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LEGISLAÇÃO RELACIONADA A DPU

CONCURSO: Defensoria Pública da União


CARGO: Médio e Superior
PROFESSOR: Bruno Oliveira

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 9.610/1998,
que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

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DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
LEGISLAÇÃO RELACIONADA À DPU
Prof. Bruno Oliveira
Aula Inaugural

AULA INAUGURAL
1. Considerações Iniciais ........................................................................ 3
2. Conhecendo a Defensoria Pública da União ........................................ 4
3. Conteúdo e Cronograma ..................................................................... 8
4. Características da Defensoria Pública ................................................. 9
5. Estrutura da Defensoria Pública ....................................................... 10
6. Princípios da Defensoria Pública....................................................... 13
7. Objetivos da Defensoria Pública ....................................................... 17
8. Funções da Defensoria Pública ......................................................... 19
9. Direitos dos Assistidos da Defensoria Pública................................... 25
10. Referências..................................................................................... 26
11. Questões Comentadas .................................................................... 26
12. Finalização ..................................................................................... 30

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1. Considerações Iniciais
Bom dia, boa tarde, boa noite e claro, boa madrugada a todos vocês concurseiros
que lutam, dia a dia, por uma conquista de espaço no serviço público.
Iniciaremos hoje o curso de um dos mais esperados Concursos do ano de 2015, a
Defensoria Pública da União.
No último dia 28 de janeiro o órgão divulgou a assinatura do contrato com a
organizadora, que será o CEBRASPE (Cespe/UNB). Vejam a cópia do Extrato do
Contrato:

A seleção deverá ser para cadastro reserva de pessoal em diversos cargos.


Porém, segundo a assessoria de imprensa do órgão, para algumas carreiras
poderão ser oferecidas algumas vagas para preenchimento imediato.
O concurso será para todos os estados, englobando as mesmas carreiras da
seleção anterior da área administrativa, realizada em 2010. Também está certo
que a aplicação das provas será feita nas 26 capitais e no Distrito Federal.
Vejam que são grandes e variadas oportunidades.
A DPU não possui ainda um quadro de servidores próprio, nem plano de cargos e
carreiras. No entanto já tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL)
7922/14 que cria 2.751 postos no órgão, bem como estrutura o quadro de
funcionários. A expectativa agora é de que o PL siga os trâmites nas comissões da
Câmara e chegue para votação no Congresso Nacional logo após o recesso
parlamentar.

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De acordo com o Projeto de Lei, deverão ser criados 1.659 postos de analista
técnico administrativo, para formados em nível superior em qualquer área, cujos
salários vão variar de R$ 7.323,60 a R$ 10.883,03 e 1.092 vagas de técnico
administrativo, que aceita nível médio, que terão ganhos mensais entre R$
4.363,94 e R$ 6.633,12, por jornada de trabalho de 40 horas semanais.
Além dos ajustes salariais, o projeto institui o adicional de qualificação aos
servidores do DPU, sendo acréscimo de 12,5% para quem possui doutorado, 10%
para mestrado, 7,5% para curso de especialização, 5% para outro diploma de
curso superior diferente do exigido para ingresso no cargo. Receberão ainda
aumento de 2,5% nos salários, o servidor que possuir 120 horas de ações de
treinamento até o limite de 5%.
Percebam quantas oportunidades poderão surgir? É sua hora de iniciar a
preparação. Não desanime!
Vamos conhecer um pouco sobre a Defensoria Pública da União?

2. Conhecendo a Defensoria Pública da União


A Defensoria Pública da União (DPU) é instituição essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa dos
necessitados, em todos os graus, perante o Poder Judiciário da União (a Justiça
Federal, a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e a Justiça Militar).
Foi instituída pela lei complementar 80, de 12 de janeiro de 1994.1 Suas
origens, porém, remontam a 1926, quando o Código de Justiça Militar, baixado
pelo decreto nº 17.231A, de 26 de fevereiro de 1926, instituiu a função de
Advogado de Ofício, proibindo que os imputados fossem processados sem defesa
técnica pela Justiça Militar da União.
A Constituição Federal assegura a todos os brasileiros a assistência jurídica e o
livre acesso à Justiça. E para isso foi criada a Defensoria Pública. Em outras
palavras, o defensor público busca proteger os direitos do cidadão que não pode
pagar por um advogado.

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Os defensores públicos federais atuam na Justiça Federal, na Justiça Militar, na


Justiça Eleitoral, na Justiça Trabalhista, nos Tribunais Superiores e no Supremo
Tribunal Federal, além dos Juizados Especiais Federais. A Defensoria Pública da
União representará o cidadão contra a União, suas autarquias, fundações e órgãos
públicos federais (INSS, Incra, Funai, Exército, Marinha, Aeronáutica etc.) ou
empresas públicas federais (Caixa Econômica Federal, Correios etc.). Ou seja, a
Defensoria Pública da União atuará em todos os casos que envolvam o exercício
de um direito do indivíduo ou da população carente contra as entidades públicas
federais ou, ainda, outros interesses que estejam submetidos ao Poder Judiciário
da União.
É muito importante lembrar que o serviço público prestado pela Defensoria Pública
da União é gratuito.
Todo indivíduo que possua uma renda familiar mensal não superior a três
salários mínimos (cerca de R$ 2,3 mil), terá direito à assistência jurídica
gratuita. Se a renda familiar ultrapassar esse valor, para obter a assistência
gratuita o indivíduo deverá comprovar gastos extraordinários, como despesas com
medicamentos, material especial de consumo, alimentação especial etc.
A Defensoria Pública pode atuar nas seguintes áreas:

Saúde
A saúde é direito de todos e dever do Estado, que deve implementar políticas
públicas para o fornecimento pleno desse serviço às pessoas necessitadas, através
do Sistema Único de Saúde. Quando o Estado falha ou se omite nesse dever, surge
o direito do indivíduo de exigir a prestação. A Defensoria Pública da União pode
atuar na representação da pessoa carente que necessite de determinado remédio
negado pelo Estado (quando o remédio está em falta no posto de saúde, por
exemplo) ou de internação e tratamento em hospital público.

Educação
A educação é um direito fundamental, devendo ser promovida pelo Estado e pela
família, de forma a garantir a igualdade entre as pessoas e o exercício da cidadania
plena pelo indivíduo. A União tem o dever de organizar o sistema federal de ensino.
A falta desse serviço ou a deficiência na sua prestação geram o direito do
indivíduo, ou da coletividade, de exigi-lo. A Defensoria Pública da União poderá

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promover ações judiciais ou intermediar acordos com a própria União para garantir
o acesso à educação a quem dela necessite.

Previdência Social
Sempre que o cidadão carente queira requerer, por exemplo, aposentadoria,
pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-reclusão, auxílio-maternidade, salário-
família ou outro benefício previdenciário e o INSS se negue a conceder o benefício
administrativamente, poderá se dirigir à Defensoria Pública da União. O órgão
poderá representá-lo perante o INSS, os Juizados Especiais Federais ou a Justiça
Federal.

Assistência Social
Em alguns casos, mesmo aquele indivíduo que nunca se filiou à Previdência Social
e, por isso, não tem direito a um dos benefícios previdenciários, terá direito a um
benefício assistencial denominado BCP – Benefício de Prestação Continuada. Esse
benefício, no valor de um salário mínimo, será pago pelo INSS independentemente
de contribuição à seguridade social e será devido a toda pessoa idosa, com idade
igual ou maior do que 65 (sessenta e cinco) anos e ao portador de deficiência, que
comprovem não ter meios de prover a própria subsistência ou de tê-la provida por
sua família.

Moradia
A Defensoria Pública da União atuará para garantir ao cidadão de baixa renda
familiar o direito à moradia, apresentando defesa nas ações de imissão ou
reintegração da posse promovidas pela Caixa Econômica Federal, ou ajuizando
ações judiciais para evitar leilões dos imóveis e promover renegociações dos
contratos de financiamento da casa própria celebrados pelo Sistema Financeiro de
Habitação, caso se mostrem abusivos.
A Defensoria Pública da União promoverá também ações destinadas a concretizar
as políticas públicas de regularização fundiária das terras da União, regularizando
as posses consideradas irregulares e garantindo o direito constitucional de
moradia à comunidade carente.

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Liberdade

A Defensoria Pública da União é a instituição guardiã dos princípios constitucionais


que garantem a todos os acusados em processo criminal a mais ampla defesa e o
contraditório (direito de resposta ou reação). Assim, sempre que algum cidadão
for preso, processado criminalmente ou estiver ameaçado de lesão no exercício
pleno do direito de ir e vir, deverá procurar a Defensoria Pública da União para
que o defensor tome todas as medidas cabíveis para conseguir a sua liberdade.
Os Defensores Públicos Federais atuam na defesa dos acusados perante a Justiça
Federal, os Juizados Especiais Federais Criminais, as Auditorias Militares e as
Penitenciárias Federais. Atualmente, a Lei n. 11.449, que entrou em vigor em 15
de janeiro de 2007 e alterou o artigo 306 do Código de Processo Penal, tornou
obrigatória a comunicação da prisão em flagrante do indivíduo preso que não
possui advogado ao Defensor Público, dentro de 24 horas. A partir de então, o
Defensor Público poderá analisar a legalidade da prisão e tomar as medidas
cabíveis para a garantia do direito de liberdade do preso.

Ações Coletivas

A Defensoria Pública da União também pode representar, de uma só vez, perante


o Poder Judiciário ou fora dele, um grupo de pessoas que tenham interesses
comuns, como, por exemplo, todos os consumidores de serviços de energia
elétrica, todos os moradores de determinada favela, todos os estudantes que
precisem do serviço público federal de ensino, entre tantos outros.

As ações coletivas, como são chamadas, buscam otimizar a atuação da Defensoria


Pública, possibilitando que várias pessoas consigam obter o mesmo direito ao
mesmo tempo. O reconhecimento definitivo da legitimidade da Defensoria Pública
para o ajuizamento das ações coletivas e da Ação Civil Pública chegou com a
edição da Lei nº 11.448, de 15 de janeiro de 2007.

