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RESUMO
Pensemos sobre a sociedade atual, seu modo de produzir e reproduzir, e os reflexos deste movimento
sobre os trabalhadores, que reféns deste processo, são ao mesmo tempo: produtores e reprodutores do
capital. Este artigo tem o intuito de discutir como ocorre o aprisionamento dos homens na lógica
econômica e a partir desta relação sua vinculação a um estado enfermo. Utilizaremos o método
materialista histórico e dialético, que nos permitirá apreender como se efetiva o processo de reificação
destes homens em interação com o movimento da mercadoria. E utilizaremos as contribuições da
psicanálise para entendermos o produto patológico desta relação social.
ABSTRACT
Think about today's society, its way of production and reproduction, and reflections of this movement
on workers, that hostages of this process, are both: producing and reproducing capital. This article
aims to discuss how occurs the imprisonment of men in economic logic and from this relationship
linking her to a helpless state. We will use the historical materialist and dialectical method, which will
allow us to grasp how effective the process of reification of these men in their interaction with the
movement of goods. And we will use the contributions of psychoanalysis to understand the
pathological product of this social relationship.
INTRODUÇÃO
1
Trabalho apresentado no CONINTER 2015, no Eixo temático: 22. ECONOMIAS E TRABALHO.
também a reprodução do capital. Assim, este homem sofre influências e pressões de múltiplas
dimensões, inclusive de maneira informal, por diversos meios de comunicação que são
utilizados pela mídia com a intenção de motivar a população para fazer circular a mercadoria.
Porque no capitalismo, como disse Marx (1974, p 16.), ―(...) produção é consumo, e consumo
é produção‖. Nesta relação social, o homem é explorado pela produção da mais-valia e pela
intenção da valorização do capital através da circulação da mercadoria.
Assim, o que sobeja ao trabalhador é o sofrimento, ou a sensação de sempre estar à 127
procura do inatingível, do inaccessível e do inalcançável e, o corolário de tal percepção pode
lhe acarretar em múltiplas patologias sociais.
O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua
produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria
ainda mais barata à medida que cria mais bens. A desvalorização do mundo
humano aumenta na razão direta do aumento de valor do mundo dos objetos.
O trabalho não cria apenas objetos; ele também se produz a si mesmo e ao
trabalhador como uma mercadoria, e, deveras, na mesma proporção em que
produz bens. (MARX, 2002, P.111)
Sua vivência na sociedade capitalista lhe cobra uma atitude envolvida nas tramas do
próprio modo de produzir, desta forma para participar da sociedade ativamente ou
economicamente, o individuo subordina-se as cobranças estéticas e espetaculosas do modo de
ser capitalista. À vista disso, algumas consequências em suas estruturas física e psíquica
irrompem-se, com a ajuda de um aparato robustamente preparado, que tem como escopo
amalgamar as necessidades humanas às necessidades do modo de produção vigente. Assim, o
paradoxo de se tornar miserável, à medida que produz e/ou trava relações de troca, se expande
na velocidade do próprio desenvolvimento do capitalismo.
Para entendermos como as patologias sociais se intensificam dentro de certa
sistemática, temos que regressar a história do século XX, e entendermos que por parte do
movimento econômico, grandes mudanças comportamentais serão exigidas aos indivíduos no
interior da sociedade. E assim, temos no interior dos EUA e da Europa um incentivo
publicitário para que a produção complete seu ciclo com a reprodução, estimulando,
incitando, acordando necessidades humanas e subsumindo-as a necessidade do capital.
Realizando assim a produção desgovernada de comportamentos, que poderão se transformar
em enfermidades provocadas pelo excesso de estímulos. Assim como: a obesidade, o
alcoolismo, o tabagismo, a anorexia e a bulimia, a oniomania, a depressão etc., que são em
sua maioria resultado desta relação social contraditória de produção de riqueza e miséria
humana.
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ANDRADE, Vanessa Batista de
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro
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Estas recomendações econômicas, já nos são muito conhecidas hoje, tanto Bush como
Lula, presidentes de nossa história recente, também orientaram sua população para as
compras em momento de crise2. Ou seja, a ideia de fazer circular a mercadoria, foi projetada
para toda sociedade, para que esta possa responder com compras e compras, e assim permitir
o bom andamento do mercado econômico. A organização da sociedade para atender os 129
interesses da circulação constante, foi sendo planejada para torna-se o modo de vida no
capitalismo.
