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Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro

de 2015, ISSN 2316-266X, n.4

EDUCANDO PARA O EXCESSO: ARTIFÍCIO DO PROCESSO DE


PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DO CAPITAL1.

ANDRADE, Vanessa Batista de


Professora assistente do Departamento de Pedagogia
UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná)
(GPESTE) - Grupo de Pesquisa em Estado, Sociedade, Trabalho e Educação;
vandradebr@yahoo.com.br
126

RESUMO
Pensemos sobre a sociedade atual, seu modo de produzir e reproduzir, e os reflexos deste movimento
sobre os trabalhadores, que reféns deste processo, são ao mesmo tempo: produtores e reprodutores do
capital. Este artigo tem o intuito de discutir como ocorre o aprisionamento dos homens na lógica
econômica e a partir desta relação sua vinculação a um estado enfermo. Utilizaremos o método
materialista histórico e dialético, que nos permitirá apreender como se efetiva o processo de reificação
destes homens em interação com o movimento da mercadoria. E utilizaremos as contribuições da
psicanálise para entendermos o produto patológico desta relação social.

Palavras chaves: capitalismo; produção; reprodução; saúde do trabalhador.

ABSTRACT
Think about today's society, its way of production and reproduction, and reflections of this movement
on workers, that hostages of this process, are both: producing and reproducing capital. This article
aims to discuss how occurs the imprisonment of men in economic logic and from this relationship
linking her to a helpless state. We will use the historical materialist and dialectical method, which will
allow us to grasp how effective the process of reification of these men in their interaction with the
movement of goods. And we will use the contributions of psychoanalysis to understand the
pathological product of this social relationship.

Keywords: capitalism; production; reproduction; Worker's health.

INTRODUÇÃO

O individuo em sociedade é educado de diferentes maneiras para atender os interesses


do capital, e isso é possível notar de maneira formal no setor educativo, quando o
direcionamento dos estudos visa a cada época, atender e obedecer à lógica do modo de
produção, de maneira velada primeiramente na escola, e mais tarde explicitamente ao patrão
dentro da empresa. Todavia, seu servilismo ao capital extrapola os encaminhamentos
institucionais, sua construção social deve atender não só os interesses da produção, como

1
Trabalho apresentado no CONINTER 2015, no Eixo temático: 22. ECONOMIAS E TRABALHO.

EDUCANDO PARA O EXCESSO: ARTIFÍCIO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DO CAPITAL.


ANDRADE, Vanessa Batista de
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também a reprodução do capital. Assim, este homem sofre influências e pressões de múltiplas
dimensões, inclusive de maneira informal, por diversos meios de comunicação que são
utilizados pela mídia com a intenção de motivar a população para fazer circular a mercadoria.
Porque no capitalismo, como disse Marx (1974, p 16.), ―(...) produção é consumo, e consumo
é produção‖. Nesta relação social, o homem é explorado pela produção da mais-valia e pela
intenção da valorização do capital através da circulação da mercadoria.
Assim, o que sobeja ao trabalhador é o sofrimento, ou a sensação de sempre estar à 127
procura do inatingível, do inaccessível e do inalcançável e, o corolário de tal percepção pode
lhe acarretar em múltiplas patologias sociais.
O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua
produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria
ainda mais barata à medida que cria mais bens. A desvalorização do mundo
humano aumenta na razão direta do aumento de valor do mundo dos objetos.
O trabalho não cria apenas objetos; ele também se produz a si mesmo e ao
trabalhador como uma mercadoria, e, deveras, na mesma proporção em que
produz bens. (MARX, 2002, P.111)

Sua vivência na sociedade capitalista lhe cobra uma atitude envolvida nas tramas do
próprio modo de produzir, desta forma para participar da sociedade ativamente ou
economicamente, o individuo subordina-se as cobranças estéticas e espetaculosas do modo de
ser capitalista. À vista disso, algumas consequências em suas estruturas física e psíquica
irrompem-se, com a ajuda de um aparato robustamente preparado, que tem como escopo
amalgamar as necessidades humanas às necessidades do modo de produção vigente. Assim, o
paradoxo de se tornar miserável, à medida que produz e/ou trava relações de troca, se expande
na velocidade do próprio desenvolvimento do capitalismo.
Para entendermos como as patologias sociais se intensificam dentro de certa
sistemática, temos que regressar a história do século XX, e entendermos que por parte do
movimento econômico, grandes mudanças comportamentais serão exigidas aos indivíduos no
interior da sociedade. E assim, temos no interior dos EUA e da Europa um incentivo
publicitário para que a produção complete seu ciclo com a reprodução, estimulando,
incitando, acordando necessidades humanas e subsumindo-as a necessidade do capital.
Realizando assim a produção desgovernada de comportamentos, que poderão se transformar
em enfermidades provocadas pelo excesso de estímulos. Assim como: a obesidade, o
alcoolismo, o tabagismo, a anorexia e a bulimia, a oniomania, a depressão etc., que são em
sua maioria resultado desta relação social contraditória de produção de riqueza e miséria
humana.
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1. “EDUCANDO” O TRABALHADOR PARA O CONSUMO NO PÓS-GUERRA.

