Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Disciplina:
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS – PCI
Professor:
Flávio Amorim Gomes de Araújo
VERSÃO 02
JANEIRO / 2008
INTRODUÇÃO
Observamos no decurso da história que quatro elementos constantemente estão se interagindo: a TERRA, o FOGO,
o AR e a ÁGUA. Sabemos também que foi com auxílio do fogo que o homem conseguiu sair das cavernas e
dominar as feras à sua volta, reinando assim sobre os demais animais. O fogo é, portanto, um elemento importante
e hoje em dia essencial para nossa sobrevivência na vida moderna, no entanto quando foge ao controle torna-se
também um elemento muito perigoso para a vida humana.
Nos dias atuais, o homem tem utilizado, principalmente, outro elemento, no caso a água, para evitar que o fogo fuja
do seu controle, destrua a terra e contamine o ar. Aliás, a contaminação do ar de um incêndio, gerando a chamada
fumaça, é sem dúvida a principal causa das mortes das pessoas num incêndio. São raros os casos de mortes por
pessoas queimadas, pois normalmente antes de sofrerem queimaduras fatais, as pessoas morrem por asfixia ou
pelos males provocados pela fumaça. Já assistimos diversos casos, principalmente, em edifícios altos, onde
tamanho era o desespero das pessoas, vindo a saltarem do alto do edifício.
O desenvolvimento de um programa de prevenção, proteção e combate a incêndio constituem em uma das mais
importantes missões de um Técnico em Segurança do Trabalho dentro das empresas. Vemos algumas vezes a
preocupação da empresa, apenas com o treinamento e formação da brigada de incêndio e manutenção de
extintores, que são atividades das mais importantes, mas insuficientes para evitar a ocorrência e a propagação dum
incêndio.
Claro que o desenvolvimento de um sistema de prevenção, proteção e combate a incêndios vai depender muito do
tipo de empresa e de seus riscos, mas como regra geral, podemos afirmar que evitar um incêndio é o melhor
caminho, para isto é preciso focar nas ações de PREVENÇÃO, que incluem ações de manutenção e controle sobre
as instalações elétricas, por serem uma das maiores causas de incêndios nas empresas; condições adequadas de
armazenamento de materiais, principalmente inflamáveis e combustíveis; cumprimento de um bom sistema de
sinalização de segurança; entre outras ações. Mesmo assim é importante frisarmos que as ações de prevenção nem
sempre são suficientes e não podem vir a evitar um incêndio, pois elas visam reduzir a probabilidade de ocorrência,
mas dificilmente irão garantir que nunca falhem e não haja o incêndio.
Portanto quando falha a prevenção devemos buscar ou dimensionar corretamente os esforços para as ações de
PROTEÇÃO, que incluem um sistema de paredes e portas corta-fogo; sistema de proteção de pára-raios; entre
outros. No caso de pára-raios muitos acham ser uma ação preventiva, mas na verdade o sistema não impede a
queda do raio, mas sim protege a edificação dum incêndio, por isso sua classificação mais correta é a de proteção.
Por último, mas não menos importante, pelo menos quando nos referimos ao risco real de um incêndio, precisamos
definir e dimensionar corretamente as ações de COMBATE. Como o próprio nome diz é uma ação reativa, precisa
acontecer algo de errado, para haver a reação. Mas em se tratando de incêndio, devemos estar preparado para o
erro ou falha de algum sistema, pois segundo a Lei de Murphy: se algo pode dar errado, certamente dará. Não
querendo ser pessimista, mas devemos estar sempre adequadamente preparados. Devido a isso é extremamente
importante e obrigatório instalações de extintores, hidrantes, sprinklers, etc, ou mesmo um treinamento da brigada,
que pode parecer para muitos como ação de prevenção, mas a finalidade de sua existência é puramente reativa.
É importante frisarmos que o conceito de PREVENÇÃO, PROTEÇÃO ou COMBATE é o que menos importa. O
importante é o aluno e futuro Técnico em Segurança saber identificar o risco e o melhor sistema para PREVENIR,
PROTEGER ou COMBATER.
O objetivo do curso é proporcionar ao aluno a oportunidade de conhecer o maior número possível de recursos
existentes, e quando digo recursos, não falo apenas dos recursos materiais, mas também dos recursos humanos.
Além disso, temos o objetivo de dar ao aluno a oportunidade de interpretar corretamente a legislação e normas;
saber dimensionar corretamente um sistema de prevenção, proteção e combate a incêndios; entre outras.
Em suma podemos dizer que a missão do Técnico em Segurança do Trabalho numa empresa para a Prevenção,
Proteção e Combate a Emergências consiste basicamente em:
fazer a correta distribuição dos equipamentos pela área a proteger;
garantir a manutenção adequada dos equipamentos de prevenção, proteção e combate;
organizar treinamento do pessoal que irá utilizar estes equipamentos.
A concepção moderna de combate a incêndio exige grande soma de conhecimentos profissionais e habilidades para
aplicá-los. E não se pode esperar que esses conhecimentos e habilidades sejam adquiridos unicamente através da
experiência. Ela é muito importante como complemento de estudos sistemáticos e apropriados, mas insuficientes,
por isso a importância dos estudos acadêmicos, principalmente em cursos, mesmo que sejam teóricos.
INTRODUÇÃO 02
ÍNDICE 03
BIBLIOGRAFIA 78
Página 3 de 78
CAPÍTULO I PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS
Nos confins da antiguidade, o homem lutou para conseguir a técnica da combustão. O fogo, então, foi um dos
maiores aliados do ser humano. Por isso desde o início o homem deu ao fogo um caráter superior, conferido aos
deuses, como manifestação do sagrado.
Uma vez dominada as tecnologias de sua produção, segundo a vontade humana, o fogo tem sido o mais importante
e permanente instrumento do processo civilizador. Participa de toda a evolução cultural da humanidade, o fogo tem
sido um dos fundamentos de todo o progresso do homem contribuindo nos diferentes momentos de sua trajetória,
desde o primitivo aquecimento, nas cavernas do paleolítico superior, à produção de armas que permitiram ampliar
suas provisões alimentares, promover sua defesa e, simultaneamente, acelerar o processo de agressão e do
domínio do meio ambiente, na mais antiga e contínua luta do homem: a da sobrevivência.
Exercendo fascínio e sedução, talvez como um dos mais primitivos arquétipos do homem, o fogo, contudo, ao
mesmo tempo em que é amigo e vital, pode se transformar no mais insidioso, inesperado e quase invencível
inimigo.
Perde-se na memória do tempo, a origem do combate ao fogo, das mais remotas lembranças, sabe-se que no ano
27 A.C.(Antes de Cristo), em Roma, já existiam os "Triunviri Nocturni", grupos organizados com o objetivo de
combater incêndios.
Durante o reinado de Júlio César Octávio, entre 63 a.C. e 14 d.C., foram criadas as "Coohortes Vigilium",em número
de 7, cada uma integrada por 1.000 homens, aos quais estava reservada a responsabilidade de proteger contra o
fogo em 14 bairros de Roma.
Na Roma daqueles tempos uma lei obrigava a cada proprietário de casa a dispor de uma cisterna, com água
reservada para casos de incêndio. A legislação dispunha de uma série de regras para construções, desde
afastamento regular até a proibição de produtos mais inflamáveis. Também a altura dos prédios deveria se limitar a
100 pés, ou seja, 30 metros.
Na Pérsia antiga, conta a história, o incendiário que queimasse sua casa, fosse ou não involuntariamente, era
condenado ao apedrejamento vivo, permitindo-se à mulher acompanhar o marido, caso fosse sua vontade.
Marco Polo relatava de sua viagem à China, que os bombeiros sufocavam os incêndios de uma forma eficaz e
surpreendente. Não utilizavam água contra o fogo, mais se dedicavam a demolir as construções vizinhas, deixando
que apenas a casa incendiada acabasse destruída, impedindo a propagação do fogo.
Na Grécia antiga, os bombeiros usavam as quadrigas (carros de corridas com quatro cavalos, ou seja, bigas com 4
cavalos) para alcançar o local do incêndio com maior rapidez. Os soldados mais experientes sabiam de memória os
locais de Atenas em que se podia encontrar água com facilidade, poços, riachos, cisternas e baixios e de lá, em
processo de revezamento, os baldes eram deslocados de mão em mão, às vezes de distância de até um quilômetro
ou mais, o que exigia a mobilização de grande número de escravos.
O mesmo processo continuou sendo utilizado pelo homem em quase toda parte do mundo, até o fim da Idade
Média. Com a evolução da economia, nos fins da idade média, a burguesia foi se instalando em pequenos burgos,
reinstalando-se o processo de vida urbana. Com ele, por volta de fins do século XVI e início do XVII, começaram a
surgir os primeiros bombeiros da era moderna. Na França, isto ocorreu com Luiz XIV, o Rei-Sol, que reinou de 1638
a 1715, com os "Corps des Pompiers", que já utilizavam a bomba Van Der Heydens, de 1699. Na Inglaterra, pouco
adiante, surgem os "Fireman", os "homens do fogo". Na Alemanha, desde 17 de julho de 1841, em Meissen, existem
Corpos Voluntários de Bombeiros. Em Durlach, em 1846, surge a segunda corporação e nasce em Berlim, no ano
de 1851, o primeiro Corpo de Bombeiro profissional.
Rapidamente, em razão da evolução cada vez mais acelerada das cidades, foram surgindo corporações de combate
ao fogo em muitos países do mundo. Nos Estados Unidos, a iniciativa coube ao grande Benjamin Franklin,em 1736,
que criou, na Filadélfia, o primeiro Corpo de Bombeiros Voluntários da América. Em Portugal, a história dos
Bombeiros na era moderna começa no ano de 1794, com a destacada participação de um brasileiro nascido na
Bahia, Guilherme Gomes Fernandes, que juntamente com outros idealistas criou a associação dos Bombeiros
Voluntários do Porto. O brasileiro Gomes Fernandes, um abnegado da causa, foi considerado o "maior bombeiro do
mundo", criando as bases do sólido movimento português de defesa civil, com base na multiplicação pelo território
português de grupamentos voluntários de combate ao fogo.
No Chile, o primeiro corpo de bombeiros, também de caráter voluntário, foi criado em 1851, na cidade de
Valparaíso. Em 1863, foi criada a Corporação de Santiago.
No Brasil, o primeiro Corpo de Bombeiros foi criado oficialmente pelo decreto 1.775, assinado por D. Pedro II, em 02
de Julho de 1856, instala-se no Rio de Janeiro, então, o Corpo de Bombeiros da Corte. Antes, porém, desde 1763,
os incêndios no Rio de Janeiro eram combatidos pelo pessoal do Arsenal da Marinha, de forma provisória.
A evolução técnica, o aperfeiçoamento dos equipamentos, a utilização de bombas mecânicas, manuais e
motorizadas, a substituição dos baldes de pano por mangueiras de tecido, os caminhões tanque, os autobombas, as
escadas Magirus, as bombas Metz, até os macacos hidráulicos e as roupas especiais que permitem o acesso de
bombeiros a locais em chamas, tudo isto se deve às maravilhas da revolução industrial, de 1760 aos nossos dias.
Página 4 de 78
2. HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS E SURGIMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS
1850: ocorre um incêndio na Rua do Rosário (atual Rua XV de Novembro), o incêndio é extinto por uma
bomba manual emprestada por um francês chamado Marcelino Gerard.
1852: em decorrência de tal incêndio, é apresentado na Assembléia Provincial, pelo então Brigadeiro
Machado de Oliveira um Projeto de Lei de um Código sobre Prevenção de Incêndios, ficando o povo, por lei,
obrigado a cooperar com a Polícia nos dias de incêndio.
1856: surge o Corpo de Bombeiros da Corte (atual Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro).
Entre 1860 e 1870: registro de diversas ocorrências de incêndios: livraria na Rua do Carmo em SP; loja de
ferragens; barril de pólvora explode no centro da cidade de São Paulo; etc.
1890: elevação à categoria de "Companhia de Bombeiros". O efetivo aumenta para 60 homens. O Comandante
passa a ser um Capitão.
1900: unem-se todas as forças policiais em uma só "FORÇA PÚBLICA". É criado o Corpo Municipal de Bombeiros
de Campinas, seu efetivo inicial era de oito homens.
1911: são colocadas em todos os bairros da cidade de São Paulo, 160 novas caixas de avisos de incêndio.
1942: primeiro convênio entre o Estado e a Prefeitura de São Paulo. O Corpo de Bombeiros passa a ser Estadual.
1972: em 24 de fevereiro, ocorre o incêndio do Edifício Andraus de 31 andares, teve seu início no 4º andar, 16
pessoas morrem e 375 ficam feridas, o Corpo de Bombeiros envia 31 viaturas e dezenas de carros pipas. O
Incêndio provoca o surgimento de um Grupo de Trabalho para estudar e propor reforma dos Serviços de Bombeiros.
Incêndio no Edifício Joelma
1984: vazamento de gás na fábrica da Union Carbide, em Bhopal, na Índia, matou 3.700
pessoas.
Página 5 de 78
1987: incêndio no edifício CESP em SP, no dia 21 de Maio. O conjunto tinha 2 blocos, um com 21 e outro com 27
pavimentos. Houve desabamento parcial da estrutura.
1995: em 29 de janeiro, ocorre uma explosão em uma loja de fogos no bairro de Pirituba na capital paulista, 33
casas são atingidas e 15 pessoas morrem, o Corpo de Bombeiros enviou ao local 15 viaturas e 62 bombeiros.
1996: ocorre em 11 de junho uma explosão no Shopping Center Plaza de Osasco causada por vazamento de GLP
sob o piso da área de restaurantes, 41 pessoas morrem e mais de 480 pessoas são feridas, o Corpo de Bombeiros
envia para o local 38 viaturas e 167 bombeiros.
1997: é lançado o Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros, com mais de 360 páginas e mais de 880
ilustrações, o manual aborda 18 temas ligados às principais áreas de atuação dos serviços de bombeiros. A Sirene,
popularmente conhecida como Bitonal (dois tons lá-lá/ré-ré), com quatro cornetas, freqüência de 435/450 Hz e
580/600 Hz, com alcance audível a 7 m, passa a ser destinada, para uso exclusivo do Corpo de Bombeiros da
Polícia Militar do Estado de São Paulo. É apresentada a nova viatura de Comando de Operações, destinada a ser
empregada em grandes ocorrências servindo sempre como Posto de Comando.
2001: a explosão da plataforma submarina P-36, da Petrobrás, em 15 de março, na Bacia de Campos, no Rio de
Janeiro, matou 11 pessoas que trabalhavam no local. Quatro aviões foram seqüestrados nos Estados Unidos por
membros da organização terrorista Al Qaeda, sendo dois deles foram lançados contra as torres que formavam o
complexo empresarial World Trade Center (WTC), em Nova York e um contra o Pentágono, em Washington. No
total de 2.752 pessoas morreram vítimas do atentado.
2003: Incêndio provoca morte de 2 crianças, de 7 e 3 anos, na casa em que moravam, no Jardim São Gerônimo, em
Americana-SP, na madrugada de ontem. Carla Fernandes de Oliveira, de 3 anos, e Jonhny Fernandes de Oliveira
de 7, chegaram a ser levados por um vizinho ao hospital Municipal de Americana, mas morreram quando recebiam
atendimento. A casa teve a energia elétrica cortada por falta de pagamento, segundo Polícia Militar. Para que os
filhos não dormissem no escuro, a mãe, Juliana Fernandes Cruz, de 25 anos, acendeu uma vela no quarto e foi se
deitar. A vela caiu em um colchão e deu início ao incêndio, acredita a polícia.
2005: Incêndio causa morte de uma pessoa em Lisboa, Portugal, no dia 20 de julho - mais de 3.000 bombeiros
estão mobilizados no combate a incêndios causados pela pior seca que já atingiu Portugal em mais de seis décadas
e que, nesta quarta-feira, causaram a morte de uma pessoa idosa e forçaram a desocupação de quatro vilarejos,
disseram oficiais. O corpo carbonizado de um idoso de cerca de 60 anos foi encontrado perto de sua casa nas
proximidades de Alvaiazere, a 160 quilômetros a nordeste de Lisboa, contou um vereador da localidade.
"Encontramos o corpo já queimado. Ele devia estar tentando apagar o fogo mas não conseguiu," disse Abel Reias à
agência local de notícias Lusa. Um incêndio próximo à cidade central de Pombal ameaça dois vilarejos e levou ao
fechamento temporário pelo segundo dia seguido de uma das mais movimentadas estradas do país que liga Lisboa
à Cidade do Porto.
2006: cinco crianças, com idades entre 1 e 7 anos, morreram na madrugada do dia 22/05/06, em conseqüência de
um incêndio no bairro Cristal, em Vacaria (RS). Segundo o Corpo de Bombeiros, as vítimas --todas da mesma
família-- estavam sob os cuidados de uma menina de 13 anos, que conseguiu escapar quando percebeu o fogo. Os
bombeiros dizem que a mãe, de 28 anos, havia saído para trabalhar. Há suspeitas de que o incêndio tenha sido
causado por velas. Além do frio que atingia a região, a casa estava sem energia elétrica. O fogo começou por volta
da 1h30. Os bombeiros foram acionados, mas, quando chegaram, a casa já havia sido destruída.
2007: um incêndio atingiu na manhã do dia 18/12 num galpão de uma indústria
farmacêutica, próximo à rodovia Castelo Branco, em Barueri (SP). O fogo começou por
volta das 6h e as chamas foram controladas entre 8h e 8h30 pelos bombeiros. Parte do
teto do prédio desabou. O Corpo de Bombeiros de Barueri teve de chamar reforço dos
batalhões da capital para conter as chamas. Um total de 20 viaturas foi deslocado para o
local. As labaredas chegaram a atingir uma altura de quase 10 m. As ruas próximas ao
local foram interditadas.