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Outras matérias

Os defensores públicos federais também podem atuar para garantir ao trabalhador


o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), para a obtenção e a
regularização do CPF perante a Receita Federal, para a garantia dos direitos do
consumidor e na defesa de estrangeiros, através do requerimento de vistos, da
regularização de permanência no país, do pedido de asilo político, da defesa contra
deportação, expulsão, extradição, etc. Além disso, a Defensoria Pública da União
deverá promover a defesa dos direitos humanos fundamentais das minorias:
mulheres e crianças vítimas de tráfico internacional para fins ilícitos, idosos,
deficientes, homossexuais, negros e povos indígenas vítimas de preconceitos.

3. Conteúdo e Cronograma
Durante esse curso trabalharemos com a Lei Complementar nº 80/1994:
Títulos I, II e V com as alterações da Lei Complementar nº 132/2009.
Caso você não tenha, segue abaixo o link para que possa imprimir:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp80.htm

Obedeceremos ao seguinte cronograma:

Aula Tópico Data


01 Título I - Art. 1º ao Art. 4º - 06/02/2014

02 Título II - Organização da Defensoria Pública da 20/02/2014


União - Capítulos I - Art. 5º ao Art. 18

03 Título II - Organização da Defensoria Pública da 06/03/2015


União - Capítulos II e III - Art. 19 ao Art. 38

04 Título II - Organização da Defensoria Pública da 20/03/2015


União - Capítulos IV e V - Art. 39 ao Art. 51

05 Título V - Disposições Finais e Transitórias - Art. 136 03/04/2015


ao 149

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Sem mais enrolações, vamos começar?

4. Características da Defensoria Pública


O artigo 1º da Lei Complementar nº 80 da Defensoria Pública da União assim é
consagrado:
Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial
e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e
gratuita, aos necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do
art. 5º da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº
132, de 2009).

Primeiramente, já devemos salientar que a Defensoria Pública da União possui


como características primordias:
Ser um órgão permanente;
Essencial à função jurisdicional do Estado;

E possui como incumbência:


Orientação jurídica;
Promoção dos Direitos Humanos;
Defesa dos direitos individuais e coletivos

E claro, todas as atividades da Defensoria Pública da União ocorrerão de forma


INTEGRAL e GRATUITA aos NECESSITADOS.

Professor, quem seriam esses necessitados?

Consoante ao art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal de 1988, temos o


seguinte:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;

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Os cidadãos que precisam de assistência jurídica, judicial e extrajudicial e


comprovarem falta de recursos podem contar com os serviços gratuitos da
Defensoria Pública da União (DPU). O órgão garante o acesso à justiça ao permitir
uma defesa adequada da qual o indivíduo possa participar ativamente.
No dia 11 de fevereiro de 2014, o Conselho Superior da Defensoria Pública da
União –CSDPU – editou a Resolução nº 85/14, publicada na seção 1 do Diário
Oficial da União do dia 20 de fevereiro de 2014, que, dentre outros, modificou os
parâmetros para a presunção objetiva de hipossuficiência econômica das
pessoas naturais e fixou, no âmbito da Defensoria Pública da União, diretrizes para
a concessão da assistência jurídica integral e gratuita da pessoa jurídica e para os
necessitados jurídicos, esta última hipótese de atuação atípica independentemente
da análise de renda.
As mudanças foram consideráveis, a começar pelo critério de hipossuficiência
econômica das pessoas naturais. Na Resolução nº 13/06, em vigor até 20 de abril
de 2014, se presume hipossuficiente aquele cuja renda familiar não ultrapassa o
limite de isenção do imposto de renda; já a nova Resolução dispõe que se
presume hipossuficiente aquele que integre núcleo familiar cuja renda mensal
bruta não ultrapasse o valor total de 3 (três) salários mínimos ou em
havendo 6 (seis) ou mais integrantes no grupo familiar, 4 (quatro)
salários mínimos.
Vemos, portanto, que o critério objetivo de presunção de necessidade passa a ser
3 (três) ou 4 (quatro) salários mínimos, a depender da situação, e não mais o
limite de isenção de imposto de renda.

5. Estrutura da Defensoria Pública

Consoante o artigo 2º da LC, a Defensoria Pública estrutura-se da seguinte


maneira:

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Defensoria

Defensoria Defensoria Defensoria


Pública da Pública do DF Pública dos
União e Territórios Estados

Uma vez sendo considerado um estado Federativo, o Brasil deve possuir em cada
um dos estados uma Defensoria Pública.
No ano de 2004, foi promulgada a emenda constitucional nº 452 com o objetivo
de explicitar o ideal do texto constitucional original (de 1988) de uma Defensoria
Pública com autonomia funcional, administrativa e orçamentária, tendo esta
emenda constitucional conferido autonomia expressamente apenas às Defensorias
Estaduais. Posteriormente, em 2013, com a promulgação da emenda
constitucional nº 743 , é estendida à Defensoria Pública da União a autonomia
conferida às Defensorias Estaduais. E ano passado (2014) é promulgada a emenda
constitucional nº 804 , que amplia atribuições da Defensoria Pública e dispõe da
presença de defensores públicos em todas comarcas brasileiras em até 8 anos da
promulgação. Os defensores também passam a contar com prerrogativas legais
da magistratura .
A Defensoria Pública da União (DPU) é instituição atuante perante o Poder
Judiciário da União (a Justiça Federal, a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e
a Justiça Militar), sendo instituída pela lei complementar 80, de 12 de janeiro de
1994.
Além disso, todos os Estados, inclusive o DF, possuem (ou deveriam possuir) suas
próprias Defensorias.
Os obstáculos para a implantação de Defensorias Públicas nos estados brasileiros
após a promulgação da Constituição de 1988, conforme relatado na seção anterior,

