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EMPRESAS NA ERA DA INTERNET:

O PAPEL DOS PORTAIS B2E, B2C E B2B

Sônia Maria de Silva GOMES, Departamento de Contabilidade, Universidade Federal da Bahia - UFBA,
Salvador, Bahia, Brasil.
Gláucia Aparecida PRATES, Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Estadual de
Ribeirão Preto, UNAERP, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
Paula de Paiva VILLASBÔAS

RESUMO

O desenvolvimento da Internet possibilitou o surgimento dos portais, que podem ser


do tipo B2C, B2B e B2E. O portais B2E levam à diminuição dos custos e dos esforços
relacionados às interações entre funcionários e à busca de informações. Os portais de
internet são essenciais ao comércio eletrônico B2C e pode alavancar o faturamento das
empresas. Nos negócios B2B o e-procurement integra de forma eficiente os departamentos
de compras das empresas com seus fornecedores. O desenvolvimento dos portais tem sido
de importância fundamental para as empresas, permitindo maiores ganhos com a
reorganização dos processos produtivos.

Palavras-chave: portais, comércio eletrônico, B2C, B2B, B2E.

ABSTRACT

The development of Internet has enabled the appearance of B2C, B2B and B2E portals.
The B2E portals take to the decrease of costs and efforts related to interactions among
employees and search of information. The internet portals are essential to the e-commerce
B2C and they can increase the revenue of the companies. In the businesses B2B the e-
procurement integrates efficiently the departments of purchases of the companies with their
suppliers. The development of portals has been of fundamental importance for the
companies, allowing larger earnings with the reorganization of the productive processes.

Key-words: portals, e-commerce, B2C, B2B, B2E.

1. Introdução

A partir da metade de década de 90, com o surgimento dos portais de Internet para
navegação/mídia, houve uma rápida evolução com a utilização da Internet no suporte aos
negócios. Desta forma, começam a surgir, no final de década de 90, os portais de Internet
chamados B2C (business to consumer), que suportam o comércio eletrônico entre varejistas
e consumidores da Web, e os portais corporativos B2B (business to business - extranet) e
B2E (business to employee) (Figura 1). Os portais B2B suportam as transações eletrônicas
entre as empresas; os participantes são parceiros comerciais e possuem uma relação de
negócios pré-estabelecida. Já através do portal B2E, os funcionários obtêm informações e
serviços de caráter profissional e pessoal que lhes interessam.
LINHA DO TEMPO DOS PORTAIS

Navegação/mídia

PORTAIS DE B2C
INTERNET

1995 1998 2000

PORTAIS DE B2B
NEGÓCIOS (Extranet)
B2E

Figura 1 – Linha do tempo dos portais. Fonte: Adaptado de The Delphi Group (2000) apud
Toledo (2002)

Os portais podem ser classificados quanto ao contexto de utilização como:

• Portais Públicos – também conhecidos como Portais Web ou Portais de Internet;


provêm aos usuários uma interface com a rede de servidores que compõem a Internet.
Possuem a função de atrair o público em geral e funcionar como uma mídia adicional
para o marketing de produtos.
• Portais de negócios ou corporativos – incorporam novas tecnologias que possibilitam a
identificação, captura, armazenamento, recuperação e distribuição de grandes
quantidades de informação de múltiplas fontes, internas e externas, para as pessoas e
equipes de uma organização (TOLEDO, 2002).

2. Os portais B2E

Os portais corporativos são essenciais ao gerenciamento B2E, ou ‘da empresa para o


funcionário’, possibilitando que as empresas atendam às necessidades dos funcionários,
reorganizando, ao mesmo tempo, os processos que exigem muito tempo e mão-de-obra.
Um programa completo de B2E tem três componentes: processos empresariais on-line,
gerenciamento de pessoal on-line e serviços on-line para a comunidade do local de
trabalho. Esses componentes são disponibilizados no portal integrado da empresa, por meio
de aplicativos B2E que levam à diminuição dos custos e dos esforços relacionados às
interações entre funcionários e à busca de informações.
O B2E leva a uma redução das barreiras organizacionais, minimizando os esforços
de interação, beneficiando os processos empresariais; dando mais autonomia nos serviços
aos funcionários e gerando uma personalização em massa, que afeta o gerenciamento de
pessoal; e integrando a vida pessoal dos funcionários com a profissional, o que interfere no
componente de serviços comunitários (HANSEN e DEIMER, 2002).