2
Podemos ver em História das Coisas recomendações feitas pelo presidente Bush em 2001, ―(...) que após o 11 de Setembro,
quando o nosso país estava em choque e o presidente Bush poderia ter sugerido fazer luto, rezar, ter esperança... Mas não...
ele disse para fazermos compras! Compras! Nos tornamos numa nação de consumidores. Nossa principal identidade passou a
ser de consumidores. Não mães, professores, agricultores, mas consumidores!‖ (LEONARD, 2011, disponível:
http://www.aseac.com.br/gest/historiacoisastxt.pdf); e sobre as recomendações de Lula na época: ―(...) O presidente
recomendou a prefeitos e governador presentes a ―não sentar em cima do dinheiro‖ e esperar a crise passar‖. ver site:
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1040565-5601,00-NAO+VAMOS+SENTAR+EM+CIMA+DO+DINHE
IRO+ESPERANDO+CRISE+PASSAR+DIZ+LULA.html
3
Hipnopedia – era um recurso utilizado pelo governo do novo mundo – do livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley –
que visava por meio da de repetição influenciar os habitantes do mundo novo para que se conformassem com a forma de
governo e posição social que ocupavam dentro desse sistema, ou para que gostassem de algo levando a consumir, usar e
usufruir determinado bem. Este discurso era efetuado enquanto eles dormiam, para captar o inconsciente de cada um.
4
Empurrar mercadorias ou criar uma demanda artificial para utilizar um termo econômico.
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5
Victor Lebow, The Journal of Retauling: primavera de 1955, pág. 7 : inverno de 1955-56, pág- 166.
6
Sobre meios de comunicação podemos recordar o que Huxley disse em seu livro Retorno ao Admirável Mundo Novo, 1959:
―Desde o tempo de Hitler, o arsenal de dispositivos técnicos à disposição do aspirante a ditador foi consideravelmente
aumentado. Além do rádio, do alto-falante, do cinema e das grandes máquinas impressoras, o propagandista contemporâneo
pode empregar a televisão para transmitir a imagem, assim como a voz, de seu cliente, e pode registrar tanto a voz como a
imagem nas fitas magnéticas. Graças ao progresso técnico, o Grande Irmão pode ser agora quase tão onipresente como Deus.
E não é apenas no âmbito da técnica que a mão do aspirante a ditador recebeu novas forças. Desde o tempo de Hitler, tem se
realizado trabalhos notáveis nos campos da psicologia e da neurologia aplicadas, que constituem o domínio próprio do
propagandista, do doutrinador e lavador de Cérebros.‖ (HUXLEY, 1959, p. 63) E foi através de Joseph Gobbels que Hitler
conseguiu, já naquele tempo trabalhar com as necessidades humanas de forma eficaz. Conseguiu como diz o próprio Huxley,
―privar oitenta milhões de pessoas da liberdade de pensamento para sujeitá-las à vontade de um homem‖. O que mudou hoje
na verdade, foi apenas à figura representativa de poder, de um homem — o Grande Irmão — para o Grande Capital.
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7
Obsolescência de desejabilidade. Segundo Packard é ―a situação, na qual um produto que ainda está sólido, em termos de
qualidade ou performance, torna-se ―gasto‖ em nossa mente porque um aprimoramento de estilo ou outra modificação faz
com que fique menos desejável (PACKARD, 1965, p. 51- grifo do autor).
8
MARTINS, José. A natureza emocional da marca – como escolher a imagem que fortalece a sua marca. São Paulo:
Negócio Editora, 1999.
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de Tântalo9. Este estado de suplício, o qual o consumidor é levado, tem grande relevância
para a produção e reprodução do capitalismo. Pois, como disse HAUG (1996, p.47 ), nesta
relação social, surge um ―vazio funcional contraposto ao vício do consumidor (...)‖ que corre
―(...) atrás de meras imagens (...)‖, que não se realizam e nem devem se realizar, para que não
cesse o movimento do modo de produção de mercadorias.
Assim, como disse ROUDINESCO (2000, p 17), em seu livro Por que a psicanálise?
―(...) a depressão domina a subjetividade contemporânea [...] Às vésperas do terceiro milênio, 133
a depressão tornou-se epidemia psíquica das sociedades democráticas, ao mesmo tempo que
se multiplicam os tratamentos para oferecer a cada consumidor uma solução honrosa‖.
