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GERENCIAL
autora
ANDRÉIA MARQUES MACIEL
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial jose dario menezes, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-344-8
Prefácio 7
1. Contabilidade Gerencial 9
1.1 A Contabilidade Gerencial 10
1.2 Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial 12
1.3 Principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a
Contabilidade Gerencial 17
1.4 Contabilidade Gerencial e o processo de tomada de decisões 21
Bons estudos!
7
1
Contabilidade
Gerencial
1. Contabilidade Gerencial
O presente capítulo se propõe a apresentar como os gestores das empresas po-
dem utilizar as informações da Contabilidade Gerencial para planejar e coorde-
nar estratégias, tomar decisões, avaliar projetos entre outros, pois, esses são os
responsáveis por decisões na empresa e precisam estar munidos de instrumen-
tos para o embasamento necessário.
Dessa forma, estas informações, podem estar disponíveis na contabilidade
societária e, devem ser organizadas e disponibilizadas de forma clara e tempes-
tiva, na linguagem dos gestores.
Dessa forma o capítulo busca contextualizar a Contabilidade Gerencial de
forma a apresentar os aspectos introdutórios e o seu histórico, as diferenças
entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira e, como se dá o
processo de tomada de decisões baseado na Contabilidade Gerencial.
OBJETIVOS
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Contextualizar a Contabilidade Gerencial;
• Apresentar a Contabilidade Gerencial e a diferença entre esta e a Contabilidade Financeira;
• Descrever as principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a Contabilida-
de Gerencial;
• Apresentar a relação da Contabilidade Gerencial e o processo de tomada de decisões.
10 • capítulo 1
De acordo com (HORGREN; FOSTER; DATAR, 2000 apud FREZATTI et al,
2009) a Contabilidade Gerencial busca medir e reportar as informações finan-
ceiras e não financeiras que ajudam os gestores a tomar decisões, para atingir
os objetivos da organização.
Consequentemente, a Contabilidade Gerencial, fornece as informações ge-
renciais para tomada de decisão a fim de que eles possam planejar, dirigir e
controlar a organização.
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capítulo 1 • 11
A seguir serão apresentadas as definições de Contabilidade Financeira e a
Contabilidade Gerencial.
A contabilidade é uma das ciências mais antigas do mundo. Existem diversos regis-
tros de que as civilizações antigas já possuíam um esboço de técnicas contáveis. Em
termos de registro histórico, é importante destacar a obra Summa de arithmética,
geometria, proportioni et proportionalita, do Frei Luca Pacioli, publicado em Veneza
em 1494. Nos séculos seguintes ao livro de Pacioli, a contabilidade expandiu sua
utilização para instituições como a Igreja e o Estado foi um importante instrumento
no desenvolvimento do capitalismo. No entanto, as técnicas e as informações ficavam
restritas ao dono do empreendimento, pois os livros eram considerados sigilosos. Isto
possibilitou consideravelmente o desenvolvimento da ciência, uma vez que não existia
troca de ideias entre os profissionais.
12 • capítulo 1
Pois bem, foi o desenvolvimento forte do mercado acionário e o fortaleci-
mento da sociedade anônima como forma de sociedade comercial, a contabi-
lidade passou a ser acatada, também, como um importantíssimo instrumento
para a sociedade. O usuário das informações contábeis já não é mais somente
o proprietário; outros usuários também têm interesse em saber sobre uma em-
presa: sindicatos, governo, fisco, investidores, credores etc.
Assim, o crescimento no mercado, fez com que as organizações se preocu-
passem em atualizar-se constantemente, inovar o modelo de gestão para seus
negócios. Isso torna-se essencial para as empresas que buscam maior compe-
titividade, continuidade e controle de suas atividades, com o objetivo de obter
informações econômicas, fornecidas pela Contabilidade Gerencial, para apoio
no processo de tomada de decisão.
capítulo 1 • 13
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14 • capítulo 1
FONTES CONCEITO/OBJETIVO SOBRE CONTABILIDADE FINANCEIRA
O objetivo das demonstrações contábeis é dar informações sobre a
posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de
IASB (1989) uma empresa que sejam úteis a um grande número de usuários em suas
tomadas de decisão.
A divulgação financeira deve fornecer informações que sejam úteis para
investidores e credores atuais e em potencial, bem como para outros
FASB (1980) usuários que visem à tomada racional de decisões de investimento, crédi-
to e outras semelhantes
Permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situação
econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como
fazer inferências sobre suas tendências futuras. Para a consecução desse
CVM (1986) objetivo, é preciso que as empresas dêem ênfase à evidenciação de todas
as informações que permitam não só a avaliação da sua situação patrimo-
nial e das mutações desse patrimônio, mas, além disso, que possibilitem a
realização de inferências sobre o seu futuro.
capítulo 1 • 15
• Conexão com os objetivos da entidade
De maneira explícita, pode ser descrita como:[...] auxiliam os gestores a
atingir objetivos organizacionais. (HORNGREN et al., 2004, p.4).
16 • capítulo 1
1.3 Principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a
Contabilidade Gerencial
capítulo 1 • 17
No século XVIII, com a Revolução Industrial e o nascimento do capitalismo,
surge a necessidade de compreender os custos dos recursos empregados, pois
eles são, agora, fatores de produção: matéria-prima, mão de obra e outros insu-
mos, e não mais mercadorias.
Tornou-se mais complexa a função do contador, que, para levantamento do
balanço e apuração do resultado, não dispunha tão facilmente dos dados para
poder atribuir valor aos estoques: o seu valor de “compras” na empresa comer-
cial era substituído por uma série de valores pagos pelos fatores de produção
utilizados.
Os autores Johnson e Kaplan optaram por delimitar o início do século XIX,
mais precisamente em 1812, como marco inicial da Contabilidade Gerencial:
“A Contabilidade Gerencial surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, quan-
do as organizações comerciais, em vez de dependerem dos mercados externos
para trocas econômicas diretas, passaram a conduzir trocas econômicas inter-
nas”. (JOHNSON e KAPLAN, 1996, p. 17-19).
Segundo Cardoso; Mario e Aquino (2007), as indústrias norte-americanas,
tais como as têxteis, as de siderurgia, as de transporte (ferrovias) e as de distri-
buição varejista, apesar de suas peculiaridades, atuavam de maneira a conhe-
cer os custos em relação aos seus processos produtivos e de comercialização.
Assim, essas indústrias demandavam informação e controle.
A Contabilidade Gerencial pôde continuar se desenvolvendo no século XIX
com o aumento da demanda, do tamanho e da complexidade das organizações.
Afinal, uma consequência dessa nova realidade foi a necessidade de descentra-
lização e da avaliação por unidade de negócios ou por mercados, que facilitasse
os proprietários ou principais gestores a acompanharem o desempenho de to-
dos os mercados em que atuavam, mas que estavam fisicamente distantes. Daí
o foco no usuário interno.
Conforme Atkinson et al. (2011), no início do século XX uma série de ino-
vações começaram a ocorrer na Contabilidade Gerencial para dar suporte ao
crescimento de empresas multidivisionais diversificadas. As siderúrgicas já
efetuavam mensuração de custo dos insumos por unidade e avaliação de inves-
timentos e decisões sobre preços. A Marshall Field’s e Sears se destacaram pelo
desenvolvimento de conceitos de margem bruta e retorno sobre os estoques
para mensurar e avaliar desempenho. Duas empresas se destacaram pelo de-
senvolvimento de sistemas de custo e orçamento para planejar, avaliar e con-
trolar os negócios: a DuPont e a General Motors.
18 • capítulo 1
Pode-se afirmar que de fato no século XX, os sistemas contábeis das empre-
sas eram preparados para atender às necessidades de tomada de decisão.
capítulo 1 • 19
CONCEITO
A Securities and Exchange Commission (Comissão de Valores Mobiliários), frequentemente
abreviada SEC, é uma agência federal dos Estados Unidos que detém a responsabilidade
primária pela aplicação das leis de títulos federais e a regulação do setor de valores mobiliá-
rios, as ações da nação e opções de câmbio, e outros mercados de valores eletrônicos nos
Estados Unidos.
CONCEITO
O Financial Accounting Standards Board (FASB) é uma organização estadunidense sem
fins lucrativos criado em 1973 para padronizar os procedimentos da Contabilidade Financei-
ra de empresas cotadas em bolsa e não governamentais. Órgão autorizado e reconhecido
pela SEC (Securities and Exchange Commission). Essas normas são oficialmente reconhe-
cidas. O FASB tem objetivo de trazer padronização, maior eficiência na economia e nas deci-
sões tomadas pelas empresas trazendo maior clareza nas informações divulgadas.
CONEXÃO
Mais aspectos sobre os conceitos e as diferenças entre a Contabilidade Financeira e Geren-
cial podem ser obtidos pela deliberação número 29 de 1986 – Estrutura conceitual básica
da contabilidade da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, no site: <www.cvm.gov.br>.
20 • capítulo 1
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CONEXÃO
Você poderá conhecer um pouco mais sobre os aspectos dos sistemas de controle ge-
rencial em organizações no artigo AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE CONTROLE GEREN-
CIAL EM I: NSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR COM O PERFORMANCE MANAGE-
MENT AND CONTROL. Disponível no site: < http://www.revistas.usp.br/jistem/article/
viewFile/80182/84082>.
capítulo 1 • 21
a agregar o estoque devido ao processo de transformação que os bens sofriam.
Com isso, surge a necessidade de avaliar os estoques de matéria-prima, de
produtos acabados, de produtos em processo, a necessidade de decidir o que
produzir, quanto produzir, além de determinar o total de recursos consumidos
pelo item produzido.
Conforme Hendriksen & Van Breda (1999) “À medida que aumentava a ne-
cessidade de informação gerencial sobre os custos de produção e os custos a se-
rem atribuídos à avaliação de estoques, o mesmo acontecia com a necessidade
de sistemas de contabilidade de custos”.
Grande parte das informações gerenciais para tomada de decisão forneci-
das pela Contabilidade Gerencial está relacionada a custos, que são utilizados,
por exemplo, para:
• Decisões sobre mix de produtos e mix de clientes,
• Lucro que desejo obter versus o preço que o mercado está disposto a pagar.
Dessa forma, pode-se dizer que o grande desafio que se enfrenta até hoje na
Contabilidade Gerencial é o de conseguir a agregação de valor para as empresas
às partes que com ela se relacionam (stakeholders).
22 • capítulo 1
Umas das técnicas utilizadas para
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auxiliar no avanço competitivo é o uso
do sistema de informações, oferecen-
do as empresas relatórios gerenciais
com informações que auxilie, no pro-
cesso de gestão criando vantagens
competitivas no mercado concorrente.
capítulo 1 • 23
ATIVIDADES
01. Explique as principais características da Contabilidade Gerencial enfatizando o que a
diferencia da Contabilidade Financeira.
02. Quando se estuda a contabilidade, do ponto de vista dos seus usuários. Ela pode ser
dividida em Contabilidades:
a) financeira e legal;
b) gerencial e pública;
c) financeira e gerencial;
d) gerencial e proprietária.
