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APÊNDICES

Apêndice A

COORDENADAS CILÍNDRICAS

Em coordenadas cilíndricas a localização de um ponto P é especificada pelas três quantidades ρ , ϕ e z


cuja definição está ilustrada na fig. A.1. Nesta figura r é o vector posição, sendo ρ o comprimento da projecção
deste sobre o plano xy, sendo ϕ o ângulo que esta faz relativamente ao eixo dos xx, no sentido directo. O eixo dos
zz é o mesmo que em coordenadas cartesianas. A relação entre as coordenadas cilíndricas e as cartesianas para um
ponto P, é, como se pode ver da fig. A.1 dada por:

x = ρ cos ϕ , y = ρ sen ϕ e z=z

por outro lado temos:

ρ = (x2 + y2)1/2 e tang ϕ = y/x

z
ez

P(ρ,ϕ,z)

r eρ

0
y

ϕ
ρ

Fig. A.1 - Definição das coordenadas cilíndricas

Podemos agora definir uma base de três vectores unitários e mutuamente perpendiculares: primeiro ez é o
mesmo que ez em coordenadas cartesianas; segundo eρ é escolhido tendo a mesma direcção que ρ e é perpendicular
a ez deste modo é paralelo ao plano xy ; finalmente eϕ é definido como sendo simultaneamente perpendicular aos
dois últimos e segundo a direcção mostrada na fig. A.1. Podemos ver que eϕ é perpendicular ao semi-plano ϕ =
Constante e a sua direcção é no sentido dos ϕ crescentes. Estes três vectores são localizados na fig. A.1, no ponto P
de modo a termos em conta que eles dependem da posição do ponto em que nos encontramos. Se o ponto P variar
de posição tanto eρ como eϕ mudam de direcção, enquanto ez resta fixo. deste modo estes vectores unitários não são
sempre constantes, em contraste com os vectores unitários ex, ey e ez do referencial cartesiano fixo Oxyz.
As componentes em coordenadas cartesianas dos vectores eρ e eϕ podem ser encontradas a partir da fig.
A.1 e são:

eρ = cos ϕ ex + sen ϕ ey e eϕ = - sen ϕ ex + cos ϕ ey

Estas equações podem ser resolvidas em relação a ex e ey:

ex = cos ϕ eρ - sen ϕ eϕ e ey = sen ϕ eρ + cos ϕ eϕ

-1-
Como eρ , eϕ e ez são vectores mutuamente perpendiculares, podemos decompor qualquer vector A
em função das suas componentes segundo estas direcções, deste modo podemos escrevemos A da forma:

A = A ρ eρ + A ϕ eϕ + A z ez

Para o caso particular do vector posição r vemos da fig. A.1 que:

r = ρ eρ + z ez

Se notarmos que:

∂ eρ/∂ϕ = eϕ e ∂ eϕ/∂ϕ = - eρ podemos encontrar o diferencial de dr:

d r = dρ eρ + ρ deρ + dz ez = dρ eρ + ρ dϕ eϕ + dz ez

ρdϕ

dz
P

ϕ dϕ
ρ
ρdϕ

Fig. A.2 - Volume elementar em coordenadas cilíndricas

As componentes para o deslocamento elementar dr são mostradas na fig. A.2, e podemos ver que elas
correspondem à distância percorrida pelo ponto P, resultante da mudança de uma das coordenadas enquanto as
outras duas se mantêm constantes. O elemento de volume dv em coordenadas cilíndricas, tendo como lados as
componentes de dr é como pode ser visto na fig. A.2 dado por:

dv = ρ dρ dϕ dz

-2-
Apêndice B

COORDENADAS ESFÉRICAS

Neste sistema de coordenadas a localização de um ponto P é especificada pelas três quantidades r , θ e ϕ