2007: incêndio no Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas (HC) em São Paulo, ocorrido no dia 24/12,
provocou correria e obrigou a remoção dos pacientes internados. Um deles, Raimundo Nonato de Azevedo, 56,
morreu poucas horas depois. Para o HC, a morte não tem relação com a remoção. Investigações preliminares
indicam que o incêndio começou com um curto-circuito em uma subestação do prédio, e que a fumaça se espalhou
por todos os andares pela tubulação de ar-condicionado.
Página 6 de 78
3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Página 7 de 78
4. PROCESSO QUÍMICO DO FOGO
O fogo é uma das principais e mais antigas fontes de energia. Desde a antiguidade,
vem sendo um auxiliar inestimável ao homem. Quando o homem primitivo conseguiu
o controle sobre as chamas iniciou-se um processo de desenvolvimento que se
prolonga e se moderniza em nossos dias. O calor produzido pelo fogo, quer seja o
aconchegante, na lareira, ou o com força violenta de um alto forno, capaz de fundir o
mais duro dos metais, sempre está presente na vida do homem, principalmente nos
dias de hoje. No entanto esse mesmo fogo, que tanto tem contribuído para o
desenvolvimento da humanidade, quando fora de controle, transforma-se num dos mais cruéis inimigos,
ceifando vidas e causando prejuízos incalculáveis.
5.1.1. COMBUSTÍVEL
É toda substância capaz de queimar e alimentar a combustão,
permitindo a propagação do fogo. Pode ser sólido (papel, madeira,
tecidos, borracha, etc), líquido (álcool, gasolina, éter, etc) ou gasoso
(acetileno, butano, propano, etc). É um elemento essencial para o fogo,
porque o alimenta. Não existindo o que queimar, não há fogo.
Nos materiais sólidos, a área específica é um fator muito importante para
determinar a razão de queima, ou seja, a quantidade do material
queimando na unidade de tempo, que está associado à quantidade de calor gerado e, portanto, à elevação
da temperatura do ambiente. Um material sólido com igual massa e com área específica diferente, por
2 2
exemplo, de 1m e 10m , queima em tempos inversamente proporcionais; porém, libera a mesma
quantidade de calor. No entanto, a temperatura atingida no segundo caso será bem maior.
É importante observar que no caso de um combustível que está no estado sólido ou líquido, haverá a
necessidade de ser aquecido, para a liberação de vapores ou gases, só assim poderá ocorrer à combustão.
Outro fator importante para a combustão em combustível é a forma física que se apresenta o combustível,
por exemplo, a velocidade de propagação de um incêndio na serragem de madeira é muito maior do que
numa madeira maciça, mesmo que a composição seja a mesma.
5.1.2. COMBURENTE
Elemento ativador do fogo, o comburente possibilita vida às chamas, e intensifica a combustão. Alguns
autores o definem como a mistura que contém o oxidante em concentração suficiente para que em seu meio
se desenvolva a reação de combustão. O principal comburente existente em praticamente todos os
ambientes, já na concentração necessária para combustão, é o oxigênio. Normalmente o ar atmosférico é
composto de 20,99% de oxigênio, 78,03% de nitrogênio, 0,88% de gases nobres (Ar, H2, He, Ne, Kr) e 0,1%
de carbono. Abaixo de 14% de oxigênio, a maioria dos materiais combustíveis não mantém a chama, já em
concentrações menores de 8%, é certo que já não mais existe fogo. Sem o comburente não poderá haver
fogo. Ambiente pobre de oxigênio o fogo quase não produz chamas, enquanto que, no ambiente rico de
oxigênio elas são intensas, brilhantes e de elevadas temperaturas. É de se ressaltar, todavia, que existem
substâncias que possuem na sua estrutura grandes quantidades de oxigênio (agentes oxidantes), liberando-
o durante a queima. Estas substâncias, conseqüentemente, podem manter combustão em ambientes, onde
não existia oxigênio em proporções adequadas, para que possa ocorrer o fogo, como é o caso da pólvora,
que pode queimar-se em qualquer lugar com ou sem a presença do ar.
Página 8 de 78
5.1.3. CALOR
Elemento que dá início ao fogo. É a energia de ativação do fogo. É responsável pela propagação pelo
combustível o suficiente
iente para elevar a temperatura de um material até atingir o ponto de combustão ou de
ignição.
Considerando que dispomos de oxigênio à vontade na atmosfera e combustível sempre à nossa disposição,
constatamos que a ciência de prevenção de incêndios repousa no controle das fontes de calor.
Sabemos que o calor é gerado da transformação de outra energia, através de processo físico ou químico.
FONTES DE IGNIÇÃO:
TÉRMICA: a ignição é feita através de uma fonte de calor ou por uma energia de ativação direta;
QUÍMICA:
ICA: a energia se produz através de uma reação química do tipo exotérmica dada por diluição,
decomposição, etc.;
MECÂNICA: quando a energia é obtida através de um fenômeno físico de caráter mecânico, tais como
compressão, fricção, atrito, etc.;
NUCLEAR: quando
uando a energia se produz como conseqüência de um processo de cisão de núcleos de
átomos radioativos.
5.3. COMBUSTÃO
É uma reação química de oxidação, auto-sustentável,
auto com liberação de luz,
calor, fumaça e gases. Existem basicamente três formas de combustão.
6.6. PIRÓLISE
Também chamada de carbonização, é uma decomposição química por calor na ausência de oxigênio,
produzindo mais energia do que é consumida. É um processo muito usado no tratamento de resíduos.
Página 10 de 78
6.7. LIMITES DE INFLAMABILIDADE
Para um gás ou vapor inflamável queimar é necessário que exista, além da fonte de ignição, uma mistura
chamada “ideal” entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás combustível, portanto Mistura Ideal (MI) define-se
como a concentração de combustível em relação ao ar mais eficiente, que produz uma temperatura mais
alta, com uma reação maior e mais rápida.
A quantidade de oxigênio no ar é praticamente constante, em torno de 21% em volume. Já a quantidade de
gás combustível necessário para a queima, varia para cada produto e está dimensionada através de duas
constantes: o Limite Inferior de Explosividade (LIE) e o Limite Superior de Explosividade (LSE).
LIMITE INFERIOR DE EXPLOSIVIDADE: é a mínima concentração do gás ou vapor que, misturada ao ar
atmosférico, é capaz de provocar a combustão do produto, a partir do contato com uma fonte de ignição.
Concentrações de gás abaixo do LIE não são combustíveis, pois, nesta condição, tem-se excesso de
oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Esta condição é chamada de “mistura pobre”.
LIMITE SUPERIOR DE EXPLOSIVIDADE: é a máxima concentração de gás ou vapor que misturada ao ar
atmosférico é capaz de provocar a combustão do produto, a partir de uma fonte de ignição. Concentrações
de gás acima do LSE não são combustíveis, pois, nesta condição, tem-se excesso de produto e pequena
quantidade de oxigênio para que a combustão ocorra, é a chamada “mistura rica”.
Para cada gás ou vapor há uma concentração específica, onde o teor de Gás(ou Vapor)/Oxigênio que
definirá os Limites de Inflamabilidade para que ocorra uma queima. Para um melhor desempenho de
combustão de um gás, devem-se conhecer as misturas ideais, que é a porcentagem exata da quantidade de
cada material para haver uma melhor queima. A seguir alguns Limites de Inflamabilidade:
PROPANO
0% 2% 10% 100%
mistura faixa de
mistura rica
pobre inflamabilidade
LII LSI
Este exemplo mostra que a Faixa de Inflamabilidade para o propano é pequena,
sendo que a maioria das misturas propano/oxigênio não é inflamável.
Em uma Mistura Ideal, um gás ou um vapor se queima rapidamente, sendo que
num limite desfavorável (LII ou LSI) o gás apenas se inflama. Abaixo, o gráfico
mostra o desenvolvimento de acordo com os Limites de Inflamabilidade:
MONÓXIDO DE CARBONO
0% 12% 74% 100%
mistura
faixa de inflamabilidade mistura rica
pobre
LII LSI
ACETILENO
0% 2% 80% 100%
mistura
pobre
faixa de inflamabilidade mistura rica
LII LSI
Página 11 de 78
PROPRIEDADES DE DIVERSOS GASES (à 15 ºC e 1 atm)
Página 12 de 78
6.8. EXPLOSÃO
É um processo onde ocorre uma rápida e violenta liberação de energia, associado a uma expansão de
gases acarretando o aumento da pressão acima da pressão atmosférica. É a queima de gases ou partículas
sólidas em altíssima velocidade, em locais confinados. É um fenômeno onde ondas de pressão que
provocam efeitos destrutivos, capaz de provocar a liberação repentina de uma força ou grande volume de
energia, deslocamento violento de ar ou gás causando um estrondo.
Devemos ter um cuidado muito grande com combustíveis líquidos armazenados em tanques, pois acima da
temperatura de fulgor, liberam vapores que podem explodir (num ambiente fechado) na presença de uma
fonte de calor.
Outra forma de explosão é a reação química violenta e instantânea que pode ocorre entre dois produtos
químicos incompatíveis, pois esta reação provoca uma pressão anormal, ocasionando a explosão.
A deflagração e a detonação podem ser classificadas como dois tipos de explosão, pois nestes dois casos
podem ocorrer efeitos destrutivos, quando o ambiente não consegue suportar a pressão gerada.
A velocidade que ocorre a explosão é característica de cada formulação e é influenciada pelo diâmetro do
recipiente, grau de confinamento, tipo de iniciação, presença de água e outros fatores.
6.9. DEFLAGRAÇÃO
A velocidade da propagação é superior a 1 m/s, mas inferior a 400 m/s, no entanto há uma elevação na
pressão com valores limitados entre 1 a 10 vezes a pressão inicial. Podem ocorrer à deflagração com a
pólvora, algumas poeiras combustíveis e vapores líquidos.
6.10. DETONAÇÃO
A velocidade de detonação comum em gases estão entre os 1.800 m/s e os 3.000 m/s e em sólidos estão
entre os 6.000 m/s e os 8.000 m/s. Portanto a velocidade de propagação é superior a 400 m/s. Pela
descontinuidade das ondas de pressão gerada, cria-se uma onda de choque que pode atingir até 10 vezes a
pressão inicial. Pode ocorrer com explosivos industriais, como a nitroglicerina, e em circunstâncias especiais,
com a mistura de gases e vapores em espaços confinados.
7. EVOLUÇÃO DE UM INCÊNDIO
A possibilidade de um foco ou princípio de incêndio extinguir ou
evoluir para um grande incêndio depende basicamente dos
seguintes fatores:
a) quantidade, volume e espaçamento dos materiais
combustíveis no local;
b) tipo de combustível da queima;
c) tipo de ambiente e dimensão do local (fechado, aberto, pé
direito, paredes, etc.);
d) velocidade e direção do vento.
i) FASE INICIAL
A primeira fase inicia-se quando se atinge o Ponto de Combustão inicial do material combustível e
caracteriza-se por grandes variações de temperatura de ponto a ponto, ocasionadas pela inflamação
sucessiva dos objetos existentes no recinto, de acordo com a alimentação de ar.
A combustão não reduziu o oxigênio do ambiente significativamente, há em torno de 20% de oxigênio, e o
fogo está produzindo vapor de água, dióxido de carbono, monóxido de carbono e outros gases. O fogo
progride lentamente, uma vez que a maioria do calor que gera está sendo consumido para aquecer o
ambiente, que tem a sua temperatura nesta fase em torno de 38ºC, no entanto produz uma chama com
temperatura acima de 537ºC. Nesta fase, não há um risco muito grande ainda, porém, dependendo do
combustível que está queimando, podem existir fumaça e gases nocivos.
Nesta frase é muito importante uma ação rápida e eficaz de combate para evitar a propagação do fogo,
sendo os primeiros minutos e até segundos muito importantes para o controle.
Página 13 de 78
ii) FASE DA QUEIMA LIVRE
É uma fase de grande extensão, vai da fase inicial até a fase da queima lenta, normalmente há necessidade
de combate por profissionais (bombeiros) e os prejuízos causados podem ser catastróficos.
O ar rico em oxigênio é atraído pelas chamas, enquanto os gases quentes levam o calor até o teto, formando
uma camada de fumaça. Esta fumaça se deposita lateralmente do topo para baixo forçando o ar fresco a
procurar níveis mais baixos e entrar em contato com a chama, participando da reação química.
A temperatura do ambiente irá aumentar paulatinamente, até o ponto que, na etapa mais adiantada, a parte
superior do ambiente tenha temperatura acima de 700 ºC. À medida que o fogo progride, continua a aquecer
o ambiente e a consumir o oxigênio, e se não houver ventilação, os gases da combustão não terão como
reagir e permanecerão no recinto. O fogo é então levado à fase da queima lenta e uma ventilação
inadequada fará com que o fogo volte a arder com grande intensidade ou, até mesmo, explodir o ambiente.
7.2.1. BACKDRAFT
Página 14 de 78
iii) SINAIS E SINTOMAS DE UM “BACKDRAFT”
O primeiro sinal para a possibilidade de um “Backdraft” é a história do fogo, se o fogo esta queimando por
algum tempo, e tem gerado muita fumaça que passa a sair da edificação, e aparentemente está morto,
apagado sem grandes áreas com chamas visível do lado de fora, a possibilidade é que está sem oxigênio.
alta temperatura no interior do ambiente;
fumaça escura e densa, mudando de cor para cinza-amarelada, saindo das frestas do ambiente em
forma de lufadas;
pouca ou nenhuma chama;
ruído anormal; e
rápido movimento de ar para dentro do ambiente pelas frestas ou por aberturas realizadas (sinais de
consumo de oxigênio).
Página 15 de 78
i) FORMAÇÃO DO “FLASHOVER”
Uma camada de fumaça subirá até o teto quando a mesma ficará confinada em um compartimento, na
mesma velocidade com que ela é gerada. Contudo, se houver combustível que ainda não estiver queimando
no compartimento, haverá um ambiente instável. Inicialmente, as chamas não alcançarão o teto e a
propagação do fogo estará limitada a materiais inflamáveis próximos a sua base, que entrarão em ignição
pela radiação do calor da nuvem de fumaça.
A altura da chama aumentará até alcançar o teto. Ela agora começará a se propagar pelo compartimento.
Na camada de gás quente com as chamas queimando, junto ao teto, acima da camada de fumaça, onde o ar
estiver sendo arrastado e no limite entre a camada de gás quente e ar que não está envolvido na
combustão, fazendo com que os gases inflamáveis possam reagir com o oxigênio.
Uma vez que a chama começou a se propagar no compartimento no nível do limite entre os gases quentes e
o ar do ambiente, isto aumentará a radiação térmica dos produtos quentes da combustão que estiverem ali.
Os outros materiais inflamáveis no compartimento aumentarão de temperatura rapidamente. Eles não
somente serão aquecidos ao lado da nuvem de fumaça, mas também serão aquecidos pela parte superior,
onde as chamas e os produtos quentes de combustão poderiam estar muito próximos, dependendo da altura
do limite (entre o ar e teto).
Em grandes compartimentos com tetos mais altos, a chama e os produtos
quentes da combustão podem propagar ao nível do teto sem chegar perto o
suficiente de materiais combustíveis para iniciar a emanação de gases
inflamáveis.
Contudo, pode ser que, a certa distância do fogo, com a descontinuidade do
teto poderá ocorrer que os gases quentes entre em movimentos giratórios a um
nível mais baixo, ou poderá haver um acúmulo grande de materiais inflamáveis.
Em qualquer um desses casos, a fonte de radiação térmica tem sido trazida
mais próxima do combustível, o que pode resultar em ignição. Por este
mecanismo, a propagação do fogo pode obstruir a rota de fuga.
Com a descida da camada de fumaça quente, principalmente se o teto for
baixo, todo o material restante contido no compartimento será aquecido para o
estágio que eles começarão a emanar gases inflamáveis. É uma questão de
tempo para que haja uma súbita mudança na dimensão do fogo, caso nenhuma
ação seja tomada para prevenir isto, quanto menor o compartimento, mais cedo
estas condições serão encontradas com maior facilmente.
Uma vez que os gases inflamáveis estão sendo emanados pela maioria dos
materiais do compartimento, a propagação de um fogo localizado para todo
ambiente, pode provocar um fenômeno conhecido como “Flashover”.
Página 16 de 78
iv) AÇÕES DE PREVENÇÃO
A principal razão de um “Flashover” é a radiação dos gases quentes e chamas acima deles, a solução lógica
é resfriar esta área. Isto terá efeito de redução das chamas e calor radiado, e forçando a subida da camada
de fumaça. Direcionando o jato neblina para o teto terá este efeito. Contudo, muita água causará a geração
de grande quantidade de vapor de água. Muito resfriamento trará a camada de fumaça para baixo,
encobrindo tudo.
Nestas circunstâncias, será mais efetivo para os bombeiros atacar os gases quentes com jatos intermitentes
de neblina, observando seus efeitos, e então julgando o quanto de água será suficiente.
Uma vez que o perigo imediato de um “Flashover” tenha sido eliminado, o próximo passo depende se as
condições de “Flashover” podem ocorrer novamente, antes que o fogo possa ser extinto. Se isto for possível,
é importante ventilar o fogo tão logo quanto possível.
Se os gases quentes são liberados mais rápidos do que são gerados a camada de fumaça, também,
reduzirá e o risco de “Flashover”. Aberturas no telhado são designadas para fazer exatamente isto,
automaticamente ou quando operado pelo bombeiro. Contudo é importante que as aberturas corretas sejam
feitas. Quanto mais longe do fogo a abertura estiver mais rápido os gases quentes devem percorrer e haverá
maior chance do fogo se alastrar.
