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Hidrogeologia Do Estado de Goiás PDF
Hidrogeologia Do Estado de Goiás PDF
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Hidrogeologia
2006
Serra Geral de Goiás e Morro do Moleque - Sistema Aqüífero Urucuia
Rio da Lapa, entrada da Gruta de Terra Ronca - Sistema Aqüífero Bambuí
Parque Estadual de Terra Ronca - São Domingos, Goiás São Domingos, Goiás.
Hidrogeologia do Estado de Goiás
Hidrogeologia do Estado de Goiás
Trabalho laureado com o Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente 2006
na categoria “Geologia e Minas”
Goiânia
2006
GERÊNCIA DE GEOLOGIA
do Estado
Hidrogeologia do Estado de
de Goiás
Goiás ee Distrito Federal
Série Geologia e Mineração
Número 1
Autores
Leonardo de Almeida
Leonardo Resende
Antônio Passos Rodrigues
José Eloi Guimarães Campos
Goiânia – Goiás
2006
COLABORADORES
Maria Luiza Osório Moreira – Geóloga
Heitor Faria da Costa – Geólogo
Cláudio Rodrigues da Silva – Geólogo
Levindo Cardoso Medeiros – Tecnólogo em Geoprocessamento
Cristina Maria Pompeo de Camargo e Silva – Bibliotecária
Sílvio Divino Carolina – Químico
Rafael Lisita Júnior – Administrador
Benedito Lopes da Silva – Técnico em Mineração
Juarez Rodrigues dos Santos – Técnico em Mineração
Ivanilson Dantas da Fonseca – Técnico em Mineração
Jeovah Quintino da Silva – Técnico em Mineração
Sérgio Pereira da Silva – Técnico em Mineração
Wilson Roberto dos Santos – Técnico em Mineração
José Leonardo Neves de Souza – Técnico em Mineração
Francisco Fernandes Pereira – Técnico Químico
Sabrina de Morais Guimarães – Tecnóloga em Geoprocessamento
1.1. A ÁGUA
A água é a substância mais abundante na superfície da Terra. Participa expressivamente dos
processos e fenômenos responsáveis pela evolução do planeta e da vida. Trata-se de um recurso
natural renovável, porém finito. Ocorre na atmosfera, na superfície e na subsuperfície do planeta,
nos três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.
A água em condições favoráveis ao consumo humano é um recurso escasso e, de acordo
com a Organização das Nações Unidas – ONU (2002), cerca de um bilhão de pessoas apresentam
doenças relacionadas à água, com a conseqüente morte de três milhões de pessoas por ano, em sua
maioria crianças.
A superfície do planeta é constituída por 29,3% de terras emersas e 70,7% de água. A maior
parte da água existente encontra-se nos mares e oceanos (97,5%) enquanto que os 2,5% restantes
das reservas correspondem a água doce, porém, também não são totalmente aproveitáveis para o
consumo (Figuras 1.1 e 1.2).
A grande maioria da água doce existente no planeta, não está diretamente disponível para o
consumo por se encontrar concentrada e congelada nas calotas polares e nos topos de montanhas
(68,9%). Outra parte expressiva (29,9%) ocorre em reservatórios subterrâneos e apenas 0,3% de
toda a água doce do planeta está localizada em rios e lagos, sendo de fácil acesso à população, no
entanto, fortemente susceptíveis à contaminação por poluentes diversos. O restante da água doce
(0,9%) está distribuído entre pântanos, solos congelados, biomassa, vapor d’água, entre outros.
O Brasil é o país mais rico do mundo em recursos hídricos, onde cerca de 12% de toda a
água doce do planeta é associado ao seu domínio territorial. Contudo, esta abundância não se reflete
de forma homogênea por todo o território. A Região Norte, com 6% da população brasileira,
acumula aproximadamente 70% de toda água doce disponível para uso, no Brasil. Enquanto a
Região Nordeste, com 29% da população, possui apenas 3,2% da água doce disponível em território
brasileiro.
O consumo diário per capita também traduz a realidade da disponibilidade, no semi-árido do
nordeste brasileiro o volume de água utilizado por pessoa é inferior a 100 litros por dia, enquanto
nas áreas mais nobres da capital federal, por exemplo, o consumo diário ultrapassa 500
litros/habitante/dia (Rebouças, 1994; Distrito Federal, 2006).
A Região Centro-Oeste é a segunda mais rica em disponibilidade de recursos hídricos
(15,3%). O estado de Goiás é contemplado com cerca de 5% de toda a água doce disponível para
uso no Brasil, enquanto o Distrito Federal tem apenas 0,05%, o que o torna a Unidade da Federação
com o menor potencial hídrico de todo o país.
Figura 1.1 – Distribuição das águas no Planeta Terra. Figura 1.2 – Distribuição das águas doces no planeta.
Figura 2.1 – Síntese da estratigrafia dos terrenos greenstone belts do estado de Goiás (compilado de Pimentel et al.,
2000).
1
Veios de grãos finos compostos por quartzo, plagioclásio e K-feldspato.
2
Grau metamórfico incipiente.
3
Rochas que contém primordialmente partículas de tamanho equivalente a seixos e matacões.
4
Rochas que contém primordialmente partículas de tamanho equivalente a areia.
5
Rochas que contém primordialmente partículas de tamanho equivalente a argila.
Em Goiás, os afloramentos de rochas deste grupo são abundantes, porém a grande maioria
apresenta-se intemperizada. Os tipos mais comuns são os filitos, podendo ser representados por
fengita filitos, clorita filitos, quartzo–fengita–clorita filitos e os filitos carbonosos, porém são
encontrados também metarritmitos, lentes de quartzitos e de mármores. Os tipos petrográficos mais
comuns apresentam níveis claros representados pelos carbonatos, quartzo e mica-branca e níveis
escuros representados por cloritas e fengitas. Quando carbonosos apresentam coloração preta e
aspecto sedoso. Os quartzitos podem ser encontrados como lentes das mais variadas formas e
dimensões: finos, grossos, micáceos ou puros e sempre muito silicificados e cisalhados. Já os
mármores são finos, escuros e sempre interdigitados com os filitos.
Figura 2.5 – Estratigrafia do Grupo Paranoá na área-tipo de Alto Paraíso de Goiás - São João D’Aliança. A – argila, S –
silte, AF – areia fina, AM – areia média, AG – areia grossa e C – cascalho, modificado de Faria (1995).
6
Sedimentos marinhos finos compostos por calcários e margas intercalados com conglomerados, arenitos e grauvacas.
7
Níveis enriquecidos em fragmentos acrescionários ovais compostos de carbonato ou sílica.
8
Níveis enriquecidos em fragmentos grossos, arredondados geralmente compostos por carbonato de cálcio.
Figura 2.7 – Estratigrafia do Grupo Ibiá, conforme Pereira (1992) e Pereira et al. (1994).
Formação Vila Maria (Ordovício/Siluriano): foi definida por Faria (1982) e detalhada por
Moreira & Borghi (1998). Corresponde à base da Bacia do Paraná e ocorre em restritas faixas sobre
o embasamento granito-gnáissico indiviso da Faixa de Dobramentos Brasília. É representada por
diamictitos (conglomerados matriz-suportados com matriz síltico-argilosa), arenitos e folhelhos. Os
clastos são representados por variada natureza petrográfica, com destaque para, rochas básicas,
Hidrogeologia do Estado de Goiás 39
granitos e gnaisses. Estes depósitos são associados a um evento glacial continental eopaleozóico o
que explica sua restrita espessura e reduzida expressão espacial, pois é apenas preservada em vales
glaciogênicos escavados sobre o embasamento.
Formação Furnas (Siluriano): na borda nordeste da Bacia do Paraná, esta unidade ocupa
grandes extensões, sendo constituída por conglomerados finos e médios, arenitos e arcósios de
granulometria média a grossa. O conteúdo de matriz é sempre reduzido e os diferentes tipos de
rocha apresentam coloração branca a rosada. Estes sedimentos foram depositados por sistemas
fluviais entrelaçados de alta energia, com distinção em depósitos de barras e de canais ativos.
Formação Ponta Grossa (Devoniano): é constituída por intercalações de arenitos
vermelhos, feldspáticos e argilosos e por folhelhos escuros (ricos em matéria orgânica). Níveis
conglomeráticos vermelhos são reconhecidos em toda a borda nordeste da Bacia do Paraná. Os
processos de denudação resultam em um relevo arrasado com solos espessos e arenosos. Esta
paisagem facilita a ocupação por pastagens plantadas e o uso para pecuária extensiva.
Grupo Aquidauana (Carbonífero/Permiano): é composto por conglomerados, diamictitos,
folhelhos vermelhos e principalmente arenitos. Os arenitos são mal selecionados, imaturos e
cimentados por calcita ou ricos em matriz argilosa. As estratificações do tipo plano-paralela e
ondulada são as estruturas sedimentares mais comuns. Localmente são encontradas concreções
calcíticas e canais de corte e preenchimento. O ambiente deposicional é interpretado como um
conjunto glaciogênico de condições pró-glaciais, como subambientes de lagos, rios e morainas, com
forte influência de águas de degelo e com a chegada intermitente de capas de gelo. A própria
natureza da sedimentação gera um conjunto de rochas sedimentares muito heterogêneas.
Formação Irati (Permiano): é constituída de calcários calcíticos e dolomíticos intercalados
por folhelhos pretos. Os calcários ocorrem em camadas que variam de 3 centímetros até mais de 2
metros de espessura. São finos, bege e raramente apresentam intraclastos e oncólitos. Os folhelhos
apresentam espessura de poucos milímetros até 80 centímetros, com piritas diagenéticas e
preservando fósseis de répteis e outros organismos vertebrados. Na região do Alto Araguaia são
expostos em restritas áreas, sendo encontrados em pedreiras nas proximidades de Amorinópolis.