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deixam reflexos bastante visíveis no mapa. Embora em 2011 e 2012 os estados


do Paraná e de Santa Catarina tenham criado as Defensorias Públicas que faltavam
no país, tais órgãos ainda não foram efetivamente implantados nesses estados,
assim como em Goiás e no Amapá.
No caso de Santa Catarina, ainda em 2012 foram abertos os primeiros concursos
para o preenchimento de 60 vagas de defensor público e 90 vagas de servidor,
ambos com previsão de conclusão para o 1º semestre de 2013.
No Paraná, foram criados 582 cargos de defensor público e 695 de servidor e os
concursos foram abertos em 2012 para preenchimento de 197 vagas de defensor
e 215 de servidor, ambos com previsão de conclusão para o 1º semestre de 2013.
Em Goiás, a Defensoria Pública foi criada em 2005, com 130 vagas. Em 2010,
abriu o primeiro concurso para provimento inicial de 40 cargos de defensor
público. Até a data a conclusão desta pesquisa, no entanto, esse concurso ainda
não estava concluído. No caso do Amapá, a Defensoria Pública ainda não realizou
nenhum concurso público e os serviços são prestados por advogados contratados
a título precário, por livre nomeação pelo governador do estado. Em 14 de janeiro
de 2013, o Ministério Público Federal emitiu recomendação para realização de
concurso público no prazo de 30 (trinta dias) dias. Por ocasião desta pesquisa, a
Defensoria Pública do estado informou que ainda em 2013 será aberto o primeiro
concurso.
Espírito Santo e Pernambuco são estados com elevado índice de evasão por
exoneração a pedido por razões remuneratórias. No período de março de 2010 a
janeiro de 2013, 43 defensores públicos capixabas pediram exoneração do cargo,
o que corresponde a uma média de um pedido a cada 23 dias. De acordo com a
Associação dos Defensores Públicos do Estado do Espírito Santo, os defensores
públicos saem majoritariamente para ingressar nos quadros da magistratura, do
Ministério Público e da Defensoria Pública de outros estados.
Em Minas Gerais, em que pese o provimento de 188 cargos entre 2010 e 2012,
essas nomeações serviram basicamente para recuperar o patamar de cargos
providos de 2005: a razão entre cargos existentes e cargos providos continua
bastante desfavorável neste estado. De acordo com registros da ANADEP, a saída
de 137 defensores públicos no curto período de 2006 e 2009 decorreu,

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principalmente, dos baixos salários pagos à época, muito inferiores aos das demais
carreiras jurídicas.
Veja o mapa abaixo e observe a configuração das Defensorias Públicas Estaduais:

6. Princípios da Defensoria Pública

Conforme LC 80 de 1994 no artigo 3º temos:

Art. 3º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a


indivisibilidade e a independência funcional.

Vamos decifrar cada um deles?

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UNIDADE

A Defensoria é um órgão só, regido pela mesmas normas, diretrizes e


finalidades. A EC 45/04 concedeu autonomia funcional e administrativa e
a iniciativa de sua proposta orçamentária apenas às Defensorias
Estaduais (art. 134, §2º, CF). A ANADEF ajuizou a ADIN 4282-3 no STF,
para a Corte atribuir interpretação conforme à Constituição ao artigo
134, §2º, da CF, estendendo a autonomia e iniciativa de proposta
orçamentária à DPU, com base no princípio da unidade e artigos 1º e 60,
§ 4º, inciso I da CF, que definem a simetria entre instituições federais e
estaduais com a mesma função.

Os órgãos que a integram formam um todo orgânico, sob uma só


direção administrativa, não funcional, pois seus membros têm
independência no exercício das funções. Assim os membros da
Defensoria Pública compõem um todo único e incindível, não existindo
divisões de setores, chefias, inerentes à Administração Pública. A
atuação, portanto, não é do Defensor Público, mas da Instituição
que este presenta, figura despersonalizada.

Note-se que a unidade é um princípio que vige em relação a cada


Defensoria Pública, de sorte que inexiste unidade entre Defensorias
Públicas Estaduais, nem destas com a da União ou do Distrito Federal.

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INDIVISIBILIDADE

Indivisibilidade é o conceito de que os membros da Defensoria


Pública podem substituir-se uns aos outros, a fim de preservar a
continuidade na execução de suas finalidades institucionais. São
hipóteses que exemplificam e justificam a aplicação do princípio da
indivisibilidade: impedimento, licenças, férias.

Essa substituição prescinde de substabelecimento, até porque a


procuração não é exigida (art. 16, parágrafo único, da Lei 1.060/50).
Disso resulta que não há simulacro de defesa, por não ter sido dado à
parte assistida um defensor público que o defendesse do início ao fim,
mas mera substituição do representante da Instituição para cada ato.

A substituição, no entanto, deve ser regulada, por lei ou normas


internas. A indivisibilidade implica reconhecer que os órgãos da
Administração Superior não podem, sem o consentimento do titular do
cargo, exercer, delegar ou avocar qualquer função de determinado
Defensor Público livremente, caso contrário, estar-se-ia violando os
princípios da independência funcional e a da garantia constitucional da
inamovibilidade.

