Espe c ia l

A chave
do sucesso:
conhecimento e
atualização para
a classe médica
Conheça os profissionais que atuam nas
grandes indústrias farmacêuticas, aproximando
a ciência dos consultórios
 EDITORIAL

Suplemento Especial
“Médicos na indústria farmacêutica”
março e abril de 2018
www.doccontent.com.br
Diretor-geral Renato Gregório
Editor Bruno Aires (MTB 26.204/RJ), membro
da Association of Health Care Journalists
Coordenadores editoriais Marcello Manes e
Thaís Novais
Repórteres Bárbara Mello, Bruno Bernardino,
Clara Magalhães, Gabriela Rezende, Laís Mathias
e Paula Netto
Coordenador de revisão Leonardo de Paula
Coordenador técnico-científico Guilherme
Sargentelli (CRM 541480-RJ)
Consultores da área digital Bruno Garcia e
Cláudio Martins
Designers gráficos Douglas Almeida, Monica
Mendes e Tatiana Couto
Gerentes de relacionamento Karina Maganhini,
Katia Martinez, Sâmya Nascimento, Selma
Brandespim e Thiago Garcia
Assistente comercial Heryka Nascimento
Gerente de marketing USA Alessandro Lago
Assistente de varejo Rodrigo Miceli
Coordenador administrativo Tiago Silvestre
Produção gráfica Pedro Henrique Soares
Administrativo Lucila Monteiro
Financeiro Abraão Araújo e Viviane Telles
Fale com a redação
Comentários sobre o conteúdo editorial,
sugestões e críticas a matérias:
atendimento@doccontent.com.br
Papel de relevância
O
que faz um médico em uma indústria farmacêutica? Foi com o
objetivo de responder a essa pergunta que desenvolvemos o su-
plemento especial da Revista DOC que você, agora, tem em mãos. Nas
próximas páginas, vamos falar a respeito dos profissionais que, muitas
vezes, optaram por trabalhar em grandes empresas e deixaram a rotina
de consultórios, clínicas e hospitais de lado, mas nem por isso se afasta-
ram da Medicina.
Ser gerente médico de uma indústria não é uma tarefa simples. O
profissional precisa dialogar, o tempo todo, com vários setores da em-
presa, assim como deve estar atento ao que acontece no mercado da
Saúde. Ele é o responsável por promover a Medicina dentro da própria
indústria e junto à classe médica. Para isso, precisa ter características
específicas que fazem toda a diferença nesse tipo de trabalho.
Nas próximas páginas, você conhecerá histórias que mostram como a
Medicina pode ser trabalhada de variadas formas. A conclusão é que ser
médico, hoje, não se restringe apenas ao consultório.
Boa leitura!
Renato Gregório | Diretor-geral
Sumário
3 RELEVÂNCIA
Profissionais falam sobre a importância do gerente médico
6 PANORAMA
Um raio-X do gerente médico
8 INTERNACIONAL
Brasileiros que atuam nas indústrias no exterior

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Gerentes médicos
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10
A Revista DOC é uma publicação bimestral, exclusiva para a classe
médica. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução sem
autorização prévia e escrita. Todas as informações técnicas e opi-
niões expressas em colunas são de responsabilidade dos respectivos
autores e colunistas.

O MÉDICO COMO PARCEIRO
DA INDÚSTRIA
Gerentes de marketing de grandes indústrias revelam por que o médico é uma peça fundamental
para implementar mudanças estratégicas, planejar ações e ficar mais próximo dos clientes
E m meio a diversos setores presen-
tes na indústria farmacêutica, uma
das áreas de mais importância dentro
da estrutura é a área médica, que tem
como protagonista a figura do gerente
médico. Nessa função, o profissional
enfrenta vários desafios, como: repre-
sentar a indústria, atuar como o elo
desta com a classe médica e traduzir
para os pacientes todos os avanços al-
cançados. Portanto, o gerente médico é
responsável por fornecer embasamento
técnico-científico e sua vivência clínica,
no meio corporativo e auxilia na tomada
de decisões estratégicas e no desenvol-
vimento de projetos.
Sendo assim, é crucial que existam
um trabalho em conjunto do setor de
Marketing com os médicos e o reco-
nhecimento mútuo da importância de
Laís Mathias
Colaboração de Paula Netto
ambos. Isso faz com que a elaboração
de ações promocionais não perca em
qualidade e eficácia, segundo Mônica
Sampaio, gerente de marketing de pres-
crição médica da Eurofarma. “O gerente
médico auxilia na aprovação de todos
os materiais, trabalha nos melhores
approaches e contribui para o plane-
jamento estratégico com inovações para
ampliar o portfólio, ao analisar tendên-
cias e avanços do setor de Saúde”, explica.
Dessa forma, o gerente médico se tor-
na um elemento-chave na compreensão
do público e na abordagem necessária
que a indústria adotará com suas ações.
“O gerente também é aquele profissio-
nal que avalia tecnicamente todos os
lançamentos e estudos disponíveis, além
de acessar frequentemente sua rede de
contatos para auxiliar na compreensão
RELEVÂNCIA
dos mercados de atuação, bem como
para o desenvolvimento de possíveis no-
vos produtos”, complementa Mônica.
Por isso, a união entre o setor de
Marketing e a área médica é um fator
primordial dentro da indústria, pois o
médico percebe qual é a melhor forma
de a ciência impactar os pacientes e seus
colegas de profissão, levando em con-
sideração a perspectiva do laboratório.
“O trabalho do gerente médico junto ao
setor de Marketing é uma cumplicidade
que deve se estender para todas as ativi-
dades no dia a dia, porque não envolve
só o plano de marketing ou o planeja-
mento, mas a rotina, em geral. Após a
definição do plano de marketing, exis-
tem outras ações que precisam de uma
sintonia muito grande para fazer um
trabalho com profundidade científica,
| 3 | DOC
 RELEVÂNCIA