05. Fale sobre o desenvolvimento da Contabilidade Gerencial no século XVIII e sua evolução
no século XIX.
06. Cite ao menos três tipos de decisões tomadas internamente pelos gestores das empre-
sas auxiliados por informações proporcionadas pela análise de custos.
REFLEXÃO
Nesta unidade você aprendeu o que é Contabilidade Gerencial e porque ela é diferente da
Contabilidade Financeira ou societária. Estudou que a Contabilidade Gerencial tem como
objetivo oferecer a seus diversos usuários informações e avaliações de natureza econômica,
financeira, física e de produtividade, relacionadas a uma entidade objeto de estudo, e o faz a
partir de demonstrações e análises.
24 • capítulo 1
Destacam-se as informações de natureza econômica e financeira, sendo que se enten-
dem por informações de natureza econômica as relativas aos eventos, tais como receitas e
despesas, bem como capital e patrimônio. Por outro lado, a dimensão financeira refere-se,
por exemplo, a fluxos de caixa, capital de giro etc.
Trata-se de um sistema de informações que permite oferecer aos gestores da empresa
diversos tipos de indicadores para mensurar a eficácia da empresa. Porém, os diversos in-
dicadores de eficácia, tais como posição de mercado, inovação, produtividade, rentabilidade,
recursos físicos e financeiros etc., são pressupostos para o atendimento da eficácia, e não
exatamente a eficácia.
LEITURA
Sugere-se a leitura do artigo citado a seguir que mostra na prática as diferenças entre as
duas contabilidades bem como os elementos que as distanciam:
Diferenciações entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial: uma pesquisa
empírica a partir de pesquisadores de vários países
RESUMO
Este trabalho objetiva identificar os principais elementos que diferenciam a Contabilidade
Financeira da Contabilidade Gerencial em vários países do mundo. A evolução mostra que,
em algum momento, na verdade, em alguma situação esses dois ramos da Contabilidade
poderiam ser assemelhados e, até mesmo, iguais. Contudo, as diferentes demandas e per-
cepções de seus usuários, em vários países, fazem com que elas se distanciem. Para enten-
der essas diferenças foi feita uma pesquisa em 24 países a fim de identificar os elementos
que podem apresentar diferenciações entre os dois ramos da Contabilidade. Os elementos
incluídos neste estudo foram definidos a partir da combinação de abordagem de vários au-
tores. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da aplicação de um questionário com
estrutura de perguntas baseada em escala Likert, respondido por especialistas. Percebeu-se
que os principais elementos que diferenciam as duas Contabilidades são: aplicação de prin-
cípios, foco de análise, grau de confiabilidade, agentes que influenciam ou podem influenciar,
freqüência de emissão de relatórios e exigência legal de pessoal habilitado em amplitudes
variadas. As diferenças reforçam a necessidade de um sistema de informação contábil que
possa atender, igualmente, aos seus dois principais grupos de usuários: externos e internos.
capítulo 1 • 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREZATTI, Fábio; AGUIAR, Andson Braga de; GUERREIRO, Reinaldo. Diferenciações entre a
Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores
de vários países. Revista Contabilidade & Finanças, [S.l.], v. 18, n. 44, p. 9-22 , aug. 2007. ISSN 1808-
057X. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34230>. Acesso em: 14 mar.
2016.
ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG S. Mark. Contabilidade
Gerencial. 3ª Edição. São Paulo: Ed. Atlas S/A, 2011.CARDOSO, R. L., et al. Contabilidade
Gerencial: Mensuração, Monitoramento e Incentivos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Contabilidade Financeira. Disponível em: <https://encrypted-tbn1.gstatic.com/
images?q=tbn:ANd9GcTl2hZ_kyQ8CoF7nksV9nXbJffZlCjFr_qWkvRzVoB80GFR0hWTKg>. Acesso
em: mar. 2016. Contabilidade Gerencial Disponível em: <https://www.google.com.br/
26 • capítulo 1
2
Métodos de
apuração de
resultado
2. Métodos de apuração de resultado
O presente capítulo aborda a apuração dos custos dos produtos empregando
o método do custeio por absorção, por meio do qual os produtos absorvem os
custos totais de um período de maneira direta ou indireta, e também os concei-
tos e tratamentos dos custos e a demonstração do resultado.
E, também, o método de custeio variável que é utilizado para fins gerenciais
e eficientes para a tomada de decisão e, por fim uma abordagem sobre a conci-
liação dos resultados apurados pelo custeio por absorção e pelo custeio variável
OBJETIVOS
Após este capítulo, você será capaz de:
• Apresentar o Método de apuração de resultado pelo Custeio por absorção;
• Compreender os conceitos e tratamentos dos custos;
• Elaborar a demonstração de resultado;
• Apresentar o Método de apuração de resultado pelo Custeio variável;
• Avaliar a conciliação dos resultados apurados pelo custeio por absorção e pelo cus-
teio variável.
De acordo com Alves (2013) o custeio por absorção é baseado no método ale-
mão de custos denominado RKW, foi difundido no Brasil por grandes empresas
alemãs aqui instaladas como a Wolkswagem, Mercedes Benz, Mannesmamm
e outras.
Ainda, de acordo, com o autor no Custeio por Absorção, todos os custos
de produção são alocados aos bens ou serviços produzidos, o que compreen-
de todos os custos, independentemente de serem fixos ou variáveis, diretos ou
indiretos.
O custeio por absorção, segundo Martins, (2010, p. 41-42), “consiste na
apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de pro-
dução; todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para
28 • capítulo 2
todos os produtos feitos”. Portanto, esses custos fixos podem ser estocados ou
transferidos para custo de produto vendido.
A principal característica deste método é a distinção que se faz entre custos
e despesas. A separação é importante porque as despesas são atribuídas dire-
tamente contra o resultado do período, enquanto somente os custos são apro-
priados como gastos às produções.
O método de Custeio por Absorção é o mais tradicional método de custo
existente. No Brasil, o método tem sido aceito pela legislação comercial e pela
legislação fiscal, inclusive para a apresentação das demonstrações contábeis e
para efeito do imposto de renda.
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De acordo com Bornia (2009, 35) no custeio por absorção a totalidade dos
custos (fixos e variáveis) é distribuída aos produtos. Esse sistema relaciona-se
principalmente com a avaliação de estoques, ou seja, com o uso da contabilida-
de de custos como apêndice da Contabilidade Financeira, a qual se presta para
gerar informações para usuários externos à empresa.
capítulo 2 • 29
EXEMPLO
Segue exemplo de Bornia (2009):
A empresa EX, em um determinado mês produziu 80.000 unidades. Os custos totais
do período atingiram R$ 1.400.000,00. Qual o custo do produto de acordo com o custeio
por absorção?
Resposta: O custo unitário seria R$ 17,50 (1.400.000/80.000).
EXEMPLO
Suponhamos que uma empresa que tenha fabricado 1.000 unidades de um determinado
produto incorrendo em custos de R$ 9.000,00 e despesas operacionais de R$ 3.000,00.
Foram vendidas 800 unidades a R$ 20,00, num total de vendas de R$ 16.000,00.
O custo unitário será R$ 9.000,00/1.000 = R$ 9,00
CONEXÃO
Para saber o que é e qual a função da auditoria externa na sua empresa acesse: http://msbrasil.
com.br/blog/auditoria/o-que-e-e-qual-a-funcao-da-auditoria-externa-na-sua-empresa/
30 • capítulo 2
CONCEITO
Princípio da Realização da Receita – ocorre a realização da receita quando da transferên-
cia do bem ou serviço vendido para terceiros.
Princípio da Confrontação – as despesas devem ser reconhecidas à medida que são
realizadas que as receitas que ajudam a gerar (direta ou indiretamente).
Princípio da Competência – as despesas e receitas devem ser reconhecidas nos pe-
ríodos a que competirem, ou seja, no período em que ocorrer o seu fato gerador.
O custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos
ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos. É
o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais da contabilidade e, é no
Brasil, adotado pela legislação comercial e pela legislação fiscal. Não é um princípio
contábil em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios.
Dessa forma, o método é válido para a apresentação de demonstrações financeiras e
para o pagamento do Imposto de Renda.
capítulo 2 • 31
Custeio por Absorção - Empresas de Manufatura
DESPESAS CUSTOS
32 • capítulo 2
Custeio por Absorção
CUSTOS Nasce o
problema do Vendas
Custeio! Despesas
DIRETOS INDIRETOS
Estoque
Resultado
Figura 2.4 –
Custos Fixos
Segundo Cardoso, Mario e Aquino (2007) os custos fixos são: Aquele que não
varia em função de alterações do nível de produção, dentro do intervalo rele-
vante de capacidade instalada.
De acordo com Alves (2013) os custos fixos são classificados independen-
temente do volume produzido ou vendido, há certos gastos dentro do setor
produtivo que se mantêm constantes, obedecendo à determinada capacidade
instalada.
Dessa forma esses são custos necessários ao desenvolvimento do produto
industrial em geral, motivo pelo qual se repetem todos os meses do ano.
Denominam-se custos fixos e podemos citar como exemplo mais comum
o aluguel do prédio, máquinas produtivas e a depreciação dos itens do se-
tor produtivo.
capítulo 2 • 33
2º o valor por unidade produzida varia à medida que ocorre variação no vo-
lume de produção.
3º sua alocação aos produtos, aos departamentos ou centros de custos ne-
cessita da adoção de critérios de rateio.
Segundo Bornia (2009) os custos fixos são aqueles que independentemente
do nível de produção, como salário do gerente, por exemplo.
Custo ($)
Custo Fixo
Volume de Atividade
Despesas Fixas
Para Alves (2013) as despesas fixas possuem características semelhantes aos
custos fixos, as despesas fixas são aquelas que permanecem iguais, indepen-
dentemente do volume de vendas ou prestação de serviços.
Segundo Bruni e Famá (2009) as despesas fixas não variam em função do
volume de vendas. Exemplo: aluguel e seguro das lojas.
O aluguel dos escritórios administrativos e das lojas de vendas são bons
exemplos de despesas fixas dentro de uma empresa que tem bem definidos
seus setores.
34 • capítulo 2
Custo ($)
Custo Fixo
Volume de Atividade
Custos variáveis
Para Bornia (2009) os custos variáveis, estão intimamente relacionados com
a produção, isso é, crescem com o aumento do nível de atividade da empresa,
tais como os custos de matéria-prima.
Bruni e Famá (2009) definem os custos variáveis como valores que se alte-
ram diretamente em função das atividades da empresa. Quanto maior a produ-
ção, maiores serão os custos variáveis.
Exemplos podem ser expressos por meio dos gastos com matéria-prima
e embalagens.
Custo ($)
Custo Variável
Volume de Atividade
CONEXÃO
Assista ao vídeo de Sevilha Contabilidade e aprenda um pouco mais sobre os custos fixos e
variáveis disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NEVLaYd9pXE>.
capítulo 2 • 35
Despesas variáveis
De acordo com Bruni e Famá (2009) as despesas variáveis variam de acordo
com as vendas. Exemplo: comissões dos vendedores e gastos com fretes.
b. Quanto à forma e critério de identificação e apropriação aos diversos pro-
dutos e serviços produzidos.