(ver fig. B.1). Como podemos ver r é a distância da origem ao ponto P, e deste modo corresponde ao modulo do
vector posição r, θ é o ângulo entre r e o eixo dos zz, enquanto ϕ é o ângulo feito pelo eixo dos xx e a projecção de
r no plano xy. As relações entre as coordenadas rectangulares e as esféricas são:

x = r sen θ cosϕ y = r sen θ sen ϕ e z = r cos θ

do mesmo modo temos:

r = ( x2 + y2 + z2)1/2 , tang θ = (x2 + y2)1/2/z e tang ϕ = x/y

er

r cosθ eϕ
P(r,θ,ϕ)

r eθ
θ

O
y

ϕ r senθ

Fig. B.1 - Definição das coordenadas esféricas

Definimos uma base de vectores unitários mutuamente perpendiculares er , eθ e eϕ no sentido crescente


respectivamente de r, θ e ϕ como mostra a fig. B.1. Vemos que os três vectores desta base mudam quando muda a
posição do ponto P.
As componentes no referencial cartesiano como se pode ver na fig. B.1 são:

er = sen θ cos ϕ ex + sen θ sen ϕ ey + cos θ ez


eθ = cos θ cos ϕ ex + cos θ sen ϕ ey - senθ ez
eϕ = - sen ϕ ex + cos ϕ ey

invertendo as relações anteriores obtemos:

ex = sen θ cos ϕ er + cos θ cos ϕ eθ - sen ϕ eϕ


ey = sen θ sen ϕ er + cos θ sen ϕ eθ + cos ϕ eϕ
ez = cos θ er - sen θ eθ

Por diferenciação obtemos:

∂ er/∂θ = eθ ∂ er/∂ϕ = sen θ eϕ


∂ eθ/∂θ = - er ∂ eθ/∂ϕ = cos θ eϕ
∂ eϕ/∂θ = 0 ∂ eϕ/∂ϕ = - sen θ er - cos θ eθ

-3-
Um campo vectorial A neste sistema de coordenadas será escrito:

A = A r er + A θ eθ + A ϕ eϕ

O vector posição r:

r = r er

e a sua diferencial vector elementar de deslocamento dl:

dl = dr er + r dθ eθ + r senθ dϕ eϕ

As componentes do deslocamento elementar dl são mostradas na fig. B.2, do mesmo modo que o volume elementar
dv cujos lados correspondem ao deslocamento elementar dl, e é igual a:

dv = r2 sen θ dr dθ dϕ

r senθ dϕ


dr
P
r
θ
dθ r dθ

ϕ

r senθ dϕ

Fig. B.2 - Volume elementar em coordenadas esféricas

-4-
Apêndice C

OPERADORES DIFERENCIAIS E FÓRMULAS VECTORIAIS

a) Operadores vectoriais

- i Coordenadas cartesianas

∇ u = ex ∂u/∂x + ey ∂u/∂y + ez ∂u/∂z (∇ u = grad u)

Nota: u é uma função escalar e o operador ∇ (operador vectorial nabla) é o operador vectorial que em coordenadas
cartesianas é descrito por: ∇ = ex ∂/∂x + ey ∂/∂y + ez ∂/∂z

∇ . A = ∂Ax/∂x + ∂Ay /∂y + ∂Az /∂z (∇ . A = div A)

Nota: A é uma função vectorial de variável vectorial e ∇ . A representa o produto escalar do operador ∇ com a
função A.

∇ x A = ex (∂Az/∂y - ∂Ay/∂z ) + ey (∂Ax/∂z - ∂Az/∂x) + ez (∂Ay/∂x - ∂Ax/∂y) (∇ x A = rot A)

Nota: ∇ x A representa o produto vectorial do operador ∇ com a função A.

∇2 u = ∂2u/∂x2 + ∂2u/∂y2 + ∂2u/∂z2 (∇2u = Laplaciano u)

Nota: ∇2 = ∇ . ∇ = ∇2

- ii Coordenadas cilíndricas

∇u = eρ ∂u/∂ρ + eϕ (1/ρ) ∂u/∂ϕ + ez ∂u/∂z

∇ . A = (1/ρ) (∂/∂ρ)(ρAρ) + (1/ρ) ∂Aϕ/∂ϕ + ∂Az/∂z

∇ x A = eρ[(1/ρ) ∂Az /∂ϕ - ∂Aϕ/∂z] + eϕ [∂Aρ/∂z - ∂Az/∂ρ] + ez [(1/ρ) (∂/∂ρ)(ρAϕ) - (1/ρ) ∂Aρ/∂ϕ]