A Publicidade terá um papel fundamental na concepção deste ―novo homem‖ no


período do pós-guerra, o gasto com este setor pelas empresas será crescente, segundo Naomi
Kleim (2003, p.35) em seu livro SEM LOGO - a tirania das marcas, ela demonstra o salto
gigantesco de 10 bilhões de dólares gastos com publicidade ao ano, por volta de 1963, em
comparação com os mesmos gastos em 1998, estes ultrapassaram 200 bilhões de dólares ao 128
ano. Ou seja, a criação de demanda artificial graças à publicidade, passa a ser o foco principal
de apostas e investimentos das empresas. Assim, seja pelos estímulos provocados pelo Estado
que imprime no pensamento coletivo a responsabilidade da crise, e cuja única saída seria por
parte da população comprar e comprar, ou quando os estímulos são gerados pelas empresas,
que oferecem como sucedâneo de alegria os prazeres prometidos pelo invólucro encantado e
superfaturado das mercadorias muito bem elaborado pelas campanhas de venda.
E segundo BARAN & SWEZZY em sua obra Capitalismo Monopolista, as campanhas
de vendas surgiram muito antes de sua fase monopolista ―a campanha de vendas é muito mais
velha do que o capitalismo como ordem econômica e social. Surge em várias formas na
antiguidade, torna-se bastante acentuada na Idade Média, e cresce em âmbito e intensidade na
era capitalista‖. (1966, p.119). Contudo foi só na fase monopolista, e principalmente nos
Estados Unidos da América que pôde ser utilizada de forma majestosa, e de um simples
recurso da economia passou a ser ―um dos seus centros nervosos decisivos‖ (1966, p.120) e
ainda segundo estes autores, ―seu impacto sobre a economia só são superadas pelo
militarismo‖. (BARAN & SWEZZY, 1966, p.120 – grifo nosso)
E Vance Packard, em seu livro A Estratégia do Desperdício, nos leva ao
conhecimento que nos EUA a produção em massa do momento fordista ─ sistema rígido ─
levou a uma superprodução de bens duráveis. E para afastar uma possível crise de
superprodução, duas medidas econômicas foram adotadas, que visavam: 1º estimular as
vendas e compras de novas mercadorias, usando a ―pressão psicológica‖ sobre a população,
outorgando a ela responsabilidade pela estabilidade econômica do país; 2º aplicar a
obsolescência planejada das mercadorias, para tentar acelerar sua circulação econômica.
E para exemplificar a pressão psicológica exercida sobre a população, o autor recorda
que em 1959, o presidente Eisenhouer foi a público pedir aos cidadãos americanos que
comprassem qualquer coisa que necessitassem, pois assim a depressão econômica não se
instalaria. E em sua mensagem econômica anual disse: ―[...] a prosperidade só poderia ser
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mantida se os consumidores – assim como o patronato e o operariado – executassem suas


funções econômicas‖ (PACKARD, 1965, p.18).

Estas recomendações econômicas, já nos são muito conhecidas hoje, tanto Bush como
Lula, presidentes de nossa história recente, também orientaram sua população para as
compras em momento de crise2. Ou seja, a ideia de fazer circular a mercadoria, foi projetada
para toda sociedade, para que esta possa responder com compras e compras, e assim permitir
o bom andamento do mercado econômico. A organização da sociedade para atender os 129
interesses da circulação constante, foi sendo planejada para torna-se o modo de vida no
capitalismo.

Assim como a hipnopedia3 do livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, se


instalou nos anos sessenta nos EUA um movimento publicitário que utilizava:

[...] slogans que martelavam as razões patrióticas ou egoísticas pelas quais


todos deviam atacar de rijo e consumir mais. Em Detroit, um coro com 45
vozes, gritava quinhentas vezes por semana através do rádio e da televisão:
―Dias de compra significam dias de pagamento... dias de pagamento
significam dias melhores... Por isso, comprem, comprem!... alguma coisa de
que precise hoje‖ (PACKARD, 1965, p.16, grifo nosso).

A primeira maneira encontrada pelos empresários americanos para afastar a possível


crise de superprodução foi empurrar as mercadorias4 existentes no mercado, para conseguir
um equilíbrio econômico. E dessa forma a estratégia dos publicitários era, [...] martelar na
cabeça das pessoas a conveniência indubitável, e, na verdade, a necessidade imperativa, de
possuir o mais recente produto que surg(ia) no mercado. (BARAN & SWEZZY, 1966, p.120)
As medidas empresariais pretendiam estimular e criar um ―apetite voraz‖ nos
consumidores, ―expandir suas necessidades‖ e ―criar desejos de mercadorias‖. Este era o
comando de ação direcionado às agências de publicidades, pois a capacidade de produção
havia superado a de consumo e, algo devia ser feito muito rápido. E como alertou Marx sobre

2
Podemos ver em História das Coisas recomendações feitas pelo presidente Bush em 2001, ―(...) que após o 11 de Setembro,
quando o nosso país estava em choque e o presidente Bush poderia ter sugerido fazer luto, rezar, ter esperança... Mas não...
ele disse para fazermos compras! Compras! Nos tornamos numa nação de consumidores. Nossa principal identidade passou a
ser de consumidores. Não mães, professores, agricultores, mas consumidores!‖ (LEONARD, 2011, disponível:
http://www.aseac.com.br/gest/historiacoisastxt.pdf); e sobre as recomendações de Lula na época: ―(...) O presidente
recomendou a prefeitos e governador presentes a ―não sentar em cima do dinheiro‖ e esperar a crise passar‖. ver site:
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1040565-5601,00-NAO+VAMOS+SENTAR+EM+CIMA+DO+DINHE
IRO+ESPERANDO+CRISE+PASSAR+DIZ+LULA.html
3
Hipnopedia – era um recurso utilizado pelo governo do novo mundo – do livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley –
que visava por meio da de repetição influenciar os habitantes do mundo novo para que se conformassem com a forma de
governo e posição social que ocupavam dentro desse sistema, ou para que gostassem de algo levando a consumir, usar e
usufruir determinado bem. Este discurso era efetuado enquanto eles dormiam, para captar o inconsciente de cada um.
4
Empurrar mercadorias ou criar uma demanda artificial para utilizar um termo econômico.
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a questão da realização do valor ―[...] a existência de encalhe significa a morte econômica do


capital fixado em forma de mercadoria‖ (MARX apud HAUG, 1996, p.35). ―Pois o tempo de
circulação do capital é tempo de sua desvalorização‖ (ROSDOLSKY, 2001, p.282).
Os apelos efetuados pelos meios de comunicação ao público foram inúmeros, como é
possível perceber por meio dos jornais da época. Segue abaixo um pequeno pedaço de um
texto, retirado de dois longos artigos feitos por um consultor de vendas no The Journal of
Retauling 5 na década de 1950. 130
―Nossa economia enormemente produtiva [...] exige que façamos do
consumo nosso modo de vida, que transformemos as nossas compras e uso
de mercadorias em rituais, que procuremos nossas satisfações espirituais, as
satisfações de nosso consumo [...] Precisamos ter coisas consumidas,
queimadas, gastas, substituídas e jogadas fora, em um ritmo sempre
crescente‖ (LEBOW apud PACKARD, 1965, p.23).