Onde não houver aberturas preexistentes, os bombeiros têm a opção de fazê-las. Deve ser lembrado,
contudo, que o uso incorreto de ventilação pode resultar em aumento da propagação do fogo pela parte
superior, assim como os gases quentes estão direcionados nas áreas, eles podem de outro modo levar mais
tempo para alcançá-las.
7.2.6. BLEVE
Original do inglês Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion (explosão do vapor do líquido em expansão).
Bleve é um fenômeno decorrente da explosão catastrófica de um reservatório, quando um líquido nele
contido atinge uma temperatura bem acima da sua temperatura de ebulição à pressão atmosférica com
projeção de fragmentos e de expansão adiabática.
Num Bleve ocorre a ruptura de um tanque em duas ou mais partes, que acontece no momento em que o
líquido do tanque encontra-se a uma temperatura superior ao seu Ponto de Ebulição a uma pressão
atmosférica normal. Se o referido líquido for inflamável, poderá produzir uma grande explosão.
Ou numa definição mais simples: é a combinação de incêndio e explosão, com uma emissão intensa de
calor radiante, em um intervalo de tempo muito pequeno.
Um Bleve gera uma "Bola de Fogo", que pode causar danos materiais e queimaduras a centenas de metros
de distância, dependendo da quantidade de gás liquefeito envolvida.
Exemplo: num tanque no qual um gás liquefeito, como o GLP, é mantido sobre pressão abaixo de seu ponto
de ebulição atmosférico. Se houver um vazamento instantâneo, devido a uma falha estrutural, todo, ou a
maior parte de seu conteúdo, é expelido sob a forma de uma mistura turbulenta de gás e líquido, que se
expande rapidamente, dispersando-se no ar sob a forma de nuvem. A ignição dessa nuvem gera uma "Bola
de Fogo", que pode causar danos materiais e queimaduras a centenas de metros de distância, dependendo
da quantidade de gás liquefeito envolvida é uma combinação de incêndio e explosão, com uma emissão
intensa de calor radiante, em um intervalo de tempo muito pequeno.
Página 17 de 78
7.2.7. BOIL OVER
Traduzindo do inglês podemos dizer que Boil Over significa: ferver até derramar fora.
É a expulsão total ou parcial de petróleo ou outros líquidos, em forma de espuma, de um tanque em chamas,
quando o calor atinge a água acumulada no fundo do tanque.
É um fenômeno que ocorre devido ao armazenamento de água no fundo de um recipiente, sob combustíveis
inflamáveis, sendo que a água empurra o combustível quente para cima, durante um incêndio, espalhando-o
e arremessando-o a grandes distâncias.
Também conhecido como expulsão do líquido em ebulição, acontece quando um recipiente está em volta
com chamas, e em seu interior existem ondas convectivas de calor. Caso este calor chegue à água contida
na parte inferior do tanque, pode causar uma rápida e generalizada evaporação desta água, aumentando
assim demasiadamente o volume e a pressão dentro do tanque.
Conseqüentemente todo o conteúdo do tanque ainda flamejante é expulso para fora do mesmo, atingindo
uma área grande ao seu redor. Exemplo: panela de pressão.
A adoção de tanques de película flutuante para o armazenamento de petróleo faz com que a possibilidade
de fogo seja restrita ao espaço anular entre o teto flutuante e o costado do tanque. Essa reduzida área de
fogo, aliada à facilidade que se tem para extingui-lo, faz com que seja mínima a possibilidade de ocorrer “boil
over” em tanques de petróleo que possuam teto flutuante.
8.1. CONDUÇÃO
É a transferência de calor através de um corpo sólido de molécula a
molécula ou de corpo a corpo. Quando dois ou mais corpos estão em
contato, o calor é conduzido através deles como se fosse um só corpo.
Ex.: uma viga de metal é usada como suporte de telhado de um
compartimento, onde é mantido estoque de um material, a ocorrência de
um incêndio (primário) próximo a uma das extremidades da viga pode
provocar nesta um aquecimento capaz de, por condução, transmitir o
incêndio (secundário) para os materiais que estiverem próximos dela.
8.2. CONVECÇÃO
É a transferência de calor pelo próprio movimento
ascendente e, às vezes, descendente, de massas de
gases ou líquido, ou seja, é um processo de transmissão
de calor que se faz através da circulação dum meio
transmissor: gás ou líquido. A massa de ar aquecida que
se deslocam de um ambiente para outro, levando calor suficiente para incendiar
corpos combustíveis com os quais entra em contato noutro ambiente. Durante
um incêndio, a convecção é responsável pelo seu alastramento muitas vezes a
compartimentos distantes do local de origem do fogo. As aberturas verticais,
tais como: poços de elevadores, dutos de ar condicionado e lixeiras, funcionam
como uma verdadeira chaminé, onde se propaga a massa de ar aquecida.
Exemplos: o ar quente projetado pelo secador de cabelo; um incêndio
localizado nos andares baixos (ou porão) de um prédio: os gases aquecidos
sobem pelas aberturas verticais e, atingindo combustíveis dos locais elevados
do prédio, irão provocar seu aquecimento conseqüente focos de incêndio.
8.3. IRRADIAÇÃO
É a transmissão de calor de um corpo para o outro por meio de raios ou ondas caloríficas através de
espaços intermediários, da mesma forma que a luz é transmitida pelos raios solares. É dessa forma que o
calor do sol chega até nós. A exemplo da luz, o calor irradiado caminha através do espaço em uma linha reta
até se encontrar com um objeto opaco, onde é absorvido e prossegue através do objeto por condução. Um
exemplo desse método de transmissão de calor é quando nos aproximamos de um incêndio; o calor que
sentimos a distância é o calor radiante. É a forma de transmissão de calor por raios, sem auxílio de
substância material. O calor irradiado não é percebido a olho nu.
Exemplos: a sensação quente que sentimos, quando nos aproximamos de um fogo; a sensação de calor
produzida por uma lâmpada elétrica acesa.
Assim sendo podemos exemplificar as três forma com o exemplo da barra metálica:
Uma barra metálica aquecida diretamente pela chama transmite calor em direção às suas extremidades por
Condução. A outra barra localizada na direção dos gases aquecidos, acima da chama recebe calor por
Convecção desses gases e uma parte também por Radiação. As superfícies localizadas junto às laterais da
chama, por sua vez, recebem calor inteiramente por Radiação.
Página 18 de 78
9. CLASSES DE INCÊNDIO
Normalmente os incêndios são classificados em: A, B, C e D.
Essa Classificação foi
elaborada pela NFPA –
Associação Nacional de
Proteção a Incêndios /
EUA, e adotada pelas:
IFSTA – Associação
Internacional para o
Treinamento de
Bombeiros / EUA, ABNT
– Associação Brasileira
de Normas Técnicas /
BR e Corpos de
Bombeiros / BR. Esta
classificação vai de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a situação em que se encontram e
determina a necessidade do agente extintor adequado.
Página 19 de 78
10. TÉCNICAS DE EXTINÇÃO
Partindo do princípio que para haver fogo são necessários o combustível, o comburente e o calor, que
formam o triângulo do fogo, então, para o extinguirmos, basta eliminarmos um desses elementos, a partir de
uma das seguintes técnicas.
Página 20 de 78
11. AGENTES EXTINTORES
São certas substâncias sólidas, líquidas ou gasosas, que são utilizadas na extinção de incêndios quer por
abafamento, resfriamento ou ainda usando os dois processos.
Os agentes extintores devem ser aplicados conforme a classe de incêndio, pois em alguns casos, sérias
conseqüências poderão ocorrer, quando utilizados inadequadamente.
Normalmente os agentes extintores estão dispostos em aparelhos portáteis de utilização imediata
(extintores), conjuntos hidráulicos (hidrantes) e dispositivos especiais (sprinklers, sistemas fixos de CO2, etc).
Em suma podemos dizer que agentes extintores são todas as substâncias capazes de interromper uma
combustão, quer por resfriamento, abafamento, extinção química ou utilização simultânea desses processos.
A seguir alguns dos principais agentes extintores utilizados.
11.1. ÁGUA
É o principal agente extintor muito em função de sua disponibilidade e compatibilidade com os produtos
envolvidos num incêndio. Uma das razões técnicas é o volume de vapor gerado pela água, que aumenta em
torno de 1.700 vezes, quando ocorre sua vaporização, proporcionando um grande deslocamento do ar
ambiente, impedindo que o oxigênio entre em contato com os materiais e inibindo o processo de combustão.
No entanto, em edificações o uso da água para combate a incêndios deve ser feito com o cuidado de
desligamento da corrente elétrica, que normalmente já é a primeira ação a ser feita.
Sua ação de extinção é o resfriamento, nas formas de jato compacto e chuveiro, mas na forma de neblina,
sua ação também é a de abafamento. A água ainda pode ser utilizada no estado gasoso, em forma de
vapor. Um cuidado muito importante que se deve tomar com o uso da água, como agente extintor, é pelo
fato da água ser condutora de corrente elétrica e gerar um risco, às vezes, maior que o próprio sinistro que é
o de choque elétrico.
Não deve ser lançada sob forma de jato pleno em incêndios que envolvam líquidos combustíveis, pois pode
transformar um incêndio de pequenas proporções em incêndio de grandes proporções. Somente deverá ser
aplicada na forma de neblina ou vapor.
É bastante eficiente na extinção de incêndio de derivados de petróleo de alto ponto de fulgor (tais como óleo
combustível, óleo lubrificante), pois reduzirá a taxa de vaporização de maneira suficiente a extinguir o
incêndio.
Para incêndios em líquidos inflamáveis (baixo ponto de fulgor), tem sua capacidade extintora limitada, sendo
eficaz apenas para pequenos focos de fogo. Em incêndios deste tipo o agente extintor mais adequado é a
espuma mecânica. A água é também de importância fundamental para resfriamento dos equipamentos
próximos ao incêndio, evitando a sua propagação.
Em suma a água é normalmente utilizada nos incêndios de Classe A e tem o efeito principal de resfriamento
e secundário de abafamento. A água também pode ser utilizada em incêndios de Classe B, na ação de
resfriamento de um recipiente contendo um líquido em chamas, por exemplo, mas não deve ser utilizada
diretamente neste líquido, salvo numa técnica especial de saturação, mas que requer um conhecimento
apurado do seu uso.
11.2. ESPUMA
Sua principal ação de extinção é de abafamento e, secundariamente, de resfriamento. Por utilizar razoável
quantidade de água na sua formação, conduz corrente elétrica, portanto nunca deve ser utilizada em
incêndios de Classe “C”, normalmente utilizado em combate a incêndios de Classes “A” e “B”.
Existem dois tipos básicos de formação de espuma. A espuma química que pode ser obtida através de uma
reação química de sulfato de alumínio com bicarbonato de sódio mais um agente estabilizador da espuma. E
a espuma mecânica que pode ser obtida por um processo de batimento de uma mistura de água com um
agente espumante (extrato) e a aspiração simultânea de ar atmosférico em um esguicho próprio. A espuma
mecânica pode ser de baixa, média ou alta expansão.
A espuma mecânica para combate a incêndios é um agregado de bolhas cheias de ar, gerada por meios
puramente mecânicos que incorporam o ar, a uma solução de água com pequena proporção de extrato
(líquido gerador de espuma).
A espuma é o agente extintor indicado para combate a incêndios em líquidos combustíveis ou inflamáveis,
devendo ser aplicada preferencialmente em um anteparo junto ao fogo ou suavemente nas superfícies
inflamadas. Como sua densidade é menor que a dos líquidos combustíveis ou inflamáveis forma um lençol
de espuma sobre o líquido extinguindo o fogo por abafamento. Secundariamente age por resfriamento,
devido à grande quantidade de água que contém.
A espuma por ser uma solução aquosa é condutora de eletricidade, portanto não deve ser usada para
combate a incêndios em equipamentos elétricos energizados.
Página 21 de 78
11.3. GASES INERTES
São os casos de alguns gases, tais como: dióxido de carbono, nitrogênio e os hidrocarbonetos halogenados,
que não conduzem correntes elétricas e extinguem o fogo por abafamento, devido, principalmente, a sua
ação de expulsar o oxigênio da atmosfera a níveis menores de 18%, devendo, por isso, ter muito cuidado
com o uso desta técnica em ambientes fechados, pois pode causar asfixia aos ocupantes ou mesmo aos
combatentes.
O mais comum deles é o dióxido de carbono (CO2), que além de ser um gás incombustível, inodoro, incolor,
não é tóxico e não conduz corrente elétrica, sendo, portanto o agente extintor mais utilizado para combate a
incêndio envolvendo equipamentos elétricos energizados. O CO2 é mais pesado que o ar, impedindo que o
oxigênio alimente a combustão, agindo por abafamento. Em virtude de sua baixa temperatura ao vaporizar-
se age, secundariamente, por resfriamento. Pode também ser utilizado no combate a incêndios em líquidos
combustíveis ou inflamáveis. Embora não seja tóxico o CO2 é asfixiante, e não devemos aplicá-lo em recinto
fechado, sem ventilação com pessoas no seu interior.
Página 22 de 78
12. APARELHOS EXTINTORES DE INCÊNDIO
O extintor de incêndio ou simplesmente de extintor, como é popularmente
chamado, deve ser utilizado para combater o fogo, quando ainda em sua fase
inicial, evitando um incêndio em grandes proporções. Por serem feitos para
utilização rápida, sua eficácia ficará condicionada ao fácil acesso, perfeito serviço
de manutenção e conhecimento do operador das técnicas de extinção do fogo e
da própria operação dos extintores.
As previsões desses equipamentos nas edificações decorrem da necessidade de se efetuar o combate ao
princípio de incêndio, logo após a sua detecção, ainda em sua origem, enquanto são pequenos focos. Esses
equipamentos primam pela facilidade de manuseio, de forma a serem utilizados por homens e mulheres,
contando unicamente com um treinamento básico. Além disso, os preparativos necessários para o seu
manuseio não consomem um tempo significativo e, conseqüentemente, não inviabilizam sua eficácia em
função do crescimento do incêndio.
De um modo geral, os extintores são constituídos por um recipiente de aço, cobre, latão ou material metálico
equivalente, contendo em seu interior o agente extintor. Quanto à sua nomenclatura, normalmente recebem
o nome do agente que acondicionam em seu interior. Exemplos: extintores de água, extintores de dióxido de
carbono (CO2), extintores de espuma, extintores de pó químico seco (PQS).
Quanto ao tamanho, os extintores podem ser: portáteis (até 10 litros para espuma, carga líquida e água
pressurizada, até 06 kg para CO2 e até 12 kg para PQS) e rebocáveis (carretas) para tamanhos maiores.
Os extintores não devem ser considerados como substitutos de sistemas de extinção mais complexos, mas
sim como equipamento adicional ou para um primeiro combate.
Para a operação do extintor é necessária apenas uma pessoa e seu tempo de utilização, varia de acordo
com o agente extintor e a capacidade do recipiente, mas pode passar até de um minuto. Para cada classe
de incêndio existem um ou mais extintores próprios para combatê-la.
Todos os extintores possuem em seu corpo um rótulo de acordo com o sistema internacional de
identificação, no qual constarão as classes de incêndio para as quais são indicados.
No Brasil, o sistema de classificação é baseado em estudos e normas elaborados pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT), reconhecida em todo o território nacional como fórum nacional de
normalização e membro do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial do
Ministério da Indústria e Comércio.
O manômetro que acompanha alguns extintores, além de indicar a pressão do aparelho (quantidade de gás
existente), serve também como válvula de segurança, que se rompe automaticamente com o excesso de
pressão, fora dos limites de segurança, garantindo assim a segurança do usuário. Para isto é importante,
durante a operação manter sempre livre do rosto e outras partes do corpo acima desta válvula.
Para a sua melhor utilização os extintores devem:
estar dimensionados ao risco existente no local;
possuir condições operacionais de uso;
estar estrategicamente localizado;
possuir pessoas treinadas no seu manuseio.
Os riscos especiais, como casa de medidores, cabinas de força, depósitos de
gases inflamáveis e caldeiras, devem ser protegidos por extintores,
independentemente de outros sistemas de proteção, que cubram a área onde se
encontram os demais riscos.
Os extintores que ficarem expostos a intempéries deverão ficar guardados em armários (ou cabines)
especiais.
Página 23 de 78
i) EXTINTOR DE ÁGUA PRESSURIZADA – AP
O agente extintor, neste caso a água pressurizada – AP é contido em seu cilindro de aço e mantido sob
pressão durante o tempo todo. Essa pressão, que pode ser ar comprimido ou CO2, é controlada através de
manômetros. O aparelho é operado mediante a retirada do pino de proteção e acionamento da válvula,
sendo o jato guiado por mangueira nele contida. Dentro do cilindro existe um gás junto com a água sob
pressão, quando acionado o gatilho, a água é expelida resfriando o material em combustão, tornando a
temperatura inferior ao ponto de ignição.
PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO:
1 – retire-o do seu suporte;
2 – dirija-se a um local seguro;
3 – solte a trava de segurança;
4 – empunhe o gatilho e a pega da mangueira;
5 – faça o teste de funcionamento, acionando o gatilho para um local seguro;
6 – conduza o extintor até as proximidades do fogo;
7 – coloque-se a uma distância segura;
8 – acione o gatilho e ataque o fogo dirigindo o jato para a base do fogo.
