Você está na página 1de 87

Diário da República, 1.a série — N.

o 167 — 30 de Agosto de 2006 6297

Deste modo, a presente extensão circunscreve-se aos 2 — As condições de trabalho constantes dos con-
empregadores filiados na AEEP com trabalhadores não tratos colectivos de trabalho entre a AEEP — Associa-
representados por associações sindicais outorgantes, ção dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Coo-
bem como a estabelecimentos de ensino particular e perativo e a FNE — Federação Nacional dos Sindicatos
cooperativo não superior não filiados na associação de da Educação e outros e entre a mesma associação de
empregadores outorgante, que tenham como denomi- empregadores e o SINAPE — Sindicato Nacional dos
nador comum a comparticipação financeira do Estado Profissionais da Educação, publicados no Boletim do
em despesas de pessoal e de funcionamento através, Trabalho e Emprego, 1.a série, n.o 46, de 15 de Dezembro
nomeadamente, de contratos de associação, contratos de 2005, são estendidas, no território do continente:
simples, contratos de patrocínio e contratos de coope-
a) Às relações de trabalho, não abrangidas pelo dis-
ração, assegurando-se assim condições de concorrência
posto no n.o 1 do presente artigo, entre estabelecimentos
equivalentes.
de ensino particular e cooperativo não superior não filia-
Atendendo a que as convenções regulam diversas con-
dos na associação de empregadores outorgante que
dições de trabalho, procede-se à ressalva genérica de
beneficiem de apoio financeiro do Estado, para despesas
cláusulas contrárias a normas legais imperativas. de pessoal e de funcionamento, mediante a celebração
Tendo em consideração que não é viável proceder de correspondentes contratos, e trabalhadores ao seu
à verificação objectiva da representatividade das asso- serviço das profissões e categorias profissionais neles
ciações outorgantes e ainda que os regimes das duas previstas;
últimas convenções são substancialmente idênticos, pro- b) Às relações de trabalho entre empregadores filia-
cede-se à respectiva extensão conjunta. dos na associação de empregadores outorgante e tra-
Com vista a aproximar os estatutos laborais dos tra- balhadores ao seu serviço das profissões e categorias
balhadores e as condições de concorrência entre as profissionais previstas nas convenções não representa-
empresas do sector de actividade abrangido, a extensão dos pelas associações sindicais outorgantes.
assegurará uma retroactividade das tabelas salariais e
das cláusulas de conteúdo pecuniário idêntica à das con- 3 — Não são objecto de extensão as disposições con-
venções. No entanto, as compensações das despesas de trárias a normas legais imperativas.
deslocações previstas, respectivamente na cláusula 33.a
do contrato colectivo de trabalho entre a AEEP e a
FENPROF e na cláusula 31.a dos contratos colectivos Artigo 2.o
de trabalho entre a AEEP a FNE e entre a AEEP e 1 — A presente portaria entra em vigor no 5.o dia
o SINAPE não serão objecto de retroactividade, uma após a sua publicação no Diário da República.
vez que se destinam a compensar despesas já feitas para 2 — A tabela salarial e as cláusulas de conteúdo pecu-
assegurar a prestação do trabalho. niário constantes do contrato colectivo de trabalho refe-
Embora as convenções tenham área nacional, a exten- rido no n.o 1 do artigo anterior, com excepção da cláu-
são de convenções colectivas nas Regiões Autónomas sula 33.a, sobre trabalhadores em regime de deslocação,
compete aos respectivos Governos Regionais, pelo que produzem efeitos desde 1 de Setembro de 2004 e a
a extensão apenas será aplicável no território do tabela salarial e as cláusulas de conteúdo pecuniário
continente. constantes dos contratos colectivos de trabalho men-
Assim: cionados no n.o 2 do mesmo artigo, com excepção da
Ao abrigo dos n.os 1 e 3 do artigo 575.o do Código cláusula 31.a, sobre trabalhadores em regime de des-
do Trabalho, manda o Governo, pelo Ministro do Tra- locação, produzem efeitos desde 1 de Setembro de 2005.
balho e da Solidariedade Social, o seguinte: 3 — Os encargos resultantes da retroactividade da
presente extensão poderão ser satisfeitos em prestações
mensais de igual valor, com início no mês seguinte ao
Artigo 1.o da sua entrada em vigor, correspondendo cada prestação
a dois meses de retroactividade ou fracção e até ao
1 — As condições de trabalho constantes do contrato limite de seis.
colectivo de trabalho entre a AEEP — Associação dos
Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo O Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social,
e a FENPROF — Federação Nacional dos Professores José António Fonseca Vieira da Silva, em 8 de Agosto
e outros, publicado no Boletim do Trabalho e Emprego, de 2006.
1.a série, n.o 33, de 8 de Setembro de 2004, são esten-
didas, no território do continente, às relações de tra-
balho entre estabelecimentos de ensino particular e coo- MINISTÉRIO DA SAÚDE
perativo não superior não filiados na associação de
empregadores outorgante que beneficiem de apoio
Decreto-Lei n.o 176/2006
financeiro do Estado, para despesas de pessoal e de
funcionamento, mediante a celebração de correspon- de 30 de Agosto
dentes contratos, e trabalhadores ao seu serviço das pro- 1 — O presente decreto-lei marca uma profunda
fissões e categorias profissionais nele previstas repre- mudança no sector do medicamento, designadamente
sentados pelas associações sindicais outorgantes. nas áreas do fabrico, controlo da qualidade, segurança
6298 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

e eficácia, introdução no mercado e comercialização dos Paralelamente, em cumprimento de uma obrigação co-
medicamentos para uso humano. munitária, introduz-se um novo procedimento, a autoriza-
Na disciplina jurídica dos medicamentos de uso ção excepcional, que permitirá dotar o mercado nacional
humano desempenhou um papel fundamental o Decre- de oferta de medicamentos não comercializados entre nós
to-Lei n.o 72/91, de 8 de Fevereiro, que deu coerência nem objecto de pedidos de autorização de introdução no
dogmática e sistemática a um sector até então regido mercado ao abrigo dos procedimentos tradicionais.
por um conjunto disperso de normas. Estas medidas visam permitir uma maior oferta e con-
corrência, no mercado nacional, no que concerne aos
Contudo, o incessante progresso técnico e científico,
medicamentos, sem prejuízo da necessidade de assegurar
os novos problemas, as novas prioridades políticas e a
o respeito pela saúde pública e pelos interesses dos con-
necessidade de adaptar a legislação nacional aos coman- sumidores.
dos emanados dos órgãos competentes da Comunidade 6 — Entre as matérias reguladas pelo presente Estatu-
Europeia conduziu outra vez a uma fragmentação exces- to do Medicamento, cumpre destacar algumas que, pela
siva da legislação aplicável aos medicamentos para uso novidade ou releitura, se consideram mais importantes.
humano. Salienta-se, a este propósito, a reformulação de alguns
O presente decreto-lei procede, deste modo, à trans- institutos particularmente relevantes na óptica do consu-
posição da legislação comunitária e à revisão, em con- midor.
formidade, da legislação vigente. É o caso da rotulagem e do folheto informativo, que é
2 — A legislação até agora dispersa é reunida num alvo de uma preocupação especial que se consubstancia
único texto legal, respeitando-se, no entanto, a auto- na garantia do fornecimento de uma informação correcta
nomia e especialidade de certas matérias, que se man- e compreensível ao público, especialmente tratando-se de
medicamentos que interfiram com a capacidade de con-
tiveram fora do âmbito de aplicação do presente
dução de veículos.
decreto-lei. Algumas, aliás, constituem já instrumen- É também o caso da publicidade dos medicamentos. O
tos legislativos com os quais o presente decreto-lei presente decreto-lei aperfeiçoa o regime até hoje constante
terá de interagir, designadamente com a Lei dos do Decreto-Lei n.º 100/94, de 19 de Abril. Neste particu-
Ensaios Clínicos e com os diplomas dos regimes de lar, foi considerada especialmente a necessidade de as-
preços e comparticipações do Estado no preço dos segurar o pleno respeito pelo direito à saúde, conjugado
medicamentos. com a protecção constitucional dos consumidores, no
3 — Neste Estatuto há aspectos que merecem ser quadro dos valores constitucionalmente protegidos e tam-
sublinhados pelo que têm de inovador. bém acolhidos no plano da ordem jurídica e jurisdicional
Um destaque especial merece a matéria relativa aos da União Europeia.
procedimentos de autorização de introdução no mer- Particular destaque merece, também, a inovação relati-
cado, crescentemente variados. Aos procedimentos va à prescrição de medicamentos que, gradualmente, pas-
nacional, de reconhecimento mútuo e centralizado, já sará a ser feita por via electrónica.
Uma das vantagens deste mecanismo consiste no fac-
hoje previstos na legislação nacional e comunitária, é
to de todos os medicamentos serem prescritos com a in-
aditado agora o procedimento descentralizado, que per- dicação da denominação comum da substância activa.
mite a uma empresa efectuar, em vários Estados mem- 7 — O objectivo de consolidação num diploma princi-
bros e em simultâneo, um pedido de autorização de pal de um conjunto muito significativo de diplomas e
introdução no mercado. matérias até hoje reguladas em legislação avulsa é ainda
4 — O regime da renovação das autorizações de intro- acompanhado de outro objectivo já assinalado, que é o
dução no mercado é profundamente alterado. Com de proceder a uma transposição coerente e sistemática das
efeito, até à presente data as autorizações de introdução mais recentes directivas emanadas pelos órgãos compe-
no mercado de medicamentos para uso humano eram tentes da Comunidade Europeia.
obrigatoriamente renováveis de cinco em cinco anos Deste modo, partindo da codificação operada pela Di-
mas, de agora em diante, passa a vigorar o princípio rectiva n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Con-
da renovação única e por período ilimitado, salvo se selho, de 6 de Novembro de 2001, que estabelece um
razões de farmacovigilância impuserem solução dife- código comunitário relativamente aos medicamentos para
rente. uso humano, foi tido em conta o processo de revisão da
legislação farmacêutica comunitária, que culminou na re-
5 — No que se refere a outras formas de introdução cente adopção da Directiva n.º 2004/27/CE, do Parlamento
e comercialização no mercado de medicamentos, o pre- Europeu e do Conselho, de 31 de Março de 2004.
sente decreto-lei actua em vários sentidos. 8 — Procurou ainda dotar-se o Instituto Nacional da
Pela primeira vez, a legislação nacional ocupa-se de Farmácia e do Medicamento (INFARMED), no plano in-
institutos há muito consagrados na jurisprudência dos terno, de competências e mecanismos que permitam uma
tribunais comunitários e, crescentemente, na legislação acção mais eficaz, designadamente na fiscalização do res-
de vários Estados membros da Comunidade Europeia, peito pela legislação nacional e no aconselhamento cien-
como é o caso do instituto das importações paralelas tífico da indústria nacional, no plano externo, reforçando
de medicamentos. os instrumentos de cooperação com organizações e or-
São ainda agilizados e corrigidos alguns aspectos de ganismos internacionais, em especial no quadro europeu.
procedimentos especiais de autorização, como os rela- 9 — Tem igualmente o Governo a consciência de que
a implementação deste decreto-lei exige, para a sua plena
tivos à utilização especial de medicamentos ou da sua
aplicação, uma importante acção por parte dos agentes
aquisição directa.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6299

económicos no mercado. Mas é também certo que a sua que estabelece normas de qualidade e segurança em rela-
execução exige da Administração Pública que tutela o ção à colheita, análise, processamento, armazenamento e
sector um grande esforço de readaptação em ordem ao distribuição de sangue humano e de componentes san-
cumprimento das exigências dele decorrentes. guíneos e que altera a Directiva n.º 2001/83;
10 — Finalmente, mas não menos relevante, este decre- c) A Directiva n.º 2003/63/CE, da Comissão, de 25 de
to-lei regulamenta igualmente a base XXI da Lei de Ba- Junho de 2003, que altera a Directiva n.º 2001/83/CE;
ses da Saúde, a qual remete a actividade farmacêutica d) A Directiva n.º 2003/94/CE, da Comissão, de 8 de
para legislação especial, submetendo-a à disciplina e fis- Outubro de 2003, que estabelece princípios e directrizes
calização dos ministérios competentes de forma a garan- das boas práticas de fabrico de medicamentos para uso
tir a defesa e a protecção da saúde, a satisfação das ne- humano e de medicamentos experimentais para uso hu-
cessidades da população e a racionalização do consumo mano;
de medicamentos. e) A Directiva n.º 2004/24/CE, do Parlamento Europeu
Foi promovida a audição do Conselho Nacional do e do Conselho, de 31 de Março de 2004, que altera, em
Consumo. relação aos medicamentos tradicionais à base de plantas,
O INFARMED participou na elaboração das normas a Directiva n.º 2001/83/CE;
constantes do presente decreto-lei. f) A Directiva n.º 2004/27/CE, do Parlamento Europeu e
Foram ouvidas, a título facultativo, a Ordem dos Mé- do Conselho, de 31 de Março de 2004, que alterou a Di-
dicos, a Ordem dos Farmacêuticos, Ordem dos Médicos rectiva n.º 2001/83/CE.
Dentistas, a Associação Nacional das Farmácias, a As-
sociação de Farmácias de Portugal, a Associação Portu- 3 — Os anexos ao presente decreto-lei fazem dele par-
guesa da Indústria Farmacêutica, o Instituto Nacional da te integrante.
Propriedade Industrial, a Associação Portuguesa de Em- Artigo 2.º
presas de Distribuição, a Agência Portuguesa para o In- Âmbito de aplicação
vestimento, a Associação Portuguesa das Empresas Quí-
micas, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, 1 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial e
a Associação Portuguesa de Alimentação Racional e Di- nos números seguintes, o presente decreto-lei aplica-se
etética, a Associação Portuguesa das Empresas de Dis- aos medicamentos preparados industrialmente ou em cujo
positivos Médicos, a Associação Portuguesa de Genéri- fabrico intervenha um processo industrial.
cos, a Associação Portuguesa das Empresas de 2 — Excluem-se do âmbito de aplicação do presente
Publicidade e Comunicação, a Plataforma Saúde em Diá- decreto-lei:
logo e outras associações representativas do sector. a) Os produtos intermédios destinados a transforma-
Foi ouvida a Comissão Nacional de Protecção de Da- ção posterior por um fabricante autorizado, salvo o dis-
dos. posto no n.º 4;
Assim: b) Os medicamentos manipulados, designadamente na
No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido pela forma de preparados oficinais ou de fórmulas magistrais;
Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, nos termos da alínea c) do c) Os medicamentos experimentais, salvo disposição em
n.º 1 do artigo 198.º, o Governo decreta o seguinte: contrário;
d) Os radionúclidos utilizados sob a forma de fontes
CAPÍTULO I seladas;
e) O sangue total, o plasma e as células sanguíneas
Disposições Gerais de origem humana, à excepção do plasma e das células
estaminais hematopoiéticas que sejam utilizadas em tera-
SECÇÃO I pia celular, em cuja produção intervenha um processo
Objecto, âmbito e definições industrial.

Artigo 1.º 3 — O presente decreto-lei não prejudica a aplicação:


Objecto a) Da legislação relativa à protecção contra radiações
de pessoas sujeitas a exames ou tratamento médicos ou
1 — O presente decreto-lei estabelece o regime jurídi-
relativa à protecção da saúde contra o perigo de radia-
co a que obedece a autorização de introdução no merca-
ções ionizantes;
do e suas alterações, o fabrico, a importação, a exporta-
b) Do acordo europeu relativo ao intercâmbio de subs-
ção, a comercialização, a rotulagem e informação, a
tâncias terapêuticas de origem humana, enquanto vincu-
publicidade, a farmacovigilância e a utilização dos medi-
lar a Comunidade Europeia e o Estado português;
camentos para uso humano e respectiva inspecção, in-
c) Do disposto na lei relativamente à comercialização,
cluindo, designadamente, os medicamentos homeopáticos,
dispensa ou utilização de medicamentos contraceptivos
os medicamentos radiofarmacêuticos e os medicamentos
ou abortivos, sem prejuízo da obrigação de comunicação
tradicionais à base de plantas.
à Comissão Europeia;
2 — O presente decreto-lei transpõe:
d) Do regime previsto na legislação comunitária apli-
a) A Directiva n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu cável aos medicamentos cuja autorização de introdução
e do Conselho, de 6 de Novembro de 2001, que estabele- no mercado compete a órgãos da Comunidade Europeia.
ce um código comunitário relativo aos medicamentos para
uso humano, adiante designada por Directiva n.º 2001/83; 4 — Aos produtos intermédios e aos medicamentos
b) O artigo 31.º da Directiva n.º 2002/98/CE, do Parla- exclusivamente destinados a exportação é aplicável o dis-
mento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro de 2003, posto nos artigos 55.º a 76.º
6300 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Artigo 3.º p) «Estado membro», Estado membro da Comunidade


Definições
Europeia e, se cumpridas as exigências previstas em tra-
tado internacional, outros Estados Parte no Acordo do
1 — Para efeitos do disposto no presente decreto-lei, Espaço Económico Europeu ou em acordo equiparado;
entende-se por: q) «Estudo de segurança pós-autorização», um estudo
farmacoepidemiológico ou um ensaio clínico efectuado em
a) «Abuso de medicamentos», a utilização intencional
conformidade com os termos da autorização, destinado a
e excessiva, persistente ou esporádica, de medicamentos,
identificar ou quantificar um risco de segurança associa-
associada a consequências físicas ou psicológicas lesi-
do a um medicamento autorizado;
vas;
r) «Estojo ou kit», qualquer preparado destinado a ser
b) «Acondicionamento primário», recipiente ou qual-
reconstituído ou combinado com radionúclidos no medi-
quer outra forma de acondicionamento que esteja em
camento radiofarmacêutico final, nomeadamente antes da
contacto directo com o medicamento;
sua administração;
c) «Acondicionamento secundário», embalagem exterior
s) «Excipiente», qualquer matéria-prima que, incluída
em que o acondicionamento primário é colocado;
nas formas farmacêuticas, se junte às substâncias acti-
d) «Agência», a Agência Europeia de Medicamentos,
vas ou suas associações para servir-lhes de veículo, pos-
instituída pelo Regulamento (CE) n.º 726/2004, do Parla-
mento Europeu e do Conselho, de 31 de Março de 2004; sibilitar a sua preparação ou estabilidade, modificar as
e) «Alteração dos termos de uma autorização de intro- suas propriedades organolépticas ou determinar as pro-
dução no mercado», a alteração dos termos em que uma priedades físico-químicas do medicamento e a sua biodis-
autorização de introdução no mercado de um medicamen- ponibilidade;
to foi concedida, desde que não seja qualificável como t) «Extensão», a alteração de valor equivalente a uma
extensão; nova autorização, nos casos previstos no anexo IV ao pre-
f) «Alteração menor ou alteração de tipo IA ou altera- sente decreto-lei, que pressupõe a apresentação de um
ção de tipo IB», a alteração prevista no anexo III ao pre- novo pedido de autorização;
sente decreto-lei, desde que respeite as condições aí pre- u) «Folheto informativo», informação escrita que se
vistas; destina ao utilizador e que acompanha o medicamento;
g) «Alteração maior ou alteração de tipo II», a altera- v) «Forma farmacêutica», estado final que as substân-
ção que não possa ser qualificada como alteração menor cias activas ou excipientes apresentam depois de subme-
ou como extensão; tidas às operações farmacêuticas necessárias,a fim de
h) «Avaliação benefício-risco», a avaliação dos efeitos facilitar a sua administração e obter o maior efeito tera-
terapêuticos positivos de um medicamento face aos ris- pêutico desejado;
cos no que toda à saúde dos doentes ou à saúde públi- x) «Fórmula magistral», qualquer medicamento prepa-
ca e relacionados com a segurança, qualidade e eficácia rado numa farmácia de oficina ou serviço farmacêutico
do mesmo; hospitalar, segundo uma receita médica e destinado a um
i) «Apresentação», dimensão da embalagem tendo em doente determinado;
conta o número de unidades; z) «Gases medicinais», os gases ou a mistura de ga-
j) «Boas práticas de fabrico», a componente da garan- ses, liquefeitos ou não, destinados a entrar em contacto
tia da qualidade destinada a assegurar que os produtos directo com o organismo humano e que desenvolvam uma
sejam consistentemente produzidos e controlados de acor- actividade apropriada a um medicamento, designadamen-
do com normas de qualidade adequadas à utilização pre- te pela sua utilização em terapias de inalação, anestesia,
vista; diagnóstico in vivo ou para conservar ou transportar ór-
l) «Comercialização efectiva», disponibilização de me- gãos, tecidos ou células destinados a transplantes, sem-
dicamentos em locais de dispensa ao público, em quanti- pre que estejam em contacto com estes;
dade suficiente para abastecer o mercado nacional durante aa) «Garantia da qualidade farmacêutica», todo o con-
um período de tempo contínuo não inferior a um ano; junto de medidas organizadas destinadas a garantir que
m) «Denominação comum», designação comum inter- os medicamentos e os medicamentos experimentais tenham
nacional recomendada pela Organização Mundial de Saú- a qualidade necessária para a utilização prevista;
de para substâncias activas de medicamentos (DCI), de bb) «Gerador», qualquer sistema que contenha um ra-
acordo com regras definidas e que não pode ser objecto dionúclido genitor determinado a partir do qual se pro-
de registo de marca ou de nome, ou, na falta desta, a duz um radionúclido de filiação, obtido por eluição ou por
designação comum habitual ou nome genérico de uma outro método e utilização num radiofármaco;
substância activa de um medicamento, nos termos adap- cc) «Importador paralelo», a pessoa singular ou colec-
tados a Portugal ou definidos periodicamente pela auto- tiva que, não sendo titular de autorização de introdução
ridade nacional reguladora do sector do medicamento, o no mercado português de um medicamento considerado,
Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento, adian- seja titular de uma autorização de importação paralela (IP)
te designado por INFARMED; de um medicamento idêntico ou essencialmente similar
n) «Distribuição por grosso», actividade de abasteci- legalmente comercializado num Estado membro;
mento, posse, armazenagem ou fornecimento de medica- dd) «Matéria-prima», qualquer substância, activa ou
mentos destinados à transformação, revenda ou utilização não, e qualquer que seja a sua origem, empregue na pro-
em serviços médicos, unidades de saúde e farmácias, ex- dução de um medicamento, quer permaneça inalterável
cluindo o fornecimento ao público; quer se modifique ou desapareça no decurso do processo;
o) «Dosagem», teor de substância activa, expresso em ee) «Medicamento», toda a substância ou associação
quantidade por unidade de administração ou por unidade de substâncias apresentada como possuindo proprieda-
de volume ou de peso, segundo a sua apresentação; des curativas ou preventivas de doenças em seres huma-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6301

nos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou gnosticar, induzir ou reduzir uma hipersensibilidade espe-
administrada no ser humano com vista a estabelecer um cífica na resposta imunológica a um agente alergeno;
diagnóstico médico ou, exercendo uma acção farmacoló- qq) «Medicamento órfão», qualquer medicamento que,
gica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 141/2000, do
modificar funções fisiológicas; Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro
ff) «Medicamento à base de plantas», qualquer medi- de 1999, seja designado como tal;
camento que tenha exclusivamente como substâncias ac- rr) «Medicamento radiofarmacêutico», qualquer medi-
tivas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma camento que, quando pronto para ser utilizado, contenha
ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais um ou vários radionúclidos ou isótopos radioactivos des-
substâncias derivadas de plantas em associação com uma tinados a diagnóstico ou a utilização terapêutica;
ou mais preparações à base de plantas; ss) «Medicamento tradicional à base de plantas», qual-
gg) «Medicamento considerado», medicamento objec- quer medicamento à base de plantas que respeite o dis-
to de autorização de introdução no mercado válida em posto no artigo 141.º;
Portugal com a mesma composição quantitativa e quali- tt) «Medida urgente de segurança», uma alteração tran-
tativa em substâncias activas, a mesma forma farmacêuti- sitória da informação sobre o medicamento constante da
ca e as mesmas indicações terapêuticas de um medica- autorização e que afecte as informações de segurança
contidas no resumo das características do medicamento,
mento objecto de importação paralela;
nomeadamente indicações, posologia, contra-indicações,
hh) «Medicamento derivado do sangue ou do plasma
advertências e reacções adversas, em virtude de novos
humanos», medicamento preparado à base de componen- dados relacionados com a segurança da utilização do
tes de sangue, nomeadamente a albumina, os concentra- medicamento;
dos de factores de coagulação e as imunoglobulinas de uu) «Nome do medicamento», designação do medica-
origem humana; mento, a qual pode ser constituída por uma marca insus-
ii) «Medicamento de referência», medicamento que foi ceptível de confusão com a denominação comum, pela
autorizado com base em documentação completa, incluin- denominação comum acompanhada de uma marca ou pelo
do resultados de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e nome do requerente ou do titular da autorização, contan-
clínicos; to que não estabeleça qualquer equívoco com as propri-
jj) «Medicamento equivalente», o medicamento tradi- edades terapêuticas e a natureza do medicamento;
cional à base de plantas que se caracteriza por possuir vv) «Ocultação», dissimulação deliberada da identida-
as mesmas substâncias activas, independentemente dos de de um medicamento experimental, de acordo com as
excipientes utilizados, uma finalidade pretendida idêntica, instruções do promotor;
uma dosagem e posologia equivalentes e uma via de xx) «Precursor», qualquer outro radionúclido usado
administração idêntica à do medicamento tradicional à para a marcação radioactiva de uma outra substância antes
base de plantas a que o pedido se refere; da sua administração;
ll) «Medicamento essencialmente similar», o medica- zz) «Pessoa qualificada», o director técnico ou o téc-
mento com a mesma composição qualitativa e quantitati- nico qualificado que, em relação ao titular da autorização
va em substâncias activas, sob a mesma forma farmacêu- de fabrico ou de importação, assume as responsabilida-
tica e para o qual, sempre que necessário, foi demonstrada des previstas na presente lei e na lei dos ensaios clínicos;
bioequivalência com o medicamento de referência, com aaa) «Preparações à base de plantas», preparações
base em estudos de biodisponibilidade apropriados; obtidas submetendo as substâncias derivadas de plantas
mm) «Medicamento experimental», a forma farmacêuti- a tratamentos como a extracção, a destilação, a expres-
ca de uma substância activa ou placebo, testada ou uti- são, o fraccionamento, a purificação, a concentração ou
lizada como referência num ensaio clínico, incluindo os a fermentação, tais como as substâncias derivadas de
medicamentos cuja introdução no mercado haja sido au- plantas pulverizadas ou em pó, as tinturas, os extractos,
os óleos essenciais, os sucos espremidos e os exsuda-
torizada mas que sejam utilizados ou preparados, quanto
dos transformados;
à forma farmacêutica ou acondicionamento, de modo di-
bbb) «Preparado oficinal», qualquer medicamento pre-
verso da forma autorizada, ou sejam utilizados para uma parado segundo as indicações compendiais de uma far-
indicação não autorizada ou destinados a obter mais in- macopeia ou de um formulário oficial, numa farmácia de
formações sobre a forma autorizada; oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares, desti-
nn) «Medicamento genérico», medicamento com a nado a ser dispensado directamente aos doentes assisti-
mesma composição qualitativa e quantitativa em substân- dos por essa farmácia ou serviço;
cias activas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequi- ccc) «Profissional de saúde», a pessoa legalmente ha-
valência com o medicamento de referência haja sido de- bilitada a prescrever, dispensar ou administrar medicamen-
monstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados; tos, designadamente, médicos, médicos dentistas, médi-
oo) «Medicamento homeopático», medicamento obtido cos veterinários, odontologistas ou farmacêuticos;
a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias- ddd) «Quebra da ocultação», quebra do código de
-primas homeopáticas, de acordo com um processo de identificação do medicamento ocultado;
fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, eee) «Reacção adversa», qualquer reacção nociva e
em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado involuntária a um medicamento que ocorra com doses
membro, e que pode conter vários princípios; geralmente utilizadas no ser humano para profilaxia, diag-
pp) «Medicamento imunológico», vacinas, toxinas e nóstico ou tratamento de doenças ou recuperação, cor-
soros, incluindo, nomeadamente, qualquer produto admi- recção ou modificação de funções fisiológicas;
nistrado para produzir uma imunidade activa ou passiva fff) «Reacção adversa grave», qualquer reacção adver-
específica, bem como qualquer produto destinado a dia- sa que conduza à morte, ponha a vida em perigo, requei-
6302 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

ra a hospitalização ou o prolongamento da hospitalização, 2 — A suspensão, revogação ou alteração de autori-


conduza a incapacidade persistente ou significativa ou zações ou registos relativos a medicamentos por razões
envolva uma anomalia congénita; de protecção da saúde pública, bem como outros actos
ggg) «Reacção adversa inesperada», qualquer reacção praticados pelo INFARMED com o mesmo objectivo, têm
adversa cuja natureza, gravidade, intensidade ou conse- carácter urgente.
quências sejam incompatíveis com os dados constantes Artigo 5.º
do resumo das características do medicamento;
Uso racional do medicamento
hhh) «Receita médica», documento através do qual são
prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em 1 — A utilização dos medicamentos no âmbito do sis-
legislação especial, por um médico dentista ou por um tema de saúde, nomeadamente através da prescrição mé-
odontologista, um ou mais medicamentos determinados; dica ou da dispensa pelo farmacêutico, deve realizar-se
iii) «Relatório periódico de segurança», a comunicação no respeito pelo princípio do uso racional do medicamen-
periódica e actualizada da informação de segurança dis- to, no interesse dos doentes e da saúde pública, nos
ponível a nível mundial referente a cada medicamento, termos previstos no presente decreto-lei e na demais le-
acompanhada da avaliação científica dos riscos e benefí- gislação aplicável.
cios do mesmo; 2 — Os profissionais de saúde assumem, no âmbito
jjj) «Representante local», pessoa designada pelo titu- das respectivas responsabilidades, um papel fundamen-
lar da autorização para o representar perante as autorida- tal na utilização racional dos medicamentos e na informa-
des públicas portuguesas; ção dos doentes e consumidores quanto ao seu papel no
lll) «Risco associado», qualquer situação ou circuns- uso correcto e adequado dos medicamentos.
tância, relacionada com a qualidade, a segurança ou efi-
cácia de um medicamento, que possa pôr em causa a Artigo 6.º
saúde dos doentes ou a saúde pública, bem como pro-
duzir efeitos indesejáveis sobre o ambiente; Obrigação de fornecimento e dispensa
mmm) «Rotulagem», menções contidas no acondicio- 1 — Os fabricantes, importadores, distribuidores por
namento secundário ou no acondicionamento primário; grosso, farmácias de oficina, serviços farmacêuticos hos-
nnn) «Substância», toda a matéria, seja qual for a sua pitalares e locais autorizados a vender medicamentos não
origem, humana, animal, vegetal ou química; sujeitos a receita médica estão obrigados a fornecer, a
ooo) «Substâncias derivadas de plantas», quaisquer dispensar ou a vender os medicamentos que lhes sejam
plantas inteiras, fragmentadas ou cortadas, partes de plan- solicitados, nas condições previstas no presente decre-
tas, algas, fungos e líquenes não transformados, secos to-lei e na demais legislação aplicável.
ou frescos e alguns exsudados não sujeitos a tratamento 2 — Os responsáveis pelo fabrico, distribuição, venda
específico, definidas através da parte da planta utilizada e dispensa de medicamentos têm de respeitar o princípio
e da taxonomia botânica, incluindo a espécie, a varieda- da continuidade do serviço à comunidade.
de, se existir, e o autor;
ppp) «Transferência», a mudança do titular de uma
Artigo 7.º
autorização de um medicamento, desde que não se tradu-
za apenas na mudança do nome do titular, que permane- Desburocratização e transparência
ce o mesmo.
1 — Tendo em vista a desburocratização, a simplifica-
2 — Em caso de dúvida e quando, de acordo com a ção e a celeridade dos procedimentos, o INFARMED deve
dispensar a realização de formalidades ou diligências e a
globalidade das suas características, um determinado pro-
apresentação de documentos que, fundamentadamente,
duto possa ser abrangido pela definição de medicamen-
considere desnecessários, desde que tal não prejudique
to, nos termos do disposto na alínea e) do número ante-
o disposto em normas imperativas do presente decreto-
rior, aplicam-se as disposições do presente decreto-lei.
-lei e demais legislação aplicável.
3 — Para efeitos do disposto na alínea bbb) do n.º 1, 2 — O INFARMED divulga junto do público o seu re-
é aceite qualquer farmacopeia ou formulário reconhecido gulamento interno e o das comissões bem como, relati-
em Portugal, neles se incluindo as farmacopeias e formu- vamente às matérias abrangidas pelo disposto no presente
lários oficiais aprovados ou reconhecidos pelo órgão má- decreto-lei e sem prejuízo do disposto no artigo 188.º, os
ximo do INFARMED. pontos da ordem do dia das reuniões, um relato das vo-
4 — As definições constantes do n.º 1 devem ser in- tações e das decisões adoptadas, acompanhados, nestes
terpretadas à luz das directrizes elaboradas pela Comis- últimos casos, de uma exposição dos motivos e das opi-
são da Comunidade Europeia, adiante designada Comis- niões minoritárias.
são Europeia e adoptadas por regulamento do
INFARMED. Artigo 8.º
SECÇÃO II Denominações nacionais

Princípios Gerais 1 — A cada substância activa medicamentosa é atribu-


ída, pelo INFARMED, uma denominação comum.
Artigo 4.º 2 — No âmbito das suas atribuições, o INFARMED
Protecção da saúde pública
publica as denominações comuns portuguesas e, no qua-
dro da Farmacopeia Europeia, a lista de termos-padrão
1 — As disposições do presente decreto-lei devem ser aplicáveis às formas farmacêuticas, vias de administração,
interpretadas e aplicadas de acordo com o princípio do acondicionamentos dos medicamentos e suas actualiza-
primado da protecção da saúde pública. ções posteriores.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6303

SECÇÃO III Artigo 13.º


Informação do medicamento Código nacional do medicamento

Artigo 9.º Nos termos a aprovar pelo Ministro da Saúde, é esta-


belecido um código nacional do medicamento, de aplica-
Dever de colaboração e informação ção geral, que facilite a rápida identificação do medica-
mento, respectiva autenticação e rastreabilidade.
1 — Com o objectivo de assegurar a protecção da saú-
de pública e os demais objectivos do presente decreto-
-lei, as instituições que exercem funções no âmbito do CAPÍTULO II
Sistema de Saúde fornecem ao INFARMED quaisquer Autorização de introdução no mercado
dados ou informações decorrentes das suas competên-
cias e considerados necessários à boa aplicação das dis-
SECÇÃO I
posições do mesmo decreto-lei.
2 — Os fabricantes, titulares de autorizações ou regis- Disposições gerais
tos, distribuidores por grosso e entidades legalmente
autorizadas a adquirir directamente ou a dispensar medi- SUBSECÇÃO I
camentos ao público devem disponibilizar ao INFARMED
qualquer informação de que disponham, nos domínios Procedimento de autorização
cobertos pelo presente decreto-lei, nos casos e termos
Artigo 14.º
previstos em regulamento deste Instituto.
Autorização
Artigo 10.º 1 — Salvo disposição em contrário, a comercialização
Informação do medicamento de medicamentos no território nacional está sujeita a au-
torização do órgão máximo do INFARMED.
A informação relativa a cada medicamento autorizado 2 — Sempre que um medicamento tiver obtido uma
ou registado, nomeadamente o resumo das características autorização de introdução no mercado, quaisquer dosa-
do medicamento, a rotulagem e o folheto informativo, deve gens, formas farmacêuticas, vias de administração e apre-
ser elaborada com o objectivo de garantir a utilização sentações adicionais, bem como quaisquer alterações e
segura e eficaz dos medicamentos, acompanhar cada apre- extensões que venham a ser autorizadas, consideram-se
sentação do medicamento e apresentar-se adaptada aos incluídas na autorização de introdução no mercado ini-
profissionais de saúde e ao consumidor, conforme os cialmente concedida.
casos, evitando, designadamente textos e sua formatação, 3 — Todas as autorizações a que se referem os núme-
desenhos, cores ou formulações que possam criar dificul- ros anteriores fazem parte da mesma autorização de in-
dades na identificação dos medicamentos ou na distin- trodução no mercado, não conferindo, nomeadamente, di-
ção das diferentes dosagens e formas farmacêuticas. reito a qualquer prazo adicional de protecção de dados.
4 — A concessão de uma autorização não prejudica a
Artigo 11.º responsabilidade, civil ou criminal, do titular da autoriza-
Base de dados nacional de medicamentos
ção de introdução no mercado ou do fabricante.

1 — O INFARMED assegura a existência e actualiza- Artigo 15.º


ção de uma base de dados nacional de medicamentos da
qual constem todos os medicamentos possuidores de uma Requerimento
autorização de introdução no mercado válida em Portu- 1 — A autorização é concedida a requerimento do inte-
gal ou que beneficiem de uma outra autorização ou re- ressado, dirigido ao presidente do órgão máximo do IN-
gisto que, de modo específico, justifique a sua inclusão. FARMED, do qual conste:
2 — O INFARMED disponibiliza a base de dados ao
Sistema de Saúde, aos profissionais de saúde e ao públi- a) Nome ou firma e domicílio ou sede, num Estado
co, em moldes a definir para cada um dos destinatários, membro, do requerente e, eventualmente, do fabricante;
por regulamento do INFARMED, sem prejuízo do disposto b) Número de identificação atribuído pelo Registo Na-
no artigo 192.º cional de Pessoas Colectivas ou número fiscal de contri-
Artigo 12.º buinte, excepto se o requerente tiver a sua sede, domicí-
lio ou estabelecimento principal noutro Estado membro;
Agentes autorizados c) Nome proposto para o medicamento;
d) Número de volumes que constituem o processo.
1 — O INFARMED publica e mantém actualizados, de-
signadamente na sua página electrónica, registos nacio-
2 — O requerimento é acompanhado dos seguintes ele-
nais de fabricantes, distribuidores por grosso, farmácias,
mentos e documentos, em língua portuguesa:
importadores paralelos e locais de venda de medicamen-
tos não sujeitos a receita médica. a) Forma farmacêutica e composição quantitativa e
2 — O INFARMED publica e mantém actualizada, de- qualitativa de todos os componentes do medicamento,
signadamente na sua página electrónica, uma lista das designadamente substâncias activas e excipientes, acom-
pessoas singulares ou colectivas autorizadas a adquirir panhada, no caso de existir, da denominação comum, ou,
directamente medicamentos, bem como das pessoas que, na sua falta, da menção da denominação química;
por força de legislação especial, se encontrem autoriza- b) Indicações terapêuticas, contra-indicações e reacções
das a adquirir, comercializar ou dispensar medicamentos. adversas;
6304 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

c) Posologia, modo e via de administração, apresenta- 3 — O pedido é acompanhado de todas as informações


ção e prazo de validade; relevantes para a avaliação do medicamento em questão,
d) Fundamentos que justifiquem a adopção de quais- independentemente de serem favoráveis ao requerente e
quer medidas preventivas ou de segurança no que toca de todos os elementos respeitantes a qualquer teste ou
ao armazenamento do medicamento, à sua administração ensaio farmacêutico, pré-clínico ou clínico do medicamen-
aos doentes ou à eliminação dos resíduos, acompanha- to, ainda que incompleto ou interrompido.
das da indicação dos riscos potenciais para o ambiente 4 — Mediante justificação, o requerente pode solicitar
resultantes do medicamento; o diferimento da apresentação dos resultados das avalia-
e) Uma ou mais reproduções do projecto de resumo ções referidas na alínea e) ou de resultados de ensaios
das características do medicamento, dos acondicionamen- previstos na alínea i), ambos do n.º 2, sendo a data da
tos, primário e secundário, e do folheto informativo, com apresentação definida, sempre que aplicável, pelo INFAR-
as menções previstas no presente decreto-lei, e, quando MED.
pertinente, acompanhados dos resultados das avaliações 5 — Os documentos e informações relativos ao dispos-
realizadas em cooperação com grupos-alvo de doentes; to nas alínea h) e i) do n.º 2 são acompanhados de resu-
f) Cópia da autorização de fabrico válida em Portugal mos pormenorizados, elaborados em conformidade com o
e, caso o medicamento não seja fabricado em Portugal, disposto no Anexo I, e assinados por peritos que pos-
certidão comprovativa da titularidade de autorização de suam as habilitações técnicas e profissionais necessári-
fabrico do medicamento por parte do fabricante, no res- as, as quais devem constar de um breve currículo, que
pectivo país; acompanha os resumos.
g) Dados relativos ao fabrico do medicamento, in- 6 — Os documentos previstos na segunda parte das
cluindo a descrição do método de fabrico; alíneas n) e o) do n.º 2 são apresentados em versão ofi-
h) Descrição dos métodos de controlo utilizados pelo cial, acompanhados de tradução oficial para a língua por-
fabricante; tuguesa, salvo quando esta seja expressamente dispen-
i) Resultado dos ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e sada pelo INFARMED.
clínicos; 7 — A designação de um representante local não exi-
j) Descrição pormenorizada do sistema de farmacovigi- me o requerente das responsabilidades que para este re-
lância, acompanhada de prova da existência de um res- sultam do presente decreto-lei.
ponsável pela farmacovigilância e da posse dos meios
necessários para notificar qualquer suspeita de reacção Artigo 16.º
adversa e, quando for caso disso, do sistema de gestão
Instrução do processo
de riscos que o requerente vai aplicar;
l) Relatório de avaliação dos riscos ambientais coloca- 1 — O INFARMED verifica, no prazo de dez dias, a
dos pelo medicamento, acompanhado, sempre que neces- regularidade da apresentação do requerimento e, quando
sário, das medidas propostas para a limitação dos riscos; for caso disso, dos elementos comprovativos da aplica-
m) Declaração comprovativa de que os ensaios clíni- ção do disposto nos artigos 19.º a 22.º, podendo solicitar
cos realizados fora da Comunidade Europeia respeitaram ao interessado que forneça, no prazo que fixar para o
os requisitos éticos exigidos pela legislação relativa aos efeito, os elementos e os esclarecimentos que sejam con-
ensaios clínicos; siderados necessários.
n) Cópia das autorizações de introdução no mercado 2 — O requerimento que não respeite o disposto no
do medicamento noutros Estados membros, bem como das artigo 15.º é considerado inválido e devolvido ao reque-
decisões de recusa da autorização, incluindo a respecti- rente acompanhado dos fundamentos da invalidação.
va fundamentação; 3 — Decorrido o prazo do n.º 1 sem que o INFARMED
o) Cópia das autorizações de introdução no mercado devolva o requerimento ao requerente ou sem que o no-
do medicamento em países terceiros, bem como das deci- tifique para fornecer os elementos e os esclarecimentos
sões de recusa da autorização, incluindo a respectiva que sejam considerados necessários, o pedido é consi-
fundamentação; derado válido.
p) Indicação dos Estados membros em que tenha sido 4 — As informações transmitidas com o requerimento
apresentado pedido de autorização de introdução no são permanentemente actualizadas pelo requerente, no
mercado para o medicamento em questão, incluindo có- que se refere aos dados de segurança do medicamento e
pias dos resumos de características dos medicamentos e no que se refere aos elementos referidos nas alíneas n),
dos folhetos informativos aí propostos ou autorizados; o) e p) do n.º 2 do artigo anterior.
q) Quando aplicável, cópia de qualquer designação do 5 — Do processo de autorização tem de constar um
medicamento como medicamento órfão, nos termos pre- relatório de avaliação actualizado com as observações
vistos no Regulamento (CE) n.º 141/2000, do Parlamento produzidas na apreciação do pedido, em especial as res-
Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro de 1999, peitantes aos resultados dos ensaios farmacêuticos, pré-
acompanhado de uma cópia do parecer da Agência; -clínicos e clínicos do medicamento.
r) Indicação dos elementos em relação aos quais deve 6 — Até ao termo do prazo previsto no n.º 1 do arti-
ser garantida a confidencialidade, após a eventual con- go 23.º, o INFARMED pode solicitar ao requerente, no
cessão da autorização, acompanhada da respectiva fun- prazo que fixar para o efeito, a prestação das informações
damentação, em cada caso; e dos esclarecimentos, bem como a transmissão dos do-
s) Versão não confidencial dos documentos abrangi- cumentos, considerados necessários, sob pena de inde-
dos pelo disposto na alínea anterior; ferimento.
t) Comprovativo do pagamento da taxa devida; 7 — Sempre que tome conhecimento de que um pedi-
u) Outros elementos e informações exigidos no anexo I. do de autorização de introdução no mercado relativo ao
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6305

mesmo medicamento foi anteriormente apresentado e se e) Informações farmacêuticas:


encontra em apreciação noutro Estado membro, o INFAR-
i) Lista de excipientes;
MED suspende a instrução do pedido, informando o re-
ii) Incompatibilidades graves;
querente do procedimento aplicável, nos termos previs-
iii) Prazo de validade, antes e, se necessário, após a
tos no presente decreto-lei e na legislação comunitária
primeira abertura do acondicionamento primário ou a re-
aplicável.
constituição do medicamento;
8 — A decisão referida no número anterior é notifica-
iv) Precauções especiais de conservação;
da ao requerente da autorização de introdução no merca-
v) Natureza e composição do acondicionamento primá-
do e à autoridade competente do Estado membro em
rio;
causa. vi) Precauções especiais para a eliminação dos medi-
9 — As regras técnicas relativas à instrução do proce- camentos não utilizados ou dos resíduos derivados des-
dimento de autorização de introdução no mercado de ses medicamentos, caso existam;
medicamentos, bem como as normas técnicas a que ficam
sujeitos os ensaios pré-clínicos ou clínicos, constam do f) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular da
anexo I. autorização;
Artigo 17.º g) Número ou números de autorização de introdução
no mercado do medicamento;
Controlo laboratorial
h) Data da primeira autorização ou renovação da auto-
1 — O INFARMED pode submeter ou exigir que o re- rização;
querente submeta ao laboratório oficial de comprovação i) Data da revisão do texto.
da qualidade do Instituto ou a um laboratório de reco-
nhecida idoneidade, público ou privado, o medicamento, 2 — O resumo das características do medicamento é
as matérias-primas, os produtos intermédios ou outros, aprovado pelo INFARMED e notificado ao requerente, nos
designadamente para certificar em ensaio laboratorial a termos previstos no n.º 2 do artigo 26.º
adequação dos elementos referidos na alínea h) do n.º 2 3 — O resumo das características do medicamento é
do artigo 15.º. actualizado, em conformidade com a lei, devendo o titu-
2 — Os resultados dos exames devem ser apresenta- lar da autorização de introdução no mercado apresentar
dos no prazo fixado pelo INFARMED. os pedidos de alteração adequados, por sua iniciativa ou
após solicitação do INFARMED.
4 — Nos casos abrangidos pelo artigo seguinte, é per-
Artigo 18.º mitida a aprovação de um resumo das características do
Resumo das características do medicamento medicamento idêntico ao do medicamento de referência,
sem prejuízo de não ser permitida a divulgação, por qual-
1 — Para além de outras exigidas por lei, o resumo das quer forma, das partes do resumo das características do
características do medicamento inclui as seguintes infor- medicamento que se refiram às indicações ou à dosagem
mações, pela ordem seguinte: que ainda se encontrem protegidas por direitos de pro-
a) Nome do medicamento, seguido da dosagem e da priedade industrial na altura da comercialização do medi-
forma farmacêutica; camento genérico.
b) Composição qualitativa e quantitativa em substân- Artigo 19.º
cias activas e em componentes do excipiente cujo conhe- Ensaios
cimento seja necessário para uma correcta administração
do medicamento, de acordo com as respectivas denomi- 1 — Sem prejuízo dos direitos da propriedade
nações comuns ou químicas; industrial, o requerente fica dispensado de apresentar os
c) Informações clínicas: ensaios pré-clínicos e clínicos previstos na alínea i) do
n.º 2 do artigo 15.º se puder demonstrar que o medica-
i) Indicações terapêuticas; mento é um genérico de um medicamento de referência
ii) Posologia e modo de administração para adultos e, que tenha sido autorizado num dos Estados membros ou
quando aplicável, para crianças; na Comunidade, há pelo menos oito anos.
iii) Contra-indicações; 2 — Quando o medicamento de referência não tiver sido
iv) Advertências e precauções especiais de utilização; autorizado em Portugal e o requerente indicar o Estado
v) Interacções medicamentosas e outras formas de in- membro em que o medicamento de referência está ou foi
teracção; autorizado, o INFARMED solicita à autoridade competente
vi) Utilização durante a gravidez e o aleitamento; desse Estado membro documento comprovando que o
vii) Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar referido medicamento está ou foi autorizado, bem como o
máquinas; fornecimento da composição completa do medicamento e,
viii) Efeitos indesejáveis; se necessário, de demais documentação que considere
ix) Sobredosagem, incluindo sintomas, medidas de relevante.
emergência e antídotos; 3 — Os medicamentos genéricos autorizados ao abrigo
do presente artigo só podem ser comercializados, conso-
d) Propriedades farmacológicas: ante os casos:
i) Propriedades farmacodinâmicas; a) Dez anos após a autorização inicial do medicamen-
ii) Propriedades farmacocinéticas; to de referência, concedida a nível nacional ou comunitá-
iii) Dados de segurança pré-clínica; rio;
6306 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

b) Onze anos após a autorização inicial do medicamen- n.º 36/2003, de 5 de Março, a realização dos estudos e
to de referência, caso, nos primeiros oito dos dez anos, ensaios necessários à aplicação dos n.os1 a 6, e as exi-
o titular da autorização de introdução no mercado do gências práticas daí decorrentes, não são contrárias aos
medicamento de referência tenha obtido uma autorização direitos relativos a patentes ou a certificados complemen-
para uma ou mais indicações terapêuticas novas que, na tares de protecção de medicamentos.
avaliação científica prévia à sua autorização, se conside-
re trazerem um benefício clínico significativo face às tera- Artigo 20.º
pêuticas até aí existentes.
Uso clínico bem estabelecido
4 — Para efeito do disposto nos números anteriores, 1 — Sem prejuízo dos direitos da propriedade
entende-se que: industrial, o requerente fica dispensado de apresentar os
a) Os diferentes sais, ésteres, isómeros, misturas de ensaios pré-clínicos e clínicos previstos na alínea i) do
isómeros, complexos ou derivados de uma substância n.º 2 do artigo 15.º se puder demonstrar que as substân-
activa são considerados uma mesma substância activa, a cias activas do medicamento têm tido um uso clínico bem
menos que difiram significativamente em propriedades estabelecido na Comunidade Europeia há, pelo menos, dez
relacionadas com a segurança ou a eficácia, caso em que anos, com eficácia reconhecida e um nível de segurança
o requerente tem de fornecer dados suplementares desti- aceitável, nos termos das condições previstas no anexo I.
nados a comprovar a segurança e a eficácia dos vários 2 — No caso previsto no número anterior, os resulta-
sais, ésteres ou derivados de uma substância activa au- dos dos ensaios têm de ser substituídos por bibliografia
torizada; científica adequada, devendo o relatório previsto no n.º 5
b) As diferentes formas farmacêuticas orais de liberta- do artigo 15.º justificar o recurso à referida bibliografia.
ção imediata são consideradas como uma mesma forma
farmacêutica; Artigo 21.º
c) O requerente pode ser dispensado da obrigação de Nova associação fixa
apresentação de estudos de biodisponibilidade se de-
monstrar que o medicamento genérico satisfaz os crité- Sempre que o medicamento contiver substâncias acti-
rios específicos definidos para a matéria em directrizes vas presentes em medicamentos autorizados mas que
adoptadas pelo INFARMED ou no espaço comunitário. ainda não tenham sido associadas para fins terapêuticos,
têm de ser fornecidos os resultados dos novos ensaios
5 — Os resultados dos ensaios pré-clínicos ou clínicos pré-clínicos ou clínicos relativos à associação, mas não
adequados têm de ser apresentados sempre que um dos as referências científicas a cada uma das substâncias ac-
seguintes casos se verifique: tivas.
a) O medicamento não está abrangido pelo disposto Artigo 22.º
no número anterior; Consentimento
b) A bioequivalência não pode ser demonstrada atra-
vés de estudos de biodisponibilidade; O titular da autorização pode consentir que a sua do-
c) O medicamento apresenta, relativamente ao medica- cumentação farmacêutica, pré-clínica e clínica seja utiliza-
mento de referência, alterações da ou das substâncias da na avaliação de requerimento de autorização apresen-
activas, das indicações terapêuticas, da dosagem, da for- tado relativamente a um medicamento com a mesma
ma farmacêutica ou da via de administração. composição qualitativa e quantitativa em substâncias
activas e a mesma forma farmacêutica.
6 — Caso um medicamento biológico similar a um me-
dicamento biológico de referência não satisfaça as con- Artigo 23.º
dições da definição de medicamento genérico, devido, em Prazos
especial, às diferenças relacionadas com as matérias-pri-
mas ou relativas aos processos de fabrico, são apresen- 1 — O INFARMED decide sobre o pedido de autoriza-
tados os resultados dos ensaios pré-clínicos ou clínicos ção de introdução no mercado de um medicamento no
adequados e relacionados com essas condições, em ter- prazo de duzentos e dez dias, contados da data da re-
mos que correspondam aos critérios pertinentes constan- cepção de um requerimento válido, em conformidade com
tes do Anexo I e das orientações adoptadas em conexão o disposto no artigo 15.º e no n.º 1 do artigo 16.º
com os mesmos, e sem prejuízo para a circunstância de 2 — O prazo previsto no número anterior suspende-se
não ser exigível a apresentação de resultados de outros sempre que ao requerente seja exigida a correcção de
ensaios constantes do processo do medicamento de re- deficiências do requerimento previsto no artigo 15.º, rei-
ferência. niciando-se com a recepção dos elementos em falta.
7 — Para além do disposto nos n.os 1 a 3, o titular de 3 — O INFARMED cria e mantém um registo dos pra-
uma autorização de introdução no mercado tem direito a zos relativos a cada processo, bem como das causas e
um ano de protecção de dados, não cumulativo, quando datas de suspensão ou interrupção dos mesmos.
tiver apresentado um pedido para uma nova indicação te-
rapêutica de uma substância activa bem conhecida e rea- Artigo 24.º
lizado ensaios pré-clínicos ou clínicos significativos rela- Autorização com condições
tivos à nova indicação.
8 — Sem prejuízo do disposto no artigo 102.º do Códi- 1 — A autorização pode ser concedida sob condição
go da Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei de realização posterior de estudos complementares ou do
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6307

cumprimento de regras especiais no que toca à comuni- Artigo 27.º


cação de reacções adversas, nos casos e de acordo com Validade da autorização
o disposto no anexo I.
2 — A aplicação do número anterior é precedida de 1 — Sem prejuízo do disposto na lei relativamente à
audição do requerente, procedendo o INFARMED à di- comercialização efectiva do medicamento, a autorização de
vulgação adequada e imediata das condições, prazos e introdução no mercado é válida por cinco anos, renová-
datas de execução. vel nos termos previstos no artigo seguinte.
3 — A autorização concedida ao abrigo do disposto no 2 — Após a primeira renovação, a autorização é válida
presente artigo é anualmente reavaliada, devendo o titu- por tempo indeterminado, salvo se o INFARMED, por
lar requerer a sua reavaliação, devidamente instruída, até razões de farmacovigilância, exigir a renovação por um
noventa dias do termo da autorização, sob pena de ca- período adicional de cinco anos.
ducidade.
Artigo 25.º Artigo 28.º
Renovação da autorização
Indeferimento
1 — Compete ao INFARMED decidir sobre a renova-
1 — O requerimento de autorização de introdução no ção da autorização, com base numa reavaliação da rela-
mercado é indeferido sempre que um dos seguintes casos ção benefício-risco.
se verifique: 2 — O pedido de renovação deve ser apresentado pelo
a) O requerimento, apesar de validado, não foi apre- respectivo titular até ao centésimo octogésimo dia ante-
sentado em conformidade com o disposto no artigo 15.º; rior ao termo da validade da autorização.
b) O processo não está instruído de acordo com as 3 — O pedido de renovação:
disposições do presente decreto-lei ou contém informa- a) É acompanhado de uma versão consolidada e actua-
ções incorrectas ou desactualizadas; lizada do processo quanto à qualidade, segurança e efi-
c) O medicamento é nocivo em condições normais de cácia do medicamento, incluindo todas as alterações que
utilização; hajam sido introduzidas desde a concessão inicial da
d) O efeito terapêutico do medicamento não existe ou autorização;
foi insuficientemente comprovado pelo requerente; b) Descreve a situação respeitante aos dados de far-
e) O medicamento não tem a composição qualitativa ou macovigilância do medicamento;
quantitativa declarada; c) Quando for caso disso, é acompanhado de docu-
f) A relação benefício-risco é considerada desfavorá- mentação complementar actualizada que demonstre a adap-
vel, nas condições de utilização propostas; tação ao progresso técnico e científico do medicamento
g) O medicamento é susceptível, por qualquer outra anteriormente autorizado.
razão relevante, de apresentar risco para a saúde pública.
4 — Conjuntamente com o pedido de renovação, o re-
2 — Para determinar se um medicamento preenche as querente fornece o projecto de resumo das característi-
condições previstas nas alíneas c) a f) do número ante- cas do medicamento, rotulagem e folheto informativo,
rior, o INFARMED tem em conta os dados relevantes, devidamente actualizados.
5 — A não apresentação do pedido de renovação no
ainda que protegidos.
prazo fixado, ou o seu indeferimento, implicam a caduci-
3 — Para efeitos do disposto no presente artigo, ape-
dade da autorização, no termo dos prazos referidos no
nas o requerente é responsável pela exactidão dos docu-
artigo anterior ou no prazo determinado na decisão.
mentos e dos dados que apresente. 6 — A decisão de renovação é notificada ao requeren-
te, acompanhada do resumo das características do medi-
Artigo 26.º camento, da rotulagem e do folheto informativo aprova-
dos, nos termos de regulamentação adoptada pelo
Notificação
INFARMED.
1 — A decisão sobre o pedido de autorização é notifi- Artigo 29.º
cada ao requerente e divulgada junto do público, pelos Obrigações do titular da autorização
meios mais adequados, designadamente na página elec-
trónica do INFARMED. 1 — Além de outras obrigações impostas por lei, o ti-
2 — No caso de deferimento, o INFARMED envia ao tular da autorização de introdução no mercado:
titular da autorização uma cópia do resumo das caracte- a) Comercializa o medicamento e assume todas as res-
rísticas do medicamento, do conteúdo da rotulagem e do ponsabilidades legais pela introdução do medicamento no
folheto informativo, nos termos aprovados, bem como o mercado, no respeito pela lei;
número de registo de autorização de introdução no mer- b) Atende ao progresso científico e técnico, no que
cado do medicamento. respeita aos processos e métodos de fabrico e de con-
3 — No caso de indeferimento ou de imposição de trolo referidos nas alíneas g) e h) do n.º 2 do artigo 15.º;
condições ou obrigações especiais, são igualmente noti- c) Para fins de comprovação da qualidade do medica-
ficados os fundamentos da decisão. mento e sempre que exigido pelo INFARMED, submete a
4 — O INFARMED envia à Agência uma cópia da au- este Instituto ou a um laboratório, de acordo com o n.º 1
torização, juntamente com o resumo das características do do artigo 17.º, matérias-primas, produtos intermédios e
medicamento aprovado. outros componentes não disponíveis comercialmente;
6308 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

d) Assegura, no limite das suas responsabilidades, em 3 — O INFARMED publicita igualmente, designadamen-


conjugação com os distribuidores por grosso, o forneci- te na sua página electrónica, as decisões de retirada de
mento adequado e contínuo do medicamento no mercado um pedido de autorização de introdução no mercado de
geográfico relevante, de forma a satisfazer as necessida- um medicamento.
des dos doentes e cumprir a obrigação prevista na 4 — Sem prejuízo da regulamentação adoptada pelo
alínea c) do n.º 1 do artigo 100.º; INFARMED, este Instituto:
e) Notifica imediatamente ao INFARMED qualquer a) Coloca à disposição do público, designadamente na
decisão ou acção de suspensão da comercialização ou de sua página electrónica, o relatório de avaliação referido
retirada de um medicamento do mercado, acompanhada da na alínea seguinte, a autorização de introdução no mer-
respectiva fundamentação, se estiver em causa a eficácia cado e a informação aprovada para cada medicamento;
do medicamento ou a protecção da saúde pública; b) Elabora um relatório de avaliação e tece observações
f) Mantém o INFARMED permanentemente actualiza- relativamente aos resultados dos ensaios farmacêuticos,
do, nomeadamente quanto a quaisquer dados relativos à pré-clínicos e clínicos do medicamento, devendo o rela-
qualidade, segurança ou eficácia do medicamento; tório ser actualizado sempre que surjam novas informa-
g) Transmite ao INFARMED, mediante pedido, quais- ções que sejam consideradas importantes para a avalia-
quer informações relativas ao medicamento, designada- ção da qualidade, segurança e eficácia do medicamento,
mente os dados relativos ao volume de vendas do medi- e apresentar uma fundamentação autónoma relativamente a
camento e os dados disponíveis sobre o volume de cada uma das indicações requeridas para o medicamento.
prescrições;
h) Responsabiliza-se pelo respeito das normas que re- 5 — A divulgação junto do público do relatório de
gem a rotulagem, o folheto informativo e a publicidade avaliação, acompanhado da respectiva fundamentação, é
dos medicamentos de que é titular de autorização ou re- feita com supressão de qualquer informação comercial de
gisto; natureza confidencial.
i) Fornece ao INFARMED quaisquer novas informa-
ções que possam implicar a modificação dos elementos,
informações ou documentos referidos no n.º 2 do arti- SUBSECÇÃO II
go 15.º, no n.º 1 do artigo 18.º, nos artigos 19.º a 22.º, no Alterações de autorização concedida
anexo I, ou do relatório de avaliação apresentado pela
Agência, nomeadamente quaisquer proibições ou restri- Artigo 31.º
ções impostas pela autoridade competente de qualquer
Estado; Âmbito e regime
j) Transmite ao INFARMED, sempre que este o solici- 1 — As alterações dos termos de uma autorização con-
te, dados de farmacovigilância ou outros que comprovem cedida ao abrigo do presente decreto-lei dependem de
que a relação benefício-risco se mantém favorável; autorização do INFARMED, nos termos do disposto na
l) Cumpre as obrigações em matéria de farmacovigilân- presente subsecção, que igualmente regula a sua tipolo-
cia e assegura que as mesmas são cumpridas pelo res- gia, pressupostos e respectivo regime procedimental.
ponsável pela farmacovigilância; 2 — As alterações são implementadas imediatamente
m) Responsabiliza-se pela recolha de medicamentos e após a autorização pelo INFARMED, salvo se outra coi-
participa na sua execução, nos termos previstos no pre- sa resultar da decisão respectiva, na qual é tido em con-
sente diploma; ta o prazo sugerido pelo requerente.
n) Responde civil, contra-ordenacional e criminalmente 3 — O disposto na presente subsecção aplica-se aos
pela exactidão dos documentos e dados apresentados e pedidos de passagem a medicamento genérico de um
pela violação das normas aplicáveis. medicamento objecto de autorização de introdução no
mercado.
2 — Para cumprimento do disposto na alínea b) do 4 — O pedido de alteração de um elemento da rotula-
número anterior, o titular requer ao INFARMED autoriza- gem ou do folheto informativo não relacionado com o
ção para as alterações necessárias para que o medicamen- resumo das características do medicamento, instruído com
to possa ser fabricado e controlado segundo métodos os respectivos projectos, é decidido no prazo de 90 dias,
científicos e técnicos geralmente aceites. decorrido o qual se considera tacitamente autorizado.
3 — No caso previsto na alínea e) do n.º 1, o INFAR-
MED transmite a informação à Agência. Artigo 32.º