O desenvolvimento produtivo trouxe consigo alterações no padrão de consumo, que


podemos perceber se analisarmos como foi consolidando-se nos Estados Unidos o ―espírito
consumista‖, produzido pela necessidade do próprio sistema de ―empurrar mercadorias‖. O
novo padrão criou novos hábitos, numa população a qual até então se mantinha avessa aos
gastos e fiéis a poupança. Nesse processo o caráter ascético do americano protestante, foi
violado e transformado em um ―padrão‖ que seria posteriormente exportado - ―the american
way of life‖.

Na composição desse novo modo de viver sob a lógica do capital, os americanos


foram moldados por meio de pressões psicológicas exercidas através dos meios de
comunicação6, que diariamente anestesiavam a consciência puritana e construíram novos
desejos, necessidades que impulsionaram o desenvolvimento econômico. Isso se deu graças a
grande pressão publicitária que apontava o consumo sendo o melhor investimento ao
americano ─ colocando a poupança em segundo plano, gastar era a palavra de ordem dirigida
à população.

5
Victor Lebow, The Journal of Retauling: primavera de 1955, pág. 7 : inverno de 1955-56, pág- 166.
6
Sobre meios de comunicação podemos recordar o que Huxley disse em seu livro Retorno ao Admirável Mundo Novo, 1959:
―Desde o tempo de Hitler, o arsenal de dispositivos técnicos à disposição do aspirante a ditador foi consideravelmente
aumentado. Além do rádio, do alto-falante, do cinema e das grandes máquinas impressoras, o propagandista contemporâneo
pode empregar a televisão para transmitir a imagem, assim como a voz, de seu cliente, e pode registrar tanto a voz como a
imagem nas fitas magnéticas. Graças ao progresso técnico, o Grande Irmão pode ser agora quase tão onipresente como Deus.
E não é apenas no âmbito da técnica que a mão do aspirante a ditador recebeu novas forças. Desde o tempo de Hitler, tem se
realizado trabalhos notáveis nos campos da psicologia e da neurologia aplicadas, que constituem o domínio próprio do
propagandista, do doutrinador e lavador de Cérebros.‖ (HUXLEY, 1959, p. 63) E foi através de Joseph Gobbels que Hitler
conseguiu, já naquele tempo trabalhar com as necessidades humanas de forma eficaz. Conseguiu como diz o próprio Huxley,
―privar oitenta milhões de pessoas da liberdade de pensamento para sujeitá-las à vontade de um homem‖. O que mudou hoje
na verdade, foi apenas à figura representativa de poder, de um homem — o Grande Irmão — para o Grande Capital.
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As estratégias de estimulo subjetivo do consumo americano foram ampliadas e se


diversificaram, elas agora visavam criar no consumidor novas necessidades e não apenas
responsabilizá-los pela estabilidade econômica do país. Dessa forma a publicidade passou a
ser a ―arma‖ ou instrumento que mediava à possibilidade de efetivar a relação de troca. O
valor de uso se tornou uma ―isca‖, que seduzia o consumidor e criava nele a carência pelo
objeto publicizado; contudo como a grande maioria da população já possuía diversos bens
duráveis, então era necessário criar uma situação para que os bens já obtidos pelo consumidor 131
se tornassem de alguma forma obsoletos.
Com o aumento da produtividade, o problema da realização assume uma
nova forma para os oligopólios. As forças produtivas organizadas do capital
privado não mais se defrontam com os muitos vendedores concorrentes
como um limite, mas diretamente com a barreira das relações de produção
que definem a necessidade social desde que a demanda seja solvente. Numa
sociedade como a americana, uma grande parte da demanda total — como
observam Baran e Sweezy — ―baseia-se na necessidade de substituir uma
parte dos pertences por bens de consumo duráveis, tão logo se deteriorem‖.
Uma vez que o caminho para a diminuição do trabalho em toda a sociedade
levaria a abolição do capitalismo, o capital depara agora com a grande
durabilidade de seus produtos. (HAUG, 1996, p.52)

Novamente o setor de propaganda trabalhou arduamente, criando novos campos de


―ataque‖: 1)º começou a trabalhar com a ideia de que: ―sempre cabe mais um‖ produto em sua
casa; 2)° como também, trabalhou com a criação no americano, do ―espírito de jogar fora‖ os
produtos antigos; 3)° colocou em prática de forma intensificada a obsolescência da
desejabilidade7. Esses três campos de ataque da publicidade sobre a subjetividade do
consumidor foram se entrelaçando e por meio da estética da mercadoria, consolidou-se enfim
a intenção capitalista de realização do valor ao impulsionar a circulação dos produtos.
As pressões psicológicas exercidas sobre o inconsciente dos americanos no período da
Guerra Fria permitiram por parte das campanhas de vendas, o emprego em demasia e por
vezes ―falacioso‖, da importância e imprescindibilidade de determinados produtos para vida
do homem comum. Falacioso, pois como disse Galbraith em seu livro O Novo Estado
Industrial.
A maior parte das mercadorias realizam funções comuns: suprimem a fome,
prestam-se aos vícios do álcool ou da nicotina, conduzem as pessoas
gradualmente através do tráfego intenso, movimentam mais rapidamente os
resíduos através do tubo intestinal ou ajudam a remover a sujeira. Pouco ou

7
Obsolescência de desejabilidade. Segundo Packard é ―a situação, na qual um produto que ainda está sólido, em termos de
qualidade ou performance, torna-se ―gasto‖ em nossa mente porque um aprimoramento de estilo ou outra modificação faz
com que fique menos desejável (PACKARD, 1965, p. 51- grifo do autor).