Página 24 de 78
12.1.3. EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO (PQS) – TIPO BC
Os compostos químicos mais utilizados, como
agentes extintores, são bicarbonato de sódio (o
mais utilizado), bicarbonato de potássio e
cloreto de potássio, mas também são
encontrados agentes extintores a base de
bicarbonato de potássio com uréia e fosfato de
monoamonia. Já o agente propulsor mais
empregado nos extintores é o dióxido de
carbono e o nitrogênio, sendo este último mais
utilizado nos pressurizados. O bicarbonato de
sódio recebe um devido tratamento, a fim de
circular livremente no interior do aparelho. Ao
entrar em contato com as chamas, o pó se decompõe, isolando rapidamente o oxigênio indispensável à
combustão e extinguindo o fogo por abafamento.
Portanto a principal ação do pó, no fogo, é fazer sobre a superfície em chamas, uma nuvem de pó para
isolar o oxigênio.
Além desta ação do pó no estado normal, ainda há a produção de CO2 e vapor d’água em conseqüência de
queima do bicarbonato, que auxiliam no abafamento. A ação do extintor de pó demonstra mais eficiência que
o CO2, pois sendo sólida, a nuvem cai e tem ação de permanência, pois o fogo, antes de tornar a avivar, tem
de queimar o bicarbonato. O extintor de PQS é o mais indicado para ação de combate em materiais da
classe “B” (líquidos inflamáveis), mas também pode ser usado na classe “C” (equipamentos elétricos).
Também para fogos superficiais pode ser utilizado na classe “A”, desde que haja a disposição um extintor
que atue por resfriamento que auxilie a extinção do material, em combustão lenta e braseiros.
A norma NBR 10.721 trata de extintores de incêndio com carga de pó químico.
CAPACIDADE: 1, 2, 4, 6, 12 e 50 kg – sendo mais usual de 6 kg; o de 50kg é utilizado sobre rodas (carreta).
COMPOSIÇÃO DO AGENTE EXTINTOR: bicarbonato de sódio e potássio.
APLICAÇÃO: Classes “B” e “C”; em fogos superficiais na classe “A”.
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO: o pó químico seco é expelido pela mangueira através de um gás inerte.
MÉTODO DE EXTINÇÃO: quebra da reação em cadeia e faz o abafamento.
TIPOS: pressurizado e injetado (pressurização indireta).
VANTAGENS e RESTRIÇÕES: o extintor de PQS oferece uma vantagem muito grande para o usuário, em
relação ao de CO2, pois, devido ao seu alcance, permite ao usuário manter-se numa distância maior e mais
segura, no entanto sua ação corrosiva e destrutiva sobre o material é uma característica que deve ser levada
em consideração, principalmente em equipamentos eletrônicos e sensíveis, muito comum, hoje em dia, nas
máquinas e equipamentos.
Página 25 de 78
12.1.4. EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO (PQS) – TIPO ABC
O novo tipo de extintor, com pó ABC apaga os três tipos de incêndio. Com ele, você não precisa identificar a
classe do fogo antes de utilizar o equipamento.
a) Segurança ao operador. O pó ABC apaga todos os tipos de incêndio em carros com mais eficiência. Ele é
capaz de apagar chamas de até 2 metros (1-A) em sólidos, e 4 metros (5-B) em líquidos inflamáveis.
b) Validade de 5 anos.
c) Garantia de qualidade por parte dos fabricantes
d) Comodidade para o usuário, que passa um grande período sem preocupações.
O pó ABC, largamente utilizado na Europa e nos EUA, não é nocivo à saúde. Seu principal componente, o
fosfato monoamônico, é um produto muito utilizado na produção de fertilizante agrícola. Após a utilização de
um extintor ABC, recomenda-se apenas ventilar o local e as áreas atingidas.
Hoje no Brasil é obrigatório em todos os veículos, visto que 90% dos incêndios que se iniciam no
compartimento do motor (classes B e C) passam para o painel, o carpete e o estofamento (classe A) onde
estão os passageiros do veículo.
Página 26 de 78
Deve ser evitado o jato sobre qualquer parte do corpo, pois poderá provocar queimaduras. Outra
característica restritiva do extintor de CO2 é por serem bem pesados, em relação ao demais extintores,
dificultando a sua operação, além do fato de requerer do usuário maior habilidade no seu uso para vencer o
fogo usando o CO2 para expulsar o O2. Dentro de escritórios, podem estar dentro de um suporte adequado
no chão. Apesar de todas as restrições e dificuldades o extintor de CO2 é considerado por muitos, como o
melhor dos extintores de incêndio, pois se usado corretamente num foco ou princípio de incêndio, permite
um controle muito eficiente do fogo e não deixar resíduos por sua ação extintora.
PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO:
1 – retire-o do seu suporte;
2 – dirija-se a um local seguro;
3 – solte a trava de segurança;
4 – empunhe o gatilho e a pega do difusor (cuidado para não deixar a mão diretamente no difusor, sob o
risco de queimaduras);
5 – faça o teste de funcionamento, acionando o gatilho para um local seguro;
6 – conduza o extintor até as proximidades do fogo;
7 – coloque-se a uma distância segura;
8 – acione o gatilho e ataque o fogo, fazendo movimento circulares com o punho procurando acalçar toda
área coberta pelo fogo para expulsar o oxigênio.
Página 27 de 78
12.2. QUANTIDADE DE EXTINTORES
A quantidade e o tipo de extintores portáteis e sobre rodas devem ser dimensionados para cada ocupação
em função: 1) da área a ser protegida;
2) das distâncias a serem percorridas para alcançar o extintor;
3) os riscos a proteger.
A quantidade de extintores é determinada pelas condições estabelecidas para uma unidade extintora.
CLASSE DE OCUPAÇÃO
ÁREA COBERTA PARA RISCO DE DISTÂNCIA MÁXIMA A
Segundo Tarifa de Seguro Incêndio do
UNIDADE DE EXTINTORES FOGO SER PERCORRIDA
Brasil – IRB
500 m² pequeno "A" - 01 e 02 20 metros
250 m² médio "B" - 02, 04, 05 e 06 10 metros
150 m² grande "C" - 07, 08, 09, 10, 11, 12 e 13 10 metros
Deverão ser previstas, no mínimo, independente da área, risco a proteger e distância a percorrer, duas
unidades extintoras, para cada pavimento, sendo destinadas para proteção de incêndio em sólidos e
equipamentos elétricos energizados, no entanto em alguns ambientes menores, sem armazenamentos de
materiais e produtos químicos, pode ser dimensionado um único extintor.
Página 28 de 78
12.4. INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DOS EXTINTORES
12.4.1. INSPEÇÃO
Exame periódico, efetuado por pessoal habilitado, que se realiza no extintor de
incêndio, com a finalidade de verificar se este permanece em condições originais
de operação. A inspeção é uma verificação sistemática dos extintores, no próprio
local de sua permanência e tem objetivo de verificar se estão em perfeitas
condições operacionais e principalmente se estão devidamente carregados,
desobstruídos, sinalizados e adequados ao risco. Cada extintor deve ser
inspecionado visualmente a cada mês, conforme determina a NR-23, analisando
seu aspecto externo, os lacres, os manômetros. Quando pressurizado, ver
possíveis entupimentos nos bicos e válvulas de alívio, etc.
A inspeção pode ser semanal ou diária, a depender do risco do local, ou mesmo da possibilidade de furto,
vandalismo ou exposição a intempéries. Toda e qualquer irregularidade observada na inspeção e que possa
comprometer o perfeito funcionamento do extintor deve ser sanada de imediato.
Todo o extintor deve possuir uma ficha de controle para registro das inspeções, conforme modelo abaixo.
Cada extintor deverá ser inspecionado visualmente a cada mês, examinando-se o seu aspecto externo, os
lacres, os manômetros quando o extintor for do tipo pressurizado, verificando se o bico e válvulas de alívio
não estão entupidos, devendo ter uma etiqueta de identificação presa ao seu bojo, com data em que foi
carregado, data para recarga e número de identificação. Essa etiqueta deverá ser protegida
convenientemente a fim de evitar que esses dados sejam danificados.
MODELO DA FICHA DE CONTROLE DE INSPEÇÃO EM EXTINTORESMARCA
: TIPO: EXTINTOR N.º:
ATIVO FIXO: LOCAL: ABNT N.º:
HISTÓRICO
Código e reparos
Data Recebido Inspecionado Reparado Instrução Incêndio
1. Substituição de Gatilho
2. Substituição de Difusor
3. Mangote
4. Válvula de Segurança
5. Válvula Completa
6. Válvula Cilindro Adicional
7. Pintura
8. Manômetro
9. Teste Hidrostático
10. Recarregado
11. Usado em Incêndio
12. Usado em Instrução
13. Diversos
CONTROLE DE EXTINTORES
12.4.2. MANUTENÇÃO
Serviço efetuado no extintor de incêndio com a finalidade de manter suas condições originais de operação,
após sua utilização ou quando for requerido por uma inspeção. A manutenção é uma operação que envolve
descarga, desmontagem, reparos, substituições de peças danificadas, pinturas, marcação, testes
hidrostáticos, recarga, etc. Existem basicamente três tipos de manutenção.
Página 29 de 78
ii) MANUTENÇÃO DE SEGUNDO NÍVEL
Manutenção que requer execução de serviços com equipamento e local apropriados e por pessoal
habilitado. A manutenção de segundo nível consiste em:
a) desmontagem completa do extintor;
b) verificação da carga;
c) limpeza de todos os componentes;
d) controle de roscas;
e) verificação das partes internas e externas, quanto à existência de danos ou corrosão;
f) substituição de componentes, quando necessários, por outros originais;
g) regulagem das válvulas de alivio e/ou reguladora de pressão, quando houver;
h) ensaio de indicador de pressão, conforme NBR 9654;
i) fixação dos componentes roscados com torque recomendado pelo fabricante, quando aplicável;
j) pintura conforme NBR7195 e colocação do quadro de instruções, quando necessário;
k) verificação da existência de vazamento;
l) colocação do lacre, identificando o executor.
i RECARGA
Reposição ou substituição da carga nominal de agente extintor e/ou gás expelente.
A recarga deve ser efetuada conforme a NBR12962 – Inspeção, Manutenção e Recarga em Extintores de
Incêndio, considerando-se as condições de preservação e manuseio do agente extintor recomendadas pelo
fabricante. Não são permitidas a substituição do tipo de agente ou do gás expelente nem a alteração das
pressões ou quantidades indicadas pelo fabricante. O agente extintor utilizado numa recarga deve ser
certificado de acordo com normas pertinentes.
A recarga deve ocorrer: a) no vencimento do prazo de validade do produto;
b) quando o extintor estiver parcialmente ou totalmente descarregado;
c) na ausência de inspeções anuais, conforme NBR 12.962.
A empresa responsável pela recarga deve possuir certificação do INMETRO e deverão manter registros que
garantam a rastreabilidade de todos os componentes utilizados, conforme Portaria INMETRO 111/99.
Além disso, é importante que o contratante faça avaliações e inspeções periódicas no fornecedor.
Os cilindros dos extintores de pressão injetada (com ampola) deverão ser pesados semestralmente. Se a
perda de peso for além de 10% do peso original, deverá ser providenciada a sua recarga.
Página 30 de 78
i.3. EXTINTORES DE INCÊNDIO À BASE DE PÓ PARA EXTINÇÃO DE INCÊNDIO
a NBR 10721 trata de extintores de incêndio com carga de pó químico;
estes agentes extintores devem ser substituídos no período máximo definido pelo fabricante, certificado
de acordo com a NBR 9695. Em caso de dúvida, deve retirar-se a amostra a ser analisada em
laboratório, para verificar o cumprimento das características previstas na NBR 9695;
antes do carregamento, certificar-se de que o recipiente esteja limpo e seco;
carregar o extintor com sua massa nominal de agente extintor, respeitando-se as seguintes tolerâncias:
- mais ou menos 5% para extintores com carga nominal de até 2 kg, inclusive;
- mais ou menos 3% para extintores com carga nominal acima de 2 kg até 6 kg, inclusive;
- mais ou menos 2% para extintores com carga nominal acima de 6 kg;
o pó para extinção de incêndio não pode ser secado, pois é termo-degradável, nem peneirado pois é
importante a manutenção da distribuição granulométrica original. Caso ele apresente grumos ou turrões,
ou qualquer evidência de absorção de umidade, deve ser substituído;
o pó para extinção de incêndio não pode ser reutilizado. Entretanto, pode ser descarregado no mesmo
extintor, sem sofrer nenhum outro tipo de manipulação além da retirada da amostra para análise de
laboratório, desde que:
- exista certificado do fabricante, de acordo com a NBR 9695, que comprove a data de fabricação do
produto, de modo que esteja no prazo de validade;
- exista equipamento adequado para carga / descarga de pó para extinção, com recipientes individuais
que garantam o retorno do mesmo produto ao mesmo extintor.
sempre que o extintor for aberto, devem ser observadas as condições ideais de temperatura ambiente
(mínimo de 18ºC; máximo 30ºC), umidade relativa do ar (máximo 55%), bem como a ausência de
correntes de ar que provoquem perda de partículas finas;
os pós para extinção de incêndio não podem ser misturados quanto à sua origem, tipo e composição;
a válvula de alívio, quando houver, deve ser pneumaticamente calibrada, para entrar em funcionamento
com 1,5 vez a pressão normal de carregamento do extintor de incêndio;
a válvula redutora de pressão, quando houver, deve ser pneumaticamente calibrada à pressão normal
de carregamento do extintor de incêndio;
o gás expelente nos extintores pressurizados deve ser introduzido no extintor com 0,2% de umidade, no
máximo. O gás carbônico dos extintores com cilindro de gás deve ser de grau comercial, livre de água e
com pureza mínima de 99,5% na fase vapor.
Página 31 de 78
12.4.3. MANUTENÇÃO DE TERCEIRO NÍVEL OU VISTORIA
Processo de revisão total do extintor, incluindo-se a execução de ensaios hidrostáticos.
i) ENSAIO HIDROSTÁTICO
Aquele executado em alguns componentes do extintor de incêndio, sujeitos a pressão permanente ou
momentânea, utilizando-se normalmente a água como fluído, que tem como principal objetivo avaliar a
resistência dos componentes a pressões normal de carregamento ou de funcionamento do extintor, definidas
em suas respectivas normas de fabricação.
O objetivo é verificar a resistência do recipiente (carcaça do extintor) e deve ser realizada a cada 5 anos,
conforme a NBR 12962.
Normalmente é aplicada uma pressão de 1,5 vezes a pressão de operação. Para os cilindros de baixa
2
pressão o teste hidrostático varia de entre 28 a 30 kgf/cm , onde a pressão de trabalho é de 10,5 a 11,5
2 2
kgf/cm , já para os cilindros de alta pressão varia de 200 a 230 kgf/cm , cuja pressão de trabalho é de
2
aproximadamente 133 kgf/cm .
Página 32 de 78
13. EQUIPAMENTO DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMA – ERA
O objetivo do equipamento é fornecer ar respirável ao usuário para que ele
possa adentrar em áreas cuja presença de oxigênio no ambiente esteja
deficiente ou quando existe a presença de gases tóxicos. Este ar é fornecido
ao usuário por demanda do cilindro preso ao corpo para o respirador facial
através de pressão positiva. O ar que foi exalado é depois expelido para a
atmosfera sem reaproveitamento, por isso é conhecido como circuito aberto.
Página 33 de 78
14. SISTEMA DE ALARME DE EMERGÊNCIA
Nos estabelecimentos de riscos elevados ou médios, deve haver um sistema de alarme capaz de dar sinais
perceptíveis em todos os locais da construção, com número de pontos suficiente em todos os pavimentos.
As campainhas ou sirenes de alarme deverão emitir um som distinto, em tonalidade e altura, de todos os
outros dispositivos acústicos do estabelecimento.
A norma que define os requisitos do sistema é a NBR 9.441/98.
Os botões de acionamento de alarme devem ser colocados nas áreas comuns dos acessos dos pavimentos
e devem ser colocados em lugar visível, devidamente sinalizado, e no interior de caixas lacradas com tampa
de vidro ou plástico, facilmente quebrável. Esta caixa deverá conter a inscrição: "Quebrar em caso de
emergência".
O painel de comando do alarme deve estar instalado na portaria ou numa central de plantão 24h, indicando
com o máximo de precisão, o local onde foi acionado o alarme.
O sistema de alarme deve permitir o seu acionamento de duas formas, basicamente:
manualmente, através de botoeiras devidamente dispostas e sinalizadas;
automático, ligado ao sistema de funcionamento da bomba de incêndio e do acionamento do sistema de
sprinklers ou ainda de outro tipo de sistema instalado.
Além da central ou painel de comando, conforme o tamanho e o risco da organização, deve também existir,
devidamente distribuídos, painéis repetidores, que são equipamentos comandados pelo painel central,
destinado a sinalizar, de forma visual e/ou sonora, as informações do painel central, ou seja, o local de
acionamento do alarme.
Página 34 de 78
14.1.3. CENTRAL DE CONTROLE DO SISTEMA DE ALARME
Pela qual o detector é alimentado eletricamente a ter função de:
receber, indicar e registrar o sinal de perigo enviado pelo detector;
transmitir o sinal recebido por meio de equipamento de envio de
alarme de incêndio;
dar o alarme automático no pavimento afetado pelo fogo;
dar o alarme temporizado para todo o edifício; acionar uma
instalação automática de extinção de incêndio; fechar portas; etc;
CENTRAL DE ALARME
controlar o funcionamento do sistema;
possibilitar testes no sistema.
Página 35 de 78
15.2. DIMENSIONAMENTO DA SAÍDA DE EMERGÊNCIA
Página 36 de 78
15.2.3. EXEMPLO
Um determinado ambiente de uma indústria metalúrgica de alto risco de incêndio, conforme desenho abaixo.
