autoridade competente.
Internacional da Energia Atómica relativa à segurança do 3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, os importado-
transporte de materiais radioactivos, sem prejuízo do dis- res de sangue ou plasma humanos de Estados terceiros
posto nos números seguintes. devem certificar o cumprimento das medidas de seguran-
2 — A rotulagem da blindagem de protecção inclui, ça referidas no presente artigo.
além das especificações referidas no artigo 106.º, todas
as explicações relativas aos códigos utilizados no reci- Artigo 135.º
piente e, quando for caso disso, indica, para uma hora e
data determinadas, a actividade radioactiva por dose ou Controlo
por recipiente e o número de cápsulas ou, para os líqui-
dos, o número de mililitros contidos no recipiente. 1 — A fim de evitar a contaminação viral específica, o
3 — A rotulagem do recipiente contém as seguintes fabricante fica obrigado a comunicar ao INFARMED o
informações: método utilizado para reduzir ou eliminar os agentes pa-
togénicos susceptíveis de ser transmitidos pelos medica-
a) O número de registo de autorização de introdução mentos derivados do sangue ou do plasma humanos.
no mercado do medicamento, incluindo a designação ou 2 — Os processos de fabrico e de purificação utiliza-
o símbolo químico do radionúclido; dos na produção de medicamentos derivados do sangue
b) A identificação do lote e data de validade; ou do plasma humanos são devidamente validados, de
c) O símbolo internacional da radioactividade; modo a assegurar continuamente a conformidade dos lo-
d) O nome e o endereço do fabricante; tes e garantir, na medida do conhecimento técnico mais
e) A actividade radioactiva por dose, tal como especi- actual, a ausência de contaminação viral específica.
ficado no número anterior. 3 — O INFARMED pode determinar a realização de um
controlo laboratorial, para efeitos da certificação prevista
Artigo 131.º no n.º 3 do artigo anterior, durante a instrução do reque-
rimento de autorização de introdução no mercado ou após
Folheto informativo
a emissão desta autorização.
O texto do folheto informativo inclui ainda as precau- 4 — Nos casos previstos nos números anteriores, pode
ções a tomar pelo utilizador e pelo doente durante a pre- ainda ser exigida a submissão a controlo laboratorial, nos
paração e a administração do medicamento e as precau- termos e prazos previstos no presente decreto-lei, de
ções especiais para eliminar o acondicionamento primário amostras de cada lote do produto a granel ou do medi-
e o seu conteúdo não utilizado. camento, antes da sua introdução no mercado, salvo se,
tendo o lote sido fabricado noutro Estado membro, este
tiver sido analisado e aprovado pela autoridade compe-
SECÇÃO IV
tente desse Estado membro.
Medicamentos derivados do sangue ou do plasma humanos
SECÇÃO V
Artigo 132.º
Âmbito Medicamentos homeopáticos
artigo 179.º, no n.º 1 do artigo 180.º, nos artigos 181.º a d) Através do fornecimento de amostras ou de bonifi-
185.º e no n.º 2 do artigo 196.º cações comerciais a qualquer das pessoas abrangidas pelo
disposto na alínea b);
SECÇÃO VII e) Através da concessão, oferta ou promessa de be-
nefícios pecuniários ou em espécie, excepto quando o seu
Medicamentos contendo estupefacientes e substâncias psicotrópicas valor intrínseco seja insignificante;
f) Pela via do patrocínio de reuniões de promoção a
Artigo 148.º que assistam pessoas abrangidas pelo disposto na
Regime aplicável alínea b);
g) Pela via do patrocínio a congressos ou reuniões de
Os medicamentos em cuja composição se incluam es-
carácter científico em que participem pessoas referidas na
tupefacientes ou substâncias psicotrópicas estão sujeitos
alínea b), nomeadamente pelo pagamento, directo ou in-
às disposições deste decreto-lei e à demais legislação
aplicável. directo, dos custos de acolhimento;
h) Através da referência ao nome comercial de um
SECÇÃO VIII medicamento.
Gases medicinais
2 — A publicidade de medicamentos pode ser realiza-
Artigo 149.º da directamente pelo titular de autorização ou registo de
Regime
um medicamento ou, em nome deste, por terceiro, sem pre-
juízo do disposto no presente decreto-lei.
1 — Estão sujeitos ao presente decreto-lei e ao dispos- 3 — A publicidade de medicamentos:
to na legislação relativa às boas práticas de fabrico os
gases medicinais que preencham a noção de medicamen- a) Deve conter elementos que estejam de acordo com
to e que sejam fabricados de acordo com o disposto no as informações constantes do resumo das características
n.º 1 do artigo 2.º, sem prejuízo do disposto em legisla- do medicamento, tal como foi autorizado;
ção especial ou na regulamentação adoptada ao abrigo b) Deve promover o uso racional dos medicamentos,
do n.º 4. fazendo-o de forma objectiva e sem exagerar as suas pro-
2 — Os gases medicinais devem cumprir as exigências priedades;
técnicas de qualidade constantes da farmacopeia portu- c) Não pode ser enganosa.
guesa ou, na sua falta, da farmacopeia europeia ou de
uma farmacopeia de outro Estado membro, só podendo Artigo 151.º
ser autorizados, nos restantes casos, após um processo
Âmbito de exclusão
completo de avaliação da qualidade, segurança e eficá-
cia. 1 — Salvo disposição em contrário, o presente capítulo
3 — Os gases medicinais que contenham o mesmo não se aplica:
componente com diferentes qualidades segundo várias far-
macopeias são considerados produtos diferentes, para a) À rotulagem e ao folheto informativo que acompa-
efeitos da respectiva autorização de introdução no mer- nham os medicamentos, aprovadas ao abrigo do presen-
cado. te decreto-lei ou da legislação comunitária aplicável;
4 — A disciplina jurídica aplicável ao acondicionamen- b) À correspondência necessária para dar resposta a
to, primário ou secundário, à rotulagem, ao folheto infor- uma pergunta específica sobre determinado medicamen-
mativo, à direcção técnica, ao transporte, à distribuição, to, eventualmente acompanhada de qualquer documento,
à comercialização, ao fornecimento e à entrega domiciliá- desde que não contenha qualquer elemento de carácter
ria a doentes de gases medicinais é definida por regula- publicitário;
mento do INFARMED. c) Às informações concretas e aos documentos de
referência relativos às alterações do acondicionamento
CAPÍTULO IX secundário, às advertências sobre as reacções adversas
no âmbito da farmacovigilância, bem como aos catálogos
Publicidade de venda e às listas de preços, desde que não contenham
qualquer outra informação sobre o medicamento;
Artigo 150.º d) Às informações relativas à saúde humana ou a do-
Definição enças humanas, desde que não façam referência, ainda
que indirecta, a um medicamento.
1 — Considera-se publicidade de medicamentos, para
efeitos do presente decreto-lei, qualquer forma de infor- 2 — O presente capítulo não se aplica às medidas ou
mação, de prospecção ou de incentivo que tenha por práticas comerciais em matéria de margens, preços e des-
objecto ou por efeito a promoção da sua prescrição, dis- contos.
pensa, venda, aquisição ou consumo em qualquer das
seguintes circunstâncias: Artigo 152.º
Proibição
a) Junto do público em geral;
b) Junto de distribuidores por grosso e dos profissio- 1 — É proibida a publicidade de medicamentos que não
nais de saúde; sejam objecto de uma autorização ou registo válidos para
c) Através da visita de delegados de informação médi- o mercado nacional ou que tenham sido autorizados ao
ca às pessoas referidas na alínea anterior; abrigo do artigo 92.º e 93.º
6336 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
2 — É proibida a publicidade junto do público em geral zado, excepto no que diga respeito às campanhas de
dos medicamentos: vacinação previstas na alínea a) do n.º 3 do artigo 152.º;
e) Se dirija exclusiva ou principalmente a crianças;
a) Sujeitos a receita médica;
f) Faça referência a uma recomendação emanada por
b) Contendo substâncias definidas como estupefacien-
cientistas, profissionais de saúde ou outra pessoa que,
tes ou psicotrópicos, ao abrigo de convenções internacio-
pela sua celebridade, possa incitar ao consumo de medi-
nais que vinculem o Estado português;
camentos;
c) Comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde.
g) Trate o medicamento como um produto alimentar,
produto cosmético ou de higiene corporal ou qualquer
3 — O disposto no número anterior não prejudica:
outro produto de consumo;
a) A realização de campanhas de vacinação efectua- h) Sugira que a segurança ou eficácia do medicamento
das pela indústria, desde que aprovadas pelo INFAR- é devida ao facto de ser considerado um produto natu-
MED; ral;
b) A realização de campanhas de promoção de medi- i) Possa induzir, por uma descrição ou representação
camentos genéricos efectuadas pela indústria desde que detalhada da anamnese, a um falso autodiagnóstico;
aprovadas pelo INFARMED. j) Se refira de forma abusiva, assustadora ou engano-
sa a demonstrações ou garantias de cura;
4 — É proibida a distribuição directa de medicamentos l) Utilize de forma abusiva, assustadora ou enganosas
ao público pela indústria. representações visuais das alterações do corpo humano
5 — É proibida a menção ao nome de um medicamen- causadas por doenças ou lesões, ou da acção de um
to, no patrocínio de todas as iniciativas dirigidas ao pú- medicamento no corpo humano ou em partes do corpo
blico, salvo se a menção for realizada nos termos previs- humano.
tos no presente decreto-lei.
5 — É proibida qualquer forma de publicidade compa-
Artigo 153.º rativa.
Publicidade junto do público
6 — É proibida a distribuição directa de medicamentos
para fins promocionais.
1 — Podem ser objecto de publicidade junto do públi-
co os medicamentos não sujeitos a receita médica, desde Artigo 154.º
que não abrangidos pela alínea c) do n.º 2 do artigo an-
terior. Publicidade junto de profissionais de saúde
2 — A publicidade dos medicamentos junto do públi-
1 — Os medicamentos sujeitos a receita médica só po-
co é inequivocamente identificada enquanto tal, indican-
dem ser anunciados ou publicitados em publicações téc-
do expressamente que se trata de um medicamento e in-
nicas ou suportes de informação destinados e acessíveis
cluindo as informações previstas no número seguinte.
exclusivamente por médicos e outros profissionais de
3 — A publicidade junto do público contém, pelo me-
nos, as seguintes informações: saúde.
2 — A publicidade de medicamentos junto dos profis-
a) Nome do medicamento, bem como a denominação sionais de saúde inclui:
comum, caso o medicamento contenha apenas uma subs-
tância activa, ou a marca; a) O nome do medicamento;
b) Informações indispensáveis ao uso racional do me- b) As informações essenciais compatíveis com o resu-
dicamento, incluindo indicações terapêuticas e precauções mo das características do medicamento;
especiais; c) A classificação do medicamento para efeitos de dis-
c) Aconselhamento ao utente para ler cuidadosamente pensa, nomeadamente indicação de que o medicamento é
as informações constantes do acondicionamento secun- um medicamento sujeito a receita médica, quando for caso
dário e do folheto informativo e, em caso de dúvida ou disso;
de persistência dos sintomas, consultar o médico ou o d) O regime de comparticipação.
farmacêutico.
3 — Quando a publicidade se destinar exclusivamente
4 — A publicidade de medicamentos junto do público a uma chamada de atenção para o nome do medicamen-
não pode conter qualquer elemento que: to, são dispensadas as demais indicações previstas nos
números anteriores.
a) Leve a concluir que a consulta médica ou a inter- 4 — O INFARMED pode identificar e regulamentar as
venção cirúrgica é desnecessária, em particular sugerin- situações em que, tendo em conta o tipo de suporte pu-
do um diagnóstico ou preconizando o tratamento por blicitário utilizado ou os destinatários da publicidade, se
correspondência; justifica:
b) Sugira que o efeito do medicamento é garantido, sem
reacções adversas ou efeitos secundários, com resultados a) A apresentação de uma versão reduzida do resumo
superiores ou equivalentes aos de outro tratamento ou das características do medicamento ou das informações
medicamento; essenciais compatíveis com o resumo das características
c) Sugira que o estado normal de saúde da pessoa do medicamento;
pode ser melhorado através da utilização do medicamento; b) A dispensa da inclusão na documentação publicitá-
d) Sugira que o estado normal de saúde da pessoa ria de algum ou alguns dos elementos considerados obri-
pode ser prejudicado caso o medicamento não seja utili- gatórios, ao abrigo do presente artigo.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6337
3 — O Ministro da Saúde pode definir, por despacho, 4 — O Ministro da Saúde define as regras de partici-
o sentido e âmbito da excepção prevista na parte final do pação dos profissionais de saúde do SNS nas acções ou
n.º 1. eventos abrangidos pelo presente artigo.
4 — Não constitui violação do disposto nos n.os 1 e 2
do presente artigo o pagamento de honorários a profissio-
Artigo 161.º
nais de saúde pela sua participação activa, nomeadamente
através da apresentação de comunicações científicas em Custos de acolhimento
eventos desta natureza ou em acções de formação e de
promoção de medicamentos, desde que, em qualquer caso, 1 — Apenas se consideram custos de acolhimento os
o aludido pagamento não fique dependente ou seja con- encargos com a inscrição, deslocação e estadia dos pro-
trapartida da prescrição ou dispensa de medicamentos. fissionais de saúde participantes nas acções previstas no
5 — Sem prejuízo das atribuições e competências das artigo anterior.
entidades públicas, é proibido efectuar, por qualquer meio 2 — Os custos de acolhimento com a estadia não po-
e a qualquer título, a recolha, o tratamento e a disponi- dem exceder o período compreendido entre o dia anterior
bilização de informações referentes à prescrição de medi- ao do início da acção ou do evento e o dia seguinte ao
camentos por parte de pessoas habilitada a prescrevê-los do termo do evento ou das acções nem comportar qual-
ou a dispensá-los. quer programa ou actividade de carácter social susceptí-
Artigo 159.º vel de prejudicar ou impedir a plena participação nas
sessões de cariz científico e profissional.
Transparência e publicidade
3 — A escolha dos locais de realização das acções e
1 — O patrocínio, por qualquer entidade abrangida pelo dos eventos científicos previstos no artigo anterior, obe-
presente decreto-lei, de congressos, simpósios ou quais- dece a critérios ajustados do ponto de vista profissional
quer acções ou eventos de cariz científico ou de divul- e logístico e envolve, designadamente quanto aos níveis
gação, directa ou indirecta, de medicamentos, deve cons- de hospitalidade, custos financeiros adequados ao fim em
tar da documentação promocional relativa aos mesmos, vista.
bem como da documentação dos participantes e dos tra-
balhos ou relatórios publicados após a realização dessas Artigo 162.º
mesmas acções e eventos. Amostras gratuitas
2 — O titular da autorização de introdução no merca-
do ou a empresa responsável pela informação ou promo- 1 — As amostras gratuitas de medicamentos só podem
ção do medicamento devem manter, no serviço referido ser cedidas a profissionais de saúde habilitados a pres-
no n.º 1 do artigo 156.º, a documentação referente a cada crever, a título excepcional, desde que verificadas, cumu-
um dos eventos ou acções patrocinados ou organizados, lativamente, as seguintes condições:
ainda que indirectamente.
3 — A documentação acima referida inclui, de forma a) Não excederem o número de amostras de cada me-
completa e fiel, o seguinte: dicamento que anualmente podem ser cedidas a cada pro-
fissional de saúde;
a) Programa das acções e eventos; b) Serem objecto de pedido escrito do destinatário,
b) Identificação da entidade ou das entidades que rea- devidamente datado e assinado;
lizam, patrocinam e organizam as acções ou eventos; c) Não serem superiores à apresentação mais pequena
c) Cópia das comunicações científicas ou profissionais
que for comercializada;
efectuadas;
d) Conterem as menções «Amostra gratuita» e «Ven-
d) Mapa das despesas e eventuais receitas e respecti-
da proibida», ou outras semelhantes;
vos documentos justificativos.
e) Serem acompanhadas de um exemplar do resumo das
4 — A documentação referida nos números anteriores características do medicamento.
é conservada durante um prazo mínimo de cinco anos,
contados da data da conclusão da acção ou evento, e 2 — O limite previsto na alínea a) do número anterior
colocada à disposição das entidades com competência pode constar da autorização de introdução no mercado
fiscalizadora. do medicamento ou ser definido em termos genéricos pelo
Artigo 160.º INFARMED.
3 — As amostras gratuitas de medicamentos sujeitos
Acções científicas ou de promoção a receita médica só podem ser cedidas durante os dois
1 — As acções de formação, informação ou de promo- anos subsequentes à data de início da respectiva comer-
ção de vendas só podem ser dirigidas a profissionais de cialização efectiva.
saúde. 4 — É proibida a cedência de amostras de medicamen-
2 — As entidades promotoras ou organizadoras de ac- tos contendo estupefacientes ou substâncias psicotrópi-
ções abrangidas pelo número anterior apenas podem su- cas.
portar custos de acolhimento dos respectivos participan- 5 — As entidades que fornecem as amostras ficam
tes e estritamente limitado ao objectivo principal da acção. obrigadas a criar um sistema adequado de controlo e de
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se igual- responsabilização, que é mantido à disposição das auto-
mente a acções ou eventos de cariz exclusivamente pro- ridades com competência fiscalizadora, durante cinco
fissional e científico. anos.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6339
1 — É instituído o Conselho Nacional de Publicidade Em tudo o que não encontre previsto no presente ca-
pítulo, aplica-se o disposto no código da publicidade.
de Medicamentos, adiante designado por CNPM, que
funciona na dependência do INFARMED, com competên-
cia consultiva no domínio da publicidade dos medicamen- CAPÍTULO X
tos de uso humano. Vigilância e fiscalização
2 — O CNPM é composto por um número ímpar de
membros, nomeados pelo Ministro da Saúde, em termos Artigo 166.º
que assegurem a representação adequada das instituições Sistema Nacional de Farmacovigilância
públicas relevantes, das associações representativas das
entidades que actuam no mercado dos medicamentos, 1 — É instituído o Sistema Nacional de Farmacovigilân-
cia de Medicamentos para Uso Humano, adiante denomi-
designadamente associações das profissões médicas, far-
nado «Sistema», que compreende o conjunto articulado de
macêuticas ou de informação médica, da indústria farma- regras e meios materiais e humanos tendentes:
cêutica, das farmácias, das empresas publicitárias ou jor-
nalísticas, dos jornalistas, dos consumidores e dos a) À recolha sistemática de toda a informação relativa
doentes. a suspeitas de reacções adversas no ser humano pela
3 — A composição e as regras de funcionamento do utilização de medicamentos;
CNPM são definidas por portaria do Ministro da Saúde. b) À avaliação científica dessa informação;
c) Ao tratamento e processamento da informação, nos
4 — As recomendações do CNPM são transmitidas ao
termos resultantes das normas e directrizes nacionais e
INFARMED. comunitárias, designadamente pela sua comunicação aos
Artigo 164.º outros Estados membros e à Agência;
d) À implementação das medidas de segurança adequa-
Fiscalização
das a minimizar os riscos associados à utilização de um
1 — No âmbito dos seus poderes de supervisão, incum- medicamento;
be ao INFARMED registar e apreciar toda a publicidade e) À comunicação e divulgação de outra informação
de medicamentos. pertinente aos profissionais de saúde, aos doentes e ao
2 — O órgão máximo do INFARMED pode, por sua público em geral.
iniciativa, na sequência de parecer do CNPM, a pedido de
2 — O INFARMED é a entidade responsável pelo
outra entidade pública ou privada ou mediante queixa:
acompanhamento, coordenação e aplicação do Sistema,
a) Ordenar as medidas, provisórias ou definitivas, ne- nos termos previstos no presente decreto-lei e no seu re-
cessárias para impedir qualquer forma de publicidade que gulamento interno.
viole o disposto no presente decreto-lei, ainda que não 3 — A estrutura do Sistema consta do anexo II ao pre-
iniciada, ou para corrigir ou rectificar os efeitos de publici- sente decreto-lei, que dele faz parte integrante, podendo
dade já iniciada junto dos consumidores e das empresas; ser alterada por portaria do Ministro da Saúde.
b) Apreciar, a título preventivo, a conformidade com a
lei de determinada forma ou projecto publicitário; Artigo 167.º
c) Definir os critérios a que obedecerá a fiscalização Objectivos
do cumprimento do disposto no presente capítulo.