Abaixo são apresentados alguns exemplos da importância dos portais corporativos para o
gerenciamento B2E:

1. Melhora dos processos empresariais

• Os engenheiros da Delta Air Lines gastavam muito tempo com a pesquisa de


informações em manuais de aeronaves e com a identificação de peças de reposição em
catálogos. Por isso, a empresa disponibilizou em seu portal um sistema de catálogos e
manuais de manutenção on-line, reduzindo o tempo de busca por estas informações em
50%. Isto levou à diminuição do tempo de reparos e do ciclo de manutenção dos
motores, aumentando a produtividade dos funcionários.
• A empresa Charles Schwab possui cinco centros de chamada e mais de 400 escritórios
regionais, nos quais centenas de corretores e representantes de atendimento ao
consumidor interagem com os consumidores. No entanto, as consultas são tantas e tão
variadas que se torna difícil responder rapidamente até para profissionais com mais
experiência. Para resolver este problema, os executivos da empresa desenvolveram uma
ferramenta Web chamada IWIN (I Want Information Now – Quero a Informação
Agora), que dispõe de um potente sistema de busca que permite aos funcionários
responder às perguntas dos clientes mais rapidamente e com maior precisão.

2. Melhora do gerenciamento de pessoas

• O treinamento auto-gerenciado, um exemplo de auto-serviço, dá mais liberdade aos


funcionários. Na Charles Schwab, os funcionários podem entrar no portal da empresa e
pesquisar vários cursos de treinamento, escolher aqueles que necessitam e fazer
matrícula on-line. Os gerentes, por sua vez, podem procurar um relatório direto, e
identificar cursos que seus subordinados já tenham feito e matricular a pessoa no nível
seguinte.
• Na Cisco Systems, o auto-serviço possibilita aos funcionários que utilizem o portal da
empresa para solicitar materiais de escritório, equipamentos e telefone celular, além de
escolher e inscrever-se em planos de saúde e de benefícios. Em outras empresas essas
atividades demoram usualmente uma semana, enquanto que na Cisco podem ser feitas
em apenas um dia.
• A personalização em massa é outro elemento fundamental do B2E. A Ford incluiu em
seu portal um site de assistência médica on-line chamado Optate, no qual os
funcionários escolhem o plano de saúde mais adequado a suas circunstâncias pessoais,
baseando-se em uma comparação personalizada de planos alternativos. Além disso, os
funcionários também pesquisar informações médicas, localizar a empresa de assistência
médica credenciada mais próxima e escolher profissionais e hospitais com base em
classificações de qualidade. Um sistema desse tipo, com planos personalizados, permite
às empresas uma redução de custos relacionados ao plano de saúde.
3. Melhora dos serviços prestados à comunidade do local de trabalho

• Na Coca-Cola, que possui um avançado mercado corporativo on-line, disponibiliza aos


seus funcionários, através do portal da empresa, serviços personalizados como
descontos em tinturarias, alimentação em restaurantes e seguros de vida, além de
serviços como assistência médica para planejamento financeiro. Ao utilizar o portal da
empresa para realizar atividades pessoais e profissionais no trabalho, em vez de fazê-las
em casa, além de terem acesso preferencial a descontos e serviços especiais, os
funcionários ficam mais satisfeitos e demonstram mais comprometimento em suas
tarefas.
Apesar dos grandes benefícios trazidos pelo gerenciamento B2E, a criação e o
desenvolvimento de um portal empresarial são tarefas difíceis. Para criar um portal que
tenha sucesso entre os funcionários é preciso em primeiro lugar torná-lo atraente aos
usuários e disponibilizar os serviços e ferramentas certos. Desta forma, os funcionários
serão atraídos até o portal e começarão a usá-lo regularmente. A partir do aumento do
tráfego no portal, a empresa poderá agregar os aplicativos B2E que deseja que os
funcionários utilizem.
O custo de um portal empresarial com plena integração do local de trabalho é alto.
Uma empresa de consultoria em tecnologia da informação com sede em Stanford,
Connecticut, estimou que este custo em 1999 seria de US$1 milhão a US$3 milhões. Além
de questões de custo, é preciso definir quem vai desenvolver o portal, de onde virão as
ferramentas e os serviços a ele integrados. Em uma pesquisa recente descobriu-se que a
maioria da empresas terceirizavam o desenvolvimento do portal.
Apesar das vantagens do gerenciamento B2E incluírem também uma certa redução
de custos associados às interações entre funcionários e a busca de informações, o benefício
maior é enfatizar a produtividade e as pessoas através de uma forma digital de trabalhar
(HANSEN e DEIMER, 2002).