∇2 u = (1/ρ) (∂/∂ρ)(ρ ∂u/∂ρ) + (1/ρ2) ∂2u/∂ϕ2 + ∂2u/∂z2

- iii Cordenadas esféricas

∇u = er ∂u/∂r + eθ (1/r) ∂u/∂θ + eϕ (1/r senθ) ∂u/∂ϕ

∇ . A = (1/r2) (∂/∂r)(r2Ar) + (1/r senθ) (∂ /∂θ)(senθ Aθ) + (1/r senθ) ∂Aϕ/∂ϕ

∇ x A = er (1/r senθ)[∂/∂θ(senθ Aϕ) - ∂Aθ/∂ϕ] + eθ (1/r)[(1/senθ)∂Ar/∂ϕ - (∂/∂r)(rAϕ) ]

+ eϕ (1/r)[(∂/∂r)(rAθ) - ∂Ar/∂θ]

∇2 u = (1/r2)(∂/∂r)(r2∂u/∂r ) + (1/r2senθ) (∂/∂θ)(senθ ∂u/∂θ) + (1/r2sen2θ) ∂2u/∂ϕ2

-5-
b) Fórmulas vectoriais

A . (B x C) = (A x B) . C

A x (B x C) = B (A . C) - C (A . B)

∇x∇u = 0

∇ . (∇ x A) = 0

(A x B) . (C x D) = (A . C) (B . D) - (A . D) (B . C)

∇ (u + v) = ∇ u + ∇ v

∇ (u v) = u ∇ v + v ∇ u

∇ . (A + B) = ∇ . A + ∇ . B

∇ . (u A) = A . (∇ u) + u (∇ . A)

∇ . (A x B) = B . (∇ x A) - A . (∇ x B)

∇ x (A + B) = ∇ x A + ∇ x B

∇ x (u A) = (∇ u) x A + u (∇ x A)

∇ x (∇ x A) = ∇ (∇ . A) - ∇2 A

-6-
Apêndice D

NOÇÃO DE ÂNGULO SÓLIDO

a) Ângulo plano
As propriedades do ângulo plano
dl'2 elementar dϕ da figura permitem escrever:

dl'1 dϕ = dl’1/r1 = dl’2/r2


dϕ r2
α1
r1
O α2
dl1
dl2

os segmentos dl'1 e dl'2 sendo perpendiculares à bissectriz do ângulo dϕ.


Se agora considerarmos os segmentos dl1 e dl2 não perpendiculares a esta bissectriz, podemos
escrever:

dl'1 = dl1 cos α1


dl'2 = dl2 cos α2

ou seja:

dϕ = dl1 cosα1/r1 = dl2 cosα2/r2

A quantidade dl cosα/r é portanto um invariante característico do ângulo dϕ.

b) Ângulo sólido.

Vamos agora repetir o mesmo raciocínio no espaço a três dimensões com um ponto O e dois
elementos de superfície dS'1 e dS'2 perpendiculares ao plano da figura.

dS'2 As propriedades da homotetia permite-nos


escrever:
dS'1
α1 r2
r1 dS’1/r12 = dS’2/r22
O α2
dS1
dS2

Se agora considerarmos os elementos de superfície dS1 e dS2 que fazem respectivamente com dS'1 e
'
dS 2 os ângulos α1 e α2 , podemos escrever (pois os elementos de superfície são infinitamente pequenos):

dS'1 = dS1 cos α1

-7-
dS'2 = dS2 cos α2

por consequência:

dS1 cosα1/r12 = dS2 cosα2/r22

Deste modo a quantidade dS cosα/r2 é um invariante característico do cone de vértice em O. Designa-se


por ângulo sólido ao cone de vértice O e pomos:

dΩ = dS cosα/r2

Notas:

-i

π−α

O dS
n’

Se mudar-mos o sentido da normal à superfície dS, o ângulo α muda para α' α' = π - α e por
conseguinte o sinal do ângulo sólido muda.

- ii

O cone anteriormente definido recorta uma superfície sobre a esfera de centro O e de raio unidade e como
α = 0 temos:

dΩ = dS

-iii

O ângulo sólido, que é uma quantidade sem dimensão, tem por unidade de medida o esteradiano (sr).

c) Ângulo sólido interceptado por um cone de revolução de semi-ângulo θ.