1 — Ao Sistema incumbe, nomeadamente:
3 — A publicação ou divulgação de publicidade proi- a) Recolher, avaliar e divulgar toda a informação útil
bida constitui crime de desobediência, nos termos previs- sobre as suspeitas de reacções adversas dos medicamen-
tos no artigo 348.º do Código Penal, sem prejuízo da res- tos;
ponsabilidade contra-ordenacional a que houver lugar e b) Recolher e avaliar a informação transmitida em apli-
da aplicação das sanções pecuniárias e administrativas cação do disposto no n.º 3 do artigo 28.º;
adequadas, nos termos previstos no presente decreto-lei c) Identificar, o mais precocemente possível, as reac-
ou, na sua falta, na legislação sobre publicidade. ções adversas que ocorram em consequência da utiliza-
ção dos medicamentos;
4 — Os titulares de autorizações ou registos concedi-
d) Examinar e analisar, mediante o processamento da
dos ao abrigo do presente decreto-lei e as entidades a
informação e dos dados recolhidos, a possível existência
que se refere o n.º 1 do artigo 182.º estão obrigadas a de uma relação de causalidade entre a utilização de medi-
remeter ao INFARMED, no prazo máximo de 10 dias, um camentos e a ocorrência de reacções adversas;
exemplar do suporte de cada peça publicitária a medica- e) Estabelecer os métodos mais adequados de obten-
mento. ção de dados sobre as reacções adversas;
5 — Se a publicidade configurar uma violação do regi- f) Avaliar sistematicamente o perfil de segurança dos
me jurídico da concorrência, o INFARMED exerce as suas medicamentos comercializados, nomeadamente através da
competências de autoridade reguladora, sem prejuízo do análise da relação entre o risco e o benefício dos fárma-
estabelecido na Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, que apro- cos e de outros aspectos relevantes, tendo em vista a
va o regime jurídico da concorrência. necessidade de adopção de medidas de segurança;
6340 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
g) Participar na elaboração das normas técnico-cientí- peradas, bem como todas as suspeitas de transmissão de
ficas de utilização de medicamentos e desencadear acções um agente infeccioso através de um medicamento, que
para reduzir os seus riscos; ocorram num Estado terceiro e lhe sejam transmitidas por
h) Coligir e analisar dados sobre o consumo de medi- um profissional de saúde ou cheguem ao seu conheci-
camentos, tendo em vista a identificação de situações de mento por qualquer outra via;
utilização inadequada ou abusiva, com possível impacto d) Fornecer ao INFARMED toda a informação comple-
na avaliação dos respectivos riscos e benefícios. mentar relativa à evolução dos casos notificados;
e) Transmitir às autoridades competentes quaisquer
2 — O Sistema tem ainda por função recolher, avaliar outros dados relevantes para a avaliação benefício-risco,
e divulgar a informação sobre as suspeitas de reacções nomeadamente dados adequados sobre estudos de segu-
adversas que lhe são dadas a conhecer, nos termos pre- rança pós-autorização.
vistos no regime jurídico dos ensaios clínicos realizados
com medicamentos em seres humanos, bem como as rela- 3 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
tivas aos medicamentos objecto de autorização de utili- o titular da autorização de introdução no mercado asse-
zação especial ou excepcional. gura ainda a notificação ao INFARMED de todas as sus-
peitas de reacções adversas graves ocorridas no território
Artigo 168.º de um Estado membro, quando o Instituto actue na qua-
lidade de Estado membro de referência, no que toca aos
Estrutura do sistema
medicamentos:
1 — A estrutura do Sistema assegura a integração dos a) De alta tecnologia, nomeadamente os resultantes de
serviços competentes, de modo a garantir a prossecução
biotecnologia;
dos objectivos previstos no artigo anterior e a plena
b) Que tenham sido objecto do procedimento de reco-
participação neste das unidades e estabelecimentos, pú-
nhecimento mútuo ou descentralizado;
blicos ou privados, de prestação de cuidados de saúde.
c) Que sejam remetidos à apreciação do CHMP por a
2 — O INFARMED coordena o Sistema, nos termos
concessão da autorização de introdução no mercado ou
previstos no anexo II, adoptando as normas e orientações
a manutenção da respectiva vigência, nos precisos ter-
técnicas a que deve obedecer a actividade de farmacovi-
gilância. mos em que foi concedida, poder constituir um risco para
a saúde pública.
Artigo 169.º
Profissionais de saúde 4 — Nos casos previstos no número anterior, o IN-
FARMED é responsável pela análise e acompanhamento
1 — Os profissionais de saúde, pertencentes ou não ao das referidas reacções adversas.
SNS, comunicam, tão rápido quanto possível, às entida-
5 — O titular de uma autorização de introdução no
des referidas no anexo II ou ao serviço do INFARMED
mercado notifica previamente ao INFARMED toda e qual-
responsável pela farmacovigilância, quando aquelas não
quer informação que pretenda transmitir ao público em
existam, as reacções adversas e suspeitas de reacções
geral, directamente ou através do responsável pela far-
adversas graves ou inesperadas de que tenham conheci-
macovigilância, sobre questões de farmacovigilância.
mento resultantes da utilização de medicamentos.
2 — Podem ainda ser notificadas outras informações 6 — As informações transmitidas ao abrigo do número
que sejam consideradas relevantes para a utilização do anterior são apresentadas de forma objectiva e não en-
medicamento. ganosa.
Artigo 170.º Artigo 171.º
Notificações
Obrigações do titular de autorização de introdução
no mercado
1 — As notificações previstas no presente capítulo são
1 — O titular da autorização de introdução no merca- efectuadas sob a forma de relatório por via electrónica,
do de um medicamento fica obrigado a dispor, em rela- no prazo mais curto possível, o qual não pode exceder
ção ao território nacional, de uma pessoa com qualifica- quinze dias após a recepção da informação.
ções apropriadas em matéria de farmacovigilância e que, 2 — As notificações previstas nas alíneas b) e c) do
de forma permanente e contínua, assuma as responsabili- n.º 2 do artigo anterior realizam-se em conformidade com
dades previstas no artigo seguinte. as directrizes adoptadas nos termos do disposto na alí-
2 — O titular da autorização de introdução no mercado nea c) do n.º 1 do artigo 202.º.
fica ainda obrigado a: 3 — É ainda aplicável o disposto no artigo 174.º
a) Manter registos pormenorizados de todas as sus-
Artigo 172.º
peitas de reacções adversas ocorridas em Portugal, em
qualquer outro Estado membro ou em Estados terceiros; Obrigações do responsável pela farmacovigilância
b) Registar e notificar imediatamente ao INFARMED
1 — O responsável pela farmacovigilância referido no
todas as suspeitas de reacções adversas graves ocorri-
n.º 1 do artigo 170.º fica obrigado a:
das em Portugal e que lhe sejam comunicadas por profis-
sionais de saúde ou de que deva ter conhecimento, por a) Criar e gerir um sistema de farmacovigilância que
qualquer outra via; garanta que a informação relativa a todas as suspeitas de
c) Assegurar a notificação à Agência e ao INFARMED reacções adversas comunicadas a qualquer pessoa que
de todas as suspeitas de reacções adversas graves ines- se encontre ao seu serviço, incluindo os delegados de
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6341
deres necessários para o efeito, realizar as inspecções tem em conta os procedimentos comunitários relativos às
necessárias para zelar pelo cumprimento das disposições inspecções e à troca de informações publicados pela
deste decreto-lei e demais legislação complementar, nomea- Comissão Europeia.
damente: 6 — As amostras podem ser colhidas em qualquer fase
da produção ou comercialização, designadamente no
a) Proceder a inspecções nas instalações, estabeleci-
transporte, armazenamento, aquisição e exposição para
mentos ou locais de fabrico, de distribuição por grosso,
dispensa.
de fornecimento e venda ao público e de administração
de medicamentos, bem como de laboratórios encarrega- Artigo 177.º
dos de efectuar controlos ou de realizar certas fases de Relatórios, autos e certificados
fabrico, por força de contrato celebrado com o titular da
1 — Os inspectores elaboram e apresentam, até sessen-
autorização de fabrico, bem como quaisquer outras insta-
ta dias após o termo da inspecção, relatório circunstan-
lações, estabelecimentos ou equipamentos por si autori-
ciado sobre a observância das boas práticas de fabrico,
zados ou que sejam efectivamente utilizados para os fins
das normas sobre farmacovigilância e do cumprimento
previstos no presente decreto-lei;
das restantes normas legais, cujo conteúdo é comunica-
b) Proceder a inspecções não anunciadas junto dos
do às entidades inspeccionadas e, mediante pedido funda-
fabricantes de substâncias activas utilizadas como maté-
mentado, à autoridade competente de outro Estado membro.
rias-primas no fabrico dos medicamentos ou das instala-
2 — Até ao termo do prazo de noventa dias contados
ções de titular de autorização de introdução no mercado, da realização da inspecção, o INFARMED emite a favor
sempre que existam motivos para suspeitar do incumpri- do fabricante um certificado de boas práticas de fabrico,
mento dos princípios e boas práticas de fabrico; sempre que da inspecção se concluir que o fabricante
c) Inspeccionar as instalações dos titulares de autori- respeita a lei e demais directrizes no que toca às boas
zações concedidas ao abrigo do presente decreto-lei ou práticas de fabrico.
de qualquer empresa ou pessoa encarregada pelo titular 3 — Sempre que a inspecção seja realizada no âmbito
de autorização, da realização das actividades previstas na de um procedimento de acordo com as monografias da
lei no domínio da farmacovigilância; Farmacopeia Europeia, é emitido um certificado.
d) Inspeccionar os estabelecimentos, instalações e 4 — O INFARMED assegura a inserção na base de
equipamentos de titulares de autorizações de distribuição dados comunitária dos certificados de boas práticas de
por grosso por si concedidas ou estabelecidos em Portu- fabrico e das infracções por si detectadas numa inspec-
gal, a pedido das autoridades competentes de outro Es- ção relativamente às boas práticas de fabrico.
tado membro ou da Comissão Europeia; 5 — Os autos de notícia de infracções detectadas no
e) Colher amostras de quaisquer componentes para a âmbito de inspecções ou, por qualquer outro motivo, levan-
realização de ensaios em laboratório abrangido pelo n.º 1 tados nos termos do presente decreto-lei, fazem fé em juízo.
do artigo 17.º, com vista ao controlo da qualidade; 6 — O INFARMED reconhece as conclusões resultan-
f) Proceder ao exame de todos os documentos relacio- tes de relatórios apresentados por autoridades competen-
nados com o objecto da inspecção; tes de outros Estados membros, a não ser que razões de
g) Inutilizar os medicamentos colocados à venda sem saúde pública a isso se oponham, caso em que informará
autorização, a expensas do inspeccionado; a Comissão Europeia e a Agência e, caso a divergência
h) Verificar o cumprimento do disposto na alínea a) do persista, a Comissão Europeia pode solicitar a realização
n.º 1 do artigo 62.º; de nova inspecção pelo mesmo inspector, que pode ser
i) Verificar os registos, relatórios e demais documenta- acompanhado por dois inspectores de Estados membros
ção que deva ser elaborada ou conservada por entidades que não sejam parte no diferendo.
abrangidas pelo presente decreto-lei;
j) Verificar a independência e o funcionamento das Artigo 178.º
actividades de farmacovigilância, das redes de comunica-
ção e do mercado; Recolha de medicamentos
l) Elaborar auto de notícia sempre que verifique a exis- 1 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei
tência de factos susceptíveis de constituir uma violação ou em legislação especial, o INFARMED define, even-
das disposições constantes do presente decreto-lei. tualmente em cooperação com outras entidades, os prin-
cípios gerais a que devem obedecer os sistemas de
2 — As inspecções efectuam-se igualmente no estabe- retirada, recolha ou eliminação de medicamentos, acondi-
lecimento designado ao abrigo do disposto no n.º 3 do cionamentos ou resíduos de medicamentos que, por qual-
artigo 62.º quer razão, devam ser retirados do mercado.
3 — As inspecções previstas na alínea b) do n.º 1 po- 2 — Os titulares de autorização de introdução no mer-
dem igualmente ser efectuadas a pedido de outro Estado cado, de autorização de importação paralela ou de outras
membro, da Comissão Europeia, da Agência ou do pró- autorizações equivalentes são responsáveis pela retirada,
prio fabricante. recolha e eliminação dos medicamentos e acondicionamen-
4 — Salvo disposição em contrário adoptada entre a tos que, por qualquer razão, devam ser retirados do mer-
Comunidade e as respectivas autoridades nacionais, o cado, sem prejuízo da possibilidade da retirada ser desen-
INFARMED pode solicitar, directamente ou através da cadeada, no caso de medicamentos cujo prazo de validade
Comissão Europeia ou da Agência, que um fabricante num haja expirado, pelo distribuidor, pela farmácia ou por ou-
país terceiro se submeta a uma inspecção. tras pessoas singulares ou colectivas legalmente deten-
5 — Nas inspecções aos fabricantes, que devem ser toras de medicamentos para fornecimento, a qualquer tí-
realizadas de forma reiterada ou sistemática, o INFARMED tulo, ao público.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6343
3 — Os medicamentos recolhidos são creditados aos dos membros e, no caso previsto no n.º 4 do artigo 190.º,
distribuidores, às farmácias, aos locais de venda de me- à Organização Mundial de Saúde, a decisão de suspen-
dicamentos não sujeitos a receita médica e às unidades são ou revogação da autorização concedida ao abrigo do
de prestação de cuidados de saúde, assumindo os titula- presente decreto-lei.
res de autorizações referidas no número anterior as cor- 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
respondentes responsabilidades financeiras, salvo dolo ou INFARMED ou o titular da autorização podem decidir
negligência grosseira. submeter ao CHMP a decisão de suspensão ou revoga-
ção da autorização de introdução no mercado do medica-
mento, nos casos específicos em que o interesse comu-
SECÇÃO II
nitário se mostre especialmente relevante e nos casos
Suspensão, revogação ou alteração e outras consequências previstos nos artigos 45.º e 52.º
da desconformidade com a autorização ou registo
i) A violação do disposto nos artigos 6.º, 9.º, nas alí- Artigo 182.º
neas a) a m) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 29.º, nos n.os 1 Regras especiais sobre publicidade
a 4 do artigo 78.º, nos artigos 85.ºe 94.º, nos n.os 1 e 3 a
5 do artigo 100.º e no artigo 170.º; 1 — São punidos como autores ou co-autores das con-
j) A violação do disposto no presente decreto-lei so- tra-ordenações previstas no presente decreto-lei para a
bre rotulagem e folheto informativo; violação dos deveres previstos no capítulo IX o anun-
l) O incumprimento do disposto no n.º 3 do artigo 150.º, ciante, a agência de publicidade ou qualquer outra enti-
nos n.os 1, 2, 4 e 5 do artigo 152.º, nos n.os 4, 5 e 6 do dade que exerça a actividade publicitária, o titular do su-
artigo 153.º, nos n.os 1, 2 e 4 do artigo 158.º, nos arti- porte publicitário ou o respectivo concessionário.
gos 159.º a 161.º e nos artigos 172.º e 173.º do presente 2 — A decisão que decrete a aplicação de uma coima
decreto-lei; por violação dos deveres prescritos no capítulo IX pode
m) O incumprimento do disposto no presente decreto- determinar a publicitação, em meios de comunicação so-
-lei relativamente ao exercício dos poderes de inspecção cial e a expensas do arguido, dos elementos essenciais
do INFARMED; da condenação, bem como a suspensão, por período que
n) A violação do disposto no presente decreto-lei em não pode exceder dois anos, da publicidade do medica-
matéria de recolha, tratamento, conteúdo, divulgação e mento.
conservação de informação publicitária, sem prejuízo do 3 — A abertura de processo contra-ordenacional por
disposto na alínea h) do n.º 3; violação dos deveres prescritos no capítulo IX e que diga
o) A transmissão ao público ou aos profissionais de respeito a um medicamento comparticipado não prejudica
saúde de informações em matéria de farmacovigilância de a instauração, com base nos mesmos factos, de procedi-
forma não objectiva ou enganosa. mento tendente à exclusão da comparticipação do Estado
no preço do referido medicamento, nos termos do n.º 5
3 — Constitui contra-ordenação punível com coima de do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 118/92, de 25 de Junho,
€ 1000 a € 3740,98 ou até € 35 000, consoante o agente na última redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei
seja pessoa singular ou colectiva: n.º 129/2005, de 11 de Agosto.
4 — A violação das regras adoptadas em execução do
a) A violação, pelo director técnico ou, caso seja dife- disposto no n.º 5 do artigo 157.º pode determinar ainda a
rente, pela pessoa responsável pelo sistema de controlo interdição do acesso dos delegados de informação médi-
da qualidade farmacêutica ou ainda pelo responsável pela ca e dos titulares de autorização de introdução no mer-
farmacovigilância, dos deveres resultantes do presente cado por conta de quem actuem, aos estabelecimentos e
decreto-lei; serviços que integram o SNS.
b) A violação do dever de assegurar, de forma efecti-
va, a direcção técnica, nos casos em que a mesma é exi-
gida pelo presente decreto-lei; Artigo 183.º
c) A violação do disposto no presente decreto-lei so- Processo de contra-ordenação
bre investigação e informação de reclamações, bem como
1 — Aos processos de contra-ordenações previstas
de recolha de medicamentos ou de medicamentos experi-
neste decreto-lei aplica-se subsidiariamente o disposto no
mentais e de respectivos resíduos e acondicionamentos;
regime geral das contra-ordenações, aprovado pelo De-
d) A omissão do registo das transacções de medica-
creto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, com a redacção que
mentos realizadas ou o registo em desconformidade com
lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 356/89, de 17 de Outu-
o disposto no presente decreto-lei;
bro, pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de Setembro, e pela
e) A distribuição por grosso de medicamentos a entida-
Lei n.º 109/2001, de 24 de Dezembro.
des que não estejam legalmente habilitadas a adquiri-los;
2 — A instrução dos procedimentos de contra-ordena-
f) A dispensa ou venda ao público ou a administração
ção cabe ao INFARMED, sem prejuízo da intervenção, no
de medicamentos por estabelecimentos de distribuição por
domínio das respectivas atribuições, de outras entidades
grosso ou por outras pessoas a tal não autorizadas;
públicas.
g) A transmissão ao público de informações em ques-
3 — A aplicação das coimas previstas no presente de-
tões de farmacovigilância sem prévia notificação das
creto-lei compete ao presidente do órgão máximo do IN-
mesmas ao INFARMED;
FARMED.
h) O acesso não autorizado pelos delegados de infor-
mação médica aos estabelecimentos e serviços do Servi- Artigo 184.º
ço Nacional de Saúde; Produto das coimas
i) O fornecimento de amostras gratuitas de medicamen-
tos fora dos casos permitidos pelo presente decreto-lei. O produto das coimas aplicadas ao abrigo do dispos-
to no presente capítulo constitui receita própria do IN-
5 — A negligência e a tentativa são puníveis, sendo FARMED e do Estado, na proporção de 40% e 60%, res-
os montantes mínimos e máximos da coima reduzidos a pectivamente.
metade dos valores fixados nos números anteriores. Artigo 185.º
6 — O disposto no presente artigo é aplicado sem pre- Responsabilidade
juízo do disposto no n.º 3 do artigo 84.º do Regulamento
(CE) n.º 726/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, 1 — Pela prática das contra-ordenações previstas nes-
de 31 de Março de 2004, que estabelece procedimentos te decreto-lei podem ser responsabilizadas pessoas sin-
comunitários de autorização e de fiscalização de medica- gulares, pessoas colectivas, independentemente da regu-
mentos para uso humano e veterinário e que institui uma laridade da sua constituição, sociedades e associações
Agência Europeia de Medicamentos. sem personalidade jurídica.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6345
prejuízo do cumprimento da legislação em vigor em maté- manter, durante cinco anos, as facturas relativas a medi-
ria de aquisições de bens e serviços e de formalidades camentos por si adquiridos, contendo os elementos refe-
aduaneiras. ridos no n.º 4 do artigo 100.º, comunicando-as em termos
Artigo 195.º a definir por regulamento do INFARMED.
Notificações
Artigo 199.º
Salvo disposição em contrário, as notificações previs- Autorizações especiais
tas no presente decreto-lei são feitas por carta registada
com aviso de recepção ou, nos casos determinados por 1 — Nos casos previstos no n.º 1 do artigo 92.º, medi-
regulamento do INFARMED, electronicamente ou por te- ante autorização prévia do INFARMED, os estabelecimen-
lecópia. tos hospitalares podem contratar a outras entidades a
Artigo 196.º produção de preparados equiparados a preparados ofici-
nais ou fórmulas magistrais, destinados exclusivamente a
Prazos
ser utilizados naqueles estabelecimentos, nas condições
1 — Salvo disposição em contrário, todos os prazos dos números seguintes.
previstos no presente decreto-lei são fixados em dias 2 — Os produtos referidos no número anterior incluem,
consecutivos, obedecendo o seu cômputo ao disposto no nomeadamente, medicamentos, produtos químicos e pre-
artigo 279.º do Código Civil. parações descritas em farmacopeias ou formulários, deven-
2 — Em relação aos procedimentos de autorização pre- do constar do Formulário Hospitalar Nacional de Medi-
vistos no presente decreto-lei, os prazos para o INFAR- camentos ou suas adendas aprovadas pelas Comissões
MED se pronunciar ou decidir suspendem-se sempre que de Farmácia e Terapêutica hospitalares, ou de uma lista
ao requerente sejam solicitados elementos ou esclareci- especial elaborada pelo INFARMED, ouvidas as comis-
mentos adicionais, até à data da recepção dos elementos sões técnicas especializadas competentes.
ou esclarecimentos requeridos. 3 — A autorização prevista no n.º 1 apenas pode ser
concedida desde que, cumulativamente:
Artigo 197.º a) O serviço farmacêutico do hospital requerente não
Arquivo reúna as condições materiais necessárias para preparar o
produto em causa;
1 — O titular de uma autorização ou registo concedido b) Não existam em Portugal medicamentos essencial-
ao abrigo do presente decreto-lei pode ser designado mente similares aprovados com idêntica composição qua-
depositário do processo ou parte do processo relativo à litativa e quantitativa em substâncias activas e forma far-
autorização ou registo, nos casos e termos definidos por macêutica ou, quando existam, estes não sejam
regulamento do INFARMED. comercializados;
2 — Até à regulamentação do número anterior, é apli- c) O produto se destine a resolver problemas clínicos
cável o disposto na Portaria n.º 683/97, de 12 de Agosto. comprovadamente sem terapêutica alternativa.
ros ou outros, em qualquer entidade sujeita às atribuições documentos em língua diferente da língua portuguesa,
do INFARMED e que sejam susceptíveis de afectar a sua bem como do ou dos idiomas em que a referida docu-
imparcialidade e independência. mentação pode ser apresentada;
2 — Todas as pessoas abrangidas pelo disposto no g) Garantia do regular funcionamento das actividades
número anterior devem apresentar anualmente uma decla- de distribuição por grosso, incluindo as normas relativas
ração sobre os seus interesses financeiros, da qual cons- às boas práticas de distribuição;
tem todos os interesses directos ou indirectos que pos- h) Definição do modo de implementação pelos reque-
sam estar relacionados com entidades que estejam rentes e titulares das normas previstas no presente de-
sujeitas a regulação ou supervisão do INFARMED. creto-lei relativamente à utilização do braille e ao teste
3 — O INFARMED assegura, pelos meios mais adequa- de legibilidade da rotulagem e folheto informativo, à de-
dos e no respeito pela legislação aplicável, tanto o regis- finição, representatividade e operacionalidade dos grupos-
to como a consulta, por quaisquer terceiros, do registo -alvo de doentes ou de sistemas de gestão de risco;
de interesses previsto no número anterior.» i) Garantia do respeito pelo disposto na lei relativamen-
te à publicidade de medicamentos;
j) Adequada regulamentação de normas constantes do
CAPÍTULO XIII
presente decreto-lei ou em legislação complementar.