3. Os portais e o comércio eletrônico

O comércio eletrônico ou e-commerce é considerado a forma mais avançada de


venda ao consumidor, sendo uma evolução do comércio à distância via catálogo-postal e
telefone, onde não é necessária da presença física do consumidor como no comércio
tradicional. Através do comércio eletrônico viabilizado pelos portais de internet podem-se
abrir novos mercados, alcançar novos clientes, e facilitar e tornar mais rápido o comércio
para a base de clientes existente.
O conceito de comércio eletrônico varia segundo os diversos autores. Para Albertin
(1999) o comércio eletrônico é “a realização de toda a cadeia de valor dos processos de
negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa de tecnologias de
comunicação e informação, atendendo aos objetivos do negócio”. Bloch, Piggneur e Seveg
(1996) apud Alexandrini (2000) definem comércio eletrônico como “compra e venda de
informações, produtos e serviços por meio de redes de computadores para suporte a
qualquer tipo de transação de negócio que utilize uma infra-estrutura digital”.
Os modelos básicos de comércio eletrônico são:

• Negócio-a-negócio (business-to-business – B2B)


As transações comerciais realizam-se entre empresas, geralmente em uma relação de
fornecedor ou usuário de produtos, serviços e informação;
• Negócio-a-consumidor (business-to-consumer – B2C)
As transações realizam-se entre empresas e consumidores, envolvendo estratégias de
pagamento aceitas pelas partes. É a versão eletrônica da venda a varejo;
• Governo-a-Governo (government-to-government - G2G)
Iniciativas que visam a qualidade da integração entre os serviços governamentais,
envolvendo ações de reestruturação e modernização de processos e rotinas.
• Negócio-a-governo (business-to-government – B2G)
As empresas se relacionam com as administrações federais, estaduais ou municipais dos
governos. No Brasil existem o SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira) ou
SIAFEM (para os estados e municípios) e o sistema de compras do Ministério da
Administração;
• Consumidor-a-governo (consumer-to-government – C2G)
O consumidor se relaciona com o Estado para obter serviços, benefícios ou informações.
Como exemplos, temos o acesso a andamento de processos (tribunais), declaração do
imposto de renda e consulta a multas de trânsito;
• Consumidor-a-consumidor (consumer-to-consumer – C2C)
As transações são feitas entre consumidores finais, como nos leilões virtuais que permitem
aos consumidores a publicação e licitação de produtos;
• Consumidor-a-negócio (consumer-to-business – C2B)
As transações são feitas entre consumidores e empresas, como por exemplo, passageiros
que dão lances por passagens aéreas, cabendo às empresas aceitar ou não.
Neste artigo abordaremos somente o comércio B2C e B2B. De uma maneira geral,
as empresas desenvolvem portais para o comércio eletrônico B2C com os seguintes
objetivos:
• Promover a apresentação eletrônica de bens e serviços;
• Aumentar a proporção de vendas dos produtos através de uma maior divulgação e
marketing;
• Fornecer um ambiente de comércio que seja atrativo ao cliente e de fácil navegação;
• Oferecer formas de pagamento e transporte acessíveis ao público alvo, melhorando o
tempo e a qualidade dos serviços prestados;
• Automatizar transações entre fornecedores e empresas de modo a minimizar custos e
agilizar processos.
O Quadro 1 faz uma comparação das duas formas de transação comercial, através
do comércio tradicional e do comércio eletrônico:
Etapas do ciclo de vendas Comércio Tradicional Comercio Eletrônico
(múltiplos meios envolvidos) (único meio envolvido)
Adquirir informações sobre o Revistas, folders, catálogos Páginas da Web
produto
Requisitar um item Formulários impressos, cartas e-mail, páginas da Web
Analisar catálogos, preços Catálogos Catálogos on-line
Analisar disponibilidade de itens e Telefone, fax Catálogos on-line
conformidade de preço
Enviar ordem (comprador), Fax, correio e-mail, EDI
Receber ordem (fornecedor)
Priorizar ordem - Banco de dados on-line
Analisar inventário no estoque Formulário impresso, telefone, fax Banco de dados on-line, páginas
da Web
Agendar entrega Formulário impresso Banco de dados on-line
Emitir fatura Formulário impresso Banco de dados on-line
Receber produto Meio de entrega qualquer Correios, Sedex
Confirmar recebimento Formulário impresso e-mail
Enviar fatura (fornecedor), Correio e-mail, EDI
Receber fatura (comprador)
Agendar pagamento Formulário impresso EDI, banco de dados on-line
Enviar pagamento (comprador), Correio EDI, EFT
Receber pagamento (fornecedor)
Quadro 1 – Comparação das formas de transação comercial. Fonte: Pegoraro (2002)
Obs.: EDI - Eletronical Data Interchange (transferência eletrônica de documentos entre
computadores)
EFT - Eletronic Funds Transfer (transferência eletrônica de fundos)
O comércio eletrônico fez com que fossem requeridos meios de pagamentos
atemporais e livres de barreiras geográficas, políticas e comerciais. Por esta razão, depende
muito dos suportes físicos representados pelas moedas convencionais e especialmente pela
moeda eletrônica, como o cartão de crédito. No Quadro 2 temos os principais meios de
pagamento utilizados no comércio tradicional e no eletrônico.