Formação Botucatu (Jurássico): é constituída por um conjunto de arenitos de granulometria
fina a média com raras intercalações de níveis de folhelhos e siltitos argilosos, arenitos
conglomeráticos e conglomerados na seção basal. As estratificações cruzadas de grande porte são as
estruturas sedimentares mais comumente observadas. Lâminas bimodais e depósitos de avalanche
de grãos são facilmente identificados nas áreas de exposição. Os arenitos que dominam na
seqüência são puros, bem selecionados e com elevada maturidade textural e mineralógica (muito
raramente a fração argilosa supera 10% do arcabouço dos arenitos).
3.1. INTRODUÇÃO
Um dos aspectos mais relevantes quando se avalia a aplicação da compartimentação
geomorfológica para estudos hidrogeológicos é o funcionamento hídrico de cada unidade de relevo.
Mais especificamente como cada unidade geomorfológica homogênea funciona com relação à
recarga e descarga dos aqüíferos sotopostos.
O presente texto busca subsidiar as questões de como os diversos compartimentos
geomorfológicos controlam as condições de circulação das águas subterrâneas e influenciam nas
condições de recarga e descarga dos aqüíferos. Os dados primários foram compilados de Latrubesse
(2005) e posteriormente adaptados para a elaboração deste trabalho.
Assim, as questões relativas ao padrão de relevo, densidade de drenagem, comprimento das
rampas, hipsometria, assimetria dos vales, tipos de coberturas de regolitos e demais aspectos
geomorfológicos foram organizados de forma a evidenciar o controle dos compartimentos de relevo
como condicionantes do potencial dos aqüíferos.
De forma geral a recarga é inversamente proporcional ao aumento do grau de dissecação e
diretamente proporcional a hipsometria. Como resultado pode-se afirmar que área de dissecação
muito fraca compõe as melhores zonas de recarga e áreas com dissecação muito forte compõem
regiões com baixa potencialidade de recarga.
As áreas mais elevadas também favorecem a recarga, uma vez que apresentam maior
gradiente e em geral maior carga hidráulica em aqüíferos regionais que favorecem as condições de
infiltração e transferência das águas de precipitação para zonas mais profundas dos aqüíferos.
Figura 3.1 – SRA-IVA, representada localmente pelo Vão do Rio Claro (em primeiro plano) em transição abrupta para
a SRA IA, representada pela Chapada dos Veadeiros (em segundo plano).
Figura 3.2 – Aspecto geomorfológico regional, na região de São Domingos (GO), mostrando, em primeiro plano, a
ZER, que erode, com forte dissecação, a SRA-IIA (localmente, representada pela Serra Geral de Goiás, em segundo
plano) e forma a SRA-IVA, representada, localmente, pelo Vão do Paranã.
A SRA-IIIA ocorre em uma faixa de direção SW-NE na porção central do estado de Goiás,
entre Goiânia e Uruaçu, e borda NW da Bacia do Paraná (região de Piranhas) associadas aos
arenitos das formações Ponta Grossa e Furnas. Penetram como reentrâncias erosivas dentro da
SRA-II, produzindo escarpas que atingem várias centenas de metros de altura e ocupando uma área
de 33.467 km2, entre as cotas de 550 a 850 metros.
Do ponto de vista de recarga e circulação de água subterrânea este compartimento apresenta-
se de duas formas: na região de ambiente de rift continental representada pelo Grupo Araí, ocorrem
sistemas de fluxos locais, pois o relevo mais dissecado resulta na dispersão do fluxo superficial e
subterrâneo e, neste caso, a recarga é pouco eficiente.
Na região sudoeste (sobre as rochas areníticas da Bacia do Paraná) as condições de recarga
são boas a muito boas, pois o relevo é menos dissecado, as rampas mais longas, os solos têm maior
condutividade hidráulica e o próprio substrato rochoso é mais favorável à infiltração. Assim, é
possível observar condições de fluxo hidrogeológico regional.
A SRA-IIIB-RT ocorre na região sudoeste de Goiás e desenvolve-se principalmente sobre
basaltos da Formação Serra Geral. Possui caimento no sentido leste e sul até o encontro com a
SRA-IVB e ocupa uma área de 28.303 km2, dentro de um intervalo de cotas de 550 a 750 metros.
Apresenta uma distribuição irregular e relaciona-se com as ZERs que as estão erodindo.
Por ocorrer sobre relevo suave ondulado e ser bordejado por outras SRAs, este
compartimento apresenta excelentes condições de recarga e circulação das águas de infiltração,
mesmo sendo, na maior parte, desenvolvida sobre basaltos da Formação Serra Geral e áreas com
contribuição de areias residuais do Grupo Bauru, o que amplia a condutividade hidráulica e a
porosidade efetiva, culminando em uma sensível melhora das condições de recarga.
Figura 3.4 – Vista panorâmica do Vão do Paranã (SRA-IVA). Foto tirada a partir da rampa de salto de vôo livre,
próximo ao Distrito de São Gabriel, localmente representando a SRA-IIA. Observa-se a ZER na transição entre as duas
superfícies.
1
Crosta dura da camada do horizonte superior do solo, desenvolvido em clima semi-árido.
O grau de desenvolvimento das ZERs varia em função das características da superfície que
está sendo erodida.
Quando a ZER está associada a grandes bacias de drenagem, pode se estender por amplas
áreas e com recuos significativos, por outro lado, pode estar limitada às frentes/escarpamentos de
chapadões, inclusive com presença de detritos de taludes. À medida que uma ZER evolui, uma
paisagem de morros e colinas pode se encontrar associada, iniciando um estágio evolutivo ainda
incipiente para a geração de uma SRA situada numa cota inferior.
Figura 3.5 – Região de Monte Alegre de Goiás, Vista geral da SRA-IVA (em primeiro plano), com feições de Morros e
Colinas ao fundo.
Figura 3.8 – Sistema Cárstico representado por morros de calcário na região de Cabeceiras (GO).
Figura 3.9 – Planície Fluvial do Rio Araguaia na região de Luiz Alves, noroeste de Goiás. Geoforma representativa de
Planície Fluvial de Espiras de Meandro.
4.1. INTRODUÇÃO
Em estudos hidrogeológicos, a análise dos elementos climáticos é fundamental, uma vez
que, em associação com os diversos tipos de solos, rochas, relevo (geomorfologia) e vegetação, são
importantes para a infiltração, recarga dos aqüíferos e a conseqüente perenização dos cursos d’água,
de forma a manter o equilíbrio do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Elementos climáticos como a temperatura do ar, a precipitação pluvial, a insolação e a
evaporação, exercem grande influência na quantificação dos recursos hídricos disponíveis. Podem
ser definidos como grandezas que quantificam e qualificam o clima, ao longo dos anos. O Ciclo
Hidrológico (Figura 1.3) tem uma interrelação direta com os aspectos climáticos de uma
determinada região, pois condiciona características importantes para as águas subterrâneas com a
determinação de excedentes ou déficits hídricos.
O conhecimento destes elementos climáticos possibilita a definição de estratégias no
planejamento que minimizem os riscos oriundos das alterações nos eventos climáticos extremos,
contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa e planejamento adequado de uma região, podendo
ser decisivo na melhoria da qualidade ambiental, uma vez que a interação entre homem e meio
ambiente passa a ser feita de modo racional.
A base de dados utilizada para a confecção do presente capítulo foi obtida do trabalho de
Silva et al. (2004), que teve como intuito exclusivo buscar subsídios para a elaboração da
Caracterização Hidrogeológica do estado de Goiás e Distrito Federal.
As informações dos elementos climáticos, com séries históricas de pelo menos 10 anos,
foram obtidas pela compilação e combinação de dados da Agência Nacional de Águas – ANA
(BRASIL, 2004), EMBRAPA e INMET (BRASIL, 1992 e 1996) e posteriormente espacializadas
utilizando o software SPRING. Para a inserção destes dados no Sistema de Informações
Geográficas do Estado de Goiás – SIG/Goiás, o Laboratório de Geoprocessamento da SGM/SIC
utilizou as tabelas com dados climáticos já consistidos por Silva et al. (2004). Os pontos foram
plotados utilizando o aplicativo ArcView.
Figura 4.1 - Precipitação pluvial – janeiro. Figura 4.2 - Precipitação pluvial – fevereiro.
Figura 4.7 - Precipitação pluvial – julho. Figura 4.8 - Precipitação pluvial – agosto.
Figura 4.11 - Precipitação pluvial – novembro. Figura 4.12 - Precipitação pluvial – dezembro.
Figura 4.13 - Precipitação pluvial - período chuvoso Figura 4.14 - Precipitação pluvial - período seco (maio
(outubro a abril). a setembro).
300
259,1
233,8
221,6
205,4
183,7
200
126,6
103,8
100 75,8
53,8
25,1
16,6
5,7
0
Jan Fev M ar Abr M ai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.16 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação Jataí (Período 1986/2002).
300 275,2
218,9
208,6 203
200 178,9
116,9
107
100
47,7
38,4
20,5
12,1
6,3
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.17 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação Jandaia (Período 1976/2002).
243,1
226,5 231,7
211,2
200
128,6
100,9
100
45,9
30,8
16
5,3 6,9
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.18 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação Cristalina (Período 1978/2001).
285,3
300
242,6
217,8
185,9 183,8
200
132,8
98,8
100
47,4
28,8
7,1 6,3 12,4
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.19 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação Planaltina de Goiás (Período 1976/2001).
400
345,7
312,8
300 265,8
245,7 244,7
200
145,7
112,5
100
50,5
19,4
3,6 3,5 7,3
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.20 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação Estrela do Norte (Período 1976/2002).
229,1
200,1
200
138
93,3
100
39,8
31,5
3,9 7,9
1,4
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.21 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação São Miguel do Araguaia (Período 1975/2001).
300
257,2
245,9
211,1
195,6
200
155,3
114,4
89,9
100
31,9
12,4 9,0
1,0 4,6
0
Jan Fev M ar Abr M ai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
M eses
Figura 4.22 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação Nova Roma (Período 1975/2001).
300
236,0
204,3 199,2
200 164,2168,0
114,6
88,1
100
24,9
14,3
3,9 2,4 3,6
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Figura 4.23 - Total mensal médio da precipitação (mm) para a Estação São Domingos (Período 1975/2001).