mas, também, com visão estratégica de
marca”, ressalta José Olimpio Mattos, vi-
“O médico, na
ce-presidente do grupo Farmoquímica.
indústria, é como Diante disso, esse profissional também
atua na parte estratégica, dando um supor-
um radar para te mais do que essencial. “O médico, na
indústria, é como um radar para o Marke-
o Marketing,
ting, sinalizando-nos e alimentando-nos a
sinalizando-nos e todo o momento, a partir de referências
científicas e atualizações de diretrizes, tra-
alimentando-nos a zendo sempre os insights que precisamos
para desenhar uma boa comunicação ali-
todo o momento, a
nhada à estratégia de cada marca”, explica
partir de referências Ana Claudia Aguiar, gerente de marketing
da Biolab Farmacêutica.
científicas e Ana Claudia também ressalta a impor-
tância que a experiência clínica possui
atualizações de
nesse contexto. “Para desenhar uma es-
diretrizes, trazendo tratégia de produto baseada em caracte-
rísticas e benefícios, a contribuição do
sempre os insights gerente médico é fundamental. Ele tem
a vivência clínica diária e consegue tra-
que precisamos
duzir para o Marketing as necessidades
para desenhar uma do médico e de seu paciente, no que diz
respeito a diagnósticos e tratamentos, au-
boa comunicação xiliando-nos na jornada do paciente e na
proposição de novos produtos. No final
alinhada à estratégia
de tudo isso, conseguimos atender me-
de cada marca” lhor nosso cliente”, destaca Ana Claudia.
Por outro lado, é essencial que esse
Ana Claudia Aguiar, médico possua outras característi-
gerente de marketing cas que contemplem um perfil mais
da Biolab
empreendedor e que tenha boa noção de
gestão e força de vendas. “Cada vez mais
é necessário que a indústria farmacêuti-
ca encontre profissionais da área médica
que tenham perfil mais comercial e pos-
sam estar antenados às oportunidades de
mercado”, afirma Aline Anschau, gerente
de produto da Merck Consumer Health.
Com base em sua experiência, Ali-
ne indica outros elementos necessários
para que o médico seja eficaz dentro da
indústria e colabore para esse mercado.
“A indústria espera que o gerente mé-
dico tenha uma postura participativa,
mente aberta e antenada às novidades
e às oportunidades de mercado. Ape-
sar do background médico, o gerente
também precisa ser focado em resulta-
dos, ser inovador, ter atitude colabo-
rativa e facilidade para interagir com
pessoas”, expõe.
Nesse sentido, o trabalho do gerente
médico passa por diversos setores, for-
necendo suporte técnico, evidenciando
seu caráter multifacetado, a capacidade
de comunicação e a sua importância
nos processos da indústria farmacêu-
tica. No passado, esse ofício ainda era
visto com desconfiança por outros
médicos e por instituições da área.
No entanto, hoje, a presença desse
profissional nos laboratórios, além de

“O gerente médico
auxilia na aprovação
de todos os materiais,
trabalha nos melhores
approaches e contribui
para o planejamento
estratégico com
inovações para ampliar
o portfólio, ao analisar
tendências e avanços do
setor de saúde”

Mônica Sampaio, gerente de

marketing da Eurofarma

DOC | 4 |
“O trabalho do gerente
médico junto ao setor AS FUNÇÕES DO GERENTE MÉDICO
de Marketing é uma • Revisar todos os materiais (promocionais ou não) que abordam elemen-
tos científicos e de boas práticas médicas;
cumplicidade que deve
• Produzir conteúdo médico-científico sobre as patologias e sobre os pro-
se estender para todas as dutos da empresa;
atividades no dia a dia, • Participar do desenvolvimento das estratégias de comunicação para a
porque não envolve só classe médica e para o público final;

o plano de marketing ou • Dar o suporte técnico-científico para todas as áreas da empresa (Farma-
covigilância, Regulatória e Marketing);
o planejamento, mas a
• Participar ativamente da área estratégica da empresa, monitorando as
rotina, em geral. tendências nos tratamentos dentro dos produtos trabalhados;

José Olimpio Mattos, • Participar de eventos médicos, visando, principalmente, à informação e

vice-presidente da FQM ao posicionamento médico relacionados a patologias e produtos;
• Organizar eventos de caráter científico: desde ações internas até a par-
ticipação científica em congressos nacionais e internacionais (simpósios,
fóruns de discussão etc.);
• Partilhar ideias e ações voltadas a oportunidades e ao desenvolvimento
de produtos dentro da área de Novos Negócios;
• Manter relacionamento ético e ser a ponte entre a empresa e as socie-
dades/federações médicas brasileiras.
• Participar do treinamento médico da força de venda, junto aos represen-
tantes, com relação aos produtos e patologias relacionados, dentre outras.