Deste modo, somente em hipóteses excepcionalmente previstas em lei e


devidamente fundamentadas pelo Defensor Público-Geral ou Conselho
Superior, conforme a legislação específica de cada órgão, assegurada
ampla defesa, poderá haver o afastamento do Defensor Público de suas
funções ordinárias e ensejar a substituição por outro membro da
Instituição.

Deste modo a designação indiscriminada para exercer atividades afetas


a outro órgão de execução da Defensoria Pública é inconstitucional, pois
fere o princípio da inamovibilidade, o qual, em verdade, garante o pleno
exercício nas funções do titular de determinado cargo, não podendo ele
ser removido compulsoriamente, nem mesmo ver suas funções serem
transferidas, sem o seu assentimento, a outro Defensor Público.

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INDIVISIBILIDADE

Independência Funcional é a liberdade de convicção conferida aos


membros da Defensoria, que devem apenas obediência à
Constituição e às leis.

Tal princípio se projeta tanto internamente quanto externamente.

Internamente, somente há chefia na Instituição da Defensoria Pública


sob o aspecto administrativo, não sob o prisma funcional, ainda que o
Defensor Público esteja no período de estágio probatório. Não há
hierarquia, comum nos órgãos da Administração Pública, entre os
membros da Defensoria Pública.

No exercício de atividade-meio, atuação dos membros da Defensoria


Pública é hierarquicamente vinculada.

Nada obsta, no entanto, a expedição de recomendações, sem caráter


vinculativo, pela Defensoria Pública-Geral ou pela Corregedoria-Geral,
no sentido dos órgãos de execução procederem de determinado modo
no exercício de suas funções, o que eleva qualitativamente os trabalhos
da Instituição, mormente porque são fundados em estudos, estatísticas,
pareceres, que bem acrescentam e exaltam os serviços prestados pela
Defensoria Pública.

Externamente, o membro da Defensoria Pública deve agir de acordo


com sua convicção pessoal, sem ingerências de outros poderes,
notadamente de magistrados, parlamentares, membros do Ministério
Público.

Decerto que o princípio da independência funcional apresenta limites,


pois não pode servir de justificativa de atuação imotivada de seus
membros, nem para posicionar-se ao arrepio da lei.

Assim, as manifestações apresentadas pelo Defensor Público devem ser


fundamentadas, inclusive aos potenciais assistidos, ou seja, as pessoas
que buscam informação na Defensoria Pública, mormente porque o não
exercício de uma atividade funcional pelo Defensor Público, quando
deveria fazê-lo, pode causar prejuízos ao interessado. Neste sentido a
Lei Complementar paulista 988/06 em seu artigo 6º, V garante o direito
às pessoas que buscam atendimento na Defensoria Pública: “as decisões
proferidas e a respectiva motivação, inclusive opiniões divergentes,
constantes dos procedimentos administrativos e dos processos judiciais
em que figure como interessado,”
Após essa breve explanação, com o objetivo de facilitar nosso entendimento
abaixo trago um esquema bem didático. Vejam:

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Princípios

Independência
Unidade Indivisibilidade
Funcional

Órgãos Membros da DP Liberdade para


integrantes como podem ser exercício das
um todo orgânico substituídos atribuições

7. Objetivos da Defensoria Pública

De acordo com Celso Bastos, “a ideia de objetivos não pode ser confundida com
a de fundamentos, muito embora, algumas vezes, isso possa ocorrer. Os
fundamentos são inerentes ao Estado, fazem parte de sua estrutura. Quanto aos
objetivos, esses consistem em algo exterior que deve ser perseguido”.
São objetivos da Defensoria Pública, disciplinados no art. 3 A, da Lei complementar
80/94:

I - a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades


sociais;
II - a afirmação do Estado Democrático de Direito;

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III - a prevalência e efetividade dos direitos humanos; e


IV - a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do
contraditório.

A Constituição Federal de 1988, logo em seu primeiro dispositivo pétreo, classifica


a dignidade da pessoa humana como princípio fundamental da República
brasileira (Art. 1º, III). Também, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
adotada e proclamada pela Resolução nº 217 A (III), da Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas - ONU, em 10 de Dezembro de 1948, em seu
Preâmbulo, salienta que “os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua
fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana
e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e decidiram promover o
progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla.
Diante da importância do princípio da dignidade da pessoa humana “nenhum
princípio é mais valioso para compendiar a unidade material da Constituição que
o princípio da dignidade da pessoa humana”. A dignidade da pessoa humana
simboliza um verdadeiro superprincípio constitucional, a norma maior a orientar o
constitucionalismo contemporâneo, dotando-lhe especial racionalidade, unidade e
sentido. Não há possibilidade de se estudar e aplicar o direito constitucional sem
que se confira prevalência aos princípios constitucionais, especialmente em
relação ao princípio da dignidade da pessoa humana, que nutre todo o sistema
jurídico.
Assim, a defesa dos direitos humanos está no fundamento de existência e nos
objetivos de uma instituição pública essencial a uma das funções do Estado
brasileiro (especialmente a jurisdicional), além de trazer como fundamentos de
atuação a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da
pobreza e da marginalidade e a redução das desigualdades sociais e regionais,
sem contar da prevenção dos conflitos Logo, é imprescindível que a Defensoria
Pública aprimore a sua atuação na promoção, prevenção e defesa dos direitos
humanos, seja interna, seja externamente. Assim, nos casos em que haja violação
dos economicamente seriam assistidos pela Defensoria, porém, apesar de esta
hipótese de atuação ser a mais comum, há outros necessitados que precisam do
auxílio da Defensoria, como os juridicamente necessitados (réu rico no processo

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penal que não contrata advogado) e o necessitado organizacional, que legitima a


atuação da Defensoria na tutela coletiva.