Figura 4.24 - Temperatura máxima do ar – janeiro. Figura 4.25 - Temperatura máxima do ar – fevereiro.
Figura 4.28 - Temperatura máxima do ar – maio. Figura 4.29 - Temperatura máxima do ar – junho.
Figura 4.30 - Temperatura máxima do ar – julho. Figura 4.31 - Temperatura máxima do ar – agosto.
Figura 4.34 - Temperatura máxima do ar – novembro. Figura 4.35 - Temperatura máxima do ar – dezembro.
Figura 4.36 - Temperatura máxima do ar - período Figura 3.37 - Temperatura máxima do ar - período seco
chuvoso (outubro a abril). (maio a setembro).
Figura 4.39 - Temperatura mínima do ar – janeiro. Figura 4.40 - Temperatura mínima do ar – fevereiro.
Figura 4.41 - Temperatura mínima do ar – março. Figura 4.42 - Temperatura mínima do ar – abril.
Figura 4.45 - Temperatura mínima do ar – julho. Figura 4.46 - Temperatura mínima do ar – agosto.
Figura 4.47 - Temperatura mínima do ar – setembro. Figura 4.48 - Temperatura mínima do ar – outubro.
Figura 4.52 - Temperatura mínima do ar - período Figura 4.53 - Temperatura mínima do ar - período seco
chuvoso (outubro a abril). (maio a setembro).
Figura 4.66 - Evaporação - período chuvoso (outubro a Figura 4.67 - Evaporação - período seco (maio a
abril). setembro).
Figura 4.69 - Umidade relativa do ar – janeiro. Figura 4.70 - Umidade relativa do ar – fevereiro.
Figura 4.73 - Umidade relativa do ar – maio. Figura 4.74 - Umidade relativa do ar – junho.
Figura 4.75 - Umidade relativa do ar – julho. Figura 4.76 - Umidade relativa do ar – agosto.
Figura 4.79 - Umidade relativa do ar – novembro. Figura 4.80 - Umidade relativa do ar – dezembro.
Figura 4.81 - Umidade relativa do ar - período chuvoso Figura 4.82 - Umidade relativa do ar - período seco
(outubro a abril). (maio a setembro).
4.2.5. Insolação
O elemento climático insolação, ou brilho solar, é definido como sendo o número de horas
durante o dia, nas quais os raios solares atingem diretamente a superfície da Terra, em um dado
local.
O instrumento que mede esta grandeza é o heliógrafo, sendo que, para esta caracterização,
foram utilizados 11 pontos de coleta de dados de insolação (Tabela 7 – Anexo 1).
Devido à existência de um alto nível de nebulosidade, no período chuvoso (outubro a abril),
a insolação apresenta-se com valores mais baixos. Entretanto, no período “seco” (maio a setembro),
quando a nebulosidade é quase nula, a insolação mostra-se com índices bem elevados, atingindo
cerca de 280 a 290 horas, no mês de julho.
As (figuras 4.84 a 4.98) mostram o comportamento da insolação em todo o ano no estado de
Goiás. A duração da insolação, numa média anual, apresenta valores entre 2.550 e 2.600 horas
(Figura 4.98).
Na região de Goiânia, ocorrem os maiores valores de insolação do estado, atingindo 2.600
horas. Numa faixa que vai do sudoeste ao nordeste do estado, encontram-se as áreas com mais
brilho solar, enquanto que, a oeste, estão os menores valores. Considerando-se os períodos chuvoso
e seco (Figuras 4.96 e 4.97), nota-se que no período chuvoso tem-se no sul (região de Catalão) uma
maior quantidade de insolação, enquanto no período seco este fato ocorre no norte e nordeste do
estado (região de São Domingos).
Figura 4.101 - Excedente hídrico – março. Figura 4.102 - Excedente e déficit hídrico – abril.
.
Figura 4.103 - Déficit hídrico – maio. Figura 4.104 - Déficit hídrico – junho.
Figura 4.107 - Déficit hídrico – setembro. Figura 4.108 - Déficit hídrico – outubro.
Figura 4.109 - Excedente hídrico – novembro. Figura 4.110 - Excedente hídrico – dezembro.
1
Nível correspondente à pressão atuante no aqüífero.
86 Hidrogeologia do Estado de Goiás
CAPÍTULO V
SOLOS
5.1. INTRODUÇÃO
Os solos são um importante elemento ambiental. Compõem o substrato que controla a maior
parte dos ecossistemas terrestres, influenciando na agricultura, geotecnia, hidrogeologia, cartografia
geológica, geologia ambiental, entre outros. Por apresentar relação direta com a geologia,
geomorfologia e vegetação, os solos são considerados como eficientes estratificadores da paisagem.
Na hidrogeologia, os solos representam a matriz por onde os processos de recarga dos
aqüíferos se iniciam. Os solos desempenham três funções vitais para os aqüíferos: função filtro,
função reguladora e função recarga, ou seja, o estudo do comportamento do funcionamento hídrico
dos solos é fundamental para o entendimento dos processos de circulação hídrica subterrânea.
Os solos representam a camada natural mais externa da superfície da Terra, a qual pode ser
eventualmente modificada ou mesmo construída pelo homem, contendo matéria orgânica viva e
servindo ou sendo capaz de servir à sustentação da cobertura vegetal. Em sua porção superior,
limita-se com o ar atmosférico ou águas rasas. Lateralmente, limita-se gradualmente com rocha
consolidada ou parcialmente desintegrada, água profunda ou gelo. O limite inferior é de difícil
definição e deve excluir o material que mostre pouco efeito das interações de clima, organismos,
material originário e relevo, através do tempo (Soil Taxonomy, 1985).
A camada que inclui os perfis dos solos e a porção superior da rocha alterada é denominada
de regolito, isso é, representa a soma do solo e saprolito.
Em 1880, o russo Dokuchaiev já relatava que o solo não era um simples amontoado de
materiais não consolidados, em diferentes estágios de alteração, mas resultava de uma complexa
interação de inúmeros fatores genéticos como clima, organismos e topografia, os quais, agindo
durante certo período de tempo sobre o material de origem, produziam o solo.
Curi (1993) define solo como um material mineral e/ou orgânico inconsolidado na superfície
da Terra que serve como meio natural para o crescimento e desenvolvimento de plantas terrestres.
Segundo a EMBRAPA (1999), os solos são formados por materiais minerais e orgânicos
ocorrendo sobre o manto superficial continental e possuindo como limite superior a atmosfera e
inferior o substrato rochoso ou material originalmente inconsolidado, sujeito e influenciado por
fatores genéticos e ambientais. Encontram-se dispostos em estratos paralelos, conhecidos como
horizontes, que diferem entre si e entre o material que os originou, em função de processos
modificadores das condições pré-existentes, ou seja, processos pedogenéticos. Esta definição é
utilizada como base para o desenvolvimento do presente estudo, bem como as definições de cada
tipo de solos, caracterizados pela EMBRAPA (1999).
Para o presente trabalho é proposto um Mapa de Agrupamento de Solos para a
caracterização dos aqüíferos freáticos da área de estudo (Estado de Goiás e Distrito Federal). A base
Hidrogeologia do Estado de Goiás 87
cartográfica utilizada para a confecção do mapa foi resultado de uma compilação dos trabalhos do
RADAM (BRASIL, 1981, 1982 e 1983b) e Kerr et al. (2001). A partir da integração destes
trabalhos foi gerada uma base cartográfica preliminar, que posteriormente recebeu modificações
com base em evidências (parâmetros exclusivamente macroscópicos) obtidas em trabalhos de
campo.
Procurou-se, também, correlacionar as antigas nomenclaturas de solos com o novo Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos da EMBRAPA (1999), classificando-os até o 2º nível
categórico (Tabela 5.1). Vale ressaltar que não se pretende com este trabalho apresentar um mapa
de solos da área de estudo, apenas buscou-se uma adequação e atualização das informações
disponíveis com o objetivo de subsidiar os trabalhos de confecção do Mapa Hidrogeológico do
Estado de Goiás e Distrito Federal.
A partir desta classificação foram definidas, com base nas similaridades de condutividade
hidráulica e espessuras, nove classes e/ou agrupamentos de solos na área de estudo: Latossolo
Vermelho 1; Latossolo Vermelho 2; Latossolo Vermelho-Amarelo; Cambissolo; Associação de
Argissolo/Nitossolo; Neossolo Quartzarênico; Neossolo Litólico; Plintossolo; e Gleissolo.
5.2. LATOSSOLOS
Os Latossolos são solos minerais, não hidromórficos, que se
caracterizam por possuírem horizonte B latossólico imediatamente abaixo
de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou
dentro de 300 cm, caso o horizonte A apresente mais que 150 cm de
espessura (EMBRAPA 1999). Os Latossolos apresentam avançado grau intempérico, são
extremamente evoluídos, sendo praticamente destituídos de minerais primários ou secundários
1
Parte superior, mais intemperizada do perfil do solo, compreendendo os horizontes A e B (Curi, 1993).
2
Solo que apresenta baixa saturação por bases (Curi, 1993).
3
Alta saturação por alumínio trocável (Curi, 1993).
4
Textura composta de agregados arredondados e porosos (Curi, 1993).
90 Hidrogeologia do Estado de Goiás
Figura 5.1 – Latossolo Figura 5.2 –
Vermelho 1, exibindo Porção superior de
horizonte A moderado, Latossolo Vermelho
ABw1 de 30 cm de 2 com ampla
espessura e perfil de 230 homogeneidade
cm. Desenvolvido sobre vertical e com
filitos do Grupo textura granular
Canastra, na região de constante em todo o
Planaltina, DF. perfil exposto.
Desenvolvido sobre
basaltos da
Formação Serra
Geral, na região de
Jataí.
Perfil de 200 cm.
5.3. CAMBISSOLOS
Os Cambissolos apresentam seqüência de horizontes do tipo A ou
hístico5, Bi, C, com moderada diferenciação entre eles (EMBRAPA 1999).