passar credibilidade, serve como ponte

para facilitar relacionamentos. “O geren-
“Cada vez mais é
te médico conhece tanto as necessidades
do médico junto a seus pacientes como necessário que a
as da indústria, portanto, ele nos auxilia
indústria farmacêutica
muito, garantindo uma parceria saudável
e um resultado positivo para ambos os encontre profissionais
lados. Além disso, o gerente médico tam-
da área médica que
bém nos ajuda a construir um importante
relacionamento com a classe médica e as tenham perfil mais
sociedades”, afirma Ana Claudia Aguiar,
comercial e possam
da Biolab Farmacêutica.
Atualmente, o cargo de gerente médi- estar antenados às
co alcançou consolidação no mercado, e
oportunidades de
não só mostra resultados extremamente
positivos, mas tornou-se uma posição mercado”
estratégica e essencial. O futuro parece
promissor e o reconhecimento desses Aline Anschau, gerente
profissionais é algo que já faz parte da de produto da Merck
rotina das indústrias. g

| 5 | DOC
 PANORAMA

O gerente médico no raio-X

Saiba mais sobre o cargo que adquire importância crescente nas indústrias farmacêuticas do mundo
todo, atraindo médicos com a oferta de bons retornos financeiros e grande crescimento profissional

Bruno Aires

O gerente médico, nos últimos anos, vem ganhando um

papel cada vez mais central nas grandes indústrias far-
macêuticas, em todo o mundo. Em muitas empresas, ele é um
dos responsáveis por definir as estratégias globais do negócio e
direcionar o caminho da organização. Isso acontece porque o
profissional tem visão, conhecimento e experiência do que sig-
nifica qualidade na área da Saúde. Suas responsabilidades, em
muitos casos, englobam a implantação e o desenvolvimento
de ações inovadoras que podem afetar a Medicina como um
todo, melhorando o trabalho dos médicos e a qualidade do
que os pacientes recebem em suas consultas.
Devido a esse papel central tão importante, a Revista DOC
preparou um infográfico especial sobre esse profissional. Co-
nheça, a seguir, o perfil do gerente médico da indústria farma-
cêutica, suas habilidades, responsabilidades, salário médio e
outras informações.

Quem é o gerente médico?

Experiência e formação: o profissional Visão de mercado: o gerente médico par-
deve ser graduado em Medicina, com ticipa do desenvolvimento de produtos
especialização e residência. Quanto mais inovadores e do planejamento estratégico.
conhecimento tiver do mercado da Saú- Para isso, é preciso “olhar mais longe”.
de como um todo, melhor.

Idiomas: ser fluente em mais de uma

Liderança e parceria: o gerente médico,
língua é fundamental para ser gerente
na indústria, colabora com diversos de-
médico. O Inglês é requisito básico, mas
partamentos, como o de Marketing. Por-
comunicar-se bem em Francês e Alemão,
tanto, é preciso saber trabalhar em equipe,
por exemplo, pode ser um importante di-
criando laços e parcerias importantes,
ferencial. Muitas indústrias têm suas sedes
eficientes e produtivas. O médico acaba
nos Estados Unidos, França e Alemanha.
sendo visto como um líder ou detentor de
um conhecimento fundamental.
Disposição para viagens: conhecer
o mundo também pode ser uma fun-
ção do gerente médico. O profissional, Organização e planejamento: requisitos
muitas vezes, é requisitado para viagens básicos para um gerente médico. O pro-
dentro e fora do Brasil, participando de fissional precisa analisar as tendências e
congressos e reuniões, em que se relacio- os avanços da ciência para fazer com que
na com a comunidade científica e com a indústria concorra em pé de igualdade
especialistas da área médica. com seus concorrentes no mercado.

DOC | 6 |
O salário de um gerente médico varia de A média salarial mensal é de
R$8 mil a R$28 mil
por mês no Brasil R$17.990
O porte da indústria, Os gerentes médicos têm
a experiência do médico e questões
mercadológicas influenciam de 35 a 60 anos
o valor do salário de idade, em média
Características que a indústria busca em um gerente médico:
Facilidade para Capacidade de
Honestidade Respeito
trabalhar em equipe liderança