Disposições finais e transitórias
2 — O conteúdo dos pedidos de autorização de intro-
Artigo 201.º dução no mercado de medicamentos, das respectivas al-
Direito subsidiário terações e renovações, bem como das autorizações de
fabrico, dos relatórios relativos às inspecções, dos rela-
1 — No exercício dos poderes conferidos pelo presen- tórios periódicos de segurança e certificados de boas
te decreto-lei, o INFARMED toma em consideração as di- práticas de fabrico, devem ainda conformar-se com as
rectrizes, orientações ou interpretações formuladas pelos directrizes e instruções em vigor, designadamente em
órgãos competentes da Comunidade Europeia, as quais matéria de qualidade, segurança e eficácia dos medicamen-
são subsidiariamente aplicáveis. tos, incluindo farmacovigilância, aprovadas nos termos do
2 — O disposto no presente decreto-lei é aplicável com n.º 1, ou, na sua falta, pelos órgãos competentes da Co-
respeito pelas atribuições e competências resultantes de munidade Europeia.
normas comunitárias para os órgãos competentes da Co- 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 198.º, os regu-
munidade Europeia, a Agência ou os comités consultivos lamentos adoptados pelo órgão máximo do INFARMED
de cariz científico previstos na legislação comunitária ao abrigo do presente decreto-lei são publicados na pá-
aplicável. gina electrónica do INFARMED.
Artigo 202.º 4 — Sem prejuízo do disposto no artigo 204.º, a regu-
lamentação adoptada ao abrigo da legislação revogada
Regulamentação pelo presente decreto-lei mantém-se em vigor até à sua
1 — O órgão máximo do INFARMED aprova todos os substituição.
regulamentos, directrizes ou instruções que se revelem 5 — O presente decreto-lei não prejudica os direitos
necessários à boa execução do presente decreto-lei, in- dos directores técnicos em funções à data da entrada em
cluindo, em particular, os tendentes à: vigor do Decreto-Lei n.º 72/91, de 8 de Fevereiro, ou, até
à adopção da regulamentação prevista no n.º 4 do arti-
a) Adequada instrução dos pedidos de autorização de go 149.º, das pessoas que, à data da entrada em vigor do
introdução no mercado, das respectivas alterações, reno- presente decreto-lei, exerçam funções de direcção técnica
vações, suspensão ou revogação, bem como, entre ou- relativamente a gases medicinais abrangidos pelo presen-
tros, das demais autorizações ou registos, concedidas ao te decreto-lei.
abrigo do presente decreto-lei ou de legislação comple- 6 — Mantém-se em vigor, até à sua substituição, o dis-
mentar; posto no Despacho n.º 9114/2002 (2.ª série), de 15 de
b) Definição do objecto, conteúdo, forma e prazos de Março.
apresentação de, designadamente, documentos, requeri- 7 — Até à implantação do ou dos sistemas previstos
mentos, notificações, registos, relatórios ou certificados, no n.º 1 do artigo 178.º e sem prejuízo do disposto no
bem como de realização de inspecções, previstos no pre- artigo 179.º e no n.º 1 do artigo 180.º, é subsidiariamente
sente decreto-lei ou em legislação complementar; aplicável à recolha de medicamentos o disposto no Des-
c) Emissão de normas e orientações técnico-científicas pacho n.º 1/88 do Secretário de Estado da Administração
a que deve obedecer a actividade de farmacovigilância, da Saúde, de 12 de Maio de 1988, na redacção resultante
de modo a assegurar a integração das directrizes emiti- do Despacho n.º 13/93, de 23 de Maio de 1993, sendo o
das pelas instituições internacionais relevantes, nomea- prazo para escoamento, nos restantes casos, correspon-
damente pela Comissão Europeia ou pela Agência; dente ao prazo de validade do medicamento.
d) Adequada identificação dos órgãos consultivos ou 8 — Os medicamentos homeopáticos autorizados ou
de apoio técnico necessários para assegurar o exercício registados ao abrigo da legislação em vigor em 31 de
das suas atribuições, definindo a respectiva composição, Dezembro de 1993 não estão sujeitos à obrigação de re-
organização, funcionamento e competências; gisto ou autorização prevista no presente decreto-lei.
e) Determinação dos requisitos que devem estar pre- 9 — O órgão máximo do INFARMED adopta, no prazo
enchidos para o reconhecimento de idoneidade de labo- de dois anos, a regulamentação necessária à adaptação
ratórios, para os efeitos previstos no artigo 17.º; ao presente decreto-lei dos produtos farmacêuticos ho-
f) Definição dos procedimentos ou situações em que meopáticos cujo registo haja sido promovido ao abrigo
pode ser autorizada a apresentação de algum ou alguns do Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de Maio.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6349
10 — Mantém-se em vigor, até disposição em contrá- 8 — À rotulagem e folheto informativo aplica-se a lei
rio, o disposto no n.º 4 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 101/ em vigor à data do pedido de autorização ou registo, sem
94, de 19 de Abril, na redacção resultante do Decreto-Lei prejuízo para:
n.º 283/2000, de 10 de Novembro.
a) A possibilidade de a rotulagem e folheto informati-
vos propostos até à data da entrada em vigor do presen-
Artigo 203.º te decreto-lei o serem já em conformidade com as novas
Norma transitória disposições;
b) A obrigação de os titulares de autorizações ou re-
1 — O disposto na parte final da alínea e) e nas alí- gistos concedidos após a entrada em vigor deste decre-
neas j) e l) do n.º 2 do artigo 15.º é aplicável aos pedidos to-lei mas apresentados até 31 de Outubro de 2005, pro-
de autorização de introdução no mercado apresentados a moverem, nas condições e prazos a definir pelo
partir do dia 1 de Novembro de 2005 que não hajam sido INFARMED, a sua adaptação ao disposto no presente de-
objecto de decisão final, devendo os requerentes, em creto-lei;
prazo a fixar pelo INFARMED, introduzir as modificações c) A obrigação de os titulares de autorizações ou re-
ao pedido que se revelem pertinentes, sem prejuízo da gistos concedidos antes da data referida na alínea ante-
obrigação de avaliação do impacto em cada caso e, se rior promoverem, nas condições e prazos a definir pelo
necessário, da apresentação de propostas adequadas ten- INFARMED, a sua adaptação ao disposto no presente
dentes respectiva limitação. decreto-lei.
2 — No que toca aos procedimentos de autorização de
introdução no mercado iniciados até 31 de Outubro de 9 — O disposto na secção VI do capítulo VIII é aplicá-
2005, o disposto na parte final do n.º 7 do artigo 16.º ou vel a partir da data da entrada em vigor do presente de-
nas secções II ou III do capítulo II não é aplicável, po- creto-lei.
dendo o INFARMED prosseguir o procedimento ou de- 10 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, aos
cidir suspendê-lo, até ao envio do relatório de avaliação medicamentos tradicionais à base de plantas já comercia-
pelo Estado membro onde idêntico pedido haja já sido lizados em 30 de Abril de 2004 é aplicável, até 30 de Abril
apresentado, devendo, neste caso, a decisão do INFAR- de 2011, o regime vigente naquela data.
MED ser notificada ao requerente e à autoridade compe- 11 — Os gases medicinais comercializados à data da
tente do referido Estado membro. entrada em vigor do presente decreto-lei devem adaptar-
3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, os -se integralmente ao que neste se dispõe no prazo de
períodos de protecção de dados previstos no artigo 19.º dezoito meses.
não se aplicam a medicamentos de referência relativamente Artigo 204.º
aos quais tenha sido apresentado um pedido de autoriza-
Norma revogatória
ção até 31 de Outubro de 2005, bem como aos medicamen-
tos que, tendo sido primeiro autorizados pela autoridade 1 — São expressamente revogados os seguintes diplomas:
competente de um Estado membro, sejam depois submeti-
a) Decreto-Lei n.º 72/91, de 8 de Fevereiro, com as al-
dos ao procedimento comunitário centralizado.
terações resultantes do Decreto-Lei n.º 249/93 de 9 de
4 — O disposto no n.º 2 do artigo 19.º aplica-se aos
Julho, do Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto, do
medicamentos de referência cuja autorização de introdu-
Decreto-Lei n.º 272/95, de 23 de Outubro, do Decreto-Lei
ção no mercado no Estado membro de origem tenha sido n.º 291/98, de 17 de Setembro, do Decreto-Lei n.º 242/2000,
concedida até 31 de Outubro de 2005. de 26 de Setembro, da Lei n.º 84/2001, de 3 de Agosto,
5 — A antecedência prevista no n.º 2 do artigo 28.º não do Decreto-Lei n.º 249/2003, de 11 de Outubro, do Decre-
é aplicável aos pedidos de renovação de autorização de to-Lei n.º 90/2004, de 20 de Abril, do Decreto-Lei n.º 95/
introdução no mercado cuja validade cesse até 180 dias 2004, de 22 de Abril, e do Decreto-Lei n.º 97/2004, de 23
após a entrada em vigor do presente decreto-lei. de Abril;
6 — O disposto no artigo 60.º não prejudica os direi- b) Decreto-Lei n.º 100/94, de 19 de Abril, com a redac-
tos adquiridos das pessoas que, ao abrigo da lei vigente ção resultante do Decreto-Lei n.º 170/98, de 25 de Junho,
à data da entrada em vigor do presente decreto-lei, exer- e do Decreto-Lei n.º 48/99, de 16 de Fevereiro;
çam as funções de director técnico, nem os direitos re- c) Decreto-Lei n.º 101/94, de 19 de Abril, com a redac-
sultantes da legislação comunitária pertinente, aplicada ção resultante do Decreto-Lei n.º 283/2000, de 10 de No-
em condições de igualdade a nacionais do Estado portu- vembro, e do Decreto-Lei n.º 81/2004, de 10 de Abril;
guês ou dos demais Estados membros, sem prejuízo da d) Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto, na redacção
obrigação da comprovação perante a Ordem dos Farma- resultante do Decreto-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto;
cêuticos, por parte do titular da formação académica re- e) Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de Maio;
querida, do prévio exercício, durante dois anos e em f) Decreto-Lei n.º 135/95, de 9 de Junho, e demais le-
empresas titulares de autorização de fabrico de medica- gislação complementar, na redacção resultante do Decre-
mentos, de actividades relacionadas com o fabrico de to-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto;
medicamentos, designadamente de análise qualitativa dos g) Decreto-Lei n.º 291/98, de 17 de Setembro;
medicamentos, de análise quantitativa das substâncias h) Decreto-Lei n.º 48/99, de 16 de Fevereiro;
activas, assim como de ensaios e verificações necessá- i) Decreto-Lei n.º 161/2000, de 27 de Julho, e Portaria
rios para assegurar a qualidade dos medicamentos. n.º 321/92, de 8 de Abril;
7 — A contagem dos prazos previstos no n.º 3 do ar- j) Decreto-Lei n.º 242/2000, de 26 de Setembro;
tigo 77.º só se inicia a partir da data da entrada em vigor k) Decreto-Lei n.º 242/2002, de 5 de Novembro;
do presente decreto-lei. l) Decreto-Lei n.º 85/2004, de 15 de Abril;
6350 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
m) Decreto-Lei n.º 97/2004, de 23 de Abril; ser apresentados em conformidade estrita com o formato,
n) N.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 46/2004, de 19 de conteúdo e sistema de numeração delineados em porme-
Agosto; nor no volume 2 B das Informações aos Requerentes
o) Decreto-Lei n.º 92/2005, de 7 de Junho. acima referido.
(3) A apresentação do DTC da Comunidade Europeia
2 — As referências feitas em diplomas legais ou regu- é aplicável a todos os tipos de pedidos de autorização
lamentares em vigor a normas revogadas consideram-se de introdução no mercado independentemente do proce-
feitas às normas correspondentes do presente decreto-lei. dimento a aplicar (ou seja, centralizado, de reconhecimento
mútuo ou nacional) e do facto de serem pedidos de au-
Artigo 205.º torização completos ou abreviados. É também aplicável a
todos os tipos de produtos, incluindo novas entidades
Entrada em vigor químicas (NEQ), medicamentos radiofarmacêuticos, medi-
1 — O presente decreto-lei entra em vigor no dia se- camentos derivados do plasma, vacinas, medicamentos à
guinte ao da sua publicação, sem prejuízo do disposto base de plantas, etc.
(4) Ao constituírem o dossiê de pedido de autorização
no artigo 203.º
de introdução no mercado, os requerentes devem aten-
2 — As obrigações previstas no presente decreto-lei
der às directrizes e instruções aprovadas pelo INFARMED
relativas às boas práticas de fabrico de medicamentos ou
e às normas científicas relativas à qualidade, segurança e
medicamentos experimentais aplicam-se aos processos de
eficácia dos medicamentos para uso humano, adoptadas
fabrico já em curso.
pelo Comité das Especialidades Farmacêuticas (CEF) e
publicadas pela Agência e as outras normas farmacêuti-
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 25 de cas comunitárias — publicadas pela Comissão Europeia
Maio de 2006. — José Sócrates Carvalho Pinto de Sou- nos vários volumes das Regras que regem os medicamen-
sa — Diogo Pinto de Freitas do Amaral — Fernando tos na Comunidade Europeia — ou nacionais.
Teixeira dos Santos — Alberto Bernardes Costa — Ma- (5) No que respeita aos aspectos relacionados com a
nuel António Gomes de Almeida de Pinho — José Antó- qualidade (química, farmacêutica e biológica) incluídos no
nio Fonseca Vieira da Silva — António Fernando Cor- dossiê, são aplicáveis todas as monografias, incluindo
reia de Campos — Maria de Lurdes Reis Rodrigues. monografias e capítulos gerais da Farmacopeia Portugue-
sa e da Europeia.
Promulgado em 8 de Agosto de 2006. (6) O processo de fabrico deve respeitar os requisitos
Publique-se. relativos às boas práticas de fabrico constantes de legis-
lação especial e os princípios e «guia das boas práticas
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. de fabrico» publicadas pela Comissão no volume 4 das
Referendado em 17 de Agosto de 2006. Regras que regem os medicamentos na Comunidade
Europeia.
Pelo Primeiro-Ministro, António Luís Santos Costa, (7) Dos pedidos devem constar todas as informações
Ministro de Estado e da Administração Interna. relevantes para a avaliação do medicamento em questão,
independentemente de lhe serem ou não favoráveis. De-
ANEXO I vem nomeadamente ser fornecidos todos os elementos
relevantes respeitantes a estudos ou ensaios farmacoto-
Normas e protocolos analíticos, farmacotoxicológicos
e clínicos em matéria de ensaios de medicamentos
xicológicos ou clínicos incompletos ou interrompidos re-
lativos ao medicamento e/ou a ensaios completos relati-
Introdução e princípios gerais. vos a indicações terapêuticas não abrangidas pelo
(1) Os elementos e documentos apensos aos pedidos pedido.
de autorização de introdução no mercado devem ser apre- (8) Todos os ensaios clínicos efectuados no território
sentados em três partes, em conformidade com os requi- nacional devem respeitar os requisitos da lei. Para que
sitos constantes do presente anexo e atender às directri- sejam tidos em consideração durante a avaliação de um
zes e instruções aprovadas pelo INFARMED e às pedido, os ensaios clínicos efectuados fora da Comuni-
directrizes publicadas pela Comissão Europeia nas Regras dade Europeia e respeitantes a medicamentos destinados
que regem os medicamentos na Comunidade Europeia, a serem utilizados na Comunidade Europeia serão conce-
Volume 2 B — Informações aos Requerentes, Medicamen- bidos, implementados e notificados, no que respeita à boa
tos para uso humano. Apresentação e conteúdo do dos- prática clínica e aos princípios éticos, com base em prin-
siê, Documento Técnico Comum (DTC). cípios equivalentes aos dispostos na Lei n.º 46/2004, de
(2) Os referidos elementos e documentos devem ser 19 de Agosto. Devem ser realizados em conformidade com
apresentados em cinco módulos: o módulo 1 fornece da- os princípios éticos reflectidos, por exemplo, na Declara-
dos administrativos específicos; o módulo 2 fornece re- ção de Helsínquia.
sumos de qualidade, não clínicos e clínicos, o módulo 3 (9) Os estudos não clínicos (farmacotoxicológicos)
presta informações químicas, farmacêuticas e biológicas, devem ser realizados em conformidade com as disposi-
o módulo 4 apresenta relatórios não clínicos e o módulo ções relacionadas com as boas práticas de laboratório
5 apresenta relatórios de estudos clínicos. Esta apresen- estabelecidas no Decreto-Lei n.º 99/2000, de 30 de Maio,
tação implementa um formato comum para todas as re- respeitante à aplicação dos princípios de boas práticas
giões ICH (International Conference on Harmonisation de laboratório e ao controlo da sua aplicação aos ensai-
of Technical Requirements for Registration of Pharma- os sobre as substâncias químicas e no Decreto-Lei n.º 95/
ceuticals for Human Use) (Comunidade Europeia, Estados 2000, de 23 de Maio, relativo à inspecção e verificação
Unidos da América e Japão). Estes cinco módulos devem das boas práticas de laboratório (BPL).
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6351
(10) Os ensaios realizados com animais devem decor- O requerente deve identificar o tipo de pedido e indi-
rer em conformidade com o disposto na legislação nacio- car, se aplicável, quais as amostras que são também for-
nal e comunitária aplicável e respeitante à protecção dos necidas.
animais utilizados para fins experimentais e outros fins Em anexo às informações administrativas, devem ser
científicos. entregues cópias da autorização de fabrico, tal como dis-
(11) De forma a controlar a avaliação benefício/risco, posto no presente diploma, juntamente com a lista de
devem ser enviadas às autoridades competentes quais- países em que a autorização foi concedida, cópias de
quer novas informações que não constem do pedido ori- todos os resumos das características do medicamento, em
ginal e todos os relatórios de farmacovigilância. Assim conformidade com o disposto no artigo 19.º, e na forma
que a autorização de introdução no mercado tiver sido em que foram aprovados, e a lista dos países em que foi
concedida, qualquer alteração dos dados do dossiê deve apresentado o pedido.
ser apresentada às autoridades competentes de acordo Tal como destacado no formulário, os requerentes for-
com os requisitos dos Regulamentos (CE) n.º 1084/2003 necerão, inter alia, informações pormenorizadas sobre o
ou (CE) n.º 1085/2003 da Comissão ou, se relevante, em medicamento objecto do pedido, o fundamento jurídico do
conformidade com as disposições nacionais, bem como pedido, o titular da autorização de introdução no merca-
com os requisitos do volume 9 da publicação da Comis- do e o ou os fabricantes propostos, informações sobre o
são Europeia Regras que regem os medicamentos na estatuto de medicamento órfão, os pareceres científicos
Comunidade Europeia. e o programa de desenvolvimento pediátrico.
O presente anexo divide-se em quatro partes distintas: 1.3 — Resumo das características do medicamento, ro-
— A parte I descreve o formato do pedido de autori- tulagem e folheto informativo.
zação, o resumo das características do medicamento, a 1.3.1 — Resumo das características do medicamento.
rotulagem, o folheto informativo e os requisitos de apre- O requerente deve propor um resumo das característi-
sentação para pedidos normalizados (módulos 1 a 5); cas do medicamento em conformidade com o disposto no
— A parte II prevê uma derrogação para «pedidos es- artigo 19.º
pecíficos», ou seja, medicamentos de uso clínico bem 1.3.2 — Rotulagem e folheto informativo.
estabelecido, medicamentos essencialmente similares, as- É fornecida uma proposta para o texto da rotulagem
sociações fixas, medicamentos biológicos similares, pedi- do acondicionamento primário ou do acondicionamento
dos em circunstâncias excepcionais e pedidos mistos (pe- secundário, bem como do folheto informativo. Estes tex-
didos em parte bibliográficos e em parte baseados em tos devem ser redigidos de acordo com todos os pontos
estudos próprios); obrigatórios para a rotulagem dos medicamentos para uso
— A parte III trata os «requisitos para pedidos parti- humano e ao folheto informativo.
culares» relativos a medicamentos biológicos (arquivo 1.3.3 — Projectos de embalagem e amostras.
mestre do plasma; arquivo mestre do antigéneo da vaci- O requerente deve fornecer amostras ou projectos do
na), medicamentos radiofarmacêuticos, medicamentos ho- acondicionamento primário e secundário, dos rótulos e do
meopáticos, medicamentos à base de plantas e medica- folheto informativo do medicamento em questão.
mentos órfãos; 1.3.4 — Resumo das características do medicamento já
— A parte IV trata os «medicamentos de terapia avan- aprovado.