Compreendem solos minerais, com horizonte A ou hístico de espessura
menor que 40 cm e horizonte B incipiente subjacente ao horizonte A de
qualquer tipo, excluído o chernozêmico (quando a argila do horizonte Bi
for de atividade alta). São solos pouco evoluídos, geralmente pedregosos e, devido à
heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições climáticas, suas
5
Tipo de horizonte constituído por material orgânico (Curi, 1993).
Algumas características marcantes diferenciam estes solos dos latossolos tais como: a maior
diferenciação entre os horizontes, maior quantidade de argila presente nos horizontes mais
profundos e a maior facilidade de desenvolvimento de estruturação média a grossa. A maior
atividade de raízes (figura 5.7) é em geral, vinculada a sua fertilidade natural que permite o
desenvolvimento de vegetação nativa de maior porte.
6
Revestimento de argilas na superfície dos agregados, grãos de minerais e poros do solo (Curi, 1993).
7
Possui concentração de nutrientes em nível ótimo para o crescimento de plantas ou animais (Curi, 1993).
94 Hidrogeologia do Estado de Goiás
constituídos essencialmente por quartzo (>95%), com ausência de minerais primários alteráveis
(EMBRAPA, 1999). São solos bastante susceptíveis à erosão, sobretudo quando sujeitos a fluxo de
água concentrado, que pode provocar a instalação de extensas voçorocas.
São solos muito permeáveis, excessivamente drenados e geralmente sem estrutura
desenvolvida. Apresentam também baixos valores de soma e saturação por bases, além de, na
maioria das vezes, ser elevada a saturação por alumínio. É comum observar-se um ligeiro aumento
de argila em profundidade, por vezes denotando caráter intermediário com latossolos.
Na área de estudo, os Neossolos Quartzarênicos ocorrem associados aos arenitos das
Formações Botucatu e Bauru e do Grupo Urucuia. Ocupam cerca de 3% da área total.
Em geral estes solos apresentam coloração creme esbranquiçada, textura arenosa em grãos
simples e são compostos dominantemente por quartzo. A presença de delgado horizonte A fraco a
moderado sempre é observado (Figura 5.8).
5.6. PLINTOSSOLOS
Os Plintossolos são solos minerais formados sob condições de
restrição à percolação de água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de
umidade, mal drenados, caracterizados por apresentar expressiva
plintização com ou sem petroplintita8 ou horizonte litoplíntico.
Apresentam horizonte plíntico iniciando em 40 cm, ou dentro de 200 cm
quando imediatamente abaixo do horizonte A ou E, e horizonte B textural sobre ou coincidente com
o horizonte plíntico (EMBRAPA, 1999). São solos fortemente ácidos, no entanto, verifica-se a
8
Material laterítico rígido, proveniente do endurecimento da plintita (mosqueados vermelhos de uma mistura de argila
rica em ferro e alumínio) e sobre efeitos de ciclos repetidos de hidratação e desidratação (Curi, 1993).
9
Horizonte mineral caracterizado pela intensa redução de ferro e formado sob condições de excesso de água,
prevalecendo um regime de umidade redutor (Curi, 1993).
10
Rico em humus, produto da alteração de resíduos orgânicos por atividades biológicas e reações químicas (Curi,
1993).
98 Hidrogeologia do Estado de Goiás
CAPÍTULO VI
ANÁLISE DE LINEAMENTOS
6.1. INTRODUÇÃO
Em rochas metamórficas, magmáticas e sedimentares intensamente cimentadas a porosidade
e permeabilidade primárias são mínimas a nulas e, portanto, a condutividade hidráulica é muito
baixa. Por outro lado, os vários processos tectônicos superimpostos marcam a evolução geológica
destas rochas, gerando descontinuidades planares (fraturas, falhas, juntas, etc.). Estas proporcionam
a abertura de uma porosidade e permeabilidade secundárias, responsáveis pela ampliação da
condutividade hidráulica que resulta no armazenamento e circulação de água subterrânea em meios
denominados genericamente de cristalinos, caracterizados como aqüíferos fraturados (Manoel
Filho, 2000).
Um dos aspectos mais importantes da prospecção de água subterrânea é detectar fraturas
abertas e interconectadas, mais eficientes para o fluxo e armazenamento de água. As fraturas mais
propícias, por vezes, estão relacionadas à evolução tectônica regional e condicionadas à cronologia
dos eventos tectônicos e à condição crustal onde se deu sua deformação. O armazenamento e
transmissão de água explotável é resultado de processos geológicos, os quais podem ser observados
desde posições crustais rasas até a centenas de metros de profundidade (Jardim de Sá, 2000).
Nos terrenos cristalinos a percolação e acumulação de água são controladas por anisotropias1
do maciço rochoso, como fraturas, vesículas, aberturas de dissolução, zonas de alívio, contatos entre
litotipos distintos, comportamento mecânico contrastante, planos de foliação, zonas cataclásticas,
dentre outras. Por conseqüência, os aqüíferos fraturados não apresentam parâmetros hidrodinâmicos
constantes em três dimensões. A porosidade é função da abertura das fraturas, que não possuem
distribuição homogênea em todo o maciço rochoso ou mesmo ao longo de um plano individual de
anisotropia.
Quando as descontinuidades são desenvolvidas em rochas porosas, passam a corresponder a
uma porosidade adicional e estes sistemas são denominados de aqüíferos de dupla porosidade.
Em decorrência da ausência de exposições rochosas em grande parte do estado, em função
da ampla ocorrência de coberturas de solos que mascaram o substrato rochoso, a avaliação das
estruturas planares foi feita com auxílio de imagem de satélite do sensor Thematic Mapper. As
imagens na forma de cenas digitais foram utilizadas para a confecção de composições coloridas
integradas para toda a poligonal do estado.
Os critérios usualmente utilizados para a determinação dos lineamentos são representados pelos
seguintes parâmetros: alinhamento de cursos de drenagens retilíneas, quebras negativas ou positivas de
relevo, forma alongada e alinhamento de dolinas, contraste tonal nas imagens, mudanças bruscas na
densidade da vegetação e alinhamento de exposições rochosas.
1
Meios anisotrópicos não apresentam as mesmas propriedades físicas em todas as direções.
N
l
b
F
2
1
F
Matriz
Direção e
Mergulho R
Figura 6.1 - Elementos do aqüífero fraturado (compilado de Costa & Silva, 2000).
Figura 6.3 – Compartimentação tectônica utilizada para se proceder aos estudos da análise de lineamentos.
Denominação dos compartimentos: 1 – Sul da Sintaxe dos Pirineus; 2 – Norte da Sintexe dos Pirineus; 3 – Arcos de Ilha
do Oeste de Goiás, 4 – Bacia do São Francisco; 5 – Bacia do Paraná e 6 – Bacia do Araguaia.
A Tabela 6.1 apresenta a síntese das informações em cada compartimento e traz a densidade
média dos lineamentos aparentes. Além dos compartimentos em separado, uma avaliação integrada
de todos os lineamentos também será apresentada.
Figura 6.8 – Distribuição estatística dos lineamentos Figura 6.9 – Padrão de lineamentos do compartimento
estruturais no compartimento Bacia do Paraná. Os Bacia do Araguaia. A distribuição estatística indica
lineamentos longos e médios com direção NW marcam maior reativação tectônica das anisotropias noroeste.
o curso dos principais rios tributário do Rio Paraná, no Esse fato é devido ao arranjo dos tensores pós-
sudoeste do estado de Goiás. cretáceos no interior da placa sul americana.
Figura 6.10 – Rosetas totais dos lineamentos do estado de Goiás. A distribuição mostra que as estruturas trativas norte-
sul e as cisalhantes noroeste (do par conjugado de cisalhamento) são as mais evidentes em toda a região. Os tensores
compressivos aproximadamente leste-oeste que persistem desde o fim do cretáceo não favorece à reativação das
estruturas equatoriais.
7.1. INTRODUÇÃO
A quantidade e a qualidade das águas subterrâneas estão diretamente associadas aos
processos de recarga. O tipo de uso e ocupação sob a qual uma determinada região encontra-se
submetida e a densidade e tipo da cobertura vegetal remanescente são os principais condicionantes
que podem incrementar ou até mesmo anular os processos naturais de recarga.
Em Goiás, o uso e ocupação irregular ou inadequada do solo vêm provocando alterações em
suas características naturais, causando sérios problemas ambientais como a deterioração da
qualidade ambiental e a grande diminuição das áreas de recarga natural dos aqüíferos.
Para a elaboração do presente trabalho utilizou-se como ferramenta auxiliar o mapa de
“Definição de Áreas Prioritárias para Conservação do Estado de Goiás” confeccionado pelo
Consórcio Imagem – WWF Brasil, em 2004, aliado a atividades de conferência de campo e
classificação automática utilizando o software ArcView.
A metodologia utilizada para a realização do mapa (WWF Brasil, 2004) consistiu de
interpretação das classes de cobertura vegetal e uso do solo, aplicando diferentes métodos de
classificação: manual, não supervisionada e supervisionada. Foi realizado um cruzamento visual das
interpretações do uso diretamente sobre as imagens analógicas do satélite LANDSAT ETM+, na
composição colorida RGB - 543, correspondentes aos anos de 2001-2002.
A área mínima de representação foi de 25 ha, sendo contempladas as classes: Mata de
Galeria e Ciliar; Mata Seca ou Cerradão; Cerrado Sensu Strictu; Campo Limpo; Campo Sujo,
Campo Rupestre; Cultura em Pivô Central, Cultura Anual, Cultura Permanente, Pastagem,
Reflorestamento, Água, Área Urbana, Núcleo Rural, Áreas Queimadas, Mineração, Solo Exposto
(exceto Agricultura) e Área de Tensão Ecológica.
Para analisar a influência do uso e ocupação do solo nas águas subterrâneas, foi realizada
uma nova classificação das tipologias acima, reagrupando temas que possuem influências similares
no comportamento hídrico das águas meteóricas e na recarga dos aqüíferos. Foram definidas as
seguintes classes: Agricultura; Água; Área Urbana; Cerrado; Floresta; Pastagem; e Solo Exposto.