Nos Estados Unidos

Mais de 15 anos Na Europa

É o tempo médio de experiência que o gerente
médico tem no mercado
Doutorado é o nível de especialização de 94%
64% dos gerentes médicos
dos gerentes médicos na indústria farmacêutica são do sexo masculino
O salário médio é de O salário médio é
US$385 mil por ano de150 mil euros por ano
| 7 | DOC
 INTERNACIONAL
GERENTES MÉDICOS
do tipo exportação
Conheça a trajetória de dois profissionais que saíram do Brasil e encontraram em outros
países uma oportunidade de avançar em suas carreiras e expandir seus conhecimentos
A s operações globais dentro do setor
farmacêutico estão em expansão,
facilitando a emigração de profissionais
para outros mercados. A rapidez das pes-
quisas, a maior facilidade em desenvolvê
-las e a chance de fazer parte de projetos
inovadores são alguns dos principais
motivos que atraem gerentes médicos
brasileiros a se aventurar no exterior.
Esse anseio por novas perspectivas le-
vou o ginecologista e obstetra Alexandre
Megale ao cargo que desempenha hoje,
no Canadá.
O médico iniciou sua trajetória na
AstraZeneca do Brasil em dezembro de
2013, permanecendo lá por dois anos.
Depois, foi para o time global de diabe-
tes, em Maryland, nos Estados Unidos,
DOC | 8 |
Laís Mathias
Colaboração de Paula Netto
e, desde julho de 2017, está no Cana-
dá, atuando como consultor médico
na experiência local, também na área
de diabetes. “Minha escolha não foi
influenciada pela situação econômica e
política do Brasil, mas pelo desenvolvi-
mento de minha carreira, pela oportu-
nidade de fazer parte de um time global
e voltar a trabalhar com projetos mais
próximos dos médicos, adaptando uma
estratégia global para uma realidade lo-
cal em um ambiente onde há muita pes-
quisa e líderes de opinião”, ressalta.
Diante da mudança de vida, o gineco-
logista, que passou por todo esse proces-
so com a família, destaca a necessidade
de considerar todas as possibilidades e,
além da carreira, prezar pela qualidade
de vida. “Também fiz essa escolha por
minha família, pois sempre vi o Canadá
como um dos melhores países do mundo
para morar. Nossa condição também era
muito boa em Maryland, mas, em longo
prazo, como família, preferimos mudar
por questão de educação, saúde e segu-
rança”, conta.
Diferenças entre o Brasil e o
exterior
A atuação e as tarefas de gerentes mé-
dicos fora do Brasil variam de acordo
com o país e com a empresa. No caso
de Ronaldo Fujii, que atua na área de
desenvolvimento e pesquisa da Merck
nos Estados Unidos, como diretor na
área de Imuno-Oncologia (no cargo de
global evidence and value development di-
rector, em Inglês), o trabalho inclui fun-
ções tanto na área estratégica como nas
pesquisas dos medicamentos. “Meu dia
a dia envolve desenhar estratégias para
os programas de pesquisa e de desen-
volvimento, realizar estudos e preparar
a evidência necessária para os processos
de reembolso de medicações para dife-
rentes países”, afirma.
Nesse aspecto, as diferenças entre os
outros países e o Brasil também ficam evi-
dentes no desempenho das funções e nos
resultados alcançados. “O tipo de resulta-
do que tenho aqui é muito mais atrativo
para mim, porque não é vinculado à área
financeira. O objetivo de meu trabalho é
mostrar os resultados de publicações que
submeti, ideias científicas que apoiei,
parcerias com associações médicas e de
pacientes e geração de dados científicos.
Tudo isso em um ambiente em que essas
questões são factíveis”, destaca Megale.
Para Fujii, a questão-chave são os
anos à frente que o exterior possui em
relação ao Brasil. “Apesar da crescente
indústria nacional, o desenvolvimento e
a pesquisa farmacêutica no Brasil ainda
estão muito longe do desejável. Dessa
forma, estar perto da vanguarda do de-
senvolvimento no mundo é realmente
excitante”, declara. Contudo, os obstá-
culos continuam em qualquer parte do
globo. “O desafio da função é vencer em
sistemas de saúde nos quais os recursos
são cada vez mais escassos, com pacien-
tes necessitando de melhores tratamen-
tos”, acrescenta.
Além das vantagens já citadas para
o trabalho no exterior, fatores como a
quantidade de pesquisas, os recursos
disponíveis e o fluxo de conhecimento
são determinantes. “Acho que conhecer
pessoas da área e conversar com líderes
de opinião ajuda muito. Então, o Bra-
sil precisa convidar mais pesquisadores
para participar dos eventos de discus-
sões, porque isso gera novas e boas
ideias”, ressalta Megale.
De acordo com a experiência de Fu-
jii, alguns dos segredos estão em inovar
e investir em pesquisas. “A indústria
brasileira melhoraria muito se o fo-
mento à pesquisa fosse mais volumo-
so. Entendo que esse é um pilar básico
“A indústria brasileira
melhoraria muito se o
fomento à pesquisa fosse
mais volumoso. Entendo
que esse é um pilar
básico para a indústria
de ponta. Sem pesquisa,
estamos apenas
copiando o velho”
RONALDO FUJII
para a indústria de ponta. Sem pesqui-
sa, estamos apenas copiando o velho e
acabamos caindo em um mercado de
commodities com margens de lucro mui-
to rasas, insustentáveis para gerar inova-
ção”, afirma o diretor da Merck.
Por outro lado, o diálogo que a in-
dústria farmacêutica brasileira possui
com o setor de Marketing e Vendas se
destaca em relação ao do Canadá, por
exemplo, segundo o consultor médico
da AstraZeneca. “No Brasil, a promo-
ção de medicamentos tem um cená-
rio diferente do Canadá. Isso torna
a função médica muito mais impor-
tante. Paralelamente, essas restrições
na regulamentação fazem que outros
canais para a ativação dos médicos se-
jam considerados, como a realização
de simpósios e parcerias com associa-
ções”, conta Megale.
“A prática que tive no
Brasil fez uma enorme
diferença em minha
vida. Muitas vezes, faço
alguma sugestão por
aqui e me dizem que a
ideia é ótima, sendo que
é algo que já coloquei
em prática, há muito
tempo, no Brasil”
ALEXANDRE MEGALE
Além disso, o consultor garante que
a experiência e a prática obtidas no país
de origem foram decisivas para o de-
senvolvimento de sua carreira e para o
cargo que ocupa hoje. “A prática que
tive no Brasil fez uma enorme diferença
em minha vida. Muitas vezes, faço algu-
ma sugestão por aqui e me dizem que a
ideia é ótima, sendo que é algo que já
coloquei em prática, há muito tempo,
no Brasil. Então, essa experiência conta
muito”, afirma.
Diante disso, observa-se que o Brasil
tem um caminho promissor a ser per-
corrido, ao mesmo tempo em que o ex-
terior continua se reinventando. Ainda
há etapas a serem vencidas e alcançadas
em todos os mercados, mas, principal-
mente, conhecimentos que podem ser
compartilhados para o bem da indús-
tria e da sociedade. g
| 9 | DOC
 CASOS DE SUCESSOS

As histórias de quem leva

a ciência aos médicos
Os desafios diários do médico que atua em uma indústria farmacêutica são vários. Conheça as histórias,
as opiniões e os perspectivas de dez gerentes médicos que, hoje, atuam em grandes empresas

Laís Mathias
Colaboração de Paula Netto

O médico, por ter uma visão mais abrangente do processo de diagnóstico e tra-
tamento, é um pilar estratégico dentro das indústrias farmacêuticas. Sendo as-
sim, o conhecimento técnico-cientifico que um gerente médico possui faz com que
a ciência impacte, de forma prática, a vidas dos pacientes, dando voz a eles e colabo-
rando com as empresas a partir de suas experiências e vivência clínica. Pensando isso,
a Revista DOC preparou uma reportagem especial com a história e as experiências
de gerentes médicos no desempenho desse ofício nas indústrias farmacêuticas. Nas
próximas páginas, conheça um pouco da história desses profissionais.