Segundo esta autora, estamos vivendo uma época em que há uma força social que tenta
apagar a perspectiva revolucionária, e incentiva a criação de um sujeito deprimido
intencionalmente. Neste aspecto, a grande maioria dos trabalhadores se enquadram nesta
circunstância, à medida que como Tântalo, vivem trabalhando para deixar de sofrer por meio
de suas conquistas econômicas, contudo a não realização por meio dos produtos das a
promessas propagandeadas, geram um sujeito iludido e angustiado, que sobremaneira terá que
ser anestesiado por meio de drogas farmacológicas para ter um comportamento profícuo ao
estado das coisas atuais, ou procurará a transcendência religiosa para narcotizar o estado de
sofrimento gerado socialmente.
A sociedade democrática moderna quer banir de seu horizonte a realidade do
infortúnio, da morte e da violência, ao mesmo tempo procurando integrar
num sistema único as diferenças e as resistências. Em nome da globalização
e do sucesso econômico, ela tem tentado abolir a ideia de conflito social. Do
mesmo modo, tende a criminalizar as revoluções e retirar o heroísmo de
guerra, a fim de subsistir a política pela ética e o julgamento histórico pela
sanção judicial. Assim, ela passou da era do confronto para era da evitação, e
do culto da glória para a revalorização dos covardes. (ROUDINESCO, 2000
p.16)
9
Que como no mito ―[...] ― Suplício de Tântalo" que designa o sofrimento de quem quer muito algo próximo, mas não o
consegue (...) designa aos objetivos impossíveis de se alcançar e a angústia da luta pela transposição dos limites, o desejo de
conquista do inalcançável diante da limitação e fragilidade humanas”.(SARASVATI in site: http://benzaiten-
textos.blogspot.com.br/2010/09/o-mito-de-tantalo.html data: 21 agost 2014).
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O Capital no capitulo VIII, ao tratar da jornada de trabalho. Este suga a energia do trabalhador
no momento da produção e se inebria com o processo de reprodução, no qual os
trabalhadores, como moscas presas na teia da aranha, só aguardam para servir de alimento a
este artrópode que com suas pernas os enrolam num casulo, por meio dos ―feitiços e
facilidades‖ de vinculação ao mercado, em forma de propagandas e créditos.
O capitalista compra a força de trabalho pelo seu valor diário. Seu valor-de- 134
uso lhe pertence durante a jornada de trabalho. Obtém, portanto, o direito de
fazer o operário trabalhar para si durante um dia. Mas o que é um dia de
trabalho? É, de qualquer modo, menos do que um dia de vida natural. Em
quanto? O capitalista tem seu próprio ponto de vista sobre esse extremo, a
fronteira necessária da jornada de trabalho. Enquanto capitalista, ele é
apenas capital personificado. A sua alma é a alma do capital. Contudo, o
capital tem um único impulso vital, o impulso de se valorizar, de criar mais-
valia, de sugar a maior massa possível de sobretrabalho com a sua parte
constante, os meios de produção. O capital é trabalho morto que apenas se
anima, à maneira de um vampiro, pela sucção de trabalho vivo, e que vive
tanto mais quanto mais dele sugar. O tempo durante o qual o operário
trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho
por ele comprada. Se o operário consome o seu tempo disponível para si
próprio está a roubar o capitalista. (MARX, 2003, p. 271 – grifo nosso)
Vejamos, Marx (2002) diz que o operário foge do trabalho como o diabo da cruz, ou
da peste, mas ao invés deste escapar fora do trabalho, temos a invasão de todas as esferas da
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E para nos certificarmos de sua eficácia, basta vermos os dados trazidos neste último
LENAD, referente ao período de 2006 a 2012, que aponta que: ―(...) quase dois a cada dez
bebedores consomem álcool de forma nociva, sendo bebedores abusivos ou dependentes‖ e as
mulheres fazem parte da população mais vulnerável, pois apresentaram maior índice do uso
nocivo do produto neste período.
Para termos uma ideia do absurdo deste modo de produzir, só no Brasil, segundo a
ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), os gastos no ano 136
passado com os problemas gerados à saúde pelo uso de álcool e drogas, custaram para os
cofres públicos cerca de R$ 1,8 bilhão.
O governo federal gastou R$ 1,8 bilhão por meio do SUS (Sistema Único de
Saúde) no atendimento de 3 milhões de dependentes químicos somente no
ano passado. O dinheiro foi destinado para a Rede de Atenção Psicossocial,
responsável pelas ações voltadas para usuários de drogas e álcool no país.
Esse montante representa 2,5% do Orçamento do governo federal para a área
da saúde.