Figura 7.1 – Extensa área de lavoura de soja observada na região sudoeste de Goiás, município de Jataí.
7.2.2. Água
Esta classe representa 0,6% da área total do estado, sendo incluídos os lagos naturais,
represas formadas por barramentos artificiais e rios de margem dupla, mapeáveis na escala do
trabalho. Estas massas d’água influenciam no nível do lençol freático e na prática representam
condições de recarga local e limitada, uma vez que definem os principais exutórios dos aqüíferos
profundos. As maiores massas d’água artificiais encontram-se ao longo do curso dos rios Paranaíba,
Corumbá e Tocantins (Figura 7.3).
Figura 7.3 – Lago de Serra da Mesa, maior represa em volume d’água do Brasil. Barramento construído no curso do
Rio Tocantins, região norte de Goiás (Fonte: Google Earth).
Figura 7.5 – Lixão da cidade de Mineiros, construído sobre os arenitos do Sistema Aqüífero Guarani - SAG.
7.2.5. Pastagem
Esta classe representa áreas com plantio de gramíneas visando a formação de pastagens. Em
geral, estas áreas possuem taxas regulares de infiltração das águas meteóricas. Contudo, o
comportamento hídrico encontra-se, por vezes, prejudicado pela compactação do solo ou ainda
pelos elevados estágios de degradação da pastagem.
Figura 7.6 – Vista geral de área de cerrado antropizado e transformado em pastagem (em primeiro plano) e de cerrado
preservado em segundo plano, na região de Morrinhos.
8.1. INTRODUÇÃO
Os recursos hídricos superficiais têm estreita relação de interdependência com as águas
subterrâneas. Rios, córregos e outras drenagens ora alimentam os aqüíferos (influentes), ora são
alimentados pelas águas subterrâneas (efluentes). A manutenção da qualidade e da quantidade das
águas superficiais é extremamente importante não apenas para a manutenção dos ecossistemas
dependentes, mas também para a garantia de alimentação dos aqüíferos profundos.
O estado de Goiás e o Distrito Federal possuem características peculiares em relação à
hidrografia. Nesta área nascem drenagens alimentadoras de três importantes Regiões Hidrográficas1
(RH) do país (Araguaia/Tocantins; São Francisco e Paraná), tendo como divisores os planaltos do
Distrito Federal e entorno e os altos topográficos que atravessam as cidades de Águas Lindas,
Pirenópolis, Itauçu, Americano do Brasil, Paraúna, Portelândia até as imediações do Parque
Nacional das Emas (figura 8.1).
50 0 50 100 Km
Legenda
Região H idrográfica
Tocantins/Araguaia Rio
Figura 8.1 – Distribuição das Regiões Hidrográficas em Goiás e Distrito Federal (CNRH, 2003).
1
Regiões Hidrográficas correspondem a áreas drenadas por uma ou mais bacias hidrográficas.
2
Vazão de corpos hídricos.
122 Hidrogeologia do Estado de Goiás
lançamento de lixos urbanos em locais inadequados e despejos de esgotos domésticos e efluentes
industriais sem tratamento prévio.
Contudo, observam-se, ainda, grandes áreas preservadas neste compartimento, sobretudo nas
regiões norte e nordeste de Goiás, com a presença de Unidades de Conservação (Parques Nacional e
Estadual, Áreas de Proteção Ambiental – APA’s e Reservas Particulares do Patrimônio Natural –
RPPN’s) além de outras áreas com vegetação ainda preservada, haja vista a baixa aptidão para
atividades agropastoris mecanizadas.
15
16
11
10
9
17
6
8
7
5
2 1
3
4
50 0 50 100 150 200 Km
Legenda
Região Hidrográfica do Paraná Região Hidrográfica Tocantins/Araguaia
1 - Lago Azul 12 - Lago de Serra da Mesa
2 - Lago das Brisas 13 - Lago de Cana Brava
3 - Lago de Cachoeira Dourada 14 - Lago de São Domingos
4 - Lago de São Simão 15 - Represamento de Mosquito
5 - Lago de Corumbá II 16 - Represamento de Mambaí
6 - Lago de Corumbá IV
7 - Lago do Rochedo Região Hidrográfica do São Francisco
8 - Lago do João Leite
9 - Lago Paranoá 17 - Lago do Rio Preto
10 - Lago do Descoberto
11 - Lago Santa Maria
Figura 8.2 – Localização dos principais represamentos em Goiás e Distrito Federal. (Fonte: SIG-GOIÁS 2005).
9.1. INTRODUÇÃO
Os ensaios de infiltração ou de permeabilidade in situ são utilizados para estimar as
condutividades hidráulicas verticais (K v) do meio testado. Estes ensaios medem a relação entre a
quantidade de água infiltrada e o tempo necessário para sua percolação e visam definir a
condutividade hidráulica não saturada dos meios porosos rasos. Os ensaios de permeabilidade são
definidos com base no diferencial de pressão exercido no meio e medem a quantidade de água
efetivamente infiltrada do poço para o meio, em determinado tempo (ABGE, 1996).
Para a caracterização do comportamento hídrico nos solos de Goiás, foram realizados 336
ensaios distribuídos em todo estado (Figura 9.1).
Figura 9.1 - Localização dos ensaios de Permeabilidade realizados no estado de Goiás e Distrito Federal.
A definição dos locais para realização dos ensaios foi feita visando abranger o maior
número de classes de solos, unidades geomorfológicas e geológicas, em áreas com os mais diversos
tipos de uso e ocupação.
Em cada ensaio foram realizados cinco testes, sendo um superficial (< 10 cm) e quatro em
diferentes profundidades (50, 100, 150 e 200 cm). Esta metodologia objetivou avaliar a
variabilidade da condutividade hidráulica em profundidade e permitiu obter mais de 1000 valores
em todo estado de Goiás. Os testes superficiais foram realizados pelo método dos anéis concêntricos
e os testes em profundidade, foram feitos de acordo com a técnica conhecida como open end hole.
Estes métodos direcionam a água predominantemente na direção vertical, pois objetivam estimar os
Mi
H Mf
Hi
Hf
I
A B
Figura 9.2 – A: Representação esquemática do método dos anéis concêntricos para ensaios de infiltração. H - distância
da superfície ao topo do cilindro, I - seção cravada no solo, Mi - distância do topo do cilindro ao nível
d’água inicial, Hi - distância do nível d’água inicial à superfície do terreno, Mf - distância do topo do
cilindro ao nível d’água final, Hf - distância do nível d’água final à superfície do terreno. B: Execução do
ensaio em campo.
Para uma boa realização do ensaio, recomenda-se o nivelamento horizontal prévio dos anéis
e a verificação da ausência de vazamentos entre os dois compartimentos.
Com o auxílio de uma trena realizam-se medidas das alturas das colunas d’água do
compartimento interno, no período inicial (To) e final (Tf) tomando-se os respectivos intervalos de
tempo decorridos entre uma e outra medida. Para evitar que ocorra infiltração com componente
lateral, a partir do compartimento interno, é necessário vistoriar constantemente o nível da água no
compartimento externo, que deve sempre apresentar um nível d’água mais elevado que o do
compartimento interno.
K v = U . I / t . ln h0 / ht, onde:
K v - Condutividade hidráulica vertical do meio (m/s); U - Fator de conversão mm/min para m/s (1/60.000);
I - Profundidade do anel no solo (mm); t (tf-to) – Tempo final - Tempo inicial da medição (min); h0 -
Nível da água após a saturação externa to (mm ou cm); ht - Nível da água ao tempo tf (mm ou cm).
K v - condutividade hidráulica vertical do meio (m/s); R - raio interno do tubo (metro); t - tempo de
infiltração (segundo); h1 - nível da água no início da medição (cm ou mm); h2 - nível da água após o
intervalo de tempo t (cm ou mm).
Mi
Mf
H Hi
Hf
A B
Figura 9.3 – A: Representação esquemática do método open end hole para ensaios de infiltração. H - distância da parte
superior ao fundo do tubo, Mi - distância do topo do tubo ao nível d’água inicial, Hi - distância do nível
d’água inicial ao fundo do tubo, Mf - distância do topo do tubo ao nível d’água final, Hf - distância do
nível d’água final ao fundo do tubo. B: Execução do ensaio em campo (notar os tubos de PVC cravados
nos poços previamente perfurados a trado).
Valores de K v (ordem de
Magnitude Exemplo de materiais
grandeza em m/s)
Cascalho clasto-suportado/Fratura com
> 10-3 Muito Alta
abertura maior que 05 mm.
Arenito grosso, puro e bem
10-3 a 10-5 Alta
selecionado.
Arenito fino a médio, com pequena
10-6 Moderada
quantidade de matriz/Solo arenoso.
Solo argiloso/Siltito pouco
10-7 a 10-8 Baixa
fraturado/Grauvaca/Arenito cimentado.
Siltito argiloso/Solo argiloso sem
< 10-8 Muito Baixa
estruturação/Folhelho.
Tabela 9.1 – Classificação de magnitudes da condutividade hidráulica.
Neossolo
15% 54,5% 23% 7,5 - 7% 68,2% 17% - -
Quartzarênico
Latossolo Vermelho 1,5% 40% 47% 11,5% - 3% 44% 38% 15% -
Latossolo
3,3% 40% 46,7% 10% - 2% 44% 37% 16% 1%
Vermelho-Amarelo
Argissolo +
2,9% 26,4% 58,8% 11,9% - 0,8% 40,3% 36,8 21,3% 0,8%
Nitossolo
Cambissolo +
Plintossolo + 2,5% 38% 48% 9% 2,5% 8% 16% 60% 16% -
Neossolo Litólico
Gleissolo - 20% 50% 30% - - 26% 39% 30% 5%
Tabela 9.2 – Distribuição estatística dos resultados dos ensaios de infiltração in situ nas diferentes classes de solos em
superfície e em profundidade. (-) valores não encontrados nos ensaios.