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nada de importância pode-se verdadeiramente dizer a respeito do modo pelo


qual um produto desempenha essas funções de rotina. Mentiras descaradas
sobre a sua atuação geralmente não são permissíveis, mas é essencial que
haja um substituto para a verdade. Substituto, pelo qual, qualidades menores
ou mesmo imaginárias proporcionem grandes benefícios. (GALBRAITH,
1968, p. 355 – grifo nosso)

Primeiramente a aceleração da circulação da mercadoria foi impressa através do


emprego intensificado da propaganda e do desgaste da mercadoria na mente do consumidor –
propiciado pela obsolescência da desejabilidade. Posteriormente, outras espécies de 132
obsolescências seriam aplicadas sobre a mercadoria com esse intuito, que colocariam limites
aos produtos e obrigariam veladamente o consumidor a voltar ao mercado para adquirir um
novo produto, já que sua satisfação foi comprometida com a deterioração desta mercadoria.

1.1 A não realização da expectativa humana ao consumir mercadoria, e os problemas


de saúde que se levantam desta relação.

As grandes promessas produzidas pelas empresas publicitárias por meio da estética da


mercadoria, que apelavam para as cores, sons, e construções de históricas dos produtos 8–
com se estes tivessem ―alma‖, ou ainda, as depreciações provocadas intencionalmente na
mercadoria por meio das obsolescências planejadas, acabaram envolvendo os consumidores
de tal forma, que as expectativas geradas pelas campanhas de vendas trouxeram danos de
diferentes aspectos aos indivíduos. Os diferentes apelos sobre valor de uso da mercadoria, que
tinham o objetivo de facilitar a circulação econômica desta, se levantaram como promessas
aos consumidores, promessas de múltiplas respostas, que uma vez não contempladas no ato
de consumir tais produtos, acabaram enleando-os em diferentes patologias.
Patologias às vezes ligadas a compulsão, de tentar alcançar o inalcançável, seja ele:
um sabor, um tipo físico, uma aventura, um status, até mesmo a alegria etc. Assim, a procura
da satisfação das necessidades por meio dos encantos, feitos sobre corpo da mercadoria, e que
não se efetivaram de fato, acabaram levando muitos consumidores a um estado enfermiço.
Como é o caso das doenças psicossociais, a exemplo: a depressão; a bulimia; a anorexia; a
obesidade; o alcoolismo; a dependência química, etc.
A tentativa de tentar satisfazer suas necessidades, de tentar alcançá-las e estas
desaparecerem, escapar-lhes, acabaram levando o consumidor a um estado de suplício como o

8
MARTINS, José. A natureza emocional da marca – como escolher a imagem que fortalece a sua marca. São Paulo:
Negócio Editora, 1999.
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de Tântalo9. Este estado de suplício, o qual o consumidor é levado, tem grande relevância
para a produção e reprodução do capitalismo. Pois, como disse HAUG (1996, p.47 ), nesta
relação social, surge um ―vazio funcional contraposto ao vício do consumidor (...)‖ que corre
―(...) atrás de meras imagens (...)‖, que não se realizam e nem devem se realizar, para que não
cesse o movimento do modo de produção de mercadorias.
Assim, como disse ROUDINESCO (2000, p 17), em seu livro Por que a psicanálise?
―(...) a depressão domina a subjetividade contemporânea [...] Às vésperas do terceiro milênio, 133
a depressão tornou-se epidemia psíquica das sociedades democráticas, ao mesmo tempo que
se multiplicam os tratamentos para oferecer a cada consumidor uma solução honrosa‖.
Segundo esta autora, estamos vivendo uma época em que há uma força social que tenta
apagar a perspectiva revolucionária, e incentiva a criação de um sujeito deprimido
intencionalmente. Neste aspecto, a grande maioria dos trabalhadores se enquadram nesta
circunstância, à medida que como Tântalo, vivem trabalhando para deixar de sofrer por meio
de suas conquistas econômicas, contudo a não realização por meio dos produtos das a
promessas propagandeadas, geram um sujeito iludido e angustiado, que sobremaneira terá que
ser anestesiado por meio de drogas farmacológicas para ter um comportamento profícuo ao
estado das coisas atuais, ou procurará a transcendência religiosa para narcotizar o estado de
sofrimento gerado socialmente.
A sociedade democrática moderna quer banir de seu horizonte a realidade do
infortúnio, da morte e da violência, ao mesmo tempo procurando integrar
num sistema único as diferenças e as resistências. Em nome da globalização
e do sucesso econômico, ela tem tentado abolir a ideia de conflito social. Do
mesmo modo, tende a criminalizar as revoluções e retirar o heroísmo de
guerra, a fim de subsistir a política pela ética e o julgamento histórico pela
sanção judicial. Assim, ela passou da era do confronto para era da evitação, e
do culto da glória para a revalorização dos covardes. (ROUDINESCO, 2000
p.16)

Como disse a autora acima, os sentimentos de revolta, violência e contestação devem


ser abafados e para isso os fármacos se levantam como a melhor saída para produção de uma
modelo esquizoide de ser humano, que deverá negar sua plenitude de sentidos, e deve
procurar sua realização na efemeridade da mercadoria.
Para o capitalismo isso funciona muito bem, uma vez que serve como
―anticoagulante‖ da dentada realizada pelo vampiro capitalista, como o já citado por Marx em

9
Que como no mito ―[...] ― Suplício de Tântalo" que designa o sofrimento de quem quer muito algo próximo, mas não o
consegue (...) designa aos objetivos impossíveis de se alcançar e a angústia da luta pela transposição dos limites, o desejo de
conquista do inalcançável diante da limitação e fragilidade humanas”.(SARASVATI in site: http://benzaiten-
textos.blogspot.com.br/2010/09/o-mito-de-tantalo.html data: 21 agost 2014).
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O Capital no capitulo VIII, ao tratar da jornada de trabalho. Este suga a energia do trabalhador
no momento da produção e se inebria com o processo de reprodução, no qual os
trabalhadores, como moscas presas na teia da aranha, só aguardam para servir de alimento a
este artrópode que com suas pernas os enrolam num casulo, por meio dos ―feitiços e
facilidades‖ de vinculação ao mercado, em forma de propagandas e créditos.