Do total de R$ 1,8 bilhão, 34% foram usados em internações e atendimentos
hospitalares. Outros R$ 490 milhões foram gastos no custeio de 2,5 mil
leitos exclusivos para o tratamento de dependentes químicos.
Em dez anos, o Ministério da Saúde diz ter triplicado o volume de recursos
destinados para a rede de atendimento. Em 2002, a verba era de R$ 619
milhões. Para este ano, a previsão é de que chegue a R$ 2,1 bilhões. (ABED,
2015)
Há sem dúvida, algo errado nesta construção social mediada pela mercadoria, se
focalizarmos apenas este exemplo, mas não para por aí, se olharmos os sofrimentos aflorados
desta relação homem e capital via reprodução da mercadoria, poderemos constatar que o
comportamento humano é moldado ao bel prazer das empresas, com a ajuda da ciência e de
seus setores mais avançados. Assim, as preocupações dos capitalistas de serem assertivos nos
seus objetivos econômicos, os fazem avançar adentro de pesquisas neurocientíficas, que
possam certificar que as ações dos consumidores irão corresponder a tais expectativas de
vendas.
A vida interna deve entrar como matéria básica para todos os profissionais
de todas as áreas relacionadas à economia, ao marketing e à administração
em geral, em toda sua extensão e subciências, que querem e precisam
entender o comportamento econômico das pessoas e dos consumidores,
especificamente. As reações internas, que os indivíduos sequer notam, fazem
toda diferença no ―agir‖ do sujeito. Se escolhemos algo ou tomamos uma
decisão econômica e de consumo, essa é processada internamente e, muitas
vezes, impossível de ser externalizada verbalmente. Por mais que o sujeito
queira colaborar, não entende o que acontece para que ele aja de determinada
maneira. (CAMARGO, 2010, p.66)
Nossas ações estão sendo administradas até mesmo internamente, não há muita
margem para liberdade ansiada pelo trabalhador que foge do trabalho na esperança de respirar
outros ares. Esse escape é ilusório, em medida que, fora do trabalho não lhe sobra
espontaneidade, fica cada vez mais evidente a perda de si mesmo em todas as esferas da vida.
Assim, como exemplo, podemos relacionar aqui outro problema gerado em tal
processo, os transtornos alimentares são recorrentes em tal estágio de desenvolvimento do
capitalismo, ou pelo excesso ou pela falta, já que a liberdade de escolha está cada vez mais 137
reduzida. Os padrões são lançados por meio das propagandas e, o consumidor cede ao prazer
do paladar ou da estética, o mercado ganha dos dois lados, e no futuro, em médio prazo, com
um terceiro lado que é o da recuperação da saúde. Novamente o ciclo se fecha da produção e
da reprodução do capital, e os distúrbios gerados por este movimento ampliam e intensificam
o peso sobre os seres humanos no interior desta sociedade contraditória.
A revista Mente e Cérebro, representante no Brasil da Scientific American, na edição
especial nº 11 de 2005, sob o título Muito mais que só comer, publicou uma discussão
ampliada sobre os hábitos alimentares e seus problemas. Esta edição trouxe a estimativa da
época, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) de que ―(...) no mundo 22 milhões
de crianças com menos de 5 anos [...] eram [...] obesas‖, e segundo a professora MARMO da
UNICAMP, ―(...) em 20 anos, a obesidade triplicou‖ (LEAL. setembro de 2005, pág. 42.)
É preocupante e estarrecedor, saber que nossos pequenos são vitimas de todas as
campanhas de venda, que tentam educar do berço ao tumulo para o mercado, e não
importando se a saúde será prejudicada, por meio das artificialidades dos sabores, corantes e
todos os elementos químicos usados para ludibriar os consumidores. Até porque, um novo
nicho de mercado se abre com a enfermidade causada pela relação homem e mercadoria.
Para termos uma percepção do quão é sério os distúrbios alimentares neste atual
estagio de desenvolvimento do capitalismo, vejamos:
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou nesta terça-feira (19)
portaria que cria a Linha de Cuidados Prioritários do Sobrepeso e da
Obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Dados do Ministério da Saúde
revelam que o SUS gasta anualmente R$ 488 milhões com o tratamento de
doenças associadas à obesidade. A nova linha define como será o cuidado,
desde a orientação e apoio à mudança de hábitos até os critérios rigorosos
para a realização da cirurgia bariátrica, último recurso para atingir a perda de
peso.