10.1. INTRODUÇÃO
Hidrogeologia é a ciência que estuda todos os aspectos relacionados à água subterrânea,
incluindo a caracterização das unidades hidrogeológicas, distribuição, composição química natural,
contaminação, definição de parâmetros hidrodinâmicos, controle geológico da disponibilidade, tipos
e padrões de fluxo, potencial dos aqüíferos, cartografia, locação e construção de poços, além dos
demais aspectos relacionados aos controles da presença de água em subsuperfície.
No Brasil existem dez províncias hidrogeológicas (DNPM/CPRM, 1981 e Ment, 2000), que
abrangem diferentes tipos litológicos (Figura 1.4). Goiás é a unidade da federação que apresenta o
maior número de províncias: Escudo Central, São Francisco, Escudo Oriental, Paraná, Centro-Oeste
e Parnaíba. Com tamanha diversidade e heterogeneidade, a caracterização hidrogeológica regional é
um desafio complexo.
Goiás possui regiões com elevado potencial hidrogeológico e outras com potencial
extremamente reduzido. Destaca-se a região sudoeste do estado, que possui em seu subsolo rochas
porosas e fraturadas com altíssimo potencial hídrico. Já as regiões nordeste e noroeste do estado
apresentam os menores índices de disponibilidade de água subterrânea.
A integração de dados geológicos, climáticos, geomorfológicos e pedológicos possibilitou
definir dois grupos de reservatórios individualizados e denominados de Grupo dos Aqüíferos
Rasos ou Freáticos e Grupo dos Aqüíferos Profundos. Os grupos classificam-se em Domínios,
em função do tipo de porosidade predominante, sendo denominados de: Intergranular, Fraturado,
Dupla Porosidade, Físsuro-Cárstico e Cárstico. Dentro dos diferentes Domínios, foram
classificados 25 (vinte e cinco) Sistemas Aqüíferos, sendo 03 (três) freáticos e 22 (vinte e dois)
profundos. Destes, 03 (três) foram subdivididos em Subsistemas, em virtude da disponibilidade de
informações sobre as variações litológicas e estruturais dos conjuntos litoestratigráficos associados.
Para otimizar a visualização cartográfica, são propostos símbolos representados por letras para cada
um dos Sistemas/Subsistemas definidos para o estado (Tabela 10.1).
O Grupo dos Aqüíferos Rasos ou Freáticos é constituído exclusivamente por coberturas
regolíticas (solo + saprolito), enquanto o Grupo dos Aqüíferos Profundos inclui as unidades
litológicas, que ocorrem com espessuras de dezenas a centenas de metros, podendo apresentar-se
livres ou sob confinamento.
Figura 10.2 – Ampla exposição de areias inconsolidadas, compondo a zona não saturada de um exemplo típico do
Sistema Aqüífero Freático I (município de Simolândia, próximo à BR-020).
1
Processo de dissolução característico da ação da água sobre rochas carbonáticas, com formação de grandes espaços
vazios (grutas, cavernas, etc).
Para o cálculo de K e T foram utilizados o programa Aquifer Test for Windows, tendo sido
aplicadas as ferramentas de Newman, Theis e Moench, respectivamente para sistemas aqüíferos
intergranulares livres, intergranulares confinados e fraturados.
Importante salientar que alguns dos poços foram inseridos em certo sistema aqüífero em
função da análise do perfil construtivo, de forma que em alguns casos o poço pode estar situado em
planta em um determinado aqüífero e ter sido inserido no grupo de um aqüífero sotoposto. Esta
feição é atribuída ao fato da perfuração ter interceptado o aqüífero situado abaixo, ou por o poço ter
sido revestido na seção superior, de forma que as características hidráulicas sejam representativas
do sistema inferior. O cadastro aqui apresentado não considera a possibilidade de sistemas aqüíferos
mistos, com contribuição de mais de um sistema.
2
Reologia é a ciência que estuda a deformação e a fluidez dos materiais.
Reservas Permanentes
Para se estimar a reserva permanente dos meios fraturados foi aplicada a equação proposta
por Campos & Freitas-Silva (1998):
RPf = A x b x IFi, onde,
RPf = reserva permanente do domínio fraturado; A = área do sistema/subsistema; b = espessura saturada e
Ifi = índice de fraturamento interconectado.
A Tabela 10.5 traz as principais variáveis para a estimativa das várias modalidades de
reservas hídricas subterrâneas do estado de Goiás. O cálculo das áreas individuais de cada sistema
foi obtida diretamente do programa ArcView 3.2. Os valores de porosidade eficaz e índice de
fraturamento interconectado foram definidos a partir da comparação direta com sistemas similares,
Șe Área
b
SISTEMA ou Aflorante Observações
(em m)
IFi (em m2)
Como a concentração de argila é baixa a micro
Freático I 30 12% 12.268.596.816 porosidade é reduzida e a porosidade efetiva
tende a ser muito alta.
A micro porosidade grande principalmente nos
Freático II 15 8% 156.770.968.781 latossolos de textura argilosa tende a
minimizar a porosidade efetiva.
Redução da porosidade efetiva em função dos
Freático III 10 6% 59.471.564.597
horizontes enriquecidos em argila.
Porosidade efetiva elevada em virtude da
Bauru 40 10% 29.776.261.795
natureza friável dos arenitos.
Limitação da porosidade efetiva em razão da
Cachoeirinha 20 8% 7.092.186.732 grande quantidade de argila acumulada nos
processos pedogenéticos.
Porosidade efetiva elevada em virtude da
Urucuia 30 18% 1.366.852.311 natureza friável dos arenitos e da restrita
concentração de argila.
Limitação da porosidade efetiva em função da
Araguaia 30 9% 19.014.442.365
presença comum de horizontes plínticos.
Cristalino Oeste 120 1,5% 10.218.172.689
Cristalino Noroeste 110 1,5% 37.549.018.453
Cristalino Nordeste 100 1,3% 6.748.204.848 IFi diminui progressivamente com o aumento
Cristalino Sudeste 150 1,5% 31.278.907.124 da profundidade (aumento da pressão de
Greenstone Belts 100 1% 1.885.820.748 confinamento).
Complexos
100 1% 4.030.571.977
Acamadados
Araí 150 3% 6.972.265.289 IFi ampliado sensivelmente em função da
ampla presença de rochas psamíticas de
Paranoá 100 2,5% 24.582.364.194
comportamento frágil.
Canastra 100 1,3% 22.035.593.094
Valores de IFi reduzido pela natureza dúctil
Araxá 100 1,2% 34.522.892.635
das rochas componentes.
Serra da Mesa 100 1,2% 19.468.675.790
Sensível ampliação do IFi em função da
Bambuí 120 4,5% 28.470.662.153
dissolução cárstica em carbonatos e margas.
Sensível ampliação IFi em função da soma de
Serra Geral 300 3,5% 25.645.676.423
fraturas térmicas e fraturas tectônicas.
Porosidade efetiva elevada em função da
Furnas 100 10% 4.868.785.194
ausência de cimentos e matriz.
Ponta Grossa 200 6% 4.830.994.150 Porosidade efetiva limitada pela recorrência de
Aquidauana 200 6% 14.772.804.507 fácies pelíticas intercaladas aos arenitos.
Porosidade efetiva ampliada pela dupla
Guarani 200 15% 9.351.308.751
porosidade e ausência de matriz e cimentos.
Ouvidor-Catalão 120 4,5% 41.602.584 IFi ampliado pela dissolução cárstica.
Tabela 10.5 – Parâmetros para o cálculo das reservas hídricas permanentes nos diversos sistemas aqüíferos do estado
de Goiás. Șe - Porosidade efetiva ou eficaz; IFi - índice de fraturamento interconectado e b – espessura saturada média.
A Tabela 10.6 traz a síntese dos resultados das reservas hídricas subterrâneas para o estado.
Reservas
Grupo de
Aqüífero Renováveis Permanentes Explotáveis
(km3/ano) (km3) (km3/ano)
Freático 41,13 milhões 267 milhões 67,92 milhões
11.1. INTRODUÇÃO
Os aspectos químicos das águas subterrâneas foram analisados utilizando-se uma população
de 121 amostras de águas de poços tubulares e nascentes, distribuídos por todo o estado de Goiás e
Distrito Federal. Todas as amostras provenientes de poços foram coletadas o mais próximo da saída
do poço, após um período de bombeamento que variou de 5 a 15 minutos. Evitou-se amostrar águas
em torneira após o reservatório e naqueles em que as condições não permitiam a tomada da amostra
nas proximidades da saída do poço (poços sem torneiras antes do reservatório ou poços não
equipados com bombas submersíveis). Nas nascentes as amostras foram tomadas o mais próximo
do olho d’água.
Um fato relevante é que em alguns casos os perfis geológico e construtivo não são
disponíveis para os poços amostrados. Mesmo com a possibilidade de misturas de águas de
diferentes reservatórios (ex. águas freáticas com águas de aqüíferos profundos ou águas de
diferentes camadas em aqüíferos estratificados), os resultados são importantes para a caracterização
geral das fácies hidrogeoquímicas e da química natural das águas.
Foram determinados os seguintes parâmetros: pH, condutividade elétrica, total de sólidos
dissolvidos (TDS), temperatura, bicarbonato, cloreto, nitrato, nitrito, sulfato, fósforo total, sódio,
potássio, estrôncio, lantânio, ítrio, titânio, cálcio, vanádio, magnésio, ferro, silício, níquel, zircônio,
cobre, alumínio, cromo, bário, cobalto, zinco, chumbo, cádmio e molibdênio.
11.3. RESULTADOS
Dentre os parâmetros analisados, foram enumerados os mais importantes usualmente
utilizados para a caracterização da qualidade das águas. Os resultados das análises são apresentados
em anexo.
pH – apresenta um espectro de variação desde 4,38 até próximo de 11,09. O principal controle está
associado ao tipo de rocha reservatório. Água oriunda de rochas cristalinas, como granitos e
gnaisses apresentam pH fracamente ácido, enquanto para as águas de reservatórios, com ampla
predominância de quartzitos, o pH é em geral mais ácido (inferior a 5,5). No outro extremo estão as
águas provenientes de aqüíferos com contribuição de carbonatos (calcários, dolomitos, margas e
mármores) e sulfatos, onde o pH pode alcançar valores maiores que 8,0.