O valor do ângulo sólido sendo independente da escolha da superfície dS utilizada para o calcular, nós
escolheremos esta no plano perpendicular ao eixo do cone e situada a uma distância h do centro O:

dΩ = dS cosα/r2 e Ω = ∫∫S dS cosα/r2

-8-
O

α
r
h

dS O1
ρ dρ

Todos os elementos de superfície dS compreendidos entre os dois círculos de centro O1 e de raios ρ e ρ +


dρ têm uma normal comum que faz com a direcção OM o ângulo α. Podemos começar por integrar parcialmente o
ângulo sólido, somando todas as contribuições dos elementos de superfície da coroa circular e que se encontram
todos à mesma distância do ponto O.
Obtemos para esta coroa circular de superfície 2π ρ dρ um ângulo sólido dΩ:

dΩ = [dS cosα/r2] 2πρ dρ

mas ρ = h tag α e dρ = (h/cos2α) dα e r = h/cosα

portanto:

θ θ
dΩ = 2π sen α dα e Ω = ∫
0

dΩ = 2πsenαdα
0
ou seja:

Ω = 2π( 1 - cosθ)

Podemos aplicar este resultado para determinar o ângulo sólido correspondente a todo o espaço fazendo θ
= π obtendo então:

Ω = 4π (sr)

-9-
Apêndice E

CAMPOS VECTORIAIS

O estudo geral dos campos vectoriais simplifica o estudo dos campos electromagnéticos e gravíticos, e
permitirá interpretar a noção de energia potencial.

E.1 - Definição geral

a) O vector campo

z A aplicação que, a todo ponto M do espaço euclidiano


associa um vector a(M) ( espaço vectorial associado) define um
campo vectorial.

- Em todo o ponto M do espaço onde o vector campo é definido


M
este é único.
a(M) - É conveniente escolher o representante do vector campo a
ez aquele que tem por origem o ponto M.
- Se escolhermos uma base ortonormada as componentes de a são
ex y dadas por:
ey
ax(x,y,z) , ay(x,y,z) , az(x,y,z)

b) Linhas de campo

São as curvas que, em cada um dos seus pontos, são tangentes ao vector campo. Estas são obtidas em
coordenadas cartesianas resolvendo as equações diferenciais:

dx/ax = dy/ay = dz/az

(estas equações são obtidas escrevendo que o campo a é colinear com o vector deslocamento infinitesimal dM ao
longo de uma linha de campo).
O campo é único; em geral só existe uma e uma só linha de campo que passa pelo ponto M. No entanto em
certos pontos singulares pode não ser definido (campo de uma carga pontual em electrostática no ponto onde ela se
encontra).

E.2 - Exemplos de campos vectoriais.

a) Campo uniforme

O vector campo é igual a um vector constante a em todos os pontos do espaço. É fácil de ver neste caso,
que as linhas de campo formam o conjunto de rectas paralelas a a.

b) Campos de simetria esférica

- 10 -
Um campo de simetria esférica de origem O é definido pela relação:

a (M) = f(r) u

- u é o vector unitário segundo a direcção OM.


- r é a distância OM.

a(M
M

r
u
O

O módulo do vector campo é deste modo o mesmo todos os pontos de uma esfera de centro O e
de raio r = |OM|.
As linhas de campo formam o conjunto das rectas que passam por O fonte (ou origem) do campo.
Nota: Não confundir a origem do campo com a origem do referencial considerado.

c) Campo com simetria cilíndrica

Um campo de simetria cilíndrica de eixo ∆, é definido pela relação:


a(M) = f(r) u
- u é o vector unitário segundo a direcção HM perpendicular a ∆.
- r é a distância de M ao eixo ∆.

O modulo do vector campo é deste modo idêntico para todos os pontos de um cilindro de eixo ∆ e de raio r =
|HM|.

u
H
M a(M)

As linhas de campo formam o


conjunto de rectas perpendiculares ao eixo ∆.
Nota: Podemos notar que nos dois últimos casos existem pontos (ponto O e recta ∆) onde passam várias linhas de
campo. Nestes pontos em geral o vector campo eléctrico não é definido.

- 11 -
E. 3 - Circulação do vector campo (integral de linha)

a) Definição

Designa-se circulação elementar do vector campo a(M) ao longo do deslocamento elementar dM


ao produto escalar: dl = a(M) . dM

A circulação sobre uma curva C entre dois pontos A e B é então:

L = ∫CAB a(M) . dM

dM B
M
a(M)

Nota: Em geral a circulação depende do trajecto percorrido e não somente dos pontos A e B. É portanto necessário
explicitar o caminho percorrido. O integral efectua-se explicitando a equação para a(M) e dM ao longo do trajecto
particular escolhido. Em muitos livros o deslocamento elementar dM é designado por dl.

b) Expressões para a circulação

- i Em coordenadas cartesianas

z
As componentes do campo nos três eixos são:
M a(M) ax , ay e az ou seja

a(M) = ax ex + ay ey + az ez

ez OM = x ex + y ey + z ez

O dM = dx ex + dy ey + dz ez
ex y
ey

e portanto: dl = a(M). dM = ax dx + ay dy + az dz

- ii Em coordenadas cilíndricas.