çada» e diz respeito a requisitos específicos para medi- Às informações administrativas do formulário do pedi-
camentos de terapia génica (utilizando o sistema autólo- do devem ser anexadas cópias de todos os resumos das
go ou alogénico humano, ou o sistema xenogénico), características do medicamento, em conformidade com o
medicamentos de terapia celular, quer de origem humana, disposto no presente diploma, na forma em que foram
quer de origem animal, e medicamentos de xenotransplan- aprovados, quando aplicável, bem como uma lista dos
tação. países em que foi apresentado um pedido.
PARTE I 1.4 — Informações sobre os peritos.
Em conformidade com o disposto no presente diplo-
Requisitos normalizados para os dossiês ma, os peritos devem fornecer relatórios detalhados das
de autorização de introdução no mercado suas observações sobre os documentos e os elementos
1 — Módulo 1: Informações administrativas. específicos que constituem o dossiê de autorização de
1.1 — Índice. introdução no mercado, nomeadamente, sobre os módu-
Deve ser apresentado um índice exaustivo dos módu- los 3, 4 e 5 (documentação química, farmacêutica e bioló-
los 1 a 5 do dossiê de autorização de introdução no gica, documentação não clínica e documentação clínica,
mercado. respectivamente). Os peritos devem tratar os pontos crí-
1.2 — Formulário do pedido. ticos relacionados com a qualidade do medicamento e dos
O medicamento objecto de pedido deve ser identifica- estudos efectuados em animais e em seres humanos, bem
do através da respectivo nome e da designação da ou como realçar todos os dados relevantes para a avaliação.
das substâncias activas, bem como da forma farmacêuti- Para preencher estes requisitos deve fornecer-se um
ca, do modo de administração, da dosagem e da apresen- resumo geral da qualidade, uma síntese não clínica (da-
tação final, incluindo a embalagem. dos de estudos realizados com animais) e uma síntese
Deve indicar-se o nome e endereço do requerente, bem clínica que deve ser introduzida no módulo 2 do dossiê
como dos fabricantes, e das instalações envolvidas nas do pedido de autorização de introdução no mercado. No
várias fases de fabrico (incluindo do fabricante do pro- módulo 1, deve ser apresentada uma declaração assinada
duto acabado e do ou dos fabricantes da ou das subs- pelos peritos, bem como uma descrição sucinta das res-
tâncias activas) e, quando relevante o nome e o endere- pectivas habilitações académicas, formação e experiência
ço do importador. profissional. Os peritos terão qualificações técnicas ou
6352 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
profissionais adequadas. Deve ser declarada a relação — Um relatório sobre a avaliação dos risco ambiental
profissional entre o perito e o requerente. (ARA) preparado com base na informação especificada
De acordo com as respectivas qualificações, os peritos nos anexos III e IV do Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de
devem: Abril e em conformidade com o anexo II do mesmo diplo-
ma;
— Proceder aos trabalhos próprios da sua disciplina
— Tendo em consideração a supracitada informação e
(análise, farmacologia e ciências experimentais análogas,
a ARA, uma conclusão que proponha uma estratégia
clínica) e descrever objectivamente os resultados obtidos
adequada de gestão do risco que inclua, no que toca ao
(quantitativos e qualitativos);
OGM ou medicamento em causa, um plano de vigilância
— Descrever as verificações realizadas, nomeadamen-
pós-comercialização no mercado e a identificação de qual-
te informando o que se mostrar necessário do ponto de
quer particularidade que deva constar no resumo das
vista do analista (se o medicamento está de acordo com
características do medicamento, rotulagem e folheto infor-
a composição declarada, concretizando integralmente os
mativo;
métodos de controlo utilizados pelo fabricante), do far-
— Medidas adequadas para informação ao público.
macologista ou especialista com competência experimen-
— Deve incluir-se a data e a assinatura do autor, as
tal análoga (toxicidade e propriedades farmacológicas ve-
habilitações académicas, a formação e a experiência pro-
rificadas) ou do clínico (nível de tolerância do
fissional do mesmo, bem como, uma declaração da rela-
medicamento, posologia aconselhada, correspondência
ção profissional entre o autor e o requerente.
entre informações do requerente e os efeitos nas pesso-
as, contra-indicações e reacções adversas);
2 — Módulo 2: Resumos.
— Justificar o eventual recurso à bibliografia científi-
Este módulo visa resumir os dados químicos, farmacêu-
ca detalhada.
ticos e biológicos, os dados não clínicos e os dados clí-
nicos apresentados nos módulos 3, 4 e 5 do dossiê de
1.5 — Requisitos específicos para diferentes tipos de
autorização de introdução no mercado, e fornecer os re-
pedidos.
latórios ou as sínteses descritos no artigo 16.º do pre-
Os requisitos específicos para os diferentes tipos de
sente diploma.
pedidos são tratados na parte II do presente anexo.
Os pontos críticos serão abordados e analisados. Se-
1.6 — Avaliação do risco ambiental.
rão fornecidos resumos factuais, inclusivamente sob a
Quando aplicável, os pedidos de autorização de intro-
forma de tabelas. Dos relatórios devem constar referências
dução no mercado devem incluir uma apreciação global
às tabelas ou à informação contida na documentação prin-
da avaliação do risco com a indicação dos riscos possí-
cipal apresentada no módulo 3 (documentação química,
veis para o ambiente causados pela utilização e/ou elimi-
farmacêutica e biológica), no módulo 4 (documentação
nação do medicamento e propor disposições de rotula-
não clínica) e no módulo 5 (documentação clínica).
gem adequadas. Deve ser abordado o risco ambiental
A informação contida no módulo 2 deve ser apresen-
associado à libertação de medicamentos contendo ou que
tada de acordo com o formato, o conteúdo e o sistema
consistam em OGM (organismos geneticamente modifica-
de numeração indicados no volume 2 das Informações aos
dos), na acepção do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 72/2003,
Requerentes. As sínteses e os resumos devem respeitar
de 10 de Abril que transpõe para a ordem jurídica interna
os princípios e requisitos básicos como a seguir se indica:
a Directiva n.º 2001/18/CE do Parlamento Europeu e do
2.1 — Índice geral.
Conselho de 12 de Março de 2001 relativa à libertação
O módulo 2 deve conter um índice da documentação
deliberada no ambiente de organismos geneticamente
científica apresentada nos módulos 2 a 5.
modificados e que revoga a Directiva n.º 90/220/CEE do
2.2 — Introdução.
Conselho.
Deve ser fornecida informação sobre o grupo farmaco-
A informação relativa ao risco ambiental deve ser apre-
lógico, o modo de acção e o uso clínico proposto do
sentada como apêndice ao módulo 1.
medicamento para o qual se solicitou uma autorização de
A informação deve ser apresentada de acordo com as
introdução no mercado.
disposições do Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de Abril,
2.3 — Resumo geral da qualidade.
tendo em conta os documentos de orientação publicados,
Uma revisão da informação relacionada com os dados
pela Comissão Europeia no que respeita à aplicação da
químicos, farmacêuticos e biológicos deve ser fornecida
referida directiva, ou pelo Governo.
no resumo geral da qualidade.
A informação é constituída por:
Devem ser salientados os parâmetros críticos funda-
— Uma introdução; mentais e questões relacionados com a qualidade, e deve
— Uma cópia de quaisquer consentimentos escritos ser dada uma justificação nos casos em que as normas
para a libertação deliberada no ambiente de organismos orientadoras correspondentes não tenham sido seguidas.
geneticamente modificados para efeitos de investigação Este documento deve atender ao âmbito e às linhas ge-
e de desenvolvimento, em conformidade com o capítulo II rais dos correspondentes dados pormenorizados, apresen-
do Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de Abril; tados no módulo 3.
— A informação solicitada nos anexos II a IV do 2.4 — Síntese não clínica.
Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de Abril, incluindo os mé- É necessária uma apreciação integrada e crítica da ava-
todos de detecção e de identificação, bem como, o códi- liação não clínica do medicamento em animais/in vitro.
go único dos OGM, e qualquer informação adicional so- Incluir-se-á a argumentação e a justificação da estratégia
bre os OGM ou o medicamento em causa para avaliar o de ensaio e de qualquer desvio às normas orientadoras
risco ambiental; correspondentes.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6353
(8) No caso de uma substância activa bem definida, o tecnológicos, se aplicável, deve ser também indicada a
seu fabricante ou requerente pode tomar medidas para que: sequência esquemática de aminoácidos e a massa mole-
cular relativa.
(i) a descrição pormenorizada do processo de fabrico; Deve ser fornecida uma lista das propriedades físico-
(ii) o controlo da qualidade durante o fabrico; e -químicas e outras propriedades relevantes da substân-
(iii) a validação do processo, cia activa, incluindo a actividade biológica no caso dos
medicamentos biológicos.
constem de um documento separado, denominado dossiê b) Para efeitos do presente anexo, entende-se por subs-
principal da substância activa, enviado directamente às tância de base todas as substâncias a partir dos quais a
autoridades competentes pelo fabricante dessa mesma substância activa é fabricada ou dos quais é extraída.
substância. No que respeita aos medicamentos biológicos, enten-
Nesse caso, o fabricante deve, porém, fornecer ao re- de-se por substâncias de base todas as substâncias de
querente todos os dados eventualmente necessários para origem biológica, como microorganismos, órgãos e teci-
que este possa responsabilizar-se pelo medicamento. O dos de origem vegetal ou animal, células ou fluidos (in-
fabricante deve confirmar por escrito ao requerente que cluindo sangue ou plasma) de origem humana ou animal
irá assegurar a homogeneidade dos lotes e que não alte- e construção biotecnológica celular (substratos celulares,
rará nem o processo de fabrico nem as especificações sem sejam ou não recombinantes, incluindo as células primá-
o informar. Devem ser fornecidos às autoridades compe- rias). Excluem-se desta definição as substâncias de ori-
tentes documentos e elementos justificativos do pedido gem biológica como aminoácidos, gelatina, derivados do
com vista a uma tal alteração; estes documentos e ele- sebo, amido, açúcares, heparinas e metabolitos secundá-
mentos serão também fornecidos ao requerente quando rios como antibióticos, vitaminas, purinas e pirimidinas.
digam respeito à parte aberta do dossiê principal. Um medicamento biológico é um medicamento cuja
(9) Medidas específicas relativas à prevenção da trans- substância activa é uma substância biológica.
missão de encefalopatias espongiformes animais (substân- Entende-se por substância biológica uma substância
cias de origem ruminante): em cada fase do processo de extraída ou produzida a partir de uma fonte biológica e
fabrico, o requerente deve demonstrar a conformidade das cuja caracterização e definição de qualidade requerem a
substâncias utilizadas com a Norma Orientadora sobre a combinação de ensaios físicos, químicos e biológicos, em
Minimização do Risco de Transmissão das Encefalopati- conjunto com o processo de fabrico e respectivo contro-
as Espongiformes Animais através dos Medicamentos e lo. Devem considerar-se como medicamentos biológicos
suas actualizações, publicadas pela Comissão Europeia no os seguintes medicamentos: medicamentos imunológicos
Jornal Oficial da União Europeia. e medicamentos derivados do sangue e plasma humanos,
A demonstração da conformidade com a referida Norma tal como definidos no presente diploma, os medicamen-
Orientadora pode ser realizada quer apresentando, de tos abrangidos pelos n.os 1 e 2 do anexo ao Regulamento
preferência, um certificado de conformidade com a mono- (CE) n.º 726/2004 e os medicamentos de terapia avançada
grafia correspondente da Farmacopeia Europeia concedida definidos na parte IV do presente anexo.
Quaisquer outras substâncias utilizadas para o fabrico
pela Direcção Europeia de Qualidade dos Medicamentos,
ou para a extracção da ou das substâncias activas,mas
quer fornecendo dados científicos que consubstanciem
das quais esta(s) não é(são) directamente derivada(s),
esta conformidade.
como reagentes, meios de cultura, soro fetal de vitelo,
(10) No caso dos agentes adventícios, deve ser forne-
aditivos e soluções-tampão envolvidas em cromatografia,
cida informação que avalie o risco relativamente à conta- etc, são denominadas matérias-primas.
minação potencial com estes agentes, sejam eles não vi- 3.2.1.2 — Processo de fabrico da ou das substâncias
rais ou virais, como disposto nas normas orientadoras activas.
relevantes, bem como na monografia geral e no capítulo a) A descrição do processo de fabrico da substância
geral da Farmacopeia Europeia pertinentes. activa representa o compromisso do requerente em fabri-
(11) Quaisquer instrumentos ou equipamentos especiais car a substância activa. Para descrever adequadamente o
susceptíveis de serem utilizados em qualquer fase do processo de fabrico e os controlos do processo, deve ser
processo de fabrico e nas operações de controlo do me- fornecida informação adequada em conformidade com o
dicamento devem ser descritos com o pormenor adequado. estabelecido nas normas orientadoras publicadas pela
(12) Quando aplicável e se necessário, é aposta a mar- Agência.
cação CE requerida pela legislação comunitária em maté- b) Devem ser indicadas todas as substâncias necessá-
ria de dispositivos médicos. rias para fabricar a(s) substância(s) activa(s), identifican-
Deve ser dada especial atenção os seguintes elemen- do em que fase do processo é utilizada cada substância.
tos. Deve ser fornecida informação sobre a qualidade e o
3.2.1 — Substância(s) activa(s). controlo dessas substâncias, bem como, informações de-
3.2.1.1 — Informações gerais e informações relacionadas monstrando que as substâncias satisfazem os padrões
com as substâncias de base e as matérias-primas. adequados para o uso a que se destinam.
a) Devem ser fornecidas informações sobre a nomen- Deve ser elaborada uma lista das matérias-primas e
clatura da substância activa, incluindo a denominação devem ser também documentados os respectivos proces-
comum, o nome da Farmacopeia Europeia, se relevante, e sos de controlo e a respectiva qualidade.
o ou os nomes químicos. Deve indicar-se o nome, o endereço e a responsabili-
Deve ser indicada a fórmula estrutural, incluindo a dade de cada fabricante, incluindo dos adjudicatários e
esteroquímica relativa e absoluta, a fórmula molecular e a de cada local ou instalação de produção propostos, en-
massa molecular relativa. No caso dos medicamentos bio- volvidos no fabrico e nos ensaios.
6356 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
título da respectiva monografia, com indicação da farma- e as características do processo que possam influenciar
copeia em questão; a reprodutibilidade dos lotes, o desempenho e a qualida-
— No que respeita a outras substâncias, a denomina- de do medicamento devem ser identificados e descritos.
ção comum ou, caso não exista, a denominação científica Outros dados de apoio, quando adequados, devem ser
exacta; as substâncias que não disponham de denomina- referenciados nos capítulos correspondentes do módulo 4
ção comum nem de denominação científica exacta devem (relatórios dos estudos não clínicos) e no módulo 5 (re-
ser descritas através de uma menção da origem e do modo latórios dos estudos clínicos) do dossiê do pedido de au-
como foram preparadas, complementada, se necessário, por torização de introdução no mercado.
outros elementos relevantes; a) A compatibilidade da substância activa com os ex-
— No que respeita às matérias corantes, a designação cipientes, bem como, as características físicoquímicas mais
através do código «E» que lhes foi atribuído pela Direc- importantes da substância activa que possam influenciar
tiva n.º 78/25/CEE do Conselho, de 12 de Dezembro de o desempenho do produto acabado ou a compatibilidade
1977, relativa à aproximação das legislações dos Estados das diferentes substâncias activas entre si, no caso de
membros respeitantes às matérias que podem ser adicio- produtos em associação, devem ser documentadas;
nadas aos medicamentos tendo em vista a sua coloração b) A escolha dos excipientes, nomeadamente em rela-
ou na Directiva 94/36/CE do Parlamento Europeu e do ção às suas funções e concentração respectivas, deve ser
Conselho, de 30 de Junho de 1994, relativa aos corantes documentada;
para utilização nos géneros alimentícios, transpostos para c) Deve ser fornecida uma descrição do desenvolvimen-
a ordem jurídica interna pelo Decreto-Lei n.º 193/2000, de to do produto acabado, tendo em consideração o modo
18 de Agosto, com a última redacção resultante do e via de administração e a utilização propostos;
Decreto-Lei n.º 166/2002, de 18 de Julho. d) Deve ser justificada qualquer eventual sobrecarga
no fabrico da(s) formulação(ões);
Por forma a especificar a «composição quantitativa» da e) No que respeita às propriedades físico-químicas e
ou das substâncias activas do produto acabado, impor- biológicas, qualquer parâmetro relevante para o desempe-
ta, dependendo da forma farmacêutica em questão, espe- nho do produto acabado deve ser abordado e documen-
cificar a massa ou o número de unidades de actividade tado;
biológica por unidade de dose ou por unidade de massa f) Devem ser indicadas a selecção e optimização do
ou volume, de cada substância activa. processo de fabrico, bem como as diferenças entre o ou
As substâncias activas presentes sob a forma de com- os processos de fabrico utilizados para produzir lotes
postos ou derivados devem ser designadas quantitativa- clínicos críticos e o processo utilizado para o fabrico do
mente pela sua massa total e, se necessário ou relevante, produto acabado proposto;
da massa da fracção activa ou das fracções da molécula. g) A adequação do recipiente e do sistema de fecho
No caso dos medicamentos que contenham uma subs- utilizado para armazenamento, transporte e utilização do
tância activa que é objecto de um pedido de autorização produto acabado deve ser documentada. Uma possível
de introdução no mercado em qualquer Estado membro interacção entre medicamento e acondicionamento primá-
pela primeira vez, a declaração quantitativa de uma subs- rio pode ter de ser considerada;
tância activa que seja um sal ou um hidrato deve ser sis- h) As propriedades microbiológicas da forma farmacêu-
tematicamente expressa em termos da massa da fracção tica em relação a produtos não estéreis e estéreis devem
activa ou das fracções da molécula. A composição quan- estar em conformidade com a Farmacopeia Europeia e
titativa de todos os medicamentos autorizados subsequen- documentados tal como aí prescrito;
temente nos Estados membros deve ser declarada da i) De forma a fornecer informações de apoio adequa-
mesma forma para a mesma substância activa. das para a etiquetagem, a compatibilidade do produto
Devem ser especificadas as unidades de actividade acabado com o ou os solventes de reconstituição ou os
biológica no que respeita às substâncias que não pos- dispositivos de dose deve ser documentada.
sam ser definidas em termos moleculares. Caso a Organi- 3.2.2.3 — Processo de fabrico do produto acabado.
zação Mundial de Saúde tenha definido uma dada unida- a) A descrição do método de fabrico que acompanha
de internacional de actividade biológica, deve utilizar-se o pedido de autorização, por força da alínea g) do n.º 2
a referida unidade. Caso não esteja definida uma unidade do artigo 16.º, deve ser redigida de forma a que consti-
internacional, a unidade de actividade biológica deve ser tua uma sinopse adequada da natureza das operações
expressa para que veicule informação desprovida de am- utilizadas.
biguidades sobre a actividade da substância, utilizando, Para este efeito deve incluir, no mínimo:
se aplicável, as unidades da Farmacopeia Europeia.
3.2.2.2 — Desenvolvimento farmacêutico. — A menção das diversas fases de fabrico, incluindo
Este capítulo deve ser dedicado à informação sobre os o processo de controlo e os critérios de aceitação cor-
estudos de desenvolvimento efectuados para determinar respondentes, por forma a que se possa apreciar se os
se a apresentação, a formulação, o processo de fabrico, processos empregues na obtenção da forma farmacêutica
o sistema de fecho do acondicionamento primário, as pro- são susceptíveis de provocar uma alteração adversa dos
priedades microbiológicas e as instruções de uso são componentes;
adequados para a utilização a que se destinam, especifi- — No caso de fabrico contínuo, todas as informações
cada no dossiê de pedido de autorização de introdução detalhadas sobre as medidas tomadas para garantir a
no mercado. homogeneidade do produto acabado;
Os estudos descritos neste capítulo são diferentes dos — Estudos experimentais de validação do processo de
ensaios de controlo de rotina efectuados de acordo com fabrico, caso se trate de um método de fabrico não nor-
as especificações. Os parâmetros críticos da formulação malizado ou se tal se afigure crítico para o produto;
6358 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
ses procedimentos, devem ser apresentados num formato 4.2 — Conteúdo: princípios e requisitos básicos — Deve
adequado; no caso das vacinas, devem ser fornecidas ser dada especial atenção aos seguintes elementos:
informações, quando adequado, sobre a estabilidade cu- (1) Os ensaios toxicológicos e farmacológicos devem
mulativa. demonstrar:
c) O protocolo de estabilidade pós-aprovação e o com- a) A toxicidade potencial do produto, bem como quais-
promisso de estabilidade devem ser fornecidos. quer eventuais efeitos tóxicos perigosos ou indesejáveis
4 — Módulo 4: Relatórios não clínicos. nas condições de utilização propostas para o ser huma-
4.1 — Formato e apresentação — O esboço geral do mó- no; estes devem ser avaliados em relação à patologia em
dulo 4 é o seguinte: questão;
Índice; b) As propriedades farmacológicas do produto relacio-
Relatório dos estudos; nadas com a utilização prevista no ser humano, em ter-
Farmacologia: mos quantitativos e qualitativos. Todos os resultados
devem ser fidedignos e de aplicação geral. Sempre que
— Farmacodinâmica primária; adequado, devem utilizar-se métodos matemáticos e esta-
— Farmacodinâmica secundária; tísticos na concepção dos métodos experimentais e na
— Farmacologia de segurança; avaliação dos resultados. Além disso, importa informar os
— Interacções farmacodinâmicas. clínicos sobre o potencial terapêutico e toxicológico do
produto.