A obesidade é um fator de risco para a saúde e tem forte relação com altos
níveis de gordura e açúcar no sangue, excesso de colesterol e casos de pré-
diabetes. ―Este é o momento de o Brasil agir em todas as áreas, prevenção e
tratamento, atuando com todas as faixas etárias e classes sociais, com um
10
Informações trazidas por SPINDEL, em seu texto, remetem a dados apresentados pelo Grupo de Recursos
Humanos da Secretaria de Economia e Planejamento in Aspectos gerais do mercado de trabalho no estado de
São Paulo. 1971.
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possibilidade de não serem ―retirados de uso como mercadorias velhas [...]‖. (HAUG, 1996,
p.95 – grifo nosso)
Atrás da característica de juventude ou jovialidade, se esconde as intenções por parte
do capital, de retirar o máximo de energia do trabalhador, como as pilhas do Matrix11. E os
trabalhadores no geral correm atrás ―(...) do olhar amoroso da mercadoria‖ (MARX apud
HAUG, p.29, 1996), e por meio de tintas de cabelos, maquiagens e até cirurgias plásticas,
ocorre o ritual de transformação do invólucro humano na tentativa avassaladora de se fazer 139
vendável. No entanto, as cirurgias plásticas se tornaram um distúrbio de saúde, e a
necessidade de aceitação passa dos limites, e os resultados ditados por uma ―cultura‖
mercadológica modificam e mutilam aqueles que procuravam uma embalagem mais
irresistível.
A sociedade contemporânea vive uma busca – ou vontade – excessiva de
perfeição. Essa falta de limites para atingir o padrão estético pode ser
considerada um sintoma de desequilíbrio psicológico. Ainda mais se
considerarmos que esse ideal de perfeição é, razoavelmente, impossível ao
ser humano. Somos todos construídos na diferença. A esse culto exagerado à
beleza (e à perfeição), podemos atribuir, de certa forma, uma parcela de
culpa não só do sujeito, como de toda uma cultura do consumo, que valoriza
o narcisismo e a imagem. Nossa cultura acentua os mecanismos neuróticos
quando exclui os sujeitos que fogem ao ‘padrão’ de perfeição (que não
existe) (SANDER apud CRUZ & RANGEL,s/n, 2009 – grifo nosso)
11
Analogia feita por Morpheus personagem do presente no filme Matrix – lançado em 21 de maio de 1999,
dirigido por Lana Wachowski e Andy Wachowski –, no qual os seres humanos são como pilhas gerando a
energia, enquanto se encontram aprisionados pelas máquinas, continuam "vivendo" uma vida de sonhos na
Matriz.
Destarte, devemos reconhecer o grandioso papel da publicidade que trouxe uma nova
―filosofia‖ comportamental, e o antigo hábito de guardar ou poupar foi trocado pelo gastar,
consumir e antecipar através do crédito as rendas futuras em troca de mercadorias. 141
A função da publicidade, talvez a sua função dominante hoje, torna-se assim
a de travar, em nome dos produtores e vendedores dos bens de consumo,
uma guerra incessante contra a poupança e em favor do consumo. (BARAN
& SWEEZY, 1996, p. 131 -132)
CONCLUSÃO
forma de uma coação velada, estabelecendo aos homens e mulheres um comportamento cada
vez mais consumista, despertou enfermidades sociais que só podem ser entendidas de forma
sistematizada, neste modo de produção de mercadorias e não em outros tempos. Por isso,
pensamos ser extremamente válido nos debruçarmos sobre está questão que trata da saúde do
trabalhador, e tentar achar as causas atuais de tais distúrbios, que afloram em seu corpo.
Pois, como disse ROUDINESCO, tal trabalhador ―(...) deixou de pretender ser sujeito
livre‖, e com a ajuda das substâncias químicas, ou psicotrópicas, foi transformado em um 142
―(...) novo homem, polido e sem humor, esgotado pela evitação de suas paixões,
envergonhado por não ser conforme o ideal que lhe é proposto‖ (2000, P.14-15). E como o
Soma12 usado no livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, estas substâncias trazem a
normalização necessária à lógica das relações capitalistas, sem confrontos e com muita
resignação, onde o dever é produzir e reproduzir o capital ad infinitum.
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12
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de uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas, onde a vontade livre fora abolida por meio
de um condicionamento metódico, a servidão tornou-se aceitável mediante doses regulares de felicidade quimicamente
transmitida pelo ―Soma‖ (a droga liberado do futuro), e onde as ortodoxias e ideologias eram ―propagandeadas‖ em cursos
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