Artigo 30.º Extensões

Publicação 1 — As extensões das autorizações de introdução no


mercado de medicamentos abrangidas pelo disposto no
1 — As decisões de autorização, suspensão, revoga- anexo IV ficam sujeitas ao disposto na subsecção anterior.
ção ou as declarações de caducidade de uma autorização 2 — As alterações requeridas ao abrigo de procedimen-
de introdução no mercado, são publicadas na página elec- tos comunitários regem-se pela legislação comunitária
trónica do INFARMED. aplicável, sem prejuízo de o INFARMED assegurar, em
2 — A publicidade da decisão de suspensão ou de relação a Portugal, as obrigações, direitos e prerrogativas
revogação não é condição de eficácia da mesma, quando resultantes da mesma para as autoridades competentes
se baseie em razões de saúde pública. dos Estados membros.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6309

Artigo 33.º 5 — Em caso de indeferimento, o notificante pode al-


Classificação das alterações
terar a notificação, de forma a atender aos fundamentos
da decisão, aplicando-se, com as devidas adaptações, o
As alterações dos termos de uma autorização de intro- previsto nos n.os 3 e 4, ou apresentar nova notificação.
dução no mercado classificam-se como: 6 — Se a notificação prevista nos n.os 1 e 3 for apre-
sentada de forma irregular ou não se apresentar devida-
a) Menores ou de tipo I, regidas pelo disposto nos
mente instruída, o INFARMED, no prazo de cinco dias
artigos 34.º e 35.º;
contados da apresentação da mesma, convida o notificante
b) Maiores ou de tipo II, que se regem pelo disposto
a completar ou corrigir a notificação em prazo que não
no artigo 36.º; excederá os cinco dias consecutivos.
c) Transferências, que se regem pelo disposto no arti- 7 — Se, após a recepção da notificação, devidamente
go 37.º instruída, o INFARMED considerar necessária a presta-
Artigo 34.º ção de informações complementares, solicita as mesmas
Alterações de tipo I ao notificante, fixando um prazo para o efeito.
8 — Os prazos para decisão ou validação suspendem-se
1 — Por cada alteração menor de tipo IA ou de tipo IB, no decurso dos prazos fixados ao abrigo dos n.os 6 e 7.
o titular da autorização de introdução no mercado apre- 9 — Consideram-se indeferidos os pedidos de alteração
senta ao INFARMED uma notificação, instruída com os se a notificação não for completada ou corrigida ou se
seguintes elementos: as informações não forem prestadas, no prazo para o efeito
a) Documentação comprovativa da alteração produzi- fixado pelo INFARMED.
da, incluindo os documentos modificados em virtude da 10 — Os actos praticados pelo INFARMED ao abrigo
alteração; do presente artigo são comunicados ao notificante.
b) Comprovativo do pagamento das taxas devidas;
c) Referência a outras notificações apresentadas ou a Artigo 36.º
apresentar relativamente a alterações do mesmo tipo e da
Alterações de tipo II
mesma autorização, salvo no caso previsto no número
seguinte; 1 — Por cada alteração maior ou de tipo II, o titular da
d) Versão revista do resumo das características do autorização de introdução no mercado apresenta ao IN-
medicamento, da rotulagem ou do folheto informativo, se FARMED um pedido, instruído com os seguintes elemen-
a alteração implicar uma tal revisão. tos:

2 — Se uma alteração menor de tipo IA implicar outras a) Dados e documentos comprovativos previstos para
alterações de tipo IA ou se uma alteração de tipo IB a instrução de um requerimento de autorização de intro-
implicar alterações de tipo IA e ou de tipo IB, estas po- dução no mercado;
dem ser incluídas numa única notificação, a qual descre- b) Dados justificativos da alteração solicitada;
ve a relação existente entre as várias alterações do mes- c) Versão revista dos documentos alterados na sequên-
mo tipo efectuadas, sem prejuízo do pagamento das taxas cia do pedido, incluindo, se for caso disso, o resumo das
devidas por cada alteração. características do medicamento, a rotulagem ou o folheto
informativo, se a alteração implicar uma tal revisão;
d) Adendas ou relatórios actualizados, avaliações crí-
Artigo 35.º ticas ou sumários realizados por peritos, tendo em conta
Decisão das alterações de tipo I as alterações requeridas;
e) Referência a outros pedidos de alteração maior da
1 — A notificação de uma alteração de tipo IA, em mesma autorização já apresentados ou a apresentar, sem
conformidade com o disposto no artigo anterior é decidi- prejuízo do disposto no número seguinte;
da pelo INFARMED no prazo de 14 dias. f) Comprovativo do pagamento das taxas devidas;
2 — Sem prejuízo do disposto nos n.os 5 a 8, presume- g) No caso de alterações relacionadas com questões
-se tacitamente concedida a autorização para a alteração de segurança, uma proposta justificada de prazo para a
notificada ao abrigo do número anterior, se o INFARMED implementação das mesmas.
não se pronunciar no prazo previsto.
3 — A notificação de uma alteração de tipo IB, em 2 — Se uma alteração maior implicar outras alterações
conformidade com o disposto no artigo anterior, deve ser maiores da mesma autorização, os vários pedidos podem
validada pelo INFARMED no prazo de cinco dias, conta- ser cumulados, descrevendo-se a relação existente entre
dos da data da notificação. as várias alterações requeridas, sem prejuízo do pagamen-
4 — As notificações de alterações de tipo IB valida- to das taxas devidas por cada alteração.
das nos termos do número anterior consideram-se tacita- 3 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes,
mente deferidas se, no prazo de 30 dias contados da va- o INFARMED decide cada pedido no prazo de sessenta
lidação e sem prejuízo do disposto nos números dias, que pode ser prorrogado por mais trinta dias, no
seguintes, o INFARMED não proferir acto expresso de caso de modificações ou alargamento das indicações te-
indeferimento devidamente fundamentado, não havendo rapêuticas e caso se justifique.
lugar à audiência a que se referem os artigos 100.º e se- 4 — Até à decisão, o INFARMED pode ordenar ao
guintes do Código do Procedimento Administrativo, adi- requerente a prestação de informações complementares,
ante designado por CPA, aprovado pelo Decreto-Lei em prazo para o efeito fixado, ficando suspensos os
n.º 442/91, de 15 de Novembro, na redacção que lhe foi prazos de decisão até à recepção das informações solici-
conferida pelo Decreto-Lei n.º 6/96, de 31 de Janeiro. tadas.
6310 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

5 — A decisão do INFARMED sobre o pedido de al- Comunidade Europeia, instituída pela Decisão n.º 2119/98/
teração é notificada ao requerente, acompanhada, no caso CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de Se-
de indeferimento, dos respectivos fundamentos. tembro, o INFARMED pode, a título excepcional e tem-
porário, tomar uma decisão provisória relativa a um pedi-
Artigo 37.º do de alteração dos termos de uma autorização de
introdução no mercado, sem prejuízo da apresentação de
Transferência
dados completos relativos à segurança e eficácia clínicas
1 — Os pedidos de transferência de titular de uma au- do medicamento e da aplicação paralela do procedimento
torização de introdução no mercado são apresentados ao previsto no presente decreto-lei.
INFARMED, o qual decide no prazo de 60 dias, conta-
dos da data da apresentação de requerimento válido. Artigo 39.º
2 — O requerimento é apresentado pelo titular da auto-
Medidas urgentes de segurança
rização, instruído com os seguintes elementos:
a) Nome do medicamento a que a transferência se re- 1 — Em caso de risco para a saúde pública, o titular
fere, número ou números de registo da autorização e da- de uma autorização de introdução no mercado adopta as
tas da respectiva concessão; medidas urgentes de segurança, devendo comunicá-las
b) Identificação, incluindo sede ou residência, do titu- imediata e previamente ao INFARMED, para os efeitos
lar da autorização e da pessoa em favor da qual a trans- previstos no número seguinte.
ferência deve ser efectuada; 2 — No prazo de vinte e quatro horas após a comuni-
c) Proposta comum das pessoas referidas na alínea cação e antes da implementação das medidas pelo titular
anterior, relativamente à data a partir da qual a transfe- da autorização, o INFARMED pode:
rência deve produzir efeitos, se autorizada; a) Decidir impedir a adopção das medidas urgentes de
d) Documento comprovativo de que o processo relati- segurança;
vo ao medicamento em questão, devidamente actualizado b) Determinar as formas de implementação das medi-
e completo, foi ou será colocado à disposição da pessoa das urgentes de segurança, em articulação com o titular
a favor de quem a transferência deve ser efectuada; da autorização.
e) Resumo das características do medicamento, projec-
to de acondicionamento primário, de embalagem e de fo- 3 — O INFARMED pode ainda adoptar, nos termos da
lheto informativo, com os elementos referentes à pessoa
lei, as medidas urgentes de segurança ou outras medidas
em favor da qual a transferência deve ser efectuada;
que se mostrem necessárias para a defesa e garantia da
f) Comprovativo do pagamento das taxas devidas;
saúde pública.
g) Certidão, certificado ou outros documentos compro-
vativos da posse, pela pessoa em favor de quem a trans- 4 — O disposto nos números anteriores não prejudica
ferência deve ser efectuada, das habilitações e da com- a obrigação de apresentação, pelo titular da autorização,
petência e experiência exigidas por lei ao titular de uma no prazo de quinze dias após o início da implementação
autorização de introdução no mercado; das medidas urgentes de segurança, da notificação pre-
h) Documento que identifique o responsável pela far- vista nos artigos 34.º ou 36.º, devidamente instruída.
macovigilância, acompanhado do respectivo curriculum 5 — As notificações previstas nos n.os1 e 2 são feitas
vitae, morada e números de contacto telefónico e elec- por via electrónica ou por telecópia, em termos a definir
trónico; pelo INFARMED.
i) Documento identificando o departamento científico SECÇÃO II
responsável pela informação relativa ao medicamento,
acompanhado do currículo do respectivo responsável, Procedimento de reconhecimento mútuo
morada e números de contacto telefónico e electrónico.
Artigo 40.º
3 — Os documentos referidos nas alíneas c), d), g) a Objecto e âmbito de aplicação
i) do número anterior são assinados pelo requerente e pela
A presente secção aplica-se aos pedidos apresentados
pessoa em favor de quem se efectua a transferência.
perante o INFARMED com vista ao:
4 — Em cada requerimento só pode ser solicitada auto-
rização para uma única transferência, a qual deve ser in- a) Reconhecimento noutro Estado membro de uma
deferida sempre que ocorra uma das seguintes situações: autorização de introdução no mercado de um medicamen-
a) O requerimento não seja apresentado em conformi- to concedida em Portugal;
dade com o disposto nos números anteriores; b) Reconhecimento em Portugal de uma autorização de
b) A pessoa em favor da qual a transferência deva ser introdução no mercado de um medicamento concedida
efectuada não esteja estabelecida num Estado membro. noutro Estado membro.

Artigo 38.º Artigo 41.º


Requerimento e instrução
Alterações provisórias por motivos de saúde pública

No caso de pandemia relacionada com um vírus, des- 1 — O requerimento apresentado ao abrigo da presen-
de que devidamente reconhecida pela Organização Mun- te secção é instruído com os seguintes elementos:
dial de Saúde, ou no quadro da rede de vigilância epide- a) A indicação de que o INFARMED assumirá a qua-
miológica e de controlo das doenças transmissíveis na lidade de Estado membro de referência, no caso previsto
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6311

na alínea a) do artigo anterior, ou a indicação do Estado tos a que se refere o n.º 3 do artigo 42.º, caso considere
membro de referência, responsável pela elaboração do existir um potencial risco grave para a saúde pública.
relatório de avaliação, no caso previsto na alínea b) do 2 — O parecer é notificado ao Estado membro de refe-
artigo anterior; rência, aos restantes Estados membros envolvidos, ao
b) Os documentos e demais elementos previstos nos requerente e, quando actue como Estado membro de re-
artigos 15.º e 18.º, bem como, consoante os casos, nos ferência, ao grupo de coordenação a quem compete exa-
artigos 19.º a 22.º, podendo o INFARMED autorizar que minar questões relativas à autorização de introdução no
algum ou alguns deles sejam apresentados noutras lín- mercado de um medicamento em dois ou mais Estados
guas, nos termos definidos em regulamento por si adop- membros.
tado; Artigo 45.º
c) Todos os demais elementos relevantes para a ela-
Arbitragem
boração do relatório de avaliação previsto no artigo se-
guinte, sempre que aplicável. 1 — Pode ser pedida a intervenção do Comité dos
Medicamentos para Uso Humano da Agência, (CHMP),
2 — São correspondentemente aplicáveis, com as de- sempre que ocorra uma das seguintes situações:
vidas adaptações, as disposições pertinentes dos arti-
a) Na sequência do parecer previsto no artigo anteri-
gos 15.º e 16.º or, o acordo entre os Estados membros envolvidos não
Artigo 42.º for alcançado no seio do grupo de coordenação, no pra-
Estado membro de referência zo de 60 dias;
b) O interesse comunitário o justifique;
1 — O INFARMED actua na qualidade de Estado mem- c) Se verifique um dos casos previstos no n.º 3 do
bro de referência quando a primeira autorização do medi- artigo 46.º
camento objecto do procedimento de reconhecimento
mútuo tiver sido concedida em Portugal. 2 — A intervenção do CHMP pode igualmente ser pe-
2 — Quando actue na qualidade de Estado membro de dida caso os Estados membros adoptem decisões diver-
referência, o INFARMED prepara e apresenta o relatório gentes relativamente à autorização, suspensão ou revo-
de avaliação ou, caso este já exista e se mostre necessá- gação de autorização relativa a um medicamento, ou antes
rio, uma sua versão actualizada, no prazo de noventa dias, da adopção de qualquer decisão de alteração dos termos
contados da data da recepção de um pedido válido. de uma autorização, nomeadamente por razões de farma-
3 — O relatório de avaliação, ou a sua actualização, é covigilância.
transmitido ao requerente e aos restantes Estados mem- 3 — A intervenção do CHMP pode ser requerida pela
bros envolvidos, acompanhado dos projectos de resumo Comissão Europeia, pelo INFARMED ou pelo requerente
das características do medicamento, de rotulagem e de ou titular da autorização de introdução no mercado.
folheto informativo. 4 — A questão a submeter ao CHMP deve ser clara-
4 — Caso os restantes Estados membros envolvidos, mente definida, devendo o requerente e o titular da auto-
no prazo de noventa dias contados da notificação pre- rização de introdução no mercado, quando não hajam
vista no número anterior, aprovem os documentos aí re- solicitado a intervenção do CHMP, ser devidamente in-
feridos e notifiquem a aprovação ao INFARMED, este formados.
encerra o procedimento e notifica a decisão ao requerente. 5 — Os Estados membros e o requerente ou o titular
da autorização de introdução no mercado enviam ao
CHMP toda a informação disponível relativamente ao
Artigo 43.º
assunto em questão.
Estado membro envolvido 6 — As regras de funcionamento e de procedimento
aplicáveis ao CHMP são as definidas ao abrigo da legis-
1 — Quando não actue na qualidade de Estado mem-
lação comunitária aplicável.
bro de referência, o INFARMED aprova, no prazo de
noventa dias após a respectiva recepção, o relatório e os
projectos referidos no n.º 3 do artigo anterior, elaborados Artigo 46.º
pela autoridade competente do Estado membro de refe- Alteração da autorização de introdução no mercado
rência, e comunica o facto ao mesmo Estado, salvo nos
casos previstos no artigo seguinte. 1 — Qualquer pedido de alteração dos termos de uma
2 — Caso o Estado membro de referência haja consta- autorização de introdução no mercado concedida pelo
tado e comunicado a existência de um acordo entre os INFARMED ao abrigo da presente secção deve ser apre-
vários Estados membros a que o pedido diz respeito, o sentado pelo respectivo titular ao mesmo Instituto e às
INFARMED adopta, no prazo de trinta dias e em confor- autoridades competentes dos Estados membros em que
midade com os elementos a que se refere o n.º 3 do arti- o medicamento esteja autorizado.
go anterior, a decisão de autorização. 2 — Caso o INFARMED considere necessária, para a
protecção da saúde pública, a alteração dos termos de uma
autorização de introdução no mercado concedida ao abri-
Artigo 44.º go do disposto na presente secção ou a sua suspensão
Parecer desfavorável ou revogação, pode adoptar uma ou ambas as medidas
seguintes:
1 — O INFARMED emite, no prazo referido, consoan-
te os casos, no n.º 2 do artigo 42.º ou no n.º 1 do artigo a) Submeter imediatamente a questão à Agência, para
anterior, parecer desfavorável à aprovação dos documen- aplicação dos procedimentos previstos no artigo 45.º;
6312 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

b) Suspender cautelarmente a autorização de introdu- 4 — Caso os restantes Estados membros, no prazo de


ção no mercado e a utilização do medicamento no territó- noventa dias contados da notificação prevista no núme-
rio nacional, nos casos em que seja necessária uma ac- ro anterior, aprovem os documentos referidos no n.º 2 e
ção urgente para proteger a saúde pública. notifiquem a aprovação ao INFARMED, este encerra o
procedimento e notifica a decisão ao requerente.
3 — A decisão prevista na alínea b) do número ante-
rior, acompanhada da respectiva fundamentação, é notifi- Artigo 50.º
cada, o mais tardar até ao termo do primeiro dia útil se-
Estado membro envolvido
guinte, à Comissão Europeia e aos restantes Estados
membros envolvidos. 1 — Quando não actue na qualidade de Estado mem-
4 — Aos pedidos de alteração previstos no presente bro de referência, o INFARMED aprova, no prazo de
artigo aplica-se o disposto no Regulamento (CE) n.º 1084/ noventa dias após a respectiva recepção, o relatório e os
2003, da Comissão, de 3 de Junho de 2003. projectos referidos no n.º 2 do artigo anterior, elaborados
pela autoridade competente do Estado membro de refe-
rência, e comunica o facto ao mesmo Estado, salvo nos
SECÇÃO III casos previstos no artigo seguinte.
Procedimento descentralizado 2 — Caso o Estado membro de referência haja consta-
tado e comunicado a existência de um acordo entre os
Artigo 47.º vários Estados membros a que o pedido diz respeito, o
INFARMED decide, no prazo de trinta dias, em conformi-
Objecto e âmbito de aplicação
dade com os elementos a que se refere o n.º 2 do artigo
A presente secção aplica-se aos pedidos de autoriza- anterior.
ção de introdução no mercado apresentados perante o Artigo 51.º
INFARMED com a indicação da apresentação em simul-
Parecer desfavorável
tâneo de igual pedido noutro ou noutros Estados mem-
bros. 1 — O INFARMED emite, nos prazos referidos, conso-
Artigo 48.º ante os casos, no n.º 1 do artigo anterior e no n.º 2 do
artigo 49.º, parecer desfavorável à aprovação dos projec-
Requerimento e instrução tos de resumo das características do medicamento, rotu-
1 — O requerimento apresentado ao abrigo da presen- lagem e folheto informativo, caso considere existir um
te secção é instruído com os seguintes elementos: potencial risco grave para a saúde pública.
2 — O parecer é notificado ao Estado membro de refe-
a) A lista dos Estados membros envolvidos; rência, aos restantes Estados membros envolvidos, ao
b) A indicação do Estado membro de referência, res- requerente e, quando actue como Estado membro de re-
ponsável pela elaboração do relatório de avaliação; ferência, ao grupo de coordenação.
c) Os documentos e demais elementos previstos nos
artigos 15.º e 18.º, bem como, consoante os casos, nos Artigo 52.º
artigos 19.º a 22.º, podendo o INFARMED autorizar que
Arbitragem
algum ou alguns deles sejam apresentados noutras lín-
guas, nos termos definidos em regulamento por si adop- 1 — Pode ser pedida a intervenção do CHMP em qual-
tado; quer dos casos seguintes:
d) Todos os demais elementos relevantes para a ela- a) Na sequência do parecer previsto no artigo ante-
boração do relatório de avaliação previsto no artigo se- rior, o acordo entre os Estados membros a que o pedido
guinte e dos projectos de resumo das características do diga respeito não for alcançado no seio do grupo de
medicamento, da rotulagem e do folheto informativo, sem- coordenação, no prazo de 60 dias;
pre que aplicável, ou que lhe sejam solicitados. b) O interesse comunitário o justifique;
c) Se verifique um dos casos previstos no n.º 3 do
2 — São correspondentemente aplicáveis, com as de- artigo seguinte.
vidas adaptações, as disposições pertinentes dos arti-
gos 15.º e 16.º 2 — A intervenção do CHMP pode igualmente ser pe-
Artigo 49.º dida caso os Estados membros adoptem decisões diver-
gentes relativamente à autorização, suspensão ou revo-
Estado membro de referência gação de autorização relativa a um medicamento.
3 — A intervenção do CHMP pode ser requerida pela
1 — O INFARMED actua na qualidade de Estado mem-
Comissão Europeia, pelo INFARMED ou pelo requerente
bro de referência quando o requerente o solicitar. ou titular da autorização de introdução no mercado.
2 — Quando actuar na qualidade de Estado membro de 4 — A questão a submeter ao CHMP deve ser clara-
referência, o INFARMED prepara e apresenta o relatório mente definida, devendo o requerente e o titular da auto-
de avaliação no prazo de cento e vinte dias, a contar da rização de introdução no mercado, quando não hajam
recepção de um pedido válido, bem como os projectos solicitado a intervenção do CHMP, ser devidamente in-
de resumo das características do medicamento, rotulagem formados.
e folheto informativo. 5 — Os Estados membros e o requerente ou o titular da
3 — Os elementos referidos no número anterior são autorização de introdução no mercado enviam ao CHMP
transmitidos ao requerente e aos restantes Estados mem- toda a informação disponível relativamente ao assunto em
bros envolvidos. questão.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6313

6 — As regras de funcionamento e de procedimento 2 — A autorização de fabrico é igualmente exigida para


aplicáveis ao CHMP são as definidas ao abrigo da legis- as operações de divisão, acondicionamento, primário ou
lação comunitária aplicável. secundário, ou apresentação.
3 — O fabrico, total ou parcial, de medicamentos expe-
Artigo 53.º rimentais, bem como a realização das operações referidas
no número anterior, estão igualmente sujeitos a autoriza-
Alteração da autorização de introdução no mercado ção de fabrico, regendo-se pelo disposto no presente
1 — Qualquer pedido de alteração dos termos de uma decreto-lei e, subsidiariamente, pela Lei n.º 46/2004, de 19
autorização de introdução no mercado concedida pelo de Agosto, e pela legislação relativa às boas práticas
INFARMED ao abrigo da presente secção é apresentado clínicas.
pelo respectivo titular ao Instituto e às autoridades com- 4 — Exceptuam-se do disposto nos números anteriores:
petentes dos Estados membros em que o medicamento a) As operações de preparação, divisão, alteração de
esteja autorizado. acondicionamento ou apresentação efectuadas em farmá-
2 — Caso o INFARMED considere necessária, para a cias por farmacêuticos ou outras pessoas legalmente ha-
protecção da saúde pública, a alteração dos termos de uma
bilitadas, com vista à dispensa de medicamentos;
autorização de introdução no mercado concedida ao abri-
b) A reconstituição de medicamentos experimentais
go do disposto na presente secção ou a sua suspensão
antes da utilização ou do acondicionamento, sempre que
ou revogação, pode adoptar uma ou ambas as medidas
estas operações sejam efectuadas em hospitais, centros
seguintes:
de saúde ou clínicas por farmacêuticos ou outras pessoas
a) Submeter imediatamente a questão à Agência, para legalmente autorizadas a efectuar tais operações e os
aplicação dos procedimentos previstos no artigo anterior; medicamentos experimentais se destinem a ser utilizados
b) Suspender cautelarmente a autorização de introdu- exclusivamente nessas instituições.
ção no mercado e a utilização do medicamento no territó-
rio nacional, nos casos em que seja necessária uma ac- Artigo 56.º
ção urgente para proteger a saúde pública.
Requisitos
3 — A decisão prevista na alínea b) do número anteri-
1 — A autorização de fabrico é requerida pela pessoa
or, acompanhada da respectiva fundamentação, é notifi-
cada, o mais tardar até ao termo do primeiro dia útil se- singular ou colectiva que fabrique ou pretenda fabricar
guinte, à Comissão Europeia e aos restantes Estados medicamentos no território nacional.
membros envolvidos. 2 — Sob pena de indeferimento, o requerimento:
4 — Aos pedidos de alteração previstos no presente a) Especifica os medicamentos a fabricar e as respec-
artigo aplica-se o disposto no Regulamento (CE) n.º 1084/ tivas formas farmacêuticas;
2003, da Comissão, de 3 de Junho de 2003. b) Indica o local de fabrico ou de controlo;
c) Assegura o cumprimento das exigências técnicas e
SECÇÃO IV legais em matéria de direcção técnica, instalações, equi-
pamentos e possibilidades de controlo;
Procedimento comunitário centralizado
d) Identifica o director técnico.
Artigo 54.º
3 — A autorização só é concedida se o requerente dis-
Disposições aplicáveis puser de instalações devidamente licenciadas e de equi-
1 — Os medicamentos autorizados por órgãos da Co- pamentos adequados, com as características estabeleci-
munidade Europeia, ao abrigo de legislação comunitária das na legislação aplicável, cumprindo as boas práticas
aplicável, estão sujeitos ao disposto no presente decre- de fabrico previstas na lei.
to-lei, em tudo o que não contrariar a referida legislação. 4 — Os requisitos previstos nos números anteriores
2 — Os titulares de uma autorização de introdução no devem estar preenchidos na data da apresentação do re-
mercado concedida ao abrigo da legislação referida no querimento, cabendo ao requerente comprovar os elemen-
número anterior requerem ao INFARMED a atribuição de tos e dados constantes do requerimento.
um número de registo de autorização de introdução no 5 — O cumprimento dos requisitos referidos no n.º 3 é
mercado do medicamento, em termos a definir por regula- confirmado pelos serviços competentes do INFARMED,
mento do mesmo Instituto. designadamente por via de inspecção ou inquérito, antes
da decisão de concessão ou recusa da autorização.
CAPÍTULO III
Fabrico, importação e exportação Artigo 57.º
Decisão
SECÇÃO I
1 — A decisão relativamente ao pedido de autorização
Fabrico de fabrico é adoptada no prazo máximo de 90 dias, con-
tados da data da entrada de requerimento válido.
Artigo 55.º 2 — A autorização pode ser concedida sob condição
do cumprimento, pelo requerente, imediatamente ou em
Âmbito de aplicação
momento posterior, de obrigações específicas destinadas
1 — O fabrico, total ou parcial, de medicamentos no a assegurar o respeito pelo disposto nos n.os 2 a 4 do
território nacional está sujeito a autorização do INFARMED. artigo anterior.
6314 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

3 — A autorização apenas se aplica aos locais e aos 3 — Para efeitos do disposto no número anterior, o
medicamentos ou formas farmacêuticas indicadas no re- fabrico de substâncias activas utilizadas como matérias-
querimento previsto no artigo anterior ou especificamen- -primas inclui o fabrico, total ou parcial, ou a importação
te autorizadas. de uma substância de base, tal como definida no n.º 3.2.1.1.
4 — O INFARMED transmite à Agência, em simultâneo alínea b) da parte I do anexo I, bem como as diversas
com a notificação ao requerente, cópia da autorização, operações de divisão ou acondicionamento anteriores à
para efeitos de introdução na base de dados comunitária. sua incorporação num medicamento, incluindo o reacon-
5 — O INFARMED revoga ou suspende a autorização dicionamento e a re-rotulagem, designadamente efectua-
de fabrico para um medicamento ou uma forma farmacêu- dos por um distribuidor por grosso de matérias-primas.
tica sempre que qualquer das exigências resultantes dos
números anteriores não for observada. Artigo 60.º
Director técnico
Artigo 58.º
1 — O titular de autorização de fabrico fica obrigado a
Alteração
dispor, de forma permanente e efectiva, de um director
1 — O pedido de alteração de autorização de fabrico, técnico, que assume as obrigações previstas no artigo
mormente de algum dos elementos constantes dos n.os 2 seguinte.
e 3 do artigo 56.º, é decidido pelo INFARMED no prazo 2 — O titular da autorização pode assumir a função de
máximo de 30 dias. director técnico, desde que reúna as condições definidas
2 — No decurso do prazo referido no número anterior, no presente decreto-lei.
o INFARMED pode, em casos excepcionais devidamente 3 — As funções de director técnico são assumidas por
justificados, decidir a sua prorrogação por um período farmacêutico especialista em indústria farmacêutica, ins-
que, no total, não pode exceder os 90 dias. crito na Ordem dos Farmacêuticos e sujeito aos deveres
resultantes do Decreto-Lei n.º 288/2001, de 10 de Novem-
bro, na redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei
Artigo 59.º n.º 134/2005, de 16 de Agosto.
Obrigações do titular da autorização

1 — O titular da autorização de fabrico fica obrigado a: Artigo 61.º

a) Ter ao seu serviço pessoal qualificado, tanto no que Competências do director técnico
se refere ao fabrico como ao controlo de qualidade; 1 — O director técnico é responsável por todos os ac-
b) Produzir e dispor apenas dos medicamentos para os tos praticados no âmbito do fabrico, competindo-lhe, no-
quais tenha obtido autorização de fabrico; meadamente:
c) Informar previamente o INFARMED de qualquer
alteração introduzida nas informações transmitidas com o a) Garantir que cada lote de medicamentos foi fabrica-
requerimento ou posteriormente; do e controlado no respeito pela lei e das boas práticas
d) Comunicar imediatamente ao INFARMED a substi- de fabrico, de acordo com os métodos e técnicas fixados
tuição imprevista do director técnico; no processo de autorização de introdução no mercado;
e) Facultar imediatamente o acesso aos locais e insta- b) Assegurar que cada lote de medicamentos que não
lações pelos trabalhadores, funcionários e agentes do tenha sido fabricado num Estado membro é objecto de
INFARMED, no exercício dos seus poderes de inspecção; uma análise qualitativa completa, de uma análise quanti-
f) Disponibilizar ao director técnico os meios necessá- tativa abrangendo pelo menos todas as substâncias acti-
vas e da realização de todos os ensaios ou verificações
rios ao cumprimento das suas obrigações;
necessários para assegurar a qualidade do medicamento
g) Assegurar que todas as operações de fabrico de
de acordo com a respectiva autorização de introdução no
medicamentos, incluindo os destinados exclusivamente a mercado;
exportação, se efectuam em conformidade com as boas c) Atestar que cada lote de fabrico respeita o dispos-
práticas de fabrico e com as respectivas autorizações de to nas normas aplicáveis, procedendo ao respectivo re-
fabrico; gisto em documento próprio, que é mantido permanente-
h) Assegurar que todas as operações integradas no mente actualizado;
fabrico de medicamentos cuja introdução no mercado ou d) Elaborar os relatórios de controlo de qualidade;
comercialização careça de autorização são efectuadas no e) Disponibilizar aos interessados e ao INFARMED os
respeito pelas informações dadas no pedido de autoriza- registos e os relatórios previstos nas alíneas anteriores,
ção e aceites pelas autoridades competentes; pelo menos até ao termo do prazo de um ano após a
i) Comprovar, através da elaboração de relatório, a caducidade do lote e durante um prazo que não pode ser
execução dos controlos realizados no medicamento, nos inferior a cinco anos;
seus componentes e produtos intermédios de fabrico, de f) Diligenciar para que as substâncias activas e outras
acordo com os métodos de controlo descritos em aplica- matérias-primas sujeitas a operações de fraccionamento
ção do disposto na alínea h) do n.º 2 do artigo 15.º sejam analisadas de modo a garantir a sua qualidade e
pureza;
2 — Para efeitos do disposto na alínea g) do número g) Zelar pelo armazenamento e acondicionamento dos
anterior, o fabricante só pode utilizar, como matérias-pri- medicamentos e matérias-primas;
mas, substâncias activas fabricadas de acordo com as h) Garantir o cumprimento das disposições legais que
boas práticas de fabrico de matérias-primas, tal como regulam o emprego de estupefacientes e substâncias psi-
definidas por regulamento do INFARMED. cotrópicas.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6315

2 — O director técnico fica dispensado da obrigação de viamente definidos e em conformidade com as boas prá-
realizar os controlos previstos na alínea b) do número ticas de fabrico e a autorização de fabrico, ainda que o
anterior, se o lote de medicamentos: medicamento se destine exclusivamente à exportação;
f) Garantir que todas as operações de fabrico de medi-
a) Já tiver sido introduzido no mercado de outro
camentos cuja introdução no mercado careça de autori-
Estado membro e vier acompanhado dos relatórios de con-
zação são efectuadas de acordo com as informações pres-
trolo assinados pelo responsável no referido Estado mem-
tadas no pedido de autorização;
bro;
g) Dispor dos meios suficientes e adequados ao con-
b) Provier de um Estado que não seja Estado membro,
trolo do processo de fabrico, garantindo o registo e a
adiante designado como Estado terceiro, mas que, por
investigação aprofundada de todos os desvios do pro-
acordo com a Comunidade Europeia, garanta o fabrico
cesso de fabrico e dos defeitos de produção;
dos medicamentos de acordo com boas práticas de fabri-
h) Adoptar todas as medidas técnicas e organizativas
co e o controlo dos mesmos segundo métodos equiva-
que se revelem adequadas a evitar a contaminação cru-
lentes aos previstos no presente decreto-lei.
zada e a mistura involuntária de produtos;
i) Respeitar a informação dada pelo promotor, nas
3 — A informação relativa ao acordo referido na
operações de fabrico de medicamentos experimentais usa-
alínea b) do número anterior pode ser solicitada ao IN-
dos em ensaios clínicos;
FARMED, que a disponibilizará, designadamente por via
j) Proceder à análise periódica dos métodos de fabri-
electrónica.
co, à luz do progresso científico e técnico e dos avanços
4 — A responsabilidade do director técnico não exclui
da elaboração do medicamento experimental;
nem limita a responsabilidade do fabricante.
l) Estabelecer e manter um sistema de documentação;
5 — Em caso de incumprimento pelo director técnico
m) Criar e manter um sistema de controlo da qualidade
das suas obrigações, o INFARMED pode decidir suspen-
independente da produção, sob a responsabilidade de
der ou solicitar à associação ou ordem profissional res-
uma pessoa que preencha os requisitos necessários em
pectiva, consoante os casos, que determine a suspensão
termos de qualificações;
do exercício das suas funções até à conclusão do proce-
n) Implementar um sistema de registo e análise das
dimento criminal, contra-ordenacional ou disciplinar ins-
reclamações.
taurado ou a instaurar, nos termos da lei, pelas entida-
des competentes.
4 — O fabricante coloca um ou mais laboratórios de
Artigo 62.º controlo da qualidade, com pessoal e equipamento ade-
Fabricantes quados à execução do exame e ensaio das matérias-pri-
mas e dos materiais de embalagem e do ensaio de produ-
1 — Os fabricantes devem demonstrar que se encontram tos intermédios e acabados, à disposição da pessoa
em condições de: responsável a que se referem as alíneas d) e m) do nú-
a) Realizar o fabrico de acordo com a descrição do mero anterior, ou garante o acesso desta pessoa aos
processo de fabrico constante da alínea g) do n.º 2 do mesmos.
artigo 15.º; 5 — Aquando do controlo final dos produtos acaba-
b) Efectuar os controlos segundo os métodos descri- dos que precede a saída para venda, a distribuição ou o
tos no processo e referidos na alínea h) do n.º 2 do arti- uso em ensaios clínicos, o sistema de controlo de quali-
go 15.º dade toma em consideração, além dos resultados analíti-
cos, outros dados essenciais, como as condições de pro-
2 — Os processos de fabrico novos ou as alterações dução, os resultados dos controlos durante o fabrico, a
relevantes de um dado processo de fabrico são valida- análise dos documentos relativos ao fabrico e a confor-
dos, estando as fases críticas do processo de fabrico midade dos produtos com as respectivas especificações,
sujeitas a reavaliações periódicas. incluindo a embalagem final.
3 — Compete ainda ao fabricante assegurar o respeito 6 — Se, na sequência da aplicação do disposto na alí-
pelas boas práticas de fabrico e, em particular: nea j) do n.º 3, se revelar necessário alterar os termos da
autorização de introdução no mercado ou introduzir uma
a) Criar e aplicar um sistema eficaz de garantia da qua- alteração ao pedido apresentado pelo promotor do ensaio
lidade farmacêutica que envolva a participação activa da clínico, de acordo com o disposto na respectiva legisla-
gestão e do pessoal dos vários departamentos e impli- ção, a proposta de alteração é submetida ao INFARMED,
que a realização reiterada de auto-inspecções; nos termos previstos na legislação aplicável.
b) Assegurar que as instalações e equipamentos res- 7 — O fabrico de medicamentos apenas pode ser sus-
peitam as exigências previstas no presente decreto-lei; penso ou proibido nos casos previstos nas alíneas c) a
c) Dispor, em cada local de fabrico, de pessoal compe- e) do n.º 1 do artigo 25.º ou de desrespeito dos requisi-
tente, adequadamente qualificado e em número suficiente tos previstos no artigo 56.º
para que se alcancem os objectivos de garantia da quali-
dade farmacêutica explicitados no presente decreto-lei e Artigo 63.º
nas demais normas aplicáveis;
Conservação de amostras
d) Contratar a pessoa responsável pelo sistema de
controlo da qualidade e garantir os meios necessários ao 1 — São conservadas amostras de todos os lotes de
desempenho das suas funções; medicamentos acabados até ao final do primeiro ano sub-
e) Assegurar que todas as operações de produção se sequente ao termo do prazo de validade do respectivo
efectuam de acordo com instruções e procedimentos pre- lote.
6316 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

2 — São igualmente conservadas amostras suficientes Artigo 65.º


de todos os lotes de medicamentos experimentais formu-
Obrigações em matéria de pessoal
lados a granel e dos principais componentes de embala-
gem utilizados para cada lote do medicamento acabado, 1 — O fabricante fica obrigado a dispor, em cada local
durante, pelo menos, dois anos após a conclusão ou a de fabrico, de pessoal competente, adequadamente quali-
cessação formal do último ensaio clínico, de acordo com ficado e em número suficiente para que se alcancem os
o que for mais recente, em que os lotes tenham sido uti- objectivos de garantia da qualidade farmacêutica.
lizados. 2 — Sempre que solicitado, é facultado ao INFARMED
3 — As amostras das matérias-primas utilizadas no pro- um documento de onde constem as funções do pessoal
cesso de fabrico, com excepção dos solventes, gases ou de gestão e fiscalização, incluindo as pessoas qualifica-
água, são conservadas durante o prazo previsto no n.º 1, das responsáveis pela aplicação e pelo respeito das boas
o qual não pode, em qualquer caso, ser inferior a dois práticas de fabrico, bem como a respectiva relação hie-
anos, contados da saída para venda ou distribuição do rárquica.
produto. 3 — O pessoal é sujeito a formação inicial e contínua
4 — O período previsto no número anterior pode ser adequada, nos termos previstos no Código do Trabalho
reduzido, designadamente se o período de estabilidade e na respectiva regulamentação, incluindo o disposto nos
dessas matérias, tal como referido na especificação rele- respectivos estatutos profissionais.
4 — Devem ser integralmente respeitadas as disposi-
vante, for inferior.
ções legais em vigor em matéria de higiene e segurança
5 — As amostras são mantidas à disposição do INFAR-
no trabalho.
MED e demais autoridades competentes.
6 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as Artigo 66.º
condições de amostragem e conservação podem ser defi- Instalações e equipamento
nidas por acordo com o INFARMED, quando se trate de
matérias-primas e de medicamentos fabricados individu- 1 — As instalações e o equipamento de fabrico locali-
almente ou em pequenas quantidades ou quando o arma- zam-se e são concebidos, construídos, adaptados e man-
zenamento dos medicamentos seja susceptível de criar tidos em moldes adequados às operações a efectuar.
problemas especiais. 2 — A concepção, disposição e utilização das instala-
7 — Na falta de acordo, o INFARMED determina, por ções e do equipamento processam-se por forma a minimi-
regulamento ou decisão, as condições previstas no nú- zar o risco de erros e permitir uma limpeza e manutenção
eficazes, a fim de evitar a contaminação, a contaminação
mero anterior.
cruzada e, em geral, qualquer efeito danoso da qualidade
do produto.
Artigo 64.º 3 — As instalações e o equipamento previstos para os
Aquisição de serviços
processos de fabrico e que sejam vitais para a qualidade
dos produtos são submetidos a qualificação e validação
1 — O INFARMED pode autorizar o fabricante a con- adequadas, nos termos da lei.
tratar com terceiro ou terceiros a realização de certas fa-
ses do processo de fabrico de um medicamento ou de um Artigo 67.º
medicamento experimental ou de actos de controlo pre-
Sistema de documentação
vistos no n.º 1 do artigo 62.º, segundo os métodos des-
critos no processo de fabrico. 1 — O fabricante fica obrigado a criar e manter um sis-
2 — O contrato é escrito e inclui obrigatoriamente: tema de documentação com base em especificações, fór-
a) O nome ou firma e domicílio ou sede do prestador mulas de fabrico, instruções de processamento e embala-
gem, procedimentos e registos das várias operações de
de serviços, bem como os demais elementos de contacto;
fabrico que execute.
b) As operações de fabrico, ou relacionadas com o
2 — Os documentos devem ser claros, isentos de er-
fabrico, a realizarem; ros e actualizados.
c) As obrigações de cada uma das partes, e, em parti- 3 — O fabricante fica obrigado a dispor de procedimen-
cular, a sujeição à observância das boas práticas de fa- tos de actuação previamente elaborados relativamente às
brico pelo prestador de serviços; operações e condições gerais de fabrico, bem como de
d) O modo como o responsável pela certificação dos documentos específicos relativos ao fabrico de cada lote
lotes exerce as suas responsabilidades. que permitam reconstituir o respectivo fabrico e as alte-
rações introduzidas aquando do desenvolvimento de
3 — O prestador de serviços não pode subcontratar medicamentos experimentais.
qualquer das prestações que para ele resultem do con-
trato sem autorização escrita do fabricante, o qual notifi- Artigo 68.º
cará do facto o INFARMED, junto com os elementos re-
levantes para a identificação do subcontratado. Certificação e conservação dos documentos
4 — O prestador de serviços fica obrigado a cumprir 1 — A pessoa qualificada atesta, em livro de registo
os princípios e directrizes relevantes das boas práticas de ou em documento equivalente, definido pelo INFARMED,
fabrico e está sujeito a inspecções por parte do INFAR- que cada lote de fabrico de um medicamento obedece ao
MED ou de outras autoridades competentes, nos termos disposto no presente decreto-lei.
previstos no presente decreto-lei ou na legislação aplicá- 2 — A documentação relativa a cada lote é conserva-
vel aos ensaios clínicos. da durante cinco anos, contados da atestação a que se
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6317

refere o número anterior e, independentemente desse colaboração com o promotor, devendo ser identificados
prazo, até ao termo do prazo de um ano após a caduci- todos os centros de ensaios e, na medida do possível,
dade do lote. indicados os países de destino.
3 — A documentação relativa a cada lote de medica- 4 — O fabricante de medicamentos experimentais que
mentos experimentais é conservada durante, pelo menos, beneficiem de autorização de introdução no mercado in-
cinco anos, contados da conclusão ou da cessação for- forma, em colaboração com o promotor, o titular da refe-
mal do último ensaio clínico em que os lotes tenham sido rida autorização sobre qualquer defeito que possa relaci-
utilizados. onar-se com o medicamento autorizado.
4 — O titular da autorização de introdução no merca-
do ou, caso não seja a mesma pessoa, o promotor do Artigo 72.º
ensaio clínico, garante que os registos são conservados
nas condições exigidas para a autorização de introdução Suspensão e recolha
no mercado, de acordo com o previsto na lei, se forem 1 — O fabricante informa imediatamente o INFARMED
necessários para uma autorização de introdução no mer- de qualquer deficiência de qualidade susceptível de con-
cado posterior. duzir à recolha ou a restrições anormais de fornecimento
5 — Os documentos previstos no presente artigo são de medicamentos ou de medicamentos experimentais, bem
colocados à disposição dos trabalhadores, funcionários como, na medida do possível, indicar todos os países de
ou agentes do INFARMED e de outras autoridades com- destino.
petentes, durante os prazos previstos nos n.os 2 e 3 do 2 — O fabricante ou o titular da autorização de intro-
presente artigo. dução no mercado comunicam imediatamente ao INFAR-
Artigo 69.º MED qualquer acção empreendida no sentido de suspen-
der ou retirar do mercado um medicamento, acompanhada
Tratamento de dados
da respectiva fundamentação, quando a mesma disser
1 — O fabricante valida previamente os sistemas elec- respeito à eficácia do medicamento ou à protecção da
trónicos, fotográficos ou, de qualquer forma, não escri- saúde pública.
tos, de tratamento de dados, através da comprovação da 3 — A decisão de recolha e os respectivos motivos
adequação do armazenamento dos dados durante o perí- devem ser imediatamente levados ao conhecimento da
odo previsto de armazenamento. Agência e, quando possa estar em causa a saúde públi-
2 — Os dados armazenados nestes sistemas devem ca em Estados terceiros, à Organização Mundial de Saúde.
poder ser rapidamente disponibilizados em formato legí- 4 — O fabricante de medicamentos experimentais fica
vel e a pedido das autoridades competentes. obrigado a implementar, em colaboração com o promotor,
3 — Os dados armazenados electronicamente são pro- um sistema eficaz para retirar prontamente e a qualquer
tegidos por métodos de segurança, tais como a duplica- momento os medicamentos experimentais colocados na
ção ou cópias de segurança e transferência para outro rede de distribuição.
sistema de armazenamento, de forma a evitar a sua perda 5 — O promotor fica obrigado a implementar um pro-
ou danificação, devendo ainda ser mantidos registos de cedimento que permita, sob sua responsabilidade, quebrar
verificação. rapidamente o código de identificação do medicamento
4 — À matéria regulada no presente artigo é aplicável, ocultado, se e quando tal seja necessário para recolher
com as devidas adaptações, o disposto no artigo anterior. prontamente o medicamento do mercado, tal como referi-
do no número anterior.
Artigo 70.º
SECÇÃO II
Auto-inspecções
Importação e exportação
1 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei,
o fabricante fica obrigado a realizar repetidas auto-inspec- Artigo 73.º
ções, integradas no sistema de garantia da qualidade, com
Autorização de importação
vista ao acompanhamento da aplicação e observância das
boas práticas de fabrico e à introdução das medidas de 1 — A importação de medicamentos está sujeita a au-
correcção necessárias. torização do INFARMED.
2 — O fabricante mantém registos das auto-inspecções 2 — Exceptuam-se do disposto no número anterior os
realizadas, bem como de quaisquer medidas de correcção medicamentos importados de Estados terceiros com os
subsequentes. quais a Comunidade Europeia tenha estabelecido acordos
Artigo 71.º que tenham por efeito dispensar a autorização nacional
de importação.
Reclamações
Artigo 74.º
1 — O fabricante fica obrigado a dispor de um sistema
Regime de importação
de registo e de análise de reclamações.
2 — Todas as reclamações relativas a deficiências de 1 — À importação de medicamentos de Estados tercei-
qualidade de medicamentos e de medicamentos experimen- ros em relação à Comunidade Europeia aplica-se, com as
tais são devidamente registadas e investigadas pelo fa- necessárias adaptações, o disposto na secção anterior, em
bricante. especial nos artigos 56.º, 57.º, 59.º, 61.º e nos n.os 1, 2 e 4
3 — O sistema de registo e análise de reclamações re- do artigo 62.º, sem prejuízo do disposto nos números
lativas a medicamentos experimentais é implementado em seguintes.
6318 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

2 — Cada lote de medicamentos importados, ainda que CAPÍTULO IV


fabricados, mas não controlados ou libertados, num Es-
Comercialização
tado membro, é submetido a análise qualitativa completa
e a uma análise quantitativa, pelo menos no que se refe-
re às substâncias activas, e a quaisquer outros ensaios SECÇÃO I
ou verificações necessários à comprovação da qualidade, Disposições gerais
de acordo com a respectiva autorização de introdução no
mercado. Artigo 77.º
3 — Não estão submetidos ao disposto no número Regime de comercialização
anterior os lotes de medicamentos controlados num Es-
tado membro, de acordo com as exigências referidas no 1 — Sem prejuízo do disposto na legislação aplicável,
número anterior, sem prejuízo de deverem fazer-se acom- só podem ser comercializados no território nacional me-
panhar dos certificados de libertação de lote assinados dicamentos que beneficiem de uma autorização ou de um
pelo técnico responsável. registo, válidos e em vigor, concedidos pelo INFARMED
4 — Compete ao importador garantir que os medica- ou por órgão competente da Comunidade Europeia.
mentos e os medicamentos experimentais importados de 2 — A comercialização de medicamentos tem ainda de
Estados terceiros foram fabricados por fabricantes devi- observar os requisitos legais previstos no presente de-
damente autorizados ou notificados e aceites, para esse creto-lei para a distribuição por grosso.
fim, respectivamente, no respectivo país, e de acordo com 3 — A não comercialização efectiva do medicamento
normas que sejam, no mínimo, equivalentes às boas prá- durante três anos consecutivos, por qualquer motivo,
ticas de fabrico fixadas no âmbito da Comunidade Euro- desde que não imposto por lei ou decisão judicial impu-
peia. tável ao INFARMED ou por este considerado como jus-
Artigo 75.º tificado, implica a caducidade da respectiva autorização
ou registo, após a notificação prevista no n.º 3 do artigo
Exportação de medicamentos
seguinte.
1 — O fabrico de medicamentos para exportação está Artigo 78.º
sujeito a autorização de fabrico.
Notificações
2 — Os medicamentos exclusivamente destinados a ex-
portação não estão sujeitos às normas do presente de- 1 — O titular da autorização ou registo notifica o IN-
creto-lei relativas ao acondicionamento, à rotulagem e à FARMED da data de início da comercialização efectiva do
apresentação. medicamento no mercado nacional, tendo em conta as
3 — É proibida a exportação de medicamentos que te- diferentes apresentações autorizadas.
nham sido retirados do mercado por razões de protecção 2 — O titular da autorização notifica ainda o INFAR-
da saúde pública. MED, com a antecedência mínima de dois meses, salvo
4 — Qualquer requerente de uma autorização de expor- casos de urgência e sem prejuízo do disposto no número
tação pode solicitar ao INFARMED a emissão de parecer seguinte, da data de suspensão ou cessação da comerci-
científico sobre a avaliação de medicamentos destinados alização efectiva do medicamento, tendo em conta as di-
exclusivamente a exportação. ferentes apresentações autorizadas.
3 — Sempre que, por qualquer razão, cessar a comerci-
Artigo 76.º alização efectiva do medicamento, o titular da autorização
deve notificar ao INFARMED a decisão, acompanhada dos
Certificação
respectivos fundamentos.
1 — A requerimento do fabricante, do exportador ou de 4 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
autoridade competente de um Estado terceiro, o INFAR- devem igualmente ser notificadas ao INFARMED as rup-
MED emite, no prazo de dez dias úteis, documento que turas de existências, meramente transitórias, de fabrico ou
certifique a titularidade da autorização de fabrico por parte fornecimento de um medicamento, nos casos, termos, for-
de um fabricante de medicamentos no território nacional. ma e prazo fixados pelo INFARMED.
2 — Ao certificar, o INFARMED toma em considera- 5 — Ao abrigo dos seus poderes de regulamentação,
ção as disposições em vigor na Organização Mundial de o INFARMED pode determinar ainda as formas e meios
Saúde. de publicitação da informação prestada ou conhecida jun-
3 — Se lhe for solicitado, o INFARMED fornece, para to dos profissionais de saúde e do público em geral.
efeito de exportação, o resumo das características do 6 — O INFARMED pode, em caso de incumprimento
medicamento, nos termos em que foi aprovado. do disposto nos números anteriores e sempre que tal se
4 — Se o requerente fabricante não for titular de uma mostre necessário, adoptar as medidas que se mostrem
autorização de introdução no mercado, o requerimento adequadas a garantir a transparência do mercado ou a
previsto no n.º 1 é acompanhado de uma declaração que defesa da saúde pública.
apresente os motivos pelos quais não dispõe da referida
autorização de introdução no mercado.
Artigo 79.º
5 — A pedido do exportador, o INFARMED emite uma
declaração destinada unicamente a indicar que os medi- Aquisição directa de medicamentos
camentos nela discriminados estão autorizados a ser co-
1 — Os fabricantes, importadores ou distribuidores por
mercializados em Portugal, a qual seguirá o formato reco-
grosso só podem:
mendado pela Organização Mundial de Saúde, nos termos
a definir por regulamento do INFARMED. a) Vender medicamentos directamente a farmácias;
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6319

b) Vender medicamentos não sujeitos a receita médica 2 — Só podem ser objecto de importação paralela os
a pessoas singulares ou colectivas autorizadas, por força medicamentos que:
da lei, a vender medicamentos ao público;
a) Em relação ao medicamento considerado, tenham a
c) Transaccionar medicamentos livremente entre si;
d) Vender medicamentos a estabelecimentos e serviços mesma composição quantitativa e qualitativa em substân-
de saúde, públicos ou privados, e a instituições de soli- cias activas, a mesma forma farmacêutica e as mesmas
dariedade social sem fins lucrativos, que disponham de indicações terapêuticas;
serviço médico e farmacêutico, bem como de regime de b) Tenham uma origem comum;
internamento, desde que os medicamentos adquiridos se c) Na falta de origem comum, a autorização não repre-
destinem ao seu próprio consumo e estes estabelecimen- sente um risco para a saúde pública;
tos, serviços e instituições se encontrem devidamente d) Utilizem excipientes diferentes ou em quantidades
autorizados para o efeito pelo INFARMED; diferentes sem incidência terapêutica.
e) Vender determinado medicamento a entidades públi-
cas ou privadas a quem o INFARMED haja concedido, 3 — Consideram-se como tendo origem comum os me-
por razões fundamentadas de saúde pública ou para per- dicamentos fabricados noutro Estado membro por uma
mitir o normal exercício da sua actividade, uma autoriza- empresa ligada contratualmente à empresa titular da au-
ção de aquisição directa do medicamento em questão, torização de introdução no mercado em Portugal ou a uma
desde que seja assegurado o acompanhamento individu- empresa do mesmo grupo de sociedades.
alizado dos lotes e adoptadas as medidas cautelares ade- 4 — O disposto no alínea b) do n.º 2 e no número ante-
quadas. rior aplica-se igualmente no caso da empresa titular da
autorização de introdução no mercado em Portugal fabri-
2 — O INFARMED publica, na sua página electrónica, car ou comercializar em Portugal o medicamento em virtude
as autorizações concedidas nos termos do número ante- de um acordo estabelecido com uma empresa contratual-
rior, bem como, anualmente, a lista das entidades autori- mente ligada à empresa titular da autorização de introdu-
zadas. ção no mercado no Estado membro de proveniência.
3 — A autorização referida na alínea e) do n.º 1 é con- 5 — Incumbe ao requerente, em caso de dúvida, de-
cedida para uma única operação de aquisição directa de monstrar que a autorização de importação paralela de
medicamentos e obedece aos requisitos e condições fixa- medicamento, que não tenha uma origem comum ou que
dos pelo INFARMED na respectiva autorização. apresente excipientes diferentes ou os mesmos excipien-
tes em quantidades diferentes em relação ao medicamen-
to considerado, não representa um risco para a saúde
SECÇÃO II
pública e, no caso dos excipientes, não tem qualquer in-
Importação paralela cidência sobre a eficácia terapêutica ou segurança do
medicamento.
Artigo 80.º Artigo 82.º
Objecto Notificação
1 — A importação paralela de medicamentos rege-se 1 — A importação paralela é notificada previamente:
pelo disposto no presente decreto-lei, com as alterações
resultantes do disposto na presente secção. a) Ao titular da autorização de introdução no mercado
2 — A presente secção não prejudica a aplicação do no Estado membro de proveniência do medicamento ob-
regime previsto para a importação de medicamentos de jecto de importação paralela;
Estados terceiros ou de disposições constantes de con- b) Ao titular da autorização de introdução no mercado
venções internacionais que vinculem os Estados membros. em Portugal do medicamento considerado.