Custos diretos
Segundo Bornia (2009, 21) os custos diretos são aqueles facilmente relacio-
nados com as unidades de alocação de custos (produtos, processos, setores,
clientes etc.). São exemplos: matéria-prima e mão de obra direta.
Bruni e Famá (2009) definem os custos diretos como aqueles diretamente
incluídos no cálculo dos produtos. Consistem nos materiais diretos usados na
fabricação do produto e mão de obra direta.
Vale ressaltar que apresentam a propriedade de serem mensuráveis de
maneira objetiva. Exemplo: aço para fabricar chapas e salários dos operários
da fábrica.
Custos indiretos
De acordo com Bornia (2009, 21) os custos indiretos não podem ser facil-
mente atribuídos às unidades, necessitando de alocações para isso. São exem-
plos: aluguel e mão de obra indireta. As alocações causam a maior parte das di-
ficuldades e deficiências dos sistemas de custos, pois, não são simples e podem
ser feitos por vários critérios.
O autor ainda coloca que esse problemática da alocação dos custos indire-
tos aos produtos e análise dos mesmos dá origem aos métodos de custeio.
Para Bruni e Famá (2009) os custos indiretos necessitam de aproximações,
isto é, alguns critérios de rateio, para serem atribuídos aos produtos. Exemplos:
seguros e alugueis da fábrica, supervisão de diversas linhas de produção.
CONCEITO
Conceito de Direto e Indireto é aplicado apenas aos Custos;
Conceito de Variável e Fixo é aplicado para os Custos e para as Despesas.
Exemplo:
• Despesa Fixa: Salário do Gestor; e
• Despesa Variável: Comissão de Venda.
36 • capítulo 2
2.1.2 A demonstração de resultado
Tabela 2.1 –
Tabela 2.2 –
capítulo 2 • 37
O método do Custeio Variável também é conhecido como Custeio Direto
que é um tipo de custeamento que se fundamenta no pressuposto de que os
custos fixos são considerados como custos do período necessários para manter
a estrutura da empresa, sejam os produtos fabricados ou não. Assim, pelo mé-
todo do Custeio Variável, os custos fixos adquirem a mesma classificação dada
às despesas.
Portanto, no Custeio Variável somente os custos variáveis de produção são
alocados aos bens e serviços produzidos.
De acordo com Crepaldi (2014) o custeio variável (também conhecido como
custeio direto) é um tipo de custeamento que consiste em considerar como cus-
to de produção do período apenas os custos varáveis incorridos. Os custos fixos,
pelo fato de existirem mesmo que não te há produção estes não são considera-
dos como custo de produção e sim como despesas, sendo encerrados direta-
mente contra o resultado do período.
Vale ressaltar, que no Brasil, o uso do custeio variável se restringe a fins ge-
renciais, uma vez que oficialmente, tanto por determinação do Fisco quanto
pela observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, para custea-
mento dos produtos fabricados deve-se adotar o sistema de custeio por absor-
ção, que contempla como custo de produção tanto os custos diretos (variáveis)
quanto os custos indiretos (fixos).
Segundo Megliorini (2012) pelo método de custeio variável obtém-se a mar-
gem de contribuição de cada produto, linha de produtos, clientes etc., o que
possibilita aos gestores utilizá-la como ferramenta auxiliar no processo decisó-
rio, que inclui ações como:
• Identificar os produtos que mais contribuem para a lucratividade
da empresa;
• Determinar os produtos que podem ter suas vendas incentivadas ou redu-
zidas e aqueles que podem ser excluídos da linha de produção;
• Identificar os produtos que proporcionam maior rentabilidade quando
existem fatores que limitam a produção (gargalos), permitindo o uso mais ra-
cional desses fatores;
• Definir o preço dos produtos em condições especiais, por exemplo, para
ocupar eventual capacidade ociosa;
• Decidir entre comprar e fabricar;
38 • capítulo 2
• Determinar o nível mínimo de atividades para que o negócio passe a
ser rentável;
• Definir, em uma negociação com o cliente, o limite de desconto permitido.
A gestão de custos oferece uma alternativa diferente de como demonstrar o
resultado, apoiando a tomada de decisão:
Receitas de vendas
(-) Custos e despesas variáveis
(=) Margem de contribuição
(-) Custos e despesas fixos
(=) Resultado
MC = PV – (CV – DV)
Onde:
MC = margem de contribuição;
PV = preço de venda;
CV – soma dos custos variáveis;
DV = soma das despesas variáveis.
CONCEITO
Margem de Contribuição: É a quantia gerada pelas vendas que é capaz de cobrir os custos
fixos da empresa e ainda gerar como resultado um lucro
capítulo 2 • 39
CUSTOS
Estoque
DIRETOS
(+) Receitas
(–) CPV
INDIRETOS
Produto A
(–) Despesas
Produto B
(=) Resultado
Rateio Produto C
A figura demostra que os custos diretos são facilmente associados aos pro-
dutos fabricados, os custos indiretos precisar passar pelo rateio e, após são in-
corporados aos produtos. As receitas e despesas são confrontadas diretamente
no momento de apuração do resultado.
Os autores colocam que em relação ao custo da produção este poderia ser
expresso por meio de três elementos básicos, conforme a seguir:
- material direto (MD): todo material que pode ser identificado como uma
unidade do produto (a. Que está sendo fabricado; e b. que sai da fábrica incor-
porado ao produto ou utilizado como embalagem;
- mão de obra direta (MOD): todo salário devido ao operário que trabalha
diretamente no produto, cujo tempo pode ser identificado com a unidade que
está sendo produzida;
- custos indiretos de fabricação (CIF): todos os custos relacionados com a
fabricação que não podem ser economicamente identificados com as unidades
que estão sendo produzidas. Exemplos: aluguel da fábrica, materiais indiretos,
mão de obra indireta, seguro, impostos, depreciação etc.
E, os outros gastos significativos, porém não classificados como custos, são
agrupados como:
- despesas diversas: não podem ser alocadas ao produto final. Exemplos: des-
pesas com vendas, salário do pessoal administrativo, água e luz do escritório.
40 • capítulo 2
CONEXÃO
Assista ao trecho do filme Tempos Modernos (Modern Times) de Charles Chaplin, e relacione aos
tópicos explorados neste capítulo, tais como, paradigmas de custos, gastos com mão de obra,
rateio de custos indiretos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KPgxcat-zYo>.
Tabela 2.3 –
Figura 2.9 –
capítulo 2 • 41
É possível notar que o Custo dos Produtos Vendidos (CPV) é maior no
Custeio por Absorção. Isso, se deve ao fato de que os valores dos custos fixos
são também apropriados a cada unidade produzida e posteriormente vendida.
Os gastos (custos) para se produzir cada unidade foram de R$ 32,00, correspon-
dentes a R$ 12,00 de custos fixos mais R$ 20,00 de custos variáveis.
2.2.3 Conciliação dos resultados apurados pelo custeio por absorção e pelo
custeio variável
42 • capítulo 2
ATIVIDADES
01. (ENADE 2012 - QUESTÃO 18)
A Cia das Camisas pretende elaborar a Demonstração de Resultado do Exercício pelo Mé-
todo do Custeamento por Absorção e pelo Custeamento Variável. Para isso, irá utilizar as
informações a seguir.
• Preço de venda: R$ 20,00
• Custos variáveis de produção: R$ 6,00
• Custos variáveis comerciais (variam conforme unidades vendidas): R$ 2,00
• Custos fixos: R$ 60.000,00 por mês
• Volume mensal de produção: 30.000
• Volume mensal de vendas: 20.000
Diante do exposto, o lucro mensal da Cia das Camisas pelo Custeamento por Absorção
e pelo Custeamento Variável é igual a, respectivamente:
a) R$ 200 000,00 e R$ 180 000,00.
b) R$ 216 000,00 e R$ 236 000,00.
c) R$ 240 000,00 e R$ 180 000,00.
d) R$ 240 000,00 e R$ 220 000,00.
e) R$ 344 000,00 e R$ 234 000,00.
1. Preço de venda: R$ 20,00
2. Custos variáveis de produção: R$ 6,00
3. Custos variáveis comerciais: R$ 2,00
4. Custos fixos: R$ 60.000,00 por mês
5. Volume mensal de produção: 30.000
6. Volume mensal de vendas: 20.000
capítulo 2 • 43
03. No Custeio por Absorção, apropriam-se aos produtos apenas os custos:
a) Indiretos. d) De produção.
b) Fixos. e) Variáveis.
c) Diretos.
REFLEXÃO
Neste capítulo foi possível conhecer a classificação dos custos: fixos, variáveis, diretos e indi-
retos. Vimos que os custos fixos e os custos variáveis diferem entre si em relação ao volume
produzido – aquele que não variam com a produção, e os que variam. Já os custos diretos e
indiretos diferem em relação a medidas locativas, ou seja, os custos diretos possuem medida
clara, direta e objetiva de alocação, mas os custos indiretos não, sendo necessária sua aloca-
ção com base em sistemas subjetivos de rateio.
Em relação ao rateio, foi visto como calcular e o impacto da arbitrariedade no custo dos
produtos e consequentemente na informação gerada para tomada de decisão.
Conhecemos, ainda, os principais aspectos da forma de apuração de custos, entre elas
o primeiro sistema de apuração dos custos aos produtos, que é o sistema de custeio por
absorção e, também o método de custeio variável.
LEITURA
Sugere-se a leitura do artigo citado a seguir que mostra na prática as diferenças entre as
duas contabilidades bem como os elementos que as distanciam:
Verificação do papel dos custos como sistema gerencial em uma empresa do se-
tor sucroalcooleiro
RESUMO
As organizações do setor sucroalcooleiro possuem um grande desafio: se manterem compe-
titivas em um mercado com demanda crescente e em constante evolução. Nesse contexto,
a gestão de custos se consagra como fundamental para sustentar essa posição competitiva,
administrando seus custos e fazendo deles seu grande diferencial competitivo. O presente
artigo tem por objetivo realizar uma análise sobre os métodos de custeio utilizados em uma
44 • capítulo 2
usina do município de Campos dos Goytacazes. Para a pesquisa foi utilizado um questionário
com o intuito de verificar se a empresa utilizava informações sobre custos para tomada de
decisões e, também identificar os métodos de custeio adotados por parte dos gestores. O
presente estudo identificou o uso de métodos de custeio na empresa, no entanto, o método
adotado pela empresa em questão pode não contribuir adequadamente para a sua perma-
nência no mercado.
Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_tn_sto_115_753_14831.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R. V. Contabilidade Gerencial, São Paulo: Atlas, 2013.
BORNIA, A. C. Analise Gerencial de Custos – Aplicação em Empresas Modernas. 2. Edição. São
Paulo: Atlas, 2009.