DOC | 10 |

Alexandre Fabris
“E ntrei na indústria por meio da
indicação de uma colega de fa-
culdade, que trabalhava como gerente
médica na companhia. A princípio, fi-
quei inseguro, devido à grande respon-
sabilidade atrelada ao cargo, mas, como
sempre tive excelentes gestores e colegas
que me instruíram e me apoiaram bas-
tante, não encontrei qualquer dificulda-
de para atuar nessa função.
Logo percebi que o gerente médi-
co tem um papel bastante importante,
pois é o profissional responsável pela
execução de variadas atividades que exi-
gem conhecimento técnico específico,
facilitando o treinamento das equipes,
a elaboração de diferentes materiais e a
tomada de decisões estratégicas. O pro-
fissional dessa área também atua direta-
mente no esclarecimento de dúvidas da
classe médica relacionadas aos produtos
e no envio de literatura específica, além
de trazer para a companhia as sugestões
de novos negócios para a solução de
problemas relacionados ao diagnóstico e
ao tratamento dos pacientes.
Aché
Gerente médico Um bom gerente
médico deve ter, além
Por isso, um bom gerente médico
deve ter, além de sua formação técni-
ca, interesse pelo conhecimento e fa- de sua formação
cilidade para se relacionar, não apenas
com os diferentes departamentos, mas técnica, interesse
também com todos os profissionais que
estejam ligados à indústria farmacêuti- pelo conhecimento
ca. Nesse trabalho, sempre temos algo
a mais para aprender, e a experiência, e facilidade para se
aliada ao conhecimento técnico, faz
toda a diferença.
Apesar da crise, o mercado para o ge-
relacionar. Nesse
rente médico segue bastante aquecido, e
constantemente aparecem propostas de
trabalho, sempre
emprego para esses profissionais, dada
a sua importância. A crise exige que as temos algo a mais
indústrias farmacêuticas sofram mu-
danças, precisando bastante do apoio para aprender, e a
técnico do gerente médico. Acredito
que o interesse da indústria farmacêuti- experiência, aliada
ca pelos gerentes médicos, assim como
o dos médicos pela indústria, tende a ao conhecimento
aumentar. Certamente, essa parceria
não só traz inúmeros benefícios para técnico, faz toda
ambas as partes como, também, para
toda a população”. a diferença”
| 11 | DOC
 CASOS DE SUCESSOS
Eurofarma
Cristiane Ortigosa
O gerente médico
é o profissional que
fornece à indústria
“E m 2011, uma colega que tra-
balhava como gerente médica
estava saindo de licença-maternidade
e de férias por sete meses. A indústria
o embasamento buscava um médico temporário para
substituí-la. Eu estava em busca de uma
técnico-científico e os carreira alternativa, pois, embora gos-
tasse muito de trabalhar como obstetra,
subsídios da vivência especialista em gestação de alto risco,
almejava uma rotina com horários mais
clínica que obteve previsíveis. Assim, aceitei o desafio,
adorei trabalhar no meio corporativo e
antes de ir para o estou nessa área até hoje.
Em minha experiência, entendi que
o gerente médico é o profissional que
meio corporativo, fornece à indústria o embasamento
técnico-científico e os subsídios da vi-
para auxiliar na vência clínica que obteve antes de ir
para o meio corporativo, para auxiliar
tomada de decisões na tomada de decisões estratégicas por
diversas áreas da companhia. Nesse as-
estratégicas por pecto, é importante que esse profissional
tenha amplo conhecimento, incluindo
diversas áreas da metodologia científica, pesquisa clínica
e Medicina Baseada em Evidências, e
companhia” que tenha habilidade em comunicação,
DOC | 12 |
Gerente médica
negociação, planejamento e didática na
transmissão do conhecimento.
Além da formação superior comple-
ta em Medicina, é interessante que esse
médico já tenha feito alguma residência
e/ou especialização e que já tenha atua-
do em clínicas e/ou hospitais. As indús-
trias estão, cada vez mais, em busca de
inovação e de maior proximidade com
os clientes médicos. Diante disso, te-
nho visto que o cenário da visão sobre
a indústria farmacêutica no Brasil está
melhorando. A cada dia, a classe médica
está mais ciente de que a parceria entre
médicos, indústrias, universidades, pa-
cientes, Anvisa e outros stakeholders é
necessária, e, muitas vezes, traz resulta-
dos positivos para todos os envolvidos.
Espero que a importância do geren-
te médico seja cada vez mais reconhe-
cida nas empresas farmacêuticas, e que
cada vez mais médicos com expertise em
metodologia de pesquisa e Medicina
Baseada em Evidências vislumbrem na
carreira de gerente médico uma opção a
ser considerada”.