Artigo 81.º 2 — As notificações são feitas por carta registada com


aviso de recepção, com a antecedência mínima de, res-
Requisitos gerais pectivamente, 15 e 5 dias úteis sobre a data de apresen-
1 — A importação paralela de medicamentos está sujei- tação do requerimento previsto no artigo seguinte.
ta às seguintes condições e requisitos: 3 — As notificações contêm, além de outros elementos
que possam vir a ser determinados por regulamento do
a) O medicamento é objecto, no Estado membro de INFARMED:
proveniência, de uma autorização de introdução no mer-
cado válida; a) Os elementos referidos nas alíneas a) a e) e h) do
b) A importação paralela é notificada ao titular da au- n.º 2 do artigo seguinte;
torização de introdução no mercado nacional do medica- b) Uma amostra do medicamento, incluindo a rotula-
mento considerado, nos termos do disposto no artigo gem e o folheto informativo, tal como o requerente pre-
seguinte; tenda que venham a ser comercializados, após autoriza-
c) A importação paralela é autorizada nos termos pre- ção do INFARMED.
vistos no presente decreto-lei;
d) O medicamento é comercializado no respeito pelas 4 — As pessoas referidas no n.º 1 podem, no prazo de
condições estabelecidas no presente decreto-lei e demais quinze dias contados da notificação, solicitar ao INFAR-
legislação aplicável. MED o indeferimento do requerimento apresentado ou a
6320 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

apresentar, com um dos seguintes fundamentos relativa- 3 — O requerimento é acompanhado dos seguintes ele-
mente ao medicamento objecto do pedido: mentos:
a) Não ser idêntico ou essencialmente similar ao medi- a) Tradução oficial do certificado de autorização de
camento considerado; introdução no mercado do medicamento objecto de im-
b) Ser embalado ou acondicionado de modo a prejudi- portação paralela;
car a reputação ou a identidade do medicamento consi- b) Rotulagem e folheto informativo do medicamento
derado, ou com nome diferente; autorizado em Portugal;
c) Ser apresentado com alterações ao seu estado ori- c) Declaração do requerente atestando que o estado
ginal; original do medicamento objecto de importação paralela
d) Não ter sido colocado no mercado do Estado mem- não será, em qualquer momento, alterado;
bro de importação pelo titular da autorização ou com o d) Declaração do requerente sobre se a importação
seu consentimento; paralela implica, por força das disposições legais em vi-
e) Ser proveniente de um Estado membro abrangido gor em Portugal, a alteração da apresentação do medica-
por disposições derrogatórias ou complementares resul- mento, face àquela existente no Estado membro de pro-
tantes do Acto de adesão à União e Comunidades Euro- veniência;
peias de Chipre, da Eslováquia, da Eslovénia, da Estónia, e) Certificado de boas práticas de fabrico emitido pela
da Hungria, da Letónia, da Lituânia, de Malta, da Polónia autoridade competente do Estado membro onde se pro-
e da República Checa, assinado em Atenas a 16 de Abril cede à operação de re-embalagem do medicamento objec-
de 2003, ratificado pelo Decreto do Presidente da Repú- to de importação paralela, se for diferente do fabricante
blica n.º 4-A/2004, de 15 de Janeiro, e em vigor desde 1 do medicamento no Estado membro de proveniência;
de Maio de 2004. f) Comprovativo das notificações referidas no artigo
anterior;
Artigo 83.º g) Documento contendo os elementos relativos ao res-
Requerimento e autorização ponsável pela farmacovigilância em Portugal, previstos no
anexo II;
1 — A importação paralela é objecto de autorização, a h) Comprovativo do pagamento da taxa devida;
conceder pelo INFARMED no prazo de 45 dias, conta- i) Quaisquer outros elementos que devam acompanhar
dos da apresentação de requerimento válido. os requerimentos para a concessão de uma autorização
2 — O requerimento é dirigido ao presidente do órgão de introdução no mercado ao abrigo do disposto no pre-
máximo do INFARMED, instruído com os seguintes ele- sente decreto-lei, sempre que tal seja considerado con-
mentos: veniente, através de regulamento do INFARMED.
a) Nome ou firma e domicílio ou sede do requerente e,
4 — O certificado referido na alínea e) do número an-
quando aplicável, do seu representante legal;
terior apenas é apresentado caso os fabricantes não es-
b) Número de identificação atribuído pelo Registo Na-
tejam autorizados em Portugal.
cional de Pessoas Colectivas ou número fiscal de contri-
5 — O prazo previsto no n.º 1 interrompe-se sempre
buinte, excepto se o requerente tiver a sua sede, domicí-
que ao requerente seja exigida a correcção de deficiênci-
lio ou estabelecimento principal noutro Estado membro;
as do requerimento previsto no n.º 2 ou dos elementos
c) Estado membro de proveniência do medicamento e transmitidos ao abrigo do n.º 3, reiniciando-se com a re-
identificação da autoridade que autorizou a introdução do cepção dos elementos em falta.
medicamento no mercado nesse país; 6 — Para efeitos do disposto no presente artigo, ape-
d) Nome do medicamento no Estado membro de pro- nas o requerente é responsável pela exactidão dos docu-
veniência e nome ou firma e domicílio ou sede do titular mentos e dos dados que apresente.
da autorização; 7 — A decisão de autorização é notificada ao reque-
e) Composição quantitativa e qualitativa em substân- rente, produzindo efeitos após publicação na página elec-
cias activas, dosagem, forma farmacêutica e via de admi- trónica do INFARMED.
nistração do medicamento objecto de importação paralela;
f) Nome e número de registo de autorização de intro-
Artigo 84.º
dução no mercado do medicamento considerado;
g) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular de Indeferimento
autorização de introdução no mercado em Portugal do
1 — O requerimento é indeferido sempre que se verifi-
medicamento considerado;
que um ou ambos os casos seguintes:
h) Nome ou firma e domicílio ou sede do fabricante que
efectua a operação de re-embalagem do medicamento a) Não esteja preenchida qualquer das condições es-
objecto de importação paralela e do distribuidor por gros- tabelecidas nos artigos 81.º a 83.º;
so, se for diferente; b) A garantia da saúde pública o exija.
i) Termo de responsabilidade pelo qual o importador
paralelo se obriga a cumprir as demais condições resul- 2 — A decisão, devidamente fundamentada, é notifica-
tantes da legislação portuguesa aplicável, nomeadamente da ao requerente.
em matéria de distribuição por grosso e farmacovigilân- Artigo 85.º
cia;
Obrigações do importador paralelo
j) Preço a praticar;
l) Outros elementos considerados necessários pelo 1 — Obtida a autorização, o importador paralelo fica
INFARMED, através de regulamento. sujeito às obrigações que resultam da lei para o titular
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6321

de uma autorização de introdução no mercado, em parti- 2 — O importador paralelo comunica ao INFARMED o


cular nos domínios da comercialização, da farmacovigilân- preço a praticar em relação ao medicamento objecto de
cia, das alterações da autorização, da publicidade e da importação paralela, o qual é inferior, em qualquer caso,
recolha, sem prejuízo do disposto nos números seguintes. ao preço do medicamento considerado e dos medicamen-
2 — O importador paralelo fica obrigado a dispor, em tos idênticos ou essencialmente similares objecto de au-
nome próprio ou por contrato com entidades legalmente torização de introdução no mercado em Portugal.
habilitadas para realizar no território nacional a distribui-
ção por grosso de medicamentos, de instalações adequa- Artigo 88.º
das ao tratamento, conservação, gestão e distribuição dos
medicamentos objecto de importação paralela. Validade
3 — O importador paralelo fica ainda obrigado a dis- A autorização de importação paralela é válida durante
por, em território nacional, em nome próprio ou por con- cinco anos ou, caso o medicamento considerado deva ser
trato com entidades legalmente habilitadas, de pessoal objecto de renovação, até à data da renovação deste, sem
qualificado, incluindo uma pessoa que assegure, de for- prejuízo do disposto no artigo seguinte.
ma permanente e efectiva, a direcção técnica e que res-
ponda pela qualidade das actividades desenvolvidas, que
se encontra submetido ao regime da distribuição por gros- Artigo 89.º
so de medicamentos. Renovação
4 — O importador paralelo pode designar um represen-
tante ou mandatário para os contactos com as autorida- 1 — A autorização de importação paralela é renovável
des sanitárias e demais autoridades públicas. por iguais períodos, nos termos previstos nos números
5 — O importador paralelo conserva à disposição do seguintes.
INFARMED e de outras autoridades competentes todos 2 — A renovação da autorização concedida ao abrigo
os dados e informações referentes aos lotes concretos de da presente secção é requerida com a antecedência míni-
medicamentos importados até ao final do segundo ano ma de sessenta dias sobre o termo de vigência da auto-
após a cessação da autorização de importação paralela e, rização em vigor, sob pena de caducidade no termo do
em todo o caso, pelo menos durante os dois anos poste- prazo previsto no artigo anterior.
riores ao termo do prazo de validade de cada lote con- 3 — Aplica-se ao pedido de renovação, com as devi-
creto dos medicamentos objecto de importação paralela. das adaptações, o disposto nos artigos 16.º, 81.º, 83.º e
6 — O importador paralelo é solidariamente responsável 84.º, sem prejuízo para a possibilidade de o INFARMED,
pelos actos praticados em seu nome ou por sua conta. nos casos e condições definidos em regulamento ou a
pedido do requerente, poder dispensar a apresentação de
Artigo 86.º documentos ou outros elementos que se revelem idênti-
cos aos que foram objecto da autorização ou renovação
Rotulagem e folheto informativo anteriores.
1 — O medicamento objecto de importação paralela res- 4 — Considera-se renovada a autorização se, requeri-
peita o disposto no presente decreto-lei relativamente à da validamente e em conformidade com o disposto no pre-
rotulagem e folheto informativo, sem prejuízo do dispos- sente decreto-lei, o INFARMED não se pronunciar até ao
to nos números seguintes. termo do prazo previsto no n.º 2.
2 — A rotulagem inclui ainda:
a) O nome do medicamento, que é o mesmo do medi- Artigo 90.º
camento considerado; Exportação de medicamentos objecto da autorização
b) A indicação IP”; de importação paralela
c) O nome ou firma e domicílio ou sede do importador
1 — Sem prejuízo para as obrigações assumidas no
paralelo;
quadro da Comunidade Europeia ou da Organização
d) O número de registo do medicamento no Estado
membro de proveniência; Mundial do Comércio, a exportação de medicamentos
e) O número de registo atribuído pelo INFARMED. comercializados em Portugal ao abrigo da presente sec-
ção observa o regime resultante da lei e das convenções
3 — O folheto informativo contém ainda, além dos ele- internacionais de que Portugal seja signatário.
mentos resultantes dos números anteriores: 2 — A exportação de medicamentos objecto de impor-
tação paralela ao abrigo do presente decreto-lei só pode
a) As precauções particulares de conservação do me- ocorrer enquanto a autorização de importação paralela no
dicamento objecto da autorização de importação paralela, mercado nacional for válida e se mantiver em vigor.
se forem diferentes das do medicamento considerado; 3 — Para efeitos de exportação, é apresentada uma
b) A data da última revisão do folheto informativo do cópia do certificado de autorização de importação parale-
medicamento objecto da importação paralela, em vez da la emitida pelo INFARMED, com a indicação do seu pra-
data referida na alínea j) do n.º 3 do artigo 106.º zo de validade e do respectivo número de autorização.
4 — No que toca aos medicamentos abrangidos por
Artigo 87.º uma autorização de importação paralela, os agentes alfan-
degários verificam se o número da autorização de impor-
Preços e comparticipação
tação consta do acondicionamento primário ou secundá-
1 — Ao medicamento objecto de importação paralela rio, sem prejuízo para a possibilidade da autorização ser
aplica-se o regime de comparticipação do medicamento exibida no momento do cumprimento das formalidades
considerado, salvo o disposto em legislação especial. aduaneiras.
6322 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Artigo 91.º 2 — Antes de conceder a autorização prevista no nú-


Suspensão, revogação e caducidade
mero anterior, o INFARMED:

1 — A autorização de importação paralela pode ser a) Notifica o titular da autorização de introdução no


suspensa ou revogada pelo INFARMED numa das seguin- mercado no Estado membro onde o medicamento em ques-
tes situações: tão está autorizado do requerimento apresentado ao abri-
go do número anterior, salvo se for o próprio;
a) Esteja preenchida qualquer das circunstâncias pre- b) Solicita à autoridade competente do referido Estado
vistas no n.º 4 do artigo 82.º; membro uma cópia actualizada do relatório de avaliação
b) Ocorra qualquer das razões de indeferimento previs-
e da autorização de introdução no mercado em vigor para
tas no n.º 1 do artigo 84.º;
c) O importador paralelo não respeite qualquer das o medicamento em questão.
obrigações a que se encontre sujeito, ao abrigo do dis-
posto no presente decreto-lei. 3 — A concessão ou a revogação de uma autorização
ao abrigo do presente artigo é notificada à Comissão
2 — A autorização de importação paralela considera-se Europeia, acompanhada do nome ou firma e domicílio ou
suspensa ou revogada, independentemente de decisão sede do titular da autorização.
autónoma, quando a autorização de introdução no mer- 4 — Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1
cado do medicamento considerado for suspensa ou re- do artigo anterior ou de revogação, a pedido do titular,
vogada por razões de saúde pública. de uma autorização concedida anteriormente, considera-
3 — As decisões proferidas ao abrigo dos números -se preenchida a hipótese prevista na alínea c) do n.º 1
anteriores são notificadas ao titular da autorização de do artigo 107.º e no artigo 110.º, ambos do Código da
importação paralela, para os devidos efeitos.
Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 36/
4 — A eficácia das decisões proferidas ao abrigo do
presente artigo que se baseiem em razões de saúde pú- 2003, de 5 de Março.
blica ou de farmacovigilância não depende de publicidade. 5 — O titular da autorização concedida ao abrigo do
5 — A aplicação do disposto na alínea c) do n.º 1 de- presente artigo assegura o respeito pelo disposto no pre-
pende de regulamentação adoptada por portaria do Mi- sente decreto-lei, nomeadamente quanto à rotulagem e ao
nistro da Saúde, designadamente quanto à dispensa ao folheto informativo, à publicidade e à farmacovigilância,
público. salvo regulamentação do INFARMED adoptada para os
SECÇÃO III casos previstos no n.º 1 do artigo anterior.
6 — Sem prejuízo do disposto na lei relativa à respon-
Autorizações especiais sabilidade civil do produtor, no caso previsto na alínea b)
do n.º 1 do artigo anterior, os fabricantes, titulares das
Artigo 92.º
autorizações de introdução no mercado ou profissionais
Autorização de utilização especial de saúde não são responsáveis, civil ou contra-ordenaci-
1 — O INFARMED pode autorizar a utilização em Por- onalmente, pela utilização dos medicamentos, quando tal
tugal de medicamentos não possuidores de qualquer das utilização seja recomendada ou exigida pelas autoridades
restantes autorizações previstas no presente decreto-lei, de saúde.
quando se verifique uma das seguintes condições: 7 — O INFARMED define os requisitos, prazos e de-
mais elementos a que devem obedecer os pedidos de
a) Mediante justificação clínica, sejam considerados autorização a que se referem os n.os 1 e 2, os documen-
imprescindíveis à prevenção, diagnóstico ou tratamento
tos com que os mesmos devem ser instruídos, bem como
de determinadas patologias;
b) Sejam necessários para dar resposta à propagação, os elementos, documentação e registos que devem ser
actual ou potencial, de agentes patogénicos, toxinas, conservados pelas instituições de saúde e pelos reque-
agentes químicos, ou de radiação nuclear, susceptíveis de rentes.
causar efeitos nocivos; 8 — O INFARMED pode indeferir o pedido sempre que
c) Em casos excepcionais, sejam adquiridos por servi- não estiver devidamente demonstrada a segurança, a efi-
ço farmacêutico ou farmácia de oficina e dispensados a cácia ou a qualidade do medicamento, designadamente
um doente específico. quanto às condições de aquisição ou de transporte do
mesmo.
2 — O INFARMED aprova, por regulamento, os requi-
sitos, condições e prazos de que depende o pedido de SECÇÃO IV
autorização previsto no número anterior.
Distribuição por grosso

Artigo 93.º
Artigo 94.º
Autorização excepcional
Autorização
1 — O INFARMED pode autorizar, por razões funda-
mentadas de saúde pública, ainda que abrangidas pelo 1 — A actividade de distribuição por grosso de medi-
disposto no artigo anterior, a comercialização de medica- camentos depende sempre de autorização do INFAR-
mentos que não beneficiem de autorização ou registo MED, salvo nos casos previstos no artigo seguinte.
válidos em Portugal ou que não tenham sido objecto de 2 — A actividade de distribuição por grosso de medi-
um pedido de autorização ou registo válido. camentos pode ser exercida a título principal ou acessório.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6323

Artigo 95.º b) Instalações e equipamentos adequados e com ca-


pacidade para assegurar uma boa conservação e distri-
Dispensa de autorização
buição dos medicamentos.
1 — Os titulares de uma autorização de fabrico conce-
dida ao abrigo do presente decreto-lei estão dispensados 2 — Para os efeitos previstos na alínea b) do número
de obter a autorização prevista no artigo anterior para a anterior, o INFARMED, depois de verificar a regularida-
distribuição dos medicamentos por si fabricados. de da apresentação do requerimento, determina a realiza-
2 — Os titulares de uma licença que permita o exercí- ção, no prazo máximo de 30 dias, de vistoria das instala-
cio da actividade de distribuição por grosso de medica- ções onde o requerente pretende exercer a actividade.
mentos noutro Estado membro e que não disponham em 3 — A vistoria destina-se a verificar a conformidade
Portugal de instalações especialmente destinadas a esse das instalações com as condições de exercício exigidas
fim estão dispensados de obter a autorização prevista no na presente secção e nas demais normas aplicáveis.
artigo anterior. 4 — No caso de as instalações não se encontrarem nas
3 — O disposto nos números anteriores não exime os condições exigidas, é concedido ao interessado um pra-
respectivos titulares do cumprimento das restantes dis- zo não inferior a 30 dias para corrigir as deficiências veri-
ficadas.
posições do presente decreto-lei.
Artigo 98.º
Artigo 96.º Decisão

Requerimento 1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo ante-


1 — A autorização de distribuição por grosso depende rior, o INFARMED decide no prazo de trinta dias, conta-
de requerimento do interessado, dirigido ao presidente do dos da data da realização da vistoria ou da data da apre-
órgão máximo do INFARMED, do qual devem constar: sentação do requerimento válido, caso exista autorização
válida para o local.
a) Nome ou firma e domicílio ou sede do requerente; 2 — A autorização especifica o local e o estabelecimen-
b) Número de identificação atribuído pelo Registo Na- to comercial para o qual é válida.
cional de Pessoas Colectivas ou número fiscal de contri- 3 — O pedido é indeferido quando não se mostrem
buinte, excepto se o requerente tiver a sua sede, domicí- cumpridos os requisitos exigidos na presente secção e na
lio ou estabelecimento principal noutro Estado membro; demais legislação aplicável, incluindo as normas relativas
c) Identificação do director técnico; às boas práticas de distribuição.
d) Localização do estabelecimento onde será exercida 4 — A decisão é notificada ao requerente, acompanha-
a actividade. da, no caso de indeferimento, dos respectivos fundamen-
tos.
2 — O requerimento é ainda instruído com os seguin- Artigo 99.º
tes elementos:
Caducidade da autorização
a) Certificado ou documento comprovativo das habili-
tações académicas e profissionais do director técnico; 1 — A autorização para o exercício da actividade de
b) Termo de responsabilidade assinado pelo director distribuição por grosso de medicamentos caduca em qual-
técnico; quer dos seguintes casos:
c) Planta e memória descritiva das instalações onde a) O titular não inicie a actividade no prazo de doze
deverá ser exercida a actividade; meses, contados da data da notificação prevista no n.º 4
d) Cópia do alvará de licença de utilização do estabele- do artigo anterior;
cimento emitida pelo órgão competente da Administração; b) O titular suspenda a actividade por prazo superior
e) Cópia dos contratos celebrados com a pessoa que a 12 meses.
assumirá a direcção técnica e, quando for caso disso, com
o distribuidor por grosso que assegurará a armazenagem 2 — Em casos devidamente justificados, o titular da
dos medicamentos; autorização pode requerer ao INFARMED uma única pror-
f) Comprovativo do pagamento da taxa devida. rogação, por igual período, do prazo previsto na alínea a)
do número anterior.
3 — Após a apresentação do requerimento, o INFARMED Artigo 100.º
verifica, no prazo de 10 dias úteis, a regularidade da apresen-
tação do mesmo, solicitando ao interessado, quando for caso Obrigações do titular da autorização
disso, que forneça os elementos e os esclarecimentos adicio- 1 — O titular de autorização de exercício da actividade
nais considerados necessários, sob pena de aquele ser rejei- de distribuição por grosso de medicamentos deve respei-
tado. tar as seguintes disposições:
Artigo 97.º
a) Cumprir as boas práticas de distribuição;
Requisitos b) Aprovisionar-se de medicamentos apenas junto de
pessoas que possuam autorização de distribuição ou que
1 — O exercício da actividade de distribuição por gros- desta estejam dispensados;
so de medicamentos apenas é autorizado no caso de o c) Dispor permanentemente de medicamentos em quan-
interessado dispor de: tidade e variedade suficientes para garantir o fornecimento
a) Direcção técnica que assegure a qualidade das ac- adequado e contínuo do mercado geográfico relevante, de
tividades desenvolvidas, nos termos estabelecidos por forma a garantir a satisfação das necessidades dos
regulamento do INFARMED; doentes;
6324 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

d) Conservar, à disposição do INFARMED e demais c) Quantidade recebida ou fornecida;


autoridades públicas competentes, os contratos, que de- d) Nome ou firma e domicílio ou sede do fornecedor e
vem assumir a forma escrita, celebrados com a pessoa do destinatário.
responsável pela direcção técnica e, quando aplicável,
com o armazém e com as empresas que procedam ao 5 — Para os efeitos previstos na alínea h) do n.º 1, os
transporte dos medicamentos objecto de distribuição por estabelecimentos de distribuição por grosso de medica-
grosso; mentos dispõem de um plano de emergência que permita
e) Possuir registos, sob a forma de facturas, prefe- a imediata e efectiva retirada do mercado de um medica-
rencialmente informatizadas, de todas as transacções de mento, ordenada pelo INFARMED ou em cooperação com
medicamentos efectuadas, durante um período mínimo de o fabricante ou o titular da autorização de introdução no
cinco anos; mercado do medicamento em questão.
f) Distribuir exclusivamente medicamentos que sejam
objecto de: Artigo 101.º
i) Uma autorização de introdução no mercado, ou que Suspensão, revogação e interdição
dela estejam isentos, ou de registo, nos termos da legis-
lação em vigor; 1 — O INFARMED pode suspender a autorização de
ii) Uma autorização de importação paralela, ao abrigo distribuição por grosso de medicamentos quando verifi-
do disposto no presente decreto-lei ou em legislação que a violação das normas legais e regulamentares apli-
adoptada pelos órgãos competentes da Comunidade Eu- cáveis ou das condições da autorização.
ropeia; ou 2 — No caso previsto no número anterior, é concedi-
iii) Uma autorização concedida ao abrigo do disposto do ao interessado um prazo, não inferior a trinta dias, para
nos artigos 92.º ou 93.º; corrigir as deficiências que deram origem à suspensão.
3 — O incumprimento do ónus previsto no número
g) Distribuir exclusivamente os medicamentos a farmá- anterior determina a adopção de uma ou ambas as seguin-
cias, a outros distribuidores por grosso de medicamen- tes medidas:
tos, a entidades autorizadas a adquirir directamente me-
dicamentos ou a locais de venda registados junto do a) Revogação da autorização;
INFARMED, nos termos do disposto no Decreto-Lei b) Interdição do exercício da actividade de distribui-
n.º 134/2005, de 16 de Agosto, que estabelece o regime ção em território nacional, nos casos previstos no arti-
da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica go 95.º
fora das farmácias.
h) Não distribuir os medicamentos cuja retirada do 4 — As decisões adoptadas ao abrigo do presente ar-
mercado tenha sido ordenada pelas autoridades compe- tigo são notificadas ao titular da autorização, para os
tentes ou decidida pelos titulares de autorização que devidos efeitos legais.
permita a sua comercialização ou pelos respectivos repre- 5 — O INFARMED comunica as decisões de suspen-
sentantes; são, revogação da autorização ou de interdição do exer-
i) Facultar aos trabalhadores, funcionários ou agentes cício da actividade à Comissão Europeia e às autorida-
do INFARMED ou de outras entidades com competência des competentes dos restantes Estados membros.
fiscalizadora o acesso aos locais, instalações e equipa-
mentos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 97.º, bem Artigo 102.º
como disponibilizar aos mesmos os contratos e demais
Legislação especial
documentos comprovativos do respeito pelo disposto no
presente decreto-lei. O disposto na presente secção não prejudica a aplica-
ção de outras disposições legais e regulamentares relati-
2 — Para assegurar o cumprimento do disposto na alí- vas à distribuição por grosso de medicamentos especi-
nea c) do número anterior, o órgão máximo do INFAR- ais, designadamente medicamentos imunológicos,
MED pode definir, por regulamento, as quantidades mí- medicamentos radiofarmacêuticos, medicamentos deriva-
nimas ou os critérios de determinação das quantidades dos do sangue e do plasma humano ou medicamentos
mínimas de medicamentos que devem ser mantidas per- contendo estupefacientes e psicotrópicos.
manentemente pelos distribuidores que operam no terri-
tório nacional, para garantia de continuidade do forneci-
mento e do acesso aos medicamentos por parte dos SECÇÃO V
doentes. Preços e comparticipação
3 — Os contratos referidos na alínea d) do n.º 1 con-
têm todos os elementos essenciais à certificação, pela Artigo 103.º
autoridade competente, do respeito pelo disposto na le-
gislação e demais regulamentação aplicável à distribuição Regime
por grosso de medicamentos. 1 — O regime de preços dos medicamentos sujeitos a
4 — Os registos a que se refere a alínea e) do n.º 1 receita médica e dos medicamentos não sujeitos a receita
contêm, pelo menos, as seguintes indicações: médica comparticipados é fixado por decreto-lei.
a) Data da transacção; 2 — Compete ao INFARMED regular e autorizar o pre-
b) Nome do medicamento, apresentação e número de ço dos medicamentos comparticipados pelo Serviço Na-
lote; cional de Saúde (SNS).
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6325

3 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei, m) Prazo de utilização após reconstituição do medica-
o regime de comparticipação do Estado no preço dos mento ou primeira abertura do acondicionamento primá-
medicamentos está sujeito a legislação especial e à regu- rio, quando for caso disso;
lamentação adoptada em sua aplicação. n) Precauções particulares de conservação, quando for
4 — Salvo disposição em contrário, os medicamentos caso disso;
comparticipados que não tenham sido introduzidos no o) Precauções especiais para a eliminação dos medica-
mercado como medicamentos genéricos mas tenham sido mentos não utilizados ou dos resíduos ou detritos deles
objecto do procedimento previsto no n.º 3 do artigo 31.º provenientes, fazendo referência ao sistema apropriado de
mantêm automaticamente a respectiva comparticipação, eliminação;
devendo para o efeito notificar as entidades competen- p) Preço de venda ao público;
tes, com a antecedência mínima de 30 dias, do novo pre- q) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular da
ço a praticar, aprovado nos termos gerais. autorização de introdução no mercado e, quando for caso
disso, do representante local;
CAPÍTULO V r) Número de registo de autorização de introdução no
mercado do medicamento;
Rotulagem e folheto informativo
s) Número do lote de fabrico;
Artigo 104.º t) As expressões «Amostra gratuita», «Proibida a ven-
da ao público» ou outras semelhantes, quando for caso
Princípio geral disso;
u) Elementos que garantam a identidade e autenticida-
É proibido fornecer ao público medicamentos em acon-
de do medicamento, definidos ao abrigo do disposto no
dicionamentos que não estejam rotulados ou que não
artigo 13.º e no n.º 2 do artigo 109.º
contenham folhetos informativos conformes ao disposto
no presente capítulo.
2 — O acondicionamento secundário pode incluir sinais
Artigo 105.º ou imagens, previstos em regulamentação especial, desti-
Rotulagem nados a explicar certas informações mencionadas no nú-
mero anterior, bem como outras informações compatíveis
1 — Salvo disposição legal em contrário, a rotulagem do com o resumo das características do medicamento e úteis
acondicionamento secundário e, caso não exista, do acon- para o doente, sendo excluído todo e qualquer elemento
dicionamento primário, contém as seguintes indicações: de carácter publicitário.
a) Nome do medicamento, seguido da denominação 3 — Quando contidos em acondicionamentos secundá-
comum, quando o medicamento não contenha a associa- rios em conformidade com o disposto no n.º 1, os acondi-
ção fixa de mais de três substâncias activas, das dosa- cionamentos primários sob forma de fita contentora inclu-
gens, forma farmacêutica e, quando aplicável, da menção em, pelo menos, as seguintes menções:
para lactentes, crianças ou adultos; a) Nome do medicamento, tal como previsto na
b) Composição qualitativa e quantitativa das substân- alínea a) do n.º 1;
cias activas por unidade de administração, volume ou b) Nome do titular da autorização de introdução no
peso, determinados segundo a forma de administração, mercado;
devendo utilizar-se as denominações comuns, sempre que c) Prazo de validade;
existam; d) Número do lote de fabrico.
c) Apresentação e conteúdo em peso, volume ou nú-
mero de unidades; 4 — As ampolas e outros pequenos acondicionamen-
d) Lista dos excipientes com acção ou efeito notório tos primários contendo uma dose unitária e nos quais não
cujo conhecimento seja necessário para a utilização con- seja possível mencionar todas as referências previstas nos
veniente do medicamento, devendo ser indicados todos números anteriores devem conter:
os excipientes no caso de preparações injectáveis, pre-
parações de aplicação tópica ou colírios; a) Nome do medicamento, tal como previsto na
e) Modo e, se necessário, a via de administração, dis- alínea a) do n.º 1 e a via de administração;
pondo de um espaço adequado e especificamente desti- b) Número do lote de fabrico;
nado à inscrição, pelo farmacêutico, da posologia pres- c) Prazo de validade;
crita; d) Conteúdo em peso, volume ou unidade.
f) A expressão «Manter fora do alcance e da vista das
crianças»; 5 — No caso de existir mais de uma dosagem do mes-
g) Classificação do medicamento relativamente à dis- mo medicamento na mesma forma farmacêutica ou formas
pensa ao público, nos termos do disposto no artigo 113.º; farmacêuticas diferentes, em dosagens distintas ou não,
h) Indicações de utilização dos medicamentos não su- do mesmo medicamento, a rotulagem apresenta-se de for-
jeitos a receita médica; ma devidamente diferenciada por forma a evitar erros de
i) Pictograma adequado a alertar para os efeitos do utilização, devendo, nomeadamente e sem prejuízo de re-
consumo do medicamento sobre a capacidade de condu- gulamentação do INFARMED, o acondicionamento secun-
ção ou utilização de máquinas, sempre que aplicável; dário indicar obrigatoriamente a dosagem a que se refere,
j) A expressão «Uso externo», impressa em fundo ver- utilizando cor diferente ou caracteres diferentes dos utili-
melho, quando for caso disso; zados para a identificação das restantes dosagens, de
l) Prazo de validade, incluindo mês e ano; modo a garantir a fácil diferenciação.
6326 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

6 — Se o medicamento não se destinar a ser fornecido iii) Frequência da administração, se necessário indican-
ao doente para automedicação, o INFARMED pode au- do o momento em que o medicamento pode ou deve ser
torizar a não inclusão de determinadas menções na rotu- administrado.
lagem, designadamente as indicações terapêuticas.
7 — O acondicionamento secundário dos medicamen- f) Quando for caso disso, em função da natureza do
tos apresenta ainda o nome do medicamento, na medida medicamento, outras informações relevantes para a utili-
do possível com os elementos previstos na alínea a) do zação do medicamento, tais como:
n.º 1, em braille.
i) A duração do tratamento, quando deva ser limitado;
8 — O acondicionamento secundário dos medicamen-
tos comparticipados está sujeito ao regime de limites mí- ii) As medidas a adoptar em caso de sobredosagem
nimos e máximos das apresentações, a definir por porta- ou intoxicação, nomeadamente os sintomas, as medidas
ria do Ministro de Saúde. de urgência e os antídotos;
9 — Além do disposto nos números anteriores, os iii) As instruções sobre a atitude a tomar quando for
medicamentos comparticipados podem incluir outros ele- omitida a administração de uma ou mais doses;
mentos que se justifiquem, atendendo à sua natureza ou iv) A indicação de eventuais efeitos de privação, em
ao disposto em regulamentação especial. caso de suspensão do tratamento; ou
10 — O medicamento genérico deve ser identificado v) Uma recomendação específica para consultar o mé-
pelo seu nome, seguido da dosagem, da forma farmacêu- dico ou o farmacêutico, para qualquer esclarecimento re-
tica e da sigla “MG”, que devem constar do seu acondi- lativo à utilização do medicamento.
cionamento secundário.
g) Descrição das reacções adversas que podem surgir
com a normal utilização do medicamento, bem como das
Artigo 106.º medidas a adoptar, incluindo a indicação de que deve ser
Folheto informativo comunicada ao médico ou farmacêutico qualquer reacção
adversa não descrita no folheto informativo;
1 — Com excepção dos medicamentos a que seja con-
h) Chamada de atenção para o prazo de validade ins-
cedida autorização especial nos termos do artigo 92.º, é
crito no acondicionamento secundário ou no acondicio-
obrigatória a inclusão de um folheto informativo na em-
namento primário, incluindo:
balagem que contém o medicamento, excepto se a infor-
mação por ele veiculada constar do acondicionamento i) Advertência quanto aos perigos de não ser respei-
primário ou do acondicionamento secundário. tado tal prazo;
2 — O folheto informativo destina-se a informar o do- ii) Precauções específicas de conservação, quando for
ente e deve dizer apenas respeito a um medicamento, não caso disso;
podendo fazer referência a outros e, quando tal seja de- iii) Indicação dos principais sinais visíveis de deterio-
terminado pelo INFARMED para garantir a segurança na ração do medicamento, quando for caso disso;
sua utilização, pode dizer apenas respeito a determinadas iv) Composição qualitativa completa em substâncias
dosagens ou formas farmacêuticas de um mesmo medica- activas e excipientes, bem como a composição quantitati-
mento. va, para cada apresentação do medicamento, em substân-
3 — O folheto informativo é elaborado em conformida- cias activas, utilizando as denominações comuns;
de com o resumo das características do medicamento, v) Forma farmacêutica e respectivo conteúdo em peso,
devidamente actualizado, e contém os elementos seguin- volume ou número de unidades, por apresentação do
tes, pela ordem indicada: medicamento;
vi) Nome ou firma e domicílio ou sede do titular da
a) Nome do medicamento, seguido das suas dosagens,
autorização de introdução no mercado e, quando for caso
forma farmacêutica e, quando for caso disso, da menção
disso, do representante local;
para lactentes, crianças ou adultos; deve ainda incluir a
vii) Nome ou firma e domicílio ou sede do fabricante.
denominação comum, se o medicamento contiver apenas
uma substância activa e o seu nome for um nome de fan-
i) Se o medicamento tiver sido autorizado ao abrigo dos
tasia;
procedimentos de reconhecimento mútuo ou descentrali-
b) Categoria farmacoterapêutica ou tipo de actividade,
zado, o nome do medicamento em cada um dos Estados
em termos facilmente compreensíveis para o doente;
membros, se for diferente;
c) Indicações terapêuticas;
j) Data da aprovação ou da última revisão aprovada
d) Informações relevantes para a utilização do medica-
do folheto informativo.
mento:
i) Contra-indicações; 4 — As informações previstas na alínea d) do número
ii) Precauções de utilização adequadas; anterior devem:
iii) Interacções medicamentosas e outras, designada-
a) Ter em conta os efeitos em grávidas, lactentes,
mente com álcool, tabaco ou alimentos, susceptíveis de
crianças, idosos e em doentes com patologias especiais;
afectar a acção do medicamento;
b) Mencionar os efeitos potenciais sobre a capacida-
iv) Advertências especiais.
de de condução e utilização de máquinas, devendo, quan-
do existam, ser acompanhados do pictograma previsto na
e) Instruções de utilização, incluindo:
alínea i) do n.º 1 do artigo 105.º;
i) Posologia; c) Indicar os excipientes cujo conhecimento seja impor-
ii) Modo e via de administração; tante para uma utilização eficaz e segura do medicamen-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6327

to, devendo ser indicados todos os excipientes no caso nistro da Saúde, relativas à rotulagem e folheto informativo
de produtos injectáveis, preparações de aplicação tópica dos medicamentos e sobre os seguintes aspectos:
e colírios.
a) Formulação de advertências especiais, no que res-
5 — O folheto informativo pode incluir sinais ou ima-
peita a determinadas categorias de medicamentos ou à
gens destinados a explicar certas informações menciona- utilização na composição de medicamentos de certas subs-
das no n.º 3, bem como outras informações compatíveis tâncias com acção ou efeito conhecido;
com o resumo das características do medicamento e úteis b) Necessidades específicas de informação relativas a
para o doente, sendo excluído todo e qualquer elemento medicamentos não sujeitos a receita médica;
de carácter publicitário. c) Legibilidade das menções inscritas na rotulagem ou
6 — O presidente do órgão máximo do INFARMED, no folheto informativo, designadamente nos casos previs-
ouvida a comissão técnica especializada competente, pode tos na segunda parte do n.º 2 do artigo 106.º;
decidir da omissão no folheto informativo de algumas d) Método de identificação e autenticação dos medi-
indicações terapêuticas cuja difusão seja susceptível de camentos ou das diferentes dosagens de uma mesma
trazer graves inconvenientes ao doente. substância activa, designadamente quanto ao tipo de
codificação ou às cores a utilizar;
Artigo 107.º e) Lista dos excipientes que devem constar da rotula-
gem dos medicamentos, bem como do modo de indica-
Redacção e legibilidade ção dos referidos excipientes;
f) Aplicação na rotulagem do disposto nas alíneas l),
1 — As inscrições constantes da rotulagem e do fo-
p), r) e s) do n.º 1 do artigo 105.º;
lheto informativo são redigidas em língua portuguesa, em
g) O ou os pictogramas a que se refere a alínea i) do
termos indeléveis, facilmente legíveis, claros, compreen- n.º 1 do artigo 105.º
síveis e fáceis de utilizar para o doente, devendo os re-
querentes da autorização ou registo proceder à realização 2 — O disposto na alínea u) do n.º 1 do artigo 105.º e
de testes de legibilidade junto do público-alvo de doen- no artigo 123.º é definido por portaria do Ministro da
tes e reflectir em cada formato do folheto informativo o Saúde, podendo, nomeadamente:
resultado destes testes.
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o a) Exigir a inserção de menções que se mostrem ne-
conteúdo da rotulagem e do folheto informativo pode cessárias, designadamente por razões de protecção da
constar simultaneamente noutras línguas. saúde pública ou de conferência de facturação;
3 — No caso de certos medicamentos órfãos, as men- b) Determinar a inutilização, pela indústria ou por ou-
ções referidas no artigo 105.º podem ser redigidas só numa trem, de etiquetas, do regime de comparticipação ou de
das línguas da Comunidade, após a apresentação de pe- outros elementos aí previstos;
c) Permitir que o órgão máximo do INFARMED autori-
dido fundamentado.
ze a sobreposição, pela indústria ou por outrem, de eti-
4 — O titular da autorização de introdução no merca-
quetas ou de autocolantes, em casos devidamente justi-
do disponibiliza, a pedido de uma organização represen- ficados.
tativa de doentes ou de um estabelecimento ou serviço
de saúde, uma versão do folheto informativo em forma- Artigo 110.º
tos apropriados para consulta por pessoas com deficiên- Responsabilidade
cia visual.
O fabricante e o titular da autorização de introdução
Artigo 108.º
no mercado são responsáveis criminal, contra-ordenacio-
Suspensão da autorização nal e civilmente pelo incumprimento do disposto no pre-
sente capítulo, ainda que o INFARMED não se haja opos-
1 — Em caso de incumprimento do disposto no presen- to à autorização de introdução no mercado, ou ao registo,
te capítulo, o titular da autorização de introdução no e suas alterações ou à alteração da rotulagem ou do fo-
mercado é notificado pelo INFARMED para proceder, no lheto informativo.
prazo por este fixado e que não deve exceder os quaren-
ta e cinco dias, às correcções devidas.
CAPÍTULO VI
2 — O incumprimento do disposto no número anterior
pelo titular da autorização de introdução no mercado Ensaios clínicos e boas práticas clínicas
determina a suspensão da autorização de introdução no
mercado até que a rotulagem ou o folheto informativo do Artigo 111.º
medicamento em causa estejam em conformidade com o Ensaios clínicos
disposto no presente decreto-lei.
3 — A suspensão implica a retirada do medicamento do Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei, o
mercado, no prazo fixado na respectiva decisão ou em regime jurídico aplicável aos ensaios clínicos e à utiliza-
regulamento do INFARMED. ção de medicamentos, nomeadamente experimentais, em
ensaios clínicos em seres humanos rege-se por legislação
Artigo 109.º especial.
Artigo 112.º
Regulamentação
Boas práticas clínicas
1 — Sem prejuízo do regime comunitário aplicável aos
medicamentos órfãos, o órgão máximo do INFARMED pode 1 — Os princípios e directrizes pormenorizadas de boas
definir normas especiais, homologadas por portaria do Mi- práticas clínicas, bem como a autorização de fabrico ou
6328 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

de importação de medicamentos experimentais e, nomea- c) Contenham substâncias, ou preparações à base des-


damente, as directrizes pormenorizadas relativas à docu- sas substâncias, cuja actividade ou reacções adversas
mentação sobre o ensaio clínico, aos métodos de arqui- seja indispensável aprofundar;
vo, à qualificação dos inspectores e procedimentos de d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica.
inspecção, regem-se pela Lei n.º 46/2004, de 19 de Agos-
to, e por legislação especial. 2 — As indicações, modelos ou formato a que devem
2 — No que respeita às matérias identificada no núme- obedecer as receitas médicas são aprovados por portaria
ro anterior, o presente decreto-lei é subsidiariamente apli- do Ministro da Saúde.
cável, com as devidas adaptações.
Artigo 115.º
CAPÍTULO VII
Medicamentos não sujeitos a receita médica
Dispensa ao público
1 — Os medicamentos que não preencham qualquer das
Artigo 113.º condições previstas no artigo anterior não estão sujeitos
Classificação a receita médica.
2 — Os medicamentos não sujeitos a receita médica
1 — Os medicamentos são classificados, quanto à dis-
não são comparticipáveis, salvo nos casos previstos na
pensa ao público, em:
legislação que define o regime de comparticipação do
a) Medicamentos sujeitos a receita médica; Estado no preço dos medicamentos.
b) Medicamentos não sujeitos a receita médica.
Artigo 116.º
2 — Os medicamentos sujeitos a receita médica podem
ainda ser classificados como: Receita médica renovável

a) Medicamentos de receita médica renovável; São passíveis de receita médica renovável os medica-
b) Medicamentos de receita médica especial; mentos sujeitos a receita médica que se destinem a de-
c) Medicamentos de receita médica restrita, de utiliza- terminadas doenças ou a tratamentos prolongados e pos-
ção reservada a certos meios especializados. sam, no respeito pela segurança da sua utilização, ser
adquiridos mais de uma vez, sem necessidade de nova
3 — O Ministro da Saúde pode, ouvido o INFARMED,
prescrição médica.
criar outras classificações, designadamente se razões de
gestão do risco o justificarem. Artigo 117.º
4 — A decisão de autorização classifica o medicamen- Receita médica especial
to, para os efeitos do presente capítulo, de acordo com
os critérios definidos na lei e regulamentados por porta- Estão sujeitos a receita médica especial os medicamen-
ria do Ministro da Saúde. tos que preencham uma das seguintes condições:
5 — Os medicamentos homeopáticos e os medicamen-
tos tradicionais à base de plantas são classificados como a) Contenham, em dose sujeita a receita médica, uma
medicamentos não sujeitos a receita médica, salvo se substância classificada como estupefaciente ou psicotró-
estiverem preenchidos quaisquer dos requisitos previstos pico, nos termos da legislação aplicável;
no artigo 114.º b) Possam, em caso de utilização anormal, dar origem
6 — Quando uma alteração da classificação tenha sido a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar toxi-
autorizada com base em ensaios pré-clínicos ou clínicos codependência ou ser utilizados para fins ilegais;
significativos, o INFARMED não fará, durante o período c) Contenham uma substância que, pela sua novidade
de um ano após a primeira alteração, referência aos re- ou propriedades, se considere, por precaução, dever ser
sultados dos ensaios aquando do exame de um pedido incluída nas situações previstas na alínea anterior.
apresentado por outro requerente ou titular de uma auto-
rização de introdução no mercado, para efeitos de altera-
Artigo 118.º
ção da classificação do mesmo medicamento.
Receita médica restrita
Artigo 114.º
1 — Estão sujeitos a receita médica restrita os medica-
Medicamentos sujeitos a receita médica mentos cuja utilização deva ser reservada a certos meios
1 — Estão sujeitos a receita médica os medicamentos especializados por preencherem, designadamente, uma das
que preencham uma das seguintes condições: seguintes condições:

a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, a) Destinarem-se a uso exclusivo hospitalar, devido às
directa ou indirectamente, mesmo quando usados para o suas características farmacológicas, à sua novidade, ou
fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilân- por razões de saúde pública;
cia médica; b) Destinarem-se a patologias cujo diagnóstico seja
b) Possam constituir um risco, directo ou indirecto, para efectuado apenas em meio hospitalar ou estabelecimen-
a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quan- tos diferenciados com meios de diagnóstico adequados,
tidades consideráveis para fins diferentes daquele a que ainda que a sua administração e o acompanhamento dos
se destinam; pacientes possam realizar-se fora desses meios;
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6329

c) Destinarem-se a pacientes em tratamento ambulató- CAPÍTULO VIII


rio, mas a sua utilização ser susceptível de causar efeitos Disposições especiais para certas categorias
adversos muito graves, requerendo a prescrição de uma de medicamentos
receita médica, se necessário emitida por especialista, e
uma vigilância especial durante o período de tratamento. SECÇÃO I
Medicamentos experimentais
2 — Os medicamentos sujeitos a receita médica restri-
ta que não sejam de uso exclusivo hospitalar podem ser Artigo 121.º
vendidos nas farmácias de oficina em termos a definir por
regulamento do INFARMED. Âmbito e regime

1 — O fabrico de medicamentos experimentais rege-se


Artigo 119.º pelo disposto na presente lei e no regime jurídico aplicá-
vel às boas práticas clínicas, sem prejuízo do disposto
Alteração da classificação
no presente capítulo.
1 — A alteração da classificação é requerida pelo inte- 2 — É subsidiariamente aplicável, com as devidas adap-
ressado ou determinada oficiosamente pelo INFARMED. tações, o disposto na Lei n.º 46/2004, de 19 de Agosto.
2 — Em particular, a adequação da classificação quan-
to à dispensa ao público pode ser avaliada durante o Artigo 122.º
procedimento de renovação da autorização ou registo e
Conformidade de fabrico
sempre que o INFARMED tome conhecimento, por qual-
quer via, de elementos novos susceptíveis de determinar 1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 55.º a 72.º,
uma tal revisão. cabe ao fabricante de medicamentos experimentais asse-
3 — O INFARMED pode adoptar a regulamentação gurar que todas as operações são efectuadas de acordo
necessária à definição das situações que possam deter- com a informação constante do pedido de autorização do
minar uma alteração da classificação e à implementação ensaio clínico apresentado pelo promotor e aceite pela
do disposto no presente artigo. autoridade competente para a autorização do ensaio.
2 — O fabricante analisa periodicamente, à luz do pro-
Artigo 120.º gresso científico e técnico e dos avanços na elaboração
do medicamento experimental, os métodos de fabrico uti-
Prescrição de medicamentos lizados, devendo, caso se revele necessário, modificar o
processo de autorização de introdução no mercado ou
1 — A prescrição de medicamentos é, preferencialmen-
introduzir uma alteração ao pedido de realização de en-
te, feita por via electrónica ou, não sendo possível, ma-
saio clínico e submeter às autoridades competentes uma
nualmente.
proposta de alteração, nos termos previstos na lei.
2 — A prescrição de medicamentos por via electrónica
3 — O processo de fabrico dos medicamentos experi-
inclui a indicação da denominação comum da substância
mentais é integralmente validado, tendo em conta a eta-
activa, da marca, do nome do titular da autorização de
pa de desenvolvimento do medicamento, envolvendo, ne-
introdução no mercado, da forma farmacêutica da dosa-
cessariamente, a validação das fases críticas do processo,
gem e da posologia.
tais como a esterilização e, bem assim, a documentação
3 — A prescrição manual de medicamentos deve respei-
das fases de concepção e de desenvolvimento do pro-
tar o disposto no número antecedente, podendo atender cesso de fabrico.
às seguintes especificidades: 4 — Com vista a assegurar os objectivos previstos na
a) Nas substâncias activas com um ou mais medica- alínea h) do n.º 3 do artigo 62.º, deve ser concedida uma
mentos genéricos autorizados, o prescritor pode omitir a particular atenção ao manuseamento dos medicamentos
indicação da marca e do titular da autorização de intro- durante e após quaisquer operações de ocultação.
dução do mercado; 5 — No caso de medicamentos experimentais, o promo-
b) Nas substâncias activas sem medicamentos genéri- tor assegura que o controlo laboratorial é realizado por
cos autorizados, o prescritor pode omitir a indicação da laboratório contratado que preencha as condições resul-
denominação comum; tantes do pedido de autorização do ensaio clínico, tal
c) O prescritor pode omitir a indicação da denomina- como aceite pela autoridade competente.
ção comum nos casos das associações fixas de duas ou 6 — Em caso de importação de países terceiros, o con-
mais substâncias activas; trolo analítico pode ser dispensado ou o INFARMED
d) O prescritor pode omitir a indicação das substânci- autorizar que seja realizado fora do território nacional.
as activas para as quais não exista denominação comum.
Artigo 123.º
4 — As regras da receita médica destinada à prescri-
Rotulagem
ção electrónica, bem como o regime transitório da receita
manual de medicamentos, são definidos por portaria do Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei ou
Ministro da Saúde. na legislação relativa às boas práticas clínicas, a rotula-
6330 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

gem dos medicamentos experimentais deve assegurar a ou do medicamento, antes da sua introdução no merca-
protecção dos participantes e a rastreabilidade, permitir a do, salvo se, tendo o lote sido fabricado noutro Estado
identificação do medicamento experimental e do ensaio e membro, tiver sido analisado e aprovado pela respectiva
facilitar o uso adequado desses mesmos medicamentos. autoridade competente.