BRUNI, Adriano Leal e Rubens Fama. Gestão de Custos e Formação do Preço de Venda. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
CARDOSO, R. L., et al. Contabilidade Gerencial: Mensuração, Monitoramento e Incentivos. 1. ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
CREPALDI; S. A. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Demonstrações Contábeis. Disponível em:< https://encrypted-tbn0.gstatic.com/
images?q=tbn:ANd9GcQYHsPHATPNQbBrK1KuvF59-Z_e5V0jK-W7V0P-jCkBE1gPDyK0lA>.
Acesso em março de 2016.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010.
MEGLIORINI, Evandir. Custos: Análise e gestão. 3 ªed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
NEVES, Silvério das. VICECONTI, Paulo Eduardo. Contabilidade de custos: um enfoque direto e
objetivo. 10.ª ed. rev. e ampl., São Paulo: Saraiva, 2010.
capítulo 2 • 45
46 • capítulo 2
3
Relação custo x
volume x lucro
3. Relação custo x volume x lucro
Observamos muitas empresas “quebrarem” por falta de obter lucro ou mesmo
por causa de lucro insuficiente para recuperar os investimentos realizados o
que se deve por volume insuficiente de vendas. Ao descobrir que necessita de
um volume maior de vendas, o empreendedor em geral declara algo: “Se eu sou-
besse, não teria iniciado o negócio”.
A determinação do volume a ser fabricado e vendido teria auxiliado esse em-
preendedor a tomar uma decisão acertada sobre a implantação da empresa ou
a buscar alternativas. Essa informação seria o ponto de equilíbrio. Que nada
mais é do que uma situação em que a empresa não apresenta lucro nem prejuí-
zo. Essa situação é obtida quando se atinge um nível de vendas no qual as recei-
tas geradas são suficientes para cobrir os custos e as despesas. O lucro começa
a ocorrer com as vendas adicionais, após ter sido atingido o ponto de equilíbrio.
Dessa forma vamos aprender como isso pode ser feito e, ainda, outras ferra-
mentas gerenciais necessárias para o auxílio na tomada de decisão.
OBJETIVOS
Ao término do capitulo você será capaz de:
• Compreender o ponto de equilíbrio contábil;
• Aprender os Métodos de apuração do ponto de equilíbrio;
• Aplicar o Ponto de equilibro contábil em unidade e em receita;
• Aplicar o Ponto de equilíbrio econômico em unidades e em receita;
• Aplicar o Ponto de equilíbrio econômico em unidades e em receita;
• Aplicar o Ponto de equilíbrio financeiro em unidades e em receita;
• Compreender o conceito de custo de oportunidade;
• Compreender os Gastos não-desembolsáveis;
• Aplicar o Ponto de equilíbrio para vários produtos;
• Entender o composto de vendas;
• Compreender a Margem de contribuição ponderada;
• Aprender sobre o efeito do imposto de renda no ponto de equilíbrio;
• Entender a Análise de sensibilidade e incerteza;
• Compreender a Margem de segurança (em unidade, valor e percentual);
• Aprender a Alavancagem operacional;
• Entender o Grau de alavancagem operacional.
48 • capítulo 3
3.1 Ponto de equilíbrio definição
RT
CT ($) RT
300.000,00
CT
250.000,00 Lucro
200.000,00 Break-even-point
150.000,00
100.000,00
Prejuízo
50.000,00
capítulo 3 • 49
3.1.1 Métodos de apuração do ponto de equilíbrio
CONCEITO
Ponto de Equilíbrio Contábil – PEC:
Ponto que, contabilmente, a empresa não apresenta lucro ou prejuízo
Ponto de Equilíbrio Econômico – PEE:
Ponto que, a empresa é capaz de cobrir seus custos e despesas e ainda gerar resultado
mínimo desejado.
Ponto de Equilíbrio Financeiro – PEF:
Ponto em que itens que não apresentam desembolso de caixa são desconsiderados.
Ou
50 • capítulo 3
EXEMPLO
Para melhor compreensão do cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil, faremos uso do exem-
plo da Indústria Free Ltda. que vende cada unidade do produto “A” por R$ 1.800,00.
Sua estrutura de despesas e custos é a seguinte:
- Custos fixos: R$ 14.000,00 (por mês)
- Custos variáveis: R$ 564,00 (por unidade)
- Despesas fixas: R$ 8.680,00 (por mês)
- Despesas variáveis: R$ 480,00 (por unidade)
O cálculo do volume de unidades a serem vendidas que represente o Ponto de Equilíbrio
Contábil, segue:
Com base nesses números, o Ponto de Equilíbrio Contabil desse produto expresso em
moeda corrente, será:
De acordo com Bornia (2009) uma outra forma de apresentar a margem de con-
tribuição é pela razão de contribuição.
Para o autor a razão de contribuição é a margem de contribuição dividida
pela receita, ou a margem de contribuição unitária dividida pelo preço de venda.
Para tanto a razão de contribuição representa igualmente a parte das vendas
que cobrirá os custos fixos e originará o lucro, porém em termos percentuais.
capítulo 3 • 51
EXEMPLO
PRODUTO X PRODUTO Y
P ($/UN) 10,00 20,00
CV ($) 6,00 10,00
MC ($/UN) 4,00 10,00
(%) 40% 50%
Nota-se em relação aos dois produtos que o produto Y seria preferível ao produto X, pois
sua margem de contribuição é maior do que a do produto X. Assim, pelo critério da rentabili-
dade, o produto Y também é maior.
Ou
52 • capítulo 3
EXEMPLO
Considerando uma empresa que produz um produto com preço de venda de $ 8 por unidade.
Os custos variáveis são $ 6 por unidade e os custos fixos totalizam $ 14.000 por ano, dos
quais $ 4.000 são relativos à depreciação. O patrimônio líquido da empresa é de $ 50.000
e sua taxa mínima de lucratividade é 10% ao ano. Calcule o ponto de equilíbrio econômico:
Com base nesses números, o Ponto de Equilíbrio Econômico desse produto expresso em
moeda corrente, será:
Segundo Bornia (2009) os custos de oportunidade são custos que não repre-
sentam o consumo dos insumos pela empresa, mas o quanto deixou de ganhar
pelo fato de ter optado por um investimento ao invés de outro.
Por exemplo:
Se uma pessoa que ganha um salário de R$ 1.000/mês largar o emprego para
montar um novo negócio, estes R$ 1.000/mês representam um custo de opor-
tunidade. Se, em determinado mês, o negócio apresentar um lucro de R$ 800,
contabilmente o resultado foi positivo. Porém, caso seja considerado o custo de
oportunidade, há um prejuízo de R$ 200, o que indica que, embora haja lucro,
esse lucro é R$ 200 a menos do que ganharia se tivesse permanecido no anti-
go emprego.
Além disso, se, para iniciar o negócio, essa pessoa investiu R$ 10.000 de seus
próprios recursos, os quais estavam aplicados a 1% ao mês, os juros que ele re-
ceberia caso o dinheiro continuasse aplicado (R$ 100/mês) também podem ser
considerados custos de oportunidade.
capítulo 3 • 53
CONEXÃO
Para saber mais sobre o Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição assista ao vídeo: <
https://youtu.be/q-JRlgrAiEA>.
Ou
EXEMPLO
Considerando uma empresa que produz um produto com preço de venda de $ 80 por unida-
de. Os custos e despesas variáveis são $ 50 por unidade e os custos e despesas fixos tota-
lizam $ 900.000 por ano, dos quais $ 60.000 correspondam a despesas com depreciação e
amortização, teremos:
54 • capítulo 3
Ou
Com base nesses números, o Ponto de Equilíbrio Financeiro desse produto
expresso em moeda corrente, será:
O ponto de equilíbrio pode ser calculado de forma exata e até simplista quan-
do se trabalha com apenas um produto, isto em suas três maneiras – contábil,
financeira e econômica. Entretanto, o mais comum é que as empresas tenham
em seu portfólio uma gama de produtos variados, impedindo o Controller ao
cálculo do ponto de equilíbrio de forma mais complexa.
De acordo com Ribeiro (2009) o comum, então, é que as empresas fabri-
quem vários tipos, com custo variável, preço de venda e margem de contribui-
ção diferentes.
O autor coloca que nesse caso, o ideal seria calcular um ponto de equilíbrio
para cada produto. Mas, quando a variedade de produtos for grande, muitos
problemas surgirão, principalmente, em virtude do rateio dos custos indiretos
em decorrência do subjetivismo e, assim a variação no volume de produção
poderá reduzir ou aumentar a carga dos próprios CIFs por unidade de produ-
to fabricada.
Assim, corroborando com Ribeiro (2009) a solução será então calcular ini-
cialmente um ponto de equilíbrio global em quantidades utilizando para o cál-
culo a margem de contribuição ponderada e, em seguida, com base na mesma
capítulo 3 • 55
proporção de participação de cada margem de contribuição em relação ao seu
total, calcular as quantidades a serem produzidas por produto.
No entanto, uma vez conhecido o ponto de equilíbrio por produto em uni-
dades, bastará multiplicar pelo preço de venda para se conhecer o ponto de
equilíbrio por produto em valor.
EXEMPLO
Considere as seguintes informações extraídas do controle interno e dos registros contábeis
de uma empresa industrial, referentes ao mês de junho:
a) A empresa fabricou e vendeu 4 produtos, A, B, C e D;
b) Custos e despesas variáveis médias por unidade: produto A, 10; produto B, 3; produto
C, 2; produto D, 10;
c) Preço de venda médio por unidade: produto A, 25; produto B, 8; produto C, 50; produto
D, 30;
d) Custos fixos + despesas fixas totais: 210.000.
Pede-se: com base nos dados apresentados, calcular o ponto de equilíbrio contábil global
e por produto, em valor e em quantidade.
Solução:
Nesse caso como a empresa trabalha com vários produtos, para encontrar o PEC, deve-
se dividir os custos fixos e despesas fixas pela margem de contribuição unitária ponderada.
Inicialmente, calcula-se a margem de contribuição unitária de cada produto:
56 • capítulo 3
Agora vamos simulando uma produção de 100 unidades:
De acordo com Bruni e Famá (2009, p. 202) “nas situações em que se elaboram
mais de um produto ou serviço, a expressão do ponto de equilíbrio em quanti-
dades diferentes de produtos diferentes perde em boa parte, seu sentido” con-
tinuando nesse mesmo raciocínio concluem:
capítulo 3 • 57
Se uma empresa opera com diferentes produtos, a melhor forma de expressar o
ponto de equilíbrio seria pela divisão dos gastos fixos por uma margem de contribui-
ção média. Para obter a margem de contribuição média, basta multiplicar as margens
individuais pela participação percentual nas vendas e depois somar os resultados.
EXEMPLO
Suponhamos um produto X cujo preço de venda unitário seja R$ 15,00 e cujos custos variá-
veis sejam R$ 3,00 de matéria-prima e R$ 4,00 de mão de obra direta. Além desses custos
variáveis, a empresa, por ocasião da venda, incorre no pagamento de comissões aos vende-
dores, à base de 5% do preço de venda, e de impostos à base de 15% do mesmo.