Qual deverão ser a quantidade e a largura das portas de saídas?
30m
5m
Resposta: conforme tabela de classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação as
2
indústrias = “I”, que na tabela acima define para 1 pessoa por 10m de área.
2
A = b x h = 30m x 5m = 150m
2 2
P = 150m / 10m = 15 C = 100
N = P / C = 15 / 100 = 0,15
N = 1 (o arredondamento é sempre para saída)
Sabemos que N = 0,55m e que a largura mínima de uma saída deve ser 1,20m, que corresponde a duas
unidades de passagem. Portanto é necessária apenas uma saída de emergência, no entanto sabemos
também que a distância máxima a ser percorrida para a saída de emergência deve ser de 15m, no caso de
risco grande.
Conclusão: será necessária a instalação de, pelo menos, duas saídas de emergência com 1,20m cada. Uma
em cada parede de 30m, não podendo ficar de frente uma da outra, conforme abaixo.
5m 15m 5m
Idem acima
Observação: frisamos que é importante que o conceito de distância a ser percorrida deve ser levada em
conta, as instalações de máquinas, equipamentos e locais de armazenameto, portanto distância a ser
percorrida é a distância livre que pode seguida pela pessoa numa emergência e está ligada diretamente ao
conceito de rota de fuga.
15.2.5. ACESSOS
Os acessos devem satisfazer às seguintes condições:
a) Permitir o escoamento fácil de todos os ocupantes da edificação;
b) Permanecer desobstruídos em todos os pavimentos;
c) Ter pé-direito mínimo de 2,5 m, com exceção de obstáculos representados por vigas, vergas de portas e
outros, cuja altura mínima livre deve ser de 2,0 m;
e) Ser devidamente sinalizados e iluminados com indicação clara do sentido da saída.
Página 37 de 78
15.2.6. DISTÂNCIAS MÁXIMAS A SEREM PERCORRIDAS
As distâncias máximas a serem percorridas para atingir um local seguro, tendo em vista o risco à vida
humana decorrente do fogo e da fumaça, devem considerar:
a) O acréscimo de risco quando a fuga é possível em apenas um sentido;
b) O acréscimo de risco em função das características construtivas da edificação;
c) A redução de risco em caso de proteção por chuveiros automáticos ou detectores;
d) A redução de risco pela facilidade de saídas em edificações térreas.
As distâncias máximas a serem percorridas para atingir as portas de acesso às saídas das edificações e o
acesso às escadas ou às portas das escadas (nos pavimentos) constam da tabela abaixo e devem ser
consideradas a partir da porta de acesso da unidade autônoma mais distante, desde que o seu
caminhamento interno não ultrapasse 10 m.
X (risco grande) – Edificações em que o crescimento e a propagação do incêndio podem ser fáceis e onde a
estabilidade pode ser ameaçada pelo incêndio.
Y (risco médio) – Edificações onde um dos três eventos é provável: a) rápido crescimento do incêndio; b) propagação
vertical do incêndio; c) colapso estrutural.
Z (risco pequeno) – Edificações concebidas para limitar: a) o rápido crescimento do incêndio; b) a propagação vertical do
incêndio; c) colapso estrutural.
Página 38 de 78
15.5. SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA
A falta de iluminação por falta de energia elétrica ou desligamento devido a um incêndio. No caso de falta de
energia elétrica devem entrar, automaticamente, em operação um gerador de emergência, com
funcionamento por um combustível, normalmente óleo diesel, para manter acesa algumas luminárias,
chamadas de lâmpadas vigias.
Nas portas das saídas de emergência devem, sempre que possível, serem instaladas luminárias de energia
autônoma, que funciona por bateria recarregável de chumbo/ácido selada, que dispensa manutenção.
Fixada sobre a porta com a inscrição: “SAÍDA”, na cor verde, ficando ligada a rede elétrica de energia, que
entra em funcionamento após o desligamento da energia, facilitando desta forma o abandono da área.
Algumas luminárias têm baterias com autonomia superior a 6 horas de funcionamento.
i ÁREA DO QUADRADO
ii ÁREA DO RETÂNGULO
iii ÁREA DO
PARALELOGRAMO
iv ÁREA DO LOSANGO
D=
d=
Página 40 de 78
v ÁREA DO TRAPÉZIO
vi ÁREA DO TRIÂNGULO
vii CÍRCULO
A A
h h
SEÇÃO ESFÉRICA
Página 41 de 78
iii) CÁLCULO DA CAPACIDADE DO RESERVATÓRIO
O reservatório deve ter a capacidade para suprir minha necessidade de uso d’água de incêndio durante,
pelo menos 30 minutos, prevendo a utilização de todos os hidrantes existentes na empresa.
Para dimensionamento do meu sistema, eu devo fazer isto na fase do projeto, por isso, eu preciso saber
qual será vazão do meu hidrante mais desfavorável, ou seja, o que sofre mais perda de pressão, e a
quantidade de hidrantes que terei na minha empresa.
Exemplo: num projeto de instalação industrial de uma nova empresa, está previsto a instalação de 10
hidrantes, com um sistema de bomba de incêndio que deve me dar a vazão mínima, no hidrante mais
desfavorável, de 500 litros por minuto. Qual deverá ser a capacidade do meu reservatório d’água de
incêndio? Fórmulas do cálculo: q = V x 30 minutos
c=qxh
sendo: q = capacidade d’água para um hidrante
V = vazão no hidrante mais desfavorável
h = número de hidrantes
c = capacidade d’água do meu reservatório
então: q = 500 l/min x 30 min = 15000 l
c = 15000 litros x 10 = 150.000 litros.
Página 42 de 78
E-5 Pré-escola Creches, escolas maternais, jardins-de-infância
Escola para portadores de
E-6 Escolas para excepcionais, deficientes visuais e auditivos e assemelhados
deficiências
Local onde há objeto de
F-1 Museus, centro de documentos históricos, bibliotecas e assemelhados
valor inestimável
Igrejas, capelas, sinagogas, mesquitas, templos, cemitérios, crematórios, necrotérios, salas de
F-2 Local religioso e velório funerais e assemelhados
Centro esportivo e de Estádios, ginásios e piscinas com arquibancadas, rodeios, autódromos, sambódromos, arenas
F-3 em geral, academias, pista de patinação e similares
exibição
Estação e terminal de Estações rodoferroviárias e marítimas, portos, metrô, aeroportos, heliponto, estações de
F-4 transbordo em geral e assemelhados
passageiro
Local de Teatros em geral, cinemas, óperas, auditórios de estúdios de rádio e televisão, auditórios em
F Reunião de F-5 Arte cênica e auditório geral e assemelhados
Público Boates, clubes em geral, salões de baile, restaurantes dançantes, clubes sociais, bingo,
F-6 Clubes social e Diversão bilhares, tiro ao alvo, boliche e assemelhados
F-7 Construção provisória Circos e assemelhados
F-8 Local para refeição Restaurantes, lanchonetes, bares, cafés, refeitórios, cantinas e similares
F-9 Recreação pública Jardim zoológico, parques recreativos e similares. Edificações permanentes
Exposição de objetos e Salões e salas de exposição de objetos e animais, show-room, galerias de arte, aquários,
F-10 planetários, e assemelhados. Edificações permanentes
animais
Garagem sem acesso de
G-1 Garagens automáticas
público e s/ abastecimento
Garagem com acesso de Garagens coletivas sem automação, em geral, sem abastecimento (exceto veículos de carga e
G-2 coletivos)
Serviço público e s/ abastecimento
automotivo Local dotado de
G e G-3 abastecimento de Postos de abastecimento e serviço, garagens (exceto veículos de carga e coletivos)
assemelhad combustível
os Serviço de conservação, Oficinas de conserto de veículos, borracharia (sem recauchutagem). Oficinas e garagens de
G-4 veículos de carga e coletivos, máquinas agrícolas e rodoviárias, retificadoras de motores
manutenção e reparos
Hospital veterinário e Hospitais, clínicas e consultórios veterinários e assemelhados (inclui-se alojamento com ou sem
H-1 adestramento)
assemelhados
Local onde pessoas requerem
Asilos, orfanatos, abrigos geriátricos, hospitais psiquiátricos, reformatórios, tratamento de
H-2 cuidados especiais por
dependentes de drogas, álcool. E assemelhados. Todos sem celas
limitações físicas ou mentais
Depósitos de material Edificações sem processo industrial que armazenam tijolos, pedras, areias, cimentos, metais e
J-1 outros materiais incombustíveis. Todos sem embalagem
incombustível
2
J-2 Todo tipo de Depósito Depósitos com carga de incêndio até 300MJ/m
J Depósito
2
J-3 Todo tipo de Depósito Depósitos com carga de incêndio entre 300 a 1.200MJ/m
J-4 Todo tipo de Depósito Depósitos onde a carga de incêndio ultrapassa a 1.200MJ/m²
Página 43 de 78
L-3 Depósito Depósito de material explosivo
M Especial Propriedade em
M-4 Locais em construção ou demolição e assemelhados
transformação
Até 2.500 m² Tipo 1 – RI 5m³ Tipo 2 – RI 8m³ Tipo 3 – RI 12 m³ Tipo 3 – RI 16 m³ Tipo 3 – RI 20m³
Página 44 de 78
16.3. REDE DE DISTRIBUIÇÃO D’ÁGUA DE INCÊNDIO
Parte do sistema de abastecimento, formado de tubulações e acessórios, destinada a colocar água de
incêndio nas tomadas d’água, de forma contínua, em quantidade e pressão calculadas.
As válvulas dos hidrantes devem ser do tipo angulares de diâmetro DN65 (2½”), já as válvulas para
mangotinhos devem ser do tipo abertura rápida, de passagem plena e diâmetro mínimo DN25 (1”). As
instalações, em conjunto, de hidrantes e mangotinhos com o sistema de chuveiros automáticos, devem ter
garantidas as vazões e pressões mínimas exigidas, sendo somadas as reservas efetivas de água para o
combate a incêndios, e que atendam aos requisitos técnicos previstos nas normas técnicas oficiais.
As tubulações para hidrantes e mangotinhos devem ser conectadas às tubulações principais, antes das
válvulas de governo e alarme, de forma que estejam em condições de operar quando o sistema de sprinkler
estiver em manutenção; podem ser conectadas após a válvula de governo e alarme, se protegerem área
diferente daquela que os chuveiros estejam dando coberturas.
Página 45 de 78
16.5. SISTEMA DE PROTEÇÃO POR HIDRANTES
É um sistema de proteção ativa, destinado a conduzir e distribuir tomadas
de água, com determinada pressão e vazão em uma edificação,
assegurando seu funcionamento por determinado tempo.
Sua finalidade é proporcionar aos ocupantes de uma edificação, um meio
de combate para os incêndios no qual os extintores manuais se tornam
insuficiente.
Os hidrantes são internacionalmente reconhecidos como o mais eficiente
sistema de abastecimento de água em incêndios, o sistema que usa o
hidrante pode mais detalhadamente definido como sendo o conjunto de
canalização, abastecimento de água, válvulas ou registros, colunas
(tomadas de água), mangueira de incêndio, esguichos e meios de aviso e alarme, utilizados para o combate
a incêndios, quer dizer, conduzem a água desde os reservatórios (elevados ou subterrâneos) até os seus
terminais simples ou duplos, onde são acoplados seus acessórios, no diâmetro de 2½”.
2
É importante salientar que toda construção acima de 750m de área construída deve ter o seu projeto
hidráulico devidamente aprovado pelo Corpo de Bombeiros.
A coluna de hidrante normalmente é construída em tubo de aço carbono, conforme normas ANSI, pintada
em esmalte sintético vermelho.
HIDRANTE DE
PAREDE
16.5.1. TIPOS DE HIDRANTES
A classificação pode ser definida como simples de
coluna, duplo de coluna, simples de parede e duplo de
parede e subterrâneos. E ainda serem internos ou
externos. Já os bombeiros os classificam também
como sendo públicos e particulares.
HIDRANTE DE COLUNA: normalmente utilizado na
rede pública, mas também muito comum nas
industrias. São emergentes, sendo dotados de meios
de conexão direta às mangueiras. Os hidrantes de
coluna possuem uma, duas ou três expedições, ou tomadas d’água, para a conexão de mangueiras.
HIDRANTES DE PAREDE: são aqueles embutidos em paredes ou encostados a elas, a cerca de um metro
do piso, podendo ser disposto em abrigo especial, onde também se acham os lances de mangueiras,
esguichos e chaves de mangueiras.
HIDRANTES SUBTERRÂNEOS: são aqueles que estão situados abaixo do nível do solo, com suas partes
construtivas (expedição e comando de registro) colocadas em uma caixa de alvenaria, fechada por uma
tampa de ferro fundido.
Página 46 de 78
16.5.4. MANGOTINHO
Página 47 de 78
ii) CÁLCULO DA VAZÃO
Proceder inicialmente à medição da pressão dinâmica através do aparelho pitot.
Em seguida, aplica-se a fórmula adiante:
Q = 0,0034 . d² . Pv . 60, onde:
Q = vazão em litros por minuto
Pv = pressão de velocidade ou dinâmica no bocal do esguicho, expressa em mca
d = diâmetro em mm
0,0034 = constante que depende das unidades adotadas
EXEMPLO: calcular a vazão d’água num hidrante com requinte de 1” e com pressão, medida no pitot, de
75psi, sabendo-se que 1” = 25,4 mm e 14,7 psi = 10 mca
Resposta: substituindo na fórmula dada:
Q = 0,0034 x (25,4)² x Pv x 60
Para continuar precisamos calcular a pressão dinâmica em mca:
psi mca
14,7 10
75 x
x = 75 . 10 ⇒ x = 750 ⇒ x = 51,02
14,7 14,7
Então: Q = 0,0034 x 645,16 x 51,02 x 60
3 3
Q = 6.714,93 l/min = 6715 m /min = 402,90 m /h = 402.897,41 l/h
Q = 1.773,91 g/min
Página 49 de 78
iii) INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DAS MANGUEIRAS
Toda mangueira, quando em uso (em prontidão para combate a incêndio), deve ser inspecionada a cada 3
meses e ensaiada hidrostaticamente a cada 12 meses, conforme a norma NBR 12779. Estes serviços
devem ser realizados por profissional ou empresa especializada.
O ensaio hidrostático em mangueira de incêndio deve ser executado utilizando-se equipamento apropriado,
sendo totalmente desaconselhável o ensaio efetuado por meio da expedição de bomba da viatura, hidrante
ou ar comprimido, a fim de evitar acidente.
Página 50 de 78
vii) ENROLAMENTO TO DE MANGUEIRAS E FORMAS DE ACONDICIONAMENTO
Estenda a mangueira de modo que a junta da dobra superior fique sobre a dobra inferior a uma distância de
90 cm. Essa forma é conhecida como tipo “marinha” ou aduchada. Enrole em seguida, começando pela
dobra, tendo-se
se o cuidado de manter a mangueira bem paralela e o rolo bem ajustado. Pare de enrolar
quando o rolo atingir a junta da dobra superior. A seguir, faça uma leve pressão sobre o rolo para encaixá-lo
encaixá
totalmente.
ADUCHADA
viii) TRANSPORTE
ANSPORTE DE MANGUEIRAS
ii) TAMPÃO
É utilizado nos hidrantes e serve para fechamento da tomada d’água, a fim de evitar vazamentos.
iii) ESGUICHO
É uma peça metálica destinada a dirigir, dar forma e controlar a aplicação
da água, acoplada na saída das mangueiras de incêndio para lançamento
de água. Existem, basicamente, dois tipos de esguichos: agulheta ou de
jato sólido e regulável. Normalmente construído de alumínio ou latão.
ESGUICHO AGULHETA
É umm esguicho com o corpo cilindro cônico, em cuja
extremidade de diâmetro maior é incorporado uma
junta de união (engate rápido) e na extremidade
oposta, de menor diâmetro, podem ser adaptadas e
substituídas várias "bocas móveis" ou "requintes"
de diversos diâmetros.
ESGUICHO REGULÁVEL
Esse tipo de esguicho é utilizado quando se deseja jato em forma de chuveiro, jato em
forma de neblina e jato compacto. A mudança de ângulo é obtida girando-se se a parte
anterior do esguicho, que se movimenta para frente e para trás,
trás, à medida que é girado.
iv) REQUINTE
É a peça rosqueada à extremidade do esguicho tipo agulheta,, destinada a dar forma ao jato.
Página 51 de 78
v) REDUÇÃO
É uma peça metálica de engate rápido, utilizada para reduzir o diâmetro dos hidrantes ou mangueiras de
63mm (2½) para 38mm ou (1½).
vi) DERIVANTE
Aparelho metálico com registros, introdução de 63mm (2½”) e expedições de 38mm
(1½”) ou 63mm, todas de engate rápido. É utilizado no término da linha adutora,
possibilitando a armação de duas linhas de ataque, principalmente quando existe
uma certa distância entre o hidrante mais próximo e o local do incêndio. Permite o
controle de vazão d’água, através de comando com válvula esfera.
Quando em uso numa armação de linhas de mangueiras, deve-se permanecer uma
pessoa no comando do derivante, durante todo o tempo de combate.
Página 52 de 78
16.6.3. TIPOS DE ACOPLAMENTOS
i) LINHA ADUTORA
Empregada unicamente para o transporte de água da fonte de abastecimento até as
imediações do incêndio. São utilizadas geralmente mangueiras de 63 mm (2½”).