SECÇÃO II SECÇÃO III


Medicamentos radiofarmacêuticos
Medicamentos imunológicos
Artigo 128.º
Artigo 124.º
Âmbito e regime
Autorização
1 — Os medicamentos radiofarmacêuticos, os gerado-
1 — Os medicamentos imunológicos que consistam em res, os estojos e os precursores estão sujeitos às dispo-
vacinas, toxinas, soros e alergénios estão sujeitos às dis- sições do presente decreto-lei, com as especificações
posições do presente decreto-lei, com as especificações decorrentes da presente secção.
decorrentes da presente secção. 2 — O pedido de autorização de introdução no merca-
2 — À preparação de vacinas e alergénios destinados do de um gerador deve conter igualmente:
a um doente específico por estabelecimentos ou serviços
autorizados aplica-se o regime legal dos medicamentos a) Uma descrição geral do sistema, conjuntamente com
manipulados, com as devidas adaptações. uma descrição pormenorizada dos componentes do siste-
3 — Os processos de fabrico de medicamentos imuno- ma susceptíveis de afectar a composição ou a qualidade
lógicos são validados de modo a assegurar continuamente de um radionuclído-filho;
a conformidade dos lotes. b) As características qualitativas e quantitativas da
4 — Os fabricantes de medicamentos imunológicos co- substância eluída ou sublimada.
locam à disposição do INFARMED os relatórios de con-
trolo referidos na alínea i) do n.º 1 do artigo 59.º, devida- 3 — O disposto nos números anteriores não se aplica
mente assinados pelo director técnico. aos radionúclidos utilizados sob a forma de fonte selada
e aos medicamentos radiofarmacêuticos preparados para
Artigo 125.º um doente específico e efectuados por estabelecimentos
ou serviços autorizados.
Nome do medicamento 4 — Não estão sujeitos a autorização de fabrico, ao
abrigo do presente decreto-lei, os medicamentos radiofar-
O nome dos medicamentos imunológicos é sempre
macêuticos preparados no momento da utilização e em
acompanhado da denominação comum das substâncias
conformidade com as instruções do fabricante, por pes-
activas.
soa ou instituição autorizada e exclusivamente a partir de
Artigo 126.º geradores, conjuntos inactivos ou precursores autoriza-
Resumo das características do medicamento dos.
Artigo 129.º
O resumo das características dos medicamentos imuno-
lógicos inclui ainda as seguintes indicações, junto das Resumo das características do medicamento
advertências e precauções especiais de utilização: O resumo das características dos medicamentos radio-
a) Precauções especiais que devam ser tomadas pelas farmacêuticos inclui ainda, após a data de revisão do texto:
pessoas que os manuseiam ou administram; a) Pormenores sobre a dosimetria interna das radia-
b) Precauções especiais que devam ser tomadas pelos ções;
doentes.
b) Instruções complementares pormenorizadas para a
Artigo 127.º preparação extemporânea e o controlo de qualidade des-
Controlo laboratorial ta preparação e, quando for caso disso, o período máxi-
mo de armazenamento durante o qual qualquer prepara-
1 — Sempre que razões de saúde pública o justifiquem, ção intermédia, tal como uma substância eluída ou
o regime previsto no artigo 17.º é aplicado aos seguintes sublimada ou o medicamento radioactivo pronto para ser
medicamentos: utilizado, corresponde às especificações previstas;
a) Vacinas vivas; c) Quaisquer precauções especiais a tomar pelo utili-
b) Medicamentos imunológicos utilizados na imuniza- zador e pelo doente durante a preparação e administra-
ção primária de crianças ou de grupos de risco; ção do medicamento;
c) Medicamentos imunológicos utilizados no domínio d) Precauções especiais para eliminar a embalagem e o
de programas de imunização da saúde pública; seu conteúdo não utilizado, quando for caso disso.
d) Medicamentos imunológicos novos, fabricados com
a ajuda de técnicas novas ou que apresentem um carác- Artigo 130.º
ter inovador para determinado fabricante, durante um Rotulagem
período transitório.
1 — O acondicionamento secundário e o recipiente de
2 — Pode ainda ser exigida a submissão a controlo la- medicamentos que contenham radionúclidos são rotula-
boratorial de amostras de cada lote do produto a granel dos em conformidade com a regulamentação da Agência
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6331

Internacional da Energia Atómica relativa à segurança do 3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, os importado-
transporte de materiais radioactivos, sem prejuízo do dis- res de sangue ou plasma humanos de Estados terceiros
posto nos números seguintes. devem certificar o cumprimento das medidas de seguran-
2 — A rotulagem da blindagem de protecção inclui, ça referidas no presente artigo.
além das especificações referidas no artigo 106.º, todas
as explicações relativas aos códigos utilizados no reci- Artigo 135.º
piente e, quando for caso disso, indica, para uma hora e
data determinadas, a actividade radioactiva por dose ou Controlo
por recipiente e o número de cápsulas ou, para os líqui-
dos, o número de mililitros contidos no recipiente. 1 — A fim de evitar a contaminação viral específica, o
3 — A rotulagem do recipiente contém as seguintes fabricante fica obrigado a comunicar ao INFARMED o
informações: método utilizado para reduzir ou eliminar os agentes pa-
togénicos susceptíveis de ser transmitidos pelos medica-
a) O número de registo de autorização de introdução mentos derivados do sangue ou do plasma humanos.
no mercado do medicamento, incluindo a designação ou 2 — Os processos de fabrico e de purificação utiliza-
o símbolo químico do radionúclido; dos na produção de medicamentos derivados do sangue
b) A identificação do lote e data de validade; ou do plasma humanos são devidamente validados, de
c) O símbolo internacional da radioactividade; modo a assegurar continuamente a conformidade dos lo-
d) O nome e o endereço do fabricante; tes e garantir, na medida do conhecimento técnico mais
e) A actividade radioactiva por dose, tal como especi- actual, a ausência de contaminação viral específica.
ficado no número anterior. 3 — O INFARMED pode determinar a realização de um
controlo laboratorial, para efeitos da certificação prevista
Artigo 131.º no n.º 3 do artigo anterior, durante a instrução do reque-
rimento de autorização de introdução no mercado ou após
Folheto informativo
a emissão desta autorização.
O texto do folheto informativo inclui ainda as precau- 4 — Nos casos previstos nos números anteriores, pode
ções a tomar pelo utilizador e pelo doente durante a pre- ainda ser exigida a submissão a controlo laboratorial, nos
paração e a administração do medicamento e as precau- termos e prazos previstos no presente decreto-lei, de
ções especiais para eliminar o acondicionamento primário amostras de cada lote do produto a granel ou do medi-
e o seu conteúdo não utilizado. camento, antes da sua introdução no mercado, salvo se,
tendo o lote sido fabricado noutro Estado membro, este
tiver sido analisado e aprovado pela autoridade compe-
SECÇÃO IV
tente desse Estado membro.
Medicamentos derivados do sangue ou do plasma humanos
SECÇÃO V
Artigo 132.º
Âmbito Medicamentos homeopáticos

Os medicamentos derivados do sangue ou do plasma Artigo 136.º


humanos estão sujeitos às disposições do presente de-
creto-lei, com as especificações decorrentes da presente Regime
secção. 1 — Os medicamentos homeopáticos estão sujeitos às
Artigo 133.º disposições do presente decreto-lei, com as especifica-
Nome do medicamento ções decorrentes da presente secção.
2 — O facto de o medicamento beneficiar noutro Esta-
O nome do medicamento é sempre acompanhado da do membro de uma autorização ou de um registo que
denominação comum das substâncias activas. permita a sua comercialização nesse Estado é tido em
conta pelo INFARMED.
Artigo 134.º 3 — Os medicamentos homeopáticos preparados de
Medidas de segurança
acordo com uma fórmula magistral ou um preparado ofi-
cinal estão excluídos do âmbito do presente decreto-lei,
1 — As normas relativas à qualidade e segurança da aplicando-se-lhes, com as devidas adaptações, as boas
colheita, análise, processamento e armazenamento de san- práticas de fabrico a observar na preparação de medica-
gue ou do plasma humanos e de componentes sanguí- mentos manipulados.
neos são definidas por legislação especial. 4 — O Ministro da Saúde pode adoptar, por portaria,
2 — Sem prejuízo do disposto na legislação prevista no normas especiais relativamente aos ensaios pré-clínicos
número anterior, a fim de evitar a transmissão de doen- e clínicos dos medicamentos homeopáticos, de acordo
ças infecciosas, devem ser adoptadas as medidas cons- com os princípios e as particularidades da medicina ho-
tantes das farmacopeias portuguesa e europeia relativas meopática portuguesa, bem como relativamente à prescri-
ao sangue ou ao plasma humanos e as medidas adopta- ção, dispensa ou sistema de vigilância aplicável.
das pelo Conselho da Europa e pela Organização Mundial 5 — Os medicamentos homeopáticos não abrangidos
de Saúde, nomeadamente em matéria de selecção e con- pelo artigo seguinte estão sujeitos ao disposto no capí-
trolo dos dadores de sangue e de plasma. tulo X do presente decreto-lei.
6332 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Artigo 137.º 2 — O pedido de registo simplificado pode abranger


Medicamentos homeopáticos sujeitos a registo simplificado toda uma série de medicamentos obtidos a partir da mes-
ma ou dos mesmos stocks homeopáticos.
1 — Estão sujeitos a um procedimento de registo sim- 3 — Os medicamentos homeopáticos sujeitos a registo
plificado os medicamentos homeopáticos que, cumulativa- simplificado não estão sujeitos ao procedimento de arbi-
mente: tragem a que se referem os artigos 45.º e 52.º
a) Sejam administrados por via oral ou externa;
b) Apresentem um grau de diluição que garanta a ino- Artigo 139.º
cuidade do medicamento, não devendo este conter mais
de uma parte por 10 000 de tintura-mãe, nem mais de Rotulagem e folheto informativo
1/100 da mais pequena dose eventualmente utilizada em
alopatia, para as substâncias activas cuja presença num 1 — O acondicionamento secundário dos medicamentos
medicamento alopático obrigue a receita médica; homeopáticos sujeitos a registo simplificado e o acondicio-
c) Não apresentem quaisquer indicações terapêuticas namento primário, bem como o folheto informativo, con-
especiais na rotulagem ou em qualquer informação relati- têm ainda a indicação «medicamento homeopático», apos-
va ao medicamento. ta de forma bem visível e legível, em maiúsculas e em
fundo azul, bem como as seguintes informações:
2 — Sempre que novos conhecimentos científicos o a) Denominação científica do ou dos stocks homeopá-
justifiquem, os requisitos previstos na alínea b) do nú- ticos, seguida do grau de diluição, utilizando os símbo-
mero anterior podem ser adaptados, por decisão do IN- los de uma farmacopeia adoptada, de acordo com o dis-
FARMED adoptada em conformidade com decisão da posto no presente decreto-lei, e, se forem vários os
Comissão Europeia. stocks, a respectiva denominação científica pode ser com-
3 — O disposto no presente artigo não prejudica a pletada por um nome de fantasia;
aplicação, com as devidas adaptações, da alínea c) do n.º 3 b) Nome e endereço do titular do registo simplificado
do artigo 2.º, do artigo 23.º, do n.º 1 do artigo 24.º, do
e, quando for caso disso, do fabricante;
artigo 25.º, dos artigos 27.º e 28.º, das alíneas b) e e) do
c) Modo de administração e, se necessário, via de
n.º 1 do artigo 29.º, do artigo 150.º e seguintes, das nor-
administração;
mas relativas a fiscalização e sanções, das normas que
d) Prazo de validade explícito, incluindo mês e ano,
estabelecem a responsabilidade civil, contra-ordenacional
escrito de forma indelével;
e criminal do fabricante e do titular de uma autorização
de introdução no mercado e a obrigatoriedade da realiza- e) Forma farmacêutica;
ção de controlos. f) Apresentação;
g) Precauções específicas de conservação, quando for
Artigo 138.º caso disso;
Registo simplificado h) Advertências especiais, quando o medicamento as-
sim o exigir;
1 — O registo simplificado é concedido a requerimento i) Número de lote de fabrico;
do interessado, dirigido ao presidente do órgão máximo j) Número de registo da autorização de introdução no
do INFARMED e instruído com a documentação que com-
mercado do medicamento;
prove a qualidade farmacêutica e a homogeneidade dos
l) Menção «Sem indicações terapêuticas aprovadas»;
lotes de fabrico dos medicamentos, designadamente:
m) Aviso aconselhando o utilizador a consultar o mé-
a) Denominação científica, ou outra denominação cons- dico se persistirem os sintomas.
tante de uma farmacopeia, dos stocks homeopáticos, com
menção das várias vias de administração, formas farma- 2 — O INFARMED pode exigir o recurso a modalida-
cêuticas, graus de diluição e apresentações que se pre- des de acondicionamento primário ou secundário que
tendem registar; permitam formas adequadas de indicação do preço.
b) Processo que descreva o modo de obtenção e o 3 — Na publicidade dos medicamentos homeopáticos
controlo dos stocks homeopáticos e que fundamente o sujeitos a registo simplificado apenas podem ser utiliza-
seu carácter homeopático, com base em bibliografia ade- das as informações previstas no n.º 1, aplicando-se, com
quada; as devidas adaptações, o disposto no capítulo IX.
c) Processo de fabrico e controlo de todas as formas
farmacêuticas e descrição dos métodos de diluição e de
dinamização; Artigo 140.º
d) Autorização de fabrico dos medicamentos em ques- Comercialização
tão;
e) Cópia dos registos ou autorizações eventualmente Sem prejuízo das atribuições do INFARMED, os medi-
obtidos, para os mesmos medicamentos, noutros Estados camentos homeopáticos sujeitos a registo simplificado
membros; podem ser comercializados fora das farmácias e de outros
f) Uma ou mais reproduções do acondicionamento pri- locais autorizados a vender medicamentos não sujeitos a
mário e do acondicionamento secundário dos medicamen- receita médica, desde que no respeito pelas disposições
tos a registar; do presente decreto-lei e pela regulamentação adoptada
g) Dados relativos à estabilidade do produto. pelo INFARMED.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6333

SECÇÃO VI 2 — O requerimento é acompanhado dos seguintes


Medicamentos tradicionais à base de plantas
dados e documentos:
a) Contra-indicações e reacções adversas;
Artigo 141.º b) Posologia, modo e via de administração, apresenta-
ção e prazo de validade;
Registo de utilização tradicional
c) Descrição pormenorizada do sistema de farmacovi-
1 — Estão sujeitos a um procedimento de registo de gilância, acompanhada de prova da existência de um res-
utilização tradicional os medicamentos à base de plantas ponsável pela farmacovigilância e da posse dos meios
que, cumulativamente: necessários para notificar qualquer suspeita de reacção
adversa notificável e ainda, quando for caso disso, do
a) Tenham indicações exclusivamente adequadas a me- sistema de gestão de riscos que o requerente vai aplicar;
dicamentos à base de plantas e, dadas a sua composição d) Razões que justifiquem a adopção de quaisquer
e finalidade, se destinem e sejam concebidos para serem medidas preventivas ou de segurança no que toca ao
utilizados sem vigilância de um médico para fins de diag- armazenamento do medicamento, à sua administração aos
nóstico, prescrição ou monitorização do tratamento; doentes ou à eliminação dos resíduos, acompanhadas da
b) Se destinem a ser administrados exclusivamente de indicação dos riscos potenciais para o ambiente resultan-
acordo com uma dosagem e posologia especificadas; tes do medicamento;
c) Possam ser administrados por uma ou mais das se- e) Projecto de resumo das características do medica-
guintes vias: oral, externa ou inalatória; mento, nos termos previstos no presente decreto-lei, com
d) Já sejam objecto de longa utilização terapêutica, de exclusão das propriedades farmacológicas;
acordo com os dados ou pareceres referidos na alínea m) f) Uma ou mais reproduções do acondicionamento se-
do n.º 2 do artigo seguinte; cundário, do acondicionamento primário e do folheto in-
e) Sejam comprovadamente não nocivos quando utili- formativo, com as menções previstas no presente decre-
zados nas condições especificadas, de acordo com a in- to-lei, e, quando pertinente, acompanhados dos resultados
das avaliações realizadas em cooperação com grupos-alvo
formação existente e reputada suficiente;
de doentes;
f) Possam demonstrar, de acordo com informação exis-
g) Dados relativos ao fabrico do medicamento, inclu-
tente e reputada suficiente, efeitos farmacológicos ou de indo a descrição do método de fabrico e, caso o medica-
eficácia plausível, tendo em conta a utilização e a experi- mento não seja fabricado em Portugal, certidão compro-
ência de longa data. vativa da titularidade de autorização de fabrico do
medicamento por parte do fabricante, no respectivo país;
2 — A presença de vitaminas ou de minerais cuja se- h) Descrição dos métodos de controlo utilizados pelo
gurança esteja devidamente comprovada não impede a fabricante;
aplicação do disposto no número anterior, desde que a i) Resultados dos ensaios farmacêuticos;
acção das vitaminas ou dos minerais seja complementar j) Em relação às associações de uma ou mais substân-
da acção das substâncias activas à base de plantas em cias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base
relação à ou às indicações especificadas invocadas. de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plan-
3 — O INFARMED pode determinar a sujeição de um tas com uma ou mais preparações à base de plantas ou
medicamento tradicional à base de plantas ao disposto destas com vitaminas ou minerais, os dados referidos na
nos artigos 14.º a 39.º ou ao disposto no artigo 137.º alínea e) do n.º 1 do artigo 141.º relativos à própria asso-
ciação; se as substâncias activas não forem suficiente-
mente conhecidas individualmente, os dados também de-
Artigo 142.º
verão dizer respeito a cada uma delas;
Procedimento l) Qualquer autorização ou registo obtido pelo reque-
rente noutro Estado, com vista à introdução do medica-
1 — O registo de utilização tradicional é concedido a mento no mercado, bem como pormenores, incluindo os
requerimento do interessado, dirigido ao presidente do motivos, sobre qualquer decisão de recusa de autoriza-
órgão máximo do INFARMED, que inclua os seguintes ção ou de registo;
elementos: m) Dados bibliográficos ou pareceres de peritos que
a) Nome ou firma e domicílio ou sede do requerente e, provem que o medicamento em questão, ou um medica-
mento equivalente, teve uma utilização terapêutica duran-
eventualmente, do fabricante;
te os trinta anos anteriores, incluindo, obrigatoriamente,
b) Número de identificação atribuído pelo Registo Na-
quinze anos num Estado membro;
cional de Pessoas Colectivas ou número fiscal de contri- n) Uma revisão bibliográfica dos dados de segurança,
buinte, excepto se o requerente tiver a sua sede, domicí- acompanhada de um relatório pericial.
lio ou estabelecimento principal noutro Estado membro;
c) Nome proposto para o medicamento, se aplicável; 3 — O registo da comprovação da utilização terapêuti-
d) Forma farmacêutica e composição quantitativa e ca durante o período previsto na alínea m) do número
qualitativa de todos os componentes do medicamento, anterior considera-se preenchido mesmo que a comercia-
designadamente substâncias activas e excipientes, acom- lização do medicamento não se tenha baseado numa au-
panhada, no caso de existir, da denominação comum ou, torização específica ou o número ou quantidade de subs-
na sua falta, da menção da denominação química; tâncias presentes no medicamento tenha sido objecto de
e) Indicações terapêuticas. redução durante esse período.
6334 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

4 — No âmbito do procedimento previsto no presente 3 — Se o pedido de registo de utilização tradicional


artigo, o INFARMED: disser respeito a uma substância derivada de plantas, a
uma preparação ou a uma associação constante da lista
a) Pode solicitar ao Comité dos Medicamentos à Base
comunitária, não é aplicável o disposto nas alíneas j), l)
de Plantas, adiante designado por Comité, da Agência, a
e m) do n.º 2 do artigo 142.º e nas alíneas d) e e) do n.º 1
emissão de parecer relativo à adequação das provas de do artigo anterior.
longa utilização do medicamento, apresentando os docu- 4 — No prazo de três meses contados da retirada de
mentos justificativos pertinentes; uma substância da lista referida no número anterior, são
b) Remete ao Comité o pedido de registo de medica- apresentados os dados e documentos referidos nas alí-
mento que seja utilizado há menos de 15 anos num Esta- neas j) a n) do n.º 2 do artigo 142.º, sob pena de revoga-
do membro, acompanhado dos documentos justificativos ção do registo do medicamento.
pertinentes;
c) Pode exigir a apresentação dos dados necessários
para a avaliação da segurança do medicamento. Artigo 145.º
Rotulagem, folheto informativo e publicidade
Artigo 143.º 1 — A rotulagem e o folheto informativo de medicamen-
Indeferimento tos abrangidos pela presente secção obedecem, com as
necessárias adaptações, ao disposto no presente decreto-
1 — O INFARMED indefere o pedido de registo de -lei, e contêm ainda as seguintes informações:
utilização tradicional sempre que o mesmo não respeite o
disposto nos artigos anteriores e, em particular, sempre a) A menção de que se trata de um medicamento tra-
que ocorra qualquer das seguintes circunstâncias: dicional à base de plantas para utilização na ou nas indi-
cações nele especificadas e baseado exclusivamente numa
a) A composição qualitativa ou quantitativa do medi- utilização de longa duração;
camento não corresponde à declarada; b) A indicação de que o utilizador deve consultar um
b) O requerente e o titular do registo não estão esta- médico ou outro profissional de saúde, designadamente
belecidos num Estado membro; um farmacêutico, se os sintomas persistirem durante o
c) As indicações não observam as condições defini- período de utilização do medicamento ou se surgirem re-
das no artigo 141.º; acções adversas não mencionadas no folheto informativo;
d) O medicamento pode ser nocivo em condições nor- c) A natureza da tradição associada ao medicamento
mais de utilização; em questão.
e) Os dados relativos à utilização tradicional são insu-
ficientes, em particular se os efeitos farmacológicos ou a 2 — A publicidade dos medicamentos abrangidos pelo
eficácia não forem plausíveis, tendo em conta a utiliza- disposto na presente secção obedece ao disposto no
ção e a experiência de longa data; presente decreto-lei e é sempre acompanhada da menção
f) A qualidade farmacêutica não está devidamente de- «Medicamento tradicional à base de plantas, para utiliza-
monstrada pelo requerente. ção na ou nas indicações especificadas, baseado exclusi-
vamente numa utilização de longa data».
2 — A decisão de indeferimento, acompanhada da res-
pectiva fundamentação, é notificada ao requerente, à Artigo 146.º
Comissão Europeia e, mediante pedido fundamentado, a
Alteração do registo
qualquer outra autoridade competente.
1 — Qualquer alteração de um registo de utilização tra-
Artigo 144.º dicional é requerida ao INFARMED, aplicando-se, com as
devidas adaptações, o disposto no presente decreto-lei.
Pedidos de registo em vários Estados membros 2 — O disposto no número anterior não prejudica a
1 — Os procedimentos previstos nas secções II e III do possibilidade de o titular do registo de utilização tradici-
capítulo II do presente decreto-lei são aplicáveis por ana- onal alterar o processo de registo, na sequência da apro-
logia aos registos de utilização tradicional concedidos ao vação de uma monografia comunitária de plantas medici-
abrigo do disposto no presente artigo sempre que ocorra nais, desde que notifique ao INFARMED as alterações a
um dos seguintes casos: efectuar.
Artigo 147.º
a) Tiver sido elaborada uma monografia comunitária de
plantas medicinais respeitantes a medicamentos à base de Normas aplicáveis
plantas abrangidos pelo artigo 20.º e a medicamentos tra- Além do disposto nos artigos anteriores, ao registo de
dicionais à base de plantas; utilização tradicional previsto na presente secção é ainda
b) O medicamento à base de plantas seja composto por aplicável, com as devidas adaptações, o disposto na alí-
substâncias derivadas de plantas, preparações ou asso- nea b) do n.º 2 e na alínea c) do n.º 3 do artigo 2.º, nos
ciações das mesmas constantes da lista comunitária. n.os 1 e 4 do artigo 14.º, no n.º 5 do artigo 15.º, no n.º 1
do artigo 16.º, no artigo 17.º, no n.º 1 do artigo 23.º, nos
2 — Nos restantes casos, o INFARMED, ao avaliar o artigos 27.º e 28.º, na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do ar-
pedido de registo de utilização tradicional, tomará em tigo 29.º, nos artigos 55.º a 76.º, nos artigos 94.º a 102.º,
consideração os registos concedidos por outro Estado nos artigos 113.º a 120.º, nos artigos 166.º a 175.º, no
membro. artigo 176.º, no n.º 1 do artigo 177.º, no artigo 178.º, no
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6335

artigo 179.º, no n.º 1 do artigo 180.º, nos artigos 181.º a d) Através do fornecimento de amostras ou de bonifi-
185.º e no n.º 2 do artigo 196.º cações comerciais a qualquer das pessoas abrangidas pelo
disposto na alínea b);
SECÇÃO VII e) Através da concessão, oferta ou promessa de be-
nefícios pecuniários ou em espécie, excepto quando o seu
Medicamentos contendo estupefacientes e substâncias psicotrópicas valor intrínseco seja insignificante;
f) Pela via do patrocínio de reuniões de promoção a
Artigo 148.º que assistam pessoas abrangidas pelo disposto na
Regime aplicável alínea b);
g) Pela via do patrocínio a congressos ou reuniões de
Os medicamentos em cuja composição se incluam es-
carácter científico em que participem pessoas referidas na
tupefacientes ou substâncias psicotrópicas estão sujeitos
alínea b), nomeadamente pelo pagamento, directo ou in-
às disposições deste decreto-lei e à demais legislação
aplicável. directo, dos custos de acolhimento;
h) Através da referência ao nome comercial de um
SECÇÃO VIII medicamento.
Gases medicinais
2 — A publicidade de medicamentos pode ser realiza-
Artigo 149.º da directamente pelo titular de autorização ou registo de
Regime
um medicamento ou, em nome deste, por terceiro, sem pre-
juízo do disposto no presente decreto-lei.
1 — Estão sujeitos ao presente decreto-lei e ao dispos- 3 — A publicidade de medicamentos:
to na legislação relativa às boas práticas de fabrico os
gases medicinais que preencham a noção de medicamen- a) Deve conter elementos que estejam de acordo com
to e que sejam fabricados de acordo com o disposto no as informações constantes do resumo das características
n.º 1 do artigo 2.º, sem prejuízo do disposto em legisla- do medicamento, tal como foi autorizado;
ção especial ou na regulamentação adoptada ao abrigo b) Deve promover o uso racional dos medicamentos,
do n.º 4. fazendo-o de forma objectiva e sem exagerar as suas pro-
2 — Os gases medicinais devem cumprir as exigências priedades;
técnicas de qualidade constantes da farmacopeia portu- c) Não pode ser enganosa.
guesa ou, na sua falta, da farmacopeia europeia ou de
uma farmacopeia de outro Estado membro, só podendo Artigo 151.º
ser autorizados, nos restantes casos, após um processo
Âmbito de exclusão
completo de avaliação da qualidade, segurança e eficá-
cia. 1 — Salvo disposição em contrário, o presente capítulo
3 — Os gases medicinais que contenham o mesmo não se aplica:
componente com diferentes qualidades segundo várias far-
macopeias são considerados produtos diferentes, para a) À rotulagem e ao folheto informativo que acompa-
efeitos da respectiva autorização de introdução no mer- nham os medicamentos, aprovadas ao abrigo do presen-
cado. te decreto-lei ou da legislação comunitária aplicável;
4 — A disciplina jurídica aplicável ao acondicionamen- b) À correspondência necessária para dar resposta a
to, primário ou secundário, à rotulagem, ao folheto infor- uma pergunta específica sobre determinado medicamen-
mativo, à direcção técnica, ao transporte, à distribuição, to, eventualmente acompanhada de qualquer documento,
à comercialização, ao fornecimento e à entrega domiciliá- desde que não contenha qualquer elemento de carácter
ria a doentes de gases medicinais é definida por regula- publicitário;
mento do INFARMED. c) Às informações concretas e aos documentos de
referência relativos às alterações do acondicionamento
CAPÍTULO IX secundário, às advertências sobre as reacções adversas
no âmbito da farmacovigilância, bem como aos catálogos
Publicidade de venda e às listas de preços, desde que não contenham
qualquer outra informação sobre o medicamento;
Artigo 150.º d) Às informações relativas à saúde humana ou a do-
Definição enças humanas, desde que não façam referência, ainda
que indirecta, a um medicamento.
1 — Considera-se publicidade de medicamentos, para
efeitos do presente decreto-lei, qualquer forma de infor- 2 — O presente capítulo não se aplica às medidas ou
mação, de prospecção ou de incentivo que tenha por práticas comerciais em matéria de margens, preços e des-
objecto ou por efeito a promoção da sua prescrição, dis- contos.
pensa, venda, aquisição ou consumo em qualquer das
seguintes circunstâncias: Artigo 152.º
Proibição
a) Junto do público em geral;
b) Junto de distribuidores por grosso e dos profissio- 1 — É proibida a publicidade de medicamentos que não
nais de saúde; sejam objecto de uma autorização ou registo válidos para
c) Através da visita de delegados de informação médi- o mercado nacional ou que tenham sido autorizados ao
ca às pessoas referidas na alínea anterior; abrigo do artigo 92.º e 93.º
6336 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

2 — É proibida a publicidade junto do público em geral zado, excepto no que diga respeito às campanhas de
dos medicamentos: vacinação previstas na alínea a) do n.º 3 do artigo 152.º;
e) Se dirija exclusiva ou principalmente a crianças;
a) Sujeitos a receita médica;
f) Faça referência a uma recomendação emanada por
b) Contendo substâncias definidas como estupefacien-
cientistas, profissionais de saúde ou outra pessoa que,
tes ou psicotrópicos, ao abrigo de convenções internacio-
pela sua celebridade, possa incitar ao consumo de medi-
nais que vinculem o Estado português;
camentos;
c) Comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde.
g) Trate o medicamento como um produto alimentar,
produto cosmético ou de higiene corporal ou qualquer
3 — O disposto no número anterior não prejudica:
outro produto de consumo;
a) A realização de campanhas de vacinação efectua- h) Sugira que a segurança ou eficácia do medicamento
das pela indústria, desde que aprovadas pelo INFAR- é devida ao facto de ser considerado um produto natu-
MED; ral;
b) A realização de campanhas de promoção de medi- i) Possa induzir, por uma descrição ou representação
camentos genéricos efectuadas pela indústria desde que detalhada da anamnese, a um falso autodiagnóstico;
aprovadas pelo INFARMED. j) Se refira de forma abusiva, assustadora ou engano-
sa a demonstrações ou garantias de cura;
4 — É proibida a distribuição directa de medicamentos l) Utilize de forma abusiva, assustadora ou enganosas
ao público pela indústria. representações visuais das alterações do corpo humano
5 — É proibida a menção ao nome de um medicamen- causadas por doenças ou lesões, ou da acção de um
to, no patrocínio de todas as iniciativas dirigidas ao pú- medicamento no corpo humano ou em partes do corpo
blico, salvo se a menção for realizada nos termos previs- humano.
tos no presente decreto-lei.
5 — É proibida qualquer forma de publicidade compa-
Artigo 153.º rativa.
Publicidade junto do público
6 — É proibida a distribuição directa de medicamentos
para fins promocionais.
1 — Podem ser objecto de publicidade junto do públi-
co os medicamentos não sujeitos a receita médica, desde Artigo 154.º
que não abrangidos pela alínea c) do n.º 2 do artigo an-
terior. Publicidade junto de profissionais de saúde
2 — A publicidade dos medicamentos junto do públi-
1 — Os medicamentos sujeitos a receita médica só po-
co é inequivocamente identificada enquanto tal, indican-
dem ser anunciados ou publicitados em publicações téc-
do expressamente que se trata de um medicamento e in-
nicas ou suportes de informação destinados e acessíveis
cluindo as informações previstas no número seguinte.
exclusivamente por médicos e outros profissionais de
3 — A publicidade junto do público contém, pelo me-
nos, as seguintes informações: saúde.
2 — A publicidade de medicamentos junto dos profis-
a) Nome do medicamento, bem como a denominação sionais de saúde inclui:
comum, caso o medicamento contenha apenas uma subs-
tância activa, ou a marca; a) O nome do medicamento;
b) Informações indispensáveis ao uso racional do me- b) As informações essenciais compatíveis com o resu-
dicamento, incluindo indicações terapêuticas e precauções mo das características do medicamento;
especiais; c) A classificação do medicamento para efeitos de dis-
c) Aconselhamento ao utente para ler cuidadosamente pensa, nomeadamente indicação de que o medicamento é
as informações constantes do acondicionamento secun- um medicamento sujeito a receita médica, quando for caso
dário e do folheto informativo e, em caso de dúvida ou disso;
de persistência dos sintomas, consultar o médico ou o d) O regime de comparticipação.
farmacêutico.
3 — Quando a publicidade se destinar exclusivamente
4 — A publicidade de medicamentos junto do público a uma chamada de atenção para o nome do medicamen-
não pode conter qualquer elemento que: to, são dispensadas as demais indicações previstas nos
números anteriores.
a) Leve a concluir que a consulta médica ou a inter- 4 — O INFARMED pode identificar e regulamentar as
venção cirúrgica é desnecessária, em particular sugerin- situações em que, tendo em conta o tipo de suporte pu-
do um diagnóstico ou preconizando o tratamento por blicitário utilizado ou os destinatários da publicidade, se
correspondência; justifica:
b) Sugira que o efeito do medicamento é garantido, sem
reacções adversas ou efeitos secundários, com resultados a) A apresentação de uma versão reduzida do resumo
superiores ou equivalentes aos de outro tratamento ou das características do medicamento ou das informações
medicamento; essenciais compatíveis com o resumo das características
c) Sugira que o estado normal de saúde da pessoa do medicamento;
pode ser melhorado através da utilização do medicamento; b) A dispensa da inclusão na documentação publicitá-
d) Sugira que o estado normal de saúde da pessoa ria de algum ou alguns dos elementos considerados obri-
pode ser prejudicado caso o medicamento não seja utili- gatórios, ao abrigo do presente artigo.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6337

Artigo 155.º pelo recrutamento, formação profissional e actos pratica-


Documentação publicitária
dos pelos delegados de informação médica, com vínculo
contratual, no exercício das suas funções.
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a 5 — A responsabilidade prevista no número anterior
documentação transmitida a profissionais de saúde inclui não depende de culpa.
as informações previstas no artigo antecedente e indicar
a data em que foi estabelecida ou revista pela última vez. Artigo 157.º
2 — A informação contida na documentação tem de ser
exacta, actual, verificável e suficientemente completa para Delegados de informação médica
permitir ao destinatário fazer uma ideia correcta do valor 1 — Os delegados de informação médica devem ser
terapêutico do medicamento. adequadamente formados e dispor de conhecimentos ci-
3 — As citações e o material ilustrativo retirados de entíficos e de formação deontológica que lhes permita
publicações médicas ou trabalhos científicos que se des- fornecer informações precisas e tão completas quanto
tinem a ser usados na documentação devem ser correcta- possível sobre os medicamentos que apresentam.
mente reproduzidos e indicada a respectiva fonte. 2 — Os delegados de informação médica devem, em
cada visita, apresentar ou colocar à disposição do pro-
Artigo 156.º fissional de saúde visitado, quanto a cada um dos medi-
camentos que apresentem, o resumo das características
Obrigações das empresas
do produto, completado pelas informações sobre o preço
1 — O titular da autorização de introdução no merca- e, se for o caso, as condições de comparticipação.
do fica obrigado a criar e manter um serviço científico res- 3 — Os delegados de informação médica devem comu-
ponsável pela informação relativa aos medicamentos de nicar imediatamente ao serviço científico do titular da
que é titular. autorização de introdução no mercado ou à empresa a
2 — O titular da autorização de introdução no mercado que se encontram contratualmente ligados, para efeitos do
fica ainda obrigado, nomeadamente através do serviço disposto no n.º 3 do artigo anterior, quaisquer informa-
científico referido no número anterior, a: ções relativas à utilização dos medicamentos que promo-
vem, em especial no que se refere às reacções adversas
a) Manter registos completos e pormenorizados de toda que lhes sejam transmitidas pelos profissionais de saúde
a publicidade realizada pela empresa, em fichas que men- visitados.
cionem os destinatários, modo e data da primeira difusão; 4 — Os requisitos necessários para o exercício da pro-
b) Manter os registos previstos na alínea anterior à fissão de delegado de informação médica são definidos
disposição das autoridades com competência fiscalizado- por portaria conjunta dos Ministros do Trabalho e da
ra durante um período mínimo de cinco anos, contados Solidariedade Social, da Educação e da Saúde.
da data prevista na alínea anterior; 5 — O regime de acesso dos delegados de informação
c) Garantir que a publicidade efectuada pela sua em- médica aos estabelecimentos e serviços que integram o
presa ou por conta ou em nome dela respeita as obriga- SNS é definido por despacho do Ministro da Saúde, o
ções impostas por lei; qual determina ainda os mecanismos e as regras que per-
d) Assegurar que os delegados de informação médica mitam assegurar o normal funcionamento dos serviços e
que promovem medicamentos por sua conta ou em seu a transparência da actividade profissional dos delegados.
nome dispõem das habilitações adequadas e da formação
profissional necessária ao cabal desempenho das suas Artigo 158.º
funções, exercendo a sua profissão no respeito pleno das
respectivas obrigações; Prémios, ofertas e outros benefícios
e) Criar os mecanismos necessários para assegurar a 1 — É proibido ao titular de uma autorização de intro-
recepção e o tratamento das informações referidas no n.º 3 dução no mercado, à empresa responsável pela informa-
do artigo seguinte; ção ou pela promoção de um medicamento ou ao distri-
f) Colaborar com as autoridades públicas com compe- buidor por grosso dar ou prometer, directa ou
tência no âmbito do presente capítulo, nomeadamente indirectamente, aos profissionais de saúde, prémios, ofer-
fornecendo as informações e a assistência necessárias ao tas, bónus ou benefícios pecuniários ou em espécie, ex-
exercício das suas competências; cepto quando se trate de objectos de valor insignificante
g) Respeitar as decisões adoptadas no âmbito do pre- e relevantes para a prática da medicina ou da farmácia.
sente capítulo, sem prejuízo do direito de impugnação 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, é
resultante da lei. proibido aos profissionais de saúde, por si ou por inter-
posta pessoa, pedir ou aceitar, directa ou indirectamente,
3 — As empresas responsáveis pela informação ou pro- prémios, ofertas, bónus ou outros benefícios pecuniários
moção de um medicamento transmitem ao titular da auto- ou em espécie, por parte do titular da autorização de in-
rização de introdução no mercado, imediatamente, no caso trodução no mercado, da empresa responsável pela infor-
de reacções adversas, ou em prazo nunca superior a quin- mação ou promoção de um medicamento ou do distribui-
ze dias, nos restantes casos, todas as informações ou dor por grosso, ainda que os mesmos sejam percebidos
elementos necessários ao cumprimento, por este, das no estrangeiro ou ao abrigo de legislação estrangeira e
obrigações previstas no número anterior. independentemente da existência ou não de qualquer
4 — O titular da autorização de introdução no merca- contrapartida relativa ao fornecimento, prescrição, dispen-
do e as empresas responsáveis pela informação ou pro- sa ou venda de medicamentos por parte das mesmas
moção dos medicamentos são solidariamente responsáveis pessoas.
6338 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

3 — O Ministro da Saúde pode definir, por despacho, 4 — O Ministro da Saúde define as regras de partici-
o sentido e âmbito da excepção prevista na parte final do pação dos profissionais de saúde do SNS nas acções ou
n.º 1. eventos abrangidos pelo presente artigo.
4 — Não constitui violação do disposto nos n.os 1 e 2
do presente artigo o pagamento de honorários a profissio-
Artigo 161.º
nais de saúde pela sua participação activa, nomeadamente
através da apresentação de comunicações científicas em Custos de acolhimento
eventos desta natureza ou em acções de formação e de
promoção de medicamentos, desde que, em qualquer caso, 1 — Apenas se consideram custos de acolhimento os
o aludido pagamento não fique dependente ou seja con- encargos com a inscrição, deslocação e estadia dos pro-
trapartida da prescrição ou dispensa de medicamentos. fissionais de saúde participantes nas acções previstas no
5 — Sem prejuízo das atribuições e competências das artigo anterior.
entidades públicas, é proibido efectuar, por qualquer meio 2 — Os custos de acolhimento com a estadia não po-
e a qualquer título, a recolha, o tratamento e a disponi- dem exceder o período compreendido entre o dia anterior
bilização de informações referentes à prescrição de medi- ao do início da acção ou do evento e o dia seguinte ao
camentos por parte de pessoas habilitada a prescrevê-los do termo do evento ou das acções nem comportar qual-
ou a dispensá-los. quer programa ou actividade de carácter social susceptí-
Artigo 159.º vel de prejudicar ou impedir a plena participação nas
sessões de cariz científico e profissional.
Transparência e publicidade
3 — A escolha dos locais de realização das acções e
1 — O patrocínio, por qualquer entidade abrangida pelo dos eventos científicos previstos no artigo anterior, obe-
presente decreto-lei, de congressos, simpósios ou quais- dece a critérios ajustados do ponto de vista profissional
quer acções ou eventos de cariz científico ou de divul- e logístico e envolve, designadamente quanto aos níveis
gação, directa ou indirecta, de medicamentos, deve cons- de hospitalidade, custos financeiros adequados ao fim em
tar da documentação promocional relativa aos mesmos, vista.
bem como da documentação dos participantes e dos tra-
balhos ou relatórios publicados após a realização dessas Artigo 162.º
mesmas acções e eventos. Amostras gratuitas
2 — O titular da autorização de introdução no merca-
do ou a empresa responsável pela informação ou promo- 1 — As amostras gratuitas de medicamentos só podem
ção do medicamento devem manter, no serviço referido ser cedidas a profissionais de saúde habilitados a pres-
no n.º 1 do artigo 156.º, a documentação referente a cada crever, a título excepcional, desde que verificadas, cumu-
um dos eventos ou acções patrocinados ou organizados, lativamente, as seguintes condições:
ainda que indirectamente.
3 — A documentação acima referida inclui, de forma a) Não excederem o número de amostras de cada me-
completa e fiel, o seguinte: dicamento que anualmente podem ser cedidas a cada pro-
fissional de saúde;
a) Programa das acções e eventos; b) Serem objecto de pedido escrito do destinatário,
b) Identificação da entidade ou das entidades que rea- devidamente datado e assinado;
lizam, patrocinam e organizam as acções ou eventos; c) Não serem superiores à apresentação mais pequena
c) Cópia das comunicações científicas ou profissionais
que for comercializada;
efectuadas;
d) Conterem as menções «Amostra gratuita» e «Ven-
d) Mapa das despesas e eventuais receitas e respecti-
da proibida», ou outras semelhantes;
vos documentos justificativos.
e) Serem acompanhadas de um exemplar do resumo das
4 — A documentação referida nos números anteriores características do medicamento.
é conservada durante um prazo mínimo de cinco anos,
contados da data da conclusão da acção ou evento, e 2 — O limite previsto na alínea a) do número anterior
colocada à disposição das entidades com competência pode constar da autorização de introdução no mercado
fiscalizadora. do medicamento ou ser definido em termos genéricos pelo
Artigo 160.º INFARMED.
3 — As amostras gratuitas de medicamentos sujeitos
Acções científicas ou de promoção a receita médica só podem ser cedidas durante os dois
1 — As acções de formação, informação ou de promo- anos subsequentes à data de início da respectiva comer-
ção de vendas só podem ser dirigidas a profissionais de cialização efectiva.
saúde. 4 — É proibida a cedência de amostras de medicamen-
2 — As entidades promotoras ou organizadoras de ac- tos contendo estupefacientes ou substâncias psicotrópi-
ções abrangidas pelo número anterior apenas podem su- cas.
portar custos de acolhimento dos respectivos participan- 5 — As entidades que fornecem as amostras ficam
tes e estritamente limitado ao objectivo principal da acção. obrigadas a criar um sistema adequado de controlo e de
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se igual- responsabilização, que é mantido à disposição das auto-
mente a acções ou eventos de cariz exclusivamente pro- ridades com competência fiscalizadora, durante cinco
fissional e científico. anos.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6339

Artigo 163.º Artigo 165.º


Conselho Nacional de Publicidade de Medicamentos Legislação subsidiária

1 — É instituído o Conselho Nacional de Publicidade Em tudo o que não encontre previsto no presente ca-
pítulo, aplica-se o disposto no código da publicidade.
de Medicamentos, adiante designado por CNPM, que
funciona na dependência do INFARMED, com competên-
cia consultiva no domínio da publicidade dos medicamen- CAPÍTULO X
tos de uso humano. Vigilância e fiscalização
2 — O CNPM é composto por um número ímpar de
membros, nomeados pelo Ministro da Saúde, em termos Artigo 166.º
que assegurem a representação adequada das instituições Sistema Nacional de Farmacovigilância
públicas relevantes, das associações representativas das
entidades que actuam no mercado dos medicamentos, 1 — É instituído o Sistema Nacional de Farmacovigilân-
cia de Medicamentos para Uso Humano, adiante denomi-
designadamente associações das profissões médicas, far-
nado «Sistema», que compreende o conjunto articulado de
macêuticas ou de informação médica, da indústria farma- regras e meios materiais e humanos tendentes:
cêutica, das farmácias, das empresas publicitárias ou jor-
nalísticas, dos jornalistas, dos consumidores e dos a) À recolha sistemática de toda a informação relativa
doentes. a suspeitas de reacções adversas no ser humano pela
3 — A composição e as regras de funcionamento do utilização de medicamentos;
CNPM são definidas por portaria do Ministro da Saúde. b) À avaliação científica dessa informação;
c) Ao tratamento e processamento da informação, nos
4 — As recomendações do CNPM são transmitidas ao
termos resultantes das normas e directrizes nacionais e
INFARMED. comunitárias, designadamente pela sua comunicação aos
Artigo 164.º outros Estados membros e à Agência;
d) À implementação das medidas de segurança adequa-
Fiscalização
das a minimizar os riscos associados à utilização de um
1 — No âmbito dos seus poderes de supervisão, incum- medicamento;
be ao INFARMED registar e apreciar toda a publicidade e) À comunicação e divulgação de outra informação
de medicamentos. pertinente aos profissionais de saúde, aos doentes e ao
2 — O órgão máximo do INFARMED pode, por sua público em geral.
iniciativa, na sequência de parecer do CNPM, a pedido de
2 — O INFARMED é a entidade responsável pelo
outra entidade pública ou privada ou mediante queixa:
acompanhamento, coordenação e aplicação do Sistema,
a) Ordenar as medidas, provisórias ou definitivas, ne- nos termos previstos no presente decreto-lei e no seu re-
cessárias para impedir qualquer forma de publicidade que gulamento interno.
viole o disposto no presente decreto-lei, ainda que não 3 — A estrutura do Sistema consta do anexo II ao pre-
iniciada, ou para corrigir ou rectificar os efeitos de publici- sente decreto-lei, que dele faz parte integrante, podendo
dade já iniciada junto dos consumidores e das empresas; ser alterada por portaria do Ministro da Saúde.
b) Apreciar, a título preventivo, a conformidade com a
lei de determinada forma ou projecto publicitário; Artigo 167.º
c) Definir os critérios a que obedecerá a fiscalização Objectivos
do cumprimento do disposto no presente capítulo.
1 — Ao Sistema incumbe, nomeadamente:
3 — A publicação ou divulgação de publicidade proi- a) Recolher, avaliar e divulgar toda a informação útil
bida constitui crime de desobediência, nos termos previs- sobre as suspeitas de reacções adversas dos medicamen-
tos no artigo 348.º do Código Penal, sem prejuízo da res- tos;
ponsabilidade contra-ordenacional a que houver lugar e b) Recolher e avaliar a informação transmitida em apli-
da aplicação das sanções pecuniárias e administrativas cação do disposto no n.º 3 do artigo 28.º;
adequadas, nos termos previstos no presente decreto-lei c) Identificar, o mais precocemente possível, as reac-
ou, na sua falta, na legislação sobre publicidade. ções adversas que ocorram em consequência da utiliza-
ção dos medicamentos;
4 — Os titulares de autorizações ou registos concedi-
d) Examinar e analisar, mediante o processamento da
dos ao abrigo do presente decreto-lei e as entidades a
informação e dos dados recolhidos, a possível existência
que se refere o n.º 1 do artigo 182.º estão obrigadas a de uma relação de causalidade entre a utilização de medi-
remeter ao INFARMED, no prazo máximo de 10 dias, um camentos e a ocorrência de reacções adversas;
exemplar do suporte de cada peça publicitária a medica- e) Estabelecer os métodos mais adequados de obten-
mento. ção de dados sobre as reacções adversas;
5 — Se a publicidade configurar uma violação do regi- f) Avaliar sistematicamente o perfil de segurança dos
me jurídico da concorrência, o INFARMED exerce as suas medicamentos comercializados, nomeadamente através da
competências de autoridade reguladora, sem prejuízo do análise da relação entre o risco e o benefício dos fárma-
estabelecido na Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, que apro- cos e de outros aspectos relevantes, tendo em vista a
va o regime jurídico da concorrência. necessidade de adopção de medidas de segurança;
6340 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

g) Participar na elaboração das normas técnico-cientí- peradas, bem como todas as suspeitas de transmissão de
ficas de utilização de medicamentos e desencadear acções um agente infeccioso através de um medicamento, que
para reduzir os seus riscos; ocorram num Estado terceiro e lhe sejam transmitidas por
h) Coligir e analisar dados sobre o consumo de medi- um profissional de saúde ou cheguem ao seu conheci-
camentos, tendo em vista a identificação de situações de mento por qualquer outra via;
utilização inadequada ou abusiva, com possível impacto d) Fornecer ao INFARMED toda a informação comple-
na avaliação dos respectivos riscos e benefícios. mentar relativa à evolução dos casos notificados;
e) Transmitir às autoridades competentes quaisquer
2 — O Sistema tem ainda por função recolher, avaliar outros dados relevantes para a avaliação benefício-risco,
e divulgar a informação sobre as suspeitas de reacções nomeadamente dados adequados sobre estudos de segu-
adversas que lhe são dadas a conhecer, nos termos pre- rança pós-autorização.
vistos no regime jurídico dos ensaios clínicos realizados
com medicamentos em seres humanos, bem como as rela- 3 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
tivas aos medicamentos objecto de autorização de utili- o titular da autorização de introdução no mercado asse-
zação especial ou excepcional. gura ainda a notificação ao INFARMED de todas as sus-
peitas de reacções adversas graves ocorridas no território
Artigo 168.º de um Estado membro, quando o Instituto actue na qua-
lidade de Estado membro de referência, no que toca aos
Estrutura do sistema
medicamentos:
1 — A estrutura do Sistema assegura a integração dos a) De alta tecnologia, nomeadamente os resultantes de
serviços competentes, de modo a garantir a prossecução
biotecnologia;
dos objectivos previstos no artigo anterior e a plena
b) Que tenham sido objecto do procedimento de reco-
participação neste das unidades e estabelecimentos, pú-
nhecimento mútuo ou descentralizado;
blicos ou privados, de prestação de cuidados de saúde.
c) Que sejam remetidos à apreciação do CHMP por a
2 — O INFARMED coordena o Sistema, nos termos
concessão da autorização de introdução no mercado ou
previstos no anexo II, adoptando as normas e orientações
a manutenção da respectiva vigência, nos precisos ter-
técnicas a que deve obedecer a actividade de farmacovi-
gilância. mos em que foi concedida, poder constituir um risco para
a saúde pública.
Artigo 169.º
Profissionais de saúde 4 — Nos casos previstos no número anterior, o IN-
FARMED é responsável pela análise e acompanhamento
1 — Os profissionais de saúde, pertencentes ou não ao das referidas reacções adversas.
SNS, comunicam, tão rápido quanto possível, às entida-
5 — O titular de uma autorização de introdução no
des referidas no anexo II ou ao serviço do INFARMED
mercado notifica previamente ao INFARMED toda e qual-
responsável pela farmacovigilância, quando aquelas não
quer informação que pretenda transmitir ao público em
existam, as reacções adversas e suspeitas de reacções
geral, directamente ou através do responsável pela far-
adversas graves ou inesperadas de que tenham conheci-
macovigilância, sobre questões de farmacovigilância.
mento resultantes da utilização de medicamentos.
2 — Podem ainda ser notificadas outras informações 6 — As informações transmitidas ao abrigo do número
que sejam consideradas relevantes para a utilização do anterior são apresentadas de forma objectiva e não en-
medicamento. ganosa.
Artigo 170.º Artigo 171.º
Notificações
Obrigações do titular de autorização de introdução
no mercado
1 — As notificações previstas no presente capítulo são
1 — O titular da autorização de introdução no merca- efectuadas sob a forma de relatório por via electrónica,
do de um medicamento fica obrigado a dispor, em rela- no prazo mais curto possível, o qual não pode exceder
ção ao território nacional, de uma pessoa com qualifica- quinze dias após a recepção da informação.
ções apropriadas em matéria de farmacovigilância e que, 2 — As notificações previstas nas alíneas b) e c) do
de forma permanente e contínua, assuma as responsabili- n.º 2 do artigo anterior realizam-se em conformidade com
dades previstas no artigo seguinte. as directrizes adoptadas nos termos do disposto na alí-
2 — O titular da autorização de introdução no mercado nea c) do n.º 1 do artigo 202.º.
fica ainda obrigado a: 3 — É ainda aplicável o disposto no artigo 174.º
a) Manter registos pormenorizados de todas as sus-
Artigo 172.º
peitas de reacções adversas ocorridas em Portugal, em
qualquer outro Estado membro ou em Estados terceiros; Obrigações do responsável pela farmacovigilância
b) Registar e notificar imediatamente ao INFARMED
1 — O responsável pela farmacovigilância referido no
todas as suspeitas de reacções adversas graves ocorri-
n.º 1 do artigo 170.º fica obrigado a:
das em Portugal e que lhe sejam comunicadas por profis-
sionais de saúde ou de que deva ter conhecimento, por a) Criar e gerir um sistema de farmacovigilância que
qualquer outra via; garanta que a informação relativa a todas as suspeitas de
c) Assegurar a notificação à Agência e ao INFARMED reacções adversas comunicadas a qualquer pessoa que
de todas as suspeitas de reacções adversas graves ines- se encontre ao seu serviço, incluindo os delegados de
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6341

informação médica da empresa, seja recolhida, avaliada e Artigo 174.º


coligida de modo a estar disponível em, pelo menos, um Rede Europeia
lugar determinado;
b) Preparar e submeter ao INFARMED e demais auto- 1 — O INFARMED, em cooperação com outros Esta-
ridades competentes os relatórios previstos no presente dos membros e com a Comissão Europeia, colabora com
decreto-lei; a Agência na criação de uma rede informática destinada
c) Assegurar resposta pronta e integral a qualquer a facilitar o intercâmbio de dados de farmacovigilância
pedido de prestação de informações, formulado pelo IN- relativos aos medicamentos introduzidos no mercado co-
FARMED ou outra autoridade competente, relativo a in- munitário, permitindo a partilha simultânea da informação
formações que estas considerem necessárias para a ava- obtida pelas autoridades competentes.
liação benefício-risco de um medicamento; 2 — Através do recurso à rede prevista no n.º 1, o
d) Implementar ou acompanhar a implementação das INFARMED assegura que as notificações de suspeitas de
medidas de segurança adoptadas ao abrigo do presente reacções adversas graves são prontamente comunicadas
decreto-lei; aos outros Estados membros, à Agência e ao titular da
e) Assegurar que a informação divulgada aos profissi- autorização de introdução no mercado, num prazo não
onais de saúde ou a qualquer outra pessoa não contém superior a quinze dias após a data da respectiva notifica-
qualquer elemento publicitário ou, por qualquer forma, ção.
estranho à farmacovigilância. 3 — Os requisitos técnicos para a transmissão electró-
nica de dados de farmacovigilância, nomeadamente no
2 — Para efeitos do disposto na alínea c) do número que se refere à recolha, verificação e apresentação das
anterior, consideram-se necessários, designadamente: comunicações de reacções adversas, obedecerão aos for-
matos internacionalmente aprovados, no âmbito da Con-
a) As informações relativas ao volume de vendas ou ferência Internacional de Harmonização, e à terminologia
de prescrição do medicamento em questão; médica internacionalmente aprovada.
b) Os dados relativos aos estudos de segurança pós- 4 — O INFARMED dispõe do direito de consulta per-
-autorização; manente da base de dados europeia, a qual deve estar
c) As informações completas relativas à revisão da li- igualmente à disposição do público.
teratura técnica e científica nacional e internacional.
Artigo 175.º
3 — O titular da autorização de introdução no merca-
do responde solidariamente com o responsável pela far- Medidas restritivas
macovigilância, pelo cumprimento das obrigações emer- 1 — A suspensão, revogação ou alteração de uma au-
gentes para este do presente decreto-lei. torização concedida ao abrigo do presente decreto-lei por
razões de farmacovigilância obedece ao previsto na sub-
Artigo 173.º secção II da secção I do capítulo II, com as alterações
Relatórios periódicos de segurança previstas nos números seguintes ou no anexo II.
2 — As medidas referidas no número anterior são pre-
1 — O titular da autorização de introdução no merca- viamente comunicadas à Agência, aos restantes Estados
do fica obrigado a apresentar ao INFARMED relatórios membros e ao titular da autorização.
periódicos de segurança, os quais devem conter as reac- 3 — O disposto no número anterior não prejudica a
ções adversas ocorridas e ainda uma avaliação científica possibilidade de o INFARMED, nos termos da lei, adop-
da relação benefício-risco do medicamento. tar uma decisão urgente e imediata de suspensão de uma
2 — Salvo o disposto no número seguinte, os relatóri- autorização ou quaisquer outras medidas de segurança,
os periódicos de segurança, devidamente actualizados, são a título provisório ou definitivo, que se revelem necessá-
notificados: rias e proporcionadas à defesa da saúde pública ou da
a) Imediatamente, após solicitação; saúde ou segurança dos doentes ou de terceiros, por sua
b) Semestralmente, desde a concessão da autorização iniciativa ou a solicitação da Comissão Europeia.
de introdução no mercado até ao termo do período de 4 — A decisão referida no número anterior é imediata-
dois anos após a primeira colocação no mercado; mente notificada, o mais tardar no primeiro dia útil seguin-
c) Anualmente, nos dois anos seguintes ao termo do te à sua adopção, à Agência, à Comissão Europeia e aos
prazo fixado na alínea anterior; restantes Estados membros, bem como ao titular da au-
d) Trienalmente, a partir do termo do prazo referido na torização.
alínea anterior; CAPÍTULO XI
e) Aquando da renovação da autorização de introdu-
ção no mercado. Inspecção, infracções e sanções

3 — O INFARMED pode determinar, na decisão de SECÇÃO I


autorização de introdução no mercado ou em decisão Inspecção
posterior, por sua iniciativa ou, no que toca a prazos, a
pedido do titular da autorização, regras específicas relati- Artigo 176.º
vas à notificação dos relatórios periódicos de segurança. Poderes de inspecção
4 — Aos pedidos apresentados ao abrigo do número
anterior aplica-se o disposto nos artigos 31.º e seguin- 1 — Compete ao INFARMED, através dos seus traba-
tes. lhadores, funcionários ou agentes, que dispõem dos po-
6342 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

deres necessários para o efeito, realizar as inspecções tem em conta os procedimentos comunitários relativos às
necessárias para zelar pelo cumprimento das disposições inspecções e à troca de informações publicados pela
deste decreto-lei e demais legislação complementar, nomea- Comissão Europeia.
damente: 6 — As amostras podem ser colhidas em qualquer fase
da produção ou comercialização, designadamente no
a) Proceder a inspecções nas instalações, estabeleci-
transporte, armazenamento, aquisição e exposição para
mentos ou locais de fabrico, de distribuição por grosso,
dispensa.
de fornecimento e venda ao público e de administração
de medicamentos, bem como de laboratórios encarrega- Artigo 177.º
dos de efectuar controlos ou de realizar certas fases de Relatórios, autos e certificados
fabrico, por força de contrato celebrado com o titular da
1 — Os inspectores elaboram e apresentam, até sessen-
autorização de fabrico, bem como quaisquer outras insta-
ta dias após o termo da inspecção, relatório circunstan-
lações, estabelecimentos ou equipamentos por si autori-
ciado sobre a observância das boas práticas de fabrico,
zados ou que sejam efectivamente utilizados para os fins
das normas sobre farmacovigilância e do cumprimento
previstos no presente decreto-lei;
das restantes normas legais, cujo conteúdo é comunica-
b) Proceder a inspecções não anunciadas junto dos
do às entidades inspeccionadas e, mediante pedido funda-
fabricantes de substâncias activas utilizadas como maté-
mentado, à autoridade competente de outro Estado membro.
rias-primas no fabrico dos medicamentos ou das instala-
2 — Até ao termo do prazo de noventa dias contados
ções de titular de autorização de introdução no mercado, da realização da inspecção, o INFARMED emite a favor
sempre que existam motivos para suspeitar do incumpri- do fabricante um certificado de boas práticas de fabrico,
mento dos princípios e boas práticas de fabrico; sempre que da inspecção se concluir que o fabricante
c) Inspeccionar as instalações dos titulares de autori- respeita a lei e demais directrizes no que toca às boas
zações concedidas ao abrigo do presente decreto-lei ou práticas de fabrico.
de qualquer empresa ou pessoa encarregada pelo titular 3 — Sempre que a inspecção seja realizada no âmbito
de autorização, da realização das actividades previstas na de um procedimento de acordo com as monografias da
lei no domínio da farmacovigilância; Farmacopeia Europeia, é emitido um certificado.
d) Inspeccionar os estabelecimentos, instalações e 4 — O INFARMED assegura a inserção na base de
equipamentos de titulares de autorizações de distribuição dados comunitária dos certificados de boas práticas de
por grosso por si concedidas ou estabelecidos em Portu- fabrico e das infracções por si detectadas numa inspec-
gal, a pedido das autoridades competentes de outro Es- ção relativamente às boas práticas de fabrico.
tado membro ou da Comissão Europeia; 5 — Os autos de notícia de infracções detectadas no
e) Colher amostras de quaisquer componentes para a âmbito de inspecções ou, por qualquer outro motivo, levan-
realização de ensaios em laboratório abrangido pelo n.º 1 tados nos termos do presente decreto-lei, fazem fé em juízo.
do artigo 17.º, com vista ao controlo da qualidade; 6 — O INFARMED reconhece as conclusões resultan-
f) Proceder ao exame de todos os documentos relacio- tes de relatórios apresentados por autoridades competen-
nados com o objecto da inspecção; tes de outros Estados membros, a não ser que razões de
g) Inutilizar os medicamentos colocados à venda sem saúde pública a isso se oponham, caso em que informará
autorização, a expensas do inspeccionado; a Comissão Europeia e a Agência e, caso a divergência
h) Verificar o cumprimento do disposto na alínea a) do persista, a Comissão Europeia pode solicitar a realização
n.º 1 do artigo 62.º; de nova inspecção pelo mesmo inspector, que pode ser
i) Verificar os registos, relatórios e demais documenta- acompanhado por dois inspectores de Estados membros
ção que deva ser elaborada ou conservada por entidades que não sejam parte no diferendo.
abrangidas pelo presente decreto-lei;
j) Verificar a independência e o funcionamento das Artigo 178.º
actividades de farmacovigilância, das redes de comunica-
ção e do mercado; Recolha de medicamentos
l) Elaborar auto de notícia sempre que verifique a exis- 1 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto-lei
tência de factos susceptíveis de constituir uma violação ou em legislação especial, o INFARMED define, even-
das disposições constantes do presente decreto-lei. tualmente em cooperação com outras entidades, os prin-
cípios gerais a que devem obedecer os sistemas de
2 — As inspecções efectuam-se igualmente no estabe- retirada, recolha ou eliminação de medicamentos, acondi-
lecimento designado ao abrigo do disposto no n.º 3 do cionamentos ou resíduos de medicamentos que, por qual-
artigo 62.º quer razão, devam ser retirados do mercado.
3 — As inspecções previstas na alínea b) do n.º 1 po- 2 — Os titulares de autorização de introdução no mer-
dem igualmente ser efectuadas a pedido de outro Estado cado, de autorização de importação paralela ou de outras
membro, da Comissão Europeia, da Agência ou do pró- autorizações equivalentes são responsáveis pela retirada,
prio fabricante. recolha e eliminação dos medicamentos e acondicionamen-
4 — Salvo disposição em contrário adoptada entre a tos que, por qualquer razão, devam ser retirados do mer-
Comunidade e as respectivas autoridades nacionais, o cado, sem prejuízo da possibilidade da retirada ser desen-
INFARMED pode solicitar, directamente ou através da cadeada, no caso de medicamentos cujo prazo de validade
Comissão Europeia ou da Agência, que um fabricante num haja expirado, pelo distribuidor, pela farmácia ou por ou-
país terceiro se submeta a uma inspecção. tras pessoas singulares ou colectivas legalmente deten-
5 — Nas inspecções aos fabricantes, que devem ser toras de medicamentos para fornecimento, a qualquer tí-
realizadas de forma reiterada ou sistemática, o INFARMED tulo, ao público.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6343