Farmacocinética:
(2) No que respeita aos medicamentos biológicos,
— Relatórios sobre métodos analíticos e validação;
como medicamentos imunológicos e medicamentos deri-
— Absorção;
vados do sangue ou plasma humanos, os requisitos do
— Distribuição;
presente módulo poderão ter de ser adaptados ao produ-
— Metabolismo; to em questão; por conseguinte, o requerente deve fun-
— Excreção; damentar o programa de ensaios efectuado.
— Interacções farmacocinéticas (não clínicas); Ao definir um programa de ensaios, deve atender-se ao
— Outros estudos farmacocinéticos. que se segue:
Toxicologia: — Todos os ensaios que requeiram a administração
repetida do produto devem ser concebidos por forma a
— Toxicidade por dose única; atender à eventual indução de, ou interferência com, an-
— Toxicidade por dose repetida; ticorpos;
— Genotoxicidade: — Deve ponderar-se o exame da função reprodutora,
— In vitro; da toxicidade embrionária/fetal e perinatal e do potencial
— In vivo (incluindo avaliações toxicocinéticas de mutagénico e carcinogénico. Quando os componentes
suporte). potencialmente tóxicos não forem substâncias activas, este
estudo pode ser substituído pela validação da sua supres-
Carcinogenicidade: são.
— Estudos a longo prazo;
— Estudos a curto ou médio prazo; (3) Deve investigar-se a toxicologia e a farmacocinéti-
— Outros estudos. ca de um excipiente utilizado pela primeira vez no domí-
nio farmacêutico.
Toxicidade para a função reprodutora e para o desen- (4) Quando exista a possibilidade de degradação sig-
volvimento: nificativa do medicamento durante o armazenamento, deve
atender-se à toxicologia dos produtos de degradação.
— Fertilidade e desenvolvimento embrionário inicial; 4.2.1 — Farmacologia.
— Desenvolvimento embrionário e fetal; O estudo de farmacologia deve seguir duas abordagens
— Desenvolvimento pré-natal e pós-natal; distintas:
— Estudos em que a descendência (animais juvenis) é
— Em primeiro lugar, devem investigar-se e descrever-
tratada com determinadas doses e/ou posteriormente ava-
-se adequadamente as acções relacionadas com a utiliza-
liada;
ção terapêutica proposta. Quando possível, serão utiliza-
— Tolerância local.
dos ensaios reconhecidos e validados, quer in vivo quer
in vitro. Devem descrever-se pormenorizadamente as téc-
Outros estudos de toxicidade:
nicas experimentais novas por forma a que possam ser
— Antigenicidade; reproduzidas. Os resultados devem ser expressos em ter-
— Imunotoxicidade; mos quantitativos, através do recurso a, por exemplo,
— Estudos do mecanismo de acção; curvas dose-efeito, tempo-efeito, etc. Sempre que possí-
— Dependência; vel serão feitas comparações com os dados relativos a
— Metabolitos; substâncias com uma acção terapêutica semelhante;
— Impurezas; — Em segundo lugar, o requerente deve investigar os
— Outros. potenciais efeitos farmacodinâmicos indesejáveis da subs-
tância sobre as funções fisiológicas. Estas investigações
Referências bibliográficas. devem ser realizadas com exposições na gama terapêuti-
6360 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
ca antecipada e superiores. Devem descrever-se porme- tomopatológicas induzidas pela administração repetida da
norizadamente as técnicas experimentais, excepto caso se substância activa ou da associação de substâncias acti-
trate de processos normalizados, por forma a que possam vas em estudo e a determinar o modo como se relacio-
ser reproduzidas, devendo o investigador comprovar a sua nam com a dose.
validade. Deve ser investigada qualquer suspeita de alte- Em temos gerais, considera-se desejável a execução de
ração das reacções resultantes da administração repetida dois ensaios: um a curto prazo, com uma duração de duas
da substância. a quatro semanas, e outro a longo prazo. A duração des-
te último deve depender das condições da sua utilização
No que respeita à interacção farmacodinâmica do me- clínica. O seu objectivo é descrever os potenciais efeitos
dicamento, os ensaios com associações de substâncias adversos a que se deve prestar atenção nos estudos clí-
activas podem ser desencadeados com base, quer em nicos. A duração está definida nas normas orientadoras
premissas farmacológicas, quer em indicações de efeitos correspondentes publicadas pela Agência.
terapêuticos. No primeiro caso, o estudo farmacodinâmi- c) Genotoxicidade.
co deve revelar as interacções susceptíveis de contribuir O estudo do potencial mutagénico e clastogénico des-
para o valor terapêutico da associação. No segundo caso, tina-se a revelar as alterações que uma substância pode
em que se pretende uma justificação científica para a causar no material genético dos indivíduos ou das célu-
associação através de experimentação terapêutica, a in- las. As substâncias mutagénicas podem ser perigosas para
vestigação deve determinar se é ou não possível compro- a saúde, uma vez que a exposição a estas substâncias
var no animal os efeitos previstos da associação, deven- comporta o risco de mutação germinal, incluindo a possi-
do ser no mínimo investigada a importância de quaisquer bilidade de disfunções hereditárias, e o risco de mutações
efeitos colaterais. somáticas, incluindo as que podem causar cancro. Este
4.2.2 — Farmacocinética. estudo é obrigatório para todas as substâncias novas.
A farmacocinética estuda o comportamento da subs- d) Carcinogenicidade.
tância activa e/ou dos seus metabolitos no organismo, e São geralmente requeridos ensaios de detecção de efei-
abrange o estudo da absorção, distribuição, metabolismo tos carcinogénicos:
(biotransformação) e excreção destas substâncias. 1 — Estes estudos devem ser realizados para quaisquer
O estudo destas diferentes fases pode ser efectuado
medicamentos susceptíveis de ser administrados regular-
sobretudo por meio de métodos físicos, químicos ou pos-
mente durante um período prolongado de vida dos doen-
sivelmente biológicos, e pela observação da actividade
tes, quer de forma contínua, quer repetidamente de forma
farmacodinâmica da própria substância.
intermitente.
A informação sobre a distribuição e eliminação pode
ser necessária nos casos em que tais dados sejam indis- 2 — Estes estudos são recomendados para certos me-
pensáveis para a determinação da dose no ser humano e dicamentos cujo potencial carcinogénico suscite preocu-
no que respeita a substâncias quimioterapêuticas (antibió- pação, por analogia, por exemplo, a um medicamento do
ticos, etc.) e a substâncias cuja utilização dependa dos mesmo grupo ou de estrutura semelhante, ou devido a
seus efeitos não farmacodinâmicos (por exemplo, vários efeitos observados em estudos de toxicidade por dose
meios de diagnóstico, etc.). repetida.
Podem ser realizados estudos in vitro com a vantagem 3 — Não são necessários estudos com compostos cuja
de se utilizar substâncias de origem humana para compa- genotoxicidade seja inequívoca, pois presume-se que são
ração com substâncias de origem animal (ou seja, ligação carcinogéneos trans-espécies que implicam um risco para
a proteínas, metabolismo, interacção entre medicamentos). os seres humanos. Se um medicamento deste tipo se
É necessária a investigação farmacocinética de todas destinar a administração crónica aos seres humanos, pode
as substâncias farmacologicamente activas. ser necessário um estudo crónico para detectar efeitos
No caso de novas associações de substâncias já in- tumorigénicos precoces.
vestigadas e conhecidas, em conformidade com o disposto e) Toxicidade para a função reprodutora e o desenvol-
no presente diploma, podem não ser necessários os es- vimento.
tudos de farmacocinética, se os ensaios de toxicidade e A investigação de possíveis reacções adversas sobre
a experimentação terapêutica justificarem a sua omissão. a função reprodutora masculina ou feminina, bem como
O programa farmacocinético deve ser concebido para de efeitos nocivos na descendência deve ser realizada
permitir a comparação e a extrapolação entre os animais através de ensaios adequados.
e o ser humano. Estes ensaios incluem estudos do efeito sobre a fun-
4.2.3 — Toxicologia. ção reprodutora adulta de machos e fêmeas, estudos dos
a) Toxicidade por dose única. efeitos tóxicos e teratogénicos em todas as fases de de-
Um ensaio de toxicidade por dose única é um estudo senvolvimento, desde a concepção à maturidade sexual,
qualitativo e quantitativo dos efeitos tóxicos eventualmen- bem como dos efeitos latentes quando o medicamento em
te resultantes da administração única da ou das substân- investigação foi administrado às fêmeas durante a gravi-
cias activas presentes num medicamento, nas proporções dez.
e no estado físico-químico em que estão presentes no A omissão destes ensaios deve ser adequadamente
mesmo. justificada.
O ensaio de toxicidade por dose única deve ser reali- Dependendo da utilização indicada do medicamento,
zado de acordo com as normas orientadoras correspon- podem ser necessários estudos suplementares que abor-
dentes publicadas pela Agência. dem o desenvolvimento da descendência quando o me-
b) Toxicidade por dose repetida. dicamento lhe é administrado.
Os ensaios de toxicidade por dose repetida destinam- Os ensaios de toxicidade embrionária e fetal devem
-se a revelar quaisquer alterações fisiológicas e/ou ana- normalmente efectuar-se em duas espécies de mamíferos,
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6361
uma das quais não deve ser roedora. Os estudos perina- — Relatórios de estudos que utilizam outras substân-
tais e pós-natais devem efectuar-se em pelo menos uma cias biológicas de origem humana.
espécie. Se é conhecido que o metabolismo de um dado — Relatórios de estudos de farmacocinética no ser
medicamento numa espécie particular é semelhane ao humano.
observado no homem, é desejável a inclusão desta espé- — Relatórios de estudos de farmacocinética e de tole-
cie. É igualmente desejável que uma das espécies seja a rabilidade inicial em indivíduos saudáveis.
utilizada nos estudos de toxicidade por dose repetida. — Relatórios de estudos de farmacocinética e de tole-
Ao determinar a concepção do estudo deve atender- rabilidade inicial em doentes.
-se ao estado dos conhecimentos científicos aquando da — Relatórios de estudos de farmacocinética de factor
apresentação do pedido. intrínseco.
f) Tolerância local. — Relatórios de estudos de farmacocinética de factor
Os estudos de tolerância local destinam-se a determi- extrínseco.
nar se os medicamentos (quer substâncias activas quer — Relatórios de estudos de farmacocinética na popu-
excipientes) são tolerados em locais do corpo que pode- lação.
rão vir a entrar em contacto com o medicamento em con- — Relatórios de estudos de farmacodinâmica no ser
sequência da sua administração na prática clínica. A es- humano.
tratégia de ensaio deve ser de molde a que se possa — Relatórios de estudos de farmacodinâmica e farma-
diferenciar entre efeitos mecânicos da administração ou cocinética / farmacodinâmica em indivíduos saudáveis.
acções meramente físico-químicas do medicamento e efei- — Relatórios de estudos de farmacodinâmica e farma-
tos tóxicos ou farmacodinâmicos. cocinética / farmacodinâmica em doentes.
Os ensaios de tolerância local devem ser realizados com — Relatórios de estudos de eficácia e segurança.
a preparação que está a ser desenvolvida para uso hu- — Relatórios de estudos clínicos controlados relevan-
mano, utilizando o veículo e/ou os excipientes no trata- tes para a indicação requerida.
mento do(s) grupo(s) de controlo. — Relatórios de estudos clínicos não controlados.
Os controlos positivos ou as substâncias de referên- — Relatórios de análises de dados provenientes de
cia serão incluídos quando necessário. mais do que um estudo, incluindo quaisquer análises in-
A concepção dos ensaios de tolerância local (escolha tegradas, meta-análises e análises de ligação.
de espécies, duração, frequência, via de administração, — Outros relatórios de estudos clínicos.
doses) dependerá do problema a ser investigado e das — Relatórios de experiência pós-comercialização.
condições de administração propostas para utilização clí- — Referências bibliográficas.
nica. Deve ser realizada a reversibilidade das lesões lo-
cais quando relevante. 5.2 — Conteúdo: princípios e requisitos básicos.
Os estudos com animais podem ser substituídos por Deve ser dada especial atenção aos seguintes elemen-
ensaios in vitro validados desde que os resultados dos tos:
ensaios sejam de qualidade e utilidade comparáveis, para a) Os elementos de ordem clínica a apresentar por for-
efeitos de avaliação da segurança. ça da alínea i) do n.º 2 do artigo 16.º e do artigo 20.º devem
No caso de substâncias químicas a aplicar na pele (por permitir a elaboração de um parecer cientificamente váli-
exemplo, dérmicas, rectais, vaginais), o potencial de sen- do e suficientemente fundamentado sobre se o medica-
sibilização deve ser avaliado, pelo menos, por um dos mento satisfaz os critérios que regem a concessão da
métodos de ensaio actualmente disponíveis (o ensaio com autorização de introdução no mercado. Por conseguinte,
cobaias ou o ensaio de gânglio linfático local). o facto de serem divulgados os resultados de todos os
5 — Módulo 5: Relatórios de estudos clínicos. ensaios clínicos, favoráveis ou desfavoráveis, constitui
5.1 — Formato e apresentação.
um requisito essencial.
O esboço geral do módulo 5 é o seguinte: b) Os ensaios clínicos devem ser sempre precedidos
— Índice dos relatórios de estudos clínicos. de ensaios farmacológicos e toxicológicos adequados efec-
— Lista de todos os estudos clínicos em forma de tuados no animal em conformidade com os requisitos do
tabela. módulo 4 do presente anexo. O investigador deve tomar
— Relatórios de estudos clínicos. conhecimento das conclusões dos estudos farmacológi-
— Relatórios de estudos bio-farmacêuticos. cos e toxicológicos, devendo portanto o requerente co-
— Relatórios de estudos de biodisponibilidade. locar à sua disposição pelo menos a brochura do inves-
— Relatórios de estudos comparativos de biodisponi- tigador, que inclui toda a informação relevante conhecida
bilidade e de bioequivalência. antes do início do ensaio clínico e abrange os dados
— Relatórios de estudos de correlação in vitro — in químicos, farmacêuticos e biológicos e os dados toxico-
vivo. lógicos, farmacocinéticos e farmacodinâmicos no animal,
— Relatórios de estudos de métodos bioanalíticos e bem como os resultados de ensaios clínicos prévios, sen-
analíticos. do os dados adequados para que se justifique a nature-
— Relatórios de estudos relevantes para a farmaco- za, ordem de grandeza e duração do ensaio proposto;
cinética utilizando substâncias biológicas de origem devem ser apresentados, mediante pedido, os relatórios
humana. farmacológicos e toxicológicos integrais. No que respeita
— Relatórios de estudos de ligação a proteínas plas- às substâncias de origem humana ou animal, deve recor-
máticas. rer-se a todos os meios disponíveis para assegura, antes
— Relatórios de estudos do metabolismo hepático e do início do ensaio, a não transmissão de agentes infec-
da interacção entre medicamentos. ciosos antes do início do ensaio.
6362 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
c) Os titulares das autorizações de introdução no mer- — À lista do(s) investigador(es), devendo cada inves-
cado devem tomar as medidas necessárias para que os tigador indicar o respectivo nome, morada, funções, qua-
documentos essenciais relativos aos ensaios clínicos (in- lificações e actividades clínicas e especificar o local em
cluindo os formulários/relatórios de registo e de notifica- que o ensaio se desenrolou; cada investigador deve co-
ção de casos clínicos ou reacções adversas), à excepção ligir separadamente a informação relativa a cada doente,
dos processos médicos dos doentes, sejam conservados incluindo os formulários de notificação de casos relati-
pelos proprietários dos dados: vos a cada um dos participantes no ensaio;
— Durante, pelo menos, 15 anos após a conclusão ou — Ao relatório final assinado pelo investigador e, para
interrupção do ensaio. os ensaios multicêntricos, por todos os investigadores
— Ou, pelo menos, 2 anos após a concessão da últi- principais ou pelo investigador coordenador (principal).
ma autorização de introdução na Comunidade Europeia e
até não haver pendente nem previsto qualquer pedido de e) As informações acima referidas relativas aos ensai-
introdução no mercado na Comunidade Europeia. os clínicos devem ser enviadas às autoridades competen-
— Ou, pelo menos, 2 anos após a interrupção formal tes. Contudo, caso estas concordem, o requerente pode
do desenvolvimento clínico do medicamento experimental. omitir parte desta informação.
Mediante pedido, a documentação integral deve ser
Os processos clínicos dos doentes devem ser conser- imediatamente colocada à disposição das autoridades
vados em conformidade com a legislação aplicável e de competentes.
acordo com o período de tempo máximo permitido pelo Nas suas conclusões sobre os dados experimentais, o
hospital, instituição ou consultório particular. investigador deve emitir um parecer quanto à segurança
No entanto, os documentos podem ser conservados do medicamento em condições normais de utilização, à sua
durante mais tempo se os requisitos regulamentares apli- tolerância e à sua eficácia e incluir todas as informações
cáveis o exigirem ou por acordo com o promotor. Cabe úteis relativas às indicações e contra-indicações, à poso-
ao promotor informar o hospital, a instituição ou o con- logia e à duração média do tratamento, bem como, a quais-
sultório de quando os documentos deixam de ser neces- quer precauções especiais a tomar durante o tratamento
sários. e aos sintomas clínicos da sobredosagem. Ao notificar os
O promotor ou outro proprietário dos dados deve con- resultados de um estudo multicêntrico, o investigador
servar toda a restante documentação relativa ao ensaio principal deve exprimir, nas respectivas conclusões, um
durante o período em que o medicamento é autorizado. parecer sobre a segurança e eficácia do medicamento ex-
Estes dados devem abranger: o protocolo do ensaio, in- perimental em nome de todos os centros.
cluindo a fundamentação, os objectivos e a concepção f) No que respeita a cada ensaio, devem ser resumidas
estatística e a metodologia do ensaio, as condições ao informações clínicas que especifiquem:
abrigo das quais este se processa e é gerido, bem como 1) O número e o sexo dos indivíduos tratados;
informações sobre o medicamento experimental, o medi- 2) A selecção e a repartição etária dos grupos de do-
camento de referência e/ou o placebo utilizados; os pro- entes examinados e dos ensaios comparativos;
cessos operativos normalizados; todos os pareceres es- 3) O número de doentes que abandonaram prematura-
critos relativos ao protocolo e aos processos; a brochura mente o ensaio e os respectivos motivos;
do investigador; os formulários de notificação de casos 4) Caso os ensaios controlados se tenham desenrola-
relativos a cada um dos participantes no ensaio; o rela- do de acordo com as condições acima referidas, indicar
tório final; o ou os certificados de auditoria, se disponí- se o grupo de controlo:
veis. O promotor ou proprietário subsequente deve con-
servar o relatório final durante cinco anos após a — Não recebeu tratamento;
autorização do medicamento ter sido cancelada. — Recebeu um placebo;
Além dos ensaios realizados no território da Comuni- — Recebeu outro medicamento com efeitos conheci-
dade Europeia, o titular da autorização de introdução no dos;
mercado toma as medidas adicionais necessárias para ar- — Recebeu um outro tratamento sem medicamentos;
quivar a documentação em conformidade com o disposto
na Lei n.º 46/2004, de 19 de Agosto, e na Directiva 5) A frequência das reacções adversas observadas;
n.º 2005/28/CE e aplica as orientações pormenorizadas. 6) Informações relativas a doentes que possam apre-
Deve ser documentada qualquer mudança de proprie- sentar um risco acrescido (por exemplo, idosos, crianças,
dade dos dados. mulheres grávidas ou em idade fértil) ou cujo estado fisio-
Todos os dados e documentos devem ser postos à lógico ou patológico careça de especial atenção;
disposição das autoridades competentes se estas os exi- 7) Parâmetros ou critérios de avaliação da eficácia e
girem. resultados no âmbito desses parâmetros;
d) As informações relativas a cada ensaio clínico de- 8) Uma avaliação estatística dos resultados, quando tal
vem ser suficientemente pormenorizadas para que permi- se justifique em virtude da concepção dos ensaios e dos
tam um julgamento objectivo relativamente: factores variáveis em questão.
— Ao protocolo, incluindo a fundamentação, os ob-
g) Além disso, o investigador deve indicar sempre as
jectivos e a concepção estatística e metodologia do en-
suas observações no tocante a:
saio, as condições ao abrigo das quais este se processa
e é gerido, bem como informações sobre o medicamento 1) Quaisquer sinais de habituação, dependência ou
experimental utilizado; dificuldades no desmame dos doentes em relação ao
— Ao(s) certificado(s) de auditoria, se disponíveis; medicamento;
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6363
2) Quaisquer interacções observadas com outros me- e a resposta farmacocinética. Devem ser fornecidos rela-
dicamentos administrados concomitantemente; tórios de estudos de farmacocinética e de tolerância ini-
3) Critérios que conduzam à exclusão de certos doen- cial em indivíduos saudáveis e em doentes, relatórios de
tes do ensaio; estudos de farmacocinética para avaliar os efeitos de fac-
4) Quaisquer mortes ocorridas durante o ensaio ou no tores intrínsecos e extrínsecos e relatórios de estudos de
período de observação que se lhe segue. farmacocinética populacional.
b) Caso o medicamento seja geralmente administrado
h) As informações relativas a qualquer nova associa- concomitantemente com outros medicamentos, devem ser
ção de medicamentos devem ser idênticas às requeridas prestadas informações sobre os ensaios de administração
para os medicamentos novos e comprovar a segurança e conjunta efectuados de forma a demonstrar eventuais
eficácia da associação. modificações da acção farmacológica.
i) Deve justificar-se a omissão total ou parcial de da- As interacções farmacocinéticas entre a substância
dos. Caso se verifiquem resultados imprevistos no decur- activa e outros medicamentos ou substâncias devem ser
so dos ensaios, devem efectuar-se e analisar-se novos investigadas.
ensaios toxicológicos e farmacológicos pré-clínicos. 5.2.4 — Relatórios de estudos de farmacodinâmica no
j) Caso o medicamento se destine a ser administrado a ser humano.
longo prazo, devem ser dadas informações relativas a a) Deve ser demonstrada a acção farmacodinâmica cor-
qualquer eventual alteração da acção farmacológica na relacionada com a eficácia, incluindo:
sequência de administrações repetidas, devendo ser igual-
— A relação dose-efeito e a respectiva evolução no
mente estabelecida a posologia para uma administração a
tempo;
longo prazo.