Cálcio e Magnésio – em geral, as águas subterrâneas, em Goiás, apresentam baixos teores de Ca2+
e Mg2+. Este quadro é modificado em casos onde as águas mantêm contato com rochas carbonáticas
como mármores, calcários ou arenitos com cimentos (por exemplo o Sistema Aqüífero Aquidauana
– SAAQ). Em rochas do Sistema Aqüífero Bambuí - SAB foi observada uma amostra com teor de
Ca+2 de 235 mg/L. Nos demais reservatórios profundos, como as rochas são pobres em minerais
calcíferos e magnesianos estes componentes aparecem com valores inferiores a 30 mg/L.
Sódio e Potássio – estes elementos ocorrem, em geral em baixos teores na ampla maioria dos tipos
de reservatórios, apresentando valores inferiores a 5,0 mg/L. Contudo, duas situações divergem
desta tendência, em reservatórios que contenham rochas ricas em feldspatos e situações extremas
com contribuição de minerais associados a evaporitos. Rochas típicas de embasamento (como
granitos e gnaisses) e psamitos ricos em feldspatos (como arenitos felspáticos das formações Furnas
e Aquidauana, ou metarcóseos do Grupo Araí) podem apresentar teores de sódio variando de 10
mg/L até 80 mg/L. Nos casos em que o reservatório indica a presença de evaporitos, os valores de
sódio podem superar 2.000 mg/L. Os teores de potássio seguem o padrão geral do sódio, entretanto
os valores são inferiores (máximo de 18,8 mg/L e moda inferior a 1,0 mg/L).
Ferro total – em geral, este metal ocorre em restritos teores nas águas subterrâneas do estado, com
valores geralmente inferiores a 0,5 mg/L. Apenas localmente, em casos onde o pH é baixo, a
176 Hidrogeologia do Estado de Goiás
disponibilização do ferro pode ser alta. O ferro é oriundo de cimentos de óxidos de ferro, películas
de óxidos em zonas de fraturas ou a partir da alteração de minerais ferro-magnesianos. Os valores
mais elevados (10 a 19 mg/L) foram observados em poços construídos nos sistemas aqüíferos Ponta
Grossa, Guarani e Paranoá (Subsistema R3Q3).
Alumínio – os teores são geralmente muito baixos, sendo que apenas um poço no Sistema Aqüífero
Bauru alcançou 0,85 mg/L enquanto na ampla maioria das amostras o valor é inferior a 0,1 mg/L
(equivalente ao limite de detecção do método analítico usado). Apesar da grande quantidade
presente em argilominerais, o alumínio é mais imóvel nas condições geoquímicas dos aqüíferos,
geralmente ficando na estrutura das argilas. Os valores mais elevados, raramente observados, são
atribuídos a condições locais de pH muito baixo.
Fósforo total – em virtude da pequena presença de P2O5 nas rochas reservatório, apresentam
valores baixos, inferiores ao limite de detecção do método usado (que é de 0,1 mg/L). Em um único
poço na região de Catalão observou-se uma amostra com teor de fósforo de 1,25 mg/L o que é
atribuído à presença de grande quantidade de apatita nas rochas do complexo carbonatítico de
Catalão/Ouvidor.
Cloreto – em geral, observam-se valores muito baixos (inferiores a 0,1 mg/L). Algumas amostras
apresentam teores da ordem de dezenas de mg/L e apenas as três amostras coletadas na região de
Cachoeira Dourada (Sistema Aqüífero Guarani – SAG) os valores superam 700 mg/L (devido à
possível ocorrência de evaporitos).
Total de Sólidos Dissolvidos – em geral, os valores são baixos, sendo a maior parte das amostras
inferior a 150 mg/L e apenas nos poços da região de Cachoeira Dourada os valores são superiores a
3.999 mg/L (limite máximo de detecção do aparelho).
Sulfato – os valores são inferiores ao limite de detecção (de 5,0 mg/L) em toda a população
estudada com exceção de 8 amostras relativas aos aqüíferos termais de Cachoeira Dourada, Jataí,
Aragarças e 3 amostras obtidas na região de Goiás, Montes Claros de Goiás e Doverlândia.
Silício – como se tratam de reservatórios desenvolvidos em rochas silicáticas, os resultados indicam
valores significativos na ampla maioria das amostras. Os valores são sempre inferiores a 20 mg/L,
sendo que os valores entre 10 e 20 mg/L são obtidos em reservatórios caracterizados por rochas
ricas em quartzo, como granitóides, arenitos e quartzitos.
Metais - os metais pesados incluindo o cobre, cromo, níquel, cobalto, cádmio e molibdênio ocorrem
em teores inferiores aos limites de detecção.
Nitrato – ocorrem em valores próximo de zero na ampla maioria dos poços. Apenas três poços
apresentaram valores superiores a 10 mg/L (um no Sistema Aqüífero Bauru em Cachoeira Alta, e
dois no Sistema Aqüífero Araí em Alto Paraíso de Goiás e em Colinas do Sul). Nestes casos, é
possível afirmar que se trata de contaminação oriunda de sistemas de saneamento in situ (fossas e
sumidouros) situados nas adjacências dos poços.
180
Hidrogeologia do Estado de Goiás
Figura 11.1 – Diagrama de Piper contendo as análises de amostras de águas subterrâneas oriundas dos sistemas fraturados dos seguintes aqüíferos: SACW, SACNW, SACNE, e
SACSE.
169
Hidrogeologia do Estado de Goiás Caracterização Hidroquímica
181
Hidrogeologia do Estado de Goiás Caracterização Hidroquímica
182
Hidrogeologia do Estado de Goiás
Figura 11.3 – Diagrama de Piper contendo as análises de amostras de águas subterrâneas oriundas dos sistemas fraturados e físsuro-cársticos dos sistemas aqüíferos Bambuí,
Paranoá, Canastra e Araxá.
171
Hidrogeologia do Estado de Goiás Caracterização Hidroquímica
172
183
Hidrogeologia do Estado de Goiás Caracterização Hidroquímica
184
Hidrogeologia do Estado de Goiás
Figura 11.5 – Diagrama de Piper contendo as análises de amostras de águas subterrâneas obtidas de nascentes de vazão espontânea.
173
Hidrogeologia do Estado de Goiás Caracterização Hidroquímica
As águas das nascentes (figura 11.5) são classificadas da seguinte forma: amostras M.Claros e
Goiás são sulfatadas sódicas; a amostra Aragarças (1) é sulfatada cálcica; a amostra Minaçu (3) é
bicarbonatada magnesiana; a amostra Minaçu (1) é bicarbonatada sódica. As amostras Cavalcante
(1), Lagoa Santa, Mara Rosa, Caldas Novas (1) e (2) são bicarbonatadas cálcicas. As demais são
águas mistas.
174
Hidrogeologia do Estado de Goiás 185
Hidrogeologia do Estado de Goiás Caracterização Hidroquímica
Em função dos baixos teores de metais e da baixa mineralização geral, as águas subterrâneas
são consideradas de excelente qualidade do ponto de vista químico.
Apenas na região nordeste do estado, onde os sistemas cársticos e físsuro-cársticos do Grupo
Bambuí predominam e onde a precipitação pluvial é mais baixa (em torno de 1.200 mm anuais) há
problemas de qualidade de água em função da elevada concentração de cálcio e magnésio. Nesta
região, é comum a ocorrência de águas duras com limitações para o uso potável.
175
186 Hidrogeologia do Estado de Goiás
CAPÍTULO XII
ÁGUAS TERMAIS E SULFUROSAS
12.1. INTRODUÇÃO
As águas termais representam um recurso natural de grande expressão e distribuição no
estado de Goiás. Por suas propriedades terapêuticas, ou para simples uso em lazer e diversão, estas
águas quentes atraem turistas de diversos pontos do Brasil e do mundo.
Em 1722, Bartolomeu Bueno da Silva, o filho do Anhangüera, relatou a presença de águas
quentes nos arredores do que então passou a ser conhecido como Caldas de Santa Cruz (IBGE,
1958), hoje constituindo as cidades de Caldas Novas e Rio Quente.
A região da Serra de Caldas compreende os mananciais de água quente que formam o Rio
Quente e a Lagoa de Pirapitinga, que são alimentados pelos aqüíferos termais locais (Sistema
Aqüífero Araxá – SAAX e Sistema Aqüífero Paranoá – SAP). Trata-se do maior volume de águas
termais aflorantes no Brasil e também do maior e mais conhecido complexo de águas quentes do
país.
Contudo, em Goiás existem outras importantes fontes termais distribuídas por todo o estado,
como é o caso do município de Lagoa Santa, com um grande aporte de turistas, que freqüentam as
águas termais da lagoa homônima e dos clubes que captam as águas a partir de poços tubulares
profundos.
Clubes recreativos foram também construídos em Cachoeira Dourada, com o
aproveitamento de águas termais profundas que têm, ainda, características particulares de alta
concentração de sais.
Outras fontes naturais de águas termais, ou poços tubulares profundos que explotam estas
águas, são conhecidas nos municípios de Minaçu, Formoso, Mara Rosa, Cavalcante, Colinas do Sul,
Niquelândia, Jataí e Aragarças. Outras fontes, historicamente reconhecidas, encontram-se
atualmente submersas pelas águas da represa de Serra da Mesa.
Menos freqüentes, porém com alguma representatividade no estado, as águas sulfurosas são
observadas em surgências naturais de reduzido volume em Montes Claros de Goiás e no distrito de
Águas de São João, município de Goiás.
A figura 12.1 mostra a distribuição das águas termais e sulfurosas no Estado de Goiás.
Figura 12.1 - Mapa de localização das águas termais e sulfurosas no estado de Goiás.