3 — Os medicamentos recolhidos são creditados aos dos membros e, no caso previsto no n.º 4 do artigo 190.º,
distribuidores, às farmácias, aos locais de venda de me- à Organização Mundial de Saúde, a decisão de suspen-
dicamentos não sujeitos a receita médica e às unidades são ou revogação da autorização concedida ao abrigo do
de prestação de cuidados de saúde, assumindo os titula- presente decreto-lei.
res de autorizações referidas no número anterior as cor- 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
respondentes responsabilidades financeiras, salvo dolo ou INFARMED ou o titular da autorização podem decidir
negligência grosseira. submeter ao CHMP a decisão de suspensão ou revoga-
ção da autorização de introdução no mercado do medica-
mento, nos casos específicos em que o interesse comu-
SECÇÃO II
nitário se mostre especialmente relevante e nos casos
Suspensão, revogação ou alteração e outras consequências previstos nos artigos 45.º e 52.º
da desconformidade com a autorização ou registo

Artigo 179.º SECÇÃO III


Suspensão, revogação ou alteração Responsabilidade contra-ordenacional

1 — O INFARMED pode decidir a suspensão, por pra- Artigo 181.º


zo fixado na decisão, a revogação ou a alteração dos ter-
mos de uma autorização ou registo concedido ao abrigo Infracções e coimas
do presente decreto-lei, a retirada de um medicamento do 1 — Sem prejuízo da responsabilidade criminal, discipli-
mercado ou a proibição da sua dispensa sempre que o nar, civil e das sanções ou medidas administrativas a cuja
mesmo seja desconforme com as normas legais e regula- aplicação houver lugar, as infracções às normas previs-
mentares aplicáveis ou com as condições da respectiva tas no presente decreto-lei cuja observância seja assegu-
autorização, designadamente quando se verifique: rada pelo INFARMED constituem contra-ordenações pu-
a) Qualquer das circunstâncias previstas nas alíneas b) níveis nos termos do disposto na presente secção.
a g) do n.º 1 do artigo 25.º; 2 — Constitui contra-ordenação, punível com coima de
b) Que não foram efectuados os controlos sobre o € 2000 a € 3740,98 ou até € 44 891,81, consoante o
produto acabado ou sobre os componentes e produtos agente seja pessoa singular ou pessoa colectiva:
intermédios de fabrico; a) O fabrico, introdução no mercado, comercialização,
c) O desrespeito pela obrigação prevista na alínea b) distribuição, importação, exportação, importação paralela,
do n.º 1 do artigo 29.º; dispensa, fornecimento ou venda ao público, ou adminis-
d) O incumprimento do dever de requerer alterações, tração de medicamentos ou medicamentos experimentais
nos casos e termos previstos no presente decreto-lei ou sem as autorizações exigidas;
na legislação comunitária aplicável; b) O fabrico, introdução no mercado, comercialização,
e) A existência de alterações em desconformidade com distribuição, importação, exportação, importação paralela,
o disposto nas normas constantes dos artigos 31.º a 39.º; dispensa, fornecimento ou venda ao público, ou adminis-
f) O incumprimento do disposto nos artigos 62.º a 72.º, tração de medicamentos ou medicamentos experimentais
bem como nas demais disposições relativas às boas prá- autorizados, em desconformidade com os termos das res-
ticas de fabrico de medicamentos ou de medicamentos pectivas autorizações;
experimentais. c) O fabrico, introdução no mercado, comercialização,
distribuição, importação, exportação, importação paralela,
2 — As autorizações ou os registos podem ainda ser dispensa, fornecimento ou venda ao público, ou adminis-
revogados pelo INFARMED a pedido dos respectivos tração de medicamentos ou medicamentos experimentais
titulares. cuja autorização haja sido revogada ou suspensa ou cuja
3 — A decisão de suspensão é notificada ao titular da retirada do mercado haja sido ordenada pela autoridade
autorização, acompanhada dos respectivos fundamentos competente ou comunicada pelo fabricante ou pelo pro-
e da indicação de um prazo para o suprimento das defi- motor;
ciências que lhe deram origem. d) O incumprimento do disposto no n.º 1 do artigo 59.º,
4 — O incumprimento do disposto na parte final do à excepção da alínea g), nos artigos 60.º e 62.º, nos n.os 1
número anterior, no termo do prazo fixado na decisão, a 5 do artigo 63.º, nos n.os 2 a 4 do artigo 64.º e nos ar-
determina a revogação da respectiva autorização. tigos 65.º a 72.º do presente decreto-lei relativos ao fabri-
5 — A revogação, acompanhada da respectiva funda- co de matérias-primas e de medicamentos e de medica-
mentação, é notificada ao titular da autorização e divul- mentos experimentais;
gada junto do público, pelos meios mais adequados. e) O fabrico ou distribuição por grosso de medicamen-
6 — A suspensão ou revogação de uma autorização tos ou medicamentos experimentais sem dispor de direc-
relativa a um medicamento implicam sempre a retirada do ção técnica;
medicamento do mercado, no prazo fixado na respectiva f) O fabrico de medicamentos e medicamentos experi-
mentais sem dispor de pessoa responsável pelo sistema
decisão ou em regulamento do INFARMED.
de controlo da qualidade farmacêutica;
g) O incumprimento do disposto nos artigos 31.º, 32.º,
Artigo 180.º 37.º e no n.º 1 do artigo 39.º do presente decreto-lei;
Dever de Comunicação h) O fabrico ou comercialização de medicamentos ho-
meopáticos ou de medicamentos tradicionais à base de
1 — O INFARMED deve comunicar à Agência, ao plantas sujeitos a registo sem precedência ou em descon-
CHMP, às autoridades competentes dos restantes Esta- formidade com o registo efectuado;
6344 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

i) A violação do disposto nos artigos 6.º, 9.º, nas alí- Artigo 182.º
neas a) a m) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 29.º, nos n.os 1 Regras especiais sobre publicidade
a 4 do artigo 78.º, nos artigos 85.ºe 94.º, nos n.os 1 e 3 a
5 do artigo 100.º e no artigo 170.º; 1 — São punidos como autores ou co-autores das con-
j) A violação do disposto no presente decreto-lei so- tra-ordenações previstas no presente decreto-lei para a
bre rotulagem e folheto informativo; violação dos deveres previstos no capítulo IX o anun-
l) O incumprimento do disposto no n.º 3 do artigo 150.º, ciante, a agência de publicidade ou qualquer outra enti-
nos n.os 1, 2, 4 e 5 do artigo 152.º, nos n.os 4, 5 e 6 do dade que exerça a actividade publicitária, o titular do su-
artigo 153.º, nos n.os 1, 2 e 4 do artigo 158.º, nos arti- porte publicitário ou o respectivo concessionário.
gos 159.º a 161.º e nos artigos 172.º e 173.º do presente 2 — A decisão que decrete a aplicação de uma coima
decreto-lei; por violação dos deveres prescritos no capítulo IX pode
m) O incumprimento do disposto no presente decreto- determinar a publicitação, em meios de comunicação so-
-lei relativamente ao exercício dos poderes de inspecção cial e a expensas do arguido, dos elementos essenciais
do INFARMED; da condenação, bem como a suspensão, por período que
n) A violação do disposto no presente decreto-lei em não pode exceder dois anos, da publicidade do medica-
matéria de recolha, tratamento, conteúdo, divulgação e mento.
conservação de informação publicitária, sem prejuízo do 3 — A abertura de processo contra-ordenacional por
disposto na alínea h) do n.º 3; violação dos deveres prescritos no capítulo IX e que diga
o) A transmissão ao público ou aos profissionais de respeito a um medicamento comparticipado não prejudica
saúde de informações em matéria de farmacovigilância de a instauração, com base nos mesmos factos, de procedi-
forma não objectiva ou enganosa. mento tendente à exclusão da comparticipação do Estado
no preço do referido medicamento, nos termos do n.º 5
3 — Constitui contra-ordenação punível com coima de do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 118/92, de 25 de Junho,
€ 1000 a € 3740,98 ou até € 35 000, consoante o agente na última redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei
seja pessoa singular ou colectiva: n.º 129/2005, de 11 de Agosto.
4 — A violação das regras adoptadas em execução do
a) A violação, pelo director técnico ou, caso seja dife- disposto no n.º 5 do artigo 157.º pode determinar ainda a
rente, pela pessoa responsável pelo sistema de controlo interdição do acesso dos delegados de informação médi-
da qualidade farmacêutica ou ainda pelo responsável pela ca e dos titulares de autorização de introdução no mer-
farmacovigilância, dos deveres resultantes do presente cado por conta de quem actuem, aos estabelecimentos e
decreto-lei; serviços que integram o SNS.
b) A violação do dever de assegurar, de forma efecti-
va, a direcção técnica, nos casos em que a mesma é exi-
gida pelo presente decreto-lei; Artigo 183.º
c) A violação do disposto no presente decreto-lei so- Processo de contra-ordenação
bre investigação e informação de reclamações, bem como
1 — Aos processos de contra-ordenações previstas
de recolha de medicamentos ou de medicamentos experi-
neste decreto-lei aplica-se subsidiariamente o disposto no
mentais e de respectivos resíduos e acondicionamentos;
regime geral das contra-ordenações, aprovado pelo De-
d) A omissão do registo das transacções de medica-
creto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, com a redacção que
mentos realizadas ou o registo em desconformidade com
lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 356/89, de 17 de Outu-
o disposto no presente decreto-lei;
bro, pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de Setembro, e pela
e) A distribuição por grosso de medicamentos a entida-
Lei n.º 109/2001, de 24 de Dezembro.
des que não estejam legalmente habilitadas a adquiri-los;
2 — A instrução dos procedimentos de contra-ordena-
f) A dispensa ou venda ao público ou a administração
ção cabe ao INFARMED, sem prejuízo da intervenção, no
de medicamentos por estabelecimentos de distribuição por
domínio das respectivas atribuições, de outras entidades
grosso ou por outras pessoas a tal não autorizadas;
públicas.
g) A transmissão ao público de informações em ques-
3 — A aplicação das coimas previstas no presente de-
tões de farmacovigilância sem prévia notificação das
creto-lei compete ao presidente do órgão máximo do IN-
mesmas ao INFARMED;
FARMED.
h) O acesso não autorizado pelos delegados de infor-
mação médica aos estabelecimentos e serviços do Servi- Artigo 184.º
ço Nacional de Saúde; Produto das coimas
i) O fornecimento de amostras gratuitas de medicamen-
tos fora dos casos permitidos pelo presente decreto-lei. O produto das coimas aplicadas ao abrigo do dispos-
to no presente capítulo constitui receita própria do IN-
5 — A negligência e a tentativa são puníveis, sendo FARMED e do Estado, na proporção de 40% e 60%, res-
os montantes mínimos e máximos da coima reduzidos a pectivamente.
metade dos valores fixados nos números anteriores. Artigo 185.º
6 — O disposto no presente artigo é aplicado sem pre- Responsabilidade
juízo do disposto no n.º 3 do artigo 84.º do Regulamento
(CE) n.º 726/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, 1 — Pela prática das contra-ordenações previstas nes-
de 31 de Março de 2004, que estabelece procedimentos te decreto-lei podem ser responsabilizadas pessoas sin-
comunitários de autorização e de fiscalização de medica- gulares, pessoas colectivas, independentemente da regu-
mentos para uso humano e veterinário e que institui uma laridade da sua constituição, sociedades e associações
Agência Europeia de Medicamentos. sem personalidade jurídica.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6345

2 — As pessoas colectivas ou equiparadas, nos termos 2 — São confidenciais os elementos apresentados ao


do disposto no número anterior, são responsáveis pelas INFARMED ou a este transmitidos pela Agência ou pela
contra-ordenações previstas no presente decreto-lei quan- autoridade competente de outro Estado membro, sem pre-
do os factos tiverem sido praticados pelos seus órgãos juízo do disposto no presente decreto-lei.
no exercício das suas funções. 3 — A consulta de processos e a passagem de certidões
3 — Os titulares do órgão de administração das pes- rege-se pelo disposto nos artigos 61.º a 63.º do Código do
soas colectivas e entidades equiparadas incorrem na san- Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei
ção prevista para a pessoa colectiva ou entidade equipa- n.º 442/91, de 15 de Novembro, na redacção resultante do
rada, especialmente atenuada, quando, conhecendo ou Decreto-Lei n.º 6/96, de 31 de Janeiro, no que respeita à
devendo conhecer a prática da infracção, não adoptem as informação procedimental, e, nos restantes casos, pelo dis-
medidas adequadas para lhe pôr termo imediatamente, a posto nos artigos 12.º e seguintes da Lei n.º 65/93, de 26
não ser que sanção mais grave lhes caiba por força de de Agosto, na redacção resultante da Lei n.º 8/95, de 29
outra disposição legal. de Março, e da Lei n.º 94/99 de 16 de Julho.
4 — Em caso de dúvida, compete ao presidente do ór-
CAPÍTULO XII gão máximo do INFARMED determinar, por despacho, se
certo elemento ou documento é classificado ou é suscep-
Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento tível de revelar um segredo comercial, industrial ou pro-
fissional ou um segredo relativo a um direito de proprie-
SECÇÃO I dade literária, artística ou científica.
Direitos, Obrigações e Competências
5 — O INFARMED pode estabelecer regras relativas à
identificação, pelos requerentes ou apresentantes de quais-
Artigo 186.º quer documentos ou informações, dos elementos em rela-
ção aos quais estes considerem dever ser garantida a con-
Autoridade competente fidencialidade, bem como relativamente à apresentação de
1 — O INFARMED é designado como autoridade com- versões não confidenciais dos mesmos documentos.
petente, para efeito de exercício dos direitos, das obriga-
ções e das competências que a ordem jurídica comunitá- Artigo 189.º
ria confere às autoridades competentes dos Estados
Independência
membros, nos termos previstos na lei e nas normas co-
munitárias aplicáveis. 1 — Os trabalhadores, funcionários, agentes, peritos e
2 — No âmbito dos seus poderes de supervisão, incum- demais colaboradores do INFARMED devem, no início
be ao INFARMED fiscalizar o cumprimento do disposto das suas funções em áreas abrangidas pelo disposto no
no presente decreto-lei. presente decreto-lei, declarar a inexistência de qualquer
3 — Os poderes atribuídos pelo presente decreto-lei ao conflito de interesses.
INFARMED são exercidos, salvo disposição expressa em 2 — Se sobrevier conflito de interesses, deve o mes-
contrário, pelo respectivo órgão máximo, o qual pode mo ser, de imediato, declarado ao presidente do órgão má-
delegar os poderes no presidente, nos demais membros ximo do INFARMED, o qual submete o assunto a aprecia-
desse órgão ou nos responsáveis pelos serviços, com ção do mesmo órgão.
faculdade de subdelegação. 3 — Caso o órgão máximo do INFARMED conclua pela
4 — A eficácia em relação a terceiros da delegação pre- existência de um conflito de interesses, o trabalhador,
vista no número anterior depende de publicação na pági- funcionário, agente, perito ou colaborador tem de, no
na electrónica do INFARMED. prazo fixado pelo presidente do respectivo órgão máximo,
promover a cessação da situação geradora de conflito de
Artigo 187.º interesses.
Aconselhamento científico
4 — Sempre que qualquer membro de comissões técni-
cas especializadas ou de qualquer outro organismo con-
O INFARMED pode assegurar, nos termos por si de- sultivo ou técnico do INFARMED considerar que existe
finidos, o aconselhamento científico de requerentes ou conflito de interesses, em relação a uma matéria sobre a
titulares de autorizações ou registos, designadamente qual se deva pronunciar, deve declará-lo em acta e abster-
quanto à admissibilidade e conteúdo de requerimentos e -se de qualquer participação nos trabalhos com elas rela-
pedidos ou às condições técnico-científicas de conces- cionados.
são, alteração, suspensão ou revogação de uma autoriza- 5 — Para efeitos do disposto nos números anteriores,
ção ou registo a conceder ou concedidos ao abrigo do considera-se existir um conflito de interesses sempre que
disposto no presente decreto-lei. se verifique qualquer causa qualificada como tal pelo
Decreto-Lei n.º 413/93, de 23 de Dezembro, que reforça as
Artigo 188.º garantias de isenção da Adminsitração Pública.
6 — As declarações relativas a conflitos de interesse
Dever de Confidencialidade
são publicadas na página electrónica do INFARMED.
1 — Os trabalhadores, funcionários ou agentes do IN-
FARMED, bem como qualquer pessoa que, por ocasião Artigo 190.º
do exercício das suas funções, tome conhecimento de
Colaboração com outras instâncias
elementos apresentados a este Instituto, à Comissão Eu-
ropeia, à Agência ou à autoridade competente de outro 1 — O INFARMED colabora, na medida das suas atri-
Estado membro, estão sujeitos ao dever de sigilo. buições, com a Comissão Europeia, com a Agência, o
6346 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

CHMP e os demais comités científicos, com o grupo de Artigo 193.º


coordenação e com as autoridades competentes de ou- Taxas
tros Estados membros, designadamente no âmbito da rede
europeia de Autoridades do Medicamento da União Eu- 1 — Sem prejuízo de outras receitas resultantes de le-
ropeia, no exercício das actividades regulamentares, de gislação especial, o custo dos actos relativos aos proce-
autorização, de consulta e de fiscalização. dimentos previstos neste decreto-lei e dos exames labo-
2 — Para a realização dos objectivos previstos no pre- ratoriais constitui encargo dos requerentes.
sente decreto-lei e salvo disposição em contrário, o IN- 2 — Em contrapartida dos actos praticados pelo INFAR-
FARMED designa os representantes portugueses junto MED, bem como dos serviços por este prestados, são
do grupo de coordenação e dos demais órgãos consulti- devidas taxas, que constituem receita própria do Instituto.
vos e científicos previstos na legislação europeia aplicá- 3 — As taxas a que se refere o número anterior consti-
vel no domínio dos medicamentos de uso humano. tuem condição do prosseguimento dos pedidos a que res-
3 — O INFARMED envia anualmente ao grupo de co- peitam e são devidas:
ordenação uma proposta de lista dos medicamentos rela-
tivamente aos quais devem ser elaborados resumos das a) Pelos destinatários de quaisquer actos ou factos
características do medicamento harmonizados, podendo, praticados pelo INFARMED previstos na lei ou em regu-
por acordo com a Agência, submeter esses medicamen- lamento, incluindo, nomeadamente, os actos de registo,
tos ao CHMP. autorização, dispensa, aprovação, reconhecimento, decla-
4 — Sempre que seja determinada a suspensão, revo- ração, recepção de comunicações, emissão de cópia ou
gação ou retirada do mercado de um medicamento, por de certidão;
razões que possam ter efeitos sobre a saúde pública de b) Pelas entidades cuja actividade esteja sujeita a au-
países terceiros, o INFARMED transmite informação ade- torização ou registo perante o INFARMED, em contrapar-
quada sobre as acções empreendidas à Organização tida dos serviços de manutenção de registos e seus aver-
Mundial de Saúde, com cópia para a Agência. bamentos;
c) Pelas entidades sujeitas a fiscalização do INFAR-
Artigo 191.º MED, em contrapartida dos serviços de fiscalização, in-
cluindo, nomeadamente, as que incidem sobre os titula-
Comissão de Avaliação de Medicamentos res de autorizações de introdução no mercado ou de
1 — A Comissão de Avaliação de Medicamentos é um importação paralela, fabricantes, importadores, exportado-
órgão consultivo do INFARMED, a quem compete emitir res, farmácias ou distribuidores de medicamentos;
parecer sobre questões relacionadas com medicamentos, d) Por quem exerça actividades especializadas no do-
designadamente sobre avaliação de medicamentos no mínio da publicidade de medicamentos, para manutenção
quadro nacional ou comunitário e sobre farmacovigilân- de um serviço de supervisão e fiscalização dessa infor-
cia, sempre que solicitada pelo órgão máximo do INFAR- mação;
MED. e) Por quaisquer outras pessoas ou entidades, em con-
2 — As disposições relativas à composição, ao esta- trapartida de quaisquer outros actos praticados ou servi-
tuto, à organização e ao funcionamento da Comissão de ços prestados pelo INFARMED e de que aquelas sejam
Avaliação de Medicamentos são fixadas por portaria do destinatárias.
Ministro da Saúde.
Artigo 192.º 4 — As taxas a que se refere o número anterior são
fixadas, liquidadas e cobradas nos termos definidos por
Tratamento de dados relativos aos medicamentos
e de dados pessoais portaria do Ministro da Saúde, ouvido o INFARMED, a
qual, no respeito pelo presente decreto-lei, define a inci-
1 — O INFARMED pode estabelecer, por si ou em co- dência objectiva, o montante, a periodicidade e, quando
laboração com as instâncias internacionais competentes, for caso disso, as isenções, totais ou parciais, de cada
designadamente a Agência, a Comissão Europeia e a Or- taxa, bem como os respectivos modos e prazos de liqui-
ganização Mundial de Saúde, sistemas de informação que dação e cobrança.
permitam a recolha e o acesso à informação relativa aos 5 — A cobrança coerciva das dívidas provenientes da
medicamentos, que se mostre indispensável ao cabal de- falta de pagamento das taxas faz-se através de processo
sempenho das suas atribuições. de execução fiscal, servindo de título executivo a certi-
2 — No estrito respeito pelas condições estabelecidas dão passada para o efeito pelo INFARMED.
na Lei de Protecção de Dados Pessoais, aprovada pela
Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro, o INFARMED pode pro-
ceder à recolha, tratamento e interconexão de dados pes- Artigo 194.º
soais, desde que se mostrem indispensáveis ao exercício Isenção de formalidades e custas
das suas atribuições.
3 — O acesso de autoridades competentes de outros 1 — A aquisição ou importação pelo INFARMED, para
Estados membros, da Agência, da Comissão Europeia ou prossecução das suas atribuições, de substâncias activas,
de quaisquer outras entidades, públicas ou privadas, aos controladas ou não, reagentes químicos, citostáticos, pro-
dados pessoais previstos no número anterior depende de dutos com actividade radiofarmacêutica ou outros desti-
prévia autorização da Comissão Nacional de Protecção de nados a uso em ensaios laboratoriais estão sujeitas a
Dados, concedida, nos termos da alínea d) do n.º 1 do registo pelo próprio Instituto.
artigo 28.º da Lei de Protecção de Dados Pessoais, sob 2 — As operações referidas no número anterior estão
proposta do INFARMED. isentas de quaisquer formalidades administrativas, sem
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6347

prejuízo do cumprimento da legislação em vigor em maté- manter, durante cinco anos, as facturas relativas a medi-
ria de aquisições de bens e serviços e de formalidades camentos por si adquiridos, contendo os elementos refe-
aduaneiras. ridos no n.º 4 do artigo 100.º, comunicando-as em termos
Artigo 195.º a definir por regulamento do INFARMED.
Notificações
Artigo 199.º
Salvo disposição em contrário, as notificações previs- Autorizações especiais
tas no presente decreto-lei são feitas por carta registada
com aviso de recepção ou, nos casos determinados por 1 — Nos casos previstos no n.º 1 do artigo 92.º, medi-
regulamento do INFARMED, electronicamente ou por te- ante autorização prévia do INFARMED, os estabelecimen-
lecópia. tos hospitalares podem contratar a outras entidades a
Artigo 196.º produção de preparados equiparados a preparados ofici-
nais ou fórmulas magistrais, destinados exclusivamente a
Prazos
ser utilizados naqueles estabelecimentos, nas condições
1 — Salvo disposição em contrário, todos os prazos dos números seguintes.
previstos no presente decreto-lei são fixados em dias 2 — Os produtos referidos no número anterior incluem,
consecutivos, obedecendo o seu cômputo ao disposto no nomeadamente, medicamentos, produtos químicos e pre-
artigo 279.º do Código Civil. parações descritas em farmacopeias ou formulários, deven-
2 — Em relação aos procedimentos de autorização pre- do constar do Formulário Hospitalar Nacional de Medi-
vistos no presente decreto-lei, os prazos para o INFAR- camentos ou suas adendas aprovadas pelas Comissões
MED se pronunciar ou decidir suspendem-se sempre que de Farmácia e Terapêutica hospitalares, ou de uma lista
ao requerente sejam solicitados elementos ou esclareci- especial elaborada pelo INFARMED, ouvidas as comis-
mentos adicionais, até à data da recepção dos elementos sões técnicas especializadas competentes.
ou esclarecimentos requeridos. 3 — A autorização prevista no n.º 1 apenas pode ser
concedida desde que, cumulativamente:
Artigo 197.º a) O serviço farmacêutico do hospital requerente não
Arquivo reúna as condições materiais necessárias para preparar o
produto em causa;
1 — O titular de uma autorização ou registo concedido b) Não existam em Portugal medicamentos essencial-
ao abrigo do presente decreto-lei pode ser designado mente similares aprovados com idêntica composição qua-
depositário do processo ou parte do processo relativo à litativa e quantitativa em substâncias activas e forma far-
autorização ou registo, nos casos e termos definidos por macêutica ou, quando existam, estes não sejam
regulamento do INFARMED. comercializados;
2 — Até à regulamentação do número anterior, é apli- c) O produto se destine a resolver problemas clínicos
cável o disposto na Portaria n.º 683/97, de 12 de Agosto. comprovadamente sem terapêutica alternativa.

Artigo 198.º 4 — A autorização apenas pode ser concedida para


Publicitação contratação junto de titulares de uma autorização de fa-
brico, com vista à produção de lotes não industriais,
1 — Independentemente da publicidade a que por lei desde que as respectivas instalações industriais estejam
estejam sujeitos e, nomeadamente, sem prejuízo do dis- autorizadas para as formas farmacêuticas pretendidas.
posto no artigo 188.º, os actos com eficácia externa adop- 5 — No caso previsto no número anterior, o fabricante
tados pelo INFARMED em execução do presente decre- fica obrigado a cumprir as Boas Práticas a Observar na
to-lei devem ser publicitados na página electrónica do Preparação de Medicamentos Manipulados em Farmácia
Instituto. de Oficina e Hospitalar, em consonância com a legisla-
2 — A actualização anual da lista dos medicamentos ção sobre boas práticas de fabrico de medicamentos.
sujeitos a receita médica e a lista dos medicamentos não
sujeitos a receita médica, com referência a eventuais sub-
categorias, é publicada pelo INFARMED, designadamen- SECÇÃO II
te na sua página electrónica, e transmitida à Comissão Orgânica
Europeia e às autoridades competentes dos restantes
Estados membros. Artigo 200.º
3 — O INFARMED publicita regularmente, designada- Alteração ao Decreto-Lei n.º 495/99, de 18 de Novembro
mente na sua página electrónica, a identidade dos fabri-
cantes de matérias-primas medicamentosas, de fabrican- O artigo 35.º do Decreto-Lei n.º 495/99, de 18 de No-
tes de medicamentos, das empresas que exercem a vembro, passa a ter a seguinte redacção:
actividade de distribuição por grosso, das farmácias, das
entidades autorizadas à aquisição directa de medicamen- «Artigo 35.º
tos e dos estabelecimentos autorizados à venda de medi- […]
camentos não sujeitos a receita médica, com indicação de
quaisquer especificidades. 1 — Os membros dos órgãos e serviços do INFAR-
4 — As entidades habilitadas a comercializar medica- MED, bem como os membros das comissões técnicas, os
mentos ou a dispensar medicamentos ao público devem relatores e os peritos não podem ter interesses, financei-
6348 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

ros ou outros, em qualquer entidade sujeita às atribuições documentos em língua diferente da língua portuguesa,
do INFARMED e que sejam susceptíveis de afectar a sua bem como do ou dos idiomas em que a referida docu-
imparcialidade e independência. mentação pode ser apresentada;
2 — Todas as pessoas abrangidas pelo disposto no g) Garantia do regular funcionamento das actividades
número anterior devem apresentar anualmente uma decla- de distribuição por grosso, incluindo as normas relativas
ração sobre os seus interesses financeiros, da qual cons- às boas práticas de distribuição;
tem todos os interesses directos ou indirectos que pos- h) Definição do modo de implementação pelos reque-
sam estar relacionados com entidades que estejam rentes e titulares das normas previstas no presente de-
sujeitas a regulação ou supervisão do INFARMED. creto-lei relativamente à utilização do braille e ao teste
3 — O INFARMED assegura, pelos meios mais adequa- de legibilidade da rotulagem e folheto informativo, à de-
dos e no respeito pela legislação aplicável, tanto o regis- finição, representatividade e operacionalidade dos grupos-
to como a consulta, por quaisquer terceiros, do registo -alvo de doentes ou de sistemas de gestão de risco;
de interesses previsto no número anterior.» i) Garantia do respeito pelo disposto na lei relativamen-
te à publicidade de medicamentos;
j) Adequada regulamentação de normas constantes do
CAPÍTULO XIII
presente decreto-lei ou em legislação complementar.
Disposições finais e transitórias
2 — O conteúdo dos pedidos de autorização de intro-
Artigo 201.º dução no mercado de medicamentos, das respectivas al-
Direito subsidiário terações e renovações, bem como das autorizações de
fabrico, dos relatórios relativos às inspecções, dos rela-
1 — No exercício dos poderes conferidos pelo presen- tórios periódicos de segurança e certificados de boas
te decreto-lei, o INFARMED toma em consideração as di- práticas de fabrico, devem ainda conformar-se com as
rectrizes, orientações ou interpretações formuladas pelos directrizes e instruções em vigor, designadamente em
órgãos competentes da Comunidade Europeia, as quais matéria de qualidade, segurança e eficácia dos medicamen-
são subsidiariamente aplicáveis. tos, incluindo farmacovigilância, aprovadas nos termos do
2 — O disposto no presente decreto-lei é aplicável com n.º 1, ou, na sua falta, pelos órgãos competentes da Co-
respeito pelas atribuições e competências resultantes de munidade Europeia.
normas comunitárias para os órgãos competentes da Co- 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 198.º, os regu-
munidade Europeia, a Agência ou os comités consultivos lamentos adoptados pelo órgão máximo do INFARMED
de cariz científico previstos na legislação comunitária ao abrigo do presente decreto-lei são publicados na pá-
aplicável. gina electrónica do INFARMED.
Artigo 202.º 4 — Sem prejuízo do disposto no artigo 204.º, a regu-
lamentação adoptada ao abrigo da legislação revogada
Regulamentação pelo presente decreto-lei mantém-se em vigor até à sua
1 — O órgão máximo do INFARMED aprova todos os substituição.
regulamentos, directrizes ou instruções que se revelem 5 — O presente decreto-lei não prejudica os direitos
necessários à boa execução do presente decreto-lei, in- dos directores técnicos em funções à data da entrada em
cluindo, em particular, os tendentes à: vigor do Decreto-Lei n.º 72/91, de 8 de Fevereiro, ou, até
à adopção da regulamentação prevista no n.º 4 do arti-
a) Adequada instrução dos pedidos de autorização de go 149.º, das pessoas que, à data da entrada em vigor do
introdução no mercado, das respectivas alterações, reno- presente decreto-lei, exerçam funções de direcção técnica
vações, suspensão ou revogação, bem como, entre ou- relativamente a gases medicinais abrangidos pelo presen-
tros, das demais autorizações ou registos, concedidas ao te decreto-lei.
abrigo do presente decreto-lei ou de legislação comple- 6 — Mantém-se em vigor, até à sua substituição, o dis-
mentar; posto no Despacho n.º 9114/2002 (2.ª série), de 15 de
b) Definição do objecto, conteúdo, forma e prazos de Março.
apresentação de, designadamente, documentos, requeri- 7 — Até à implantação do ou dos sistemas previstos
mentos, notificações, registos, relatórios ou certificados, no n.º 1 do artigo 178.º e sem prejuízo do disposto no
bem como de realização de inspecções, previstos no pre- artigo 179.º e no n.º 1 do artigo 180.º, é subsidiariamente
sente decreto-lei ou em legislação complementar; aplicável à recolha de medicamentos o disposto no Des-
c) Emissão de normas e orientações técnico-científicas pacho n.º 1/88 do Secretário de Estado da Administração
a que deve obedecer a actividade de farmacovigilância, da Saúde, de 12 de Maio de 1988, na redacção resultante
de modo a assegurar a integração das directrizes emiti- do Despacho n.º 13/93, de 23 de Maio de 1993, sendo o
das pelas instituições internacionais relevantes, nomea- prazo para escoamento, nos restantes casos, correspon-
damente pela Comissão Europeia ou pela Agência; dente ao prazo de validade do medicamento.
d) Adequada identificação dos órgãos consultivos ou 8 — Os medicamentos homeopáticos autorizados ou
de apoio técnico necessários para assegurar o exercício registados ao abrigo da legislação em vigor em 31 de
das suas atribuições, definindo a respectiva composição, Dezembro de 1993 não estão sujeitos à obrigação de re-
organização, funcionamento e competências; gisto ou autorização prevista no presente decreto-lei.
e) Determinação dos requisitos que devem estar pre- 9 — O órgão máximo do INFARMED adopta, no prazo
enchidos para o reconhecimento de idoneidade de labo- de dois anos, a regulamentação necessária à adaptação
ratórios, para os efeitos previstos no artigo 17.º; ao presente decreto-lei dos produtos farmacêuticos ho-
f) Definição dos procedimentos ou situações em que meopáticos cujo registo haja sido promovido ao abrigo
pode ser autorizada a apresentação de algum ou alguns do Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de Maio.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6349

10 — Mantém-se em vigor, até disposição em contrá- 8 — À rotulagem e folheto informativo aplica-se a lei
rio, o disposto no n.º 4 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 101/ em vigor à data do pedido de autorização ou registo, sem
94, de 19 de Abril, na redacção resultante do Decreto-Lei prejuízo para:
n.º 283/2000, de 10 de Novembro.
a) A possibilidade de a rotulagem e folheto informati-
vos propostos até à data da entrada em vigor do presen-
Artigo 203.º te decreto-lei o serem já em conformidade com as novas
Norma transitória disposições;
b) A obrigação de os titulares de autorizações ou re-
1 — O disposto na parte final da alínea e) e nas alí- gistos concedidos após a entrada em vigor deste decre-
neas j) e l) do n.º 2 do artigo 15.º é aplicável aos pedidos to-lei mas apresentados até 31 de Outubro de 2005, pro-
de autorização de introdução no mercado apresentados a moverem, nas condições e prazos a definir pelo
partir do dia 1 de Novembro de 2005 que não hajam sido INFARMED, a sua adaptação ao disposto no presente de-
objecto de decisão final, devendo os requerentes, em creto-lei;
prazo a fixar pelo INFARMED, introduzir as modificações c) A obrigação de os titulares de autorizações ou re-
ao pedido que se revelem pertinentes, sem prejuízo da gistos concedidos antes da data referida na alínea ante-
obrigação de avaliação do impacto em cada caso e, se rior promoverem, nas condições e prazos a definir pelo
necessário, da apresentação de propostas adequadas ten- INFARMED, a sua adaptação ao disposto no presente
dentes respectiva limitação. decreto-lei.
2 — No que toca aos procedimentos de autorização de
introdução no mercado iniciados até 31 de Outubro de 9 — O disposto na secção VI do capítulo VIII é aplicá-
2005, o disposto na parte final do n.º 7 do artigo 16.º ou vel a partir da data da entrada em vigor do presente de-
nas secções II ou III do capítulo II não é aplicável, po- creto-lei.
dendo o INFARMED prosseguir o procedimento ou de- 10 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, aos
cidir suspendê-lo, até ao envio do relatório de avaliação medicamentos tradicionais à base de plantas já comercia-
pelo Estado membro onde idêntico pedido haja já sido lizados em 30 de Abril de 2004 é aplicável, até 30 de Abril
apresentado, devendo, neste caso, a decisão do INFAR- de 2011, o regime vigente naquela data.
MED ser notificada ao requerente e à autoridade compe- 11 — Os gases medicinais comercializados à data da
tente do referido Estado membro. entrada em vigor do presente decreto-lei devem adaptar-
3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, os -se integralmente ao que neste se dispõe no prazo de
períodos de protecção de dados previstos no artigo 19.º dezoito meses.
não se aplicam a medicamentos de referência relativamente Artigo 204.º
aos quais tenha sido apresentado um pedido de autoriza-
Norma revogatória
ção até 31 de Outubro de 2005, bem como aos medicamen-
tos que, tendo sido primeiro autorizados pela autoridade 1 — São expressamente revogados os seguintes diplomas:
competente de um Estado membro, sejam depois submeti-
a) Decreto-Lei n.º 72/91, de 8 de Fevereiro, com as al-
dos ao procedimento comunitário centralizado.
terações resultantes do Decreto-Lei n.º 249/93 de 9 de
4 — O disposto no n.º 2 do artigo 19.º aplica-se aos
Julho, do Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto, do
medicamentos de referência cuja autorização de introdu-
Decreto-Lei n.º 272/95, de 23 de Outubro, do Decreto-Lei
ção no mercado no Estado membro de origem tenha sido n.º 291/98, de 17 de Setembro, do Decreto-Lei n.º 242/2000,
concedida até 31 de Outubro de 2005. de 26 de Setembro, da Lei n.º 84/2001, de 3 de Agosto,
5 — A antecedência prevista no n.º 2 do artigo 28.º não do Decreto-Lei n.º 249/2003, de 11 de Outubro, do Decre-
é aplicável aos pedidos de renovação de autorização de to-Lei n.º 90/2004, de 20 de Abril, do Decreto-Lei n.º 95/
introdução no mercado cuja validade cesse até 180 dias 2004, de 22 de Abril, e do Decreto-Lei n.º 97/2004, de 23
após a entrada em vigor do presente decreto-lei. de Abril;
6 — O disposto no artigo 60.º não prejudica os direi- b) Decreto-Lei n.º 100/94, de 19 de Abril, com a redac-
tos adquiridos das pessoas que, ao abrigo da lei vigente ção resultante do Decreto-Lei n.º 170/98, de 25 de Junho,
à data da entrada em vigor do presente decreto-lei, exer- e do Decreto-Lei n.º 48/99, de 16 de Fevereiro;
çam as funções de director técnico, nem os direitos re- c) Decreto-Lei n.º 101/94, de 19 de Abril, com a redac-
sultantes da legislação comunitária pertinente, aplicada ção resultante do Decreto-Lei n.º 283/2000, de 10 de No-
em condições de igualdade a nacionais do Estado portu- vembro, e do Decreto-Lei n.º 81/2004, de 10 de Abril;
guês ou dos demais Estados membros, sem prejuízo da d) Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto, na redacção
obrigação da comprovação perante a Ordem dos Farma- resultante do Decreto-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto;
cêuticos, por parte do titular da formação académica re- e) Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de Maio;
querida, do prévio exercício, durante dois anos e em f) Decreto-Lei n.º 135/95, de 9 de Junho, e demais le-
empresas titulares de autorização de fabrico de medica- gislação complementar, na redacção resultante do Decre-
mentos, de actividades relacionadas com o fabrico de to-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto;
medicamentos, designadamente de análise qualitativa dos g) Decreto-Lei n.º 291/98, de 17 de Setembro;
medicamentos, de análise quantitativa das substâncias h) Decreto-Lei n.º 48/99, de 16 de Fevereiro;
activas, assim como de ensaios e verificações necessá- i) Decreto-Lei n.º 161/2000, de 27 de Julho, e Portaria
rios para assegurar a qualidade dos medicamentos. n.º 321/92, de 8 de Abril;
7 — A contagem dos prazos previstos no n.º 3 do ar- j) Decreto-Lei n.º 242/2000, de 26 de Setembro;
tigo 77.º só se inicia a partir da data da entrada em vigor k) Decreto-Lei n.º 242/2002, de 5 de Novembro;
do presente decreto-lei. l) Decreto-Lei n.º 85/2004, de 15 de Abril;
6350 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

m) Decreto-Lei n.º 97/2004, de 23 de Abril; ser apresentados em conformidade estrita com o formato,
n) N.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 46/2004, de 19 de conteúdo e sistema de numeração delineados em porme-
Agosto; nor no volume 2 B das Informações aos Requerentes
o) Decreto-Lei n.º 92/2005, de 7 de Junho. acima referido.
(3) A apresentação do DTC da Comunidade Europeia
2 — As referências feitas em diplomas legais ou regu- é aplicável a todos os tipos de pedidos de autorização
lamentares em vigor a normas revogadas consideram-se de introdução no mercado independentemente do proce-
feitas às normas correspondentes do presente decreto-lei. dimento a aplicar (ou seja, centralizado, de reconhecimento
mútuo ou nacional) e do facto de serem pedidos de au-
Artigo 205.º torização completos ou abreviados. É também aplicável a
todos os tipos de produtos, incluindo novas entidades
Entrada em vigor químicas (NEQ), medicamentos radiofarmacêuticos, medi-
1 — O presente decreto-lei entra em vigor no dia se- camentos derivados do plasma, vacinas, medicamentos à
guinte ao da sua publicação, sem prejuízo do disposto base de plantas, etc.
(4) Ao constituírem o dossiê de pedido de autorização
no artigo 203.º
de introdução no mercado, os requerentes devem aten-
2 — As obrigações previstas no presente decreto-lei
der às directrizes e instruções aprovadas pelo INFARMED
relativas às boas práticas de fabrico de medicamentos ou
e às normas científicas relativas à qualidade, segurança e
medicamentos experimentais aplicam-se aos processos de
eficácia dos medicamentos para uso humano, adoptadas
fabrico já em curso.
pelo Comité das Especialidades Farmacêuticas (CEF) e
publicadas pela Agência e as outras normas farmacêuti-
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 25 de cas comunitárias — publicadas pela Comissão Europeia
Maio de 2006. — José Sócrates Carvalho Pinto de Sou- nos vários volumes das Regras que regem os medicamen-
sa — Diogo Pinto de Freitas do Amaral — Fernando tos na Comunidade Europeia — ou nacionais.
Teixeira dos Santos — Alberto Bernardes Costa — Ma- (5) No que respeita aos aspectos relacionados com a
nuel António Gomes de Almeida de Pinho — José Antó- qualidade (química, farmacêutica e biológica) incluídos no
nio Fonseca Vieira da Silva — António Fernando Cor- dossiê, são aplicáveis todas as monografias, incluindo
reia de Campos — Maria de Lurdes Reis Rodrigues. monografias e capítulos gerais da Farmacopeia Portugue-
sa e da Europeia.
Promulgado em 8 de Agosto de 2006. (6) O processo de fabrico deve respeitar os requisitos
Publique-se. relativos às boas práticas de fabrico constantes de legis-
lação especial e os princípios e «guia das boas práticas
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. de fabrico» publicadas pela Comissão no volume 4 das
Referendado em 17 de Agosto de 2006. Regras que regem os medicamentos na Comunidade
Europeia.
Pelo Primeiro-Ministro, António Luís Santos Costa, (7) Dos pedidos devem constar todas as informações
Ministro de Estado e da Administração Interna. relevantes para a avaliação do medicamento em questão,
independentemente de lhe serem ou não favoráveis. De-
ANEXO I vem nomeadamente ser fornecidos todos os elementos
relevantes respeitantes a estudos ou ensaios farmacoto-
Normas e protocolos analíticos, farmacotoxicológicos
e clínicos em matéria de ensaios de medicamentos
xicológicos ou clínicos incompletos ou interrompidos re-
lativos ao medicamento e/ou a ensaios completos relati-
Introdução e princípios gerais. vos a indicações terapêuticas não abrangidas pelo
(1) Os elementos e documentos apensos aos pedidos pedido.
de autorização de introdução no mercado devem ser apre- (8) Todos os ensaios clínicos efectuados no território
sentados em três partes, em conformidade com os requi- nacional devem respeitar os requisitos da lei. Para que
sitos constantes do presente anexo e atender às directri- sejam tidos em consideração durante a avaliação de um
zes e instruções aprovadas pelo INFARMED e às pedido, os ensaios clínicos efectuados fora da Comuni-
directrizes publicadas pela Comissão Europeia nas Regras dade Europeia e respeitantes a medicamentos destinados
que regem os medicamentos na Comunidade Europeia, a serem utilizados na Comunidade Europeia serão conce-
Volume 2 B — Informações aos Requerentes, Medicamen- bidos, implementados e notificados, no que respeita à boa
tos para uso humano. Apresentação e conteúdo do dos- prática clínica e aos princípios éticos, com base em prin-
siê, Documento Técnico Comum (DTC). cípios equivalentes aos dispostos na Lei n.º 46/2004, de
(2) Os referidos elementos e documentos devem ser 19 de Agosto. Devem ser realizados em conformidade com
apresentados em cinco módulos: o módulo 1 fornece da- os princípios éticos reflectidos, por exemplo, na Declara-
dos administrativos específicos; o módulo 2 fornece re- ção de Helsínquia.
sumos de qualidade, não clínicos e clínicos, o módulo 3 (9) Os estudos não clínicos (farmacotoxicológicos)
presta informações químicas, farmacêuticas e biológicas, devem ser realizados em conformidade com as disposi-
o módulo 4 apresenta relatórios não clínicos e o módulo ções relacionadas com as boas práticas de laboratório
5 apresenta relatórios de estudos clínicos. Esta apresen- estabelecidas no Decreto-Lei n.º 99/2000, de 30 de Maio,
tação implementa um formato comum para todas as re- respeitante à aplicação dos princípios de boas práticas
giões ICH (International Conference on Harmonisation de laboratório e ao controlo da sua aplicação aos ensai-
of Technical Requirements for Registration of Pharma- os sobre as substâncias químicas e no Decreto-Lei n.º 95/
ceuticals for Human Use) (Comunidade Europeia, Estados 2000, de 23 de Maio, relativo à inspecção e verificação
Unidos da América e Japão). Estes cinco módulos devem das boas práticas de laboratório (BPL).
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6351

(10) Os ensaios realizados com animais devem decor- O requerente deve identificar o tipo de pedido e indi-
rer em conformidade com o disposto na legislação nacio- car, se aplicável, quais as amostras que são também for-
nal e comunitária aplicável e respeitante à protecção dos necidas.
animais utilizados para fins experimentais e outros fins Em anexo às informações administrativas, devem ser
científicos. entregues cópias da autorização de fabrico, tal como dis-
(11) De forma a controlar a avaliação benefício/risco, posto no presente diploma, juntamente com a lista de
devem ser enviadas às autoridades competentes quais- países em que a autorização foi concedida, cópias de
quer novas informações que não constem do pedido ori- todos os resumos das características do medicamento, em
ginal e todos os relatórios de farmacovigilância. Assim conformidade com o disposto no artigo 19.º, e na forma
que a autorização de introdução no mercado tiver sido em que foram aprovados, e a lista dos países em que foi
concedida, qualquer alteração dos dados do dossiê deve apresentado o pedido.
ser apresentada às autoridades competentes de acordo Tal como destacado no formulário, os requerentes for-
com os requisitos dos Regulamentos (CE) n.º 1084/2003 necerão, inter alia, informações pormenorizadas sobre o
ou (CE) n.º 1085/2003 da Comissão ou, se relevante, em medicamento objecto do pedido, o fundamento jurídico do
conformidade com as disposições nacionais, bem como pedido, o titular da autorização de introdução no merca-
com os requisitos do volume 9 da publicação da Comis- do e o ou os fabricantes propostos, informações sobre o
são Europeia Regras que regem os medicamentos na estatuto de medicamento órfão, os pareceres científicos
Comunidade Europeia. e o programa de desenvolvimento pediátrico.
O presente anexo divide-se em quatro partes distintas: 1.3 — Resumo das características do medicamento, ro-
— A parte I descreve o formato do pedido de autori- tulagem e folheto informativo.
zação, o resumo das características do medicamento, a 1.3.1 — Resumo das características do medicamento.
rotulagem, o folheto informativo e os requisitos de apre- O requerente deve propor um resumo das característi-
sentação para pedidos normalizados (módulos 1 a 5); cas do medicamento em conformidade com o disposto no
— A parte II prevê uma derrogação para «pedidos es- artigo 19.º
pecíficos», ou seja, medicamentos de uso clínico bem 1.3.2 — Rotulagem e folheto informativo.
estabelecido, medicamentos essencialmente similares, as- É fornecida uma proposta para o texto da rotulagem
sociações fixas, medicamentos biológicos similares, pedi- do acondicionamento primário ou do acondicionamento
dos em circunstâncias excepcionais e pedidos mistos (pe- secundário, bem como do folheto informativo. Estes tex-
didos em parte bibliográficos e em parte baseados em tos devem ser redigidos de acordo com todos os pontos
estudos próprios); obrigatórios para a rotulagem dos medicamentos para uso
— A parte III trata os «requisitos para pedidos parti- humano e ao folheto informativo.
culares» relativos a medicamentos biológicos (arquivo 1.3.3 — Projectos de embalagem e amostras.
mestre do plasma; arquivo mestre do antigéneo da vaci- O requerente deve fornecer amostras ou projectos do
na), medicamentos radiofarmacêuticos, medicamentos ho- acondicionamento primário e secundário, dos rótulos e do
meopáticos, medicamentos à base de plantas e medica- folheto informativo do medicamento em questão.
mentos órfãos; 1.3.4 — Resumo das características do medicamento já
— A parte IV trata os «medicamentos de terapia avan- aprovado.
çada» e diz respeito a requisitos específicos para medi- Às informações administrativas do formulário do pedi-
camentos de terapia génica (utilizando o sistema autólo- do devem ser anexadas cópias de todos os resumos das
go ou alogénico humano, ou o sistema xenogénico), características do medicamento, em conformidade com o
medicamentos de terapia celular, quer de origem humana, disposto no presente diploma, na forma em que foram
quer de origem animal, e medicamentos de xenotransplan- aprovados, quando aplicável, bem como uma lista dos
tação. países em que foi apresentado um pedido.
PARTE I 1.4 — Informações sobre os peritos.
Em conformidade com o disposto no presente diplo-
Requisitos normalizados para os dossiês ma, os peritos devem fornecer relatórios detalhados das
de autorização de introdução no mercado suas observações sobre os documentos e os elementos
1 — Módulo 1: Informações administrativas. específicos que constituem o dossiê de autorização de
1.1 — Índice. introdução no mercado, nomeadamente, sobre os módu-
Deve ser apresentado um índice exaustivo dos módu- los 3, 4 e 5 (documentação química, farmacêutica e bioló-
los 1 a 5 do dossiê de autorização de introdução no gica, documentação não clínica e documentação clínica,
mercado. respectivamente). Os peritos devem tratar os pontos crí-
1.2 — Formulário do pedido. ticos relacionados com a qualidade do medicamento e dos
O medicamento objecto de pedido deve ser identifica- estudos efectuados em animais e em seres humanos, bem
do através da respectivo nome e da designação da ou como realçar todos os dados relevantes para a avaliação.
das substâncias activas, bem como da forma farmacêuti- Para preencher estes requisitos deve fornecer-se um
ca, do modo de administração, da dosagem e da apresen- resumo geral da qualidade, uma síntese não clínica (da-
tação final, incluindo a embalagem. dos de estudos realizados com animais) e uma síntese
Deve indicar-se o nome e endereço do requerente, bem clínica que deve ser introduzida no módulo 2 do dossiê
como dos fabricantes, e das instalações envolvidas nas do pedido de autorização de introdução no mercado. No
várias fases de fabrico (incluindo do fabricante do pro- módulo 1, deve ser apresentada uma declaração assinada
duto acabado e do ou dos fabricantes da ou das subs- pelos peritos, bem como uma descrição sucinta das res-
tâncias activas) e, quando relevante o nome e o endere- pectivas habilitações académicas, formação e experiência
ço do importador. profissional. Os peritos terão qualificações técnicas ou
6352 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

profissionais adequadas. Deve ser declarada a relação — Um relatório sobre a avaliação dos risco ambiental
profissional entre o perito e o requerente. (ARA) preparado com base na informação especificada
De acordo com as respectivas qualificações, os peritos nos anexos III e IV do Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de
devem: Abril e em conformidade com o anexo II do mesmo diplo-
ma;
— Proceder aos trabalhos próprios da sua disciplina
— Tendo em consideração a supracitada informação e
(análise, farmacologia e ciências experimentais análogas,
a ARA, uma conclusão que proponha uma estratégia
clínica) e descrever objectivamente os resultados obtidos
adequada de gestão do risco que inclua, no que toca ao
(quantitativos e qualitativos);
OGM ou medicamento em causa, um plano de vigilância
— Descrever as verificações realizadas, nomeadamen-
pós-comercialização no mercado e a identificação de qual-
te informando o que se mostrar necessário do ponto de
quer particularidade que deva constar no resumo das
vista do analista (se o medicamento está de acordo com
características do medicamento, rotulagem e folheto infor-
a composição declarada, concretizando integralmente os
mativo;
métodos de controlo utilizados pelo fabricante), do far-
— Medidas adequadas para informação ao público.
macologista ou especialista com competência experimen-
— Deve incluir-se a data e a assinatura do autor, as
tal análoga (toxicidade e propriedades farmacológicas ve-
habilitações académicas, a formação e a experiência pro-
rificadas) ou do clínico (nível de tolerância do
fissional do mesmo, bem como, uma declaração da rela-
medicamento, posologia aconselhada, correspondência
ção profissional entre o autor e o requerente.
entre informações do requerente e os efeitos nas pesso-
as, contra-indicações e reacções adversas);
2 — Módulo 2: Resumos.
— Justificar o eventual recurso à bibliografia científi-
Este módulo visa resumir os dados químicos, farmacêu-
ca detalhada.
ticos e biológicos, os dados não clínicos e os dados clí-
nicos apresentados nos módulos 3, 4 e 5 do dossiê de
1.5 — Requisitos específicos para diferentes tipos de
autorização de introdução no mercado, e fornecer os re-
pedidos.
latórios ou as sínteses descritos no artigo 16.º do pre-
Os requisitos específicos para os diferentes tipos de
sente diploma.
pedidos são tratados na parte II do presente anexo.
Os pontos críticos serão abordados e analisados. Se-
1.6 — Avaliação do risco ambiental.
rão fornecidos resumos factuais, inclusivamente sob a
Quando aplicável, os pedidos de autorização de intro-
forma de tabelas. Dos relatórios devem constar referências
dução no mercado devem incluir uma apreciação global
às tabelas ou à informação contida na documentação prin-
da avaliação do risco com a indicação dos riscos possí-
cipal apresentada no módulo 3 (documentação química,
veis para o ambiente causados pela utilização e/ou elimi-
farmacêutica e biológica), no módulo 4 (documentação
nação do medicamento e propor disposições de rotula-
não clínica) e no módulo 5 (documentação clínica).
gem adequadas. Deve ser abordado o risco ambiental
A informação contida no módulo 2 deve ser apresen-
associado à libertação de medicamentos contendo ou que
tada de acordo com o formato, o conteúdo e o sistema
consistam em OGM (organismos geneticamente modifica-
de numeração indicados no volume 2 das Informações aos
dos), na acepção do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 72/2003,
Requerentes. As sínteses e os resumos devem respeitar
de 10 de Abril que transpõe para a ordem jurídica interna
os princípios e requisitos básicos como a seguir se indica:
a Directiva n.º 2001/18/CE do Parlamento Europeu e do
2.1 — Índice geral.
Conselho de 12 de Março de 2001 relativa à libertação
O módulo 2 deve conter um índice da documentação
deliberada no ambiente de organismos geneticamente
científica apresentada nos módulos 2 a 5.
modificados e que revoga a Directiva n.º 90/220/CEE do
2.2 — Introdução.
Conselho.
Deve ser fornecida informação sobre o grupo farmaco-
A informação relativa ao risco ambiental deve ser apre-
lógico, o modo de acção e o uso clínico proposto do
sentada como apêndice ao módulo 1.
medicamento para o qual se solicitou uma autorização de
A informação deve ser apresentada de acordo com as
introdução no mercado.
disposições do Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de Abril,
2.3 — Resumo geral da qualidade.
tendo em conta os documentos de orientação publicados,
Uma revisão da informação relacionada com os dados
pela Comissão Europeia no que respeita à aplicação da
químicos, farmacêuticos e biológicos deve ser fornecida
referida directiva, ou pelo Governo.
no resumo geral da qualidade.
A informação é constituída por:
Devem ser salientados os parâmetros críticos funda-
— Uma introdução; mentais e questões relacionados com a qualidade, e deve
— Uma cópia de quaisquer consentimentos escritos ser dada uma justificação nos casos em que as normas
para a libertação deliberada no ambiente de organismos orientadoras correspondentes não tenham sido seguidas.
geneticamente modificados para efeitos de investigação Este documento deve atender ao âmbito e às linhas ge-
e de desenvolvimento, em conformidade com o capítulo II rais dos correspondentes dados pormenorizados, apresen-
do Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de Abril; tados no módulo 3.
— A informação solicitada nos anexos II a IV do 2.4 — Síntese não clínica.
Decreto-Lei n.º 72/2003, de 10 de Abril, incluindo os mé- É necessária uma apreciação integrada e crítica da ava-
todos de detecção e de identificação, bem como, o códi- liação não clínica do medicamento em animais/in vitro.
go único dos OGM, e qualquer informação adicional so- Incluir-se-á a argumentação e a justificação da estratégia
bre os OGM ou o medicamento em causa para avaliar o de ensaio e de qualquer desvio às normas orientadoras
risco ambiental; correspondentes.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6353

Exceptua-se o caso dos medicamentos biológicos, em — Resumo da segurança clínica;


que uma avaliação das impurezas e dos produtos de de- — Sinopses de estudos individuais.
gradação deve ser incluída juntamente com os seus po-
tenciais efeitos farmacológicos e tóxicos. Devem ser dis- 3 — Módulo 3: Informações química, farmacêutica e
cutidas as implicações de quaisquer diferenças verificadas biológica relativas aos medicamentos que contêm subs-
na quiralidade, na forma química e no perfil de impureza tâncias activas químicas e/ou biológicas.
entre o composto utilizado nos estudos não clínicos e o 3.1 — Formato e apresentação.
medicamento a introduzir no mercado. O esboço geral do módulo 3 é o seguinte:
No caso dos medicamento biológicos, deve ser avalia-
da a comparação entre o material utilizado nos estudos — Índice;
não clínicos e clínicos e o medicamento a introduzir no — Conjunto dos dados;
mercado. — Substância activa.
Qualquer excipiente novo deve ser sujeito a uma ava-
liação de segurança específica. Informações gerais:
Devem ser definidas as características do medicamen- — Nomenclatura;
to, tal como demonstradas pelos estudos não clínicos, e — Estrutura;
discutidas as implicações das conclusões quanto à segu- — Propriedades gerais.
rança do medicamento para a utilização clínica no homem.
2.5 — Síntese clínica.
Fabrico:
A síntese clínica pretende fornecer uma análise crítica
dos dados clínicos incluídos no resumo clínico e no — Fabricante(s);
módulo 5. Deve ser indicada a abordagem a adoptar em — Descrição do processo de fabrico e dos controlos
termos do desenvolvimento clínico do medicamento, in- em processo;
cluindo a concepção do estudo crítico, as decisões rela- — Controlo das matérias-primas;
cionadas com os estudos e os resultados dos mesmos. — Controlos das fases críticas e das fases intermédias;
Deve ser fornecida uma síntese sucinta das conclusões — Validação e/ou avaliação do processo;
clínicas, incluindo as limitações mais importantes, bem — Desenvolvimento do processo de fabrico.
como, uma avaliação dos benefícios e dos riscos, basea-
da nessas conclusões. Deve ser apresentada uma inter- Caracterização:
pretação do modo como as conclusões em matéria de
eficácia e de segurança suportam as indicações e as do- — Elucidação da estrutura e outras características;
ses propostas e uma avaliação em como o resumo das — Impurezas.
características do medicamento e outras abordagens po-
derão optimizar os benefícios e gerir os riscos. Controlo da substância activa:
Devem ser explicados os aspectos de eficácia e de — Especificação;
segurança encontrados no desenvolvimento e as ques- — Procedimentos analíticos;
tões por resolver.
— Validação dos procedimentos analíticos;
2.6 — Resumo não clínico.
— Boletins de análise;
Os resultados dos estudos farmacológicos, farmacoci-
— Justificação da especificação.
néticos e toxicológicos efectuados em animais/in vitro
serão facultados em resumos factuais descritivos e em
tabelas que serão apresentados pela seguinte ordem: Substâncias ou preparações de referência.
Sistema de fecho do acondicionamento primário.
— Introdução; Estabilidade:
— Resumo descritivo farmacológico;
— Resumo farmacológico em forma tabelar; — Resumo e conclusões quanto à estabilidade;
— Resumo descritivo farmacocinético; — Protocolo de estabilidade pós-aprovação e compro-
— Resumo farmacocinético em forma tabelar; misso de estabilidade;
— Resumo descritivo toxicológico; — Dados de estabilidade.
— Resumo toxicológico em forma tabelar. — Produto acabado.

