Você está na página 1de 2

"Repórter: Leila, conta pra gente como foi essa situação, aquele momento crítico, na

qual vc passou.

Leila Lopes (voz oscilante, sotaque de Rio, São Paulo e Porto Alegre): Ahn, é a
sensação de rodar, rodar, rodar... Ahn, sem saber exatamente pra onde estava indo
ou como se já estivesse no céu... que acredito totalmente que é pra lá que eu vou
quando, quando, quando, quando isso for decidido né? quando for o momento... E
eu não sabia o que estava acontecendo porque eu não sabia como (pausa na voz,
giro com a cabeça e com a mão) começou a acontecer...

Uma tarde de domingo linda, maravilhosa, um sol belo azul, 17 horas. Eu, ahn, han!,
ao contrário do que os homens pensam: dirijo muito beeeeeeeem porque pra dirigir
Rio-São Paulo-Porto Alegre é preciso dirigir muito bem. Ahn (sons guturais) não
tinha movimento e era incrível, era domingo e era pra estar lotado de carros vindo
da praia. Era verão. Dia dezenove de dezembro de 1999, EXATAMENTE no dia que
minha mãe, se estivesse viva, estaria... de aniversário. E eu vinha muito feliz, eu
estava indo muito feliz pra Santa IsabEEEEEEEEEl aonde eu fiz amigos
maravilhosos numa turnê que eu fiz com Terapia Sexual e que eles se tornaram
amigos íntimos.

Estávamos indo eu e minha presária, minha amiga querida, que hoje é minha amiga
querida e não mais empresária, Berenice Lamônica, quando tudo começou a girar,
girar, girar, girar e eu disse: Berenice, segura! Nós vamos bater! Nada mais me
lembro. (Rotação com a cabeça) Na-da-mais-me-lem-bro. Apenas sei que foram
horas e horas e horas e horas de resgate porque eles achavam que eu estivesse...
REALMENTE morta. (olha pra câmera) Eu tive sete vértebras ahn REALMENTE
feridas, né. Não pude nem mais fazer a novela. Não pude mais nem... Tive que ir...
Era natal... eu tive que ir de de com aquelas macas da Varig e tal... E REALMENTE
foi uma coisa terrível. Foram meses e meses na cama de recuperação. Foi uma
coisa terrível.

Repórter (mostrando a etiqueta do terno alugado) : Leila Lopes, por exemplo, você
acordou pruma nova realidade, um presente de ter a vida de volta. Como é que fica
Deus nessa situação? Você pensou nele? O que que veio? Qual foi o primeiro
pensamento da segunda chance?

Leila (sorrindo) : Ah! Eu tenho certeza absoluta que foi ele que me salvou. Aliás a
minha vida é uma antes do acidente e outra PÓS acidente. A ORAÇÃO (dando
socos no ar), sobretudo a ORAÇÃO é que te recupera e ali começou uma nova
Leila, uma nova Leila. É esse Deus que me tiroR dali, são esses anjos, esse Jesus
Cristo, meu irmão que me tirou dali... (pára e reflete) E um bom carro também, né,
se pode falar! (rindo, fanfarrona)

Repórter: Com certeza!


Leila: Se eu tivesse de um fusquinha que tem que empurrar... Me desculpe os
fusquinhas, acho ótimo, eu não estaria lá, com certeza. Não estaria mais aqui, eu
seria também um anjo, tenho certeza, porque tudo que eu faço na minha vida, sem
pieguice, é tentar ser boa.

Você também pode gostar