O capitalista compra a força de trabalho pelo seu valor diário. Seu valor-de- 134
uso lhe pertence durante a jornada de trabalho. Obtém, portanto, o direito de
fazer o operário trabalhar para si durante um dia. Mas o que é um dia de
trabalho? É, de qualquer modo, menos do que um dia de vida natural. Em
quanto? O capitalista tem seu próprio ponto de vista sobre esse extremo, a
fronteira necessária da jornada de trabalho. Enquanto capitalista, ele é
apenas capital personificado. A sua alma é a alma do capital. Contudo, o
capital tem um único impulso vital, o impulso de se valorizar, de criar mais-
valia, de sugar a maior massa possível de sobretrabalho com a sua parte
constante, os meios de produção. O capital é trabalho morto que apenas se
anima, à maneira de um vampiro, pela sucção de trabalho vivo, e que vive
tanto mais quanto mais dele sugar. O tempo durante o qual o operário
trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho
por ele comprada. Se o operário consome o seu tempo disponível para si
próprio está a roubar o capitalista. (MARX, 2003, p. 271 – grifo nosso)

1.2 Excessos - doenças e números econômicos

Os últimos dados do LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), referente


aos anos entre 2006 a 2012, nos trazem um alerta das pesquisas relacionadas ao consumo de
álcool e drogas, temos um crescimento de 20% do uso abusivo e nocivo de álcool nestes
últimos 10 anos, isso é extremamente significativo quando relacionamos o ponto tratado por
Roudinesco, de estarmos vivendo em tempos em que as pessoas estão precisando viver
anestesiadas, entorpecidas para se relacionar com o mundo, seja através do álcool, das drogas
lícitas e ilícitas.
Todos os estudos sociológicos mostram igualmente que a sociedade
depressiva tende a romper a essência da vida humana. Entre o medo da
desordem e a valorização de uma competitividade baseada unicamente no
sucesso material, muitos são os sujeitos que preferem entregar-se
voluntariamente a substâncias químicas a falar de seus sofrimentos íntimos.
O poder dos remédios do espírito, portanto, é o sintoma de uma modernidade
que tende a abolir o homem não apenas o desejo de liberdade, mas também a
própria ideia de enfrentar a prova dele. O silêncio passa então a ser
preferível à linguagem, fonte de angustia e vergonha. (ROUDINESCO.
2000, p.30)

Vejamos, Marx (2002) diz que o operário foge do trabalho como o diabo da cruz, ou
da peste, mas ao invés deste escapar fora do trabalho, temos a invasão de todas as esferas da
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vida do trabalhador. Assim, a administração científica dos tempos e movimentos do


trabalhador, passou a ser utilizada também em seus momentos ociosos, ou seja, fora do
trabalho. A educação deste que se dava no chão de fábrica, e permitia ao capital ampliar de
seu processo produtivo, saltou para fora desta, educando o trabalhador de maneira sistemática
a servir o capital não só para a produção, mas também à sua reprodução, cada vez mais
acelerada.
A educação deste trabalhador se processa de maneira formal por meio das instituições 135
escolares, e informal através dos meios de comunicação, que são utilizados pelas campanhas
de vendas dos produtos para incitar os trabalhadores a consumi-los.
O capital tenta assim fechar seu ciclo, do processo de produção e reprodução de
mercadorias, e torna-se cada vez mais evidente a ampliação de sua administração em nossas
vidas.
[...] hoje, é a totalidade de nossas vidas que é assim minuciosamente
ordenada a partir do exterior. Pela primeira vez, o homem parece totalmente
espoliado de si mesmo. Isso coincide, aliás, com a espoliação do tempo
(característica do proletário, segundo Marx) – o homem moderno está
tomando uma ocupação permanente, inclusive a do lazer, nunca pode
distanciar-se, refletir sobre sua condição; mas também a relação com as
administrações, que lhe toma um tempo considerável, e o tempo jamais teve
tão pouca importância, na sua qualidade de vida, mas também na sua
realidade natural. O homem ganha cada vez mais tempo e, no entanto, seu
tempo é cada vez mais absorvido pelas atividades sociais. (ELLUL, 1985,
p.202).

Destarte, os pensamentos de busca de realização dos homens em sociedade, estão


sempre mediados pela relação com a mercadoria, pois as atividades sociais estão
comprometidas com as relações econômicas. E como é necessário às mercadorias rodarem
muito rapidamente pelo mercado, há um aparato de mecanismos, como já vimos que são
utilizados para esta efetivação, e quem é afetado por esta aceleração econômica é o
trabalhador, que sofrerá pelos excessos ou pelas buscas infinitas de consubstanciar-se
plenamente por meio dela.
O alcoolismo e a dependência química são moléstias que traduzem de maneira efetiva,
o constrangimento do homem frente à imposição de um cânone social, que despreza a saúde
ou o bem estar dos indivíduos, e que privilegia a realização do capital. A título de exemplo,
podemos apontar como as propagandas de bebidas são apresentadas, os sentimentos: de
prazer, de felicidade são intercedidos pela ―poção mágica‖. O valor de uso do produto deixou
de ser o de matar a sede, e passou a outro nível pomposo de promoção dos desejos.