Egle Costa Oppi
Gerente médica executiva
“C ada vez mais, o tempo é algo es-
sencial. Temos uma geração mais
nova muito acelerada. Porém no caso da
gerência médica, o tempo de vivência clí-
nica é indispensável, além do estudo e da
busca constante por novos conhecimen-
tos. É preciso seguir degrau por degrau.
Eu, por exemplo, já tinha dez anos de es-
pecialização quando entrei na indústria.
Minha formação é em Clínica Médica
e Cardiologia Clínica, e eu desempenha-
va o cargo de chefe-clínica de uma equipe
de cirurgia cardíaca e coordenava a resi-
dência clínica. Tornei-me uma líder de
opinião e comecei a ser convidada pelos
laboratórios farmacêuticos para diversas
palestras. Nessa época, frequentemente
agendava um período da manhã para
receber representantes com seus produ-
tos, sempre ouvindo os detalhes de suas
abordagens. Acabei sendo levada para a
indústria por um representante.
Hoje, já são 20 anos de Biolab. Em
2001, me tornei gerente médica, e,
em 2006, assumi meu cargo atual de
gerente médica executiva de supor-
te técnico-científico, gerenciando o
SAC e a Farmacovigilância e dando
Biolab
Farmacêutica
O médico de
indústria precisa ter
continuidade ao meu trabalho no con-
sultório em um hospital de referência
em Cardiologia em São Paulo. a mesma visão do
Na Biolab, a gerência médica fornece
o suporte técnico-científico com elabo- médico que trabalha
ração, revisão e pareceres científicos para
as áreas. Todo o conteúdo científico dos no consultório
materiais de marketing, treinamento
para representantes, relatórios para a ou no hospital.
Anvisa e auxílio na elaboração de bulas,
entre outras ações, saem da área médica.
Além desse apoio, o gerente também faz
Essa vivência é
parte da estratégia, já que, com a vivên-
cia em hospitais e consultórios, adquiri-
fundamental para
mos o conhecimento de campo, o que
ajuda no direcionamento das ações. o gerente médico,
O médico de indústria precisa ter a
mesma visão do médico que trabalha no pois conhecemos
consultório ou no hospital. Essa vivência
é fundamental para o gerente médico, a rotina do
pois conhecemos a rotina do profissional,
o que ele necessita e como poderemos profissional, o que
ajudá-lo no conhecimento do produto e
em sua aplicabilidade na prática clínica. ele necessita e
Esse é o grande diferencial do gerente
médico: conseguimos identificar e aten- como poderemos
der, da melhor maneira, as necessidades
por ter conhecimento prático”. ajudá-lo”
| 13 | DOC
 CASOS DE SUCESSOS
Sanofi &
Medley
Fabiana Sanches
Posso não estar
mais com o paciente
em minha frente, “U ma boa formação médica é o
fundamento básico para ser um
bom profissional e, também, um bom
mas sei que o gerente médico. Fora isso, existem cur-
sos específicos, como MBA e pós-gradu-
medicamento ação em Indústria Farmacêutica, pois é
necessário que exista uma profundidade
em que estou científica no trabalho realizado, para
que possamos falar com toda a proprie-
trabalhando vai ser dade junto aos colegas especialistas. No
trabalho, postura e conhecimento tam-
importante para bém são fundamentais para sermos cada
vez mais vistos como ponto de contato
aquela pessoa” da indústria com médicos, hospitais e
universidades e, até mesmo, pacientes.
Em 2017, completei 21 anos de for-
mada. Atuei por 18 anos em consul-
tório particular, hospitais, ensinado os
residentes e em assistência na área de
alto-risco obstétrico. Quando come-
cei a pensar em sair da assistência, a
indústria surgiu como uma forma de
não me distanciar da Medicina. Que-
ria continuar aprendendo, me atuali-
zando e participando de tudo o que
DOC | 14 |
Gerente médica
envolve o meio médico, e encontrei
isso nessa área.
Estou na indústria farmacêutica há
três anos e tenho a oportunidade de
manter o contato íntimo com a Medici-
na. Posso não estar mais com o paciente
em minha frente, mas sei que o medica-
mento em que estou trabalhando vai ser
importante para aquela pessoa.
Hoje, vejo que estamos em um ce-
nário muito bom, pelo fato de o geren-
te médico estar assumindo um caráter
cada vez mais estratégico na indústria.
Somado a isso está o fato de que a in-
dústria farmacêutica segue crescendo,
mesmo em um ambiente de crise, o
que favorece o trabalho no setor.
Desse modo, espero que o gerente
médico seja cada vez mais valorizado,
e que seja vista sua importância no de-
senvolvimento de novos medicamentos
e no trabalho com medicamentos já es-
tabelecidos. Nosso papel dentro da in-
dústria deve ser visto como estratégico,
indo além das funções de apoio”.