2.7 — Resumo clínico. Descrição e composição do medicamento.


Deve ser apresentado um resumo factual pormenoriza- Desenvolvimento farmacêutico:
do da informação clínica sobre o medicamento incluído — Componentes do medicamento;
no módulo 5, contendo os resultados de todos os estu- — Substância activa;
dos bio-farmacêuticos, de estudos farmacológicos clíni- — Excipientes.
cos e de estudos de eficácia e de segurança clínicas. É — Medicamento:
necessária uma sinopse de cada estudo. — Desenvolvimento da formulação;
As informações clínicas resumidas serão apresentadas
— Sobrecarga no fabrico;
pela seguinte ordem:
— Propriedades físico-químicas e biológicas;
— Resumo dos métodos biológicos, farmacêuticos e — Desenvolvimento do processo de fabrico;
analíticos associados; — Sistema de fecho do acondicionamento primário;
— Resumo dos estudos farmacológicos clínicos; — Propriedades microbiológicos;
— Resumo da eficácia clínica; — Compatibilidade.
6354 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Fabrico: (4) Todos os procedimentos e métodos utilizados para


o fabrico e controlo da substância activa e do produto
— Fabricante(s);
acabado devem ser descritos com o pormenor necessário
— Fórmula de fabrico;
— Descrição do processo de fabrico e dos controlos para que sejam reprodutíveis em ensaios de controlo efec-
em processo; tuados a pedido da autoridade competente. Todos os
— Controlos das fases críticas e das fases intermédias; procedimentos analíticos devem corresponder ao estado
— Avaliação e/ou Validação do processo. actual do progresso científico e ter sido objecto de vali-
dação. Devem ser fornecidos os resultados dos estudos
Controlo dos excipientes: de validação. No que respeita aos procedimentos analíti-
cos constantes da Farmacopeia Europeia, a referida des-
— Especificações; crição é substituída pela correspondente referência deta-
— Procedimentos analíticos; lhada à ou às monografias e aos capítulos gerais.
— Validação dos procedimentos analíticos; (5) As monografias da Farmacopeia Europeia são apli-
— Justificação das especificações; cáveis a todas as substâncias, preparações e formas far-
— Excipientes de origem humana ou animal; macêuticas que dela constem. No que se refere a outras
— Excipientes novos. substâncias, é exigida a observância da Farmacopeia Por-
tuguesa.
Controlo do produto acabado: No entanto, quando uma substância constante da Far-
— Especificação(ões); macopeia Europeia ou da Farmacopeia Portuguesa tiver
— Procedimentos analíticos; sido preparada através de um método passível de deixar
— Validação dos procedimentos analíticos; impurezas não controladas pela monografia da farmaco-
— Boletins de análise; peia, estas impurezas e os respectivos limites máximos de
— Perfil de impurezas; tolerância devem ser declarados, e o procedimento de
— Justificação da(s) especificação(ões). análise adequado, deve ser descrito. No caso de uma
especificação incluída numa monografia da Farmacopeia
Substâncias ou preparações de referência. Europeia ou da Farmacopeia Portuguesa ser insuficiente
Sistema de fecho do acondicionamento primário. para assegurar a qualidade da substância, as autoridades
Estabilidade: competentes podem solicitar especificações mais adequa-
das ao titular da autorização de introdução no mercado.
— Resumo e conclusão quanto à estabilidade;
As autoridades competentes devem informar as autorida-
— Protocolo de estabilidade pós-aprovação e compro-
des responsáveis pela farmacopeia em causa. O titular da
misso de estabilidade;
autorização de introdução no mercado deve fornecer às
— Dados à de estabilidade;
autoridades responsáveis por essa farmacopeia os porme-
— Apêndices;
nores sobre a alegada insuficiência e as especificações
— Instalações e equipamento (apenas medicamentos
biológicos); adicionais aplicadas.
— Avaliação da segurança dos agentes adventícios; No caso dos procedimentos analíticos incluídos na
— Excipientes; Farmacopeia Europeia, esta descrição deve ser substituí-
— Informações adicionais para a Comunidade Euro- da em cada secção relevante pela correspondente referên-
peia; cia pormenorizada à ou às monografias e ao ou aos capí-
— Esquema do processo de validação do medicamento; tulos gerais.
— Dispositivo médico; (6) Caso as substâncias de base e as matérias-primas,
— Certificado ou certificados de conformidade; a ou as substâncias activas ou os excipientes não se
— Medicamentos que contêm ou utilizam no respectivo encontrem descritos nem na Farmacopeia Europeia nem
processo de fabrico substâncias de origem animal e/ou na farmacopeia de um dos Estados membros, pode ser
humana (procedimento EET); aceite a observância da monografia constante de uma
— Referências bibliográficas. farmacopeia de um país terceiro. Nesse caso, o requeren-
te deve apresentar uma cópia da monografia acompanha-
3.2 — Conteúdo: princípios e requisitos básicos: da pela validação dos procedimentos analíticos constan-
(1) Os dados químicos, farmacêuticos e biológicos a tes da mesma, bem como, se adequado, da respectiva
apresentar relativamente à ou às substâncias activas e ao tradução.
produto acabado devem incluir toda a informação relevan- (7) Quando a substância activa e ou a matéria-prima e
te sobre o desenvolvimento, o processo de fabrico, a a substância de base ou o excipiente ou excipientes fo-
caracterização e as propriedades, as operações e os re- rem objecto de uma monografia da Farmacopeia Europeia,
quisitos de controlo da qualidade, a estabilidade, bem o requerente pode pedir um certificado de conformidade
como a descrição da composição e da apresentação do que, concedido pela Direcção Europeia de Qualidade dos
produto acabado. Medicamentos, deve ser apresentado na secção corres-
(2) Devem ser apresentados dois conjuntos principais pondente deste módulo. Os referidos certificados de con-
de informações relacionados com a ou as substâncias formidade da monografia da Farmacopeia Europeia são
activas e com o produto acabado, respectivamente. considerados como substitutos dos dados relevantes das
(3) Este módulo deve fornecer, além disso, informações secções correspondentes descritas neste módulo. O fa-
detalhadas sobre as substâncias de base, as matérias- bricante garantirá por escrito ao requerente que o pro-
-primas utilizadas durante as operações de fabrico da ou cesso de fabrico não foi modificado desde a concessão
das substâncias activas e sobre os excipientes incorpo- do certificado de conformidade pela Direcção Europeia de
rados na formulação do produto acabado. Qualidade dos Medicamentos.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6355

(8) No caso de uma substância activa bem definida, o tecnológicos, se aplicável, deve ser também indicada a
seu fabricante ou requerente pode tomar medidas para que: sequência esquemática de aminoácidos e a massa mole-
cular relativa.
(i) a descrição pormenorizada do processo de fabrico; Deve ser fornecida uma lista das propriedades físico-
(ii) o controlo da qualidade durante o fabrico; e -químicas e outras propriedades relevantes da substân-
(iii) a validação do processo, cia activa, incluindo a actividade biológica no caso dos
medicamentos biológicos.
constem de um documento separado, denominado dossiê b) Para efeitos do presente anexo, entende-se por subs-
principal da substância activa, enviado directamente às tância de base todas as substâncias a partir dos quais a
autoridades competentes pelo fabricante dessa mesma substância activa é fabricada ou dos quais é extraída.
substância. No que respeita aos medicamentos biológicos, enten-
Nesse caso, o fabricante deve, porém, fornecer ao re- de-se por substâncias de base todas as substâncias de
querente todos os dados eventualmente necessários para origem biológica, como microorganismos, órgãos e teci-
que este possa responsabilizar-se pelo medicamento. O dos de origem vegetal ou animal, células ou fluidos (in-
fabricante deve confirmar por escrito ao requerente que cluindo sangue ou plasma) de origem humana ou animal
irá assegurar a homogeneidade dos lotes e que não alte- e construção biotecnológica celular (substratos celulares,
rará nem o processo de fabrico nem as especificações sem sejam ou não recombinantes, incluindo as células primá-
o informar. Devem ser fornecidos às autoridades compe- rias). Excluem-se desta definição as substâncias de ori-
tentes documentos e elementos justificativos do pedido gem biológica como aminoácidos, gelatina, derivados do
com vista a uma tal alteração; estes documentos e ele- sebo, amido, açúcares, heparinas e metabolitos secundá-
mentos serão também fornecidos ao requerente quando rios como antibióticos, vitaminas, purinas e pirimidinas.
digam respeito à parte aberta do dossiê principal. Um medicamento biológico é um medicamento cuja
(9) Medidas específicas relativas à prevenção da trans- substância activa é uma substância biológica.
missão de encefalopatias espongiformes animais (substân- Entende-se por substância biológica uma substância
cias de origem ruminante): em cada fase do processo de extraída ou produzida a partir de uma fonte biológica e
fabrico, o requerente deve demonstrar a conformidade das cuja caracterização e definição de qualidade requerem a
substâncias utilizadas com a Norma Orientadora sobre a combinação de ensaios físicos, químicos e biológicos, em
Minimização do Risco de Transmissão das Encefalopati- conjunto com o processo de fabrico e respectivo contro-
as Espongiformes Animais através dos Medicamentos e lo. Devem considerar-se como medicamentos biológicos
suas actualizações, publicadas pela Comissão Europeia no os seguintes medicamentos: medicamentos imunológicos
Jornal Oficial da União Europeia. e medicamentos derivados do sangue e plasma humanos,
A demonstração da conformidade com a referida Norma tal como definidos no presente diploma, os medicamen-
Orientadora pode ser realizada quer apresentando, de tos abrangidos pelos n.os 1 e 2 do anexo ao Regulamento
preferência, um certificado de conformidade com a mono- (CE) n.º 726/2004 e os medicamentos de terapia avançada
grafia correspondente da Farmacopeia Europeia concedida definidos na parte IV do presente anexo.
Quaisquer outras substâncias utilizadas para o fabrico
pela Direcção Europeia de Qualidade dos Medicamentos,
ou para a extracção da ou das substâncias activas,mas
quer fornecendo dados científicos que consubstanciem
das quais esta(s) não é(são) directamente derivada(s),
esta conformidade.
como reagentes, meios de cultura, soro fetal de vitelo,
(10) No caso dos agentes adventícios, deve ser forne-
aditivos e soluções-tampão envolvidas em cromatografia,
cida informação que avalie o risco relativamente à conta- etc, são denominadas matérias-primas.
minação potencial com estes agentes, sejam eles não vi- 3.2.1.2 — Processo de fabrico da ou das substâncias
rais ou virais, como disposto nas normas orientadoras activas.
relevantes, bem como na monografia geral e no capítulo a) A descrição do processo de fabrico da substância
geral da Farmacopeia Europeia pertinentes. activa representa o compromisso do requerente em fabri-
(11) Quaisquer instrumentos ou equipamentos especiais car a substância activa. Para descrever adequadamente o
susceptíveis de serem utilizados em qualquer fase do processo de fabrico e os controlos do processo, deve ser
processo de fabrico e nas operações de controlo do me- fornecida informação adequada em conformidade com o
dicamento devem ser descritos com o pormenor adequado. estabelecido nas normas orientadoras publicadas pela
(12) Quando aplicável e se necessário, é aposta a mar- Agência.
cação CE requerida pela legislação comunitária em maté- b) Devem ser indicadas todas as substâncias necessá-
ria de dispositivos médicos. rias para fabricar a(s) substância(s) activa(s), identifican-
Deve ser dada especial atenção os seguintes elemen- do em que fase do processo é utilizada cada substância.
tos. Deve ser fornecida informação sobre a qualidade e o
3.2.1 — Substância(s) activa(s). controlo dessas substâncias, bem como, informações de-
3.2.1.1 — Informações gerais e informações relacionadas monstrando que as substâncias satisfazem os padrões
com as substâncias de base e as matérias-primas. adequados para o uso a que se destinam.
a) Devem ser fornecidas informações sobre a nomen- Deve ser elaborada uma lista das matérias-primas e
clatura da substância activa, incluindo a denominação devem ser também documentados os respectivos proces-
comum, o nome da Farmacopeia Europeia, se relevante, e sos de controlo e a respectiva qualidade.
o ou os nomes químicos. Deve indicar-se o nome, o endereço e a responsabili-
Deve ser indicada a fórmula estrutural, incluindo a dade de cada fabricante, incluindo dos adjudicatários e
esteroquímica relativa e absoluta, a fórmula molecular e a de cada local ou instalação de produção propostos, en-
massa molecular relativa. No caso dos medicamentos bio- volvidos no fabrico e nos ensaios.
6356 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

c) No caso dos medicamentos biológicos, aplicam-se quaisquer métodos físico-químicos e ou imunoquímicos


os seguintes requisitos adicionais. e/ou biológicos, bem como informações sobre impurezas.
A origem e o historial das substâncias de base devem 3.2.1.4 — Controlo da ou das substâncias activas.
ser descritos e documentados. Devem ser fornecidas informações sobre as especifi-
No que respeita às medidas específicas para a preven- cações utilizadas para o controlo de rotina da ou das
ção da transmissão de encefalopatias espongiformes ani- substâncias activas, uma justificação para a escolha des-
mais, o requerente deve demonstrar a conformidade da sas especificações, os métodos de análise e a sua vali-
substância activa com a Norma Orientadora sobre a dação.
Minimização do Risco de Transmissão das Encefalopa- Devem ser apresentados os resultados do controlo
tias Espongiformes Animais através dos Medicamentos efectuado em lotes individuais fabricados durante o de-
e suas actualizações, publicadas pela Comissão Europeia senvolvimento.
no Jornal Oficial da União Europeia. 3.2.1.5 — Preparações ou substâncias de referência.
Caso se utilizem bancos de células, deve demonstrar- As preparações e as substâncias de referência devem
-se que as características celulares se mantiveram inalte- ser identificados e descritos em pormenor. Quando rele-
radas na geração usada na produção e etapas subse- vante, deve ser utilizada substância de referência quími-
quentes. ca e biológica da Farmacopeia Europeia.
Os inóculos (lotes de sementes) primários, os bancos 3.2.1.6 — Acondicionamento primário e sistema de fe-
de células, a mistura de fracções de soro ou plasma e cho da substância activa.
outras substâncias de origem biológica, bem como, sem- Deve ser fornecida uma descrição do acondicionamen-
pre que possível, os materiais de que derivam, devem ser to primário e do ou dos sistemas de fecho e as suas
analisados de forma a comprovar a ausência de agentes especificações.
adventícios. 3.2.1.7 — Estabilidade da ou das substâncias activas.
Caso seja inevitável a presença de agentes adventícios a) Deve ser apresentado um resumo dos tipos de es-
potencialmente patogénicos, a substância corresponden- tudos efectuados, dos protocolos utilizados e dos resul-
te apenas deve ser utilizada quando o respectivo proces- tados dos estudos.
samento subsequente assegurar a sua eliminação e ou b) Os resultados detalhados dos estudos de estabili-
inactivação, e o processo tiver sido validado. dade, incluindo as informações sobre os procedimentos
Sempre que possível, a produção de vacinas deve ser analíticos utilizados para obter os dados e a validação
feita a partir de um sistema de lote de inoculação (semen- destes procedimentos, devem ser apresentados num for-
teira) e de bancos de células bem determinados. No que mato adequado.
respeita às vacinas bacterianas e virais, as características c) Devem ser apresentados o protocolo de estabilida-
do agente infeccioso devem ser demonstradas nas semen- de pós-aprovação e o compromisso de estabilidade.
teiras. Além disso, no que respeita às vacinas vivas, a 3.2.2 — Produto acabado.
estabilidade das características de atenuação deve ser 3.2.2.1 — Descrição e composição do produto acabado.
demonstrada no inóculo primário; caso tal não baste, as Deve ser apresentada uma descrição do produto aca-
características de atenuação devem também ser demons- bado e da sua composição. As informações devem incluir
tradas na fase de produção. a descrição da forma farmacêutica e da composição com
No que respeita aos medicamentos derivados do san- todos os componentes do produto acabado, a sua quan-
gue ou plasma humanos, devem descrever-se e documen- tidade por unidade e a função do ou dos componentes:
tar-se a origem e os critérios e processos de colheita,
— Da substância(s) activa(s);
transporte e conservação do material de base, de acordo
— Dos excipientes, qualquer que seja a sua natureza
com o disposto na parte III do presente anexo.
ou a quantidade utilizada, incluindo corantes, conservan-
Deve descrever-se as instalações e o equipamento de
tes, adjuvantes, estabilizantes, espessantes, emulsionan-
fabrico.
tes, correctivos do paladar, aromatizantes, etc, destinados
d) Os ensaios e os critérios de aceitabilidade aplica-
a serem ingeridos ou administrados por outra via ao do-
dos em todas as fases críticas, a informação sobre a
ente, que fazem parte do revestimento externo dos medi-
qualidade e o controlo das fases intermédias e os estu-
camentos (cápsulas duras, cápsulas moles, cápsulas rec-
dos de validação e/ou avaliação do processo devem ser
tais, comprimidos revestidos, comprimidos revestidos por
fornecidos conforme adequado.
película, etc.).
e) Caso seja inevitável a presença de agentes adventí-
Estas informações devem ser completadas por quais-
cios potencialmente patogénicos, a substância correspon-
quer outros dados relevantes relativos ao acondiciona-
dente apenas deve ser utilizada quando o respectivo tra-
mento primário e, caso aplicável, ao respectivo modo de
tamento subsequente assegurar a sua eliminação e ou
fecho, bem como, por elementos sobre os dispositivos por
desactivação, devendo este processo ser validado na
intermédio dos quais o medicamento irá ser utilizado ou
secção que aborda a avaliação da segurança viral.
administrado e que devem ser fornecidos junto com o
f) Quaisquer alterações significativas efectuadas no
medicamento.
processo de fabrico durante o desenvolvimento e ou fa-
Entende-se por «terminologia habitual», a utilizar na
brico no local de fabrico da substância activa devem ser
descrição dos componentes de medicamentos, sem pre-
descritas e discutidas.
juízo da aplicação de outras disposições da alínea h) do
3.2.1.3 — Caracterização da ou das substâncias activas.
n.º 2 do artigo 16.º:
Devem ser fornecidos dados que salientem a estrutura
e outras características da ou das substâncias activas. — No que respeita às substâncias constantes da Far-
Devem ser facultadas informações para confirmação da macopeia Europeia ou, caso dela não constem, da Farma-
estrutura da ou das substâncias activas com base em copeia Portuguesa, a denominação principal constante do
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6357

título da respectiva monografia, com indicação da farma- e as características do processo que possam influenciar
copeia em questão; a reprodutibilidade dos lotes, o desempenho e a qualida-
— No que respeita a outras substâncias, a denomina- de do medicamento devem ser identificados e descritos.
ção comum ou, caso não exista, a denominação científica Outros dados de apoio, quando adequados, devem ser
exacta; as substâncias que não disponham de denomina- referenciados nos capítulos correspondentes do módulo 4
ção comum nem de denominação científica exacta devem (relatórios dos estudos não clínicos) e no módulo 5 (re-
ser descritas através de uma menção da origem e do modo latórios dos estudos clínicos) do dossiê do pedido de au-
como foram preparadas, complementada, se necessário, por torização de introdução no mercado.
outros elementos relevantes; a) A compatibilidade da substância activa com os ex-
— No que respeita às matérias corantes, a designação cipientes, bem como, as características físicoquímicas mais
através do código «E» que lhes foi atribuído pela Direc- importantes da substância activa que possam influenciar
tiva n.º 78/25/CEE do Conselho, de 12 de Dezembro de o desempenho do produto acabado ou a compatibilidade
1977, relativa à aproximação das legislações dos Estados das diferentes substâncias activas entre si, no caso de
membros respeitantes às matérias que podem ser adicio- produtos em associação, devem ser documentadas;
nadas aos medicamentos tendo em vista a sua coloração b) A escolha dos excipientes, nomeadamente em rela-
ou na Directiva 94/36/CE do Parlamento Europeu e do ção às suas funções e concentração respectivas, deve ser
Conselho, de 30 de Junho de 1994, relativa aos corantes documentada;
para utilização nos géneros alimentícios, transpostos para c) Deve ser fornecida uma descrição do desenvolvimen-
a ordem jurídica interna pelo Decreto-Lei n.º 193/2000, de to do produto acabado, tendo em consideração o modo
18 de Agosto, com a última redacção resultante do e via de administração e a utilização propostos;
Decreto-Lei n.º 166/2002, de 18 de Julho. d) Deve ser justificada qualquer eventual sobrecarga
no fabrico da(s) formulação(ões);
Por forma a especificar a «composição quantitativa» da e) No que respeita às propriedades físico-químicas e
ou das substâncias activas do produto acabado, impor- biológicas, qualquer parâmetro relevante para o desempe-
ta, dependendo da forma farmacêutica em questão, espe- nho do produto acabado deve ser abordado e documen-
cificar a massa ou o número de unidades de actividade tado;
biológica por unidade de dose ou por unidade de massa f) Devem ser indicadas a selecção e optimização do
ou volume, de cada substância activa. processo de fabrico, bem como as diferenças entre o ou
As substâncias activas presentes sob a forma de com- os processos de fabrico utilizados para produzir lotes
postos ou derivados devem ser designadas quantitativa- clínicos críticos e o processo utilizado para o fabrico do
mente pela sua massa total e, se necessário ou relevante, produto acabado proposto;
da massa da fracção activa ou das fracções da molécula. g) A adequação do recipiente e do sistema de fecho
No caso dos medicamentos que contenham uma subs- utilizado para armazenamento, transporte e utilização do
tância activa que é objecto de um pedido de autorização produto acabado deve ser documentada. Uma possível
de introdução no mercado em qualquer Estado membro interacção entre medicamento e acondicionamento primá-
pela primeira vez, a declaração quantitativa de uma subs- rio pode ter de ser considerada;
tância activa que seja um sal ou um hidrato deve ser sis- h) As propriedades microbiológicas da forma farmacêu-
tematicamente expressa em termos da massa da fracção tica em relação a produtos não estéreis e estéreis devem
activa ou das fracções da molécula. A composição quan- estar em conformidade com a Farmacopeia Europeia e
titativa de todos os medicamentos autorizados subsequen- documentados tal como aí prescrito;
temente nos Estados membros deve ser declarada da i) De forma a fornecer informações de apoio adequa-
mesma forma para a mesma substância activa. das para a etiquetagem, a compatibilidade do produto
Devem ser especificadas as unidades de actividade acabado com o ou os solventes de reconstituição ou os
biológica no que respeita às substâncias que não pos- dispositivos de dose deve ser documentada.
sam ser definidas em termos moleculares. Caso a Organi- 3.2.2.3 — Processo de fabrico do produto acabado.
zação Mundial de Saúde tenha definido uma dada unida- a) A descrição do método de fabrico que acompanha
de internacional de actividade biológica, deve utilizar-se o pedido de autorização, por força da alínea g) do n.º 2
a referida unidade. Caso não esteja definida uma unidade do artigo 16.º, deve ser redigida de forma a que consti-
internacional, a unidade de actividade biológica deve ser tua uma sinopse adequada da natureza das operações
expressa para que veicule informação desprovida de am- utilizadas.
biguidades sobre a actividade da substância, utilizando, Para este efeito deve incluir, no mínimo:
se aplicável, as unidades da Farmacopeia Europeia.
3.2.2.2 — Desenvolvimento farmacêutico. — A menção das diversas fases de fabrico, incluindo
Este capítulo deve ser dedicado à informação sobre os o processo de controlo e os critérios de aceitação cor-
estudos de desenvolvimento efectuados para determinar respondentes, por forma a que se possa apreciar se os
se a apresentação, a formulação, o processo de fabrico, processos empregues na obtenção da forma farmacêutica
o sistema de fecho do acondicionamento primário, as pro- são susceptíveis de provocar uma alteração adversa dos
priedades microbiológicas e as instruções de uso são componentes;
adequados para a utilização a que se destinam, especifi- — No caso de fabrico contínuo, todas as informações
cada no dossiê de pedido de autorização de introdução detalhadas sobre as medidas tomadas para garantir a
no mercado. homogeneidade do produto acabado;
Os estudos descritos neste capítulo são diferentes dos — Estudos experimentais de validação do processo de
ensaios de controlo de rotina efectuados de acordo com fabrico, caso se trate de um método de fabrico não nor-
as especificações. Os parâmetros críticos da formulação malizado ou se tal se afigure crítico para o produto;
6358 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

— No que respeita aos medicamentos estéreis, infor- d) Excipientes novos:


mações sobre os processos de esterilização e/ou de as- Para excipientes utilizados pela primeira vez num medi-
sepsia utilizados; camento ou através de um nova via de administração, os
— A composição detalhada da fórmula de fabrico. dados pormenorizados sobre o fabrico, a caracterização e
os controlos, com referências cruzadas a dados de segu-
Deve indicar-se o nome, o endereço e a responsabili- rança que os apoiem, não clínicos e clínicos, devem ser
dade de cada fabricante, incluindo dos adjudicatários e fornecidos de acordo com a substância activa no forma-
de cada local ou instalação de produção propostos en- to previamente descrito.
volvidos no fabrico e nos ensaios. Deve ser apresentado um documento contendo as in-
b) Devem ser incluídas informações relativas aos en- formações químicas, farmacêuticas e biológicas em por-
saios de controlo de medicamentos que possam eventu- menor. Estas informações devem ser formatadas na mes-
almente efectuar-se nas fases intermédias do processo de ma ordem que a do capítulo dedicado à ou às substâncias
fabrico, por forma a assegurar a regularidade do proces- activas incluídas no módulo 3.
so de produção. As informações sobre o ou os novos excipientes po-
Estes ensaios são indispensáveis para a verificação da dem ser apresentadas num documento único que respei-
conformidade do medicamento com a respectiva fórmula te o formado descrito nos anteriores parágrafos. Quando
caso o requerente proponha, a título excepcional, um o requerente não seja o fabricante do novo excipiente, o
método analítico para o ensaio do produto acabado que referido documento único deve ser posto à disposição do
não inclua o doseamento de todas as substâncias acti- requerente para ser apresentado à autoridade competente.
vas (ou de todos os componentes do excipiente a que se As informações adicionais sobre os estudos de toxici-
apliquem os mesmos requisitos que para as substâncias dade com o novo excipiente devem ser fornecidas no
activas). módulo 4 do dossiê.
O mesmo se verifica caso o controlo de qualidade do Os estudos clínicos devem ser fornecidos no módulo 5.
produto acabado dependa de ensaios de controlo em 3.2.2.5 — Controlo do produto acabado.
processo, nomeadamente caso o medicamento seja essen- Para efeitos de controlo do produto acabado, enten-
cialmente definido pelo respectivo método de preparação. de-se por lote do medicamento o conjunto de todas as
c) Devem ser apresentados a descrição, a documenta- unidades de uma dada forma farmacêutica preparadas a
ção e os resultados dos estudos de validação para os partir de uma mesma quantidade inicial de substância e
passos ou doseamentos críticos utilizados no processo submetidas à mesma série de operações de fabrico e/ou
de fabrico. esterilização ou, caso se trate de um processo de produ-
3.2.2.4 — Controlo dos excipientes. ção contínua, o conjunto das unidades fabricadas num
a) Todas as substâncias necessárias para fabricar o ou dado período de tempo.
os excipientes devem ser indicadas, identificando em que Salvo justificação adequada, o desvio máximo aceitá-
fase do processo cada substância é utilizada. Devem ser vel para o teor de substância activa no produto acabado
fornecidas informações sobre a qualidade e o controlo não deve exceder ± 5 % aquando do fabrico.
dessas substâncias, bem como, informações que demons- Devem ser fornecidas informações pormenorizadas so-
tram que as substâncias satisfazem os padrões adequa- bre as especificações (de libertação e de prazo de valida-
dos para o uso a que se destinam. de) justificação para a sua escolha, os métodos de análi-
Os corantes, em todos os casos, devem satisfazer os se e a sua validação.
requisitos das Directivas n.º 78/25/CEE e/ou 94/36/CE, 3.2.2.6 — Preparações ou substâncias de referência.
respeitando os critérios de pureza estabelecidos no De- As preparações e substâncias de referência utilizados
creto-Lei n.º 193/2000, de 18 de Agosto, na redacção re- para os ensaios do produto acabado devem ser identifi-
sultante do Decreto-Lei n.º 166/2002, de 18 de Julho. cadas e descritas em pormenor se não o tiverem sido
b) Para cada excipiente, as especificações e as suas previamente feitos na secção relativa à substância activa.
justificações devem ser detalhadas. Os procedimentos 3.2.2.7 — Acondicionamento primário e sistema de fe-
analíticos devem ser descritos e devidamente validados. cho do produto acabado.
c) Deve ser dada atenção específica aos excipientes de Deve ser fornecida uma descrição do acondicionamen-
origem humana ou animal. to primário e do(s) sistema(s) de fecho, incluindo a iden-
No que respeita às medidas específicas relativas à pre- tidade de cada material de acondicionamento primário e
venção da transmissão das encefalopatias espongiformes as suas especificações, que devem incluir a descrição e
animais, o requerente deve demonstrar também para os identificação. Os métodos não incluídos nas farmacopeias
excipientes que o medicamento é fabricado de acordo com (com validação) serão incluídos quando adequado.
a Norma Orientadora sobre a Minimização do Risco de No caso do material de acondicionamento secundário
Transmissão das Encefalopatias Espongiformes Animais não funcional deve ser fornecida apenas uma breve des-
através dos Medicamentos e suas actualizações, publica- crição.
das pela Comissão Europeia no Jornal Oficial da União No caso do material de acondicionamento secundário
Europeia. funcional, deve ser fornecida informação suplementar.
A demonstração da conformidade com a referida nor- 3.2.2.8 — Estabilidade do produto acabado.
ma orientadora pode ser realizada quer apresentando, de a) Devem ser resumidos os tipos de estudos efectua-
preferência, um certificado de conformidade com a mono- dos, os protocolos utilizados e os resultados dos estu-
grafia correspondente sobre as encefalopatias espongifor- dos.
mes transmissíveis da Farmacopeia Europeia, quer forne- b) Os resultados detalhados dos estudos de estabili-
cendo dados científicos que consubstanciem essa dade, incluindo informações sobre os procedimentos ana-
conformidade. líticos utilizados para obter os dados e a validação des-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6359

ses procedimentos, devem ser apresentados num formato 4.2 — Conteúdo: princípios e requisitos básicos — Deve
adequado; no caso das vacinas, devem ser fornecidas ser dada especial atenção aos seguintes elementos:
informações, quando adequado, sobre a estabilidade cu- (1) Os ensaios toxicológicos e farmacológicos devem
mulativa. demonstrar:
c) O protocolo de estabilidade pós-aprovação e o com- a) A toxicidade potencial do produto, bem como quais-
promisso de estabilidade devem ser fornecidos. quer eventuais efeitos tóxicos perigosos ou indesejáveis
4 — Módulo 4: Relatórios não clínicos. nas condições de utilização propostas para o ser huma-
4.1 — Formato e apresentação — O esboço geral do mó- no; estes devem ser avaliados em relação à patologia em
dulo 4 é o seguinte: questão;
Índice; b) As propriedades farmacológicas do produto relacio-
Relatório dos estudos; nadas com a utilização prevista no ser humano, em ter-
Farmacologia: mos quantitativos e qualitativos. Todos os resultados
devem ser fidedignos e de aplicação geral. Sempre que
— Farmacodinâmica primária; adequado, devem utilizar-se métodos matemáticos e esta-
— Farmacodinâmica secundária; tísticos na concepção dos métodos experimentais e na
— Farmacologia de segurança; avaliação dos resultados. Além disso, importa informar os
— Interacções farmacodinâmicas. clínicos sobre o potencial terapêutico e toxicológico do
produto.
Farmacocinética:
(2) No que respeita aos medicamentos biológicos,
— Relatórios sobre métodos analíticos e validação;
como medicamentos imunológicos e medicamentos deri-
— Absorção;
vados do sangue ou plasma humanos, os requisitos do
— Distribuição;
presente módulo poderão ter de ser adaptados ao produ-
— Metabolismo; to em questão; por conseguinte, o requerente deve fun-
— Excreção; damentar o programa de ensaios efectuado.
— Interacções farmacocinéticas (não clínicas); Ao definir um programa de ensaios, deve atender-se ao
— Outros estudos farmacocinéticos. que se segue:
Toxicologia: — Todos os ensaios que requeiram a administração
repetida do produto devem ser concebidos por forma a
— Toxicidade por dose única; atender à eventual indução de, ou interferência com, an-
— Toxicidade por dose repetida; ticorpos;
— Genotoxicidade: — Deve ponderar-se o exame da função reprodutora,
— In vitro; da toxicidade embrionária/fetal e perinatal e do potencial
— In vivo (incluindo avaliações toxicocinéticas de mutagénico e carcinogénico. Quando os componentes
suporte). potencialmente tóxicos não forem substâncias activas, este
estudo pode ser substituído pela validação da sua supres-
Carcinogenicidade: são.
— Estudos a longo prazo;
— Estudos a curto ou médio prazo; (3) Deve investigar-se a toxicologia e a farmacocinéti-
— Outros estudos. ca de um excipiente utilizado pela primeira vez no domí-
nio farmacêutico.
Toxicidade para a função reprodutora e para o desen- (4) Quando exista a possibilidade de degradação sig-
volvimento: nificativa do medicamento durante o armazenamento, deve
atender-se à toxicologia dos produtos de degradação.
— Fertilidade e desenvolvimento embrionário inicial; 4.2.1 — Farmacologia.
— Desenvolvimento embrionário e fetal; O estudo de farmacologia deve seguir duas abordagens
— Desenvolvimento pré-natal e pós-natal; distintas:
— Estudos em que a descendência (animais juvenis) é
— Em primeiro lugar, devem investigar-se e descrever-
tratada com determinadas doses e/ou posteriormente ava-
-se adequadamente as acções relacionadas com a utiliza-
liada;
ção terapêutica proposta. Quando possível, serão utiliza-
— Tolerância local.
dos ensaios reconhecidos e validados, quer in vivo quer
in vitro. Devem descrever-se pormenorizadamente as téc-
Outros estudos de toxicidade:
nicas experimentais novas por forma a que possam ser
— Antigenicidade; reproduzidas. Os resultados devem ser expressos em ter-
— Imunotoxicidade; mos quantitativos, através do recurso a, por exemplo,
— Estudos do mecanismo de acção; curvas dose-efeito, tempo-efeito, etc. Sempre que possí-
— Dependência; vel serão feitas comparações com os dados relativos a
— Metabolitos; substâncias com uma acção terapêutica semelhante;
— Impurezas; — Em segundo lugar, o requerente deve investigar os
— Outros. potenciais efeitos farmacodinâmicos indesejáveis da subs-
tância sobre as funções fisiológicas. Estas investigações
Referências bibliográficas. devem ser realizadas com exposições na gama terapêuti-
6360 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

ca antecipada e superiores. Devem descrever-se porme- tomopatológicas induzidas pela administração repetida da
norizadamente as técnicas experimentais, excepto caso se substância activa ou da associação de substâncias acti-
trate de processos normalizados, por forma a que possam vas em estudo e a determinar o modo como se relacio-
ser reproduzidas, devendo o investigador comprovar a sua nam com a dose.
validade. Deve ser investigada qualquer suspeita de alte- Em temos gerais, considera-se desejável a execução de
ração das reacções resultantes da administração repetida dois ensaios: um a curto prazo, com uma duração de duas
da substância. a quatro semanas, e outro a longo prazo. A duração des-
te último deve depender das condições da sua utilização
No que respeita à interacção farmacodinâmica do me- clínica. O seu objectivo é descrever os potenciais efeitos
dicamento, os ensaios com associações de substâncias adversos a que se deve prestar atenção nos estudos clí-
activas podem ser desencadeados com base, quer em nicos. A duração está definida nas normas orientadoras
premissas farmacológicas, quer em indicações de efeitos correspondentes publicadas pela Agência.
terapêuticos. No primeiro caso, o estudo farmacodinâmi- c) Genotoxicidade.
co deve revelar as interacções susceptíveis de contribuir O estudo do potencial mutagénico e clastogénico des-
para o valor terapêutico da associação. No segundo caso, tina-se a revelar as alterações que uma substância pode
em que se pretende uma justificação científica para a causar no material genético dos indivíduos ou das célu-
associação através de experimentação terapêutica, a in- las. As substâncias mutagénicas podem ser perigosas para
vestigação deve determinar se é ou não possível compro- a saúde, uma vez que a exposição a estas substâncias
var no animal os efeitos previstos da associação, deven- comporta o risco de mutação germinal, incluindo a possi-
do ser no mínimo investigada a importância de quaisquer bilidade de disfunções hereditárias, e o risco de mutações
efeitos colaterais. somáticas, incluindo as que podem causar cancro. Este
4.2.2 — Farmacocinética. estudo é obrigatório para todas as substâncias novas.
A farmacocinética estuda o comportamento da subs- d) Carcinogenicidade.
tância activa e/ou dos seus metabolitos no organismo, e São geralmente requeridos ensaios de detecção de efei-
abrange o estudo da absorção, distribuição, metabolismo tos carcinogénicos:
(biotransformação) e excreção destas substâncias. 1 — Estes estudos devem ser realizados para quaisquer
O estudo destas diferentes fases pode ser efectuado
medicamentos susceptíveis de ser administrados regular-
sobretudo por meio de métodos físicos, químicos ou pos-
mente durante um período prolongado de vida dos doen-
sivelmente biológicos, e pela observação da actividade
tes, quer de forma contínua, quer repetidamente de forma
farmacodinâmica da própria substância.
intermitente.
A informação sobre a distribuição e eliminação pode
ser necessária nos casos em que tais dados sejam indis- 2 — Estes estudos são recomendados para certos me-
pensáveis para a determinação da dose no ser humano e dicamentos cujo potencial carcinogénico suscite preocu-
no que respeita a substâncias quimioterapêuticas (antibió- pação, por analogia, por exemplo, a um medicamento do
ticos, etc.) e a substâncias cuja utilização dependa dos mesmo grupo ou de estrutura semelhante, ou devido a
seus efeitos não farmacodinâmicos (por exemplo, vários efeitos observados em estudos de toxicidade por dose
meios de diagnóstico, etc.). repetida.
Podem ser realizados estudos in vitro com a vantagem 3 — Não são necessários estudos com compostos cuja
de se utilizar substâncias de origem humana para compa- genotoxicidade seja inequívoca, pois presume-se que são
ração com substâncias de origem animal (ou seja, ligação carcinogéneos trans-espécies que implicam um risco para
a proteínas, metabolismo, interacção entre medicamentos). os seres humanos. Se um medicamento deste tipo se
É necessária a investigação farmacocinética de todas destinar a administração crónica aos seres humanos, pode
as substâncias farmacologicamente activas. ser necessário um estudo crónico para detectar efeitos
No caso de novas associações de substâncias já in- tumorigénicos precoces.
vestigadas e conhecidas, em conformidade com o disposto e) Toxicidade para a função reprodutora e o desenvol-
no presente diploma, podem não ser necessários os es- vimento.
tudos de farmacocinética, se os ensaios de toxicidade e A investigação de possíveis reacções adversas sobre
a experimentação terapêutica justificarem a sua omissão. a função reprodutora masculina ou feminina, bem como
O programa farmacocinético deve ser concebido para de efeitos nocivos na descendência deve ser realizada
permitir a comparação e a extrapolação entre os animais através de ensaios adequados.
e o ser humano. Estes ensaios incluem estudos do efeito sobre a fun-
4.2.3 — Toxicologia. ção reprodutora adulta de machos e fêmeas, estudos dos
a) Toxicidade por dose única. efeitos tóxicos e teratogénicos em todas as fases de de-
Um ensaio de toxicidade por dose única é um estudo senvolvimento, desde a concepção à maturidade sexual,
qualitativo e quantitativo dos efeitos tóxicos eventualmen- bem como dos efeitos latentes quando o medicamento em
te resultantes da administração única da ou das substân- investigação foi administrado às fêmeas durante a gravi-
cias activas presentes num medicamento, nas proporções dez.
e no estado físico-químico em que estão presentes no A omissão destes ensaios deve ser adequadamente
mesmo. justificada.
O ensaio de toxicidade por dose única deve ser reali- Dependendo da utilização indicada do medicamento,
zado de acordo com as normas orientadoras correspon- podem ser necessários estudos suplementares que abor-
dentes publicadas pela Agência. dem o desenvolvimento da descendência quando o me-
b) Toxicidade por dose repetida. dicamento lhe é administrado.
Os ensaios de toxicidade por dose repetida destinam- Os ensaios de toxicidade embrionária e fetal devem
-se a revelar quaisquer alterações fisiológicas e/ou ana- normalmente efectuar-se em duas espécies de mamíferos,
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6361

uma das quais não deve ser roedora. Os estudos perina- — Relatórios de estudos que utilizam outras substân-
tais e pós-natais devem efectuar-se em pelo menos uma cias biológicas de origem humana.
espécie. Se é conhecido que o metabolismo de um dado — Relatórios de estudos de farmacocinética no ser
medicamento numa espécie particular é semelhane ao humano.
observado no homem, é desejável a inclusão desta espé- — Relatórios de estudos de farmacocinética e de tole-
cie. É igualmente desejável que uma das espécies seja a rabilidade inicial em indivíduos saudáveis.
utilizada nos estudos de toxicidade por dose repetida. — Relatórios de estudos de farmacocinética e de tole-
Ao determinar a concepção do estudo deve atender- rabilidade inicial em doentes.
-se ao estado dos conhecimentos científicos aquando da — Relatórios de estudos de farmacocinética de factor
apresentação do pedido. intrínseco.
f) Tolerância local. — Relatórios de estudos de farmacocinética de factor
Os estudos de tolerância local destinam-se a determi- extrínseco.
nar se os medicamentos (quer substâncias activas quer — Relatórios de estudos de farmacocinética na popu-
excipientes) são tolerados em locais do corpo que pode- lação.
rão vir a entrar em contacto com o medicamento em con- — Relatórios de estudos de farmacodinâmica no ser
sequência da sua administração na prática clínica. A es- humano.
tratégia de ensaio deve ser de molde a que se possa — Relatórios de estudos de farmacodinâmica e farma-
diferenciar entre efeitos mecânicos da administração ou cocinética / farmacodinâmica em indivíduos saudáveis.
acções meramente físico-químicas do medicamento e efei- — Relatórios de estudos de farmacodinâmica e farma-
tos tóxicos ou farmacodinâmicos. cocinética / farmacodinâmica em doentes.
Os ensaios de tolerância local devem ser realizados com — Relatórios de estudos de eficácia e segurança.
a preparação que está a ser desenvolvida para uso hu- — Relatórios de estudos clínicos controlados relevan-
mano, utilizando o veículo e/ou os excipientes no trata- tes para a indicação requerida.
mento do(s) grupo(s) de controlo. — Relatórios de estudos clínicos não controlados.
Os controlos positivos ou as substâncias de referên- — Relatórios de análises de dados provenientes de
cia serão incluídos quando necessário. mais do que um estudo, incluindo quaisquer análises in-
A concepção dos ensaios de tolerância local (escolha tegradas, meta-análises e análises de ligação.
de espécies, duração, frequência, via de administração, — Outros relatórios de estudos clínicos.
doses) dependerá do problema a ser investigado e das — Relatórios de experiência pós-comercialização.
condições de administração propostas para utilização clí- — Referências bibliográficas.
nica. Deve ser realizada a reversibilidade das lesões lo-
cais quando relevante. 5.2 — Conteúdo: princípios e requisitos básicos.
Os estudos com animais podem ser substituídos por Deve ser dada especial atenção aos seguintes elemen-
ensaios in vitro validados desde que os resultados dos tos:
ensaios sejam de qualidade e utilidade comparáveis, para a) Os elementos de ordem clínica a apresentar por for-
efeitos de avaliação da segurança. ça da alínea i) do n.º 2 do artigo 16.º e do artigo 20.º devem
No caso de substâncias químicas a aplicar na pele (por permitir a elaboração de um parecer cientificamente váli-
exemplo, dérmicas, rectais, vaginais), o potencial de sen- do e suficientemente fundamentado sobre se o medica-
sibilização deve ser avaliado, pelo menos, por um dos mento satisfaz os critérios que regem a concessão da
métodos de ensaio actualmente disponíveis (o ensaio com autorização de introdução no mercado. Por conseguinte,
cobaias ou o ensaio de gânglio linfático local). o facto de serem divulgados os resultados de todos os
5 — Módulo 5: Relatórios de estudos clínicos. ensaios clínicos, favoráveis ou desfavoráveis, constitui
5.1 — Formato e apresentação.
um requisito essencial.
O esboço geral do módulo 5 é o seguinte: b) Os ensaios clínicos devem ser sempre precedidos
— Índice dos relatórios de estudos clínicos. de ensaios farmacológicos e toxicológicos adequados efec-
— Lista de todos os estudos clínicos em forma de tuados no animal em conformidade com os requisitos do
tabela. módulo 4 do presente anexo. O investigador deve tomar
— Relatórios de estudos clínicos. conhecimento das conclusões dos estudos farmacológi-
— Relatórios de estudos bio-farmacêuticos. cos e toxicológicos, devendo portanto o requerente co-
— Relatórios de estudos de biodisponibilidade. locar à sua disposição pelo menos a brochura do inves-
— Relatórios de estudos comparativos de biodisponi- tigador, que inclui toda a informação relevante conhecida
bilidade e de bioequivalência. antes do início do ensaio clínico e abrange os dados
— Relatórios de estudos de correlação in vitro — in químicos, farmacêuticos e biológicos e os dados toxico-
vivo. lógicos, farmacocinéticos e farmacodinâmicos no animal,
— Relatórios de estudos de métodos bioanalíticos e bem como os resultados de ensaios clínicos prévios, sen-
analíticos. do os dados adequados para que se justifique a nature-
— Relatórios de estudos relevantes para a farmaco- za, ordem de grandeza e duração do ensaio proposto;
cinética utilizando substâncias biológicas de origem devem ser apresentados, mediante pedido, os relatórios
humana. farmacológicos e toxicológicos integrais. No que respeita
— Relatórios de estudos de ligação a proteínas plas- às substâncias de origem humana ou animal, deve recor-
máticas. rer-se a todos os meios disponíveis para assegura, antes
— Relatórios de estudos do metabolismo hepático e do início do ensaio, a não transmissão de agentes infec-
da interacção entre medicamentos. ciosos antes do início do ensaio.
6362 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

c) Os titulares das autorizações de introdução no mer- — À lista do(s) investigador(es), devendo cada inves-
cado devem tomar as medidas necessárias para que os tigador indicar o respectivo nome, morada, funções, qua-
documentos essenciais relativos aos ensaios clínicos (in- lificações e actividades clínicas e especificar o local em
cluindo os formulários/relatórios de registo e de notifica- que o ensaio se desenrolou; cada investigador deve co-
ção de casos clínicos ou reacções adversas), à excepção ligir separadamente a informação relativa a cada doente,
dos processos médicos dos doentes, sejam conservados incluindo os formulários de notificação de casos relati-
pelos proprietários dos dados: vos a cada um dos participantes no ensaio;
— Durante, pelo menos, 15 anos após a conclusão ou — Ao relatório final assinado pelo investigador e, para
interrupção do ensaio. os ensaios multicêntricos, por todos os investigadores
— Ou, pelo menos, 2 anos após a concessão da últi- principais ou pelo investigador coordenador (principal).
ma autorização de introdução na Comunidade Europeia e
até não haver pendente nem previsto qualquer pedido de e) As informações acima referidas relativas aos ensai-
introdução no mercado na Comunidade Europeia. os clínicos devem ser enviadas às autoridades competen-
— Ou, pelo menos, 2 anos após a interrupção formal tes. Contudo, caso estas concordem, o requerente pode
do desenvolvimento clínico do medicamento experimental. omitir parte desta informação.
Mediante pedido, a documentação integral deve ser
Os processos clínicos dos doentes devem ser conser- imediatamente colocada à disposição das autoridades
vados em conformidade com a legislação aplicável e de competentes.
acordo com o período de tempo máximo permitido pelo Nas suas conclusões sobre os dados experimentais, o
hospital, instituição ou consultório particular. investigador deve emitir um parecer quanto à segurança
No entanto, os documentos podem ser conservados do medicamento em condições normais de utilização, à sua
durante mais tempo se os requisitos regulamentares apli- tolerância e à sua eficácia e incluir todas as informações
cáveis o exigirem ou por acordo com o promotor. Cabe úteis relativas às indicações e contra-indicações, à poso-
ao promotor informar o hospital, a instituição ou o con- logia e à duração média do tratamento, bem como, a quais-
sultório de quando os documentos deixam de ser neces- quer precauções especiais a tomar durante o tratamento
sários. e aos sintomas clínicos da sobredosagem. Ao notificar os
O promotor ou outro proprietário dos dados deve con- resultados de um estudo multicêntrico, o investigador
servar toda a restante documentação relativa ao ensaio principal deve exprimir, nas respectivas conclusões, um
durante o período em que o medicamento é autorizado. parecer sobre a segurança e eficácia do medicamento ex-
Estes dados devem abranger: o protocolo do ensaio, in- perimental em nome de todos os centros.
cluindo a fundamentação, os objectivos e a concepção f) No que respeita a cada ensaio, devem ser resumidas
estatística e a metodologia do ensaio, as condições ao informações clínicas que especifiquem:
abrigo das quais este se processa e é gerido, bem como 1) O número e o sexo dos indivíduos tratados;
informações sobre o medicamento experimental, o medi- 2) A selecção e a repartição etária dos grupos de do-
camento de referência e/ou o placebo utilizados; os pro- entes examinados e dos ensaios comparativos;
cessos operativos normalizados; todos os pareceres es- 3) O número de doentes que abandonaram prematura-
critos relativos ao protocolo e aos processos; a brochura mente o ensaio e os respectivos motivos;
do investigador; os formulários de notificação de casos 4) Caso os ensaios controlados se tenham desenrola-
relativos a cada um dos participantes no ensaio; o rela- do de acordo com as condições acima referidas, indicar
tório final; o ou os certificados de auditoria, se disponí- se o grupo de controlo:
veis. O promotor ou proprietário subsequente deve con-
servar o relatório final durante cinco anos após a — Não recebeu tratamento;
autorização do medicamento ter sido cancelada. — Recebeu um placebo;
Além dos ensaios realizados no território da Comuni- — Recebeu outro medicamento com efeitos conheci-
dade Europeia, o titular da autorização de introdução no dos;
mercado toma as medidas adicionais necessárias para ar- — Recebeu um outro tratamento sem medicamentos;
quivar a documentação em conformidade com o disposto
na Lei n.º 46/2004, de 19 de Agosto, e na Directiva 5) A frequência das reacções adversas observadas;
n.º 2005/28/CE e aplica as orientações pormenorizadas. 6) Informações relativas a doentes que possam apre-
Deve ser documentada qualquer mudança de proprie- sentar um risco acrescido (por exemplo, idosos, crianças,
dade dos dados. mulheres grávidas ou em idade fértil) ou cujo estado fisio-
Todos os dados e documentos devem ser postos à lógico ou patológico careça de especial atenção;
disposição das autoridades competentes se estas os exi- 7) Parâmetros ou critérios de avaliação da eficácia e
girem. resultados no âmbito desses parâmetros;
d) As informações relativas a cada ensaio clínico de- 8) Uma avaliação estatística dos resultados, quando tal
vem ser suficientemente pormenorizadas para que permi- se justifique em virtude da concepção dos ensaios e dos
tam um julgamento objectivo relativamente: factores variáveis em questão.
— Ao protocolo, incluindo a fundamentação, os ob-
g) Além disso, o investigador deve indicar sempre as
jectivos e a concepção estatística e metodologia do en-
suas observações no tocante a:
saio, as condições ao abrigo das quais este se processa
e é gerido, bem como informações sobre o medicamento 1) Quaisquer sinais de habituação, dependência ou
experimental utilizado; dificuldades no desmame dos doentes em relação ao
— Ao(s) certificado(s) de auditoria, se disponíveis; medicamento;
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6363