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E para nos certificarmos de sua eficácia, basta vermos os dados trazidos neste último
LENAD, referente ao período de 2006 a 2012, que aponta que: ―(...) quase dois a cada dez
bebedores consomem álcool de forma nociva, sendo bebedores abusivos ou dependentes‖ e as
mulheres fazem parte da população mais vulnerável, pois apresentaram maior índice do uso
nocivo do produto neste período.
Para termos uma ideia do absurdo deste modo de produzir, só no Brasil, segundo a
ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), os gastos no ano 136
passado com os problemas gerados à saúde pelo uso de álcool e drogas, custaram para os
cofres públicos cerca de R$ 1,8 bilhão.
O governo federal gastou R$ 1,8 bilhão por meio do SUS (Sistema Único de
Saúde) no atendimento de 3 milhões de dependentes químicos somente no
ano passado. O dinheiro foi destinado para a Rede de Atenção Psicossocial,
responsável pelas ações voltadas para usuários de drogas e álcool no país.
Esse montante representa 2,5% do Orçamento do governo federal para a área
da saúde.
Do total de R$ 1,8 bilhão, 34% foram usados em internações e atendimentos
hospitalares. Outros R$ 490 milhões foram gastos no custeio de 2,5 mil
leitos exclusivos para o tratamento de dependentes químicos.
Em dez anos, o Ministério da Saúde diz ter triplicado o volume de recursos
destinados para a rede de atendimento. Em 2002, a verba era de R$ 619
milhões. Para este ano, a previsão é de que chegue a R$ 2,1 bilhões. (ABED,
2015)

Há sem dúvida, algo errado nesta construção social mediada pela mercadoria, se
focalizarmos apenas este exemplo, mas não para por aí, se olharmos os sofrimentos aflorados
desta relação homem e capital via reprodução da mercadoria, poderemos constatar que o
comportamento humano é moldado ao bel prazer das empresas, com a ajuda da ciência e de
seus setores mais avançados. Assim, as preocupações dos capitalistas de serem assertivos nos
seus objetivos econômicos, os fazem avançar adentro de pesquisas neurocientíficas, que
possam certificar que as ações dos consumidores irão corresponder a tais expectativas de
vendas.
A vida interna deve entrar como matéria básica para todos os profissionais
de todas as áreas relacionadas à economia, ao marketing e à administração
em geral, em toda sua extensão e subciências, que querem e precisam
entender o comportamento econômico das pessoas e dos consumidores,
especificamente. As reações internas, que os indivíduos sequer notam, fazem
toda diferença no ―agir‖ do sujeito. Se escolhemos algo ou tomamos uma
decisão econômica e de consumo, essa é processada internamente e, muitas
vezes, impossível de ser externalizada verbalmente. Por mais que o sujeito
queira colaborar, não entende o que acontece para que ele aja de determinada
maneira. (CAMARGO, 2010, p.66)

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Nossas ações estão sendo administradas até mesmo internamente, não há muita
margem para liberdade ansiada pelo trabalhador que foge do trabalho na esperança de respirar
outros ares. Esse escape é ilusório, em medida que, fora do trabalho não lhe sobra
espontaneidade, fica cada vez mais evidente a perda de si mesmo em todas as esferas da vida.
Assim, como exemplo, podemos relacionar aqui outro problema gerado em tal
processo, os transtornos alimentares são recorrentes em tal estágio de desenvolvimento do
capitalismo, ou pelo excesso ou pela falta, já que a liberdade de escolha está cada vez mais 137
reduzida. Os padrões são lançados por meio das propagandas e, o consumidor cede ao prazer
do paladar ou da estética, o mercado ganha dos dois lados, e no futuro, em médio prazo, com
um terceiro lado que é o da recuperação da saúde. Novamente o ciclo se fecha da produção e
da reprodução do capital, e os distúrbios gerados por este movimento ampliam e intensificam
o peso sobre os seres humanos no interior desta sociedade contraditória.
A revista Mente e Cérebro, representante no Brasil da Scientific American, na edição
especial nº 11 de 2005, sob o título Muito mais que só comer, publicou uma discussão
ampliada sobre os hábitos alimentares e seus problemas. Esta edição trouxe a estimativa da
época, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) de que ―(...) no mundo 22 milhões
de crianças com menos de 5 anos [...] eram [...] obesas‖, e segundo a professora MARMO da
UNICAMP, ―(...) em 20 anos, a obesidade triplicou‖ (LEAL. setembro de 2005, pág. 42.)
É preocupante e estarrecedor, saber que nossos pequenos são vitimas de todas as
campanhas de venda, que tentam educar do berço ao tumulo para o mercado, e não
importando se a saúde será prejudicada, por meio das artificialidades dos sabores, corantes e
todos os elementos químicos usados para ludibriar os consumidores. Até porque, um novo
nicho de mercado se abre com a enfermidade causada pela relação homem e mercadoria.
Para termos uma percepção do quão é sério os distúrbios alimentares neste atual
estagio de desenvolvimento do capitalismo, vejamos:
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou nesta terça-feira (19)
portaria que cria a Linha de Cuidados Prioritários do Sobrepeso e da
Obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Dados do Ministério da Saúde
revelam que o SUS gasta anualmente R$ 488 milhões com o tratamento de
doenças associadas à obesidade. A nova linha define como será o cuidado,
desde a orientação e apoio à mudança de hábitos até os critérios rigorosos
para a realização da cirurgia bariátrica, último recurso para atingir a perda de
peso.
A obesidade é um fator de risco para a saúde e tem forte relação com altos
níveis de gordura e açúcar no sangue, excesso de colesterol e casos de pré-
diabetes. ―Este é o momento de o Brasil agir em todas as áreas, prevenção e
tratamento, atuando com todas as faixas etárias e classes sociais, com um

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esforço pra quem tem obesidade grave‖, ressaltou o ministro, durante a


apresentação da pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), que rastreou os
gastos com obesidade no SUS. (SNA/DENASUS/MS. acesso em 19 de Mar.
2013)

E ainda no que diz respeito aos distúrbios alimentares:


De acordo com balanço da Secretaria de Estado da Saúde, a cada dois dias,
em média, uma pessoa é internada por anorexia ou bulimia nos hospitais que
atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado de São Paulo.
Somente nos primeiros sete meses do ano, foram 97 internações devido a 138
estes distúrbios alimentares.
Em 2012, 165 pacientes precisaram de internação e 1.220 pacientes fizeram
tratamento ambulatorial no Estado de São Paulo contra os dois distúrbios.
(UOL, São Paulo, acesso em: 23 out. 2013)