Gabriel Fagundes
“T udo começa com uma boa for-
mação acadêmica e passa por um
genuíno interesse em aprender outras
habilidades mais voltadas para a área de
negócios. A indústria farmacêutica sur-
giu em minha vida como uma das pos-
síveis atuações do médico. Então, decidi
me experimentar como consultor médi-
co-científico e acabei descobrindo uma
carreira que me desafia e ainda fornece
oportunidades de impactar positiva-
mente meus colegas médicos e inúmeros
pacientes, em uma escala maior que a de
um consultório ou de um hospital.
Costumo dizer que nosso papel é ga-
rantir que cada medicamento seja aces-
sível e bem utilizado para o benefício
do paciente. Nesse cenário, é o gerente
médico que expõe a perspectiva clínica
para a área de Negócios, assegurando a
melhor performance do produto. Logo,
trazemos para a indústria a garantia de
que o medicamento seja bem posiciona-
do dentro do portfólio de intervenções
terapêuticas disponíveis no mercado
e, para a classe médica, disponibiliza-
mos os dados científicos e a orientação
Novo Nordisk
Gerente médico Trazemos para a
necessária para que o medicamento seja
prescrito para o paciente certo e que este
obtenha eficácia, segurança e qualidade
indústria a garantia de
de vida ao longo de seu tratamento.
que o medicamento
Por isso, é necessário que o médico
seja capaz de ler, interpretar e comunicar seja bem posicionado
dados científicos, além de contextualizar
a prática clínica no campo dos negócios, dentro do portfólio e,
por meio de análise, planejamento e re-
lacionamento. Cada vez mais, a valia do
médico cresce na indústria farmacêuti-
para a classe médica,
ca. A crise econômica desafia a incorpo-
ração de novas tecnologias em Saúde e a disponibilizamos
melhor forma de superar esses obstácu-
los é contar com médicos capacitados, a orientação
que possam articular dados científicos
e intervenções clínicas em um contexto
de recursos limitados.
necessária para
Espero que consigamos eliminar a
visão ultrapassada de uma área médica que o medicamento
posicionada como área de suporte, para
que, então, possamos avançar para um seja prescrito para o
foro ainda mais estratégico, como agentes
que asseguram o acesso a inovações que
solucionam, de verdade, os problemas de
paciente certo”
saúde mais críticos de nossa sociedade”.
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 CASOS DE SUCESSOS
Astellas
Farma Brasil
Isabelle Menezes
Diariamente, surgem
Gerente médica da área
novas publicações Hospitalar e de Transplante
médico-científicas,
e o gerente médico
“F ui convidada por uma empresa de
headhunters para participar do pro-
cesso seletivo na área de Transplante e, em
um período de quatro meses de avaliação
deve se manter de currículo e entrevistas, fui selecionada
para ocupar a vaga. Antes, trabalhava na
atualizado para assistência médica como nefrologista, es-
pecializada em Transplantes.
garantir discussões Diante disso, acredito que um bom
gerente médico, primeiramente, deve ter
relevantes a respeito uma boa formação médica de graduação,
residência e pós-graduação. Em relação
das patologias em às habilidades gerenciais específicas do
cargo, a própria indústria se encarrega de
que atua” dar treinamentos constantes, presenciais e
on-line, mas cabe ao profissional também
ir em busca de conhecimento que o ajude
no exercício de suas atividades.
Diariamente, surgem novas publi-
cações médico-científicas, e o gerente
médico deve se manter atualizado para
garantir discussões relevantes a respei-
to das patologias em que atua. Outra
característica extremamente necessária
é saber trabalhar em equipe, uma vez
que o gerente médico mantém interface
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com muitos outros profissionais, den-
tro e fora da indústria. Dessa forma, o
gerente médico pode trazer benefícios
tanto para a indústria como para a classe
médica, por meio da transparência das
informações científicas.
Essa troca de conhecimentos com a co-
munidade médica também beneficia o pa-
ciente. Acredito que, no passado, havia um
preconceito no meio médico em relação ao
profissional que atua na indústria farma-
cêutica, pois o trabalho deste era associado
a vendas e lucros. Na realidade, o gerente
médico não pode, por compliance da in-
dústria, envolver-se em qualquer decisão
ou atividade relacionada à venda de produ-
tos. Seu trabalho é inteiramente científico
e de promoção do conhecimento.
Atualmente, a classe médica tem mais
clareza de nosso papel, além de respeitar
indústrias que trabalham e atuam com
total ética e integridade. Nos próximos
anos, a tendência é que o gerente médi-
co assuma cada vez mais responsabilida-
des e é para esse cenário que devemos
nos preparar”.
 José Antônio Gordillo
“A capacitação de um bom gerente
médico depende muito da boa
formação profissional. É primordial que
seja uma atuação correta e bem estrutura-
da do ponto de vista médico. Além disso,
também depende de outras habilidades
que não estão relacionadas ao aspecto
técnico-médico: saber administrar seu
tempo, organizar sua rotina, gerir pessoas
Daiichi-Sankyo e se relacionar com diferentes áreas. Tudo
isso depende de experiência profissional e
de treinamentos específicos.
Tornei-me gerente médico, inicialmen-
te, convivendo com colegas que já trabalha-
vam na indústria. Na ocasião, surgiu uma
oportunidade de iniciar a carreira dentro da
indústria e eu estava disposto a fazer a mu-
dança para o mundo coorporativo.
Em minha opinião, a importância do
gerente médico na indústria farmacêutica
Juliana Guedes
“A ntes de fazer parte da indústria far-
macêutica, eu convivia muito nes-
se meio por causa de meu marido, que
trabalha na área há anos. Com o tempo,
percebi que estava cansada da rotina re-
petitiva da prática médica e veio a opor-
tunidade de entrar para a indústria com
produtos isentos de prescrição. Como
médica, sou uma profissional completa-
Merck mente distinta após a indústria. Procuro
agregar a prática médica ao mundo cor-
Consumer porativo e vice-versa.
Dentro da área, o médico precisa
aliar o lado científico e as mensagens de
Health marketing, fundindo os preceitos comer-
ciais com os teóricos. Ele precisa ser bem
relacionado, de fácil comunicação e ter
desenvoltura em público, pois fazemos
muitos treinamentos para falar com mé-
dicos, com representantes e com leigos. É
importante saber fazer o equilíbrio entre
o técnico e o comercial, principalmente.
Gerente médico
é de ser o elo com os profissionais da
Saúde de forma ética e mantendo os
padrões adequados de relacionamento.
Dessa maneira, o gerente médico assume
um papel importante na discussão das
estratégias da empresa em relação às ten-
dências científicas de tratamento e alinha
essas tendências às táticas da empresa.
Apesar da crise, considero o cenário
da profissão ainda favorável. Nos últimos
anos, a carreira na indústria se tornou
mais atrativa e mais procurada pelos pro-
fissionais, que passaram a olhar a posição
de gerente médico como uma função de
valor para divulgar as boas práticas médi-
cas e para levar os melhores tratamentos
para o maior número de pacientes possí-
vel. Espero que a profissão ganhe cada
vez mais importância, tornando-se uma
posição estratégica dentro das empresas”.
Gerente médica
O gerente médico é fundamental
na indústria farmacêutica. Tudo que a
força de vendas ou a empresa, em ge-
ral, comunica ao médico precisa ter o
embasamento teórico e a credibilidade
da informação científica. Sendo assim,
a formação do gerente médico tem que
vir de toda a base que ele vai acessando
e, consequentemente, de toda a infor-
mação adquirida ao longo dos anos.
Minha expectativa é que a categoria,
nos próximos anos, tenha a mente mais
aberta para o acesso digital, pois vejo que,
para o médico, as plataformas e as infor-
mações em formato digital são um desa-
fio muito grande. Também espero que
o mito de médico arrogante continue
se desfazendo. Somos pessoas acessíveis,
que prezam pelo bom relacionamento e
que desejam fazer trocas. Não queremos
mostrar que sabemos a verdade absoluta
porque realmente não sabemos”.
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 CASOS DE SUCESSOS
Abbott
Marília Moura
Um bom gerente
Gerente médica sênior da Divisão
médico é um de Farmacêuticos Estabelecidos
profissional que
consegue harmonizar
“A presença do gerente médico na
indústria farmacêutica visa ga-
rantir a confiabilidade das informações
transmitidas ao cliente final, seja pro-
a experiência da fissional da Saúde ou não. Um bom
gerente médico é um profissional que
prática clínica com a consegue harmonizar a experiência da
prática clínica com a visão de negócio
visão de negócio da da indústria, oferecendo a mais clara
opção a seus clientes. Como benefício
indústria, oferecendo tanto para a indústria como para a classe
médica, podemos citar a confiabilidade
a mais clara opção a nos materiais produzidos.
Em minha opinião, hoje, a classe mé-
seus clientes” dica vê com bons olhos o profissional que
trabalha na indústria farmacêutica. De
uns anos para cá, tornou-se mais evidente
qual é o real papel do médico na gestão
do negócio, levando à classe a consciên-
cia de que pode ser um benefício ter seus
representantes dentro da indústria. Além
disso, é muito importante que possamos
fazer a ponte entre o que o médico preci-
sa e o que o paciente espera da indústria.
Quando iniciei minha carreira admi-
nistrativa como coordenadora de um
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ambulatório de uma organização social
em saúde (OSS), fui convidada a assumir
a gerência médica dessa OSS. Depois, pas-
sei pela gerência de uma clínica particular
e, por desejo de conhecer um novo mode-
lo de negócio e trabalho, candidatei-me a
gerente médica na indústria farmacêutica.
Com o passar do tempo, o perfil do
profissional vem passando por mudanças.
O novo perfil esperado para a função de
gerente médico é um desafio para as or-
ganizações, que buscam profissionais com
uma excelente base científica, e que são
excepcionais gestores de pessoas, grandes
administradores e próximos ao campo.
Creio que a tendência, nos próximos
anos, seja o aumento da participação
do médico na indústria farmacêutica.
Atualmente, com a visão mais próxima
do médico e do paciente que nossa for-
mação nos oferece, com a forte regula-
mentação da Anvisa e com o modelo de
atuação das empresas na educação mé-
dica continuada, entre outros pontos,
seremos cada vez mais requisitados para
participar desse modelo de negócio”.