2) Quaisquer interacções observadas com outros me- e a resposta farmacocinética. Devem ser fornecidos rela-
dicamentos administrados concomitantemente; tórios de estudos de farmacocinética e de tolerância ini-
3) Critérios que conduzam à exclusão de certos doen- cial em indivíduos saudáveis e em doentes, relatórios de
tes do ensaio; estudos de farmacocinética para avaliar os efeitos de fac-
4) Quaisquer mortes ocorridas durante o ensaio ou no tores intrínsecos e extrínsecos e relatórios de estudos de
período de observação que se lhe segue. farmacocinética populacional.
b) Caso o medicamento seja geralmente administrado
h) As informações relativas a qualquer nova associa- concomitantemente com outros medicamentos, devem ser
ção de medicamentos devem ser idênticas às requeridas prestadas informações sobre os ensaios de administração
para os medicamentos novos e comprovar a segurança e conjunta efectuados de forma a demonstrar eventuais
eficácia da associação. modificações da acção farmacológica.
i) Deve justificar-se a omissão total ou parcial de da- As interacções farmacocinéticas entre a substância
dos. Caso se verifiquem resultados imprevistos no decur- activa e outros medicamentos ou substâncias devem ser
so dos ensaios, devem efectuar-se e analisar-se novos investigadas.
ensaios toxicológicos e farmacológicos pré-clínicos. 5.2.4 — Relatórios de estudos de farmacodinâmica no
j) Caso o medicamento se destine a ser administrado a ser humano.
longo prazo, devem ser dadas informações relativas a a) Deve ser demonstrada a acção farmacodinâmica cor-
qualquer eventual alteração da acção farmacológica na relacionada com a eficácia, incluindo:
sequência de administrações repetidas, devendo ser igual-
— A relação dose-efeito e a respectiva evolução no
mente estabelecida a posologia para uma administração a
tempo;
longo prazo.
— A justificação da dose e das condições de admi-
5.2.1 — Relatórios de estudos bio-farmacêuticos.
nistração;
Devem ser fornecidos relatórios de estudos de biodis-
— Se possível, o modo de acção.
ponibilidade, relatórios de estudos comparativos de bio-
disponiblidade e de bioequivalência, relatórios sobre es-
Deve ser descrita a acção farmacodinâmica não relaci-
tudos de correlação in vitro e in vivo, bem como, os
onada com a eficácia.
métodos biológicos e analíticos.
A demonstração de efeitos farmacodinâmicos no ho-
A avaliação da biodisponibilidade deve também efec-
mem, por si só, não basta para justificar conclusões rela-
tuar-se caso seja necessária para demonstrar a bioequi-
tivas a um potencial efeito terapêutico.
valência dos medicamentos, como referido no artigo 20.º
b) Caso o medicamento seja geralmente administrado
5.2.2 — Relatórios de estudos relevantes para a far-
concomitantemente com outros medicamentos, devem ser
macocinética utilizando substâncias biológicas de ori-
prestadas informações sobre os ensaios de administração
gem humana.
conjunta efectuados por forma a demonstrar eventuais
Para efeitos do presente anexo, entende-se por mate-
modificações da acção farmacológica.
rial biológico humano quaisquer proteínas, células, teci-
As interacções farmacodinâmicas entre a substância
dos e substâncias afins de origem humana que são utili-
activa e outros medicamentos e substâncias devem ser
zados in vitro ou ex vivo para avaliar as propriedades
investigadas.
farmacocinéticas das substâncias medicamentosas.
5.2.5 — Relatórios de estudos de eficácia e segurança.
A este respeito, devem ser fornecidos relatórios de
5.2.5.1 — Relatórios de estudos clínicos controlados re-
estudos de ligação a proteínas plasmáticas, de estudos
levantes para a indicação requerida.
sobre o metabolismo hepático e a interacção de substân-
Os ensaios clínicos devem, em geral, assumir a forma
cias activas e relatórios de estudos utilizando outro ma-
de «ensaios clínicos controlados», se possível aleatórios
terial biológico humano.
e, conforme adequado, comparativamente a um placebo e
5.2.3 — Relatórios de estudos farmacocinéticos no ser
a um medicamento conhecido com valor terapêutico com-
humano.
provado; qualquer outra modalidade deve ser justificada.
a) Serão descritas as seguintes características farmaco-
O tratamento atribuído ao grupo controlado varia conso-
cinéticas:
ante os casos e depende igualmente de questões deon-
— Absorção (velocidade e grau); tológicas e do domínio terapêutico; assim, em certos ca-
— Distribuição; sos, pode ser mais adequado comparar a eficácia de um
— Metabolismo; medicamento novo com a de um medicamento conhecido
— Excreção. com valor terapêutico comprovado e não com a de um
placebo.
Devem ser descritas as características clinicamente sig- (1) Na medida do possível e em especial nos ensaios
nificativas, nomeadamente as implicações dos dados ci- em que o efeito do medicamento não possa ser objecti-
néticos na posologia, especialmente nos doentes de ris- vamente medido, devem adoptar-se medidas de preven-
co, e as diferenças entre o homem e as espécies animais ção de erros, como a aleatorização e os ensaios em ocul-
utilizadas nos estudos pré-clínicos. tação.
Além dos estudos farmacocinéticos normalizados de (2) O protocolo do ensaio deve conter uma descrição
amostras múltiplas, as análises de farmacocinética popu- pormenorizada dos métodos estatísticos a utilizar, do
lacional com base em amostras analisadas durante os número de doentes e dos motivos para sua inclusão (in-
estudos clínicos também podem servir para abordar as cluindo cálculos do valor estatístico de ensaio), do nível
questões relativas à contribuição de factores intrínsecos de significância a utilizar e uma descrição da unidade de
e extrínsecos para a variabilidade da relação entre a dose calculo estatístico. Devem ser documentadas as medidas
6364 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

adoptadas para evitar os erros, nomeadamente métodos Aplicam-se as seguintes regras específicas de forma a
de aleatorização. A inclusão de um grande número de demonstrar o uso clínico bem estabelecido:
indivíduos num ensaio não deve ser encarada como uma a) Os factores a que se deve atender a fim de estabe-
forma de compensar a ausência de um ensaio adequado. lecer o uso clínico bem estabelecido dos componentes dos
Os dados relativos à segurança devem ser analisados medicamentos são:
à luz das normas orientadoras publicadas pela Comissão
Europeia, dando particular atenção a acontecimentos re- — O período de tempo durante o qual a substância
sultantes de uma alteração da dose ou da necessidade foi utilizada;
de medicação concomitante, a acontecimentos adversos — Os aspectos quantitativos da utilização da substância;
graves, a acontecimentos que tenham causado a exclu- — O grau de interesse científico na utilização da subs-
são do ensaio e a mortes. Os doentes ou grupos de do- tância (reflectido na literatura científica publicada); e
entes em risco acrescido devem ser identificados, e deve — A coerência das avaliações científicas.
ser dada especial atenção a doentes potencialmente vul-
Por conseguinte, podem ser necessários períodos de
neráveis que possam estar presentes em número reduzi-
tempo diferentes para estabelecer o uso bem determina-
do, por exemplo, crianças, grávidas, idosos frágeis, pes-
do de substâncias diferentes. Em todo o caso, porém, o
soas com deficiências evidentes de metabolismo ou de
período de tempo exigido para o estabelecimento do uso
excreção, etc. Deve ser descrita a implicação da avalia- bem determinado não deve ser inferior a uma década após
ção da segurança para as possíveis utilizações do medi- a primeira utilização sistemática e documentada dessa
camento. substância como medicamento na Comunidade.
5.2.5.2 — Relatórios de estudos clínicos não controla- b) A documentação apresentada pelo requerente deve
dos, relatórios de análises de dados provenientes de mais abranger todos os aspectos da avaliação da eficácia
de um estudo e outros relatórios de estudos clínicos. e/ou da segurança e incluir ou referir-se a uma revisão
Devem ser fornecidos os relatórios acima referidos. da literatura relevante, que atenda a estudos anteriores e
5.2.6 — Relatórios de experiência pós-comercialização. posteriores à introdução no mercado e à literatura cientí-
Caso o medicamento esteja já autorizado em países fica publicada referente à experiência em termos de estu-
terceiros, devem ser apresentadas informações relativa- dos epidemiológicos, nomeadamente estudos epidemioló-
mente às reacções adversas do medicamento em questão, gicos comparativos. Toda a documentação, favorável e
bem como, aos medicamentos com a(s) mesma(s) desfavorável, deve ser comunicada. No que respeita às
substância(s) activa(s), indicando se possível a sua inci- disposições relativas ao «uso clínico bem estabelecido»,
dência. é particularmente necessário esclarecer que «a referência
5.2.7 — Formulários de notificação de casos e regis- bibliográfica» a outras fontes de dados (estudos posteri-
tos individuais dos doentes. ores à introdução no mercado, estudos epidemiológicos,
Quando submetidos de acordo com a norma orienta- etc.), e não apenas os dados relacionados com estudos
dora correspondente publicada pela Agência, os formu- e ensaios, pode constituir uma prova válida de seguran-
lários de notificação de casos e os registos com os da- ça e eficácia de um medicamento, se o requerente expli-
dos individuais dos doentes devem ser apresentados pela car e fundamentar a utilização de tais fontes de informa-
mesma ordem que os relatórios de estudos clínicos e in- ção de forma satisfatória.
dexados por estudo. c) Deve prestar-se particular atenção a qualquer infor-
mação inexistente e deve ser apresentada uma justifica-
ção do motivo por que se pode defender a demonstração
PARTE II de um nível de segurança e/ou eficácia aceitável, pese
embora a ausência de alguns estudos.
Dossiês e requisitos específicos de autorização d) As sínteses não clínicas e/ou clínicas devem expli-
de introdução no mercado car a importância de quaisquer dados apresentados refe-
rentes a um medicamento diferente do medicamento des-
Alguns medicamentos apresentam características espe- tinado a ser introduzido no mercado.
cíficas tais, que todos os requisitos do dossiê do pedido Há que decidir se o medicamento estudado pode ser
de autorização de introdução no mercado, conforme o considerado análogo ao medicamento para o qual se apre-
disposto na parte I do presente anexo, devem ser adapta- sentou um pedido de autorização de introdução no mer-
dos. Para ter em conta estas situações especiais, os re- cado, apesar das diferenças existentes.
querentes devem adaptar em conformidade a apresen- e) A experiência pós-comercialização com outros medi-
tação do dossiê. camentos que contenham os mesmos componentes é
particularmente importante e os requerentes devem dar
1 — Uso clínico bem estabelecido (artigo 21.º).
ênfase especial a esta questão.
Para medicamentos cuja substância ou substâncias 2 — Medicamentos essencialmente similares.
activas tenham um «uso clínico bem estabelecido», como a) Os pedidos apresentados ao abrigo do artigo 20.º a
referido no artigo 21.º, e apresentem uma eficácia reco- 23.º com base em documentação completa relativa à au-
nhecida e um nível de segurança aceitável, devem apli- torização de um medicamento de referência devem conter
car-se as seguintes regras específicas. os dados descritos nos módulos 1, 2 e 3 da parte I do
O requerente deve apresentar os módulos 1, 2 e 3 de presente anexo, desde que o requerente tenha obtido o
acordo com a parte I do presente anexo. consentimento do titular da autorização original de intro-
Para os módulos 4 e 5, uma bibliografia científica de- dução no mercado para se referir ao conteúdo dos mó-
talhada abordará características não clínicas e clínicas. dulos 4 e 5.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6365

b) Os pedidos apresentados ao abrigo do artigo 20.º e mente similares (genéricos) não permitirem a demonstra-
fundamentados no decurso do prazo de protecção de ção da natureza similar dos dois medicamentos biológi-
dados de que beneficia o titular do medicamento de refe- cos, devem ser fornecidos dados suplementares, nomea-
rência devem conter os dados descritos nos módulos 1, damente o perfil toxicológico e clínico.
2 e 3 da Parte I do presente anexo e os dados que de- Caso um medicamento biológico, tal como definido no
monstrem biodisponibilidade e bioequivalência com o ponto 3.2 da parte I do presente anexo, que diga respeito
medicamento original desde que este não seja um medi- a um medicamento original ao qual foi concedido uma
camento biológico (ver ponto 4 da parte II «Medicamen- autorização de introdução no mercado na Comunidade,
tos biológicos similares»). seja objecto de um pedido de autorização de introdução
No que respeita a estes medicamentos, os resumos ou no mercado por um requerente independente depois de
as sínteses não clínicos e clínicos focarão em particular terminado o período de protecção de dados, deve ser
os seguintes elementos: aplicada a abordagem que se segue:
— Os motivos por que se evoca uma semelhança es- — A informação a fornecer não se deve limitar aos
sencial; módulos 1, 2 e 3 (dados farmacêuticos, químicos e bioló-
— Um resumo das impurezas presentes nos lotes da gicos), acompanhada por dados de bioequivalência e de
ou das substâncias activas, bem como nos lotes do pro- biodisponibilidade. Assim, o tipo e a quantidade de da-
duto acabado (e, quando aplicável, dos produtos de de- dos suplementares (ou seja, dados toxicológicos e outros
gradação que surgem durante o armazenamento), tal como dados não clínicos e clínicos apropriados) serão determi-
proposta(s) para utilização no medicamento a introduzir nados caso a caso.
no mercado, juntamente com uma avaliação dessas impu- — Devido à diversidade dos medicamentos biológicos,
rezas; a necessidade de estudos identificados previstos nos
— Uma avaliação dos estudos de bioequivalência ou módulos 4 e 5 deve ser decidida pela autoridade compe-
uma justificação para os estudos não terem sido realiza- tente, atendendo às características específicas de cada
dos de acordo com a norma orientadora relativa ao «Es- medicamento individualmente.
tudo da biodisponibilidade e da bioequivalência»;
— Uma actualização da literatura publicada referente à Os princípios gerais a aplicar são abordados nas nor-
substância e ao presente pedido. Pode ser aceite a refe- mas orientadoras publicadas pela Agência, tendo em con-
ta as características do medicamento biológico em ques-
rência para este efeito a artigos publicados em revistas
tão. Caso o medicamento originalmente autorizado tenha
especializadas;
mais do que uma indicação, a eficácia e a segurança do
— Todas as características evocadas no resumo das
medicamento que se evoca como similar devem ser justi-
características do medicamento que não sejam conheci-
ficadas ou, se necessário, demonstradas separadamente
das ou não se possam deduzir a partir das propriedades
para cada uma das indicações requeridas.
do medicamento e/ou do seu grupo terapêutico devem ser
5 — Associação fixa de medicamentos.
discutidas no resumo ou nas sínteses não clínicos e clí- Os pedidos fundamentados no artigo 22.º dizem res-
nicos e consubstanciadas por literatura publicada e/ou peito a novos medicamentos composto por, pelo menos,
estudos suplementares; duas substâncias activas que não tenham sido anterior-
— Se aplicável, quando este evoque uma semelhança mente autorizados como associação fixa.
essencial, o requerente deve fornecer dados suplementa- Para estes pedidos, deve ser fornecido um dossiê com-
res de forma a demonstrar a equivalência das proprieda- pleto (módulos 1 a 5) para a associação fixa. Se aplicá-
des de segurança e de eficácia dos vários sais, ésteres vel, devem ser fornecidas as informações relativas aos
ou derivados de uma substância activa autorizada. locais de fabrico e à avaliação da segurança dos agentes
adventícios.
3 — Dados suplementares necessários em situações 6 — Documentação para pedidos em circunstâncias
específicas. excepcionais.
Caso a substância activa de um medicamento essencial- Quando, de acordo com o disposto no n.º 2 do arti-
mente similar contenha o mesmo grupo terapêutico que o go 25.º, o requerente possa demonstrar ser incapaz de for-
medicamento autorizado original, associada a um sal/és- necer dados completos sobre a eficácia e segurança em
ter ou complexo/derivado diferente, deve ser demostrado condições normais de utilização, em virtude de:
que não existe qualquer alteração na farmacocinética des-
te grupo, na farmacodinâmica e/ou na toxicidade que — O medicamento em questão estar indicado em situa-
possa afectar o perfil de segurança/eficácia. Se não for ções tão raras que se não pode esperar que o requerente
esse o caso, esta associação deve ser considerada como forneça dados completos, ou
uma nova substância activa. — Não ser possível apresentar informações completas
Se o medicamento se destinar a uma outra utilização, no actual estado dos conhecimentos científicos, ou
for apresentado com uma forma farmacêutica distinta ou — A recolha de tal informação não se coadunar com
os princípios geralmente aceites de deontologia médica,
se destinar a ser administrado por vias diferentes, em
pode ser concedida uma autorização de introdução no mer-
doses diferentes ou com uma posologia diferente, devem
cado caso se verifiquem determinadas condições especí-
ser fornecidos os resultados de ensaios toxicológicos e
ficas.
farmacêuticos e/ou ensaios clínicos adequados.
4 — Medicamentos biológicos similares.
Essas condições podem incluir o seguinte:
As disposições do artigo 20.º podem não ser suficien-
tes no caso dos medicamentos biológicos. Se as infor- — O requerente deve proceder, no prazo especificado
mações requeridas no caso dos medicamentos essencial- pelas autoridades competentes, a um programa de estu-
6366 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

dos bem determinado, cujos resultados irão estar na base rização de introdução no mercado. Caso o requerente ou
de uma reavaliação da relação benefício-risco; o titular de uma autorização de introdução no mercado
— O medicamento em questão deve ser de receita obri- não seja o titular do PMF, este arquivo deve ser posto à
gatória e só pode ser administrado em certos casos sob disposição do requerente ou titular da autorização de
controlo médico estrito, possivelmente num hospital ou, introdução no mercado para que seja apresentado ao
no que respeita a um medicamento radiofarmacêutico, por INFARMED. Em qualquer caso, o requerente ou o titular
uma pessoa autorizada; da autorização de introdução no mercado é responsável
— O folheto informativo e quaisquer outras informa- pelo medicamento.
ções médicas chamarão a atenção do clínico para o facto — O INFARMED quando avaliar a autorização de in-
de as informações existentes sobre o medicamento em trodução no mercado aguardará que a Agência emita o
questão serem ainda inadequadas em certos aspectos es- certificado antes de tomar uma decisão quanto ao pedido.
pecíficos. — Todos os dossiês de autorização de introdução no
mercado relativos a um componente derivado do plasma
7 — Pedidos mistos de autorização de introdução no humano devem referir-se ao PMF que corresponde ao
mercado. plasma utilizado como substância de base/matéria-prima.
Os pedidos mistos de autorização de introdução no
mercado são os dossiês de pedidos de autorização de b) Conteúdo.
introdução no mercado em que os módulos 4 e ou 5 con- Relativamente aos medicamentos derivados do plasma
sistem de uma associação de relatórios de estudos limi- ou sangue humanos, no que se refere aos requisitos res-
tados não clínicos e/ou clínicos realizados pelo requeren- peitantes aos dadores e à análise das dádivas, o PMF
te e de referências bibliográficas. deve respeitar a lei e incluir informações sobre o plasma
Todos os outros módulos devem estar em conformi- utilizado como substância de base/matéria-prima, nomea-
dade com a estrutura descrita na parte I do presente ane- damente:
xo. A autoridade competente aceitará caso a caso o for-
mato proposto que o requerente apresentar. (1) Origem do plasma.
(i) Informações sobre os centros ou estabelecimentos
nos quais se efectua a colheita de sangue/plasma, inclu-
PARTE III indo em matéria de inspecção e de aprovação, e dados
Medicamentos especiais epidemiológicos sobre infecções transmissíveis através do
sangue.
A presente parte estabelece os requisitos específicos (ii) Informações sobre os centros ou estabelecimentos
relacionados com a natureza de determinados medicamen- nos quais se efectuam as análises das dádivas e dos
tos. agregados (pools) de plasma, incluindo informações em
1 — Medicamentos biológicos. matéria de inspecção e de aprovação.
1.1 — Medicamentos derivados do plasma. (iii) Critérios de selecção/inspecção para os dadores
No que respeita a medicamentos derivados do sangue de sangue/plasma.
ou plasma humanos e em derrogação das disposições do (iv) Sistema criado para permitir seguir o percurso de
módulo 3, o dossiê mencionado em «Informações relacio- cada dádiva, desde o estabelecimento de colheita do san-
nadas com os substâncias de base e as matérias-primas», gue/plasma até ao produto final e vice-versa.
indicando os requisitos relativos às substâncias de base
feitas de sangue/plasma humanos, pode ser substituído (2) Qualidade e segurança do plasma.
por um arquivo mestre de plasma (PMF — Plasma Mas- (i) Conformidade com as monografias da Farmacopeia
ter File) certificado de acordo com a presente parte. Europeia.
a) Princípios. (ii) Análise das dádivas individuais e agregados de
Para efeitos do presente anexo: plasma para detecção de agentes infecciosos, incluindo
— O PMF constitui uma documentação individual, informações sobre métodos de análise e, no caso dos
separada do dossiê de pedido de introdução no merca- agregados das misturas de plasma, dados de validação
do, que fornece todas as informações relevantes e deta- para os testes utilizados.
lhadas sobre as características da totalidade do plasma (iii) Características técnicas dos sacos para a colheita
humano utilizado como substância de base e/ou matéria- de sangue e plasma, incluindo informações sobre as so-
-prima para o fabrico das subfracções ou fracções inter- luções anticoagulantes utilizadas.
mediárias, dos componentes do excipiente e da ou das (iv) Condições de armazenamento e transporte do plas-
substâncias activas que fazem parte dos medicamentos ma.
ou dos dispositivos médicos referidos no Decreto-Lei (v) Procedimentos de eventual retenção inventariada e/
n.º 30/2003, de 14 de Fevereiro, em relação aos dispositi- ou período de quarentena.
vos que integram derivados estáveis do sangue ou do (vi) Caracterização do agregado de plasma.
plasma humanos.
— Todos os centros ou instalações de fraccionamen- (3) Sistema criado entre, por um lado, o fabricante do
to/tratamento do plasma humano prepararão e conserva- medicamento derivado do plasma e/ou o operador respon-
rão actualizado o conjunto de informações pormenoriza- sável pelo fraccionamento/tratamento do plasma e, por
das relevantes referidas no PMF. outro, os centros ou estabelecimentos de colheita e aná-
— O PMF deve ser apresentado à Agência ou ao lise do sangue/plasma, para definir as respectivas condi-
INFARMED pelo requerente ou pelo titular de uma auto- ções de interacção e as especificações acordadas.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6367

Adicionalmente, o PMF deve fornecer uma lista dos — A vacina pode conter um ou vários antigéneos di-
medicamentos aos quais se aplica, quer esses medicamen- ferentes. Existe o mesmo número de substâncias activas
tos tenham já obtido uma autorização de introdução no que de antigéneos numa vacina.
mercado, quer estejam em vias de a obter, incluindo os — Uma vacina combinada contém pelo menos dois
medicamentos experimentais referidos na Lei n.º 46/2004, antigéneos diferentes com vista a prevenir uma única ou
de 19 de Agosto. várias doenças infecciosas.
c) Avaliação e certificação. — Uma vacina monovalente é uma vacina que contém
— No caso de medicamentos ainda não autorizados, o um antigéneo com vista a prevenir uma única doença
requerente da autorização de introdução no mercado deve contagiosa.
apresentar à autoridade competente um dossiê completo, b) Conteúdo.
que deve ser acompanhado por um PMF separado, se O VAMF deve conter as seguintes informações extra-
ainda não existir um. ídas da parte correspondente (substância activa) do mó-
— O PMF é objecto de uma avaliação científica e téc- dulo 3 «Dados sobre a qualidade», conforme esboçado
nica efectuada pela Agência. Uma avaliação positiva per- na parte I do presente anexo:
mitirá a emissão de um certificado de conformidade com Substância activa.
a legislação comunitária para o PMF, que deve ser acom- 1 — Informações gerais, incluindo a conformidade com
panhado pelo relatório de avaliação. O certificado emiti- a(s) monografia(s) pertinente(s) da Farmacopeia Europeia.
do é aplicável em toda a Comunidade. 2 — Informações sobre o fabrico da substância activa:
— O PMF deve ser actualizado e sujeito a nova certi- este título deve abranger o processo de fabrico, as infor-
ficação anualmente. mações sobre as substâncias de base e as matérias-pri-
— Quaisquer alterações introduzidas posteriormente mas, as medidas específicas de avaliação da segurança
aos termos do PMF devem seguir o procedimento de em matéria de Encefalopatias Espongiformes Tansmissí-
avaliação previsto no Regulamento (CE) n.º 1085/2003 da veis (EET) e de agentes adventícios, bem como as insta-
Comissão, de 3 de Junho, relativo à análise da alteração lações e o equipamento.
dos termos das autorizações de introdução no mercado 3 — Caracterização da substância activa.
de medicamentos abrangidas pelo Regulamento (CE) 4 — Controlo da qualidade da substância activa.
n.º 726/2004. 5 — Substâncias e preparações de referência.
As condições para a avaliação dessas alterações es- 6 — Acondicionamento primário e sistema de fecho da
tão dispostas no Regulamento (CE) n.º 1085/2003. substância activa.
— Numa segunda fase, no seguimento das disposições 7 — Estabilidade da substância activa.
dos primeiro, segundo, terceiro e quarto travessões, a c) Avaliação e certificação.
autoridade competente que concederá ou concedeu a — No caso de vacinas novas, que contenham um novo
autorização de introdução no mercado deve ter em conta antigéneo da vacina, o requerente apresentará a uma au-
a certificação, a nova certificação ou a alteração do PMF toridade competente um dossiê completo de pedido de
relativas ao ou aos medicamentos em causa. autorização de introdução no mercado, incluindo todos os
— Em derrogação do disposto no segundo travessão VAMF correspondentes a cada antigéneo individual que
da presente alínea (avaliação e certificação), caso um ar- faça parte da nova vacina quando não exista já um fichei-
quivo mestre do plasma corresponda apenas a medica- ro principal para o antigéneo da vacina individual. A
mentos derivados do sangue/plasma, cuja autorização de Agência deve proceder à avaliação científica e técnica de
introdução de mercado seja restrita a um único Estado cada VAMF. Uma avaliação positiva permitirá a emissão
membro, a avaliação científica e técnica do referido arqui- de um certificado de conformidade com a legislação co-
vo da matéria-prima deve ser realizada pela autoridade munitária para o VAMF, que deve ser acompanhado pelo
nacional competente desse Estado membro. relatório de avaliação. O certificado é aplicável em toda a
1.2 — Vacinas. Comunidade.
No que respeita às vacinas para uso humano, e em — O disposto no primeiro travessão também se aplica
derrogação ao disposto no módulo 3 «Substância(s) a cada vacina que consista numa nova combinação de
activa(s)», aplicam-se os seguintes requisitos quando se antigéneos, independentemente de um ou mais desses
utiliza um sistema de arquivo mestre de antigéneo da antigéneos fazerem ou não parte de vacinas já autoriza-
vacina (VAMF — Vaccin Antigen Master File). das na Comunidade.
O processo do pedido de autorização de introdução no — Quaisquer alterações do conteúdo de um VAMF
mercado de uma vacina, excepto a vacina contra a gripe, para uma vacina autorizada na Comunidade serão objec-
deve incluir um VAMF para cada antigéneo que seja uma to de uma avaliação científica e técnica efectuada pela
substância activa dessa vacina. Agência de acordo com o procedimento previsto no Re-
a) Princípios. gulamento (CE) n.º 1085/2003 da Comissão.
Para efeitos do presente anexo: No caso de uma avaliação positiva, a Agência emitirá
— O VAMF é um documento individual que faz parte um certificado de conformidade com a legislação comuni-
do dossiê do pedido de autorização de introdução no tária para o VAMF. O certificado emitido é aplicável em
mercado de uma vacina e que contém todas as informa- toda a Comunidade.
ções relevantes de natureza biológica, farmacêutica e — Em derrogação do disposto nos primeiro, segundo
química relativas a cada uma das substâncias activas que e terceiro travessões da presente alínea (avaliação e cer-
fazem parte do medicamento. O documento individual tificação), caso um VAMF corresponda apenas a uma
pode ser comum a uma ou mais vacinas monovalentes vacina que é objecto de uma autorização de introdução
e/ou combinadas apresentadas pelo mesmo requerente ou no mercado que não tenha sido ou que não será conce-
titular de uma autorização de introdução no mercado. dida em conformidade com um procedimento comunitário
6368 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

e, desde que a vacina autorizada inclua antigéneos que h) No que respeita aos conjuntos inactivos, as especi-
não tenham sido avaliados através de um procedimento ficações do produto acabado devem incluir testes do
comunitário, a avaliação científica e técnica do referido comportamento dos produtos após marcação. Devem exis-
dossiê da matéria-prima e das suas alterações posterio- tir controlos adequados de pureza radioquímica e radio-
res deve ser realizada pela autoridade nacional competente nuclídica do composto marcado. Todos os materiais es-
que concedeu a autorização de introdução no mercado. senciais para a marcação devem ser identificados e
— Numa segunda fase, no seguimento das disposições doseados.
dos primeiro, segundo, terceiro e quarto travessões, a i) Devem ser prestadas informações sobre a estabili-
autoridade competente a quem compete conceder ou que dade dos geradores de radionuclídos, dos conjuntos inac-
concedeu a autorização de introdução no mercado deve tivos de radionuclídos e dos produtos marcados. Deve
ter em conta a certificação, a nova certificação ou a alte- ser documentada a estabilidade dos medicamentos radio-
ração da matéria-prima do antigéneo da vacina relativas farmacêuticos em frascos multidoses durante a sua utili-
ao ou aos medicamentos em causa. zação.
2 — Medicamentos e precursores radiofarmacêuticos. Módulo 4.
2.1. Medicamentos radiofarmacêuticos. Reconhece-se poder existir toxicidade em relação à dose
Para efeitos do presente capítulo, os pedidos funda- de radiação. No domínio do diagnóstico, trata-se de uma
mentados no n.º 1 do artigo 129.º requerem um dossiê consequência da utilização de medicamentos radiofarma-
completo no qual os seguintes pormenores serão incluí- cêuticos; no âmbito da terapêutica, trata-se da indicação
dos: pretendida. A avaliação da segurança e eficácia dos me-
Módulo 3. dicamentos radiofarmacêuticos deve, por conseguinte,
a) No que respeita aos conjuntos inactivos radiofar- atender a requisitos relativos aos medicamentos e a ques-
macêuticos, que devem ser marcados após serem forneci- tões de dosimetria de radiações. Deve documentar-se a
dos pelo fabricante, considera-se substância activa o exposição dos órgãos/tecidos às radiações. As estimati-
componente da formulação destinado a transportar ou li- vas da dose de radiação absorvida devem ser calculadas
gar o radionuclído. A descrição do método de fabrico dos em conformidade com um sistema definido e internacio-
conjuntos inactivos radiofarmacêuticos incluirá os porme-
nalmente reconhecido para um determinado modo de ad-
nores sobre o fabrico do conjunto inactivo e sobre o tra-
ministração.
tamento final recomendado para produzir o medicamento
Módulo 5.
radioactivo. As especificações necessárias do radionuclí-
Os resultados dos ensaios clínicos devem ser forneci-
do devem ser descritas em conformidade com a monogra-
dos, quando aplicável, excepto se a omissão for justifica-
fia geral ou as monografia específicas da Farmacopeia
da nas sínteses clínicas.
Europeia, conforme o caso. Devem ser igualmente espe-
cificados quaisquer compostos essenciais para a marca- 2.2 — Precursores radiofarmacêuticos para efeitos de
ção. A estrutura do composto marcado também deve ser marcação.
descrita. No caso de um precursor radiofarmacêutico destinado
Relativamente aos radionuclídos, serão discutidas as só para efeitos de marcação, o objectivo principal deve
reacções nucleares envolvidas. No que respeita aos ge- ser o de apresentar informações que abordem as possí-
radores, devem ser considerados substâncias activas quer veis consequências de uma baixa eficiência em termos da
os radionuclídos originais quer os seus produtos de de- marcação ou da dissociação in vivo da substância con-
caimento. jugada marcada, ou seja, questões relacionadas com os
b) Devem ser fornecidos pormenores sobre a natureza efeitos produzidos no doente pelo radionuclído em liber-
do radionuclído, a identidade do isótopo, as eventuais dade. É igualmente necessário apresentar informações
impurezas, o transportador, a utilização e a actividade relevantes relacionadas com os riscos profissionais, ou
específica. seja, a exposição do pessoal hospitalar e a exposição do
c) Os produtos de partida incluem os materiais alvo de ambiente às radiações.
irradiação. Em particular, devem ser fornecidas as seguintes infor-
d) Devem ser especificadas a pureza química/radioquí- mações quando aplicável:
mica e a sua relação com a biodistribuição. Módulo 3.
e) Devem ser descritas a pureza radionuclídica e radio- As disposições do módulo 3 serão aplicáveis ao re-
química, bem como a actividade específica. gisto dos precursores radiofarmacêuticos, como dito atrás
f) No que respeita aos geradores, devem apresentar-se [alíneas a) a i)], onde aplicável.
informações sobre os ensaios dos radionuclídos originais Módulo 4.
e dos seus produtos de decaimento. No caso dos elua- No que respeita à toxicidade por dose única e por dose
tos de geradores, devem ser indicados os resultados dos repetida, serão apresentados os resultados de estudos
testes dos radionuclídos originais e dos restantes com- efectuados em conformidade com as disposições em ma-
ponentes do sistema gerador. téria de boas práticas de laboratório estabelecidas no
g) O requisito nos termos do qual se deve exprimir o Decreto-Lei n.º 99/2000, de 30 de Maio, ou no Decreto-
teor das substâncias activas em termos da massa das frac- -Lei n.º 95/2000, de 23 de Maio, excepto se justificada a
ções activas só se aplica aos conjuntos inactivos radio- omissão desses mesmos resultados.
farmacêuticos. No que respeita aos radionuclídos, a radio- Os estudos de mutagenicidade sobre o radionuclído
actividade deve ser expressa em Bequerel numa dada data não são considerados úteis neste caso específico.
e, se necessário, numa dada hora, com referência ao fuso Devem ser apresentadas informações relacionadas com
horário. Deve especificar-se o tipo de radiação. a toxicidade e a disposição química do nuclído «frio».
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6369

Módulo 5. demonstrada por uma validação completa do processo de


As informações clínicas obtidas a partir de estudos fabrico e de diluição, conforme as normas em vigor no
clínicos utilizando o próprio precursor não são conside- Estado membro sede do fabricante.
radas pertinentes no caso específico de um percursor d) Testes de estabilidade.
radiofarmacêutico destinado apenas para efeitos de radio- A estabilidade do medicamento acabado deve ser de-
marcação. monstrada. Os dados de estabilidade dos stocks homeo-
No entanto, devem ser apresentadas informações de- páticos são geralmente passíveis de transferência para as
monstrando a utilidade clínica do precursor radiofarma- diluições/triturações obtidas a partir delas. Se não for
cêutico quando ligado a moléculas de transporte. possível a identificação ou o doseamento da substância
3 — Medicamentos homeopáticos. activa devido ao grau de diluição, há que considerar os
Esta secção estabelece disposições específicas quan- dados de estabilidade da forma farmacêutica.
to à aplicação dos módulos 3 e 4 aos medicamentos ho- Módulo 4.
meopáticos, conforme definidos na alínea x) do n.º 1 do As disposições do módulo 4 aplicam-se ao registo de
artigo 2.º medicamentos homeopáticos referidos no n.º 1 do arti-
Módulo 3. go 138.º, com as seguintes especificações.
As disposições do módulo 3 aplicam-se aos documen- Qualquer informação inexistente deve ser justificada,
tos apresentados, em conformidade com o presente diplo- ou seja, deve ser apresentada uma justificação do moti-
ma, no registo de medicamentos homeopáticos referidos vo por que se pode defender a demonstração de um ní-
no n.º 1 do artigo 138.º, bem como aos documentos para vel de segurança aceitável, pese embora a ausência de
a autorização de medicamentos homeopáticos referidos no alguns estudos.
n.º 1 do artigo 137.º, com as seguintes alterações. 4 — Medicamentos à base de plantas.
a) Terminologia. Os pedidos relativos a medicamentos à base de plan-
A denominação latina da matéria-prima homeopática tas requerem um dossiê completo no qual os seguintes
descrita no dossiê do pedido de autorização de introdu- pormenores serão incluídos.
ção no mercado deve estar em conformidade com a de- Módulo 3.
nominação latina constante da Farmacopeia Europeia ou, As disposições do módulo 3, incluindo a conformida-
na sua ausência, da Farmacopeia Portuguesa ou, na sua de com a(s) monografia(s) da Farmacopeia Europeia, apli-
ausência, de uma farmacopeia oficial de um Estado cam-se à autorização de medicamentos à base de plan-
membro. tas. Deve ser tido em conta o estado dos conhecimentos
Onde pertinente, devem ser indicadas a ou as denomi- científicos do momento em que o pedido é apresentado.
nações tradicionais usadas em cada Estado membro. Devem ser considerados os seguintes aspectos relati-
b) Controlo das matérias-primas. vos aos medicamentos à base de plantas:
Os elementos e documentos relativos às matérias-pri- (1) Substâncias e preparações à base de plantas.
mas que acompanham o pedido, ou seja, todos os mate- Para efeitos do presente anexo, a expressão «substân-
riais utilizados, incluindo matérias-primas e intermediários cias e preparações à base de plantas» (herbal substan-
até à diluição final a incorporar no medicamento acaba- ces and preparations) é considerada equivalente à ex-
do, devem ser suplementados por dados adicionais so- pressão «herbal drugs and herbal drug preparations»,
bre o stock homeopático. como constante da Farmacopeia Europeia.
Os requisitos gerais de qualidade aplicam-se a todas No que respeita à nomenclatura da substância à base
as matérias-primas e matérias-primas, bem como às fases de plantas, serão indicados o nome científico binomial da
intermediárias do processo de fabrico até à diluição final planta (género, espécie, variedade e autor) e o quimioti-
a incorporar no medicamento acabado. Se possível, reali- po (se aplicável), as partes das plantas, a definição da
zar-se-á um doseamento se estiverem presentes compo- substância à base de plantas, os outros nomes (sinóni-
nentes tóxicos e se a qualidade não puder ser controlada mos mencionados noutras farmacopeias) e o código de
na diluição final a incorporar devido ao elevado grau de laboratório. No que respeita à nomenclatura da prepara-
diluição. Cada fase do processo de fabrico, desde as ção à base de plantas, serão indicados o nome científico
matérias-primas até à diluição final a incorporar no pro- binomial da planta (género, espécie, variedade e autor) e
duto acabado, deve ser descrita integralmente. o quimiotipo (se aplicável), as partes das plantas, a defi-
Caso estejam envolvidas diluições, as fases de dilui- nição da preparação à base de plantas, a relação da subs-
ção devem decorrer de acordo com os métodos de fabri- tância à base de plantas com a preparação, o(s)
co homeopáticos estabelecidos na monografia correspon- solvente(s) de extracção, os outros nomes (sinónimos
dente da Farmacopeia Europeia ou, quando dela não mencionados noutras farmacopeias) e o código de labo-
constem, na Farmacopeia Portuguesa ou, na ausência ratório.
desta, na farmacopeia oficial de um Estado membro. Para documentar a secção sobre a estrutura da(s)
c) Testes de controlo do produto acabado. substância(s) e da(s) preparação(ões) à base de plantes,
Os requisitos gerais de qualidade aplicam-se aos me- conforme aplicável, serão indicados a forma física, a des-
dicamentos homeopáticos acabados, devendo qualquer crição dos componentes com actividade terapêutica co-
excepção ser devidamente justificada pelo requerente. nhecida ou dos marcadores (fórmula molecular, massa
Devem ser efectuados a identificação e o doseamento de molecular relativa, fórmula estrutural, incluindo a estero-
todos os componentes relevantes em termos toxicológi- química relativa e absoluta), bem como outros componen-
cos. Se se puder justificar o facto de não ser possível tes.
identificar e/ou dosear todos os componentes relevantes Para documentar a secção sobre o fabricante da subs-
em termos toxicológicos, devido, por exemplo, à sua di- tância à base de plantas, serão indicados, onde apro-
luição no medicamento acabado, a qualidade deve ser priado, o nome, o endereço e a responsabilidade de cada
6370 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

fornecedor, incluindo dos adjudicatários, e cada local ou Serão prestadas informações sobre os padrões e mate-
instalação propostos envolvidos na produção/colheita e riais de referência utilizados para os ensaios da ou das
ensaios da substância. substâncias e da ou das preparações à base de plantas,
Para documentar a secção sobre o fabricante da pre- conforme aplicável.
paração à base de plantas, serão indicados, onde apro- Quando a substância ou preparação à base de plantas
priado, o nome, o endereço e a responsabilidade de cada for objecto de uma monografia, o requerente pode pedir
fornecedor, incluindo dos adjudicatários, e cada local ou um certificado de conformidade concedido pela Direcção
instalação propostos envolvidos na produção/colheita e Europeia de Qualidade dos Medicamentos.
ensaios da preparação. (2) Medicamentos à base de plantas.
No que respeita à descrição do processo de fabrico e No que respeita ao desenvolvimento da formulação,
do processo de controlo da substância à base de plan- deve ser fornecido um resumo sucinto que descreva o
tas, serão prestadas informações para descrever adequa- desenvolvimento do medicamento à base de plantas, ten-
damente a produção e a colheita de plantas, incluindo a do em consideração o modo de administração e a utiliza-
origem geográfica da planta medicinal e as respectivas ção propostos. Quando apropriado, devem ser discutidos
condições de cultivo, colheita, secagem e armazenamento. os resultados que comparem o composição fitoquímica do
No que respeita à descrição do processo de fabrico e produto utilizado nos dados bibliográficos de apoio e o
do processo de controlo da preparação à base de plan- medicamento à base de plantas objecto do pedido.
tas, serão prestadas informações para descrever adequa- 5 — Medicamentos órfãos.
damente o processo de fabrico da preparação, incluindo — No caso de um medicamento órfão determinado em
uma descrição do tratamento, dos solventes e reagentes, conformidade com o Regulamento (CE) n.º 141/2000, po-
das fases de purificação e da normalização. dem ser aplicadas as disposições gerais do ponto 6 da
No que respeita ao desenvolvimento do processo de parte II (circunstâncias excepcionais). O requerente deve
fabrico, deve ser fornecido um resumo sucinto que des- justificar nos resumos não clínicos e clínicos as razões
creva o desenvolvimento da(s) substância(s) e da(s) por que não é possível apresentar informações comple-
preparação(ões) à base de plantas, conforme aplicável, tas e fornecer uma justificação do equilíbrio benefício-ris-
tendo em consideração o modo de administração e a uti- co do medicamento órfão em causa.
lização propostos. Quando apropriado, devem ser discu- — Quando um requerente de uma autorização de in-
trodução no mercado para um medicamento órfão invo-
tidos os resultados que comparem o composição fitoquí-
car as disposições do artigo 21.º e do ponto 1 da parte II
mica da(s) substância(s) e da(s) preparação(ões) à base
do presente anexo (finalidade terapêutica já explorada), a
de plantas, conforme aplicável, utilizadas nos dados bi-
utilização sistemática e documentada da substância em
bliográficos de apoio e a(s) substância(s) e a(s)
causa pode dizer respeito — como forma de derrogação
preparação(ões) à base de plantas, conforme aplicável,
— à utilização dessa substância de acordo com as dis-
contida(s) na(s) substância(s) activa(s) objecto do pedido.
posições da legislação referida na alínea d) do n.º 3 do
No que respeita à elucidação da estrutura e de outras artigo 3.º
características da substância à base de plantas, serão
prestadas informações sobre a caracterização botânica,
PARTE IV
macroscópica, microscópica e fitoquímica, bem como so-
bre a actividade biológica, se necessário. Medicamentos de terapia avançada
No que respeita à elucidação da estrutura e de outras
características da preparação à base de plantas, serão Os medicamentos de terapia avançada baseiam-se em
prestadas informações sobre a caracterização fitoquímica processos de fabrico que geram, como substâncias acti-
e físico-química, bem como sobre a actividade biológica, vas ou partes de substâncias activas, biomoléculas pro-
se necessário. duzidas por transferência genética e/ou células biologi-
Serão fornecidas as especificações relativamente à(s) camente modificadas.
substância(s) e à(s) preparação(ões) à base de plantas, Para estes medicamentos, a apresentação do dossiê do
conforme aplicável. pedido de autorização de introdução no mercado respei-
Serão indicados os procedimentos analíticos utilizados tará os requisitos em termos de formato descritos na
para testar a(s) substância(s) e a(s) preparação(ões) à base parte I do presente anexo.
de plantas, conforme aplicável. Aplicam-se os módulos 1 a 5. No caso dos organis-
No que respeita à validação dos procedimentos analí- mos geneticamente modificados e da sua libertação deli-
ticos, serão fornecidas informações sobre a validação berada no ambiente, deve atender-se especialmente à sua
analítica, incluindo os dados experimentais relativos aos persistência no receptor e à possível replicação e/ou
procedimentos analíticos utilizados para testar a(s) modificação dos organismos geneticamente modificados
substância(s) e a(s) preparação(ões) à base de plantas, quando libertados no ambiente.
conforme aplicável. As informações relativas aos riscos ambientais devem
No que respeita à análise dos lotes, deve ser forneci- ser apresentadas no anexo do módulo 1.
da uma descrição dos lotes e os resultados das análises 1 — Medicamentos de terapia génica (de origem huma-
dos lotes da ou das substâncias e da ou das prepara- na e xenogénica).
ções à base de plantas, conforme aplicável, incluindo os Para efeitos do presente anexo, um medicamento de
das substâncias farmacopeicas. terapia génica significa um medicamente obtido através de
Deve ser fornecida uma justificação para as especifi- uma série de processos de fabrico destinados a transfe-
cações da ou das substâncias e das preparações à base rir, in vivo ou ex vivo, um gene profilático, de diagnósti-
de plantas, conforme aplicável. co ou terapêutico (ou seja, uma sequência de ácido nu-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6371

cleico), para células humanas/animais, com a subsequen- — Substância activa: vector recombinante, vírus, plas-
te expressão in vivo. A transferência do gene envolve um mídeos livres («naked») ou complexos, células produto-
sistema de expressão contido num sistema de transferên- ras de vírus, células geneticamente modificadas in vitro;
cia, o chamado vector, que pode ser de origem viral ou — Produto acabado: substância activa formulada no
não viral. O vector pode ser também incluído numa célu- seu acondicionamento primário primário final para a utili-
la humana ou animal. zação médica prevista. Dependendo do tipo de medica-
1.1 — Diversidade dos medicamentos de terapia génica. mento de terapia génica, o modo de administração e as
a) Medicamentos de terapia génica baseados em célu- condições de utilização podem exigir um tratamento ex
las alogénicas ou xenogénicas. vivo das células do doente (ver 1.1.b).
O vector é preparado antecipadamente e armazenado
antes de ser transferido para as células hospedeiras. Deve ser dada especial atenção aos seguintes aspectos:
As células foram obtidas previamente e podem ser tra- a) Devem ser prestadas informações sobre as caracte-
tadas como um banco de células (recolha a partir de um rísticas relevantes do medicamento de terapia génica, in-
banco ou banco estabelecido a partir da obtenção de cluindo a sua expressão na população celular alvo. De-
células primárias) com uma viabilidade limitada. vem ser também prestadas informações sobre a origem,
As células geneticamente modificadas pelo vector re- construção, caracterização e verificação da sequência
presentam uma substância activa. genética de codificação, incluindo a sua integridade e
Podem ser efectuadas etapas adicionais para obter o estabilidade. Além da informação sobre o gene terapêuti-
produto acabado. Essencialmente, um medicamento deste co, deve ser ainda fornecida a informação sobre a sequên-
tipo é destinado a ser administrado a um número de cia completa de outros genes, os elementos reguladores
doentes restrito. e a estrutura do vector.
b) Medicamentos de terapia génica utilizando células b) Devem ser prestadas informações relativas à carac-
humanas autólogas. terização do vector utilizado para transferir e transportar
A substância activa é um lote de um vector preparado o gene, o que deve incluir a sua caracterização físico-
antecipadamente e armazenado antes de ser transferido
-química e/ou biológica/imunológica.
para as células autólogas.
No caso de medicamentos que utilizam microorganis-
Podem ser efectuadas etapas adicionais para obter o
mos, como bactérias ou vírus, para facilitar a transferên-
produto acabado.
Estes produtos são preparados a partir de células de cia génica (transferência génica biológica), devem ser
um doente individual. As células são então geneticamen- fornecidos dados sobre a patogénese da estirpe parental
te modificadas utilizando um vector preparado antecipa- e sobre o seu tropismo para certos tipos de tecidos ou
damente, contendo o gene apropriado que foi preparado de células, bem como a dependência da interacção em
de antemão e que constitui a substância activa. A prepa- termos do ciclo celular.
ração é injectada de novo no doente e é destinada, por No caso de medicamentos que utilizam meios não bio-
definição, a um único doente. Todo o processo de fabri- lógicos para facilitar a transferência génica, devem ser
co, desde a recolha das células do doente até à re-injec- indicadas as propriedades físico-químicas dos componen-
ção no doente, deve ser considerado como uma única tes, individualmente e em combinação.
intervenção. c) Os princípios em matéria de estabelecimento de ban-
c) Administração de vectores previamente preparados cos de células ou de lotes de inóculos (lotes de semen-
com material genético inserido (profilático, de diagnósti- te) primários e da respectiva caracterização são aplicáveis
co ou terapêutico). aos medicamentos produzidos por transferência genética
A substância activa é um lote de um vector previamen- conforme adequado.
te preparado. d) Deve ser indicada a origem das células hospedeiras
Podem ser efectuadas etapas adicionais para obter o do vector recombinante.
produto acabado. Este tipo de medicamento destina-se a No caso de células de origem humana, devem ser indi-
ser administrado a vários doentes. cadas características, tais como a idade, o sexo, os resul-
A transferência do material genético pode ser efectua- tados de ensaios microbiológicos e virais, os critérios de
da por injecção directa do vector previamente preparado exclusão e o país de proveniência.
nos receptores. No caso de células de origem animal, devem ser forne-
1.2 — Requisitos específicos no que respeita ao módu- cidas informações pormenorizadas relativas aos seguintes
lo 3. aspectos:
Os medicamentos de terapia génica incluem:
— Origem dos animais;
— Ácido nucleico livre; — Sistema de criação de animais e cuidados;
— Ácido nucleico complexado e vectores não virais; — Animais transgénicos (métodos de criação, caracteri-
— Vectores virais; zação das células transgénicas, natureza do gene inserido);
— Células geneticamente modificadas. — Medidas para prevenir e controlar infecções nos
animais de origem/dadores — Ensaios de detecção de
Quando aos outros medicamentos, é possível identifi- agentes infecciosos;
car os três elementos principais do processo de fabrico, — Instalações;
ou seja: — Controlo das matérias-primas.
— Matérias primas: substâncias a partir das quais a
substância activa é fabricada, como por exemplo, o gene Deve ser feita uma descrição da metodologia de reco-
em causa, os plasmídeos de expressão, os bancos de lha de células, incluindo a localização, o tipo de tecido, o
células e os lotes de vírus ou o vector não viral; processo operativo, o transporte, o armazenamento e a
6372 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

rastreabilidade. Além disso, os controlos efectuados du- to in vitro, mostram propriedades profiláticas, de diagnós-
rante o processo de recolha devem ser documentados. tico ou terapêuticas diferentes das suas propriedades fi-
e) A avaliação da segurança viral, bem como a rastrea- siológicas e biológicas originais.
bilidade dos produtos, desde o dador até ao produto Esta secção descreverá o tipo de células e de culturas
acabado, constituem uma parte essencial da documenta- em causa. Serão documentados os tecidos, órgãos e flui-
ção a fornecer. Por exemplo, deve ser excluída a presen- dos biológicos de que derivam as células, bem como a
ça de vírus replicativos em lotes de vectores virais não natureza autóloga, alogénica ou xenogénica da dádiva e
replicativos. a sua origem geográfica. A recolha, a amostragem e o
2 — Medicamentos de terapia celular somática (de ori- armazenamento de células antes de se efectuarem outros
gem humana e xenogénica). tratamentos serão pormenorizados. No caso de células
Para efeitos do presente anexo, a terapia celular somá- alogénicas, deve ser prestada uma atenção especial à
tica significa a administração a seres humanos de células primeira fase do processo, que incide sobre a selecção
somáticas vivas autólogas (do próprio doente), alogéni- dos dadores. Deve indicar-se o tipo de manipulação efec-
cas (de outro ser humano) ou xenogénicas (de um ani- tuado e a função fisiológica das células que são usadas
mal), cujas características biológicas foram substancial- como substância activa.
mente alteradas em resultado da sua manipulação para b) Informações relacionadas as substâncias de base da
obter um efeito terapêutico, de diagnóstico ou preventi- ou das substâncias activas.
vo, através de meios metabólicos, farmacológicos e imu- 1 — Células somáticas humanas.
nológicos. Esta manipulação inclui a propagação ou acti- Os medicamentos de terapia celular somática de origem
vação de populações de células autólogas ex vivo (por humana são feitos a partir de um número definido (agre-
exemplo, imunoterapia adoptiva) e a utilização de células gado) de células viáveis, que derivam de um processo de
alogénicas e xenogénicas associadas a dispositivos mé- fabrico que começa quer ao nível dos órgãos ou tecidos
dicos utilizados ex vivo ou in vivo (por exemplo, micro- retirados de um ser humano, quer a nível de um sistema
cápsulas, estruturas matriciais intrínsecas, moldes, biode- de banco de células bem definido, onde o agregado de
gradáveis ou não). células provém de linhagem celular contínua. No caso de
Requisitos específicos para os medicamentos de tera- tecidos e células de origem humana, a sua dávida, colheita
pia celular no que respeita ao módulo 3.
e análise deve respeitar o disposto na lei e, na sua falta,
Os medicamentos de terapia celular somática incluem:
na Directiva n.º 2004/23/CE do Parlamento Europeu e do
— Células manipuladas com vista a modificar as suas Conselho, de 31 de Março de 2004, relativa ao estabele-
propriedades imunológicas, metabólicas ou outras proprie- cimento de normas de qualidade e segurança em relação
dades funcionais em aspectos qualitativos e quantitativos; à dádiva, colheita, análise, processamento, preservação,
— Células separadas, seleccionadas e manipuladas e armazenamento e distribuição de tecidos e células de ori-
subsequentemente sujeitas a um processo de fabrico para gem humana.
se obter o produto acabado; Para efeitos deste capítulo, entende-se por substância
— Células manipuladas e combinadas com componen- activa o agregado original de células humanas e por pro-
tes não celulares (por exemplo, matrizes biológicas ou duto acabado o agregado original de células humanas
inertes ou dispositivos médicos) e que exercem a acção formuladas para a utilização médica prevista.
principal prevista no produto acabado; As substâncias de base e cada fase do processo de
— Derivados de células autólogas expressas in vitro fabrico, incluindo os aspectos da segurança viral, devem
em condições específicas de cultura; ser integralmente documentados.
— Células geneticamente modificadas ou manipuladas (1) Órgãos, tecidos, fluidos corporais e células de ori-
de outra forma para exprimir propriedades funcionais ho- gem humana Neste caso, devem ser indicadas as caracte-
mólogas ou não homólogas anteriormente não expressas. rísticas tais como a idade, o sexo, o estado microbiológi-
co, os critérios de exclusão e o país de proveniência.
Todo o processo de fabrico, desde a recolha das célu- Deve ser feita uma descrição da recolha de amostras,
las do doente (situação autóloga) até à re-injecção no incluindo o local, o tipo, o processo operativo, os méto-
doente, deve ser considerado como uma única interven- dos de agrupamento, o transporte, o armazenamento e a
ção. rastreabilidade. Além disso, os controlos efectuados so-
Tal como os outros medicamentos, serão identificados bre as amostras devem ser documentados.
os três elementos do processo de fabrico: (2) Sistemas de bancos de células.
— Matérias-primas: substâncias a partir dos quais se Os requisitos pertinentes indicados na Parte I aplicar-
fabrica a substância activa, ou seja, órgãos, tecidos, flui- -se-ão à preparação e ao controlo da qualidade dos sis-
dos corporais ou células; temas de bancos de células. Isto pode incidir especial-
— Substâncias activas: células manipuladas, lisados mente sobre as células alogénicas ou xenogénicas.
celulares, células em proliferação e células utilizadas jun- (3) Substâncias auxiliares ou dispositivos médicos au-
tamente com matrizes e dispositivos médicos inertes; xiliares.
— Produto acabado: substância activa formulada no Serão fornecidas informações sobre a utilização de
seu acondicionamento primário primário final para a utili- quaisquer matérias-primas (por exemplo, citocinas, facto-
zação médica prevista. res de crescimento, meios de cultura) ou de possíveis
substâncias e dispositivos médicos auxiliares (por exem-
a) Informações gerais sobre a ou as substâncias acti- plo, dispositivos de separação de células, polímeros bio-
vas. compatíveis, matrizes, fibras, esférolas) em termos de bio-
As substâncias activas dos medicamentos de terapia compatibilidade e de funcionalidade, bem como do risco
celular consistem em células que, devido a um tratamen- de agentes infecciosos.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6373

2 — Células somáticas animais (xenogénicas). conclusões específicas sobre parâmetros funcionais e