Ainda sobre os distúrbios de saúde, gerados pelo processo de circulação da mercadoria,


podemos trazer para reflexão mais um dos grandes problemas de personalidades que são estimulados
pelos padrões determinados pelas campanhas de venda aos consumidores, pela doença social,
conhecida como a dismorfofobia – chamada pelos especialistas de transtorno dismórfico corporal.
Uma doença mental estimulada padrões de beleza e jovialidade que devem ser seguidos, por todas as
idades, independente se o relógio biológico já tenha ultrapassado o período que o distingui como um
corpo jovem.
Para seguir tal ―paradigma‖ estético, mulheres e homens, se dispõe a modificar suas
aparências com a ajuda do setor cosmético, através de produtos que possam ajudar a encobrir sinais de
desgastes, cuja superfície per se denunciaria. Assim, o uso: de cremes anti-idade, corretivos, bases,
primes, etc. se revelam aliados daqueles que tentam ludibriar a razão prática do mercado que
determina um prazo de validade as mercadorias, no caso especifico da força de trabalho, que tem uma
aceitação restrita determinada pela faixa etária.
"(...) as restrições relativas à idade dos candidatos, estimuladas pela própria
constituição etária da população, que registra uma grande predominância de
jovens. Isto facilita ao empresário manter um sistema de renovação de seu
pessoal, preferindo os mais jovens aos mais velhos. Em conseqüência, baixa
o limite de idade em que os indivíduos podem conseguir emprego
facilmente, ampliando-se o volume daqueles em grupos etários
desfavoráveis para obter colocação. Com poucas exceções, tais profissionais
terão dificuldade para encontrar nova colocação."10 (SPINDEL, p.14,1972)
Para serem aceitos na relação de troca, homens e mulheres, modificam suas
características e compram uma nova estética das mercadorias, que os ―ajudaram‖ a
restabelecer as características joviais. Tal estética alcançada, por sua vez promete a

10
Informações trazidas por SPINDEL, em seu texto, remetem a dados apresentados pelo Grupo de Recursos
Humanos da Secretaria de Economia e Planejamento in Aspectos gerais do mercado de trabalho no estado de
São Paulo. 1971.
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possibilidade de não serem ―retirados de uso como mercadorias velhas [...]‖. (HAUG, 1996,
p.95 – grifo nosso)
Atrás da característica de juventude ou jovialidade, se esconde as intenções por parte
do capital, de retirar o máximo de energia do trabalhador, como as pilhas do Matrix11. E os
trabalhadores no geral correm atrás ―(...) do olhar amoroso da mercadoria‖ (MARX apud
HAUG, p.29, 1996), e por meio de tintas de cabelos, maquiagens e até cirurgias plásticas,
ocorre o ritual de transformação do invólucro humano na tentativa avassaladora de se fazer 139
vendável. No entanto, as cirurgias plásticas se tornaram um distúrbio de saúde, e a
necessidade de aceitação passa dos limites, e os resultados ditados por uma ―cultura‖
mercadológica modificam e mutilam aqueles que procuravam uma embalagem mais
irresistível.
A sociedade contemporânea vive uma busca – ou vontade – excessiva de
perfeição. Essa falta de limites para atingir o padrão estético pode ser
considerada um sintoma de desequilíbrio psicológico. Ainda mais se
considerarmos que esse ideal de perfeição é, razoavelmente, impossível ao
ser humano. Somos todos construídos na diferença. A esse culto exagerado à
beleza (e à perfeição), podemos atribuir, de certa forma, uma parcela de
culpa não só do sujeito, como de toda uma cultura do consumo, que valoriza
o narcisismo e a imagem. Nossa cultura acentua os mecanismos neuróticos
quando exclui os sujeitos que fogem ao ‘padrão’ de perfeição (que não
existe) (SANDER apud CRUZ & RANGEL,s/n, 2009 – grifo nosso)

E assim, a depressão se torna mais um distúrbio dessa relação humana versos


mercado, na qual os cirurgiões se tornaram como estilistas que (...) conhecem seu oficio
manual, e sua clientela muitas vezes é capaz de reconhecer quem fez este ou aquele rosto ou
seios. (ETCOFF, p.260, 1999) E se tal possibilidade estética não for alcançada, devido
complicações ou imperícias médicas, aparecerão outros problemas psicossomáticos gerados
por esta relação de pressão mercadológica.
Excesso ou falta: de alimentação ou de modificações estéticas no corpo humano,
resultam em distúrbios de saúde, que são tributários dos padrões de consumo, que aprisionam
os trabalhadores nesta teia de relações econômicas do capital, que se desenvolvem sem
princípios e probidade.

11
Analogia feita por Morpheus personagem do presente no filme Matrix – lançado em 21 de maio de 1999,
dirigido por Lana Wachowski e Andy Wachowski –, no qual os seres humanos são como pilhas gerando a
energia, enquanto se encontram aprisionados pelas máquinas, continuam "vivendo" uma vida de sonhos na
Matriz.

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Há ainda problemas gerados pelo excesso, que ao invés de afetar o comportamento


alimentar, gera outras perturbações psicológicas, como a oniomania. Doença do acumulo, na
qual a felicidade está em possuir mais e mais objetos, o comportamento destes indivíduos são
marcados pela vontade de satisfazer suas necessidades na fugacidade dos momentos efêmeros
com a mercadoria, e principalmente na relação de troca no mercado. Assim, estes
compulsivos adquirem através das trocas econômicas, mercadorias e mais mercadorias, sem
nunca se satisfazerem completamente, e se envolvem em uma série de problemas financeiros, 140
porque a demasia em compras pode levar a um estado mal planejado, em que seus recursos
não conseguem cobrir os gastos. Assim, seus comportamentos são marcados por sofrimentos,
devido à intrusão do pensamento da necessidade compulsiva de adquirir produtos
continuamente.
A oniomania, doença que ataca esse tipo de compulsivo, é caracterizada
como um transtorno de personalidade e mental, classificado dentro dos
transtornos do impulso. Para o consumidor compulsivo, o que lhe excita é o
ato de comprar, e não o objeto comprado. Essa pessoa "tem vontade de
adquirir, mas não de ter", afirma o psicólogo Daniel Fuentes, coordenador do
Ambulatório do Jogo Patológico (Amjo) do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas. Segundo ele, a maioria dessas pessoas é composta por
mulheres, mas todas possuem temperamento forte, são ágeis, dinâmicas,
inquietas, perfeccionistas, possuem uma desenvoltura social e cultural maior,
são imediatistas e muito inteligentes. "O mais interessante dos dados que a
gente conseguiu com o grupo foi que essas pessoas têm tendência a ser mais
inteligentes do que a média das outras pessoas. De alguma forma essa
vantagem intelectual não é aplicada na vida, porque racionalmente são
pessoas que, depois da compra, são capazes de saber que fizeram besteira",
complementa. Na hora da compra, o craving (avidez) por comprar fala mais
alto. Os compulsivos por jogos, por exemplo, possuem uma fixação maior
que a fixação do viciado em cocaína. (LOPES, Laura. São Paulo, acesso em
28 junho 2015)