Ronaldo Carneiro
Médico do Departamento
Médico-Científico
“T rabalhei como médico de um
importante hospital do Rio de
Janeiro durante um bom tempo. Tenho
consultório há alguns anos e vinha traba-
lhando como professor e na coordenação
de um curso de Medicina no Rio, quan-
do fui contatado por uma empresa de
headhunter para participar do processo
seletivo para a vaga que ocupo atualmente.
Quando me informei mais detalha-
damente a respeito da descrição do car-
go em questão e sobre o que um gerente
médico faz em seu dia a dia, achei que
havia relação direta ou indireta com al-
gumas das funções que eu já havia exer-
cido na Medicina até aquele momento.
Resolvi participar do processo, gostei,
fui aprovado e estou atuando nessa área,
com satisfação, há pouco mais de dois
anos, e, em paralelo, continuo na Medi-
cina Assistencial (no consultório), o que
considero muito importante.
Penso que os benefícios da atuação
do gerente médico para a indústria jun-
to aos médicos são: gerar informação
científica relevante e de qualidade; ter
Farmoquímica
(FQM)
Cabe ao gerente
médico ‘filtrar’ o
conteúdo científico
a capacidade de informar mais especi-
ficamente sobre determinados assuntos
bastante estudados e relacionados ao
portfólio da empresa; promover a rela-
que é divulgado
ção dos médicos com os laboratórios,
no sentido de ser um ‘facilitador’ das em relação aos
informações sobre os produtos e seu
potencial de impacto na abordagem das produtos da
patologias; e ter a capacidade de avaliar
tendências e demandas médicas (muitas empresa. Por isso,
vezes reprimidas), buscando soluções
viáveis e que possam trazer benefícios
terapêuticos para os pacientes.
é um profissional
Além disso, cabe ao gerente médi-
co ‘filtrar’ o conteúdo científico que é de atuação em
divulgado em relação aos produtos da
empresa. Por isso, acho que o gerente crescimento e
médico da indústria farmacêutica é um
profissional de atuação em crescimento
e valorização, e, nos últimos anos, in-
valorização”
fluenciado pela maior divulgação entre
os próprios médicos das funções e atri-
buições e pela maior clareza dos proces-
sos, existe um reconhecimento maior
do valor e da importância do médico na
indústria farmacêutica”.
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