- 12 -
z
M OM = ρeρ + z ez
a(M)
dOM = dρ eρ + ρ (deρ/dϕ) dϕ + dz ez

mas como deρ/dϕ = eϕ


onde eϕ é um vector unitário directamente
ez perpendicular a eρ. Ou seja:

y dM = dρ eρ + ρdϕ eϕ + dz ez
θ ρ
eρ eρ, eϕ e ez formam um referencial ortonormado
directo. Se designarmos por aρ, aϕ e az as
componentes do vector campo a(M) neste referencial
m
temos:
x

a(M) = aρ eρ + aϕ eϕ + az ez e dl = aρ dρ + ρaϕ dϕ + az dz

- iii Em coordenadas esféricas


z
er
M


θ
r

u1 y
ϕ

m
x

OM = r er

dOM = dr er + r der
mas como er = cosθ ez + senθ u1 então:

der = -senθ ez dθ + cosθ u1dθ + senθ eϕdϕ

pois com efeito u1só depende de ϕ e du1/dϕ = eϕ

Por outro lado se definirmos eθ situado no plano definido pelos versores ez , er e tal que o referencial (er, eθ, eϕ)
seja directo, teremos a expressão:

eθ = - senθ ez + cosθ u1

- 13 -
portanto: der = eθ dθ + eϕ dϕ senθ

e: dOM = dr er + r dθ eθ + r senθ dϕ eϕ

Se designarmos por ar , aθ e aϕ as componentes do campo vectorial a(M) no referencial ortonormado (er,


eθ, eϕ) obtemos:

a(M) = ar er + aθ eθ + aϕ eϕ
e:
dl = ar dr + aθ rdθ + aϕ r senθ dϕ

E.4 - Fluxo do campo vectorial

a) Fluxo elementar
Designa-se fluxo elementar do campo
a(M) vectorial a(M) através de um elemento de superfície
dS o produto escalar:

dΦ = a(M). ndS
dS
n
dS

- n é um vector unitário normal à superfície elementar dS.


- Se definirmos o vector dS = n dS podemos escrever:

dΦ = a(M). dS

ou dΦ = |a(M)| dS cosθ

onde θ designa o ângulo entre a(M) e n.


Nota: o vector n é definido somente em direcção; o seu sentido é arbitrário. Portanto será necessário, de futuro
tomar as devidas precauções quanto ao seu sentido

b) Fluxo através de uma superfície.

O fluxo através de uma superfície de dimensões finitas S calcula-se como a soma dos fluxos elementares
através de todos os elementos de superfície dS de S.
Tendo sido fixado o sentido de n para um elemento particular de superfície dS, para os outros elementos o
sentido é determinado por continuidade sobre toda a superfície.
Deste modo temos então:
Φ = ∫∫S a(M). n dS

c) Fluxo saindo de uma superfície fechada

- i Definição

Designa-se superfície fechada uma superfície tal que se possa definir simplesmente o interior e o exterior.

- 14 -
M Um ponto M está no interior da superfície
fechada se toda a semi-recta partindo de M encontra
a superfície num número impar de pontos. Um ponto
M está no exterior da superfície fechada se toda a
semi-recta partindo de M encontra a superfície num
número par de pontos.

- ii Fluxo saindo de uma superfície fechada.

Por convenção orienta-se a normal ao elemento de superfície dS no sentido exterior da superfície fechada.
Deste modo calcula-se um fluxo saindo da superfície fechada do seguinte modo:

Φ = ∫
S
a(M) . n dS

Nota: O símbolo ∫
S
designa um integral duplo estendido a toda uma superfície fechada.

se a(M)= λ a1(M) + µ a2(M)

dΦ = λ dΦ1 + µ dΦ2

E.5 - Teorema de Ostrogradski ou de Grenn ou da Divergência

Nota: O desenvolvimento que se segue não constitui uma demonstração rigorosa.