Meios de pagamento Comércio tradicional Comércio eletrônico


Em espécie (dinheiro) Através de moeda corrente, faz-se A transação é realizada pela Internet e
um depósito bancário na conta do o pagamento é efetuado no
comerciante recebimento do produto por
reembolso postal ou quando for
entregue em domicílio. Pode-se
utilizar também o cheque.
Boleto bancário Emitido pelas empresas de comércio Pode ser emitido via on-line e
ou prestadoras de serviço reproduzido na impressora domiciliar.
Cheque Amplamente utilizado,
principalmente como promessa de
pagamento em datas posteriores à
transação comercial
Transferência bancária O valor monetário é transferido da O usuário faz transferências bancárias
conta corrente do consumidor para a on-line
do comerciante, mediante
autorização de débito do primeiro.
Cartão de Crédito Conhecido como dinheiro de Usado em compras via Internet. O
convencional plástico, amplamente difundido e consumidor fornece dados pessoais e
utilizado. o número de seu cartão de crédito.

Dinheiro virtual Utilizado em forma de pontuação Conhecido como Dinheiro Eletrônico,


cumulativa, permitindo converter em permite que o consumidor adquira
troca de produtos e ou serviços bens e serviços ofertados nos Portais
Virtuais.

Cartão de crédito Virtual Forma específica do Cartão de


Crédito em “bits” para a internet
Quadro 2 – Meios de Pagamento. Fonte: Melo (2002)
As vantagens de um comércio eletrônico bem planejado e implementado são
muitas, em comparação com o comércio tradicional:
• As relações com os clientes são aprimoradas, devido a uma maior interação realizada
através de linhas diretas (correio eletrônico, telefone) ou por meio de propaganda e
marketing feitos no próprio site;
• O custo para conquistar a confiança de um cliente é inferior ao custo que seria gasto no
comércio tradicional;
• Através da racionalização de processos e pessoal, o tempo que envolve todo o processo
de compra, venda e entrega do produto é otimizado;
• As despesas com transporte, armazenamento, distribuição são reduzidas, bem como as
despesas com estoque através da automação e redução dos tempos de processamento;
• O planejamento de um bom sistema de marketing e propaganda pode levar a empresa a
expandir seus mercados e aumentar a competitividade, com requisitos mínimos de
capital, estoque e pessoal;
• Melhora da comunicação e coordenação dentro das empresas devido ao maior uso da
informação tecnológica, dos sistemas de integração e da própria rede;
• O contato com os fornecedores é mais direto, podendo ser feito por meio de sistemas
interligados, eliminando a necessidade de representantes e inventários, e aumentando a
disponibilidade de produtos para os clientes (ROSSATTO, 2002).
Com o aumento do número de residências com acesso à Internet, seja por linha
telefônica, banda larga (DSL e cabo) ou por canais de comunicação móvel, a tendência é a
expansão do comércio eletrônico voltado para o consumidor final (B2C) (HAMMOND,
2002).
No Brasil, através dos portais de internet o faturamento do comércio eletrônico B2C
ultrapassou em 2003 a casa de 1 bilhão de reais. A expectativa de faturamento para 2004 é
que o setor cresça cerca de 30%, chegando a 1,6 bilhão. Isso se daria pela expansão da base
de compradores, que atualmente é estimada em 2,5 milhões de pessoas.
A receita do comércio eletrônico B2C em 2003 no Brasil resultou das vendas de
automóveis, turismo e bens de consumo (CDs, fitas de vídeo, livros, DVDs e outros
eletroeletrônicos) (MCT, 2004).
Um estudo feito na Europa e América do Norte sobre o desenvolvimento do uso do
e-commerce entre 2000 e 2010, aponta as duas barreiras mais importantes que podem
causar entraves à adoção do comércio eletrônico pelo consumidor em sua residência:
• a preocupação com a segurança dos dados pessoais (números de cartões de crédito);
• a baixa velocidade de transmissão de dados para as residências.
Segundo a pesquisa, outras barreiras relativamente importantes, como o alto custo
on-line, deverão ser resolvidas dentro de dois anos. Barreiras relativamente pouco
importantes, relacionadas à tecnologia, também deverão ser resolvidas no futuro próximo.
São elas:
• a falta de definição de um sistema padrão de pagamento, tecnologias de
segurança/criptografia insuficientemente desenvolvidas;
• altos custos de criação e manutenção do sistema para o setor varejista;
• custos altos dos aparelhos de acesso para o consumidor.
As barreiras que levarão mais tempo para serem solucionadas incluem fatores
relacionados com:
• a conveniência do consumidor, que não consegue especificar horários e locais
adequados para a entrega das mercadorias;
• a tecnologia, como custos altos de distribuição de produtos físicos e interface para o
consumidor pouco desenvolvida;
• preocupações com o uso não autorizado de dados pessoais como nome, endereço,
hábitos de navegação etc. (HAMMOND, 2002).
Por sua vez, o comércio eletrônico B2B não é uma novidade para as empresas. Há
mais de 25 anos atrás as transações entre empresas já eram realizadas através do EDI, ou
transferência eletrônica de dados, que permitia a transferência entre computadores de
informação comercial, como encomendas, faturas, etc. Esta tecnologia apenas permitia que
cada grande empresa compradora pudesse se interligar aos seus fornecedores através de
redes de valor adicionado (VAN), ou que cada grande vendedor agisse de forma semelhante
relativamente aos seus clientes. Atualmente, com o desenvolvimento da Internet e dos
portais corporativos e o aparecimento dos marketplaces B2B, o comércio eletrônico
permite a realização de transações entre vários compradores e vários vendedores, estando
disponível para todo o tipo de empresas, independentemente de seu tamanho
(YOSHIZAKI, 2004).
As principais vantagens do uso do B2B pelas empresas são as seguintes:
• Ampliação dos canais de vendas;
• Aumento da competitividade das empresas;
• Redução de custos em todos os processos realizados com auxílio da Internet;
• Disponibilidade de operação 24 horas;
• Rapidez na realização dos processos;
• Redução da incidência de erros nos processos;
• Agilização da integração com fornecedores;
• Redução de circulação física de documentos (desenhos de engenharia, por exemplo);
• Diminuição do ciclo de compras.
Em diversas áreas, as redes de comércio B2B on-line tornam possível a formação de
grupos e troca de mercadorias entre vendedores e compradores. Em vários setores os
compradores e vendedores podem negociar on-line. Por exemplo, sites como o e-Steel
simplificam o processo de compra de aço, que geralmente é caro e demorado. Através da
Internet, os compradores simplesmente listam suas necessidades e os fornecedores atendem
as especificações ou pedem mais esclarecimentos. Não é necessário gastar horas
negociando ao telefone ou trocando fax, e os compradores ainda podem obter um preço
mais baixo.
A Internet vem causando mudanças irreversíveis para as empresas, que afetam
principalmente as seguintes atividades:
• Automação dos processos de relacionamento entre os parceiros comerciais;
• Compra de matérias-primas, insumos, etc.;
• Gerenciamento eletrônico de documentos;
• Gerenciamento de estoques do parceiro comercial;
• Gerenciamento da armazenagem do parceiro comercial;
• Oferecimento de pacotes integrados de serviços, como a agregação de suporte
financeiro;
• Projeção de demanda;
• Atendimento direto ao cliente; e
• Oferecimento de serviços de pós-venda.