Os estudos destes comportamentos sugerem que tais pessoas sofrem paralelamente de


outros distúrbios de saúde, como os ligados ao alcoolismo, as drogas e problemas alimentares,
e geralmente as compras aparecem como uma alavanca psicológica, que vem tentar apaziguar
os desconfortos existenciais por meio da relação com os objetos, já que as relações com os
outros seres humanos são mais complexas e difíceis.
Giovanni Siri destaca que nossa identidade se baseia na relação com os
semelhantes. ―Em momentos de ansiedade, quando se sentem frágeis ou
mal-adaptadas, as pessoas podem tentar suprir carências afetivas
substituindo relações mais complexas pela aquisição de objetos, que não as
rejeitam nem as decepcionam. ―Há pesquisas demonstrando que o consumo
é menor quando as relações humanas são satisfatórias. O professor pondera
que o mercado atual, entretanto, com o interesse específico na venda, recorre
a ―alavancas psicológicas‖ especializadas, justamente para responder as

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crises de identidade. Essas ferramentas são capazes de despertar interesses e


criar no consumidor uma falsa sensação de escolha autônoma. ―As pessoas
são aparentemente livres e têm acesso a um grande volume de mercadorias,
Na realidade somos bombardeados por uma rajada de produtos apresentados
pela publicidade de forma cada vez mais intensa e eficaz‖ (CICERONI,
2007, p.49)

Destarte, devemos reconhecer o grandioso papel da publicidade que trouxe uma nova
―filosofia‖ comportamental, e o antigo hábito de guardar ou poupar foi trocado pelo gastar,
consumir e antecipar através do crédito as rendas futuras em troca de mercadorias. 141
A função da publicidade, talvez a sua função dominante hoje, torna-se assim
a de travar, em nome dos produtores e vendedores dos bens de consumo,
uma guerra incessante contra a poupança e em favor do consumo. (BARAN
& SWEEZY, 1996, p. 131 -132)

E, para enredar mais ainda o trabalhador às artimanhas do modo de produção


capitalista, este pode contar com o sistema de crédito dos bancos que trabalham com
refinanciamento de dívidas, ―(...) em que um banco, em tese, seduz o cliente de outra
instituição, oferecendo condições supostamente melhores para migrar um empréstimo em
curso‖ (SCIARRETTA, 2010). Ou seja, ele não se desvincula da corrente que lhe aprisiona,
apenas lhe é dado mais algumas argolas.

Desta forma, com tais empréstimos, as empresas financeiras conseguem novos


clientes, com a transferência dos débitos, ou seja, como MAGDOFF & SWEEZY, já haviam
previsto: ―Novos suportes tornaram-se necessários, e foram proporcionados ao consumidor
(...)‖ (1982, p.16), para que a circulação econômica da mercadoria siga seu curso
perenemente.

CONCLUSÃO

O modo de produção capitalista é gerenciado por homens, geralmente donos de


capitais, e estes por sua vez são perspicazes, inventivos e sem princípios morais em
correspondência a relação capital e trabalho. Assim, tomam para si aliados como alguns
ramos das ciências, com o intuito de atrair, seduzir e conquistar os trabalhadores, para que
estes os sirvam de forma inconsciente produzindo e reproduzindo o capital. Neste rol de
ramos científicos, estão profissionais da psicologia, da antropologia, da sociologia, da
neurociência, da economia, bem como do setor administrativo – que através do departamento
de marketing, entre outras ações, promove as estratégias de publicidade e propaganda. Ou
seja, o resultado dessa relação previamente elaborada, agindo sobre os trabalhadores, se
estabelece muitas vezes de forma dolorosa, pois ao ―educar‖ de forma comportamental sob a
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forma de uma coação velada, estabelecendo aos homens e mulheres um comportamento cada
vez mais consumista, despertou enfermidades sociais que só podem ser entendidas de forma
sistematizada, neste modo de produção de mercadorias e não em outros tempos. Por isso,
pensamos ser extremamente válido nos debruçarmos sobre está questão que trata da saúde do
trabalhador, e tentar achar as causas atuais de tais distúrbios, que afloram em seu corpo.

Pois, como disse ROUDINESCO, tal trabalhador ―(...) deixou de pretender ser sujeito
livre‖, e com a ajuda das substâncias químicas, ou psicotrópicas, foi transformado em um 142
―(...) novo homem, polido e sem humor, esgotado pela evitação de suas paixões,
envergonhado por não ser conforme o ideal que lhe é proposto‖ (2000, P.14-15). E como o
Soma12 usado no livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, estas substâncias trazem a
normalização necessária à lógica das relações capitalistas, sem confrontos e com muita
resignação, onde o dever é produzir e reproduzir o capital ad infinitum.

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de uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas, onde a vontade livre fora abolida por meio
de um condicionamento metódico, a servidão tornou-se aceitável mediante doses regulares de felicidade quimicamente
transmitida pelo ―Soma‖ (a droga liberado do futuro), e onde as ortodoxias e ideologias eram ―propagandeadas‖ em cursos
noturnos ministrados durante o sono. (TENÓRIO, MCC. Site: http://www.urutagua.uem.br//ru10_sociedade.htm, 28 jun
2015)
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