A margem de contribuição unitária é dada pela fórmula:
MC = PV – CV – DV
58 • capítulo 3
MC = margem de contribuição;
PV = preço de venda;
CV = soma dos custos variáveis; e
DV = soma das despesas variáveis.
capítulo 3 • 59
3.6 Análise de sensibilidade e incerteza
60 • capítulo 3
A MS ($) é igual a margem de segurança em quantidades, multiplicada pelo
preço de venda.
A MS (%) é igual a margem de segurança em quantidades, dividida pela
quantidade de vendas.
EXEMPLO
De acordo com os dados da Indústria Ideal Ltda. os quais apresentam seus principais gastos
fixos que somados alcançavam $ 54.000,00. Seu custo variável unitário era estimado em
$ 4,50, seu preço de venda era estimado em $ 7,50 e seu volume de vendas era igual a
25.000 unidades.
A partir dos dados apresentados para calcular a margem de segurança em quantidades,
unidades monetárias e percentual, é preciso calcular o ponto de equilíbrio.
PEC = $ 54.000/ ($7,50 - $ 4,50) = 18.000 unidades
Dessa forma, as margens obtidas indicam que para a empresa entrar na região de prejuí-
zo, precisaria perder vendas na quantidade de 7.000 unidades, que representam $ 52.500,00
ou aproximadamente 28% das vendas atuais.
Em outras palavras a margem de segurança indica, portanto, a distância física em que a
empresa está trabalhando em relação a seu ponto de equilíbrio contábil.
capítulo 3 • 61
3.7.1 Grau de alavancagem operacional
De acordo com Perez Jr; Oliveira e Costa (2009) o Grau de Alavancagem Ope-
racional (GAO) representa o efeito que um aumento na quantidade de vendas
provocará no resultado operacional.
Segundo Bruni e Famá (2009) o cálculo ocorre através da divisão entre a va-
riação percentual no lucro e a variação percentual na quantidade vendida, con-
forme abaixo:
Δ % lucro
GAO =
Δ % vendas
Δ % lucro
GAO =
Δ % vendas
Ou
b) GAO = Margem de contribuição total /resultado
CONEXÃO
Para saber mais sobre o que é alavancagem operacional assista ao vídeo. <https://
youtu.be/-Bva7N_2fpI>.
62 • capítulo 3
EXEMPLO
Analisaremos os eventos ocorridos em uma empresa industrial, conforme abaixo:
Período 1
Foram produzidas e vendidas 30 unidades do produto X
Custo e despesa variável por unidade: $ 10;
Custos e despesas fixos totais por período: $ 110;
Preço de venda unitário: $ 15
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Receita bruta da venda de produtos: 30 unid. X $ 15 = $ 450
- Custo e despesa variável: 30 unid. X $ 10 = ($ 300)
= Margem de Contribuição $ 150
- Custos e despesas fixos totais do período ($ 110)
= Resultado (lucro líquido) $ 40
Nota-se que nesse período a empresa alcançou o seu ponto de equilíbrio com a produ-
ção e venda de 22 unidades ($ 330) e apresentou uma margem de segurança de 8 unidades
($120) ou 26,67%.
O grau de alavancagem operacional, neste caso, será 150/40 = $ 3,75.
ATIVIDADES
01. No ano de 2009, a Cia Estrela produziu 248 unidades do produto C a um custo total de
$ 124.000. O custo unitário variável é de $ 420 e o preço de venda unitário de $ 580. Qual é
a quantidade do produto C que a empresa deve produzir e vender por ano, antes do Imposto
de Renda e Contribuição Social, para que seja alcançado seu Ponto de Equilíbrio Contábil?
Elabore a DRE.
capítulo 3 • 63
02. Uma empresa apresentou os seguintes dados no orçamento do 2º semestre de 20X2:
Preço de venda unitário: $ 33,40
Custo Variável unitário: $ 28,80
Custos Fixos: $ 384.000,00
Para gerar o lucro operacional de $ 30.000,00 quantas unidades ela deve produzir?
Elabore a DRE.
03. A Perfeita Ltda, está realizando um estudo de viabilidade econômica para Aloha Surf
Ltda, uma pequena fábrica de pranchas de surf. Para tal, determinou o custo fixo anual de
operação da fábrica em $ 1.500.000,00 e um custo unitário variável de $ 100,00. A Aloha
pretende vender suas pranchas a um preço unitário de $ 200. De quantas unidades deve ser
o ponto de equilíbrio anual da fábrica? Elabore a DRE.
04. (CRC 1.2012) Uma sociedade empresária produz um produto com preço de venda de
R$ 10,00 por unidade. Os custos variáveis são de R$ 8,00 por unidade e os custos fixos
totalizam R$ 18.000,00 por ano, dos quais R$ 4.000,00 são relativos á depreciação. O Pa-
trimônio Líquido da empresa é de R$ 50.000,00 e a sua taxa mínima de atratividade é de
10% ao ano.
O ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro são, respectivamente:
a) 9.000 unidades ano, 11.500 unidades ano e 7.000 unidades ano.
b) 9.000 unidades ano, 11.500 unidades ano e 9.500 unidades ano.
c) 9.000 unidades ano, 7.000 unidades ano e 9.500 unidades ano.
d) 9.000 unidades ano, 9.500 unidades ano e 7.000 unidades ano.
05. (CRC 1.2011) Uma empresa de treinamento está planejando um curso de especializa-
ção, Os custos previstos são: Custos Variáveis de R$ 1.200,00 por aluno e Custos Fixos de
R$ 72.000,00, dos quais R$ 4.800,00 referem-se a depreciação de equipamentos utilizados.
O curso será vendido a R$ 6.000,00 por aluno. O Ponto de Equilíbrio Contábil se dá com:
a) 10 alunos. c) 14 alunos.
b) 12 alunos. d) 15 alunos.
06. A empresa Compensada possui uma estrutura de Custos e Despesas Fixas no valor
total de $ 30.000,00, nos quais $ 1.000,00, correspondem à depreciação de equipamentos
no período. Os custos e despesas variáveis líquidos são de $ 8,00 por unidade. O preço de
venda do produto é de $ 14,00. A empresa deseja ter um Lucro operacional de $ 10.000,00.
64 • capítulo 3
Calcule o ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro em unidades e valor e elabore
a DRE nos três casos.
REFLEXÃO
O sistema de custeio variável é útil para a tomada de decisões administrativas ligadas a fixa-
ção de preços, decisão de compra ou fabricação, determinação do mix de produtos e, ainda,
possibilita a determinação imediata do comportamento dos lucros em face das oscilações
de vendas.
A grande vantagem do uso dos conceitos da Contabilidade Gerencial decorre de fatores
como simplicidade, facilidade e agilidade que se tem na manipulação dos dados financeiros e
não financeiros, tornando possível a sua aplicação em vários segmentos da organização bus-
cando informações para auxiliar a sua gestão, como é o caso do uso do ponto de equilíbrio,
quando utilizado no processo de decisões de curto prazo.
LEITURA
Sugere-se a leitura do artigo citado a seguir que revela como a utilização de informações de
custos no processo gerencial pode auxiliar uma organização:
Utilização de informações de custos no processo gerencial: estudo comparativo entre
a hotelaria do Estado do Rio Grande do Norte e a região nordeste, sob a ótica da gestão
econômico-financeira.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa realizada nos
hotéis de médio e grande porte do Rio Grande do Norte, sobre a utilização de informações
de custos no processo gerencial. Para isso, comenta a importância das informações sobre
custos, demonstra os resultados obtidos em relação à utilização de métodos de custeios,
centro de custos e conhecimento da margem de contribuição, comparando-os ao resultado
de uma pesquisa realizada no Nordeste. Após analisar o resultado da pesquisa, percebe-se
que os hotéis existentes no Rio Grande do Norte, principalmente os independentes, assim
como os do Nordeste, embora reconheçam a importância das informações sobre os custos,
capítulo 3 • 65
precisam inserir no seu gerenciamento ferramentas capazes de fornecer essas informações,
o que pode tornar os hotéis mais competitivos.
Disponível em:
LIMA, Gerlando Augusto Sampaio Franco de; EGITO, Meline Oliveira Tabosa do e SIL-
VA, José Dionísio Gomes da. Utilização de informações de custos no processo ge-
rencial: estudo comparativo entre a hotelaria do Estado do Rio Grande do Norte e
a região nordeste, sob a ótica da gestão econômico-financeira. Rev. contab. finanç.
[online]. 2004, vol.15, n.spe, pp.106-116. ISSN 1808-057X. http://dx.doi.org/10.1590/
S1519-70772004000400008. Acesso em: 04 mar. 2016. doi:http://dx.doi.org/10.1590/
S1519-70772007000200002.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R. V. Contabilidade Gerencial, São Paulo: Atlas, 2013.
BORNIA, A. C. Analise Gerencial de Custos – Aplicação em Empresas Modernas. 2. Edição. São
Paulo: Atlas, 2009.
BRUNI, Adriano Leal e Rubens Fama. Gestão de Custos e Formação do Preço de Venda. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
CARDOSO, R. L., et al. Contabilidade Gerencial: Mensuração, Monitoramento e Incentivos. 1. ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
CHING, H. Y. Contabilidade Gerencial – Novas práticas contábeis para a gestão de negócios. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
CREPALDI; S. A. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
MEGLIORINI, Evandir. Custos: Análise e gestão. 3 ªed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
MUNDO TRADE. Como calcular o preço de equilíbrio de operações com ações. Disponível em:
<http://www.mundotrade.com.br/preco-de-equilibrio-acoes>. Acesso em: 02 mar. 2016. doi:http://
dx.doi.org/10.1590/S1519-70772007000200002.
Ponto de Equilíbrio. Diponível em: < Fonte: https://www.google.com.br/
search?q=receita+total&biw=1366&bih=651&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=
0ahUKEwiq_cjY0tzLAhXEhJAKHWOWB4AQ_AUICCgD#imgrc=wcYYpeGH6R7Q-M%3A>.
Acessado em março de 2016.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade de Custos. São Paulo: Saraiva, 2009.
66 • capítulo 3
4
Assuntos que
Auxiliam o Gestor à
Tomada de Decisões
4. Assuntos que auxiliam o gestor à tomada
de decisões
OBJETIVOS
Após esse capítulo você será capaz de:
• Entender assuntos que auxiliam o gestor à tomada de decisões;
• Compreender os fatores que influenciam em um pedido especial;
• Entender a Capacidade instalada e capacidade ociosa;
• Compreender o Relatório de análise diferencial;
• Entender os fatores que intervêm em uma decisão de comprar ou fazer;
• Compreender os Custos evitáveis e não-evitáveis;
• Compreender o Custo de oportunidade;
• Entender a Restrição de capacidade e mix de produção;
• Entender a Rentabilidade do fator limitativo;
• Entender a Maximização do resultado;
• Entender a Manutenção ou eliminação de produtos deficitários;
• Entender o Resultado por linha de produto;
• Compreender os Custos identificáveis e não-identificáveis;
• Entender a Substituição de equipamentos;
• Entender a Projeção de fluxo de benefícios futuros;
• Compreender o Desconto de fluxo de caixa;
• Entender o Efeito da depreciação e do imposto de renda na decisão.