8. Funções da Defensoria Pública

A partir do artigo 4º da Lei Complementar encontramos as funções institucionais


da Defensoria Pública. Leiamos com muita atenção e atente-se principalmente as
que estão em negrito:

Prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em todos os


graus.
Promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando
à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de
mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e
administração de conflitos.
Promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da cidadania e do
ordenamento jurídico.
Prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de servidores de
suas Carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições
Exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o
contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos
administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias,
ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de propiciar
a adequada e efetiva defesa de seus interesses.
Representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos
humanos, postulando perante seus órgãos.
Promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a
adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos
quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas
hipossuficientes.

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Exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos


e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do
inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
Impetrar habeas corpus, mandado de injunção, habeas data e mandado de
segurança ou qualquer outra ação em defesa das funções institucionais e
prerrogativas de seus órgãos de execução.
Promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados,
abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e
ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar
sua adequada e efetiva tutela.
Exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e do
adolescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais,
da mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos
sociais vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado.
Acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação imediata da prisão
em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não constituir advogado.
Patrocinar ação penal privada e a subsidiária da pública.
Exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei.
Atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de internação de
adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer
circunstâncias, o exercício pleno de seus direitos e garantias
fundamentais.
Atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de tortura,
abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de opressão ou violência,
propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisciplinar das vítimas.
Atuar nos Juizados Especiais.
Participar, quando tiver assento, dos conselhos federais, estaduais e municipais
afetos às funções institucionais da Defensoria Pública, respeitadas as atribuições
de seus ramos.
Executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação,
inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos

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geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento


da Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus membros e servidores.
Convocar audiências públicas para discutir matérias relacionadas às
suas funções institucionais.

Continuando...
§ 2o As funções institucionais da Defensoria Pública serão exercidas inclusive
contra as Pessoas Jurídicas de Direito Público.

Não há nenhum impedimento para que o defensor público patrocine demandas


contra União, Distrito Federal, estados e municípios, e suas respectivas entidades
da Administração Indireta. A função constitucional da Defensoria Pública é prestar
assistência jurídica gratuita ao hipossuficiente (art. 5o, LXXIV e art. 134). Não
há impedimentos ou limitações constitucionais em relação à propositura de
demandas em face dos entes públicos. O fato de a Defensoria estar ligada
administrativamente ao ente político não impede que desempenhe suas funções
plenamente. Trata-se, também, de uma decorrência da autonomia funcional da
Defensoria Pública.
Em relação à Defensoria Pública, a questão é semelhante. Sua função é prestar
assistência jurídica ao hipossuficiente, no âmbito administrativo ou judicial, em
face de particulares ou entes públicos.

§ 4o O instrumento de transação, mediação ou conciliação referendado pelo


Defensor Público valerá como título executivo extrajudicial, inclusive
quando celebrado com a pessoa jurídica de direito público. (Incluído pela Lei
Complementar n° 132, de 2009).

§ 5o A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo


Estado será exercida pela Defensoria Pública. (Incluído pela Lei
Complementar n° 132, de 2009).

§ 6o À capacidade postulatória do Defensor Público decorre exclusivamente


de sua nomeação e posse no cargo público. (Incluído pela Lei
Complementar n° 132, de 2009).

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O defensor público não precisa de procuração para atuar, exceto no que se


refere aos poderes especiais (art. 44, XI, 97, XI e 128, XI). Para corroborar os
dispositivos que já tratavam da matéria, foi inserido, ao artigo 4o, o § 6o, que
esclarece que a capacidade postulatória do defensor público decorre de sua
nomeação e posse no cargo público.

§ 7o Aos membros da Defensoria Pública é garantido sentar-se no mesmo


plano do Ministério Público. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de
2009).

Parece-nos que a interpretação mais conciliadora desses dispositivos seria através


da distinção entre a atuação do Ministério Público como parte e como fiscal da lei,
custos legis. Sendo parte, teria assento na mesa de audiência, no mesmo plano
do defensor público ou advogado, pois as atuações de ambos são semelhantes -
diametralmente opostas, um exerce ação; o outro, defesa. Sendo fiscal da lei,
sentar-se-ia ao lado do juiz ou presidente do órgão de segundo grau. Destaca-se
que a distinção entre atuação criminal e cível não atende ao que sugerimos aqui,
pois em ambas as esferas de competência, é possível verificar a atuação do
Ministério Público como parte e como fiscal da lei. No criminal, por exemplo, pode
figurar exclusivamente como fiscal da lei quando a ação penal é privada. De igual
modo, no cível, ora pode ser fiscal da lei, ora o próprio legitimado à propositura
da demanda.