17.1.2. APLICAÇÃO
Sua aplicação destina-se ao combate de fogos de grandes dimensões que envolvam locais que armazenem
líquido combustível e inflamável. Também se destina a:
1) extinção de fogos de líquidos de menor densidade que a água;
2) prevenção da ignição em locais onde ocorra o derrame de líquidos inflamáveis;
3) extinguir incêndios em superfície de combustíveis sólidos;
4) outras aplicações especiais, tais como derrame de gases na forma líquida, isolamento e proteção de
fogos externos, contenção de derrames tóxicos, etc;
A espuma não é eficaz em: 1) fogo em gases; 2) fogo em vazamento de líquidos sobre pressão;
3) fogo em materiais que reagem com a água.
Por ser condutor de eletricidade, não deve aplicar a espuma em locais com equipamentos elétricos com
tensão, salvo aplicações específicas.
Cuidado especial na aplicação de líquidos inflamáveis que se encontram ou podem alcançar temperatura
superior a ponto de ebulição da água; evitando-se a projeção do líquido durante o combate (slop-over).
Página 55 de 78
17.2. SISTEMA FIXO DE CO2
O sistema fixo de baterias de cilindros
cil de CO2 consiste em um
sistema de tubulações, válvulas, difusores, rede de detecção,
sinalização, alarme, painel de comando e acessórios, destinado a
extinguir incêndio por abafamento, por meio da descarga do
agente extintor.
É recomendado normalmente e nos locais onde se buscam
economia e limpeza ou quando o uso da água é desaconselhável,
e ainda naqueles que o custo da instalação é inferior a outro
agente extintor empregado.
Possui uma efetiva extinção em:
1) FOGOS DE CLASSE “B” E “C” (líquidos inflamáveis e gases
combustíveis, e equipamentos elétricos energizados de alta tensão), em:
a) recintos fechados, por inundação total, onde o sistema extingue pelo abafamento, baixando-se
baixando a
concentração de oxigênio do local necessária para a combustão, criando uma
u atmosfera inerte.
b) recintos abertos, mediante aplicação local sob determinada área.
2) FOGOS DE CLASSE “A” (combustíveis sólidos):
a) decorrente de seu efeito de resfriamento, nos incêndio em sólidos, em que o fogo é pouco
profundo e o calor gerado é baixo;
b) nos usos de inundação total, aliados a uma detecção prévia, a fim de evitar a formação de
brasas profundas;
c) nos usos de aplicação local, leva-se
leva se em conta o tipo e disposição do combustível, uma vez
que a descarga do CO 2 impedirá a extinção nas regiões não acessíveis diretamente pelo
sistema.
O sistema não é capaz de extinguir:
1) FOGOS EM COMBUSTÍVEIS (NÃO PIROFÓRICOS) QUE NÃO PRECISAM DE OXIGÊNIO PARA A
SUA COMBUSTÃO,, pois permitem uma combustão anaeróbia;
2) FOGOS EM COMBUSTÍVEIS DE CLASSE “D” “D (materiais pirofóricos).
Página 56 de 78
18. PRINCIPAIS VIATURAS DE COMBATE A INCÊNDIOS DO CORPO DE BOMBEIROS
AB – Auto Bomba
O AB é a principal viatura empregada em operações de incêndios.
O AB mais encontrado tem o nome de TRIPLO, pois reúne três componentes principais:
bomba de incêndio, tanque d’água e berço de mangueiras. Equipado com mangueiras,
esguichos e diversos equipamentos hidráulicos além de materiais de sapa e arrombamento,
podendo ser adaptado para transporte de equipamentos de primeiros socorros e salvamento,
no entanto tem capacidade para um pequeno volume de água.
AT – Auto Tanque
A função principal do AT é o abastecimento de viaturas de ataque ao incêndio.
Sua principal característica é a capacidade de transporte de 4.000 a 10.000 litros de água.
Poderá, eventualmente, ser utilizado no combate a incêndios, desde que provido de bomba.
Os modernos Auto-Tanques são providos de bombas similares às dos Auto-Bombas.
SK – Plataforma Elevatória
Veículo dotado de plataforma elevatória com braços articulados e dimensão maior que a do
ABE, podendo alcançar, alturas de até 60 metros. Tem uma maior possibilidade de
aproximação da edificação.
UR – Unidade de Resgate
Veículo destinado ao atendimento de vítimas de acidentes que requeiram atendimento
emergencial na fase pré-hospitalar. É dotado de equipamentos que permitem prestar os
socorros de suporte básico da vida, de forma a estabilizar, imobilizar e transportar
adequadamente a vítima ao centro médico mais apropriado para a situação.
Página 57 de 78
19. COMBATE A INCÊNDIOS EM AMBIENTES FECHADOS
19.1. A FUMAÇA
Associadas ao incêndio e acompanhando o fenômeno da combustão, aparecem, em geral, quatro causas
determinantes de uma situação perigosa: 1) calor;
2) chamas;
3) fumaça;
4) insuficiência de oxigênio.
Do ponto de vista de segurança das pessoas, entre os quatro fatores considerados, a fumaça e conseqüente
falta de oxigênio indubitavelmente causa danos mais graves, sendo o principal fator de morte nos incêndios.
A fumaça é uma mistura complexa normalmente constituída de gases aquecidos, vapor d’água, partículas
sólidas em suspensão e outros produtos derivados da combustão imperfeita dos combustíveis, normalmente
devido a escassez de oxigênio ou da insuficiência de fonte de ignição, desenvolvidos quando um material
sofre o processo de pirólise (decomposição por efeito do calor) ou combustão incompleta.
Na maioria das vezes é tóxica e a quantidade gerada, depende basicamente do tamanho do incêndio e do
material da queima. O comportamento e o movimento dependem da temperatura e do vento. A fumaça, por
estar aquecida e ser mais leve do que o ar tende a subir rapidamente, localizando-se sempre nas partes
elevadas do ambiente. A fumaça, que já na fase anterior à inflamação generalizada, pode ter-se espalhado
no interior da edificação, se intensifica e se movimenta perigosamente no sentido ascendente,
estabelecendo em instantes uma mistura perigosa e condições críticas para a sobrevivência na edificação.
Os componentes desta mistura, associados ou não, influem diferentemente sobre as pessoas, ocasionando
diversos efeitos: 1) diminuição da visibilidade devido à atenuação luminosa do local;
2) lacrimejamento e irritações dos olhos;
3) modificação de atividade orgânica pela aceleração da respiração e batidas cardíacas;
4) vômitos e tosse;
5) desorientação;
6) intoxicação e asfixia.
A redução da visibilidade do local impede e locomoção das pessoas fazendo com que fiquem expostas por
tempo maior aos gases e vapores tóxicos. Estes, por sua vez, causam a morte se estiverem presentes em
quantidade suficiente e se as pessoas ficarem expostas durante o tempo que acarreta esta ação.
Daí decorre a importância em se entender o comportamento da fumaça em uma edificação.
A propagação da fumaça está diretamente relacionada com a taxa de elevação da temperatura; portanto, a
fumaça desprendida por qualquer material, desde que exposta à mesma taxa de elevação da temperatura,
gerará igual propagação.
Além dos problemas de saúde que causa as pessoas, a presença da fumaça prejudica consideravelmente o
ataque ao fogo, causando dificuldades quanto à localização do fogo principal, muitas vezes tornando
impossível a penetração de equipes de combate.
Página 58 de 78
19.1.3. MONÓXIDO DE CARBONO
Uma grande parte das mortes ocorridas em locais de incêndio é produzida pelo monóxido de carbono (CO).
É um gás incolor, inodoro e insípido (desagradável) e presente em toda combustão, incluindo-se o incêndio.
A pouca quantidade de oxigênio e a queima incompleta dos combustíveis provocam a liberação de grande
quantidade de CO no ambiente. Apesar de estar sujeita a muitas variações, uma boa regra para identificar a
presença de monóxido de carbono é observar a cor da fumaça produzida. Quanto mais escura a fumaça,
maior deve ser a concentração de CO. A fumaça escura é rica em partículas de carbono, devido à
combustão incompleta.
O monóxido de carbono não atua diretamente sobre o corpo humano, mas afeta diretamente a oxigenação
do sangue. A hemoglobina presente no sangue combina facilmente com o oxigênio, formando uma
combinação química instável chamada oxi-hemoglobina. Devido à afinidade da hemoglobina com o
monóxido de carbono, ela se combina com esta substância, 200 vezes mais rápido do que com o oxigênio.
Assim, cada molécula de CO irá reagir com uma hemoglobina presente no sangue, formando um composto
estável, o qual é chamado de carboxiemoglobina. Esta situação, a perdurar-se por determinado tempo,
levará a uma eventual hipoxia do cérebro e dos tecidos, seguindo-se a morte, caso o processo não seja
revertido.
Os efeitos do mónoxido de carbono sobre o corpo humano são apresentados na tabela abaixo, sendo que os
sintomas decorrentes dependem da concentração do gás no ambiente e do tempo em que o indivíduo fica
exposto a esta atmosfera contaminada.
EFEITOS DO MONÓXIDO DE CARBONO SOBRE O CORPO HUMANO
PORCENTAGEM NO AR SINTOMAS
0,01% Nenhum sintoma.
Fonte: AFFONSO, L. A. M. Ventilação forçada por esguicho regulável. São Paulo: CAES-CAO-II, 1996, p. 20.
Como o monóxido de carbono é produzido em abundância nos incêndios em locais confinados, outra razão
para uma rápida e eficiente ventilação destes espaços é a sua inflamabilidade. Com um amplo limite de
inflamabilidade que vai dos 12,5% a 74% e um ponto de ignição a 609°C, o CO é um dos mais perigosos e
destrutivos gases com os quais podemos nos deparar num incêndio. O monóxido de carbono é o maior
agente proporcionador das condições da ocorrência do fenômeno conhecido por backdraft.
Mesmo depois de restabelecida a visibilidade na área confinada, onde tenha ocorrido um incêndio, muitos
produtos da combustão, embora invisíveis e sem odor, estão presentes em concentrações perigosas. Além
do monóxido de carbono, que sempre estará presente após um processo de combustão, outros gases,
também tóxicos, poderão estar no ambiente confinado, dependendo dos tipos de materiais que se
encontravam no local.
Caso haja disponibilidade, um detector de gases é de fundamental importância para verificar as condições
da atmosfera do recinto e detectar a presença de possíveis gases que possam trazer resultados maléficos.
Uma ventilação bem realizada poderá reduzir os níveis de monóxido de carbono e outros gases tóxicos na
atmosfera do local, minimizando os seus resultados nefastos.
19.1.4. ACROLEÍNA
É um poderoso irritante das vias respiratórias que é produzido quando se queimam materiais à base de
polietileno e também quando materiais que contenham celulose, como a madeira e outros produtos naturais.
Ele é comumente utilizado na indústria farmacêutica, de herbicidas e de gás lacrimogêneo.
Página 59 de 78
19.1.6. DIÓXIDO DE CARBONO
É um gás incolor, inodoro e não inflamável produzido pela combustão do carbono quando há excesso de
oxigênio, como ocorre nas queimadas, queima de lenha, petróleo, etc.
É um gás asfixiante, pois exclui o oxigênio do espaço confinado, por isso também é um excelente agente
extintor. À medida que aumenta a proporção do dióxido de carbono no ambiente, uma pessoa que esteja
exposta diretamente à ação deste gás terá o seu sistema respiratório estimulado e sua freqüência
respiratória aumentada até que, em determinada concentração, a freqüência respiratória diminuirá e os
movimentos respiratórios cessarão, levando a vítima à morte.
Em ambientes de elevada concentração de CO2, a vítima, exposta à sua ação, terá um cansaço prematuro e
ficará propicia a sofrer danos provocados por outros gases tóxicos existentes no local.
19.1.9. FOSGÊNIO
Trata-se de um gás incolor e altamente tóxico, com um odor desagradável que se assemelha ao cheiro de
feno mofado. Ele pode ser produzido quando gases refrigerantes, como o freon, entram em contato com o
fogo. A sua ocorrência pode ser esperada, normalmente, em incêndios em frigoríficos, bem como em
sistemas de ar condicionado.
O fosfogênio é um forte irritante do trato pulmonar e o seu efeito danoso pode ser evidenciado mesmo
depois de várias horas após a exposição.
19.2. VENTILAÇÃO
É o método mais simples para remover a fumaça e o calor do interior de um edifício em chamas. A
ventilação deve ser efetuada, tornando-se certas e necessárias precauções, pois o ar fresco ao penetrar no
recinto, poderá intensificar o fogo tornando-o fora de controle.
O objetivo da ventilação no incêndio é remover o ar quente, a fumaça e outras partículas em suspensão
oriundas da edificação e repor o espaço com ar fresco.
A ventilação pode ser usada como opção tática durante o combate e se usada adequadamente, pode gerar
grande beneficio no combate ao incêndio, preferencialmente deve ser utilizada por profissionais treinados,
no caso do Corpo de Bombeiros. A ventilação pode:
auxiliar na rota de fuga, restringindo a propagação de fumaça nas rotas de escape, improvisando
visibilidade e aumentando o tempo de saída;
auxiliar nas operações de resgate reduzindo a fumaça e gases tóxicos que dificulta a exploração e
coloca em risco ocupantes retidos;
reduzir o risco de flashover, e facilitando o controle dos efeitos de um backdraft;
remover o calor do ambiente, facilitando a entrada dos bombeiros;
remover a fumaça e propiciar melhor visibilidade.
No entanto se usado incorretamente pode até iniciar um backdraft e causar a propagação do fogo,
colocando em risco os bombeiros.
Página 60 de 78
20. BRIGADA DE COMBATE A EMERGÊNCIAS
Sabemos que um dos fatores mais importantes na ocorrência de um incêndio é o seu combate no seu início,
pois a grande maioria dos incêndios, se identificado logo após o seu início, tem grandes possibilidades de
ser evitado. Para isto torna-se extremamente importante o elemento humano para o seu controle, ou melhor,
os recursos humanos que a organização tem disponível para o combate. É evidente que a ação do Corpo de
Bombeiro, por melhor e mais profissional que seja, torna-se extremamente comprometida para os combates
no início dos incêndios, pois a distância é um fator crucial. Algumas empresas, a depender do risco, têm
bombeiros industriais e até profissionais no seu quadro de funcionários, no entanto, mesmo assim, por outro
fator muito importante, há necessidade de uma maior quantidade de pessoas envolvidas nas ações de
combate, daí então que entra o papel da Brigada de Incêndio.
Nos dias atuais é muito mais comum vemos esta equipe receber o nome de Brigada de Emergência ou
Equipe de Atendimento a Situações de Emergência, pois incluem ações de controle e treinamentos não só
para incêndios, como também, a depender do risco da empresa, ações de combate para acidentes
ambientais e até na aplicação de primeiros socorros.
Além do treinamento da Brigada é importante que a empresa faça treinamentos, pelo menos do uso do
sistema de alarme e extintores, para todos os seus funcionários, preferencialmente, desde a integração de
novos funcionários, na esquecendo dos terceiros e de dar instruções mínimas necessárias aos visitantes.
A NR-23 determina que toda empresa deva possuir no seu quadro de funcionários pessoal devidamente
treinado para o primeiro combate a focos de incêndios. Já a Instrução Técnica nº 17 (IT17) do Corpo de
Bombeiros (CB) faz o devido dimensionamento mínimo da brigada, definindo também o seu programa de
treinamento mínimo para formação da equipe.
SALVAMENTO
É a primeira fase a ser executada, visto que a vida é o maior bem a ser preservado.
Todas as pessoas que não participam do combate direto ao fogo deverão ser retiradas das proximidades da
área incendiada.
A idade, o sexo, a condição física e outros fatores dos ocupantes do prédio influem, consideravelmente, nas
operações de salvamento.
Deve-se evitar que as pessoas salvas retornem ao prédio sob qualquer pretexto, assim como impedir que
elementos não treinados penetrem no prédio a fim de auxiliar no salvamento, expondo-se a situações
perigosas para as quais não estão preparados.
ISOLAMENTO
O Isolamento tem por finalidade impedir que o incêndio propague de uma edificação para outra. Neste caso
devemos atentar para as aberturas existentes entre a edificação incendiada e a edificação não atingida visto
que as mesmas facilitam a propagação tornando-se necessário resfriar através de linhas de mangueira. O
mesmo procedimento serve para tanques com combustível em chamas, onde devemos resfriar de imediato
os tanques vizinhos.
Um fogo no interior de um prédio que ainda não abriu caminho para a atmosfera externa pode apresentar
também um perigo de propagação aos prédios vizinhos.
No combate ao fogo é da maior importância que uma ação rápida e inteligente seja levada a efeito, para
prevenir a ignição de prédios expostos, cômodos ou materiais.
Imediatamente após o salvamento de vidas humanas, a missão mais importante da equipe de combate ao
incêndio é assegurar a não propagação aos prédios ou materiais expostos.
CONFINAMENTO
O confinamento visa impedir que o fogo se propague dentro de uma edificação, fazendo com que o mesmo
fique confinado em sua origem até que possa ser extinto. Trata-se de uma fase muito importante e que pode
determinar o sucesso das operações. No caso de depósitos, armazéns ou vastas áreas construídas, a não
observância desta fase pode resultar na destruição total.
São operações idênticas ao isolamento, porém com a finalidade de restringir o fogo a um recinto no interior
do prédio conflagrado; inclui as operações que são necessárias para prevenir a extensão de um fogo às
seções ainda não envolvidas.
fogo a um recinto no interior do prédio conflagrado; inclui as operações que são necessárias para prevenir a
extensão de um fogo às seções ainda não envolvidas.
Um fogo com início num porão ou andares inferiores é mais difícil de confinar que os que têm início em
andares superiores ou sótão. A propagação do fogo de cima para baixo é mais lenta e difícil que a horizontal
e, principalmente, que a de baixo para cima.