— A justificação da dose e das condições de admi-
5.2.1 — Relatórios de estudos bio-farmacêuticos.
nistração;
Devem ser fornecidos relatórios de estudos de biodis-
— Se possível, o modo de acção.
ponibilidade, relatórios de estudos comparativos de bio-
disponiblidade e de bioequivalência, relatórios sobre es-
Deve ser descrita a acção farmacodinâmica não relaci-
tudos de correlação in vitro e in vivo, bem como, os
onada com a eficácia.
métodos biológicos e analíticos.
A demonstração de efeitos farmacodinâmicos no ho-
A avaliação da biodisponibilidade deve também efec-
mem, por si só, não basta para justificar conclusões rela-
tuar-se caso seja necessária para demonstrar a bioequi-
tivas a um potencial efeito terapêutico.
valência dos medicamentos, como referido no artigo 20.º
b) Caso o medicamento seja geralmente administrado
5.2.2 — Relatórios de estudos relevantes para a far-
concomitantemente com outros medicamentos, devem ser
macocinética utilizando substâncias biológicas de ori-
prestadas informações sobre os ensaios de administração
gem humana.
conjunta efectuados por forma a demonstrar eventuais
Para efeitos do presente anexo, entende-se por mate-
modificações da acção farmacológica.
rial biológico humano quaisquer proteínas, células, teci-
As interacções farmacodinâmicas entre a substância
dos e substâncias afins de origem humana que são utili-
activa e outros medicamentos e substâncias devem ser
zados in vitro ou ex vivo para avaliar as propriedades
investigadas.
farmacocinéticas das substâncias medicamentosas.
5.2.5 — Relatórios de estudos de eficácia e segurança.
A este respeito, devem ser fornecidos relatórios de
5.2.5.1 — Relatórios de estudos clínicos controlados re-
estudos de ligação a proteínas plasmáticas, de estudos
levantes para a indicação requerida.
sobre o metabolismo hepático e a interacção de substân-
Os ensaios clínicos devem, em geral, assumir a forma
cias activas e relatórios de estudos utilizando outro ma-
de «ensaios clínicos controlados», se possível aleatórios
terial biológico humano.
e, conforme adequado, comparativamente a um placebo e
5.2.3 — Relatórios de estudos farmacocinéticos no ser
a um medicamento conhecido com valor terapêutico com-
humano.
provado; qualquer outra modalidade deve ser justificada.
a) Serão descritas as seguintes características farmaco-
O tratamento atribuído ao grupo controlado varia conso-
cinéticas:
ante os casos e depende igualmente de questões deon-
— Absorção (velocidade e grau); tológicas e do domínio terapêutico; assim, em certos ca-
— Distribuição; sos, pode ser mais adequado comparar a eficácia de um
— Metabolismo; medicamento novo com a de um medicamento conhecido
— Excreção. com valor terapêutico comprovado e não com a de um
placebo.
Devem ser descritas as características clinicamente sig- (1) Na medida do possível e em especial nos ensaios
nificativas, nomeadamente as implicações dos dados ci- em que o efeito do medicamento não possa ser objecti-
néticos na posologia, especialmente nos doentes de ris- vamente medido, devem adoptar-se medidas de preven-
co, e as diferenças entre o homem e as espécies animais ção de erros, como a aleatorização e os ensaios em ocul-
utilizadas nos estudos pré-clínicos. tação.
Além dos estudos farmacocinéticos normalizados de (2) O protocolo do ensaio deve conter uma descrição
amostras múltiplas, as análises de farmacocinética popu- pormenorizada dos métodos estatísticos a utilizar, do
lacional com base em amostras analisadas durante os número de doentes e dos motivos para sua inclusão (in-
estudos clínicos também podem servir para abordar as cluindo cálculos do valor estatístico de ensaio), do nível
questões relativas à contribuição de factores intrínsecos de significância a utilizar e uma descrição da unidade de
e extrínsecos para a variabilidade da relação entre a dose calculo estatístico. Devem ser documentadas as medidas
6364 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
adoptadas para evitar os erros, nomeadamente métodos Aplicam-se as seguintes regras específicas de forma a
de aleatorização. A inclusão de um grande número de demonstrar o uso clínico bem estabelecido:
indivíduos num ensaio não deve ser encarada como uma a) Os factores a que se deve atender a fim de estabe-
forma de compensar a ausência de um ensaio adequado. lecer o uso clínico bem estabelecido dos componentes dos
Os dados relativos à segurança devem ser analisados medicamentos são:
à luz das normas orientadoras publicadas pela Comissão
Europeia, dando particular atenção a acontecimentos re- — O período de tempo durante o qual a substância
sultantes de uma alteração da dose ou da necessidade foi utilizada;
de medicação concomitante, a acontecimentos adversos — Os aspectos quantitativos da utilização da substância;
graves, a acontecimentos que tenham causado a exclu- — O grau de interesse científico na utilização da subs-
são do ensaio e a mortes. Os doentes ou grupos de do- tância (reflectido na literatura científica publicada); e
entes em risco acrescido devem ser identificados, e deve — A coerência das avaliações científicas.
ser dada especial atenção a doentes potencialmente vul-
Por conseguinte, podem ser necessários períodos de
neráveis que possam estar presentes em número reduzi-
tempo diferentes para estabelecer o uso bem determina-
do, por exemplo, crianças, grávidas, idosos frágeis, pes-
do de substâncias diferentes. Em todo o caso, porém, o
soas com deficiências evidentes de metabolismo ou de
período de tempo exigido para o estabelecimento do uso
excreção, etc. Deve ser descrita a implicação da avalia- bem determinado não deve ser inferior a uma década após
ção da segurança para as possíveis utilizações do medi- a primeira utilização sistemática e documentada dessa
camento. substância como medicamento na Comunidade.
5.2.5.2 — Relatórios de estudos clínicos não controla- b) A documentação apresentada pelo requerente deve
dos, relatórios de análises de dados provenientes de mais abranger todos os aspectos da avaliação da eficácia
de um estudo e outros relatórios de estudos clínicos. e/ou da segurança e incluir ou referir-se a uma revisão
Devem ser fornecidos os relatórios acima referidos. da literatura relevante, que atenda a estudos anteriores e
5.2.6 — Relatórios de experiência pós-comercialização. posteriores à introdução no mercado e à literatura cientí-
Caso o medicamento esteja já autorizado em países fica publicada referente à experiência em termos de estu-
terceiros, devem ser apresentadas informações relativa- dos epidemiológicos, nomeadamente estudos epidemioló-
mente às reacções adversas do medicamento em questão, gicos comparativos. Toda a documentação, favorável e
bem como, aos medicamentos com a(s) mesma(s) desfavorável, deve ser comunicada. No que respeita às
substância(s) activa(s), indicando se possível a sua inci- disposições relativas ao «uso clínico bem estabelecido»,
dência. é particularmente necessário esclarecer que «a referência
5.2.7 — Formulários de notificação de casos e regis- bibliográfica» a outras fontes de dados (estudos posteri-
tos individuais dos doentes. ores à introdução no mercado, estudos epidemiológicos,
Quando submetidos de acordo com a norma orienta- etc.), e não apenas os dados relacionados com estudos
dora correspondente publicada pela Agência, os formu- e ensaios, pode constituir uma prova válida de seguran-
lários de notificação de casos e os registos com os da- ça e eficácia de um medicamento, se o requerente expli-
dos individuais dos doentes devem ser apresentados pela car e fundamentar a utilização de tais fontes de informa-
mesma ordem que os relatórios de estudos clínicos e in- ção de forma satisfatória.
dexados por estudo. c) Deve prestar-se particular atenção a qualquer infor-
mação inexistente e deve ser apresentada uma justifica-
ção do motivo por que se pode defender a demonstração
PARTE II de um nível de segurança e/ou eficácia aceitável, pese
embora a ausência de alguns estudos.
Dossiês e requisitos específicos de autorização d) As sínteses não clínicas e/ou clínicas devem expli-
de introdução no mercado car a importância de quaisquer dados apresentados refe-
rentes a um medicamento diferente do medicamento des-
Alguns medicamentos apresentam características espe- tinado a ser introduzido no mercado.
cíficas tais, que todos os requisitos do dossiê do pedido Há que decidir se o medicamento estudado pode ser
de autorização de introdução no mercado, conforme o considerado análogo ao medicamento para o qual se apre-
disposto na parte I do presente anexo, devem ser adapta- sentou um pedido de autorização de introdução no mer-
dos. Para ter em conta estas situações especiais, os re- cado, apesar das diferenças existentes.
querentes devem adaptar em conformidade a apresen- e) A experiência pós-comercialização com outros medi-
tação do dossiê. camentos que contenham os mesmos componentes é
particularmente importante e os requerentes devem dar
1 — Uso clínico bem estabelecido (artigo 21.º).
ênfase especial a esta questão.
Para medicamentos cuja substância ou substâncias 2 — Medicamentos essencialmente similares.
activas tenham um «uso clínico bem estabelecido», como a) Os pedidos apresentados ao abrigo do artigo 20.º a
referido no artigo 21.º, e apresentem uma eficácia reco- 23.º com base em documentação completa relativa à au-
nhecida e um nível de segurança aceitável, devem apli- torização de um medicamento de referência devem conter
car-se as seguintes regras específicas. os dados descritos nos módulos 1, 2 e 3 da parte I do
O requerente deve apresentar os módulos 1, 2 e 3 de presente anexo, desde que o requerente tenha obtido o
acordo com a parte I do presente anexo. consentimento do titular da autorização original de intro-
Para os módulos 4 e 5, uma bibliografia científica de- dução no mercado para se referir ao conteúdo dos mó-
talhada abordará características não clínicas e clínicas. dulos 4 e 5.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6365
b) Os pedidos apresentados ao abrigo do artigo 20.º e mente similares (genéricos) não permitirem a demonstra-
fundamentados no decurso do prazo de protecção de ção da natureza similar dos dois medicamentos biológi-
dados de que beneficia o titular do medicamento de refe- cos, devem ser fornecidos dados suplementares, nomea-
rência devem conter os dados descritos nos módulos 1, damente o perfil toxicológico e clínico.
2 e 3 da Parte I do presente anexo e os dados que de- Caso um medicamento biológico, tal como definido no
monstrem biodisponibilidade e bioequivalência com o ponto 3.2 da parte I do presente anexo, que diga respeito
medicamento original desde que este não seja um medi- a um medicamento original ao qual foi concedido uma
camento biológico (ver ponto 4 da parte II «Medicamen- autorização de introdução no mercado na Comunidade,
tos biológicos similares»). seja objecto de um pedido de autorização de introdução
No que respeita a estes medicamentos, os resumos ou no mercado por um requerente independente depois de
as sínteses não clínicos e clínicos focarão em particular terminado o período de protecção de dados, deve ser
os seguintes elementos: aplicada a abordagem que se segue:
— Os motivos por que se evoca uma semelhança es- — A informação a fornecer não se deve limitar aos
sencial; módulos 1, 2 e 3 (dados farmacêuticos, químicos e bioló-
— Um resumo das impurezas presentes nos lotes da gicos), acompanhada por dados de bioequivalência e de
ou das substâncias activas, bem como nos lotes do pro- biodisponibilidade. Assim, o tipo e a quantidade de da-
duto acabado (e, quando aplicável, dos produtos de de- dos suplementares (ou seja, dados toxicológicos e outros
gradação que surgem durante o armazenamento), tal como dados não clínicos e clínicos apropriados) serão determi-
proposta(s) para utilização no medicamento a introduzir nados caso a caso.
no mercado, juntamente com uma avaliação dessas impu- — Devido à diversidade dos medicamentos biológicos,
rezas; a necessidade de estudos identificados previstos nos
— Uma avaliação dos estudos de bioequivalência ou módulos 4 e 5 deve ser decidida pela autoridade compe-
uma justificação para os estudos não terem sido realiza- tente, atendendo às características específicas de cada
dos de acordo com a norma orientadora relativa ao «Es- medicamento individualmente.
tudo da biodisponibilidade e da bioequivalência»;
— Uma actualização da literatura publicada referente à Os princípios gerais a aplicar são abordados nas nor-
substância e ao presente pedido. Pode ser aceite a refe- mas orientadoras publicadas pela Agência, tendo em con-
ta as características do medicamento biológico em ques-
rência para este efeito a artigos publicados em revistas
tão. Caso o medicamento originalmente autorizado tenha
especializadas;
mais do que uma indicação, a eficácia e a segurança do
— Todas as características evocadas no resumo das
medicamento que se evoca como similar devem ser justi-
características do medicamento que não sejam conheci-
ficadas ou, se necessário, demonstradas separadamente
das ou não se possam deduzir a partir das propriedades
para cada uma das indicações requeridas.
do medicamento e/ou do seu grupo terapêutico devem ser
5 — Associação fixa de medicamentos.
discutidas no resumo ou nas sínteses não clínicos e clí- Os pedidos fundamentados no artigo 22.º dizem res-
nicos e consubstanciadas por literatura publicada e/ou peito a novos medicamentos composto por, pelo menos,
estudos suplementares; duas substâncias activas que não tenham sido anterior-
— Se aplicável, quando este evoque uma semelhança mente autorizados como associação fixa.
essencial, o requerente deve fornecer dados suplementa- Para estes pedidos, deve ser fornecido um dossiê com-
res de forma a demonstrar a equivalência das proprieda- pleto (módulos 1 a 5) para a associação fixa. Se aplicá-
des de segurança e de eficácia dos vários sais, ésteres vel, devem ser fornecidas as informações relativas aos
ou derivados de uma substância activa autorizada. locais de fabrico e à avaliação da segurança dos agentes
adventícios.
3 — Dados suplementares necessários em situações 6 — Documentação para pedidos em circunstâncias
específicas. excepcionais.
Caso a substância activa de um medicamento essencial- Quando, de acordo com o disposto no n.º 2 do arti-
mente similar contenha o mesmo grupo terapêutico que o go 25.º, o requerente possa demonstrar ser incapaz de for-
medicamento autorizado original, associada a um sal/és- necer dados completos sobre a eficácia e segurança em
ter ou complexo/derivado diferente, deve ser demostrado condições normais de utilização, em virtude de:
que não existe qualquer alteração na farmacocinética des-
te grupo, na farmacodinâmica e/ou na toxicidade que — O medicamento em questão estar indicado em situa-
possa afectar o perfil de segurança/eficácia. Se não for ções tão raras que se não pode esperar que o requerente
esse o caso, esta associação deve ser considerada como forneça dados completos, ou
uma nova substância activa. — Não ser possível apresentar informações completas
Se o medicamento se destinar a uma outra utilização, no actual estado dos conhecimentos científicos, ou
for apresentado com uma forma farmacêutica distinta ou — A recolha de tal informação não se coadunar com
os princípios geralmente aceites de deontologia médica,
se destinar a ser administrado por vias diferentes, em
pode ser concedida uma autorização de introdução no mer-
doses diferentes ou com uma posologia diferente, devem
cado caso se verifiquem determinadas condições especí-
ser fornecidos os resultados de ensaios toxicológicos e
ficas.
farmacêuticos e/ou ensaios clínicos adequados.
4 — Medicamentos biológicos similares.
Essas condições podem incluir o seguinte:
As disposições do artigo 20.º podem não ser suficien-
tes no caso dos medicamentos biológicos. Se as infor- — O requerente deve proceder, no prazo especificado
mações requeridas no caso dos medicamentos essencial- pelas autoridades competentes, a um programa de estu-
6366 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
dos bem determinado, cujos resultados irão estar na base rização de introdução no mercado. Caso o requerente ou
de uma reavaliação da relação benefício-risco; o titular de uma autorização de introdução no mercado
— O medicamento em questão deve ser de receita obri- não seja o titular do PMF, este arquivo deve ser posto à
gatória e só pode ser administrado em certos casos sob disposição do requerente ou titular da autorização de
controlo médico estrito, possivelmente num hospital ou, introdução no mercado para que seja apresentado ao
no que respeita a um medicamento radiofarmacêutico, por INFARMED. Em qualquer caso, o requerente ou o titular
uma pessoa autorizada; da autorização de introdução no mercado é responsável
— O folheto informativo e quaisquer outras informa- pelo medicamento.
ções médicas chamarão a atenção do clínico para o facto — O INFARMED quando avaliar a autorização de in-
de as informações existentes sobre o medicamento em trodução no mercado aguardará que a Agência emita o
questão serem ainda inadequadas em certos aspectos es- certificado antes de tomar uma decisão quanto ao pedido.
pecíficos. — Todos os dossiês de autorização de introdução no
mercado relativos a um componente derivado do plasma
7 — Pedidos mistos de autorização de introdução no humano devem referir-se ao PMF que corresponde ao
mercado. plasma utilizado como substância de base/matéria-prima.
Os pedidos mistos de autorização de introdução no
mercado são os dossiês de pedidos de autorização de b) Conteúdo.
introdução no mercado em que os módulos 4 e ou 5 con- Relativamente aos medicamentos derivados do plasma
sistem de uma associação de relatórios de estudos limi- ou sangue humanos, no que se refere aos requisitos res-
tados não clínicos e/ou clínicos realizados pelo requeren- peitantes aos dadores e à análise das dádivas, o PMF
te e de referências bibliográficas. deve respeitar a lei e incluir informações sobre o plasma
Todos os outros módulos devem estar em conformi- utilizado como substância de base/matéria-prima, nomea-
dade com a estrutura descrita na parte I do presente ane- damente:
xo. A autoridade competente aceitará caso a caso o for-
mato proposto que o requerente apresentar. (1) Origem do plasma.
(i) Informações sobre os centros ou estabelecimentos
nos quais se efectua a colheita de sangue/plasma, inclu-
PARTE III indo em matéria de inspecção e de aprovação, e dados
Medicamentos especiais epidemiológicos sobre infecções transmissíveis através do
sangue.
A presente parte estabelece os requisitos específicos (ii) Informações sobre os centros ou estabelecimentos
relacionados com a natureza de determinados medicamen- nos quais se efectuam as análises das dádivas e dos
tos. agregados (pools) de plasma, incluindo informações em
1 — Medicamentos biológicos. matéria de inspecção e de aprovação.
1.1 — Medicamentos derivados do plasma. (iii) Critérios de selecção/inspecção para os dadores
No que respeita a medicamentos derivados do sangue de sangue/plasma.
ou plasma humanos e em derrogação das disposições do (iv) Sistema criado para permitir seguir o percurso de
módulo 3, o dossiê mencionado em «Informações relacio- cada dádiva, desde o estabelecimento de colheita do san-
nadas com os substâncias de base e as matérias-primas», gue/plasma até ao produto final e vice-versa.
indicando os requisitos relativos às substâncias de base
feitas de sangue/plasma humanos, pode ser substituído (2) Qualidade e segurança do plasma.
por um arquivo mestre de plasma (PMF — Plasma Mas- (i) Conformidade com as monografias da Farmacopeia
ter File) certificado de acordo com a presente parte. Europeia.
a) Princípios. (ii) Análise das dádivas individuais e agregados de
Para efeitos do presente anexo: plasma para detecção de agentes infecciosos, incluindo
— O PMF constitui uma documentação individual, informações sobre métodos de análise e, no caso dos
separada do dossiê de pedido de introdução no merca- agregados das misturas de plasma, dados de validação
do, que fornece todas as informações relevantes e deta- para os testes utilizados.
lhadas sobre as características da totalidade do plasma (iii) Características técnicas dos sacos para a colheita
humano utilizado como substância de base e/ou matéria- de sangue e plasma, incluindo informações sobre as so-
-prima para o fabrico das subfracções ou fracções inter- luções anticoagulantes utilizadas.
mediárias, dos componentes do excipiente e da ou das (iv) Condições de armazenamento e transporte do plas-
substâncias activas que fazem parte dos medicamentos ma.
ou dos dispositivos médicos referidos no Decreto-Lei (v) Procedimentos de eventual retenção inventariada e/
n.º 30/2003, de 14 de Fevereiro, em relação aos dispositi- ou período de quarentena.
vos que integram derivados estáveis do sangue ou do (vi) Caracterização do agregado de plasma.
plasma humanos.