Figura 12.2 – Vista geral da região de Caldas Novas, observar o destaque da Serra de Caldas em relação ao relevo
arrasado nos arredores. Base extraída de Google Earth (2005), em combinação com informações do
SIG-Goiás.
W E
700 m
400 m
? ?
100 m ? ?
0 km 8 km 16 km
Legenda
Aqüíferos Fluxo das águas
Sistema Aqüífero Freático II Falhas, movimento relativo Águas meteóricas (chuvas)
Sistema Aqüífero Paranoá - SAPr3q3
Fraturas, fissuras e juntas Águas frias
Sistema Aqüífero Araxá - SAAx
? Contato inferido Águas quentes
Sistema Aqüífero Cristalino Sudeste - SACSE
Figura 12.3 – Modelo de fluxo regional para os aqüíferos termais da região da Serra de Caldas.
O contínuo aporte de água fria descendente empurra as águas quentes que convergem para a
superfície devido a diferenças de pressão e densidade. Assim, as águas termais dão origem às
nascentes do Rio Quente, à lagoa de Pirapitinga e ainda alimentam, localmente, os Sistemas
Aqüíferos Araxá e Paranoá.
Dados de poços tubulares profundos revelam que as águas do Sistema Aqüífero Paranoá -
SAP, localizado a profundidades maiores, são mais quentes que as do Sistema Aqüífero Araxá -
1
fenômeno de elevação das águas subterrâneas por diferença de pressão, onde a água pode jorrar até a superfície,
exclusivamente, pela ação da pressão confinante, sem bombeamento
Rio Aporé
(Divisa GO/MS)
S N
São João
do Aporé (MS) Lagoa Santa (GO)
400 m
200 m
0m
-200 m
-400 m
0 km 5 km 10 km
Legenda
Aqüíferos Fluxo das águas
Sistema Aqüífero Bauru Falhas Águas meteóricas (chuvas)
Águas frias
Sistema Aqüífero Serra Geral
Fraturas, fissuras e juntas Águas quentes
Sistema Aqüífero Guarani
Fluxo regional
Figura 12.4 – Modelo de fluxo proposto para o aqüífero termal da região de Lagoa Santa (GO).
Parte destas fontes de águas termais são aproveitadas para o turismo nas cidades de
Formoso, com temperatura de cerca de 33°C, e Minaçu, com temperatura de 30°C.
As outras fontes termais também se localizam no município de Minaçu e apresentam
temperaturas que variam de 35°C (fonte Taboquinha) a 40°C (fonte Fazenda Água Quente). Porém,
apesar das elevadas temperaturas, estas fontes localizam-se em áreas de difícil acesso, com clima
dominantemente quente (em praticamente todo o ano) e restrita infra-estrutura, o que dificulta a
instalação de empreendimentos turísticos.
E W
800 m
600 m
400 m
200 m
0m
- 200 m ? ? ? ? ?
0 km 10 km 20 km
Legenda
Aqüíferos Fluxo das águas
Sistema Aqüífero Serra da Mesa - SASM Falhas, movimento relativo Águas meteóricas (chuvas)
Sistema Aqüífero Cristalino Sudeste - SACSE Águas frias
Fraturas, fissuras e juntas
? Substrato inferido Águas quentes
Figura 12.6 – Modelo de fluxo regional proposto para os aqüíferos termais vizinhos a Serra Dourada, na região de
Minaçu.
Legenda
Aqüíferos Fluxo das águas
Sistema Aqüífero Serra Geral - SASG Falha, movimento relativo Águas meteóricas (chuvas)
Figura 12.7 – Modelo de fluxo proposto para a região de Jataí (GO). Perfil geológico baseado em dados do poço JA-1-
GO da Petrobrás, perfurado a cerca de 100 m do poço termal (Clube Jataí Thermas).
Figura 12.8 – Vista geral da Região da Chapada dos Veadeiros, entre os municípios de Colinas do Sul e Cavalcante.
Observam-se as surgências termais naturais Fazenda Caldas a nordeste, Morro Vermelho e Éden a sul.
Base extraída de Google Earth (2005) em combinação com informações do SIG-Goiás.
Figura 12.9 – Surgência de água termal (37°C) na Fazenda Caldas, município de Cavalcante.
... Art. 35 – As águas minerais serão classificadas, quanto à composição química, em: ...
VI – Sulfurosas, as que contiverem, por litro, no mínimo, 0,001 g de anionte S; ...
Ainda de acordo com o referido Código, em seu Capítulo VIII (Classificação das Fontes de
Água Mineral), Art. 36, especifica:
... Art. 36 – As fontes de água mineral serão classificadas, além do critério químico, pelo
seguinte:
1º) Quanto aos gases ...
III – Fontes Sulfurosas, as que possuírem na emergência desprendimento definido de gás
sulfídrico...
No estado de Goiás as fontes de águas sulfurosas conhecidas possuem baixa vazão e estão
associadas a aqüíferos fraturados.
13.1. INTRODUÇÃO
A gestão dos recursos hídricos subterrâneos corresponde a ações, iniciativas ou programas
que resultem na otimização do uso, ampliação da oferta ou solução de problemas relativos ao
abastecimento com uso integral ou parcial a partir de águas provenientes de aqüíferos.
As práticas de gestão objetivam o aumento da oferta da água e a solução de problemas,
como é o caso da recarga artificial dos aqüíferos, construção de barragens subterrâneas, implantação
de um maior número de poços tubulares, descontaminação de aqüíferos, dentre outras. Entretanto,
ações que visem a diminuição do consumo e a antecipação de problemas devem ser priorizadas.
A gestão deve ser integrada, envolvendo os recursos hídricos superficiais e subterrâneos e os
diversos órgãos que cuidam da gestão ambiental e territorial. Assim, o gerenciamento deve associar
os órgãos vinculados diretamente à questão hídrica, como as empresas de abastecimento e
saneamento (estadual e municipais), instituições de extensão rural, serviço geológico, órgãos e
secretarias ambientais, bem como usuários, comitês de bacias e a sociedade civil organizada.
A integração das diversas instituições pode ser alcançada a partir da centralização da
disponibilização das informações geradas em um único banco de dados, acessível ao público a
partir de uma página de internet integrada e de fácil manuseio e atualização.
Os principais problemas relacionados à exploração e desenvolvimento de sistemas de
abastecimento que utilizam águas subterrâneas no estado de Goiás são: poluição dos aqüíferos;
impermeabilização de áreas de recarga regional; desmatamento; compactação da superfície do
terreno; construção inadequada dos sistemas de captação; subdimensionamento e má conservação
das redes adutoras e dos sistemas de reservação; falta de controle dos volumes bombeados e falta de
conhecimento sobre os sistemas aqüíferos e seu potencial.
Um furo de 04 polegadas poderá ser instalado no fundo das caixas para otimizar a infiltração
vertical. Esta estrutura pode ser perfurada com uso de trado manual e também deverá ser preenchida
com o mesmo material da caixa.
Esta proposta, se bem orientada e implantada, gera vários efeitos positivos ao meio
ambiente, entre os quais destacam-se: diminuição do volume de escoamento de águas pluviais e
aumento da disponibilidade de água subterrânea, com a conseqüente perenização de nascentes.
Durante os intervalos entre os eventos de precipitação pluviométrica, a água coletada nas
caixas poderá infiltrar através dos aqüíferos porosos rasos e induzir a recarga das águas mais
profundas dos sistemas fraturados.
Para as áreas rurais a implementação de curvas de nível e terraços em áreas de pastagens e
baciões nas adjacências de vias de acesso não pavimentadas é suficiente para minimizar os efeitos
do uso intensivo das bacias. A construção de pequenos açudes em série ao longo de drenagens
muito degradadas (em geral com ampla eliminação da mata ciliar) pode retornar a perenização de
pequenos cursos de água em cabeceiras de bacias.
Hidrogeologia do Estado de Goiás 207
13.2.3. Recuperação de Áreas Degradadas
Regiões degradadas principalmente por processos erosivos lineares (ravinas, sulcos e
voçorocas) representam, na prática, a perda de parte do aqüífero. A perda é mais acentuada na
porção não saturada do aqüífero, responsável pela proteção natural dos mananciais subterrâneos.
Assim é importante que as grandes áreas impactadas no estado sejam mapeadas e inseridas
em um amplo programa de recuperação, de forma a reverter os processos erosivos e a recuperar ou
recompor estas regiões. Este tipo de situação é muito comum ao longo das principais estradas que
foram recentemente pavimentadas.
A efetiva recuperação destas áreas marginais às estradas passa pelas seguintes etapas:
recomposição topográfica (com a suavização de taludes de caixas de empréstimos e de morrotes
residuais), importação de solos superficiais mais férteis, fertilização artificial da camada de solo
raso, implantação de estrato gramíneo e em alguns casos implantação de vegetação arbórea. Esta
prática deverá ser desenvolvida em períodos prévios ao início das chuvas de forma a se minimizar
eventuais gastos com irrigação (em geral necessária na fase inicial da revegetação).
No caso de novas obras de ampliação e pavimentação de rodovias, as exigências da
recuperação das áreas degradadas devem ser feitas já nas fases iniciais dos estudos de viabilidade,
de forma que a recuperação seja simultânea ao fim das obras e que não sejam desenvolvidos
passivos ambientais significativos.
Em Goiás, é comum a perda de produtividade de pastagens plantadas. A degradação de áreas
utilizadas em pecuária dá-se de várias formas, notadamente por compactação por pisoteio e
desenvolvimento de erosões, seguidos por perda da densidade de biomassa vegetal disponível e
deficiência no crescimento das forrageiras. As instituições ligadas à gestão agropecuária do estado
devem enfocar a prática de recuperação de pastagens como uma iniciativa útil para a ampliar a
produtividade pecuária favorecendo a gestão dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Dentre as principais ações para se recuperar pastos degradados destacam-se: calagem
periódica do solo com uso de rochagem (pó de rocha), gradeamento raso do terreno no período
prévio ao início das chuvas, implantação de terraços e de curvas de nível e manutenção de espécies
arbóreas de baixa densidade para ampliar o sombreamento.
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Hidrogeologia
2006