EXTINÇÃO
Trata-se do extermínio propriamente dito do fogo, utilizando-se das técnicas conhecidas e estudadas até
então, através do agente extintor mais adequado. Nesta fase podem ocorrer alguns excessos que devem ser
corrigidos diante da ânsia de debelar o sinistro, tais como extinção por inundação , aplicação inadequada de
jatos sólidos de água e outros que podem concorrer para destruição daquilo que não foi destruído pelo fogo.
O ataque ou extinção é o conjunto de operações com a finalidade de atacar e extinguir o foco principal de
um incêndio, havendo necessidade do chefe da equipe de incêndio conhecer bem os meios de que dispõe, a
fim de alcançar sucesso.
Página 61 de 78
Sob o ponto de vista de extinção, dividem-se os incêndios em dois tipos principais:
a - fogo em combustíveis sólidos comuns
b - fogo com gases e líquidos inflamáveis
Os incêndios em prédios envolvem normalmente combustível sólido comum, que exige o emprego de um
agente extintor com grande capacidade de absorção do calor. A água é o melhor deles não só por ser barata
e abundante, como por possuir um índice de absorção de calor maior que quase todas as substâncias
conhecidas.
Os incêndios em gases e líquidos inflamáveis exigem agentes extintores e técnica especial. Para
extinção eficiente, os bombeiros devem obedecer aos seguintes requisitos :
- conhecer perfeitamente as reações dos gases e líquidos inflamáveis em um incêndio;
- conhecer as características dos diferentes líquidos e gases em que tenham de trabalhar (densidade , ponto
de fulgor , combustão e ignição , toxicidade , reações com os diferentes agentes extintores).
- conhecer praticamente o treinamento para emprego dos agentes extintores especiais (espuma , CO2 , pó
químico , etc)
- possuir intenso treinamento prático no controle e extinção desse tipo de fogo por meio de neblina.
RESCALDO
Representa o conjunto de operações finais destinadas a evitar a reignição. As operações de rescaldo,
conforme o tipo de material, podem ser penosas e durar duas horas ou mesmo dias.
i) FÓRMULA DO CÁLCULO
NB = {10 x %C1} + {(PF-10) x %C2}
onde: NB = número de brigadistas;
%C1 ou %C2 = valor percentual da coluna 1 ou 2, da tabela abaixo;
PF = população fixa por pavimento = número de pessoas que permanecem regularmente na
edificação, considerando os turnos de trabalho.
iii) EXEMPLO
Monte a brigada de incêndio de uma agência bancária (D-2) tendo uma população fixa de 60 pessoas.
NB = [10 x 0,04] + [(60 - 10) x 0,1] = 4 + 5 = 9 brigadistas
Página 62 de 78
20.4. TREINAMENTO DE FORMAÇÃO DA BRIGADA
O profissional habilitado na formação de brigada de incêndio é toda pessoa com formação em Higiene,
Segurança e Medicina do Trabalho, devidamente registrado nos conselhos regionais competentes ou no
Ministério do Trabalho e os militares das Forças Armadas, das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros
Militares, com ensino médio completo e que possua especialização em Prevenção e Combate a Incêndio
(carga horária mínima de 60 horas-aula) e técnicas de emergências médicas (carga horária mínima de 40
horas-aula).
Para as edificações enquadradas no risco alto, o profissional habilitado é toda pessoa com curso de
engenharia de segurança ou pessoa com curso de nível superior, devendo possuir também curso de no
mínimo 100 horas-aula de primeiros socorros e 400 horas-aula de prevenção e combate a incêndios.
O treinamento de formação da brigada deve seguir o currículo mínimo, conforme abaixo.
Além deste devem ser realizados treinamentos periódico de reciclagem, se possível, no máximo a cada três
meses.
Deve ser realizado, a cada seis meses, no mínimo um exercício simulado no estabelecimento ou local de
trabalho com participação de toda a população. Imediatamente após o simulado, deve ser realizada uma
reunião extraordinária para avaliação e correção das falhas ocorridas, chamada de reunião de análise crítica.
Página 63 de 78
20.4.2. IDENTIFICAÇÃO DA BRIGADA
Devem ser distribuídos em locais visíveis e de grande circulação quadros de aviso ou similar, sinalizando a
existência da brigada de incêndio e indicando seus integrantes com suas respectivas localizações.
O brigadista deve utilizar constantemente em lugar visível um crachá ou algo agregado ao uniforme, que o
identifique como componente da brigada.
CIPA
i) COORDENADOR DA EASE
PERFIL IDEAL
Pessoa que conheça bem todas as instalações físicas e o processo e tenha livre acesso a todos os
locais e a estrutura gerencial da empresa.
Tenha boa capacidade de organização e liderança.
Detenha conhecimento dos recursos humanos e materiais disponíveis.
Deverá ser prevista uma linha de sucessão para os casos de ausência do coordenador, de forma a
cobrir integralmente os turnos de trabalho incluindo as paradas em feriados e eventuais férias coletivas.
PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES
Definir a estratégia corporativa para o atendimento e controle de emergências;
Assumir o controle da(s) área(s) afetada(s), sendo desta forma a maior autoridade sobre qualquer outra
posição na empresa, independente do cargo e nível hierárquico;
Definir a estratégia geral necessária para o controle da emergência. Como exemplos: para parar a
produção, isolar área, cortar a energia, etc;
Requisitar profissionais com funções específicas, necessárias ao controle da situação;
Dar a ordem para chamar auxílio externo: Corpo de Bombeiros, PAM, unidade móvel hospitalar ou outro
órgão, entidade, empresa necessários ao controle da ocorrência;
Dar a ordem de abandono do local, local ou geral;
Dar suporte ao RH no processo de comunicação com imprensa, órgãos públicos;
Manter o controle sobre o acesso de pessoas ao local da ocorrência.
v) EQUIPE DE APOIO
Devem fazer da equipe de apoio todos os gestores da empresa, além do SESMT, Vigilância Patrimonial,
Eletricistas, Operadores de Empilhadeiras, Mecânicos, etc.
Página 65 de 78
20.6.1. PORCENTUAL DE CÁLCULO PARA COMPOSIÇÃO DA BRIGADA DE INCÊNDIO
Página 66 de 78
21. PREVENÇÃO DE INCÊNDIO
Mesmo que a sua empresa tenha um implantado sistema de proteção e combate a incêndio, prevenir é
sempre melhor do que remediar (combater). Abaixo algumas dicas importantes que devem ser respeitadas.
Adote um programa rigoroso de conservação e limpeza, a ferramenta “5S” é uma das melhores, quando
corretamente utilizada traz benefícios para prevenir incêndios, pois reduz drasticamente a quantidade de
materiais combustíveis desnecessários estocados, além de evitar acúmulo de sujidades, etc.
Evite o armazenamento de inflamáveis e materiais combustíveis em áreas industriais e almoxarifados.
Mantenha sempre um depósito específico de inflamáveis, devidamente separado dos locais de trabalho.
Estabeleça criteriosamente um programa de manutenção e lubrificação em máquinas e equipamentos,
para evitar atritos entre partes móveis e conseqüente aquecimento evitando incêndios.
Procure substituir substâncias inflamáveis por outros, com menor ponto de fulgor.
Implante um sistema de sinalização de proibido fumar. Algumas empresas não permitem o ato de fumar
dentro dos seus limites e outras projetam áreas específicas para fumantes.
Instale um dispositivo corta faíscas, na entrada de veículos motorizados em áreas de riscos.
Projete e instale sistemas a prova de explosão, em ambientes onde armazenem ou manipulem líquidos
ou gases inflamáveis, como exemplo, luminárias a prova de explosão. Neste mesmo ambiente procure
instalar pisos antifaísca.
Tenha sob controle e manutenção um sistema de aterramento elétrico, nos termos da NR-10.
Instale um sistema de pára-raios eficaz, mantendo um programa de manutenção sobre os mesmos.
Mantenha um sistema de controle automático de temperatura, principalmente em ambientes com riscos
de combustão espontânea e reações exotérmicas.
Estabeleça um sistema de permissão para trabalhos de aquecimento, principalmente corte e solda.
Página 67 de 78
CAPÍTULO II ACIDENTES AMBIENTAIS
Página 68 de 78
3. PLANEJAMENTO DE UM SISTEMA PARA ATENDIMENTO A ACIDENTES AMBIENTAIS DE ORIGEM
TECNOLÓGICA
O planejamento de um sistema para
atendimento a acidentes deve ser
desenvolvido por equipes
multidisciplinares, que contemple os
diversos segmentos da sociedade
envolvidos com o assunto, razão pela qual
a equipe deve contar com especialistas de
diferentes áreas.
Antes do início dos trabalhos para a
elaboração de um sistema para o
atendimento aos acidentes deverão ser
identificados os diferentes sistemas de
emergência existentes na região: Corpo de
bombeiros; Polícia; Assistência médica,
etc.
O sistema de emergência a ser elaborado e implantado deve contemplar as peculiaridades da região e dos
órgãos participantes, assim, deve-se procurar aproveitar ao máximo as estruturas já existentes.
O sistema para atendimento a acidentes ambientais deve contemplar os seguintes aspectos:
RECURSOS HUMANOS
Especialistas nas diferentes áreas envolvidas (defesa civil, médicos, órgãos ambientais, etc) e
disponibilidade de materiais e equipamentos para atender aos possíveis acidentes previamente estudados.
RECURSOS MATERIAIS
INTERNOS: kit de emergência, viaturas especiais sistemas de combate, etc;
EXTERNOS: Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Órgão Ambiental, PAM – Plano de Auxílio Mútuo, etc.
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
Definindo o sistema para acionamento dos órgãos, de acordo com o tipo e porte do acidente, deve-se
implantar, ou mesmo adaptar os sistemas existentes, de modo que quando do acionamento, também
durante o atendimento aos acidentes, possam ser estabelecidas as comunicações necessárias de forma
rápida e com a confiabilidade necessária. O sistema de comunicação deve contemplar telefones (linhas
discadas e privadas), rádios, entre outros.
ROTINAS OPERACIONAIS
Para cada um dos possíveis acidentes estudados deverão ser definidas rotinas de procedimentos para o
combate aos sinistros prevendo sempre a organização hierárquica durante a emergência, bem como as
funções a serem desempenhadas pelos diferentes órgãos participantes e os recursos a serem mobilizados.
TREINAMENTOS
A implantação do sistema de atendimento deverá ser precedida por treinamentos para todos os níveis da
empresa, seja o básico de conhecimento de todos os funcionários do sistema de funcionamento do alarme
de emergência, incluindo abandono de área, passando por um treinamento específico para os gestores, até
o treinamento de formação da equipe de atendimento as emergências.
MANUTENÇÃO DO SISTEMA (ANÁLISE CRÍTICA)
Periodicamente o sistema deverá ser reavaliado, atualizado e aperfeiçoado, com base nas experiências
vividas, de forma que o mesmo mantenha o nível desejado do ponto de vista de eficiência ao longo to
tempo. Da mesma forma, é importante lembrar que a realização de treinamentos periódicos contribui de
forma significativa para a manutenção de um sistema eficiente, razão pela qual deve-se prever programas
periódicos para a realização desses eventos.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Não se pode ignorar a possibilidade da ocorrência de acidentes ambientais envolvendo produtos químicos.
No entanto, deve-se procurar reduzir ao máximo possível a probabilidade de ocorrência destes episódios,
procurando, portanto desenvolver ações preventivas adequadas.
Da mesma forma, é necessário o desencadeamento de ações corretivas eficazes para a redução dos
impactos causados ao meio ambiente, quando da ocorrência dos acidentes.
Com base no anteriormente exposto, pode-se dizer que o gerenciamento de acidentes ambientais passa por
duas etapas distintas, para cada qual cabem ações diferenciadas, conforme mostrados no quadro abaixo:
A prevenção de acidentes ambientais, bem como a minimização dos seus impactos, só poderá ser realizada
de forma eficaz da elaboração de um sistema adequado, que deverá ser permanentemente atualizado e
aperfeiçoado, tendo sempre como objetivos: Preservar a vida humana;
Evitar impactos significativos ao meio ambiente;
Evitar ou minimizar as perdas de bens materiais.
Nas situações emergenciais deve-se procurar agir de forma coordenada com a participação de todos os
envolvidos, razão pela qual o estabelecimento de planos específicos, associados a treinamentos regulares,
é importante para o sucesso destas operações.
Página 69 de 78
4. ACIDENTES AMBIENTAIS COM PRODUTOS QUÍMICOS
4.1. INTRODUÇÃO
Acidentes ambientais ocasionados por derrames, vazamentos ou emissões de produtos
químicos podem apresentar os mais diversos tipos de riscos às pessoas expostas e ao meio
ambiente, motivo pelo qual os aspectos de segurança são fundamentais durante a manipulação
destes produtos, seja no armazenamento, no transporte ou em processos industriais.
Independentemente das ações de prevenção, os acidentes podem ocorrer, razão pela qual
equipes de emergência devidamente treinadas e com disponibilidade dos recursos requeridos,
de acordo com o porte do evento, são os principais fatores que influenciam para o sucesso das
operações de atendimento a estes casos, de maneira que os impactos decorrentes dos mesmos possam ser
minimizados ao máximo.
Em muitas oportunidades, num acidente envolvendo produtos químicos, é necessária a colaboração de
técnicos e especialistas de diferentes áreas de atuação e com as mais diversificadas formações
profissionais, os quais deverão atuar de maneira coordenada e integrada, visando suprir eventuais
dificuldades observadas em campo, de modo a garantir a segurança da comunidade e evitar, ou minimizar,
os impactos ao meio ambiente. Dentre outras entidades, podemos citar algumas, que normalmente atuam no
atendimento a estes episódios, como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Órgãos de Controle Ambiental,
Indústrias Químicas, Empresas de Transporte, etc.
As formas e táticas de ação durante o atendimento a acidentes com produtos químicos podem variar
bastante, de acordo com o produto envolvido, porte do evento e local de ocorrência, porém, existem alguns
aspectos básicos que devem sempre nortear as ações durante o atendimento, dentre os quais poderíamos
destacar:
os procedimentos de resposta devem ser periodicamente testados, avaliados e aprimorados;
controle de um vazamento não pode nunca sacrificar os requisitos de segurança;
todo o pessoal envolvido nas ações de campo deve estar capacitado em sua área de atuação, além de
possuir os conhecimentos mínimos necessários de segurança;
as medidas de controle, como contenção, remoção ou neutralização dos produtos envolvidos só deverão
ser desencadeadas após o pleno conhecimento dos riscos envolvidos e quando os recursos básicos
estiverem disponíveis.
Página 70 de 78
4.4. ACIONAMENTO / COMUNICAÇÃO
Um dos principais fatores que influenciam no sucesso de uma operação de atendimento a acidentes
envolvendo produtos químicos diz respeito ao acionamento das equipes de resposta, através de um sistema
de comunicação adequado, além do repasse das informações mínimas necessárias para que os
responsáveis pelas ações possam somar as decisões corretas. Deve-se lembrar que em muitos casos a
pessoa que dispara o processo de acionamento é um “leigo” no assunto, razão pela qual o atendente que
recebe a notícia deve estar devidamente treinado para, durante a conversar, procurar obter as informações
mínimas necessárias para adoção das providências cabíveis ao caso, além de orientar, na medida do
possível, a pessoa envolvida, de modo que a mesma proceda de acordo com os requisitos mínimos de
segurança. Desta forma, nesta etapa é importante que o atendente obtenha do informante, quando possível,
pelo menos as seguintes informações:
local exato da ocorrência;
formas de acesso ao local;
produtos envolvidos: procurar orientar o informante os rótulos de riscos, painéis de segurança e rótulos
de embalagens, para que o mesmo possa repassar informações que levem à identificação do produto;
porte do vazamento;
horário da ocorrência;
principais características da região, como: concentrações populacionais, corpos d’água, vias públicas;
órgãos já acionados ou presentes no local;
ocorrência de incêndios ou explosões;
existência de vítimas;
identificação do informante.
Página 71 de 78
4.7.1. RECURSOS MATERIAIS
Devem estar disponíveis em pontos estratégicos.
i) KIT DE EMERGÊNCIA
EPI (botas de borracha, luvas impermeáveis, respiradores
semi-faciais ou faciais, óculos de proteção contra respingos
de produtos químicos, aventais impermeáveis, capacetes de
segurança).
Saco Areia: para contenção dos vazamentos de produtos
químicos;
Absorvente Químico: há diversos tipos utilizados, um dos
melhores são os sorbent, marca 3M, utilizados para absorção
e contenção química de vazamento, substituindo com
superior perfumasse a areia, além de ambientalmente ser
mais facilmente descartável;
Cones de Sinalização: utilizado para isolamento e proteção do local;
Batoques (nylon, madeira). utilizados para contenção de vazamentos de produtos químicos em
tambores, galões, bombonas, etc;
Pá: analisar a necessidade de ser de fibra de vidro, plástico ou de outro material anti-faísca;
Baldes, Rodos e Enxadas: usados para as atividade de rescaldo.
Página 72 de 78
4.7.5. UTILIZAÇÃO DA ÁGUA NO COMBATE AO FOGO COM PRODUTOS QUÍMICOS
Incêndios envolvendo produtos químicos podem resultar em conseqüências bastante diversificadas, em
função do comportamento de diferentes substâncias quando expostas ao fogo.
Embora a água seja o agente de extinção mais comumente empregado, a mesma pode ser ineficaz em
alguns casos, razão pela qual deve-se utilizar alguns critérios para a escolha do agente a ser empregado.