68 • capítulo 4
4.1 Pedido especial
Maher (2001) define pedido especial como: “Um pedido que não afetará outras
vendas, e que geralmente é uma ocorrência de curto prazo”.
De acordo com o autor a abordagem diferencial é particularmente útil na
tomada de decisão sobre pedidos especiais. Determinar quais custos são rele-
vantes depende da decisão em consideração.
EXEMPLO
A Ultra rápida-Print utiliza uma máquina copiadora moderna, para atender aos clientes que
chegam a sua loja. A máquina geralmente fica ociosa duas horas por dia. Em 15 de outubro,
B. Good, político local, candidato em uma eleição, encomenda à empresa 10.000 cópias de
cartas, discursos e outros materiais da campanha, que deverão estar prontos em 22 de ou-
tubro. A Ultra rápida-Print tem capacidade ociosa para esse trabalho, que não afetará outras
vendas. O político quer pagar 0,6 reais por cópia, em vez de 0,10 reais por cópia que a Ultra
rápida-Print regularmente compra.
Para decidir se aceita o pedido especial, o proprietário da Ultra rápida-Print estima os
seguintes dados sobre as operações da semana em questão:
Tabela 4.1 – Resultado Operacional da Ultra rápida-Print. Fonte: adaptado de Maher (2001).
capítulo 4 • 69
Vejamos a seguir:
ALTERNATIVA:
ALTERNATIVA: REJEITAR O
ACEITAR O PEDIDO DIFERENÇA
PEDIDO ESPECIAL
ESPECIAL
Comparação dos totais
Receitas de vendas $ 10.00,00 $ 10.800,00 $ 800
Custos Variáveis ($ 6.000,00) ($ 6.600,00) ($ 600)
Margem de contribuição $ 4.000,00 $ 4.200,00 $ 200
Custos fixos ($ 2.500,00) ($ 2.500,00) -0-
Lucro operacional $ 1.500,00 $ 1.700,00 $ 200
Tabela 4.2 – Comparação do Resultado Operacional da Ultra rápida-Print se aceitar ou re-
jeitar o pedido especial. Fonte: adaptado de Maher (2001).
...muitos recursos são adquiridos antes da demanda real pelo recurso ser realizada [...];
assim, essas despesas podem ser definidas como despesas fixas comprometidas.
Elas correspondem essencialmente a recursos comprometidos – custos incorridos
que fornecem uma capacidade de atividade a longo prazo.
70 • capítulo 4
4.1.2 Relatório de análise diferencial
capítulo 4 • 71
EXEMPLO
A empresa Guga-Up fabrica raquetes de tênis. Atualmente, a empresa fabrica as capas das
raquetes, com os seguintes custos:
A produção esperada para este ano é de 10.000 unidades, de modo que o custo pleno
de cada capa é de R$ 5,50 ($ 55.000/10.000 unidades).
Um fabricante externo propôs à empresa fornecer qualquer volume de capas que ele
deseje, a $ 4,10 por capa. Assim, vamos à analise diferencial:
72 • capítulo 4
ALTERNATIVA: FAZER ALTERNATIVA: COM-
DIFERENÇA
O PRODUTO PRAR O PRODUTO
5.000 unidades
Custos diretos
$ 10.500 mais
Materiais diretos: $ 10.000 $ 20.500
alto
$ 5.000 mais
Mão de obra direta $ 5.000 -0-
baixo
Custos Indiretos de Produção $ 3.750 mais
$ 3.750 -0-
variáveis baixo
Custos Indiretos de Produção $ 2.500 mais
$ 2.500 -0-
fixos baixo
Custos comuns rateados às
$15.000 $15.000 -0-
capas
Custo total $ 36.250 $ 35.500 $ 750 mais baixo
Os custos diferenciais diminuem em $ 750; aceite a alternativa comprar, portanto:
Tabela 4.4 – Comparação da estrutura de custos da Guga-Up se fazer ou comprar o produ-
to. Fonte: adaptado de Maher (2001).
capítulo 4 • 73
Seguem dados abaixo:
DEPARTAMENTOS
MERCA-
TOTAL MERCEARIA DORIAS DOGRARIA
EM GERAL
VENDAS $ 1.900 $ 1.000 $ 800 $ 100
CUSTO
VARIÁVEL DOS
PRODUTOS $ 1.420 $ 800 $ 560 $ 60
VENDIDOS E
DESPESAS
MARGEM DE $ 480 (25%) $ 200 (20%) $ 240 (30%) $ 40 (40%)
CONTRIBUIÇÃO
DESPESAS FI-
XAS (SALÁRIOS,
DEPRECIAÇÃO,
SEGURO,
IMPOSTOS PRE-
DIAIS, E ASSIM
POR DIANTE)
EVITÁVEIS $ 265 $ 150 $ 100 $ 15
INEVITÁVEIS $ 180 $ 60 $ 100 $ 20
DESPESAS $ 445 $ 210 $ 200 $ 35
FIXAS TOTAIS
LUCRO $ 35 ($ 10) $ 40 $5
OPERACIONAL
Tabela 4.5 – Resultado operacional da empresa por departamento. Fonte: Horngren, Sun-
den e Stratton (2001).
CONCEITO
Custos evitáveis: custos que não continuarão a incorrer se uma operação em andamento
for mudada ou eliminada – são relevantes.
Custos inevitáveis: custos que continuam a incorrer mesmo se uma operação for suspensa
– não são relevantes.
74 • capítulo 4
Para os autores Horngren, Suden e Stratton (2001) os custos inevitáveis in-
cluem muitos custos comuns que são compartilhados pelos usuários.
capítulo 4 • 75
4.2.2 Custo de oportunidade
EXEMPLO
Suponhamos que não haja inflação, o custo de oportunidade tomado pela empresa em ter-
mos reais seja de 6% ao ano e que o valor do investimento no imobilizado para fabricação de
picolés seja de $ 10.000,00. Teríamos, então, um custo de oportunidade de $ 600.000 ao
ano em termos reais. Digamos, ainda, que a empresa tenha no primeiro ano:
RECEITAS: $ 15.000.000
Custo dos Produtos Vendidos
Matéria-prima $ 7.000.000
Mão de obra $ 3.000.000
Depreciação $ 2.000.000
Outros custos $ 2.000.000 ($ 14.000.000)
Lucro $ 1.000.000
76 • capítulo 4
CONEXÃO
O que é custo de Oportunidade? Para compreender melhor esse conceito assita ao vídeo
disonível em: <https://youtu.be/jKIaRYfikdE>.
[...] a decisão deva ser tomada no presente, mas os seus efeitos serão sentidos ao
longo do tempo. As informações disponíveis são frequentemente constituídas de
dados de diversos graus de precisão: alguns são conhecidos com certeza, outros são
estimados com certo cuidado e, finalmente, poderão existir dados cuja precisão deixa
muito a desejar. São cercados de incertezas e referem-se normalmente a eventos
de um período futuro sobre os quais o tomador de decisão tem pouca ou nenhuma
influência (MOREIRA,1993, p.129).
capítulo 4 • 77
Cabe aos gestores identificar oportunidades, analisar fatores internos
e externos e definir o composto de produtos que oferecerá o melhor retorno
à organização.
Quando existir um fator que restringe a produção, como por exemplo: escassez
de tempo, ausência de matéria-prima etc., a análise deverá ser realizada em vis-
ta desse elemento limitante.
Desta forma, a “margem de contribuição de um produto tem que ser dividi-
da pela utilização do fator limitante por esse produto” (BORNIA, 2010, p. 56).
Para Horngren, Sunden e Stratton (2001, 162-163):
Quando uma empresa que fabrica mais de um produto estiver operando em plena ca-
pacidade, os gestores, frequentemente, deverão decidir que pedidos aceitar. A técnica
da margem de contribuição também se aplica aqui, porque o produto a ser enfatizado
ou o pedido a ser aceito é aquele que produz a maior contribuição ao lucro total por
unidade de fator limitativo.
CONCEITO
Fator limitativo ou recurso escasso restringe ou limita a produção ou venda de um produto
ou serviço.
EXEMPLO
Suponha que uma empresa tenha dois produtos: um relógio simples e um relógio fantasia,
com muitas características especiais.
78 • capítulo 4
Seguem os dados:
Pode-se concluir que o critério para maximizar os lucros quando um fator limita as ven-
das é obter a maior contribuição possível para o lucro para cada unidade de fator limitativo.
Dessa forma, o produto que é mais lucrativo quando um fator em particular limita as vendas,
entretanto, pode ser o menos lucrativo se um fator diferente limitar as vendas.
capítulo 4 • 79
4.4 Manutenção ou eliminação de produtos deficitários
Segundo Martins (2010): dentro de cada departamento é que poderia ser feita
uma análise por Produtos ou por Atividades. Estamos falando do controle de
custos por departamento por ser esta, ainda, a estrutura organizacional predo-
minante entre as empresas, ou até mesmo na fábricas organizadas em células
de manufatura.
O autor aponta que em ambientes de manufatura tradicionais o arranjo fí-
sico das instalações fabris é baseado na separação de funções, já em sistemas
modernos de produção ocorre num único grupo, denominado de célula de ma-
nufatura os quais são utilizados cada vez mais em setores de alta tecnologia
(eletrônico e automobilístico) com vantagens em relação a maior flexibilidade
e eficiência do processo produtivo.
Para Martins o custeio por responsabilidade é, portanto, a separação dos cus-
tos incorridos pelos diferentes níveis de responsabilidade, uma forma de pro-
ceder a uma divisão deles não em função dos produtos, mas de Departamentos
e, dentro destes, com sua divisão em controláveis e não controláveis pelo chefe.
80 • capítulo 4
4.4.2 Custos identificáveis e não-identificáveis
capítulo 4 • 81
Existem várias razões para uma empresa desejar substituir um equipamen-
to, a deterioração, os altos custos de manutenção e o avanço tecnológico são
algumas delas. Segundo Hirschfeld (2000) as principais razões de substituição
de equipamento são:
• Custos exagerados da operação e da manutenção devido ao desgaste
físico;
• Inadequação para atender a demanda atual;
• Obsolescência em comparação aos equipamentos tecnologicamente me-
lhores e que produzem produtos de melhor qualidade;
• Possibilidade de locação de equipamentos similares com vantagens rela-
cionadas com o Imposto de Renda.
82 • capítulo 4
como consequência, traçar as políticas de aquisição, venda ou manutenção
de investimentos.
Por essa abordagem, o valor da empresa é determinado pelo fluxo de bene-
fícios projetado, descontado por uma taxa que reflita o custo de oportunidade
e os riscos associados ao investimento. Copeland, Koller e Murrin (2002, p. 55)
argumentam que:
[...] o valor intrínseco se baseia nos fluxos de caixa futuros ou no poder de ganhos
da empresa. Isto significa, em essência, que os investidores estão pagando pelo
desempenho que esperam obter da empresa no futuro, não por aquilo que ela fez no
passado e, certamente, não pelo custo de seu ativo.
capítulo 4 • 83
depreciação entra contabilmente como custo, reduzindo os lucros contábeis,
sobre os quais incide o imposto de renda.