Um dos serviços utilizados nos negócios B2B é o e-procurement, que integra de


forma eficiente os departamentos de compras das empresas com seus fornecedores. Através
do e-procurement o processo de seleção e aprovação das compras das empresas é
automatizado na internet. Com isso o custo de cotação e compra de um produto fica muito
mais barato. O trabalho de cotar com duas empresas, por exemplo é o mesmo do que se
comunicar com 100 empresas. Isso resulta em uma maior possibilidade de encontrar
melhores preços e prazos na obtenção de diversos produtos além de obter uma redução nos
custos do processo.
Acredita-se que em poucos anos quase todas as compras das empresas estarão sendo
feitas através da Web, com exceção da compra de produtos específicos, para os quais não
se encontram fornecedores com facilidade. Já os produtos mais padronizados, com muitos
fornecedores, podem ser adquiridos pela Internet, através de portais de e-procurement, que
apresentam de um lado, as empresas compradoras, e de outro, os fornecedores. Através
desse sistema há uma grande pressão sobre a cadeia de suprimentos, criando-se
oportunidades para a redução de custos, e ampliando-se o leque de possíveis compradores e
fornecedores. Dessa forma, a tendência é a diminuição da dependência em relação a
determinados fornecedores. Quanto aos produtos específicos, devem continuar a ser
utilizados os mecanismos tradicionais de contrato, mas com uma estratégia de integração da
cadeia muito maior, através da necessidade de divulgação de dados entre os parceiros da
cadeia produtiva. Desse modo, espera-se uma maior eficiência da cadeia de fornecedores (.
De acordo com Capacino e Dik (2002), podemos distinguir três modelos de portais
no comércio B2B: o portal público e independente, o portal setorial, e o portal privado.
Seguem abaixo as características de cada um desses portais B2B:
• Portais independentes - portais criados com o propósito de atender a um setor
específico ou a um grupo de produtos. Esses portais se propõem a fazer a prospecção de
parceiros comerciais em outros países, criar um ambiente único para realizar negócios,
fazer a gestão virtual dos relacionamentos e permitir a visibilidade de preços ao redor
do mundo. No entanto, esse tipo de portal entrou em crise porque possuía equipes
administrativas compostas por pessoas de fora do setor, sem conhecimento suficiente
sobre os mercados que pretendiam atender. A sobrevivência em longo prazo dos portais
independentes depende de recursos diferenciados e que atendam a nichos de mercado.
Um exemplo de portal independente é o Buildnet, do setor da construção civil, que
provê soluções para problemas setoriais específicos, como gestão de materiais e
cronogramas de trabalho. As atividades mais favoráveis para esse tipo de portal
relacionam-se com operações de baixo risco, como compra de materiais de manutenção,
consertos e operações, ou em nichos funcionais, como o descarte de materiais
excedentes.
• Portais setoriais ou verticais - são portais patrocinados por empresas de um
determinado setor de atividade, que interagem com o objetivo de gerar ganhos de
eficiência em seu processo produtivo. Um exemplo desse tipo de portal é o Quadrem,
um mercado eletrônico para empresas do setor de mineração nos Estados Unidos, cujos
21 membros-fundadores representam cerca de dois terços do valor de mercado do setor,
e mais de um quarto de seu poder de compra. O desenvolvimento de um Marketplace
B2B é um processo muito mais complexo do que o desenvolvimento de um Portal B2C.
Exige investimentos elevados, profundo conhecimento do mercado e um
relacionamento capaz de trazer empresas para participarem do mercado. Vários portais
setoriais enfrentam diversos problemas, como estabelecer um mercado que atenda às
necessidades das empresas fundadoras, ajustar-se às necessidades específicas de todos
os membros, e dificuldades de tomada de decisão, dado o grande número de empresas
participantes. Um exemplo deste tipo de portal é o VerticalNet.com.
• Portais privados – portais que permitem uma maior integração entre as empresas e
suas parceiras comerciais. A maioria desses portais se baseia nos compradores ou nos
vendedores. Um portal privado com base nos compradores visa aumentar a eficiência
das funções de gestão da cadeia de fornecimento de uma empresa. Esse tipo de portal
pode realizar encomendas on-line, fazer confirmações, notificações de remessa e fatura.
Os mais sofisticados colaboram com os fornecedores nas previsões, planejamento de
fornecimento, projetos de produtos, etc. Os portais com base nos vendedores podem
lembrar ao cliente de encomendar itens adquiridos regularmente, ou permitir ao
vendedor examinar o estoque do cliente e reabastecê-lo automaticamente. O cliente
também pode colaborar no projeto de produtos, rastrear encomendas e unir forças com
o vendedor. Empresas como a Dell, Cisco, Motorola e Wal-Mart usam portais privados.
Através do portal privado da Cisco, por exemplo, o cliente pode configurar,
encomendar e monitorar o status de um pedido on-line. Mais de 90% dos pedidos
chegam à Cisco através do portal, reduzindo o tempo do ciclo dos pedidos de oito
semanas para uma (CAPACINO e DIK, 2002).