Tais informações deverão ser obtidas junto a especialistas ou em documentação técnica a respeito do(s)
produto(s) envolvido(s), como manuais de emergência, fichas de informações sobre produtos químicos, etc.
Nos casos em que ocorrerem a emanação de vapores, tóxicos ou inflamáveis, ou mesmo em situações de
derrames de produtos sólidos ou líquidos é comum o uso de água tanto para abatimento de vapores, como
para a lavagem ou diluição do produto vazado. No entanto, da mesma forma que nos casos de incêndio, há
que se considerar alguns fatores para o uso de água nestas situações, tais como:
reações do produto quando em contato com a água;
contaminação da água e carregamento desta para bueiros, galerias e corpos d’água.
“Nem sempre uma ação rápida traz uma resposta segura e eficiente”
i) NO SOLO
isolar a área;
estancar o vazamento;
proteger as áreas com risco de contaminação: bueiros, cursos d’água, solo, etc.;
cercar com dique de terra, areia, absorventes químicos, o local do derrame;
em caso de ocorrência de ventos fortes ou chuva, cobrir com lona plástica ou material compatível com o
produto;
recolher produto e remover os resíduos;
neutralizar solo contaminado.
Página 73 de 78
5. RISCOS ASSOCIADOS ÀS CLASSES DE PRODUTOS QUÍMICOS
5.1. INTRODUÇÃO
Incidentes envolvendo produtos químicos requerem sempre cuidados e medidas específicas a serem
desencadeadas para o controle das diferentes situações que podem ocorrer, razão pela qual a intervenção
de pessoas devidamente capacitadas e equipadas é fundamental para o sucesso destas operações.
Outro fator de suma importância é o conhecimento dos riscos e das características específicas dos produtos
envolvidos, razão pela qual a ONU – Organização das Nações Unidas agrupou os mesmos em nove classes
distintas, a saber:
Classe 1 – Explosivos
Classe 2 – Gases
Classe 3 – Líquidos Inflamáveis
Classe 4 – Sólidos Inflamáveis
Classe 5 – Oxidantes e Peróxidos Orgânicos
Classe 6 – Tóxicos
Classe 7 – Radioativos
Classe 8 – Corrosivos
Classe 9 – Diversos
A seguir, serão abordados os principais aspectos a serem observados nos acidentes de acordo com as
classes de risco dos produtos envolvidos.
CLASSE 1 – EXPLOSIVOS
O explosivo é uma substância que é submetida a uma transformação química extremamente rápida produzindo
simultaneamente grandes quantidades de gases e calor. Devido ao calor, os gases liberados, por exemplo,
nitrogênio, oxigênio, monóxido de carbono, dióxido de carbono e vapor d’água, expandem-se a altíssimas
velocidades provocando o deslocamento do ar circunvizinho, gerando um aumento de pressão acima da pressão
atmosférica normal (sobrepressão).
De acordo com a rapidez e a sensibilidade dos explosivos, podem ocorrer dois tipos de explosões:
DETONAÇÃO: a detonação é um tipo de explosão onde a transformação ocorre muito rapidamente sendo que a
velocidade de expansão dos gases é muito superior à velocidade do som naquele ambiente (da ordem de Km/s).
DEFLAGRAÇÃO: já a deflagração é um tipo de explosão onde a transformação química é bem mais lenta, sendo
que a velocidade de expansão dos gases é, no máximo, a velocidade do som naquele ambiente. Neste caso pode
surgir a combustão. A detonação é caracterizada por apresentar picos de pressão elevada num período
extremamente pequeno de tempo, enquanto que a deflagração comporta-se de maneira oposta.
A sobrepressão gerada a partir de uma explosão pode atingir valores elevados, provocando danos destrutivos a
edificações e pessoas. A sobrepressão é normalmente expressa em bar e a tabela abaixo apresenta alguns valores
característicos de danos às estruturas.
Danos catastróficos são aqueles onde ocorre seu colapso, deixando o local sem condições de uso.
Danos graves não comprometem a estrutura como um todo, ou seja, é a ocorrência de uma rachadura, queda de
telhado, porta danificada (arrancada), etc.
É importante notar que o valor de 0,3 bar representa 3 metros de coluna d’água, que e um valor que normalmente
não provoca “danos” às pessoas. Isso significa que as pessoas são mais resistentes a sobrepressão do que as
estruturas, uma vez que o homem não é uma estrutura rígida permitindo dessa forma que o impacto seja absorvido
pelo organismo.
O dano mais comum provocado por uma explosão ao homem é a ruptura de tímpano que ocorre a valores acima de
0,4 bar de sobrepressão.
Página 74 de 78
Desta forma, esta classe contempla os gases nas mais diversas condições conforme abaixo:
GASES PERMANENTES: são aqueles que não podem ser liquefeitos à temperatura ambiente, ou seja, são
produtos com temperatura de ebulição bastante baixa. Exemplos: ar, argônio e dióxido de carbono.
GASES LIQUEFEITOS: são aqueles que podem se tornar líquidos sob pressão, à temperatura ambiente. Por
exemplo, GLP, cloro e amônia.
GASES DISSOLVIDOS: são aqueles que se encontram dissolvidos sob pressão em um solvente,
como é o caso do acetileno.
GASES PERMANENTES ALTAMENTE REFRIGERADOS: são os gases permanentes que se encontram
armazenados à sua temperatura de ebulição. Exemplos: oxigênio (temperatura de estocagem: -183ºC) e nitrogênio
(temperatura de estocagem: -196ºC).
Independente do risco apresentado pelo produto, seu estado físico representa por si só uma grande preocupação,
uma vez que os gases expandem-se indefinidamente até ocuparem todo o recipiente que os contém. Em caso de
vazamento, os gases tendem a ocupar o ambiente mesmo quando possuem densidades diferentes à do ar.
Além do risco inerente ao estado físico, os gases podem apresentar riscos adicionais, como por exemplo,
inflamabilidade, toxicidade, poder de oxidação e corrosividade, entre outros.
Quando liberados, os gases mantidos liquefeitos por ação da pressão e/ou temperatura, tenderão a passar para seu
estado natural nas condições ambientais, ou seja, estado gasoso.
Durante a mudança do estado líquido para o estado gasoso, ocorre uma alta expansão do produto gerando volumes
gasosos maiores do que o volume ocupado pelo liquido. A isto se denomina taxa de expansão. O cloro por exemplo,
tem uma taxa de expansão de 457 vezes, ou seja, um volume de cloro líquido gera 457 volumes de cloro gasoso.
Com a finalidade de reduzir a taxa de evaporação do produto, poderá ser aplicada uma camada de espuma sobre a
poça formada, desde que este material seja compatível com o produto vazado.
Em função do acima exposto, nos vazamentos de produtos liquefeitos devera ser adotada a preferência ao
vazamento na fase gasosa ao invés do vazamento na fase líquida.
Em ambientes confinados, deve-se monitorar constantemente a concentração de oxigênio. Nas situações onde a
concentração de oxigênio estiver abaixo de 19,5% em volume, deverão ser adotadas medidas no sentido de
restabelecer o nível normal de oxigênio, ou seja, em torno de 21% em volume. Estas medidas consistem
basicamente em ventilação, natural ou forçada, do ambiente em questão.
Em função das características apresentadas pelo ambiente envolvido, a proteção respiratória utilizada deverá
obrigatoriamente ser do tipo autônoma. Nessas situações é de fundamental importância, o monitoramento freqüente
do nível de oxigênio e dos possíveis gases presentes na atmosfera.
Especial atenção deve ser dada, quando o gás envolvido for inflamável, principalmente se este estiver confinado.
Medições constantes dos índices da explosividade no ambiente, através da utilização de equipamentos seguros, e a
eliminação das possíveis fontes de ignição, constituem ações prioritárias a serem adotadas.
De acordo com as características do produto envolvido, e em função do cenário da ocorrência, pode ser necessária
a aplicação de neblina d’água para abater os gases ou vapores emanados pelo produto.
A operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente, quanto maior for a solubilidade do produto em água,
como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.
Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida, e recolhida posteriormente, para
que não cause poluição dos recursos hídricos existentes na região da ocorrência.
Para os produtos com baixa solubilidade em água, o abatimento através de neblina d’água também pode ser
utilizado, sendo que neste caso a mesma atuará com um bloqueio físico ao deslocamento da nuvem.
Deve-se ressaltar que a neblina d’água deverá ser aplicada somente sobre a nuvem, e não sobre as eventuais
poças formadas pelo gás liquefeito, uma vez que a adição de água sobre as mesmas, provocará uma intensa
evaporação do produto, gerando um aumento dos vapores na atmosfera.
Após o vazamento de um gás liquefeito, a fase liquida do produto estará a uma temperatura próxima à temperatura
de ebulição do produto, ou seja, a um valor baixo suficiente para que, em caso de contato com a pele, provoque
queimaduras.
Outro aspecto relevante nos acidentes envolvendo produtos gasosos é a possibilidade da ocorrência de incêndios
ou explosões.
Mesmo os recipientes contendo gases não inflamáveis podem explodir em caso de incêndio. A radiação térmica
proveniente das chamas é, muitas vezes, suficientemente alta para provocar um aumento da pressão interna do
recipiente, podendo causar sua ruptura catastrófica e conseqüentemente, o seu lançamento a longas distâncias,
causando danos às pessoas, estruturas e equipamentos próximos.
Em muitos casos, dependendo da situação, a alternativa mais segura pode ser a não extinção do fogo, mas apenas
seu controle, principalmente se não houver possibilidade de eliminar a fonte do vazamento.
Certas ocorrências envolvendo produtos gasosos de elevada toxicidade ou inflamabilidade exigem
que seja efetuada a evacuação da população próxima ao local do acidente.
A necessidade ou não da evacuação da população dependerá de algumas variáveis, como por exemplo:
risco apresentado pelo produto envolvido;
quantidade do produto vazado;
características físico-químicas do produto (densidade, taxa de expansão, etc);
condições metereológicas na região;
topografia do local;
proximidade a áreas habitadas.
Página 75 de 78
CLASSE 3 – LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
São líquidos, misturas de líquidos ou líquidos contendo sólidos em solução ou em suspensão, que produzem
vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,5ºC em testes de vaso fechado.
Via de regra, as substâncias pertencentes a esta classe são de origem orgânica, como por exemplo,
hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos e cetonas, entre outros.
Para uma resposta mais segura as ocorrências envolvendo líquidos inflamáveis faz-se necessário o pleno
conhecimento de algumas propriedades físico-químicas dos mesmos, antes de quaisquer ações.
Essas propriedades, assim como suas respectivas aplicações, estão descritas a seguir.
PONTO DE FULGOR (FLASH POINT)
É a maior temperatura na qual uma substância libera vapores em quantidades suficientes para que a mistura de
vapor e ar logo acima da sua superfície propague uma chama, a partir do contato com uma fonte de ignição.
Considerando a temperatura ambiente numa região de 25ºC e ocorrendo um vazamento de um produto com ponto
de fulgor de 15ºC, significa que o produto nessas condições está liberando vapores inflamáveis, bastando apenas
uma fonte de ignição para que haja a ocorrência de um incêndio ou de uma explosão. Por outro lado, se o ponto de
fulgor do produto for de 30ºC, significa que este não estará liberando vapores inflamáveis. Então, conforme acima
descrito, o conceito de ponto de fulgor está diretamente associado à temperatura ambiente.
LIMITES DE INFLAMABILIDADE
Para um gás ou vapor inflamável queimar é necessário que exista, além da fonte de ignição, uma mistura chamada
“ideal” entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás combustível. A quantidade de oxigênio no ar é praticamente
constante, em torno de 21% em volume. Já a quantidade de gás combustível necessário para a queima, varia para
cada produto e está dimensionada através de duas constantes: o Limite Inferior de Explosividade (LIE) e o Limite
Superior de Explosividade (LSE).
O LIE é a mínima concentração do gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a combustão do
produto, a partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações de gás abaixo do LIE não são combustíveis,
pois, nesta condição, tem-se excesso de oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Esta condição é
chamada de “mistura pobre”.
Já o LSE é a máxima concentração de gás que misturada ao ar atmosférico é capaz de provocar a combustão do
produto, a partir de uma fonte de ignição. Concentrações de gás acima do LSE não são combustíveis, pois, nesta
condição, tem-se excesso de produto e pequena quantidade de oxigênio para que a combustão ocorra, é a
chamada “mistura rica”.
Portanto o LIE é a concentração mínima, abaixo da qual a quantidade do vapor combustível é muito pequena
(mistura pobre) para queimar ou explodir e o LSE é a concentração máxima da qual a quantidade de vapor
combustível é muito grande (mistura rica) para queima ou explodir.
Página 76 de 78
CLASSE 5 – OXIDANTES E PERÓXIDOS ORGÂNICOS.
A classe 5 está dividida nas subclasses:
SUBCLASSE 5.1 – OXIDANTES
Um oxidante é um material que libera oxigênio rapidamente para sustentar a combustão dos materiais orgânicos.
Outra definição semelhante afirma que o oxidante é uma material que gera oxigênio à temperatura ambiente, ou
quando levemente aquecido. Como exemplo de produto oxidante, podemos citar o peróxido de hidrogênio,
comercialmente chamado como água oxigenada. Este produto é um poderoso agente oxidante e, em altas
concentrações, reage com a maioria dos metais, como Cu, Co, Mg, Fe, Pb entre outros, o que acarretará sua
decomposição com risco de incêndio/ explosão. Mesmo sem a presença de uma fonte de ignição, soluções de
peróxido de hidrogênio, em concentrações acima de 50% em peso (200 volumes) em contato com materiais
combustíveis podem causar a ignição.
SUBCLASSE 5.2 – PERÓXIDOS ORGÂNICOS
Os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que destes a maioria é irritante para os olhos,
pele, mucosas e garganta. Devido ao risco de formação de peróxidos, para alguns compostos é sugerido um
período máximo de estocagem de 3 meses, como por exemplo, éter isopropílico, divinil acetileno, cloreto de
vinitilideno, potássio metálico e amideto de sódio entre outros. Já para outros produtos é sugerido um período
máximo de estocagem de 12 meses como por exemplo: eter etílico, tetrahidrofurano, dioxano, acetal,
metilisobutilcetona, éter dimetílico de etilenoglicol, éteres vinilicos.
Sinais da presença de peróxido no ambiente num recipiente:
verifique se há corrosão, ferrugens ou ondulações na embalagem ou na tampa;
verifique se há formação de cristais brancos ou pó;
se o selo da tampa estiver rompido, considere o material potencialmente explosivo;
se houver suspeita de formação de peróxidos não abra a embalagem - acione o fabricante;
se for necessário abrir a embalagem, gire a tampa vagarosamente no sentido anti-horário, atentando para
minimizar o atrito;
se a tampa resistir em abrir, pare, assuma que o material é explosivo.
CLASSE 8 – CORROSIVOS
São substâncias que apresentam uma severa taxa de corrosão ao aço. Evidentemente, tais materiais são capazes
de provocar danos aos tecidos humanos.
Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam essas propriedades, e são conhecidos
por ácidos e bases.
Ácidos são substâncias que em contato com a água liberam íons OH-, provocando alterações de pH para a faixa de
0 (zero) a 7 (sete).
As bases são substâncias que em contato com a água liberam íons OH -, provocando alterações de pH para a faixa
de 7 (sete) a 14 (quatorze).
Como exemplo de produtos desta classe, pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico, hidróxido de
sódio e hidróxido de potássio, entre outros.
Muitos dos produtos pertencentes a esta classe reagem com a maioria dos metais gerando hidrogênio que é um gás
inflamável, acarretando assim um risco adicional.
Página 77 de 78
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho, 19a. edição. São Paulo, 1990. Série: Manuais de Legislação, ATLAS,
16, p. 64-8.
ARAÚJO, Giovanni Moaraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas – Rio de Janeiro, Ed.Autor – Giovanni
Moraes, 2005, 1689 p. 5ª edição.
CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Segurança Contra Incêndios. Decreto Estadual.
Instruções Técnicas. Disponível em: <http://www.bombeiros.com.br/br/index.php>. Acesso entre: junho e agosto de
2006.
HADDAD, E & Rabaneda, J. L.. Aparelhos de Medição – CETESB, São Paulo, 1990. 10 p. (Apostila do curso
Acidentes Ambientais: Prevenção e Controle. São Paulo, 1990).
HADDAD, E & Rabaneda, J. L.. Riscos Associados às Classes de Produtos Químicos. CETESB, São Paulo,
1990. 63 p. (Apostila do curso Acidentes Ambientais: Prevenção e Controle. São Paulo, 1990).
INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL – IRB. Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil – Rio de Janeiro, 1979,
10ª edição.
NATIONAL Fire Academy. The Chemistry Hazardous Materials. National Emergency Training Center. Student
Manual, USA, 1983.
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD – OPS. Manual sobre Preparacion de Los Servicios de Agua
Potable y Alcantarillado para Afrontar Situaciones de Emergencia, Julho, 1990.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Guia para Descontaminacion de Bomberos y su equipo Depues
de Incidentes com Manteriales Peligrosos. Centro Panamericano de Ecologia Humana y Salud. Metepec, 1989.
SILVA, Carlos Natal Luiz da. Apostila de Prevenção e Combate a Incêndios do Curso de Técnico em Segurança do
Trabalho. Escola Técnica Estadual Polivalente Americana, Americana – SP, 2005. 88 p.
SCHIELER, L & Pauze, D. Hazardous Materials. Van Nostrand Reinhold Company, New York, 1976.
STUTZ, D. R., Ricks, R.C.; Olsen, M. F. Hazardous Materials Injuries; a Handbook for Pre-Hospital Care. Bradford
Communications Corporation, Maryland, 1982.
Página 78 de 78