§ 8o Se o Defensor Público entender inexistir hipótese de atuação


institucional, dará imediata ciência ao Defensor Público-Geral, que
decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso, outro Defensor Público para
atuar. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).

O § 8° estabelece que o defensor público pode deixar de patrocinar os interesses


da pessoa que o procura por perceber que não está enquadrada nas funções
institucionais da Defensoria Pública. Trata-se de uma consequência natural de sua
independência funcional. Caso entenda que não há espaço para atuação da
Instituição, o defensor deve comunicar o fato ao Defensor Público-Geral,
que referendará a decisão ou designará outro defensor público para atuar. Em

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respeito à independência funcional, o defensor que recusou a atuação não pode


ser forçado a atender o assistido. É o que ocorre, por exemplo, quando o defensor
público verifica que a pessoa não é necessitada.

§ 9o O exercício do cargo de Defensor Público é comprovado mediante


apresentação de carteira funcional expedida pela respectiva Defensoria
Pública, conforme modelo previsto nesta Lei Complementar, a qual valerá
como documento de identidade e terá fé pública em todo o território nacional.
(Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).

A Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) criou um modelo de


carteira de identidade funcional nacional dos membros da carreira de Defensor
Público Federal, dos Estados e do Distrito Federal. A carteira que terá validade em
todo território nacional e será expedida pela respectiva Defensoria Pública, com a
qual o Defensor poderá utilizar a rede credenciada de todos os estados.
O decreto nº 7360/2010 institui modelo de carteira funcional dos membros da
carreira de Defensor Público. O exercício do cargo de Defensor Público, com todas
as prerrogativas que lhes são atribuídas pela legislação vigente para o
desempenho de sua missão institucional, é comprovado mediante a apresentação
da carteira funcional de que trata este Decreto, a qual valerá como documento de
identidade e terá fé pública em todo o território nacional.
Veja o modelo de carteira:

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§ 10 O exercício do cargo de Defensor Público é indelegável e privativo de


membro da Carreira. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).

§ 11. Os estabelecimentos a que se refere o inciso XVII do caput reservarão


instalações adequadas ao atendimento jurídico dos presos e internos
por parte dos Defensores Públicos, bem como a esses fornecerão apoio
administrativo, prestarão as informações solicitadas e assegurarão acesso à
documentação dos presos e internos, aos quais é assegurado o direito de
entrevista com os Defensores Públicos. (Incluído pela Lei Complementar n°
132, de 2009),

O defensor público atua na assistência jurídica do hipossuficiente, prestando-lhe


esclarecimentos técnicos e patrocinando-lhes demandas judiciais. É, pois, um
advogado, se bem que público, tal como os procuradores dos entes públicos. Daí
estar submetido também ao Estatuto da Advocacia (Lei n5 8.906/94) -
naturalmente em matérias não disciplinadas por suas legislações específicas (LC
80/94 e legislações estaduais respectivas). A imposição de sanção disciplinar por
um órgão não impede que outro venha a analisar a matéria, dentro de sua esfera
de controle.

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9. Direitos dos Assistidos da Defensoria Pública

Segundo artigo 4º-A, os assistidos da Defensoria Pública terão os seguintes


direitos:

• Localização e Horário de funcionamento da DP


Direito à
• Tramitação de processos e procedimentos para
Informação realização de perícias, exames e outros

Qualidade e
• Atendimento prestado de acordo com critérios
Eficiência do mínimos de qualidade exigidos
Atendimento

Pretensão revista
no caso de recusa • Segundo o princípio da independência funcional.
de atuação pelo
Defensor Público

Patrocínio de seus
direitos e • O princípio do Defensor Público Natural assegura
que o Defensor Público não seja afastado
interesses pelo arbitrariamente dos casos em que deveria oficia, em
defensor natural razão de atribuições pré-determinadas

Atuação de
• O necessitado que procura o defensor público com
Defensores um interesse colidente, tem direito a ser
Públicos Distintos representado pela Defensoria Pública

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10. Referências
ALEXY, Robert. Teoría de losDerechosFundamentales. 2ª ed. Madrid: Centro de
Estudios Políticos y Constitucionales, 2002, pg. 86.

BARROS, Guilherme. Defensoria Pública. 5ª ed. Salvador: JusPodium, 2013.

CARVALHO, Paulo de Barros. O Princípio da Segurança Jurídica em Matéria


Tributária. São Paulo: Revista de Direito Tributário. 1992. v. 61, pg. 81.

CINTRA, Antônio Carlos Araújo de; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER,


Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 16 ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p.
212

DWORKING, Ronald. Levando os Direitos a Sério. Tradução Nelson Boeira. São


Paulo: Martins Fontes, 2002, pg. 36

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13 ed, São Paulo: Saraiva,


2009., p. 606

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva. 2002, pg. 187

WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI,


Eduardo. Curso Avançado de processo civil, vol. 1: teoria geral do processo e
processo de conhecimento - 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 212

11. Questões Comentadas

Questão 1 - DP/SE - 2012 - Cespe. Assinale a opção correta com relação às


disposições constitucionais acerca da DP.
A organização da DP é definida de forma expressa na CF, competindo à União
aparelhar a DPU, a DP do DF e as DPEs.
Gabarito: Errado
Comentário: A Lei Complementar que vamos estudar ingressou em nosso
ordenamento jurídico em 12 de janeiro de 1994, com o objetivo de organizar a
Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, além de
prescrever normas gerais para a organização das Defensorias Públicas nos
estados. Trata-se de hipótese de legislação concorrente.