O método mais comum de depreciação é o linear, no qual se deprecia sem-
pre a mesma fração do valor inicial do equipamento. Um bem se deprecia du-
rante sua vida útil, que é o tempo durante o qual um equipamento pode ser
utilizado de modo econômico. A vida útil pode ser limitada devido ao desgaste,
que é a perda de qualidade do equipamento devido ao uso, podendo provocar
piora na qualidade do produto e aumento nos gastos de manutenção.
Após sua vida útil, um ativo não pode ser depreciado abaixo de seu valor re-
sidual esperado. O valor residual estimado é a quantia que se espera obter pela
revenda ou outras disposições, quando o ativo for retirado de serviço, de acordo
com Motta e Calôba (2009).
Para Filho e Kopittke (2010), o imposto de renda é uma forma de imposto que
incide sobre o lucro das empresas, que é basicamente a diferença entre receitas e
despesas, porém para análise de investimentos o que interessa é o fluxo de caixa.
Souza e Clemente (2001) afirmam que o imposto de renda é uma saída de
caixa proporcional à renda tributável (lucro antes do IR) e como tal, deve ser
considerada nos fluxos de caixa.
Segundo Torres (2006), o imposto de renda é baseado no lucro tributável de
exercício definido como:
84 • capítulo 4
ATIVIDADES
01. Os custos evitáveis são relevantes? Explique.
03. A Bella Vista Ltda. Tem capacidade de produção de 2.500 unidades por ano. A projeção
de suas operações para o ano seguinte é:
capítulo 4 • 85
REFLEXÃO
Um componente importante da responsabilidade do contador gerencial é avaliar o impacto
das decisões e ações administrativas que afetam as atividades e os processos da empresa.
Para apoiar a tomada de decisão, é necessário identificar alternativas diferentes disponíveis
para os gerentes, como também, avaliar como os custos e receitas diferem por meio de
ações alternativas.
Dessa forma, avaliações detalhadas de ações implementadas podem apresentar manei-
ras de aumentar os benefícios derivados delas.
LEITURA
Sugere-se a leitura do artigo a seguir sobre a tomada de decisão quanto ao mix de produção
diante de um fator restritivo na capacidade produtiva.
Tomada de decisão quanto ao mix de produção diante de um fator restritivo na capaci-
dade produtiva
Reginaldo da Silva Souza
Centro Universitário UNIS-MG
RESUMO
Este artigo tem por finalidade a identificação das variações do ponto de equilíbrio contábil
e no resultado econômico de uma empresa diante da decisão da composição de seu mix
de produtos. Estudou-se, também, a possibilidade de maximização dos resultados ou a sua
regressão e as dificuldades enfrentadas pelos gestores no momento da tomada de decisão.
O referencial teórico pesquisado para elaboração do trabalho foi baseado na tomada de de-
cisões do mix de produtos, na teoria das restrições, observando possíveis fatores restritivos
da capacidade produtiva, na margem de contribuição e no ponto de equilíbrio contábil. Em
seguida procedeu-se uma simulação de caso com a adaptação dos dados da empresa Texcel
Company, proposto pelos autores Atkinson, et al. (2000), em seu livro Contabilidade Geren-
cial. A análise do ponto de equilíbrio contábil e do resultado da empresa Texcel Company é
apresentada em sete passos diante de duas propostas para produção e venda do composto
de produtos da empresa. A análise possibilitou observar que a alteração no mix de produção
pode trazer resultados negativos para organização.
86 • capítulo 4
Disponível em: <http://www.convibra.org/upload/paper/adm/adm_2798.pdf>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FILHO, Nelson Casarotto; KOPITTKE, Bruno Hartmut. Análise de Investimentos: Matemática
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GUERREIRO, Rutnéa Navarro e CHRISTIANS, Raimundo Lourenço M. O tratamento da ociosidade
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HANSEN, Don R e MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos: contabilidade e controle. Tradução
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HORNGREN, Charles T.; SUNDEM Gary L., STRATTON, Willian O. Contabilidade Gerencial. 12. ed.
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MAHER, M. 2001. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo, Atlas
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MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. 2. ed. São Paulo: Cengage
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MOTTA, Regis da Rocha; CALÔBA, Guilherme Marques. Análise de investimentos: Tomada de
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NÉLO, Ana Maria. Decisão de mix de produtos: comparando a Teoria das Restrições, o Custeio
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capítulo 4 • 87
PADOVEZE, C. L. Controladoria Estratégica e Operacional. 3ª. Ed. São Paulo: Cengage Learning,
2012.
SOUZA, Alceu; CLEMENTE Ademir. Decisões Financeiras e Análise de Investimentos:
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TORRES, Oswaldo Fadigas Fontes. Fundamentos da Engenharia Econômica e da Análise Econômica
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TROSTER, Roberto Luis; MOCHÓN, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books,
1999.
88 • capítulo 4
5
Precificação
5. Precificação
O presente capítulo objetiva refletir sobre a importância de se conhecer e iden-
tificar que a formação de preço é um fator determinante para a sobrevivência
da exploração da atividade da empresa.
A formação do preço de venda dos produtos/mercadorias e serviços, é ele-
mento essencial da gestão econômico-financeira e mercadológica das em-
presas, envolve inúmeros fatores em sua composição; entre eles se destacam:
estrutura de custos; demanda (mercado); ação da concorrência; governo e obje-
tivos pretendidos com o produto/mercadoria e serviço.
O sucesso empresarial poderia até não ser consequência direta da decisão
acerca dos preços. Mas, um preço equivocado de um produto ou serviço certa-
mente causara sua ruina.
OBJETIVOS
Ao final do capiíulo você será capaz de:
• Compreender as abordagens para formação do preço de venda;
• Entender a formação de preço com base no Mercado;
• Conhecer o Custo mais margem;
• Aprender o Custo-meta;
• Analisar o mark-up multiplicador e divisor;
• Identificar as diferenças na determinação do Preço de venda à vista e a prazo.
90 • capítulo 5
Para Bruni e Famá (2009) um dos mais importantes aspectos financeiros
de qualquer entidade consiste na fixação dos preços dos preços dos produtos e
serviços comercializados.
De acordo com os autores em relação ao processo de formação de preço,
alguns dos principais objetivos podem ser apresentados, como:
• proporcionar, a longo prazo, o maior lucro possível: a empresa consisti-
ria em uma entidade que deveria buscar sua perpetuidade. Políticas de preços
de curto prazo, voltadas para a maximização dos lucros, devem ser utilizadas
somente em condições especiais;
• permitir a maximização lucrativa da participação de mercado: não ape-
nas o faturamento deveria ser aumentado, mas também os lucros das vendas.
Algumas razões contribuem com efeitos negativos sobre os lucros: excesso de
estoques, fluxo de caixa negativo, concorrência agressiva, sazonalidade etc.
• maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios
operacionais: os preços devem considerar a capacidade de atendimento aos
clientes – preços baixos podem ocasionar elevação das vendas e a não-capaci-
dade da manutenção de qualidade do atendimento ou dos prazos de entrega.
Por outro lado, preços elevados reduzem vendas, podendo ocasionar ociosida-
de da estrutura de produção e de pessoal;
• maximizar o capital empregado para perpetuar os negócios de modo au-
to-sustentado: o retorno do capital dá-se por meio de lucros auferidos ao longo
do tempo. Assim, somente por meio da correta fixação e mensuração dos pre-
ços de venda é possível assegurar o correto retorno do investimento efetuado.
capítulo 5 • 91
• Benefício Operacional: relativo às necessidades do pessoal da produção;
• Benefício Financeiro: atende às necessidades do pessoal de compras e fi-
nanças. Assim, o preço a ser pago por um produto é muito menor que o benefí-
cio percebido que produz, o que resulta num valor econômico para esse pessoal.
• Benefício intrínseco: relativo ao status do produto, segurança e imagem
da empresa e satisfação pessoal. Comprar um objeto caro e a que poucos têm
acesso, comprar de uma empresa que tem reputação no mercado, tudo isso
deve ser apresentado como benefício na venda.
Corroborando com autor embora o preço possa trazer os vários benefícios
citados a decisão sobre qual será o preço de um produto deve levar em conta
também os demais componentes mercadológicos – produto, promoção e dis-
tribuição, conforme veremos no item seguinte.
5.1.1 Mercado
De acordo com Ching (2006) o preço é um item muito importante para atingir o
merca-alvo, porem ele só não basta. Precisa vir acompanhado dos demais com-
ponentes do composto.
Produto
Preço Promoção
Praça
(Ponto-de-Venda)
92 • capítulo 5
CONCEITO
Uma estratégia de preço eficaz não compensa a execução malfeita de suas estratégias do
composto. O preço ineficaz, no entanto, pode prejudicar a execução bem-feita das demais
estratégias (CHING, 2006, 113).
O autor coloca que nesse mecanismo, o custo deixa de ser a base para a for-
mação do preço, passando a representar o valor que a empresa pode despender
para fabricar o produto.
Dessa forma, para chegar a esse custo, a empresa atende a dois interessados:
1. Os clientes consumidores – que determinam o preço que estão dispos-
tos a pagar;
2. Os proprietários – em que o lucro gerado pelos produtos compõe a re-
muneração do capital por eles investido na empresa.
CONEXÃO
Assista ao vídeo: O Jeito Certo Colocar Preço nos Seus Produtos.
Disponível em: <https://youtu.be/C1CLlAcikCE>.
capítulo 5 • 93
Assim, temos:
P–L=C
Onde:
P = preço;
C = custo;
L = lucro.
De acordo com Bruni e Famá (2009) nesse método, os preços são estabelecidos
com base nos custos plenos ou integrais – custos totais de produção acrescidos
das despesas de vendas, de administração e da margem de lucro desejada.
©© PIXABAY.COM
EXEMPLO
A Vende Mais Ltda. produz e comercializa arranjos com flores ornamentais. Sabe-se que
os custos com materiais diretos para cada arranjo comercializado são iguais a R$ 3,40. Os
custos com MOD são aproximadamente iguais a R$ 2,20. Custos indiretos de fabricação são
apropriados com base em 300% da MOD. Despesas administrativas, com vendas e fretes de
entregas alcançam R$ 1,80. Se a empresa desejasse um lucro de R$ 1,20 por arranjo, qual
deveria ser o preço praticado?
94 • capítulo 5
COMPONENTE VALOR OBSERVAÇÃO
MD 3,40
MOD 2,20
Calculando com base em 300% da MOD (300%
CIF 6,60
x 2,20 = 6,60)
CUSTO TOTAL 12,20 Soma das parcelas anteriores
DESPESAS 1,80
GASTO TOTAL 14,00 Soma dos custos e despesas
LUCRO DESEJADO 1,20
PREÇO A PRATICAR 15,20 Soma dos custos, despesas e lucro desejado
5.1.3 Custo-meta
Segundo Megliorini (2012, 232): a empresa deve calcular o custo do seu pro-
duto para se certificar de que ele não ultrapasse o custo resultante da equação
P – L = C (preço – lucro = custo).