— Todos os centros ou instalações de fraccionamen- (3) Sistema criado entre, por um lado, o fabricante do
to/tratamento do plasma humano prepararão e conserva- medicamento derivado do plasma e/ou o operador respon-
rão actualizado o conjunto de informações pormenoriza- sável pelo fraccionamento/tratamento do plasma e, por
das relevantes referidas no PMF. outro, os centros ou estabelecimentos de colheita e aná-
— O PMF deve ser apresentado à Agência ou ao lise do sangue/plasma, para definir as respectivas condi-
INFARMED pelo requerente ou pelo titular de uma auto- ções de interacção e as especificações acordadas.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6367
Adicionalmente, o PMF deve fornecer uma lista dos — A vacina pode conter um ou vários antigéneos di-
medicamentos aos quais se aplica, quer esses medicamen- ferentes. Existe o mesmo número de substâncias activas
tos tenham já obtido uma autorização de introdução no que de antigéneos numa vacina.
mercado, quer estejam em vias de a obter, incluindo os — Uma vacina combinada contém pelo menos dois
medicamentos experimentais referidos na Lei n.º 46/2004, antigéneos diferentes com vista a prevenir uma única ou
de 19 de Agosto. várias doenças infecciosas.
c) Avaliação e certificação. — Uma vacina monovalente é uma vacina que contém
— No caso de medicamentos ainda não autorizados, o um antigéneo com vista a prevenir uma única doença
requerente da autorização de introdução no mercado deve contagiosa.
apresentar à autoridade competente um dossiê completo, b) Conteúdo.
que deve ser acompanhado por um PMF separado, se O VAMF deve conter as seguintes informações extra-
ainda não existir um. ídas da parte correspondente (substância activa) do mó-
— O PMF é objecto de uma avaliação científica e téc- dulo 3 «Dados sobre a qualidade», conforme esboçado
nica efectuada pela Agência. Uma avaliação positiva per- na parte I do presente anexo:
mitirá a emissão de um certificado de conformidade com Substância activa.
a legislação comunitária para o PMF, que deve ser acom- 1 — Informações gerais, incluindo a conformidade com
panhado pelo relatório de avaliação. O certificado emiti- a(s) monografia(s) pertinente(s) da Farmacopeia Europeia.
do é aplicável em toda a Comunidade. 2 — Informações sobre o fabrico da substância activa:
— O PMF deve ser actualizado e sujeito a nova certi- este título deve abranger o processo de fabrico, as infor-
ficação anualmente. mações sobre as substâncias de base e as matérias-pri-
— Quaisquer alterações introduzidas posteriormente mas, as medidas específicas de avaliação da segurança
aos termos do PMF devem seguir o procedimento de em matéria de Encefalopatias Espongiformes Tansmissí-
avaliação previsto no Regulamento (CE) n.º 1085/2003 da veis (EET) e de agentes adventícios, bem como as insta-
Comissão, de 3 de Junho, relativo à análise da alteração lações e o equipamento.
dos termos das autorizações de introdução no mercado 3 — Caracterização da substância activa.
de medicamentos abrangidas pelo Regulamento (CE) 4 — Controlo da qualidade da substância activa.
n.º 726/2004. 5 — Substâncias e preparações de referência.
As condições para a avaliação dessas alterações es- 6 — Acondicionamento primário e sistema de fecho da
tão dispostas no Regulamento (CE) n.º 1085/2003. substância activa.
— Numa segunda fase, no seguimento das disposições 7 — Estabilidade da substância activa.
dos primeiro, segundo, terceiro e quarto travessões, a c) Avaliação e certificação.
autoridade competente que concederá ou concedeu a — No caso de vacinas novas, que contenham um novo
autorização de introdução no mercado deve ter em conta antigéneo da vacina, o requerente apresentará a uma au-
a certificação, a nova certificação ou a alteração do PMF toridade competente um dossiê completo de pedido de
relativas ao ou aos medicamentos em causa. autorização de introdução no mercado, incluindo todos os
— Em derrogação do disposto no segundo travessão VAMF correspondentes a cada antigéneo individual que
da presente alínea (avaliação e certificação), caso um ar- faça parte da nova vacina quando não exista já um fichei-
quivo mestre do plasma corresponda apenas a medica- ro principal para o antigéneo da vacina individual. A
mentos derivados do sangue/plasma, cuja autorização de Agência deve proceder à avaliação científica e técnica de
introdução de mercado seja restrita a um único Estado cada VAMF. Uma avaliação positiva permitirá a emissão
membro, a avaliação científica e técnica do referido arqui- de um certificado de conformidade com a legislação co-
vo da matéria-prima deve ser realizada pela autoridade munitária para o VAMF, que deve ser acompanhado pelo
nacional competente desse Estado membro. relatório de avaliação. O certificado é aplicável em toda a
1.2 — Vacinas. Comunidade.
No que respeita às vacinas para uso humano, e em — O disposto no primeiro travessão também se aplica
derrogação ao disposto no módulo 3 «Substância(s) a cada vacina que consista numa nova combinação de
activa(s)», aplicam-se os seguintes requisitos quando se antigéneos, independentemente de um ou mais desses
utiliza um sistema de arquivo mestre de antigéneo da antigéneos fazerem ou não parte de vacinas já autoriza-
vacina (VAMF — Vaccin Antigen Master File). das na Comunidade.
O processo do pedido de autorização de introdução no — Quaisquer alterações do conteúdo de um VAMF
mercado de uma vacina, excepto a vacina contra a gripe, para uma vacina autorizada na Comunidade serão objec-
deve incluir um VAMF para cada antigéneo que seja uma to de uma avaliação científica e técnica efectuada pela
substância activa dessa vacina. Agência de acordo com o procedimento previsto no Re-
a) Princípios. gulamento (CE) n.º 1085/2003 da Comissão.
Para efeitos do presente anexo: No caso de uma avaliação positiva, a Agência emitirá
— O VAMF é um documento individual que faz parte um certificado de conformidade com a legislação comuni-
do dossiê do pedido de autorização de introdução no tária para o VAMF. O certificado emitido é aplicável em
mercado de uma vacina e que contém todas as informa- toda a Comunidade.
ções relevantes de natureza biológica, farmacêutica e — Em derrogação do disposto nos primeiro, segundo
química relativas a cada uma das substâncias activas que e terceiro travessões da presente alínea (avaliação e cer-
fazem parte do medicamento. O documento individual tificação), caso um VAMF corresponda apenas a uma
pode ser comum a uma ou mais vacinas monovalentes vacina que é objecto de uma autorização de introdução
e/ou combinadas apresentadas pelo mesmo requerente ou no mercado que não tenha sido ou que não será conce-
titular de uma autorização de introdução no mercado. dida em conformidade com um procedimento comunitário
6368 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
e, desde que a vacina autorizada inclua antigéneos que h) No que respeita aos conjuntos inactivos, as especi-
não tenham sido avaliados através de um procedimento ficações do produto acabado devem incluir testes do
comunitário, a avaliação científica e técnica do referido comportamento dos produtos após marcação. Devem exis-
dossiê da matéria-prima e das suas alterações posterio- tir controlos adequados de pureza radioquímica e radio-
res deve ser realizada pela autoridade nacional competente nuclídica do composto marcado. Todos os materiais es-
que concedeu a autorização de introdução no mercado. senciais para a marcação devem ser identificados e
— Numa segunda fase, no seguimento das disposições doseados.
dos primeiro, segundo, terceiro e quarto travessões, a i) Devem ser prestadas informações sobre a estabili-
autoridade competente a quem compete conceder ou que dade dos geradores de radionuclídos, dos conjuntos inac-
concedeu a autorização de introdução no mercado deve tivos de radionuclídos e dos produtos marcados. Deve
ter em conta a certificação, a nova certificação ou a alte- ser documentada a estabilidade dos medicamentos radio-
ração da matéria-prima do antigéneo da vacina relativas farmacêuticos em frascos multidoses durante a sua utili-
ao ou aos medicamentos em causa. zação.
2 — Medicamentos e precursores radiofarmacêuticos. Módulo 4.
2.1. Medicamentos radiofarmacêuticos. Reconhece-se poder existir toxicidade em relação à dose
Para efeitos do presente capítulo, os pedidos funda- de radiação. No domínio do diagnóstico, trata-se de uma
mentados no n.º 1 do artigo 129.º requerem um dossiê consequência da utilização de medicamentos radiofarma-
completo no qual os seguintes pormenores serão incluí- cêuticos; no âmbito da terapêutica, trata-se da indicação
dos: pretendida. A avaliação da segurança e eficácia dos me-
Módulo 3. dicamentos radiofarmacêuticos deve, por conseguinte,
a) No que respeita aos conjuntos inactivos radiofar- atender a requisitos relativos aos medicamentos e a ques-
macêuticos, que devem ser marcados após serem forneci- tões de dosimetria de radiações. Deve documentar-se a
dos pelo fabricante, considera-se substância activa o exposição dos órgãos/tecidos às radiações. As estimati-
componente da formulação destinado a transportar ou li- vas da dose de radiação absorvida devem ser calculadas
gar o radionuclído. A descrição do método de fabrico dos em conformidade com um sistema definido e internacio-
conjuntos inactivos radiofarmacêuticos incluirá os porme-
nalmente reconhecido para um determinado modo de ad-
nores sobre o fabrico do conjunto inactivo e sobre o tra-
ministração.
tamento final recomendado para produzir o medicamento
Módulo 5.
radioactivo. As especificações necessárias do radionuclí-
Os resultados dos ensaios clínicos devem ser forneci-
do devem ser descritas em conformidade com a monogra-
dos, quando aplicável, excepto se a omissão for justifica-
fia geral ou as monografia específicas da Farmacopeia
da nas sínteses clínicas.
Europeia, conforme o caso. Devem ser igualmente espe-
cificados quaisquer compostos essenciais para a marca- 2.2 — Precursores radiofarmacêuticos para efeitos de
ção. A estrutura do composto marcado também deve ser marcação.
descrita. No caso de um precursor radiofarmacêutico destinado
Relativamente aos radionuclídos, serão discutidas as só para efeitos de marcação, o objectivo principal deve
reacções nucleares envolvidas. No que respeita aos ge- ser o de apresentar informações que abordem as possí-
radores, devem ser considerados substâncias activas quer veis consequências de uma baixa eficiência em termos da
os radionuclídos originais quer os seus produtos de de- marcação ou da dissociação in vivo da substância con-
caimento. jugada marcada, ou seja, questões relacionadas com os
b) Devem ser fornecidos pormenores sobre a natureza efeitos produzidos no doente pelo radionuclído em liber-
do radionuclído, a identidade do isótopo, as eventuais dade. É igualmente necessário apresentar informações
impurezas, o transportador, a utilização e a actividade relevantes relacionadas com os riscos profissionais, ou
específica. seja, a exposição do pessoal hospitalar e a exposição do
c) Os produtos de partida incluem os materiais alvo de ambiente às radiações.
irradiação. Em particular, devem ser fornecidas as seguintes infor-
d) Devem ser especificadas a pureza química/radioquí- mações quando aplicável:
mica e a sua relação com a biodistribuição. Módulo 3.
e) Devem ser descritas a pureza radionuclídica e radio- As disposições do módulo 3 serão aplicáveis ao re-
química, bem como a actividade específica. gisto dos precursores radiofarmacêuticos, como dito atrás
f) No que respeita aos geradores, devem apresentar-se [alíneas a) a i)], onde aplicável.
informações sobre os ensaios dos radionuclídos originais Módulo 4.
e dos seus produtos de decaimento. No caso dos elua- No que respeita à toxicidade por dose única e por dose
tos de geradores, devem ser indicados os resultados dos repetida, serão apresentados os resultados de estudos
testes dos radionuclídos originais e dos restantes com- efectuados em conformidade com as disposições em ma-
ponentes do sistema gerador. téria de boas práticas de laboratório estabelecidas no
g) O requisito nos termos do qual se deve exprimir o Decreto-Lei n.º 99/2000, de 30 de Maio, ou no Decreto-
teor das substâncias activas em termos da massa das frac- -Lei n.º 95/2000, de 23 de Maio, excepto se justificada a
ções activas só se aplica aos conjuntos inactivos radio- omissão desses mesmos resultados.
farmacêuticos. No que respeita aos radionuclídos, a radio- Os estudos de mutagenicidade sobre o radionuclído
actividade deve ser expressa em Bequerel numa dada data não são considerados úteis neste caso específico.
e, se necessário, numa dada hora, com referência ao fuso Devem ser apresentadas informações relacionadas com
horário. Deve especificar-se o tipo de radiação. a toxicidade e a disposição química do nuclído «frio».
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6369
fornecedor, incluindo dos adjudicatários, e cada local ou Serão prestadas informações sobre os padrões e mate-
instalação propostos envolvidos na produção/colheita e riais de referência utilizados para os ensaios da ou das
ensaios da substância. substâncias e da ou das preparações à base de plantas,
Para documentar a secção sobre o fabricante da pre- conforme aplicável.
paração à base de plantas, serão indicados, onde apro- Quando a substância ou preparação à base de plantas
priado, o nome, o endereço e a responsabilidade de cada for objecto de uma monografia, o requerente pode pedir
fornecedor, incluindo dos adjudicatários, e cada local ou um certificado de conformidade concedido pela Direcção
instalação propostos envolvidos na produção/colheita e Europeia de Qualidade dos Medicamentos.
ensaios da preparação. (2) Medicamentos à base de plantas.
No que respeita à descrição do processo de fabrico e No que respeita ao desenvolvimento da formulação,
do processo de controlo da substância à base de plan- deve ser fornecido um resumo sucinto que descreva o
tas, serão prestadas informações para descrever adequa- desenvolvimento do medicamento à base de plantas, ten-
damente a produção e a colheita de plantas, incluindo a do em consideração o modo de administração e a utiliza-
origem geográfica da planta medicinal e as respectivas ção propostos. Quando apropriado, devem ser discutidos
condições de cultivo, colheita, secagem e armazenamento. os resultados que comparem o composição fitoquímica do
No que respeita à descrição do processo de fabrico e produto utilizado nos dados bibliográficos de apoio e o
do processo de controlo da preparação à base de plan- medicamento à base de plantas objecto do pedido.
tas, serão prestadas informações para descrever adequa- 5 — Medicamentos órfãos.
damente o processo de fabrico da preparação, incluindo — No caso de um medicamento órfão determinado em
uma descrição do tratamento, dos solventes e reagentes, conformidade com o Regulamento (CE) n.º 141/2000, po-
das fases de purificação e da normalização. dem ser aplicadas as disposições gerais do ponto 6 da
No que respeita ao desenvolvimento do processo de parte II (circunstâncias excepcionais). O requerente deve
fabrico, deve ser fornecido um resumo sucinto que des- justificar nos resumos não clínicos e clínicos as razões
creva o desenvolvimento da(s) substância(s) e da(s) por que não é possível apresentar informações comple-
preparação(ões) à base de plantas, conforme aplicável, tas e fornecer uma justificação do equilíbrio benefício-ris-
tendo em consideração o modo de administração e a uti- co do medicamento órfão em causa.
lização propostos. Quando apropriado, devem ser discu- — Quando um requerente de uma autorização de in-
trodução no mercado para um medicamento órfão invo-
tidos os resultados que comparem o composição fitoquí-
car as disposições do artigo 21.º e do ponto 1 da parte II
mica da(s) substância(s) e da(s) preparação(ões) à base
do presente anexo (finalidade terapêutica já explorada), a
de plantas, conforme aplicável, utilizadas nos dados bi-
utilização sistemática e documentada da substância em
bliográficos de apoio e a(s) substância(s) e a(s)
causa pode dizer respeito — como forma de derrogação
preparação(ões) à base de plantas, conforme aplicável,
— à utilização dessa substância de acordo com as dis-
contida(s) na(s) substância(s) activa(s) objecto do pedido.
posições da legislação referida na alínea d) do n.º 3 do
No que respeita à elucidação da estrutura e de outras artigo 3.º
características da substância à base de plantas, serão
prestadas informações sobre a caracterização botânica,
PARTE IV
macroscópica, microscópica e fitoquímica, bem como so-
bre a actividade biológica, se necessário. Medicamentos de terapia avançada
No que respeita à elucidação da estrutura e de outras
características da preparação à base de plantas, serão Os medicamentos de terapia avançada baseiam-se em
prestadas informações sobre a caracterização fitoquímica processos de fabrico que geram, como substâncias acti-
e físico-química, bem como sobre a actividade biológica, vas ou partes de substâncias activas, biomoléculas pro-
se necessário. duzidas por transferência genética e/ou células biologi-
Serão fornecidas as especificações relativamente à(s) camente modificadas.
substância(s) e à(s) preparação(ões) à base de plantas, Para estes medicamentos, a apresentação do dossiê do
conforme aplicável. pedido de autorização de introdução no mercado respei-
Serão indicados os procedimentos analíticos utilizados tará os requisitos em termos de formato descritos na
para testar a(s) substância(s) e a(s) preparação(ões) à base parte I do presente anexo.
de plantas, conforme aplicável. Aplicam-se os módulos 1 a 5. No caso dos organis-
No que respeita à validação dos procedimentos analí- mos geneticamente modificados e da sua libertação deli-
ticos, serão fornecidas informações sobre a validação berada no ambiente, deve atender-se especialmente à sua
analítica, incluindo os dados experimentais relativos aos persistência no receptor e à possível replicação e/ou
procedimentos analíticos utilizados para testar a(s) modificação dos organismos geneticamente modificados
substância(s) e a(s) preparação(ões) à base de plantas, quando libertados no ambiente.
conforme aplicável. As informações relativas aos riscos ambientais devem
No que respeita à análise dos lotes, deve ser forneci- ser apresentadas no anexo do módulo 1.
da uma descrição dos lotes e os resultados das análises 1 — Medicamentos de terapia génica (de origem huma-
dos lotes da ou das substâncias e da ou das prepara- na e xenogénica).
ções à base de plantas, conforme aplicável, incluindo os Para efeitos do presente anexo, um medicamento de
das substâncias farmacopeicas. terapia génica significa um medicamente obtido através de
Deve ser fornecida uma justificação para as especifi- uma série de processos de fabrico destinados a transfe-
cações da ou das substâncias e das preparações à base rir, in vivo ou ex vivo, um gene profilático, de diagnósti-
de plantas, conforme aplicável. co ou terapêutico (ou seja, uma sequência de ácido nu-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6371
cleico), para células humanas/animais, com a subsequen- — Substância activa: vector recombinante, vírus, plas-
te expressão in vivo. A transferência do gene envolve um mídeos livres («naked») ou complexos, células produto-
sistema de expressão contido num sistema de transferên- ras de vírus, células geneticamente modificadas in vitro;
cia, o chamado vector, que pode ser de origem viral ou — Produto acabado: substância activa formulada no
não viral. O vector pode ser também incluído numa célu- seu acondicionamento primário primário final para a utili-
la humana ou animal. zação médica prevista. Dependendo do tipo de medica-
1.1 — Diversidade dos medicamentos de terapia génica. mento de terapia génica, o modo de administração e as
a) Medicamentos de terapia génica baseados em célu- condições de utilização podem exigir um tratamento ex
las alogénicas ou xenogénicas. vivo das células do doente (ver 1.1.b).
O vector é preparado antecipadamente e armazenado
antes de ser transferido para as células hospedeiras. Deve ser dada especial atenção aos seguintes aspectos:
As células foram obtidas previamente e podem ser tra- a) Devem ser prestadas informações sobre as caracte-
tadas como um banco de células (recolha a partir de um rísticas relevantes do medicamento de terapia génica, in-
banco ou banco estabelecido a partir da obtenção de cluindo a sua expressão na população celular alvo. De-
células primárias) com uma viabilidade limitada. vem ser também prestadas informações sobre a origem,
As células geneticamente modificadas pelo vector re- construção, caracterização e verificação da sequência
presentam uma substância activa. genética de codificação, incluindo a sua integridade e
Podem ser efectuadas etapas adicionais para obter o estabilidade. Além da informação sobre o gene terapêuti-
produto acabado. Essencialmente, um medicamento deste co, deve ser ainda fornecida a informação sobre a sequên-
tipo é destinado a ser administrado a um número de cia completa de outros genes, os elementos reguladores
doentes restrito. e a estrutura do vector.
b) Medicamentos de terapia génica utilizando células b) Devem ser prestadas informações relativas à carac-
humanas autólogas. terização do vector utilizado para transferir e transportar
A substância activa é um lote de um vector preparado o gene, o que deve incluir a sua caracterização físico-
antecipadamente e armazenado antes de ser transferido
-química e/ou biológica/imunológica.
para as células autólogas.
No caso de medicamentos que utilizam microorganis-
Podem ser efectuadas etapas adicionais para obter o
mos, como bactérias ou vírus, para facilitar a transferên-
produto acabado.
Estes produtos são preparados a partir de células de cia génica (transferência génica biológica), devem ser
um doente individual. As células são então geneticamen- fornecidos dados sobre a patogénese da estirpe parental
te modificadas utilizando um vector preparado antecipa- e sobre o seu tropismo para certos tipos de tecidos ou
damente, contendo o gene apropriado que foi preparado de células, bem como a dependência da interacção em
de antemão e que constitui a substância activa. A prepa- termos do ciclo celular.
ração é injectada de novo no doente e é destinada, por No caso de medicamentos que utilizam meios não bio-
definição, a um único doente. Todo o processo de fabri- lógicos para facilitar a transferência génica, devem ser
co, desde a recolha das células do doente até à re-injec- indicadas as propriedades físico-químicas dos componen-
ção no doente, deve ser considerado como uma única tes, individualmente e em combinação.
intervenção. c) Os princípios em matéria de estabelecimento de ban-
c) Administração de vectores previamente preparados cos de células ou de lotes de inóculos (lotes de semen-
com material genético inserido (profilático, de diagnósti- te) primários e da respectiva caracterização são aplicáveis
co ou terapêutico). aos medicamentos produzidos por transferência genética
A substância activa é um lote de um vector previamen- conforme adequado.
te preparado. d) Deve ser indicada a origem das células hospedeiras
Podem ser efectuadas etapas adicionais para obter o do vector recombinante.
produto acabado. Este tipo de medicamento destina-se a No caso de células de origem humana, devem ser indi-
ser administrado a vários doentes. cadas características, tais como a idade, o sexo, os resul-
A transferência do material genético pode ser efectua- tados de ensaios microbiológicos e virais, os critérios de
da por injecção directa do vector previamente preparado exclusão e o país de proveniência.
nos receptores. No caso de células de origem animal, devem ser forne-
1.2 — Requisitos específicos no que respeita ao módu- cidas informações pormenorizadas relativas aos seguintes
lo 3. aspectos:
Os medicamentos de terapia génica incluem:
— Origem dos animais;
— Ácido nucleico livre; — Sistema de criação de animais e cuidados;
— Ácido nucleico complexado e vectores não virais; — Animais transgénicos (métodos de criação, caracteri-
— Vectores virais; zação das células transgénicas, natureza do gene inserido);
— Células geneticamente modificadas. — Medidas para prevenir e controlar infecções nos
animais de origem/dadores — Ensaios de detecção de
Quando aos outros medicamentos, é possível identifi- agentes infecciosos;
car os três elementos principais do processo de fabrico, — Instalações;
ou seja: — Controlo das matérias-primas.