Devem ser fornecidas informações pormenorizadas re- toxicidade para a actividade in vivo dos produtos nos
lativas aos seguintes aspectos: seres humanos. Deve ser fornecida uma justificação cien-
tífica para o uso desses modelos animais de doenças para
— Origem dos animais;
apoiar a segurança e a comprovação do conceito em ter-
— Sistema de criação de animais e cuidados;
mos de eficácia.
— Animais geneticamente modificados [métodos de
3.2 — Módulo 5.
criação, caracterização das células transgénicas, natureza
A eficácia dos medicamentos de terapia avançada deve
do gene inserido ou silenciado («knock out»)];
ser demonstrada conforme descrito no módulo 5.
— Medidas para prevenir e controlar infecções nos
No entanto, no caso de certos medicamentos e de
animais de origem/dadores;
certas indicações terapêuticas, pode não ser possível re-
— Ensaios de detecção de agentes infecciosos, in-
alizar ensaios clínicos convencionais. Qualquer desvio das
cluindo microorganismos transmitidos verticalmente (tam-
normas orientadoras existentes deve ser justificado no
bém retrovírus endógenos);
módulo 2.
— Instalações;
O desenvolvimento clínico dos medicamentos de tera-
— Sistemas de bancos de células;
pia avançada comporta certas características especiais
— Controlo das substâncias de base e das matérias-
associadas à natureza complexa e lábil das substâncias
-primas.
activas. Requer considerações adicionais ligadas a ques-
tões de viabilidade, proliferação, migração e diferenciação
a) Informações sobre o processo de fabrico da ou das
das células (terapia celular somática) devido às circuns-
substâncias activas e do produto acabado.
tâncias clínicas especiais em que os medicamentos são
Deve documentar-se as diferentes fases do processo
utilizados ou devido ao modo de acção especial por ex-
de fabrico, como a dissociação do órgão ou do tecido, a
pressão génica (terapia génica somática).
selecção da população celular em causa, a cultura de
Os riscos específicos associados a esses medicamen-
células in vitro, a transformação das células por agentes
tos provocados pela possível contaminação por agentes
físico-químicos ou por transferência de genes.
infecciosos devem ser abordados no pedido de autoriza-
b) Caracterização da ou das substâncias activas.
ção de introdução no mercado de medicamentos de tera-
Serão fornecidas todas as informações relevantes so-
bre a caracterização da população celular em causa em pia avançada. Deve ser colocado ênfase especial, quer
termos de identidade (espécies de origem, citogenética por nas primeiras fases de desenvolvimento, incluindo a es-
bandas, análise morfológica), pureza (agentes adventícios colha dos dadores no caso dos medicamentos de terapia
microbianos e contaminantes celulares), potência (activi- celular, quer na intervenção terapêutica no seu conjunto,
dade biológica definida) e adequação (testes de cariolo- incluindo o manuseamento e a administração adequados
gia e de tumorigenicidade) para a utilização médica pre- do produto.
vista. Além disso, o módulo 5 do pedido deve conter, se
c) Desenvolvimento farmacêutico do produto acabado. aplicável, dados sobre as medidas para vigiar e controlar
Além do método específico de administração utilizado as funções e o desenvolvimento de células vivas no re-
(perfusão intravenosa, injecção local, cirurgia de trans- ceptor, para impedir a transmissão de agentes infeccio-
plante), deve também prestar-se informações sobre a uti- sos para o receptor e minimizar qualquer risco potencial
lização de possíveis dispositivos médicos auxiliares (po- para a saúde pública.
límeros biocompatíveis, matrizes, fibras, esférolas) em 3.2.1 — Estudos de farmacologia humana e de eficácia.
termos de biocompatibilidade e durabilidade. Os estudos de farmacologia humana devem incluir in-
d) Rastreabilidade. formações sobre o modo de acção previsto, a eficácia
Deve ser fornecido um organigrama pormenorizado que prevista com base em parâmetros justificados, a biodis-
garanta a rastreabilidade dos produtos, desde o dador até tribuição, a dose adequada, a programação e os métodos
ao produto acabado. de administração ou modalidade de uso desejável para os
3 — Requisitos específicos para os medicamentos de estudos de eficácia.
terapia génica e terapia celular somática (de origem hu- Os estudos de farmacocinética convencionais podem
mana e xenogénica) no que respeita aos módulos 4 e 5. não ser relevantes para certos medicamentos de terapia
3.1 — Módulo 4. avançada. Por vezes, os estudos realizados com voluntá-
No que respeita aos medicamentos de terapia génica e rios saudáveis não são viáveis e o estabelecimento da
celular somática, reconhece-se que os requisitos conven- dose e da cinética pode ser difícil de determinar nos en-
cionais, tais como indicados no módulo 4 para os ensaios saios clínicos. É necessário, no entanto, estudar a distri-
não clínicos dos medicamentos, nem sempre são adequa- buição e o comportamento in vivo do medicamento, in-
dos devido às propriedades estruturais e biológicas úni- cluindo a proliferação e a função das células a longo
cas e diversificadas dos medicamentos em causa, in- prazo, bem como a extensão e distribuição do medicamento
cluindo o alto grau de especificidade das espécies, a génico e a duração da expressão génica desejada. Devem
especificidade dos indivíduos, as barreiras imunológicas ser usados ensaios adequados e, se necessário, estes
e as diferenças nas reacções pleiotrópicas. devem ser desenvolvidos para permitir o rastreio no cor-
Os princípios subjacentes ao desenvolvimento não clí- po humano do medicamento celular ou da célula que ex-
nico e aos critérios utilizados para escolher espécies e pressa o gene desejado e para controlar a função das
modelos relevantes serão devidamente indicados no mó- células que foram administradas ou transfectadas.
dulo 2. A avaliação da eficácia e segurança de um medicamen-
Pode ser necessário identificar ou desenvolver novos to de terapia avançada deve incluir uma descrição e uma
modelos animais que contribuam para a extrapolação de avaliação cuidadosas do procedimento terapêutico no seu
6374 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

conjunto, incluindo modos de administração especiais Deve ser dado ênfase especial às matérias-primas.
(tais como a transfecção de células ex vivo, a manipula- A este respeito, devem ser fornecidas, de acordo com
ção de células in vitro ou a utilização de técnicas inter- directrizes específicas, informações pormenorizadas relati-
vencionais) e a análise dos possíveis regimes associados vas aos seguintes aspectos:
(incluindo tratamentos imunossupressores, antivirais e
citotóxicos). — Origem dos animais;
Todo o procedimento deve ser testado em ensaios clí- — Sistema de criação de animais e cuidados;
nicos e descrito na informação sobre o medicamento. — Animais geneticamente modificados (métodos de
3.2.2 — Segurança. criação, caracterização das células transgénicas, natureza
Serão consideradas as questões de segurança que re- do gene inserido ou anulado («knock out»);
sultam da imunidade ao medicamento ou às proteínas — Medidas para prevenir e controlar infecções nos
expressas, da imunorejeição, da imunossupressão e da animais de origem/dadores;
desagregação dos dispositivos de imuno-isolamento. — Testes de detecção de agentes infecciosos;
Certos medicamentos de terapia avançada génica e — Instalações;
celular somática (por exemplo, medicamentos de terapia — Controlo das matérias-primas;
celular xenogénica e certos medicamentos baseados na — Rastreabilidade.
transferência genética) podem conter partículas e/ou agen-
tes infecciosos replicativos. O doente pode ter de ser ANEXO II
vigiado em caso de desenvolvimento de possíveis infec- Sistema Nacional de Farmacovigilância
ções e/ou de sequelas patológicas durante as fases an- de Medicamentos para Uso Humano
terior e/ou posterior à autorização; esta vigilância pode
ter de ser alargada aos contactos directos do doente, in- 1 — A estrutura do Sistema Nacional de Farmacovigi-
cluindo os profissionais de cuidados de saúde. lância de Medicamentos para Uso Humano integra:
O risco de contaminação por agentes potencialmente a) O serviço responsável pelas actividades de farma-
transmissíveis não pode ser totalmente eliminado na uti- covigilância do INFARMED;
lização de certos medicamentos de terapia celular somáti- b) As unidades de farmacovigilância a que se refere o
ca e de certos medicamentos produzidos por transferên- n.º 4;
cia genética. O risco pode ser minimizado, no entanto, por c) Os profissionais de saúde a que se refere o n.º 5;
medidas adequadas conforme descrito no módulo 3. d) Os serviços de saúde;
As medidas incluídas no processo de produção devem e) Os titulares de autorização de introdução no merca-
ser complementadas por métodos de ensaio assistidos, do de medicamentos.
processos de controlo da qualidade e por métodos de
vigilância apropriados que devem ser descritos no módu- 2 — No âmbito das suas actividades de coordenação
lo 5. do Sistema, compete ao INFARMED, designadamente:
O uso de certos medicamentos de terapia avançada
celular somática pode ter de se limitar, temporária ou a) Receber, avaliar e emitir informação sobre suspeitas
permanentemente, a estabelecimentos que tenham uma de reacções adversas a medicamentos;
experiência e instalações devidamente documentadas para b) Definir, delinear e desenvolver sistemas de informa-
permitir um acompanhamento adequado da segurança dos ção e as bases de dados do Sistema Nacional de Farma-
doentes. covigilância;
Pode ser necessária uma abordagem semelhante para c) Validar a informação contida nas bases de dados de
certos medicamentos de terapia génica a que está asso- reacções adversas;
ciado um risco potencial de agentes infecciosos capazes d) Superintender e coordenar as actividades das uni-
de replicação. dades e delegados de farmacovigilância;
Se relevante, devem ser igualmente considerados e e) Colaborar com os centros nacionais de farmacovigi-
abordados no pedido os aspectos de vigilância a longo lância de outros países, em particular com os dos Esta-
prazo relativamente ao desenvolvimento de complicações dos membros, a Agência e a Organização Mundial de
tardias. Saúde nas atribuições referentes a esta área;
Se aplicável, o requerente deve apresentar um plano f) Realizar e coordenar estudos sobre a segurança de
detalhado de gestão dos riscos que abranja os dados medicamentos;
clínicos e laboratoriais do doente, os dados epidemioló- g) Proceder à troca de informação com organismos
gicos emergentes e, se pertinente, os dados provenien- internacionais na área da farmacovigilância e representar
tes de amostras em arquivo de tecidos do dador e do o Sistema Nacional de Farmacovigilância perante aqueles
receptor. Este sistema é necessário para garantir a rastre- organismos;
abilidade do medicamento e uma resposta rápida a acon- h) Informar os titulares de autorização de introdução
tecimentos adversos com padrões suspeitos. no mercado de medicamentos sobre notificações de sus-
4 — Declaração específica sobre medicamentos de xe- peitas de reacções adversas que envolvam os seus medi-
notransplantação. camentos;
Para efeitos do presente anexo, por xenotransplantação i) Promover a formação na área da farmacovigilância;
entende-se qualquer procedimento que envolva o trans- j) Colaborar com outras entidades públicas ou priva-
plante, o implante ou a perfusão num receptor humano das, designadamente universidades, em actividades rele-
de tecidos ou órgãos vivos retirados de animais, ou de vantes para esta área.
fluidos, células, tecidos ou órgãos do corpo humano que
entraram em contacto ex vivo com células, tecidos ou 3 — No âmbito das suas competências, o serviço res-
órgãos animais vivos. ponsável pela farmacovigilância do INFARMED deve as-
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6375

segurar, em especial, a interacção adequada com os pro- Junho, à contratação aplica-se a alínea f) do n.º 1 do ar-
fissionais de saúde e com os titulares de autorizações de tigo 77.º do referido diploma.
introdução no mercado de medicamentos, no que toca à 4.4 — Os membros das unidades de farmacovigilância
divulgação do perfil de segurança dos medicamentos e estão sujeitos às obrigações de imparcialidade e confiden-
às acções a desenvolver por força de novos dados de cialidade relativamente aos assuntos de que tenham co-
segurança relativos aos medicamentos respectivos. nhecimento no exercício das suas funções.
4 — As unidades de farmacovigilância são entidades 4.5 — Os membros das unidades de farmacovigilância
especialmente vocacionadas para a área da farmacologia não devem ter interesses financeiros, ou outros, na in-
e da farmacoepidemiologia, designadamente estabeleci- dústria farmacêutica que possam afectar a imparcialidade
mentos universitários e hospitalares e unidades presta- no exercício das funções que lhes são cometidas.
doras de cuidados de saúde primários, ou entidades a eles 4.6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
associadas. membros das unidades de farmacovigilância declaram e
4.1 — As unidades de farmacovigilância integram-se no registam, no INFARMED, quaisquer interesses patrimo-
Sistema através da celebração de protocolos de colabo- niais ou não patrimoniais que tenham na indústria farma-
ração ou contratos de prestação de serviços com o IN- cêutica.
FARMED, nos termos previstos no n.º 4.3. 4.7 — Sem prejuízo do estabelecido nos números ante-
4.2 — Incumbe às unidades de farmacovigilância: riores, nenhum membro das unidades de farmacovigilân-
cia deve intervir em processo ou procedimento relaciona-
a) A recepção, classificação, processamento e valida-
do com empresa farmacêutica na qual tenha interesse
ção das notificações espontâneas de suspeitas de reac-
directo ou indirecto.
ções adversas, incluindo o processo de determinação do
4.8 — No exercício das suas funções, as unidades de
nexo de causalidade, garantindo a estrita confidencialida-
farmacovigilância devem actuar com independência cien-
de dos dados;
tífica.
b) A divulgação e promoção da notificação de suspei-
5 — Os delegados de farmacovigilância são profissio-
tas de reacções adversas na área geográfica que lhes for
nais de saúde, pertencentes ou não ao SNS, a quem com-
adstrita;
pete, no âmbito da estrutura de saúde a que pertençam:
c) A apresentação de propostas para a realização de
estudos de farmacoepidemiologia no âmbito do Sistema; a) Divulgar, junto dos profissionais de saúde, o Sistema;
d) A elaboração e apresentação periódica ao INFAR- b) Promover, junto dos profissionais de saúde da es-
MED do resultado das actividades referidas nas alíneas trutura a que pertençam, o envio às unidades de farma-
anteriores; covigilância ou ao serviço responsável pela farmacovigi-
e) A colaboração com o serviço responsável pela far- lância do INFARMED das notificações de suspeitas de
macovigilância do INFARMED na preparação de informa- reacções adversas de que estes tenham conhecimento.
ção relevante para distribuir a outras unidades regionais
ou às autoridades internacionais, bem como na realização 5.1 — Nas instituições e serviços de saúde pertencen-
de acções de formação no âmbito da farmacovigilância; tes ao SNS mas não constituídos em unidades de farma-
f) A comunicação ao serviço responsável pela farma- covigilância poderão existir delegados de farmacovigilân-
covigilância do INFARMED das notificações de suspei- cia designados pelos respectivos órgãos de gestão, a
tas de reacções adversas de que tenham conhecimento quem competirá exercer as funções previstas no número
ou que hajam recebido nos termos da alínea a). anterior.
5.2 — Os delegados de farmacovigilância exercem uma
4.3 — Os protocolos de cooperação e os contratos re- actividade de interesse público, em articulação com as
feridos no n.º 4.1. devem identificar, obrigatoriamente: unidades de farmacovigilância ou com o serviço respon-
a) O prazo da respectiva vigência, que não deve exce- sável de farmacovigilância do INFARMED.
der os três anos; 5.3 — As regras relativas ao acesso e ao exercício das
b) As responsabilidades financeiras a cargo do INFAR- funções de delegado de farmacovigilância serão definidas
MED para a sua instalação e funcionamento, como con- por despacho do Ministro da Saúde.
trapartida pela realização das actividades previstas; 6 — Os profissionais de saúde, pertencentes ou não ao
c) A área geográfica adstrita a cada unidade de farma- SNS, devem comunicar, tão rápido quanto possível, às
covigilância, bem como a sua articulação com as unida- unidades de farmacovigilância ou ao serviço responsável
des prestadoras de cuidados de saúde dessa área, desig- de farmacovigilância do INFARMED, quando aquelas não
nadamente no que toca à disponibilização de pessoal; existam, as reacções adversas e as suspeitas de reacções
d) O programa de actividades a desenvolver por cada adversas graves ou inesperadas de que tenham conheci-
unidade de farmacovigilância; mento resultantes da utilização de medicamentos.
e) Os mecanismos de garantia da confidencialidade dos 7 — O titular de uma autorização de introdução no
dados recolhidos; mercado de um medicamento deve dispor, em relação ao
f) O procedimento e o prazo da comunicação a que se território nacional, de um responsável pela farmacovigi-
refere a alínea f) do n.º 3 do n.º 4.2.; lância que, de forma contínua e permanente, assegure o
g) Os procedimentos de monitorização, validação e cumprimento das obrigações e assuma as responsabilida-
avaliação dos dados. des previstas na lei.
7.1 — A identidade do responsável pela farmacovigi-
4.3.1 — Se os contratos forem celebrados com entida- lância em Portugal deve ser transmitida ao INFARMED.
des também elas sujeitas ao regime de realização de des- 7.2 — Juntamente com a identidade, o titular da auto-
pesas estabelecido no Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de rização de introdução no mercado deve transmitir ao IN-
6376 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

FARMED os seguintes elementos, relativamente ao res-


Designação da alteração/condições a observar Tipo
ponsável pela farmacovigilânica: curriculum vitae assina-
do pelo próprio, morada, telefone de contacto permanen-
te, durante as vinte e quatro horas de cada dia, número 2) Formas farmacêuticas semi-sólidas ou líquidas —
condições: 1, 2, 3, 5 ....................................... IB
de telefax e endereço de correio electrónico. 3) Formas farmacêuticas líquidas (suspensões,
8 — O INFARMED, em cooperação com outros Esta- emulsões) — condições: 1, 2, 3, 4, 5 .......... IB
dos membros e com a Comissão Europeia, colabora com
a Agência na criação de uma rede de processamento de c) Todos os restantes processos de fabrico, ex-
cepto libertação de lotes — condições: 1, 2,
dados para facilitar o intercâmbio de dados de farmaco- 4, 5 ......................................................................... IB
vigilância relativos aos medicamentos introduzidos no
mercado comunitário, permitindo a partilha simultânea da Condições:
informação obtida pelas autoridades da Comunidade Eu- 1) Inspecção satisfatória realizada nos últimos
ropeia. três anos pelos serviços de inspecção de um
8.1 — Através do recurso à rede prevista no n.º 8, o Estado membro ou de um país onde vigore um
INFARMED deve assegurar que as notificações de sus- acordo de reconhecimento mútuo de boas prá-
ticas de fabrico com a Comunidade Europeia.
peitas de reacções adversas graves sejam prontamente 2) Local com autorização expressa (para fabri-
comunicadas à Agência e ao titular da autorização de car a forma farmacêutica ou o medicamento
introdução no mercado, num prazo não superior a quinze em causa).
dias após a data de notificação. 3) O medicamento em causa não é um medica-
8.2 — Os requisitos técnicos para a transmissão elec- mento estéril.
4) Existência de um plano de validação, ou rea-
trónica de dados de farmacovigilância, nomeadamente no lização bem sucedida de uma validação do pro-
que se refere à recolha, verificação e apresentação das cesso de fabrico no novo local, de acordo com
notificações de reacções adversas, obedecerão aos for- o protocolo aprovado, com pelo menos três
matos internacionalmente aprovados, no âmbito da Con- lotes constituídos à escala de produção.
ferência Internacional de Harmonização, e à terminologia 5) O medicamento em causa não é um medica-
mento biológico.
médica internacionalmente aprovada (MedDRA).
8 — Alteração ao sistema de libertação dos lotes e
de ensaios de controlo da qualidade do produto
ANEXO III
acabado:
Alterações menores a) Substituição ou adição de um local onde os
ensaios/o controlo dos lotes se efectuam —
condições: 2, 3, 4 (v. infra) .............................. IA
Designação da alteração/condições a observar Tipo b) Substituição ou adição de um fabricante res-
ponsável pela libertação dos lotes:
1 — Alteração do nome ou da morada do titular da 1) Excluindo ensaios/controlo de lotes — con-
autorização de introdução no mercado ................ IA dições: 1 ............................................................. IA
Condição — o titular da autorização de introdução no 2) Incluindo ensaios/controlo de lotes — condi-
mercado deve continuar a ser a mesma entidade ções: 1, 2, 3, 4 ................................................. IA
jurídica.
2 — Alteração do nome (denominação comercial Condições:
ou de fantasia) de um medicamento ..................... IB
Condição — o nome não se pode confundir com os 1) O fabricante responsável pela libertação dos
nomes de outros medicamentos já existentes ou lotes deve estar estabelecido no EEE.
com a denominação comum. 2) O local está devidamente autorizado.
3 — Alteração do nome de uma substância activa .... IA 3) O medicamento em causa não é um medica-
Condição — a substância activa deve permanecer mento biológico.
inalterada. 4) A transferência de métodos analíticos do an-
4 — Alteração do nome ou da morada do fabricante tigo para o novo local ou o novo laboratório
da substância activa, no caso de não existir um de ensaios foi concluída com êxito.
certificado de conformidade da Farmacopeia Eu-
ropeia .......................................................................... IA 9 — Supressão de um local de fabrico (incluindo
Condição — o local de fabrico deve permanecer locais de fabrico de substâncias activas, de pro-
inalterado. dutos intermédios ou acabados, locais de acondi-
5 — Alteração do nome ou da morada do fabri- cionamento, instalações do fabricante responsá-
cante do produto acabado ....................................... IA vel pela libertação dos lotes, locais de realização
Condição — o local de fabrico deve permanecer do controlo dos lotes) ............................................. IA
inalterado. Condição: nenhuma.
6 — Alteração do código ATC ou da Classificação 10 — Alteração menor do processo de fabrico da
Farmacoterapêutica Nacional ................................. IA substância activa ....................................................... IB
Condição — alteração após a autorização ou a recti- Condições:
ficação do código ATC pela OMS.
7 — Substituição ou adição de um local de fabrico 1) Não há alteração do perfil qualitativo e quan-
em relação a uma parte ou à totalidade do pro- titativo de impurezas ou das propriedades
cesso de fabrico do produto acabado: físico-químicas da substância activa.
2) A substância activa não é uma substância bio-
a) Acondicionamento secundário para todos os lógica.
tipos de formas farmacêuticas — condições: 1, 3) Não há alteração da via de síntese, ou seja,
2 (v. infra) ............................................................ IA permanecem inalterados todos os produtos in-
b) Local de acondicionamento primário: termédios. No caso dos medicamentos à base
1) Formas farmacêuticas sólidas, por exemplo, de plantas, a origem geográfica, a produção de
comprimidos e cápsulas — condições: 1, 2, substâncias derivadas de plantas e o processo
3, 5 ..................................................................... IA de fabrico permanecem inalterados.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6377

Designação da alteração/condições a observar Tipo Designação da alteração/condições a observar Tipo

11 — Alteração da dimensão dos lotes da substância Condições:


activa ou do produto intermédio: a) O método de análise deve permanecer inalte-
a) Aumento até 10 vezes, no máximo, da dimen- rado (por exemplo, permite-se uma alteração
são original do lote, aprovada aquando da con- a nível da dimensão ou temperatura da colu-
cessão da autorização de introdução no mer- na, mas não um tipo diferente de coluna ou de
cado — condições: 1, 2, 3, 4 (v. infra) .......... IA método); não se detectam quaisquer impure-
b) Redução de escala — condições: 1, 2, 3, 4, 5 IA zas novas.
c) Aumento superior a 10 vezes da dimensão ori- b) Foram efectuados estudos de (re)validação ade-
ginal do lote, aprovada aquando da concessão quados, em conformidade com as normas ori-
da autorização de introdução no mercado — entadoras aplicáveis.
condições: 1, 2, 3, 4 ........................................... IB c) Os resultados da validação do método compro-
vam que o novo procedimento analítico é,
Condições: pelo menos, equivalente ao anterior.
d) Nenhum método analítico novo diz respeito
1) As alterações dos métodos de fabrico são ape- a uma técnica inovadora não normalizada ou
nas as exigidas pelo aumento de escala como, a uma técnica normalizada utilizada de forma
por exemplo, a utilização de equipamento de inovadora.
dimensões diferentes. e) A substância activa, as matérias-primas, pro-
2) Para a dimensão proposta para os lotes, de- dutos intermédios ou reagentes não são subs-
vem estar disponíveis os resultados analíticos tâncias biológicas.
de, pelo menos, dois ensaios realizados de acor-
do com as especificações. 14 — Alteração do fabricante da substância activa
3) A substância activa não é uma substância bio- ou das matérias-primas, produto intermédio ou
lógica. reagentes do processo de fabrico da substância
4) A alteração não afecta a reprodutibilidade do activa, na ausência de um certificado de confor-
processo. midade da Farmacopeia Europeia:
5) A alteração não deve resultar de acontecimen- a) Alteração do local de um fabricante já apro-
tos imprevistos ocorridos durante o fabrico, vado (substituição ou adição) — condições: 1,
nem de dúvidas sobre a estabilidade. 2, 4 (v. infra) ....................................................... IB
b) Novo fabricante (substituição ou adição) —
12 — Alteração da especificação relativa a uma subs- condições: 1, 2, 3, 4 ........................................... IB
tância activa ou às matérias-primas, produtos in-
termédios ou reagentes utilizados no processo de Condições:
fabrico da substância activa:
1) As especificações (incluindo os controlos du-
a) Limites de especificação mais estreitos: rante o fabrico e os métodos analíticos de todos
Condições: 1, 2, 3 (v. infra) .............................. IA os materiais), o método de preparação (inclu-
Condições: 2, 3 ..................................................... IB indo a dimensão dos lotes) e a via de síntese
pormenorizada são idênticos aos já aprovados.
b) Adição de um novo parâmetro de ensaio à es- 2) O fabricante, quando utiliza materiais de ori-
pecificação de: gem humana ou animal no processo, não re-
corre a nenhum fornecedor novo, que impli-
1) Uma substância activa — condições: 2, 4, 5 IB que a realização de uma avaliação de segurança
2) Matérias-primas, produtos intermédios ou vírica ou de cumprimento da norma orienta-
reagentes utilizados no processo de fabrico dora sobre a minimização do risco de trans-
de uma substância activa —condições: 2, 4 IB missão das encefalopatias espongiformes ani-
mais através dos medicamentos humanos e
Condições: veterinários.
1) A alteração não resulta de qualquer compro- 3) O actual ou o novo fabricante da substância
misso de revisão dos limites de especificação activa não possui um dossier principal do
assumido em avaliações anteriores (por exem- medicamento (DMF — drug master file).
plo, durante um procedimento de pedido de au- 4) A alteração não diz respeito a um medicamen-
torização de introdução no mercado ou um to que contenha uma substância activa bioló-
procedimento de alteração de tipo II). gica.
2) A alteração não deve resultar de acontecimen-
15 — Apresentação de um certificado de confor-
tos imprevistos ocorridos durante o fabrico.
midade da Farmacopeia Europeia novo ou actua-
3) Qualquer alteração deve efectuar-se dentro do
lizado relativo a uma substância activa ou às
intervalo dos limites actualmente aprovados.
matérias-primas, produto intermédio ou reagen-
4) Nenhum método analítico novo diz respeito tes utilizados no processo de fabrico da substân-
a uma técnica inovadora não normalizada ou cia activa:
a uma técnica normalizada utilizada de forma
inovadora. a) Por um fabricante actualmente aprovado —
5) A substância activa não é uma substância bio- condições: 1, 2, 4 (v. infra) .............................. IA
lógica. b) Por um novo fabricante (substituição ou adi-
ção):
13 — Alteração do procedimento analítico relati- 1) Substância esterilizada — condições: 1, 2, 3, 4 IB
vo a uma substância activa ou às matérias-primas, 2) Outras substâncias — condições: 1, 2, 3, 4 IA
produto intermédio ou reagentes utilizados no
processo de fabrico da substância activa: Condições:
a) Alteração menor de um procedimento analí- 1) As especificações do produto acabado de li-
tico aprovado — condições: 1, 2, 3, 5 (v. infra) IA bertação e de fim do prazo de validade perma-
b) Outras alterações de um procedimento analí- necem inalteradas.
tico, incluindo a substituição ou a adição de um 2) Especificações suplementares (à Farmacopeia
procedimento analítico — condições: 2, 3, 4, 5 IB Europeia) inalteradas relativas às impurezas e
6378 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Designação da alteração/condições a observar Tipo Designação da alteração/condições a observar Tipo

a requisitos específicos do produto (por exem- 19 — Alteração da especificação de um excipiente:


plo, perfis de dimensão das partículas, forma a) Limites de especificação mais estreitos:
polimórfica), se for aplicável.
3) A substância activa deve ser analisada imedi- Condições: 1, 2, 3 (v. infra) .............................. IA
atamente antes da utilização, se o certificado Condições: 2, 3 ..................................................... IB
de conformidade da Farmacopeia Europeia não
contemplar qualquer período de reensaio, ou b) Adição de um novo parâmetro de ensaio à
se não forem fornecidos os dados de apoio ao especificação — condições: 2, 4, 5 .................. IB
período de reensaio.
4) O processo de fabrico da substância activa, das Condições:
matérias-primas, do produto intermédio ou dos 1) A alteração não resulta de qualquer compro-
reagentes não inclui a utilização de materiais misso assumido em avaliações anteriores (por
de origem humana ou animal para os quais seja exemplo, durante um procedimento de pedido
exigida uma avaliação dos dados relativos à de autorização de introdução no mercado ou
segurança vírica. um procedimento de alteração de tipo II).
2) A alteração não deve resultar de acontecimen-
16 — Apresentação de um certificado de confor- tos imprevistos ocorridos durante o fabrico.
midade de EET (encefalopatias espongiformes 3) Qualquer alteração deve efectuar-se dentro do
transmissíveis) da Farmacopeia Europeia novo ou intervalo dos limites actualmente aprovados.
actualizado para uma substância activa ou 4) Nenhum método analítico novo diz respeito
matérias-primas, produto intermédio ou reagen- a uma técnica inovadora não normalizada ou
tes utilizados no processo de fabrico da substân- a uma técnica normalizada utilizada de forma
cia activa para um fabricante e um processo de inovadora.
fabrico actualmente aprovados .............................. IA 5) A alteração não diz respeito a adjuvantes das
17 — Alteração de: vacinas ou a excipientes de origem biológica.
a) Período de reensaio da substância activa —
condições: 1, 2, 3 (v. infra) .............................. IB 20 — Alteração do procedimento analítico de um
b) Condições de conservação da substância acti- excipiente:
va — condições: 1, 2 .......................................... IB a) Alteração menor de um procedimento analí-
tico aprovado — condições: 1, 2, 3, 5 (v. infra) IA
Condições: b) Alteração menor de um procedimento analí-
1) Os estudos de estabilidade foram realizados em tico aprovado aplicável a um excipiente bio-
conformidade com o protocolo actualmente lógico — condições: 1, 2, 3 .............................. IB
aprovado. Os estudos devem comprovar que as c) Outras alterações de um procedimento analí-
especificações acordadas continuam a ser ob- tico, incluindo a sua substituição por um novo
servadas. procedimento analítico — condições: 2, 3, 4, 5 IB
2) A alteração não deve resultar de acontecimen-
tos imprevistos ocorridos durante o fabrico, Condições:
nem de dúvidas sobre a estabilidade. 1) O método de análise deve permanecer inalte-
3) A substância activa não é uma substância bio- rado (por exemplo, permite-se uma alteração
lógica. a nível da dimensão ou temperatura da colu-
na, mas não um tipo diferente de coluna ou de
18 — Substituição de um excipiente por outro exci- método); não se detectam quaisquer impure-
piente comparável ................................................... IB zas novas.
Condições: 2) Foram efectuados estudos de (re)validação ade-
1) Observar as mesmas características funcionais quados, em conformidade com as normas ori-
do excipiente. entadoras aplicáveis.
2) O perfil de dissolução do novo produto, de- 3) Os resultados da validação do método com-
terminado através de um mínimo de dois lotes provam que o novo procedimento analítico é,
à escala piloto, é comparável ao antigo (não pelo menos, equivalente ao anterior.
há diferenças significativas no que diz respei- 4) Nenhum método analítico novo diz respeito
to à comparabilidade, cf. norma orientadora a uma técnica inovadora não normalizada ou
sobre biodisponibilidade e bioequivalência, ane- a uma técnica normalizada utilizada de forma
xo II). Para os medicamentos à base de plan- inovadora.
tas, em que os ensaios de dissolução poderão 5) O excipiente não é um excipiente biológico.
não ser exequíveis, o tempo de desagregação
do novo produto deve ser comparável ao an- 21 — Apresentação de um certificado de confor-
tigo. midade da Farmacopeia Europeia novo ou actua-
3) Nenhum excipiente novo deve incluir o uso lizado relativo a um excipiente:
de materiais de origem humana ou animal re- a) Por um fabricante actualmente aprovado —
lativamente aos quais seja necessária uma ava- condições: 1, 2, 3 (v. infra) .............................. IA
liação de dados de segurança vírica. b) Por um novo fabricante (substituição ou adi-
4) Não diz respeito a um medicamento que con- ção):
tenha uma substância activa biológica.
5) Foram iniciados estudos de estabilidade de acor- 1) Substância esterilizada — condições: 1, 2, 3 IB
do com as normas orientadoras aplicáveis em, 2) Outras substâncias — condições: 1, 2, 3 .... IA
pelo menos, dois lotes à escala piloto ou lotes
à escala de produção; os dados de estabilidade Condições:
relativos a um mínimo de três meses estão à 1) As especificações para libertação do produto
disposição do requerente e há garantias de que acabado e as especificações relativas ao fim do
estes estudos serão concluídos. Os dados serão prazo de validade permanecem inalteradas.
imediatamente transmitidos à autoridade com- 2) Especificações suplementares (à Farmacopeia
petente, caso estejam fora das especificações Europeia) inalteradas relativas aos requisitos
ou potencialmente fora das especificações no específicos do produto (por exemplo, perfis de
fim do prazo de validade aprovado (com pro- dimensão das partículas, forma polimórfica),
posta de acção). se aplicável.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6379

Designação da alteração/condições a observar Tipo Designação da alteração/condições a observar Tipo

3) O processo de fabrico do excipiente não inclui Condições:


a utilização de materiais de origem humana ou
1) A alteração não resulta de qualquer compro-
animal para os quais seja exigida uma avaliação
misso de revisão dos limites de especificação
dos dados relativos à segurança vírica.
assumido em avaliações anteriores (por exem-
plo, efectuado durante um procedimento de
22 — Apresentação de um certificado de confor-
midade de EET da Farmacopeia Europeia novo pedido de autorização de introdução no mer-
ou actualizado relativo a um excipiente — por cado ou um procedimento de alteração de
um fabricante actualmente aprovado ou por um tipo II).
novo fabricante (substituição ou adição) — con- 2) A alteração não deve resultar de acontecimen-
dição: nenhuma ......................................................... IA tos imprevistos ocorridos durante o fabrico.
23 — Alteração da origem de um excipiente ou re- 3) Qualquer alteração deve efectuar-se dentro do
agente, passando de material de risco em maté- intervalo dos limites actualmente aprovados.
ria de TSE para material vegetal ou sintético: 4) Nenhum método analítico novo diz respeito
a uma técnica inovadora não normalizada ou
a) Excipiente ou reagente utilizado no fabrico de a uma técnica normalizada utilizada de forma
uma substância activa biológica ou no fabrico inovadora.
de um produto acabado que contenha uma subs-
tância activa biológica — condição: 1 (v. infra) IB 27 — Alteração do procedimento analítico relati-
b) Outros casos — condição: 1 ............................. IA vo ao acondicionamento primário do produto
acabado:
Condição:
a) Alteração menor de um procedimento analí-
1) As especificações de libertação do excipiente
tico aprovado — condições: 1, 2, 3 (v. infra) IA
e do fim do prazo de validade do produto aca-
b) Outras alterações de um procedimento analí-
bado e do excipiente permanecem inalteradas.
tico, incluindo a substituição ou a adição de um
24 — Alteração na síntese ou na recuperação de novo procedimento analítico — condições: 2,
fabrico de um excipiente que não consta da Far- 3, 4 ......................................................................... IB
macopeia (quando descrita no processo) ............. IB
Condições: Condições:

1) As especificações não são afectadas negativa- 1) O método de análise deve permanecer inalte-
mente; não há alteração do perfil qualitativo rado (por exemplo, permite-se uma alteração
e quantitativo de impurezas ou das proprieda- a nível da dimensão ou temperatura da colu-
des físico-químicas. na, mas não um tipo diferente de coluna ou de
2) O excipiente não é uma substância biológica. método).
2) Foram efectuados estudos de (re)validação ade-
25 — Alteração destinada a cumprir o disposto na quados, em conformidade com as orientações
Farmacopeia Europeia, na Farmacopeia Portu- aplicáveis.
guesa ou, quando aplicável, na Farmacopeia de 3) Os resultados da validação do método com-
outro Estado membro: provam que o novo procedimento analítico é,
pelo menos, equivalente ao anterior.
a) Alteração da especificação ou especificações 4) Nenhum método analítico novo diz respeito
de uma substância que, anteriormente, não a uma técnica inovadora não-normalizada ou
constava na Farmacopeia para cumprir o dis- a uma técnica normalizada utilizada de forma
posto na Farmacopeia Europeia, na Farmaco- inovadora.
peia Portuguesa ou, qd aplicável, na Farmaco-
peia de outro Estado membro: 28 — Alteração de qualquer parte do material de
1) Substância activa — condições: 1, 2 (v. infra) IB acondicionamento (primário) que não esteja em
2) Excipiente — condições: 1, 2 ...................... IB contacto com a formulação do produto acabado
(por exemplo, cor das cápsulas de tipo flip-off,
b) Alteração para fins de conformidade com a anéis de código cromático gravados em ampo-
actualização da monografia aplicável constante las, utilização de um plástico diferente no pro-
da Farmacopeia Europeia na Farmacopeia tector das agulhas) ................................................... IA
Portuguesa ou, quando aplicável, na Farmaco- Condição — a alteração não se refere a uma com-
peia de outro Estado membro: ponente fundamental do material de acondicio-
i) Substância activa — condições: 1, 2 ............ IA namento que afecte o fornecimento, a utiliza-
ii) Excipiente — condições: 1, 2 ...................... IA ção, a segurança ou a estabilidade do produto
acabado.
Condições: 29 — Alteração na composição qualitativa e ou
quantitativa do material de acondicionamento
1) Alteração destinada exclusivamente a cumprir primário:
o disposto na Farmacopeia.
2) Especificações (suplementares à farmacopeia) a) Formas farmacêuticas semi-sólidas ou líquidas —
inalteradas relativas aos requisitos específicos do condições: 1, 2, 3, 4 (v. infra) ......................... IB
produto (por exemplo, perfis de dimensão das b) Todas as restantes formas farmacêuticas:
partículas, forma polimórfica), se aplicável. Condições: 1, 2, 3, 4 ........................................... IA
Condições: 1, 3, 4 ............................................... IB
26 — Alteração das especificações relativas ao
acondicionamento primário do produto acabado: Condições:
a) Limites de especificação mais estreitos: 1) O produto em causa não é um produto bioló-
Condições: 1, 2, 3 (v. infra) ............................. IA gico ou esterilizado.
Condições: 2 .......................................................... IB 2) A alteração diz apenas respeito ao mesmo tipo
e material de acondicionamento (por exemplo,
b) Adição de um novo parâmetro de ensaio à es- de uma embalagem de blister para outra emba-
pecificação — condições: 2, 4 .......................... IB lagem de blister).
6380 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Designação da alteração/condições a observar Tipo Designação da alteração/condições a observar Tipo

3) O material de acondicionamento proposto Condições:


deve ser, pelo menos, equivalente ao material 1) A alteração não afecta a reprodutibilidade e
aprovado no que respeita às propriedades re- ou a consistência do produto.
levantes. 2) A alteração diz apenas respeito às formas far-
4) Foram iniciados estudos de estabilidade perti- macêuticas orais de libertação imediata clássi-
nentes de acordo com as normas orientadoras cas e a formas líquidas não esterilizadas.
aplicáveis em, pelo menos, dois lotes à escala 3) As alterações dos métodos de fabrico e ou de
piloto ou à escala de produção e existem da- controlos durante o fabrico são apenas as exi-
dos de estabilidade relativos a um mínimo de gidas por uma alteração da dimensão dos lo-
três meses à disposição do requerente. Há ga- tes, como, por exemplo, a utilização de equi-
rantias de que estes estudos serão concluídos e pamento de dimensões distintas.
os dados serão imediatamente enviados à au- 4) Existência de um plano de validação ou reali-
toridade competente caso estejam fora das zação bem sucedida de uma validação do pro-
especificações ou potencialmente fora das es- cesso de fabrico de acordo com o protocolo
pecificações no fim do prazo de validade apro- aprovado, com pelo menos três lotes da nova
vado (com proposta de acção). dimensão proposta, em conformidade com as
normas orientadoras aplicáveis.
30 — Alteração (substituição, adição ou supressão) 5) Não diz respeito a um medicamento que con-
do fornecedor de componentes ou dispositivos tenha uma substância activa biológica.
de acondicionamento (se mencionados no pro- 6) A alteração não deve resultar de acontecimen-
cesso), estando excluídos dispositivos espaçado- tos imprevistos ocorridos durante o fabrico,
res para inaladores de válvula doseadora: nem de dúvidas sobre a estabilidade.
a) Supressão de um fornecedor — condição: 1 7) Foram iniciados estudos de estabilidade rele-
(v. infra) ................................................................ IA vantes de acordo com as normas orientadoras
b) Substituição ou adição de um fornecedor — aplicáveis em, pelo menos, um lote à escala
condições: 1, 2, 3, 4 ........................................... IB piloto ou em lote à escala de produção e exis-
tem dados de estabilidade relativos a um míni-
Condições: mo de três meses à disposição do requerente.
1) Não há qualquer supressão de um componen- Há garantias de que estes estudos serão con-
te ou de um dispositivo de acondicionamento. cluídos e os dados serão imediatamente envia-
2) A composição quantitativa e qualitativa das dos à autoridade competente caso estejam fora
componentes/dos dispositivos de acondiciona- das especificações ou potencialmente fora das
mento permanece inalterada. especificações no fim do prazo de validade
3) As especificações e os métodos de controlo aprovado (com proposta de acção).
da qualidade são, pelo menos, equivalentes.
4) O método e as condições de esterilização per- 33 — Alteração menor do fabrico do produto aca-
manecem inalterados, se aplicável. bado ............................................................................. IB
Condições:
31 — Alteração dos ensaios ou limites dos contro- 1) O princípio geral de fabrico permanece inal-
los em processo aplicados durante o fabrico do terado.
medicamento: 2) O novo processo deve conduzir a um produto
a) Limites mais estreitos dos controlos em pro- idêntico em termos de qualidade, segurança e
cesso: eficácia.
3) O medicamento não contém uma substância
Condições: 1, 2, 3 (v. infra) ............................. IA activa biológica.
Condições: 2, 3 .................................................... IB 4) Em caso de alteração do processo de esterili-
zação, a alteração diz apenas respeito a um
b) Adição de novos ensaios e limites — condi- ciclo da Farmacopeia clássico.
ções: 2, 4 ............................................................... IB 5) Foram iniciados estudos de estabilidade rele-
vantes de acordo com as normas orientadoras
Condições: aplicáveis em, pelo menos, um lote à escala
1) A alteração não resulta de qualquer compro- piloto ou em lote à escala de produção e exis-
misso assumido em avaliações anteriores (por tem dados de estabilidade relativos a um míni-
exemplo, durante um procedimento de pedido mo de três meses à disposição do requerente.
de autorização de introdução no mercado ou Há garantias de que estes estudos serão con-
um procedimento de alteração de tipo II). cluídos e os dados serão imediatamente envia-
2) A alteração não deve resultar de acontecimen- dos à autoridade competente caso estejam fora
tos imprevistos ocorridos durante o fabrico, das especificações ou potencialmente fora das
nem de dúvidas sobre a estabilidade. especificações no fim do prazo de validade
3) Qualquer alteração deve efectuar-se no âmbi- aprovado (com proposta de acção).
to dos limites actualmente aprovados.
4) Nenhum método analítico novo diz respeito 34 — Alteração do sistema de coloração ou aro-
a uma técnica inovadora não normalizada ou matização utilizado actualmente no produto aca-
a uma técnica normalizada utilizada de forma bado:
inovadora. a) Redução ou supressão de um ou mais compo-
nentes do:
32 — Alteração da dimensão dos lotes do produto
acabado: 1) Sistema de coloração — condições: 1, 2, 3,
4 (v. infra) ........................................................ IA
a) Aumento de 10 vezes, no máximo, da dimen- 2) Sistema de aromatização — condições: 1, 2,
são original do lote, aprovada aquando da con- 3, 4 ..................................................................... IA
cessão da autorização de introdução no mer-
cado — condições: 1, 2, 3, 4, 5 (v. infra) ..... IA
b) Aumento, adição ou substituição de um ou mais
b) Redução de escala até 10 vezes — condições:
componentes do:
1, 2, 3, 4, 5, 6 ..................................................... IA
c) Outras situações — condições: 1, 2, 3, 4, 5, 1) Sistema de coloração — condições: 1, 2, 3,
6, 7 ......................................................................... IB 4, 5, 6 ................................................................ IB
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6381

Designação da alteração/condições a observar Tipo Designação da alteração/condições a observar Tipo

2) Sistema de aromatização — condições: 1, estes estudos serão concluídos. Os dados serão


2, 3, 4, 5, 6 ...................................................... IB imediatamente enviados à autoridade compe-
tente caso estejam fora das especificações ou
Condições: potencialmente fora das especificações no fim
1) Não há alteração das características funcionais do prazo de validade aprovado (com proposta
da forma farmacêutica, ou seja, tempo de de- de acção).
sagregação, perfil de dissolução.
2) Qualquer ajustamento menor da formulação, 36 — Alteração da forma ou das dimensões do re-
para manter o peso total, deve ser obtido cipiente ou fecho:
mediante um excipiente maioritário na formu- a) Formas farmacêuticas esterilizadas e medica-
lação do produto acabado. mentos biológicos — condições: 1, 2, 3
3) A especificação do produto acabado foi actu- (v. infra) ................................................................ IB
alizada apenas no que diz respeito ao aspecto/ b) Outras formas farmacêuticas — condições: 1,
odor/sabor e, se for caso disso, à supressão ou 2, 3 ......................................................................... IA
à adição de um ensaio de identificação.
4) Foram iniciados estudos de estabilidade (a lon- Condições:
go prazo e acelerados) de acordo com as nor- 1) Não há alteração da composição quantitativa
mas orientadoras aplicáveis em, pelo menos, ou qualitativa do recipiente.
dois lotes à escala piloto ou em lotes à escala 2) A alteração não se refere a uma componente
de produção. Os dados de estabilidade relati- fundamental do material de acondicionamen-
vos a um mínimo de três meses estão à dispo- to que afecte o fornecimento, a utilização, a
sição do requerente e há garantias de que estes segurança ou a estabilidade do produto acaba-
estudos serão concluídos. Os dados serão ime- do.
diatamente enviados à autoridade competente 3) Em caso de alteração do espaço livre ou do
caso estejam fora das especificações ou poten-
rácio de superfície/volume, foram iniciados
cialmente fora das especificações no fim do
estudos de estabilidade de acordo com as nor-
prazo de validade aprovado (com proposta de
mas orientadoras aplicáveis em, pelo menos,
acção). Além disso, devem realizar-se ensaios
dois lotes à escala piloto (três, no caso de
de fotoestabilidade, se aplicável.
medicamentos biológicos) ou lotes à escala de
5) Quaisquer componentes novos devem cumprir
produção e os dados de estabilidade relativos a
o disposto nas normas aplicáveis (por exem-
um mínimo de três meses (seis meses, no caso
plo, o Decreto-Lei n.º 80/93, de 15 de Março,
de medicamentos biológicos) estão à disposi-
e o Decreto-Lei n.o 94/98, de 15 de Abril,
relativo aos corantes, e a Portaria n.º 620/90, ção do requerente. Há garantias de que estes
de 3 de Agosto, na sua redacção actual, relati- estudos serão concluídos e os dados serão ime-
va aos aromatizantes). diatamente enviados à autoridade competente
6) Nenhum dos novos componentes inclui a uti- caso estejam fora das especificações ou poten-
lização de materiais de origem humana ou cialmente fora das especificações no fim do
animal no processo para os quais seja necessá- prazo de validade aprovado (com proposta de
ria uma avaliação em matéria de segurança acção).
vírica ou de cumprimento da actual norma
orientadora sobre a minimização do risco de 37 — Alteração da especificação do produto aca-
transmissão das encefalopatias espongiformes bado:
animais através dos medicamentos humanos e a) Limites de especificação mais estreitos:
veterinários.
Condições: 1, 2, 3 (v. infra) ............................. IA
35 — Alteração do peso do revestimento dos com- Condições: 2, 3 .................................................... IB
primidos ou alteração do peso do invólucro das
cápsulas: b) Adição de um novo parâmetro de ensaio —
condições: 2, 4, 5 ................................................ IB
a) Formas farmacêuticas orais de libertação ime-
diata — condições: 1, 3, 4 (v. infra) ............... IA Condições:
b) Formas farmacêuticas gastro-resistentes, de li-
bertação modificada ou de libertação prolon- 1) A alteração não resulta de qualquer compro-
gada — condições: 1, 2, 3, 4 ............................ IB misso de revisão dos limites de especificação
assumido em avaliações anteriores (por exem-
Condições: plo, durante um procedimento de pedido de au-
torização de introdução no mercado ou um
1) O perfil de dissolução do novo produto, de- procedimento de alteração de tipo II).
terminado com base em, pelo menos, dois lo- 2) A alteração não deve resultar de acontecimen-
tes à escala piloto, é comparável ao antigo. tos imprevistos ocorridos durante o fabrico.
No que diz respeito aos medicamentos à base 3) Qualquer alteração deve efectuar-se dentro do
de plantas, em que os ensaios de dissolução intervalo dos limites actualmente aprovados.
poderão não ser exequíveis, o tempo de desin- 4) Nenhum método analítico novo diz respeito
tegração do novo produto deve ser compará- a uma técnica inovadora não normalizada ou
vel ao antigo. a uma técnica normalizada utilizada de forma
2) O revestimento não constitui um factor críti- inovadora.
co para o mecanismo de libertação. 5) O procedimento analítico não é aplicável a
3) A especificação do produto acabado foi ape- uma substância activa biológica ou a um exci-
nas actualizada, se aplicável, no que respeita
piente biológico do medicamento.
ao peso e às dimensões.
4) Foram iniciados estudos de estabilidade de acor-
38 — Alteração do procedimento analítico do pro-
do com as normas orientadoras aplicáveis em,
duto acabado:
pelo menos, dois lotes à escala piloto ou à
escala de produção, os dados de estabilidade a) Alteração menor de um procedimento analí-
relativos a um mínimo de três meses estão à tico aprovado — condições: 1, 2, 3, 4, 5
disposição do requerente e há garantias de que (v. infra) ................................................................ IA
6382 Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006

Designação da alteração/condições a observar Tipo Designação da alteração/condições a observar Tipo

b) Alteração menor de um procedimento analí- 2) A alteração não se insere no intervalo das


tico aprovado aplicável a uma substância acti- dimensões actualmente aprovadas para as
va biológica ou a um excipiente biológico — embalagens — condições: 1, 2 ...................... IB
condições: 1, 2, 3, 4 ........................................... IB
c) Outras alterações de um procedimento analí- b) Alteração do peso de enchimento/volume de
tico, incluindo a sua substituição ou a adição enchimento de produtos multidose não paren-
de um novo procedimento analítico — condi- téricos—condições: 1, 2 ..................................... IB
ções: 2, 3, 4, 5 ..................................................... IB
Condições:
Condições: 1) A nova dimensão da embalagem deve ser co-
erente com a posologia e a duração do trata-
1) O método de análise deve permanecer inalte-
mento aprovados no resumo das característi-
rado (por exemplo, permite-se uma alteração cas do medicamento.
a nível da dimensão ou temperatura da colu- 2) O material de acondicionamento primário per-
na, mas não um tipo diferente de coluna ou de manece inalterado.
método).
2) Foram efectuados estudos de (re)validação ade- 42 — Alteração de:
quados, em conformidade com as normas ori-
entadoras aplicáveis. a) Prazo de validade do produto acabado:
3) Os resultados da validação do método com- 1) Embalagem comercial fechada — condições:
provam que o novo procedimento analítico é, 1, 2, 3 (v. infra) .............................................. IB
pelo menos, equivalente ao anterior. 2) Após a abertura inicial — condições: 1, 2 IB
4) Nenhum método analítico novo diz respeito 3) Após diluição ou reconstituição — condi-
a uma técnica inovadora não normalizada ou ções: 1, 2 ........................................................... IB
a uma técnica normalizada utilizada de forma
inovadora. b) Condições de armazenamento do produto aca-
5) O procedimento analítico não é aplicável a bado ou do produto diluído/reconstituído —
uma substância activa biológica ou a um exci- condições: 1, 2, 4 ................................................ IB
piente biológico do medicamento. Condições:
39 — Alteração ou adição da gravação, do relevo 1) Os estudos de estabilidade foram realizados em
ou de outras marcações (excepto as ranhuras/ conformidade com o protocolo actualmente
marcações de partição) de comprimidos ou da aprovado. Os estudos devem comprovar que as
marcação gráfica de cápsulas, incluindo substitui- especificações relevantes acordadas continuam
ção ou adição de tintas utilizadas na marcação a ser observadas.
do produto ................................................................. IA 2) A alteração não deve resultar de acontecimen-
Condições: tos imprevistos ocorridos durante o fabrico,
nem de dúvidas sobre a estabilidade.
1) As especificações do produto acabado de li- 3) O prazo de validade não excede cinco anos.
bertação e de fim do prazo de validade perma- 4) O produto em causa não é um medicamento
necem inalteradas (excepto no que diz respei- biológico.
to ao aspecto).
2) Qualquer tinta nova deve cumprir o disposto 43 — Adição, substituição ou supressão de um dis-
na legislação farmacêutica aplicável. positivo de medição ou administração que não
faça parte integrante do acondicionamento pri-
40 — Alteração das dimensões dos comprimidos, mário (excluem-se os dispositivos espaçadores
cápsulas, supositórios ou pessários sem alteração para inaladores de válvula doseadora):
da sua composição quantitativa ou qualitativa nem 1) Adição ou substituição — condições: 1, 2
do seu peso médio: (v. infra) ................................................................ IA
a) Formas farmacêuticas gastro-resistentes, de li- 2) Supressão — condição: 3 .................................. IB
bertação modificada ou de libertação prolon- Condições:
gada e comprimidos com ranhura — condições:
1, 2 (v. infra) ....................................................... IB 1) O dispositivo de medição proposto deve ad-
b) Todos os restantes comprimidos, cápsulas, su- ministrar com precisão a dose necessária do
positórios e pessários — condições: 1, 2 ........ IA produto em causa, em conformidade com a
posologia aprovada. Devem estar disponíveis
Condições: os resultados desses estudos.
2) O novo dispositivo é compatível com o me-
1) O perfil de dissolução do produto reformula- dicamento.
do é comparável ao antigo. Para os medica- 3) O medicamento continua a ser administrado
mentos à base de plantas, em que os ensaios com precisão.
de dissolução poderão não ser exequíveis, o
tempo de desagregação do novo produto deve 44 — Alteração do resumo das características de
ser comparável ao antigo. um medicamento essencialmente similar, na se-
2) As especificações do produto acabado de li- quência de uma decisão da Comissão Europeia
bertação e de fim do prazo de validade perma- relativa a uma arbitragem para um medicamento
original, em conformidade com o artigo 30.º da
necem inalteradas (excepto as dimensões).
Directiva n.º 2001/83/CE ....................................... IB
Condições:
41 — Alteração da dimensão da embalagem do pro-
duto acabado: 1) O resumo das características do medicamento
proposto é idêntico, nos pontos aplicáveis, ao
a) Alteração do número de unidades (por exem- resumo anexo à decisão da Comissão Europeia
plo, comprimidos, ampolas, etc.) de uma em- relativa ao procedimento de arbitragem para
balagem: o medicamento original.
1) A alteração insere-se no intervalo das di- 2) O pedido deve ser submetido no prazo de 90
mensões actualmente aprovadas para as dias após a publicação da decisão da Comissão
embalagens — condições: 1, 2 (v. infra) .... IA Europeia.
Diário da República, 1.a série — N.o 167 — 30 de Agosto de 2006 6383

ANEXO IV A instalação na Ponta da Ilha de uma escola dos


Extensão 1.o e 2.o ciclos/jardim-de-infância potenciará uma
melhor utilização dos recursos existentes, evitando tam-
As alterações que a seguir se enumeram devem consi- bém a deslocação dos alunos do 2.o ciclo para a sede
derar-se como um pedido de «extensão», tal como pre- do concelho, com vantagens claras para o sistema de
visto na alínea uu) do n.º 1 artigo 2.º e no n.º 1 do arti- ensino e em proveito dos alunos.
go 33.º do presente diploma. A expansão da Escola Básica dos 1.o e 2.o Ciclos/Jar-
O pedido de extensão de autorização de introdução no dim-de-Infância da Ponta da Ilha pressupõe a aquisição
mercado de um medicamento de uso humano deve man- de uma parcela de terrenos contígua à actual Escola
ter o mesmo nome do medicamento existente, salvaguar- Básica do 1.o Ciclo/Jardim-de-Infância da Piedade.
dando-se a possibilidade de apresentar um pedido novo, Pretendendo avançar-se com a elaboração do projecto
distinto e completo de autorização de introdução no mer- de expansão da Escola Básica dos 1.o e 2.o Ciclos/Jar-
cado relativa a um medicamento que já tenha sido auto- dim-de-Infância da Ponta da Ilha é necessário decretar
medidas preventivas em relação à mencionada área de
rizado com um nome e um resumo das características do expansão, de modo a evitar que a alteração indiscri-
medicamento diferentes. minada das circunstâncias crie dificuldades à futura exe-
Alterações que exigem um pedido de extensão. cução da obra, tornando-a mais difícil ou onerosa.
1 — Alterações da ou das substâncias activas: Assim, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma
i) Substituição da substância ou das substâncias acti- dos Açores, nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 227.o,
vas por um sal ou éster diferente (complexo/derivado) (com conjugada com o n.o 4 do artigo 112.o da Constituição
a mesma parte activa terapêutica) em que as característi- da República Portuguesa e das alíneas f) do artigo 8.o
e c) do n.o 1 do artigo 31.o do Estatuto Político-Admi-
cas de eficácia/segurança não variem consideravelmente; nistrativo da Região Autónoma dos Açores, decreta o
ii) Substituição por um outro isómero ou por uma mis- seguinte:
tura de isómeros diferente, ou de uma mistura por um úni- Artigo 1.o
co isómero (por exemplo, de uma mistura racémica por um
único enantiómero), em que as características de eficácia/ Objecto
segurança não variem consideravelmente; O presente diploma estabelece as medidas preventivas
iii) Substituição de uma substância biológica ou de um aplicáveis na zona de expansão da Escola Básica dos
produto biotecnológico por outro com uma estrutura 1.o e 2.o Ciclos/Jardim-de-Infância da Ponta da Ilha,
molecular ligeiramente diferente; alteração do vector utili- na freguesia da Piedade, Lajes do Pico.
zado para produzir o antigéneo/material de origem, inclu-
indo um novo banco principal de células de origem dife- Artigo 2.o
rente, em que as características de eficácia/segurança não Âmbito
variem consideravelmente; A zona de expansão da Escola enunciada no artigo
iv) Novo ligando ou mecanismo de acoplamento de anterior é definida pela área assinalada na planta anexa
medicamentos radiofármacos; ao presente diploma, do qual faz parte integrante, con-
v) Alteração do solvente de extracção ou do rácio do frontando a norte com Manuel Monteiro Machado, a
fármaco à base de plantas na preparação medicamentosa sul com José Álvaro Soares, a leste com a Câmara Muni-
à base de plantas em que as características de eficácia/ cipal das Lajes do Pico e a Paróquia de Nossa Senhora
segurança não variem consideravelmente. da Piedade e a oeste com estrada regional.

2 — Alteração da dosagem, da forma farmacêutica e da Artigo 3.o


via de administração: Medidas preventivas
i) Alteração da biodisponibilidade; 1 — Durante dois anos, contados da entrada em vigor
ii) Alteração da farmacocinética, como a alteração da do presente diploma, fica dependente de autorização
taxa de libertação; do departamento do Governo Regional com competên-
iii) Alteração ou introdução de uma nova dosagem; cia em matéria de educação, sem prejuízo de quaisquer
iv) Alteração ou introdução de uma nova forma farmacêutica; outros condicionamentos legalmente exigidos, a prática
v) Alteração ou introdução de uma nova via de admi- na área definida na planta anexa a este diploma dos
nistração (no que respeita à administração parentérica, seguintes actos ou actividades:
importa distinguir entre as vias intra-arterial, intravenosa, a) Construção, reconstrução ou ampliação de edifícios
intramuscular, subcutânea e outras). ou outras instalações;
b) Instalação de explorações agrícolas ou ampliação
das já existentes;
c) Alterações importantes, por meio de aterros ou
REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES escavações, à configuração geral do terreno;
d) Operações de urbanização ou outras que alterem
Assembleia Legislativa o registo predial respectivo.
2 — O período fixado no número anterior não pre-
Decreto Legislativo Regional n.o 31/2006/A judica a respectiva prorrogação por período não superior
Medidas preventivas aplicáveis na zona de expansão da Escola a um ano, se tal se mostrar necessário.
Básica dos 1.o e 2.o Ciclos/Jardim-de-Infância
da Ponta da Ilha Artigo 4.o
A redução significativa de alunos que se tem veri- Regime supletivo
ficado no concelho das Lajes do Pico, nomeadamente Às medidas preventivas estabelecidas neste diploma
na Ponta da Ilha, obriga à redefinição da actual rede aplicam-se supletivamente as disposições constantes do
escolar. Decreto-Lei n.o 794/76, de 5 de Novembro.

Você também pode gostar