©© PIXABAY.COM
capítulo 5 • 95
EXEMPLO
Suponhamos que uma empresa esteja avaliando fabricar e vender o produto Y. Os proprie-
tários da empresa determinam que o lucro deva corresponder a 20% do preço de venda.
O preço de mercado desse produto é R$ 100,00. Assim, o custo que esse produto deverá
alcançar será de:
Assim, o custo de R$ 80,00 é o valor máximo em que a empresa pode incorrer, tendo em
vista que o preço de R$ 100,00 é definido pelo mercado, e o lucro, pelos proprietários. Tal
custo, passa, portanto, a representar o custo-meta ou custo-alvo e deve ser definido antes
que se comece a fabricar o produto, ainda na fase de desenvolvimento de projeto.
No entanto, se o custo estimado desse produto, calculado na fase de projeto, ultrapassar
o limite (que é R$ 80,00), a empresa deverá reformular o projeto ou encontrar meios de
reduzi-lo até atingir o valor determinado.
96 • capítulo 5
CONCEITO
O mark-up consiste em uma margem, geralmente expressa na forma de uma índice ou per-
centual, que é adicionada ao custo dos produtos. Esse custo apresentará variações depen-
dendo do método de custeio utilizado.
EXEMPLO
Vamos supor que uma empresa tenha, como base no seu controle interno, definido os se-
guintes valores para compor o preço de venda de uma unidade do produto X:
Custos variáveis, por unidade:
Matéria-prima: R$ 10
Materiais secundários: R$ 3
Material de acondicionamento e embalagem: R$ 1
Mão de obra direta: R$ 6
Comissão a vendedores: 3% sobre o PV
Tributos incidentes sobre vendas e sobre o lucro: 22% sobre o PV
Custos fixos: 13% sobre o PV
Despesas fixas: 7% sobre o PV
Margem de lucro desejada: 15% sobre o PV
capítulo 5 • 97
Fórmula do mark-up multiplicador.
100/ (100 -% DV + % CF + % DF + % ML)
Total = 60 %
d) Multiplicar o custo unitário pelo mark-up multiplicador para encontrar o preço de venda
unitário:
R$ 20,00 x 2.5 = R$ 50
Logo, o preço de venda unitário será de R$ 50.
98 • capítulo 5
Desenvolvendo a formula, temos:
a) Somatório dos percentuais de participação no preço de venda, de cada elemento, con-
forme interesse da empresa:
Total = 60 %
CONEXÃO
Entenda como você deve fazer para formar o preço de venda de seus serviços. Assista ao
vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SmMGlexxcOA>.
capítulo 5 • 99
a) Utilizando o mark-up divisor:
PV à vista = Custo / mark-up
PV à vista = R$ 50,00/0,4435
PV à vista = R$ 112,74
100 • capítulo 5
Para calcular o preço de venda a prazo, devemos considerar dois aspectos:
(1) São concedidos ao cliente 30 dias para que ele efetue o pagamento; e
(2) o custo financeiro para essa operação é de 3% ao mês.
Por tanto, ao incluir o custo financeiro, é preciso recorrer à matemática fi-
nanceira para proceder ao cálculo do montante, que consiste no valor principal
acrescido de juros.
Conforme fórmula a seguir:
PV a prazo = PV à vista x (1 + i) n
Onde:
i = taxa de juros
n = prazo de pagamento
No exemplo, temos:
PV a prazo = $112,74 x (1 + 0,03)1
PV a prazo = $ 116,12
Decompondo esse preço, temos:
Nota-se com a adoção desse cálculo, tanto a margem de lucro bruto quanto
o lucro foram reduzidos, se comparados ao cálculo do preço de venda à vista:
eles passaram, respectivamente, de $ 36,09 para $ 35,29, e de $ 22,56 para $
21,76.
Dessa forma, para preservar a margem de lucro bruto de $36,09 e o lucro
antes do IR de $ 22,56, tem-se o cálculo do preço de venda a prazo com o custo
financeiro “por dentro”.
capítulo 5 • 101
Preço de venda a prazo com o custo financeiro “por dentro” (mantendo-se
o valor do lucro do peço de venda à vista
Considerando os custos do produto X e a mesma margem de lucro bruto do
preço de venda à vista, temos:
Custo $ 50,00
Margem de lucro bruto $ 36,09
Receita de vendas 100%
ICMS 18 %
PIS 0,65 % 23,65% DE IMPOSTOS E TAXAS
Cofins 3,00 % SOBRE VENDAS
Comissões sobre vendas 2,00 $
Mark-up divisor:
<100% - (23.65% + 3,00%)> /100% = 0,7335
Mark-up multiplicador
(1/ 0,7335) = 1,36332
102 • capítulo 5
PV a prazo = $ 117,37
ATIVIDADES
01. Explique o que você entende por preço de venda.
02. Por que a equação tradicional do preço de venda (P-L=C) deve ser repensada nos
dias atuais?
04. A loja de Móveis Forte Aço Ltda. Costuma comprar e revender conjuntos de móveis para
escritórios formados por mesa e cadeira giratória. Sabe-se que a empresa desejaria obter
um lucro igual a 20% do preço a ser praticado (Lucro = Receitas – Gastos). Alguns dados
financeiros da empresa estão apresentados na tabela seguinte:
capítulo 5 • 103
Descrição Valor
Custo de aquisição do conjunto R$ 340,00
Frete do fornecedor para a loja 12%
Alíquota de ICMS 9%
Comissão de vendas 7%
Despesas fixas estimadas em função do volume de vendas 22 %
Calcule o mark-up da empresa e o preço de venda com a aplicação sobre o custo variável:
05. A Companhia Costa Silva Ltda, apresentou os dados financeiros relatados a se-
guir. Sabendo que a empresa deseja um lucro igual a 18% do preço de venda, estime:
06.
REFLEXÃO
Sabe-se que em condições normais, quanto maior o preço, menor a demanda; em situação
oposta, quanto menor o preço, maior a demanda. Desse modo, o preço flutua em diferentes
níveis de demanda e de oferta até atingir um valor que satisfaça tanto a quem oferta quanto
a quem procura, constituindo um preço de equilíbrio.
As decisões empresariais associadas à gestão financeira devem sempre preocupar-se
com custos incorridos e preços praticados.
104 • capítulo 5
LEITURA
Sugere-se a leitura do artigo citado a seguir que mostra na prática as diferenças entre as
duas contabilidades bem como os elementos que as distanciam.
Formação do preço de venda em uma confecção de Moda íntima.
RESUMO
Atualmente a globalização está levando empresas a pensarem de forma sistêmica. O amplo
conhecimento sobre controles e análises, custos, preços de venda entre outros fatores ge-
renciais tornaram-se imprescindíveis para que as tomadas de decisões sejam mais precisas.
Para tanto este trabalho propõe uma estrutura base para a formação de preços de venda
em uma empresa de confecção de moda íntima, localizada na região da AMREC – SC. As
empresas que buscam um melhor posicionamento no mercado em que atuam, devem, pri-
meiramente, monitorar o controle e o gerenciamento dos custos, uma vez que de posse
de dados reais sobre resultado operacional da empresa, seus gestores podem adotar no-
vas metodologias para a formação de preços dos produtos oferecidos pela empresa. Desse
modo, esta pesquisa trará benefícios para a empresa em estudo, uma vez que esta passa por
reformulações em sua gestão como estratégia para manter-se ativa no mercado. Os procedi-
mentos metodológicos utilizados foram o estudo de caso, por meio de uma pesquisa do tipo
bibliográfica, descritiva, com abordagem quantitativa. A pesquisa também foi documental,
utilizando como instrumento a observação a fim de descobrir os mecanismos internos de
funcionamento da empresa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 5 • 105
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MEGLIORINI, Evandir. Custos: Análise e gestão. 3 ªed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
GABARITO
Capítulo 1
106 • capítulo 5
04.
07. No século XVIII, com a Revolução Industrial e o nascimento do capitalismo, surge a ne-
cessidade de compreender os custos dos recursos empregados, pois eles são, agora, fatores
de produção: matéria-prima, mão de obra e outros insumos, e não mais mercadorias.
Tornou-se mais complexa a função do contador, que, para levantamento do balanço e
apuração do resultado, não dispunha tão facilmente dos dados para poder atribuir valor aos
estoques: o seu valor de “compras” na empresa comercial era substituído por uma série de
valores pagos pelos fatores de produção utilizados.
Os autores Johnson e Kaplan optaram por delimitar o início do século XIX, mais precisa-
mente em 1812, como marco inicial da Contabilidade Gerencial: “ A Contabilidade Gerencial
surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, quando as organizações comerciais, em vez de
dependerem dos mercados externos para trocas econômicas diretas, passaram a conduzir
trocas econômicas internas. (JOHNSON e KAPLAN, 1996, p. 17-19).
Tecelagens, fábricas de armas, ferrovias e siderurgias demandavam informação e con-
trole. As indústrias têxteis no século XIX cresciam com a combinação de múltiplos proces-
sos na fabricação de tecidos, associando fiação, tingimento e tecelagem. Registros dessas
capítulo 5 • 107
tecelagens do início daquele século mostram que os administradores recebiam relatórios de
custo por hora de conversão de algodão (matéria prima) em fios (produtos intermediários) e
tecidos (produtos acabados). Eles utilizavam essas informações para definir mix de produto
e para controlar e melhorar a eficiência.
As estradas de ferro e telégrafo também foram pioneiras em diversas práticas de con-
trole e gestão. Além disso, permitiram a dispersão das atividades econômicas, a expansão
geográfica dos mercados e a globalização física. A Contabilidade Gerencial pôde continuar
se desenvolvendo no século XIX com o aumento da demanda, do tamanho e da complexida-
de das organizações. Afinal, uma consequência dessa nova realidade foi a necessidade de
descentralização e da avaliação por unidade de negócios ou por mercados, que facilitasse os
proprietários ou principais gestores a acompanharem o desempenho de todos os mercados
em que atuavam, mas que estavam fisicamente distantes. Daí o foco no usuário interno.
08.
• Ajudar os engenheiros a projetarem produtos que possam ser fabricados com maior eficiência;
• Apontar demandas de melhorias de qualidade, eficiência e rapidez na produção;
• Orientar decisões relacionadas a mix de produto;
• Escolher entre fornecedores alternativos;
• Negociações sobre preços, especificações de produto, qualidade, entrega e serviços.
Capítulo 2
01. A
APURAÇÃO DO LUCRO MENSAL ABSORÇÃO VARIÁVEL
Receita Líquida de Vendas 400.000,00 400.000,00
(–) Custo dos Produtos
(160.000,00) -
Vendidos
(–) Custo Variável dos Produtos
- (120.000,00)
Vendidos
(–) Despesa Variável dos Produ-
- (40.000,00)
tos Vendidos
= Margem de Contribuição Total - 240.000,00
(–) Custo Fixo Total - (60.000,00)
= Lucro Bruto 240.000,00 180.000,00
(–) Despesas (40.000,00) -
= Lucro líquido mensal 200.000,00 180.000,00
108 • capítulo 5
02.
03. D
capítulo 5 • 109
ANOTAÇÕES
110 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 111
ANOTAÇÕES
112 • capítulo 5