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Questão 2 - DP/BA - 2010 - Cespe. A DP tem o monopólio da assistência jurídica


integral e gratuita prestada pelo Estado.
Gabarito: Certo
Comentário: Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados,
assim considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.
(Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009).

Questão 3 - DP/ES - 2009 - Cespe. A defensoria pública, na atual CF, é


considerada como instituição permanente e essencial à função jurisdicional do
Estado.
Gabarito: Certo
Comentário: Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão
e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica,
a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

Questão 4 - DP/SP - 2009 - FCC. O direito fundamental à assistência jurídica


integral e gratuita, previsto constitucionalmente e instrumentalizado pela
Defensoria Pública, compreende a atuação processual do Defensor Público do
Estado até o segundo grau de jurisdição.
Gabarito: Errado
Comentário: Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre
outras:
I – prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em todos os
graus; (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

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Questão 5 - DP/BA - 2010 - Cespe. Para fins da isenção do pagamento de custas


e outras despesas processuais previstas na Lei de Assistência Judiciária,
considera-se necessitado todo aquele que ganha até três salários-mínimos.
Gabarito: Errado
Comentário: Qualquer fixação, a priori, de parâmetro objetivo para
caracterização da hipossuficiência não atende a Constituição da República. A
avaliação da hipossuficiência deve ser feita no caso concreto, sendo possível ao
defensor público recusar o patrocínio.

Questão 6 - DP/RO - 2012 - Cespe. A pessoa jurídica à qual tenha sido deferido
pelo juiz o benefício da justiça gratuita no curso da ação passará necessariamente
a ser patrocinada pela DP, instituição à qual incumbe a prestação da assistência
jurídica integral e gratuita fornecida pelo Estado.
Gabarito: Errado
Comentário: A atuação da Defensoria Pública não se limita à assistência
judiciária. A previsão constitucional do inciso LXXIV, do art. 55, estabelece a
assistência jurídica, e não judiciária: "o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos".

Questão 7 - DP/SE - 2012 - Cespe. A CF assegura, de forma expressa, a


assistência judiciária aos necessitados, em todos os graus, prestada
necessariamente pela DP, instituição essencial à função jurisdicional do Estado.
Gabarito: Errado
Comentário: A previsão constitucional do inciso LXXIV, do art. 55, estabelece a
assistência jurídica, e não judiciária: "o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos".

Questão 8 - DP/ES - 2012 - Cespe. A assistência judiciária compreende as


isenções de despesas com peritos e com a realização do exame de código genético
(DNA) requisitado pela autoridade judiciária nas ações de investigação de
paternidade ou maternidade.
Gabarito: Certo
Comentário: O artigo 3o da Lei 1.060/50 elenca uma série de verbas que a parte
fica dispensada de pagar:
Art. 3º. A assistência judiciária compreende as seguintes isenções:

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(...)
VI- das despesas com a realização do exame de código genético - DNA que for
requisitado pela autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou
maternidade.

Questão 9 - DP/BA - 2010 - Cespe. O exercício do cargo de defensor público é


expressamente indelegável e privativo de membro da carreira.
Gabarito: Certo
Comentário: Da análise da L.C 80/94, temos que:
Art. 4, §10 - O exercício do cargo de Defensor Público é indelegável e privativo de
membro da Carreira.

Questão 10 - DP/SC - 2012 - Fepese. São princípios institucionais da Defensoria


Pública a inamovibilidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
Gabarito: Certo
Comentário: Art. 3º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade,
a indivisibilidade e a independência funcional.

Questão 11 - DPU/UNIÃO - 2004- Cespe. Considere a seguinte situação


hipotética. Ronaldo, cidadão brasileiro pobre, necessita de assistência jurídica
extrajudicial. Nessa situação, a DPU não pode prestar a referida assistência,
porque os órgãos que compõem essa instituição voltam-se exclusivamente à
prestação de assistência judicial.
Gabarito: Errado
Comentário: A questão está errada, pois cabe à Defensoria Pública a prestação
da assistência jurídica gratuita, que abrange a assistência meramente judiciária,
bem como a assistência gratuita no âmbito extrajudicial. Assim, não se deve
confundir o acesso à justiça com o acesso ao judiciário, sendo este apenas uma
parte daquele. Nesses termos, a Lei Complementar n. 80/94 prevê:
“Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial,
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos

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necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5º da


Constituição Federal. (Redação dada pela Lei Complementar n. 132, de
2009)” (grifos de agora).
“Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: (...)
II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à
composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de
mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e
administração de conflitos; (Redação dada pela Lei Complementar n. 132, de
2009)” (grifos de agora).

12. Finalização
Encerraremos nosso primeiro encontro sobre a Lei Complementar 80. Espero que
tenham gostado e qualquer dúvida, sugestão ou crítica, envie email para
brunooliveira@concurseiro24horas.com.br.
Bons estudos para vocês.
Prof. Bruno Oliveira

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