— Matérias primas: substâncias a partir das quais a
substância activa é fabricada, como por exemplo, o gene Deve ser feita uma descrição da metodologia de reco-
em causa, os plasmídeos de expressão, os bancos de lha de células, incluindo a localização, o tipo de tecido, o
células e os lotes de vírus ou o vector não viral; processo operativo, o transporte, o armazenamento e a
6372 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
rastreabilidade. Além disso, os controlos efectuados du- to in vitro, mostram propriedades profiláticas, de diagnós-
rante o processo de recolha devem ser documentados. tico ou terapêuticas diferentes das suas propriedades fi-
e) A avaliação da segurança viral, bem como a rastrea- siológicas e biológicas originais.
bilidade dos produtos, desde o dador até ao produto Esta secção descreverá o tipo de células e de culturas
acabado, constituem uma parte essencial da documenta- em causa. Serão documentados os tecidos, órgãos e flui-
ção a fornecer. Por exemplo, deve ser excluída a presen- dos biológicos de que derivam as células, bem como a
ça de vírus replicativos em lotes de vectores virais não natureza autóloga, alogénica ou xenogénica da dádiva e
replicativos. a sua origem geográfica. A recolha, a amostragem e o
2 — Medicamentos de terapia celular somática (de ori- armazenamento de células antes de se efectuarem outros
gem humana e xenogénica). tratamentos serão pormenorizados. No caso de células
Para efeitos do presente anexo, a terapia celular somá- alogénicas, deve ser prestada uma atenção especial à
tica significa a administração a seres humanos de células primeira fase do processo, que incide sobre a selecção
somáticas vivas autólogas (do próprio doente), alogéni- dos dadores. Deve indicar-se o tipo de manipulação efec-
cas (de outro ser humano) ou xenogénicas (de um ani- tuado e a função fisiológica das células que são usadas
mal), cujas características biológicas foram substancial- como substância activa.
mente alteradas em resultado da sua manipulação para b) Informações relacionadas as substâncias de base da
obter um efeito terapêutico, de diagnóstico ou preventi- ou das substâncias activas.
vo, através de meios metabólicos, farmacológicos e imu- 1 — Células somáticas humanas.
nológicos. Esta manipulação inclui a propagação ou acti- Os medicamentos de terapia celular somática de origem
vação de populações de células autólogas ex vivo (por humana são feitos a partir de um número definido (agre-
exemplo, imunoterapia adoptiva) e a utilização de células gado) de células viáveis, que derivam de um processo de
alogénicas e xenogénicas associadas a dispositivos mé- fabrico que começa quer ao nível dos órgãos ou tecidos
dicos utilizados ex vivo ou in vivo (por exemplo, micro- retirados de um ser humano, quer a nível de um sistema
cápsulas, estruturas matriciais intrínsecas, moldes, biode- de banco de células bem definido, onde o agregado de
gradáveis ou não). células provém de linhagem celular contínua. No caso de
Requisitos específicos para os medicamentos de tera- tecidos e células de origem humana, a sua dávida, colheita
pia celular no que respeita ao módulo 3.
e análise deve respeitar o disposto na lei e, na sua falta,
Os medicamentos de terapia celular somática incluem:
na Directiva n.º 2004/23/CE do Parlamento Europeu e do
— Células manipuladas com vista a modificar as suas Conselho, de 31 de Março de 2004, relativa ao estabele-
propriedades imunológicas, metabólicas ou outras proprie- cimento de normas de qualidade e segurança em relação
dades funcionais em aspectos qualitativos e quantitativos; à dádiva, colheita, análise, processamento, preservação,
— Células separadas, seleccionadas e manipuladas e armazenamento e distribuição de tecidos e células de ori-
subsequentemente sujeitas a um processo de fabrico para gem humana.
se obter o produto acabado; Para efeitos deste capítulo, entende-se por substância
— Células manipuladas e combinadas com componen- activa o agregado original de células humanas e por pro-
tes não celulares (por exemplo, matrizes biológicas ou duto acabado o agregado original de células humanas
inertes ou dispositivos médicos) e que exercem a acção formuladas para a utilização médica prevista.
principal prevista no produto acabado; As substâncias de base e cada fase do processo de
— Derivados de células autólogas expressas in vitro fabrico, incluindo os aspectos da segurança viral, devem
em condições específicas de cultura; ser integralmente documentados.
— Células geneticamente modificadas ou manipuladas (1) Órgãos, tecidos, fluidos corporais e células de ori-
de outra forma para exprimir propriedades funcionais ho- gem humana Neste caso, devem ser indicadas as caracte-
mólogas ou não homólogas anteriormente não expressas. rísticas tais como a idade, o sexo, o estado microbiológi-
co, os critérios de exclusão e o país de proveniência.
Todo o processo de fabrico, desde a recolha das célu- Deve ser feita uma descrição da recolha de amostras,
las do doente (situação autóloga) até à re-injecção no incluindo o local, o tipo, o processo operativo, os méto-
doente, deve ser considerado como uma única interven- dos de agrupamento, o transporte, o armazenamento e a
ção. rastreabilidade. Além disso, os controlos efectuados so-
Tal como os outros medicamentos, serão identificados bre as amostras devem ser documentados.
os três elementos do processo de fabrico: (2) Sistemas de bancos de células.
— Matérias-primas: substâncias a partir dos quais se Os requisitos pertinentes indicados na Parte I aplicar-
fabrica a substância activa, ou seja, órgãos, tecidos, flui- -se-ão à preparação e ao controlo da qualidade dos sis-
dos corporais ou células; temas de bancos de células. Isto pode incidir especial-
— Substâncias activas: células manipuladas, lisados mente sobre as células alogénicas ou xenogénicas.
celulares, células em proliferação e células utilizadas jun- (3) Substâncias auxiliares ou dispositivos médicos au-
tamente com matrizes e dispositivos médicos inertes; xiliares.
— Produto acabado: substância activa formulada no Serão fornecidas informações sobre a utilização de
seu acondicionamento primário primário final para a utili- quaisquer matérias-primas (por exemplo, citocinas, facto-
zação médica prevista. res de crescimento, meios de cultura) ou de possíveis
substâncias e dispositivos médicos auxiliares (por exem-
a) Informações gerais sobre a ou as substâncias acti- plo, dispositivos de separação de células, polímeros bio-
vas. compatíveis, matrizes, fibras, esférolas) em termos de bio-
As substâncias activas dos medicamentos de terapia compatibilidade e de funcionalidade, bem como do risco
celular consistem em células que, devido a um tratamen- de agentes infecciosos.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6373
conjunto, incluindo modos de administração especiais Deve ser dado ênfase especial às matérias-primas.
(tais como a transfecção de células ex vivo, a manipula- A este respeito, devem ser fornecidas, de acordo com
ção de células in vitro ou a utilização de técnicas inter- directrizes específicas, informações pormenorizadas relati-
vencionais) e a análise dos possíveis regimes associados vas aos seguintes aspectos:
(incluindo tratamentos imunossupressores, antivirais e
citotóxicos). — Origem dos animais;
Todo o procedimento deve ser testado em ensaios clí- — Sistema de criação de animais e cuidados;
nicos e descrito na informação sobre o medicamento. — Animais geneticamente modificados (métodos de
3.2.2 — Segurança. criação, caracterização das células transgénicas, natureza
Serão consideradas as questões de segurança que re- do gene inserido ou anulado («knock out»);
sultam da imunidade ao medicamento ou às proteínas — Medidas para prevenir e controlar infecções nos
expressas, da imunorejeição, da imunossupressão e da animais de origem/dadores;
desagregação dos dispositivos de imuno-isolamento. — Testes de detecção de agentes infecciosos;
Certos medicamentos de terapia avançada génica e — Instalações;
celular somática (por exemplo, medicamentos de terapia — Controlo das matérias-primas;
celular xenogénica e certos medicamentos baseados na — Rastreabilidade.
transferência genética) podem conter partículas e/ou agen-
tes infecciosos replicativos. O doente pode ter de ser ANEXO II
vigiado em caso de desenvolvimento de possíveis infec- Sistema Nacional de Farmacovigilância
ções e/ou de sequelas patológicas durante as fases an- de Medicamentos para Uso Humano
terior e/ou posterior à autorização; esta vigilância pode
ter de ser alargada aos contactos directos do doente, in- 1 — A estrutura do Sistema Nacional de Farmacovigi-
cluindo os profissionais de cuidados de saúde. lância de Medicamentos para Uso Humano integra:
O risco de contaminação por agentes potencialmente a) O serviço responsável pelas actividades de farma-
transmissíveis não pode ser totalmente eliminado na uti- covigilância do INFARMED;
lização de certos medicamentos de terapia celular somáti- b) As unidades de farmacovigilância a que se refere o
ca e de certos medicamentos produzidos por transferên- n.º 4;
cia genética. O risco pode ser minimizado, no entanto, por c) Os profissionais de saúde a que se refere o n.º 5;
medidas adequadas conforme descrito no módulo 3. d) Os serviços de saúde;
As medidas incluídas no processo de produção devem e) Os titulares de autorização de introdução no merca-
ser complementadas por métodos de ensaio assistidos, do de medicamentos.
processos de controlo da qualidade e por métodos de
vigilância apropriados que devem ser descritos no módu- 2 — No âmbito das suas actividades de coordenação
lo 5. do Sistema, compete ao INFARMED, designadamente:
O uso de certos medicamentos de terapia avançada
celular somática pode ter de se limitar, temporária ou a) Receber, avaliar e emitir informação sobre suspeitas
permanentemente, a estabelecimentos que tenham uma de reacções adversas a medicamentos;
experiência e instalações devidamente documentadas para b) Definir, delinear e desenvolver sistemas de informa-
permitir um acompanhamento adequado da segurança dos ção e as bases de dados do Sistema Nacional de Farma-
doentes. covigilância;
Pode ser necessária uma abordagem semelhante para c) Validar a informação contida nas bases de dados de
certos medicamentos de terapia génica a que está asso- reacções adversas;
ciado um risco potencial de agentes infecciosos capazes d) Superintender e coordenar as actividades das uni-
de replicação. dades e delegados de farmacovigilância;
Se relevante, devem ser igualmente considerados e e) Colaborar com os centros nacionais de farmacovigi-
abordados no pedido os aspectos de vigilância a longo lância de outros países, em particular com os dos Esta-
prazo relativamente ao desenvolvimento de complicações dos membros, a Agência e a Organização Mundial de
tardias. Saúde nas atribuições referentes a esta área;
Se aplicável, o requerente deve apresentar um plano f) Realizar e coordenar estudos sobre a segurança de
detalhado de gestão dos riscos que abranja os dados medicamentos;
clínicos e laboratoriais do doente, os dados epidemioló- g) Proceder à troca de informação com organismos
gicos emergentes e, se pertinente, os dados provenien- internacionais na área da farmacovigilância e representar
tes de amostras em arquivo de tecidos do dador e do o Sistema Nacional de Farmacovigilância perante aqueles
receptor. Este sistema é necessário para garantir a rastre- organismos;
abilidade do medicamento e uma resposta rápida a acon- h) Informar os titulares de autorização de introdução
tecimentos adversos com padrões suspeitos. no mercado de medicamentos sobre notificações de sus-
4 — Declaração específica sobre medicamentos de xe- peitas de reacções adversas que envolvam os seus medi-
notransplantação. camentos;
Para efeitos do presente anexo, por xenotransplantação i) Promover a formação na área da farmacovigilância;
entende-se qualquer procedimento que envolva o trans- j) Colaborar com outras entidades públicas ou priva-
plante, o implante ou a perfusão num receptor humano das, designadamente universidades, em actividades rele-
de tecidos ou órgãos vivos retirados de animais, ou de vantes para esta área.
fluidos, células, tecidos ou órgãos do corpo humano que
entraram em contacto ex vivo com células, tecidos ou 3 — No âmbito das suas competências, o serviço res-
órgãos animais vivos. ponsável pela farmacovigilância do INFARMED deve as-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6375
segurar, em especial, a interacção adequada com os pro- Junho, à contratação aplica-se a alínea f) do n.º 1 do ar-
fissionais de saúde e com os titulares de autorizações de tigo 77.º do referido diploma.
introdução no mercado de medicamentos, no que toca à 4.4 — Os membros das unidades de farmacovigilância
divulgação do perfil de segurança dos medicamentos e estão sujeitos às obrigações de imparcialidade e confiden-
às acções a desenvolver por força de novos dados de cialidade relativamente aos assuntos de que tenham co-
segurança relativos aos medicamentos respectivos. nhecimento no exercício das suas funções.
4 — As unidades de farmacovigilância são entidades 4.5 — Os membros das unidades de farmacovigilância
especialmente vocacionadas para a área da farmacologia não devem ter interesses financeiros, ou outros, na in-
e da farmacoepidemiologia, designadamente estabeleci- dústria farmacêutica que possam afectar a imparcialidade
mentos universitários e hospitalares e unidades presta- no exercício das funções que lhes são cometidas.
doras de cuidados de saúde primários, ou entidades a eles 4.6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
associadas. membros das unidades de farmacovigilância declaram e
4.1 — As unidades de farmacovigilância integram-se no registam, no INFARMED, quaisquer interesses patrimo-
Sistema através da celebração de protocolos de colabo- niais ou não patrimoniais que tenham na indústria farma-
ração ou contratos de prestação de serviços com o IN- cêutica.
FARMED, nos termos previstos no n.º 4.3. 4.7 — Sem prejuízo do estabelecido nos números ante-
4.2 — Incumbe às unidades de farmacovigilância: riores, nenhum membro das unidades de farmacovigilân-
cia deve intervir em processo ou procedimento relaciona-
a) A recepção, classificação, processamento e valida-
do com empresa farmacêutica na qual tenha interesse
ção das notificações espontâneas de suspeitas de reac-
directo ou indirecto.
ções adversas, incluindo o processo de determinação do
4.8 — No exercício das suas funções, as unidades de
nexo de causalidade, garantindo a estrita confidencialida-
farmacovigilância devem actuar com independência cien-
de dos dados;
tífica.
b) A divulgação e promoção da notificação de suspei-
5 — Os delegados de farmacovigilância são profissio-
tas de reacções adversas na área geográfica que lhes for
nais de saúde, pertencentes ou não ao SNS, a quem com-
adstrita;
pete, no âmbito da estrutura de saúde a que pertençam:
c) A apresentação de propostas para a realização de
estudos de farmacoepidemiologia no âmbito do Sistema; a) Divulgar, junto dos profissionais de saúde, o Sistema;
d) A elaboração e apresentação periódica ao INFAR- b) Promover, junto dos profissionais de saúde da es-
MED do resultado das actividades referidas nas alíneas trutura a que pertençam, o envio às unidades de farma-
anteriores; covigilância ou ao serviço responsável pela farmacovigi-
e) A colaboração com o serviço responsável pela far- lância do INFARMED das notificações de suspeitas de
macovigilância do INFARMED na preparação de informa- reacções adversas de que estes tenham conhecimento.
ção relevante para distribuir a outras unidades regionais
ou às autoridades internacionais, bem como na realização 5.1 — Nas instituições e serviços de saúde pertencen-
de acções de formação no âmbito da farmacovigilância; tes ao SNS mas não constituídos em unidades de farma-
f) A comunicação ao serviço responsável pela farma- covigilância poderão existir delegados de farmacovigilân-
covigilância do INFARMED das notificações de suspei- cia designados pelos respectivos órgãos de gestão, a
tas de reacções adversas de que tenham conhecimento quem competirá exercer as funções previstas no número
ou que hajam recebido nos termos da alínea a). anterior.
5.2 — Os delegados de farmacovigilância exercem uma
4.3 — Os protocolos de cooperação e os contratos re- actividade de interesse público, em articulação com as
feridos no n.º 4.1. devem identificar, obrigatoriamente: unidades de farmacovigilância ou com o serviço respon-
a) O prazo da respectiva vigência, que não deve exce- sável de farmacovigilância do INFARMED.
der os três anos; 5.3 — As regras relativas ao acesso e ao exercício das
b) As responsabilidades financeiras a cargo do INFAR- funções de delegado de farmacovigilância serão definidas
MED para a sua instalação e funcionamento, como con- por despacho do Ministro da Saúde.
trapartida pela realização das actividades previstas; 6 — Os profissionais de saúde, pertencentes ou não ao
c) A área geográfica adstrita a cada unidade de farma- SNS, devem comunicar, tão rápido quanto possível, às
covigilância, bem como a sua articulação com as unida- unidades de farmacovigilância ou ao serviço responsável
des prestadoras de cuidados de saúde dessa área, desig- de farmacovigilância do INFARMED, quando aquelas não
nadamente no que toca à disponibilização de pessoal; existam, as reacções adversas e as suspeitas de reacções
d) O programa de actividades a desenvolver por cada adversas graves ou inesperadas de que tenham conheci-
unidade de farmacovigilância; mento resultantes da utilização de medicamentos.
e) Os mecanismos de garantia da confidencialidade dos 7 — O titular de uma autorização de introdução no
dados recolhidos; mercado de um medicamento deve dispor, em relação ao
f) O procedimento e o prazo da comunicação a que se território nacional, de um responsável pela farmacovigi-
refere a alínea f) do n.º 3 do n.º 4.2.; lância que, de forma contínua e permanente, assegure o
g) Os procedimentos de monitorização, validação e cumprimento das obrigações e assuma as responsabilida-
avaliação dos dados. des previstas na lei.
7.1 — A identidade do responsável pela farmacovigi-
4.3.1 — Se os contratos forem celebrados com entida- lância em Portugal deve ser transmitida ao INFARMED.
des também elas sujeitas ao regime de realização de des- 7.2 — Juntamente com a identidade, o titular da auto-
pesas estabelecido no Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de rização de introdução no mercado deve transmitir ao IN-
6376 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006
1) As especificações não são afectadas negativa- 1) O método de análise deve permanecer inalte-
mente; não há alteração do perfil qualitativo rado (por exemplo, permite-se uma alteração
e quantitativo de impurezas ou das proprieda- a nível da dimensão ou temperatura da colu-
des físico-químicas. na, mas não um tipo diferente de coluna ou de
2) O excipiente não é uma substância biológica. método).
2) Foram efectuados estudos de (re)validação ade-
25 — Alteração destinada a cumprir o disposto na quados, em conformidade com as orientações
Farmacopeia Europeia, na Farmacopeia Portu- aplicáveis.
guesa ou, quando aplicável, na Farmacopeia de 3) Os resultados da validação do método com-
outro Estado membro: provam que o novo procedimento analítico é,
pelo menos, equivalente ao anterior.
a) Alteração da especificação ou especificações 4) Nenhum método analítico novo diz respeito
de uma substância que, anteriormente, não a uma técnica inovadora não-normalizada ou
constava na Farmacopeia para cumprir o dis- a uma técnica normalizada utilizada de forma
posto na Farmacopeia Europeia, na Farmaco- inovadora.
peia Portuguesa ou, qd aplicável, na Farmaco-
peia de outro Estado membro: 28 — Alteração de qualquer parte do material de
1) Substância activa — condições: 1, 2 (v. infra) IB acondicionamento (primário) que não esteja em
2) Excipiente — condições: 1, 2 ...................... IB contacto com a formulação do produto acabado
(por exemplo, cor das cápsulas de tipo flip-off,
b) Alteração para fins de conformidade com a anéis de código cromático gravados em ampo-
actualização da monografia aplicável constante las, utilização de um plástico diferente no pro-
da Farmacopeia Europeia na Farmacopeia tector das agulhas) ................................................... IA
Portuguesa ou, quando aplicável, na Farmaco- Condição — a alteração não se refere a uma com-
peia de outro Estado membro: ponente fundamental do material de acondicio-
i) Substância activa — condições: 1, 2 ............ IA namento que afecte o fornecimento, a utiliza-
ii) Excipiente — condições: 1, 2 ...................... IA ção, a segurança ou a estabilidade do produto
acabado.
Condições: 29 — Alteração na composição qualitativa e ou
quantitativa do material de acondicionamento
1) Alteração destinada exclusivamente a cumprir primário:
o disposto na Farmacopeia.
2) Especificações (suplementares à farmacopeia) a) Formas farmacêuticas semi-sólidas ou líquidas —
inalteradas relativas aos requisitos específicos do condições: 1, 2, 3, 4 (v. infra) ......................... IB
produto (por exemplo, perfis de dimensão das b) Todas as restantes formas farmacêuticas:
partículas, forma polimórfica), se aplicável. Condições: 1, 2, 3, 4 ........................................... IA
Condições: 1, 3, 4 ............................................... IB
26 — Alteração das especificações relativas ao
acondicionamento primário do produto acabado: Condições:
a) Limites de especificação mais estreitos: 1) O produto em causa não é um produto bioló-
Condições: 1, 2, 3 (v. infra) ............................. IA gico ou esterilizado.
Condições: 2 .......................................................... IB 2) A alteração diz apenas respeito ao mesmo tipo
e material de acondicionamento (por exemplo,
b) Adição de um novo parâmetro de ensaio à es- de uma embalagem de blister para outra emba-
pecificação — condições: 2, 4 .......................... IB lagem de blister).
6380 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006