Consideremos o volume infinitesimal dv


que aproximaremos por um paralelepípedo de lados
M (x,y,z) dx , dy , dz.
z dv = dx dy dz . O fluxo elementar dΦ que sai desta
dz superfície fechada criado por um campo vectorial
a(M) de componentes ax , ay , az pode ser
decomposto em três partes:
dx
dy
ez

ex y
ey

- 15 -
dΦx fluxo elementar que sai pelas 2 faces perpendiculares a Ox
dΦy " " " Oy
dΦz " " " Oz

dΦx = | a(x + dx, y, z) . ex - a(x, y, z) . ex | dy dz

dΦx = (∂ax/∂x)dx dy dz = (∂ax/∂x)dv

Seriam obtidos resultados semelhantes para dΦy e dΦz ou seja:

dΦ = dΦx + dΦy + dΦz

dΦ = | ∂ax/∂x + ∂ay/∂y + ∂az/∂z | dv

se nos recordarmos da definição de divergência temos então:

dΦ = div a(M) dv

Nota: a divergência de um vector pode igualmente ser escrita como o produto escalar do operador ∇ com o campo
vectorial a ou seja ∇ . a = div a.

Para um volume qualquer e uma superfície fechada qualquer, e observando que os diversos dΦ interiores
(dirigidos para o exterior) se anulam dois a dois, temos:

Φ = ∫ dΦ = ∫V ∇ . a(M) dv
S

ou seja:

∫ a(M) . n(M) dS = ∫V ∇ . a(M) dv


S

Esta expressão constitui o teorema de Green ou Ostrogradski ou da divergência que pode ser enunciado: O
fluxo de um campo vectorial através de uma superfície fechada é igual ao integral de volume da divergência do
campo dentro do volume contido pela superfície. Como a superfície é fechada, a normal a esta é orientada para o
exterior.

E.6 - Teorema de Stokes.

- 16 -
Consideremos um contorno fechado C e uma superfície S que se apoia sobre este. Se orientarmos a
normal n sobre a superfície S de modo a ver girar o ponto P sobre o contorno C no sentido directo, e se
decompusermos a superfície S em elementos de superfície dS temos:

dP

(C)
(S)


C
a(P) . dP = ∫
S
[∇ x a(M)] . n(M) dS

Esta expressão constitui o teorema de Stokes que pode ser enunciado: A circulação de um campo
vectorial sobre uma curva fechada C é igual ao fluxo do rotacional deste campo através de uma superfície S
que se apoie sobre este. Como a superfície é aberta, a normal é orientada de modo a que o contorno seja
percorrido no sentido directo relativamente a esta.

- 17 -
Apêndice F

CAPACIDADE E INDUTÂNCIA DE GEOMETRIAS USUAIS

i – Linha de transmissão de um par de fios paralelos

2r

2h

12,1ε 12,1ε
C r r (pF m-1)
= ≅
l   log(2h/r)
2
log  (h/r) + (h/r) − 1 
 

L = µ ln 2h (H m-1)
l π r

para o ar ou materiais sem propriedades magnéticas (µ = µo) temos:

L = 0,4 ln 2h = 0,92 log 2h (µH m-1)


l r r

Zo = (L/C)1/2 ≅ 120 ln 2h (Ω)


εr r

ii – Cabo coaxial

Condutor
interior

Malha
2a
2b
Isolamento
exterior

55,6ε
C 2πε r (pF m-1)
= =
l ln(b/a) ln(b/a)

L = µ ln b (H m-1)
l 2π a

para o ar ou materiais sem propriedades magnéticas (µ = µo) temos:

- 18 -
L = 0,2 ln b = 0, 46 log b (µH m-1)
l a a

b
Zo = (L/C)1/2 ≅ 60 ln (Ω)
εr a

iii – Condutor cilíndrico sobre um plano condutor infinito

2a Plano
h de
Massa

24, 2ε 24, 2ε
C r r (pF m-1)
= ≅
l   log(2h/a)
2
log  (h/a) + (h/a) − 1 
 

para o ar ou materiais sem propriedades magnéticas (µ = µo) temos:

L = 0,2 ln 2h = 0, 46 log 2h (µH m-1)


l a a

Zo = (L/C)1/2 ≅ 60 ln 2h (Ω)
εr a

iv – Micro-fita “Microstrip”

t
P.C.B.
h Plano de
Massa

A capacidade por unidade de comprimento e a impedância característica Zo de uma linha com largura w e
espessura t desprezável (t/h < 0,005) num substrato de altura h são dadas por:

a) w/h < 1

2 πε o ε
re
C= (F/m)
 8h w 
ln  + 
 w 4h 

εre µoεo
Zo = = 60 ln  8h + w  (Ω)
C εre  w 4h 

com

- 19 -
ε +1 ε −1  − 1/ 2
w 
2
εre = r2 + r2  1 + 12h  + 0,04 1 −  


w   h  

b) w/h > 1

C= ε o ε re [w/h + 1,393 + 0,667 ln(w/h + 1,444)] (F/m)

Zo = 120 π 1 (Ω)
εre [w/h + 1,393 + 0,667 ln(w/h + 1,444)]

com

ε +1 ε −1
(
εre = r + r 1 + 12h
2 2 w
−1 / 2
)

- 20 -
Apêndice G

PROPRIEDADES ELECTROMAGNÉTICAS DE ALGUNS MATERIAIS

Condutividade eléctrica para diversos materiais a temperatura ambiente

Material σ (S m-1) Classificação


Prata 6,17 x 107
Cobre 5,8 x 107
Alumínio 3,82 x 107
Latão 2,56 x 107
Tungsténio 1,83 x 107
Níquel 1,45 x 107 Condutores
Ferro 1,03 x 107
Nichrome 0,1 x 107
Mercúrio 1,0 x 106
Grafite ≈3,0 x 104
Água do mar ≈4,0
Germânio intrínseco ≈2,2
Ferrite ≈1,0 x 10-2 Semicondutores
intrínsecos
Silício intrínseco ≈0,44 x 10-3
Água destilada ≈1,0 x 10-4
Baquelita ≈1,0 x 10-9
Vidro ≈1,0 x 10-12 Isolantes
Mica ≈1,0 x 10-15
Quartzo fundido ≈1,0 x 10-17

Constantes dieléctricas de alguns materiais

Material Frequência, Mhz ε’/εo Tang. do ângulo de perdas ε’’/ε’


Polistireno 3000 5,54 0,00025 – 0,0016
Polistireno (espuma) 3000 1,05 0,00003
Lucite 10000 2,56 0,005
Teflon 10000 2,08 0,00037
Quartzo fundido 10000 3,78 0,0001
Ruby mica 3000 5,4 0,0003
Dióxido de titanio 10000 90 0,002
Madeira de mogno 10000 1,7 0,021
Bakelite Baixa frequência 4,8
Vidro Baixa frequência 6,0
Nylon Baixa frequência 3,6
Plexiglas Baixa frequência 3,45
Polietileno Baixa frequência 2,26
Água Baixa frequência 80
Solo (seco) Baixa frequência 3,0

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Permeabilidade relativa µr de alguns materiais

Material Tipo µr
Bismuto Diamagnético 0,9999834
Prata Diamagnético 0,99998
Cobre Diamagnético 0,999991
Vácuo Não magnético 1,00
Alumínio Paramagnético 1,00002
Níquel (cloreto) Paramagnético 1,00004
Cobalto Ferromagnético 250
Níquel Ferromagnético 600
Aço macio Ferromagnético 2000
Ferro Ferromagnético 5000
Mumetal Ferromagnético 100000
Supermalloy Ferromagnético 800000

Efeito pelicular no cobre

Frequência, Hz 10 60 102 103 104 108


Profundidade pelicular δ, cm 2,08 0,85 0,66 0,208 6,6x10-2 6,6x10-4
δ = (2/ωµσ)1/2 = 6,6 f -1/2 cm para o cobre (σ = 5,8 x 107 S/m)

Constantes físicas fundamentais

Permitividade do vazio εo 8,854 x 10-12 ≅ (1/36π) x 10-9 F/m


Permeabilidade do vazio µo 4π x 10-7 H/m
Impedância do vazio Zo 376,7 ≅ 120π Ω
Velocidade da luz no vazio c 2,998 x 108 m/s
Carga do electrão e 1,602 x 10-19 C
Massa do electrão me 9,107 x 10-31 Kg
Constante de Planck h 6,626 x 10-34 Js
Massa do protão mp 1,7 x 10-27 Kg

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