4. Conclusões

O desenvolvimento de portais, tanto de internet, como corporativos tem sido de


importância fundamental para as empresas. Através dos portais B2E as empresas podem
gerenciar melhor o trabalho de seus funcionários, aumentando a produtividade através da
minimização dos esforços de interações e facilitação da busca de informações. O
desenvolvimento de portais B2C e B2B também tem possibilitado às empresas grandes
avanços relacionados ao comércio eletrônico.
As transações realizadas por vias eletrônicas permitem grandes ganhos potenciais de
eficiência, além das oportunidades de ganhos provenientes da reorganização dos processos
produtivos. Através do comércio eletrônico é possível obter reduções de custo em quase
toda a malha produtiva, especialmente através do comércio B2B.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) sobre
Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro, revelou que em 2003, os valores
movimentados pelas transações B2B e B2C nas empresas que atuam no mercado brasileiro
atingiram cerca de US$16,3 bilhões. No final de 2003, 4,94% das transações B2B eram
feitas pela Internet, totalizando US$11,8 bilhões. Já as transações eletrônicas B2C
representavam 2,08% do mercado total, com movimento de US$4,5 bilhões. Em 2002, o
volume de transações B2B foi de US$5,7 bilhões, e o de transações B2C foi US$1,9
bilhões.
A pesquisa, realizada com 435 empresas de vários setores econômicos, ramos e
portes, aponta que o setor que apresentou maior penetração nas transações B2B foi a
indústria (5,37%), seguido pelo ramo de serviços (4,87%) e comércio (3,97%). Os meios de
pagamento mais utilizados pelos consumidores on line foram o cartão de crédito, com 33%
da preferência dos entrevistados, seguido pelo smart card (uma forma de dinheiro
eletrônico) (10%), o e-check (9%), e o e-cash, com apenas 8% dos entrevistados.
De acordo com estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, OCDE, as transações entre empresas (B2B) e entre empresas e consumidores
(B2C) serão responsáveis por cerca de 5% de todas as operações no atacado e no varejo em
2005. As previsões mais conservadoras indicam taxas anuais de crescimento, para o futuro
próximo, acima de 45% na escala mundial.

Referências

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