MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO E COOPERATIVISMO - SDC
DEPARTAMENTO DE SISTEMAS DE PRODUÇAO E SUSTENTABILIDADE – DEPROS
COORDENAÇÃO-GERAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CGDS
Ano 1
Sumário
Apresentação
Introdução
O que é desertificação?
Gravidade e extensão do
problema
Custo social da desertificação
O compromisso do Mapa no
combate à desertificação
APRESENTAÇÃO
Os ambientes e recursos
naturais se encontravam, no
final do século XX, ameaçados
de perdas e sob riscos de graves
danos, degradações (…). Em
alguns casos, eram danos
irreparáveis por que foram
afetadas funções, estruturas,
inter-relações, capacidades de
suporte (…) do meio ambiente,
em intensidades e formas tão
graves que os tornaram
incapazes para continuarem
oferecendo bens e serviços. Isso
ocorria, em parte, por causa de
usos – consumos, além da
capacidade de suporte
ambiental; de impactos de
populações crescentes e com
necessidades em crescimento,
Número 1
dependentes de fluxos,
crescentes, de reservas naturais,
fixas ou decrescentes.
Os desequilíbrios persistentes
entre necessidades de bens e
serviços ambientais em expansão
e disponibilidades desses bens e
serviços, com fontes, reservas
(…) constantes ou em decrés-
cimos, geravam incertezas
quanto o futuro desse meio e da
vida que suportava. São
ambientes e recursos naturais que
no início do novo milênio
continuam sendo submetidos a
crescentes pressões e em
acelerados processos de deterio-
rações de seus ciclos, fontes,
reservas (…), comprometendo a
continuidade de fluxos produti-
vod para o atendimento de
necessidades por terem atingidos
níveis críticos e se tornarem
ambientalmente insustentáveis:
maiores incertezas
Os riscos e pressões que se
exercem sobre o meio ambiente e
os recursos naturais constituem-
se entraves para alcançar o
equilíbrio e a harmonização
requeridos no desenvolvimento
sustentável quando bueque
integrar dimensões como a
ambiental, a ser devidamente
conhecida e valorizada em
sistemas como os contáveis
Julho 2008
públicos e privados; a social a ser
respeitada e reconhecida em ações
e estratégias que tenham como
alvo o desenvolvimento integral
humano; e a econômica, a
evidenciar no crescimento
“limpo”, ecologicamente sustentá-
vel e com benefícios – oportu-
nidades socialmente distribuídas.
Os problemas que ameaçam,
perturbam, agridem ou provocam
danos ambientais, não apenas em
níveis preocupantes, mas com
notáveis efeitos e comprometi-
mentos, são a desertificação, em
escala regional; a perda da
diversidade biológica, em todas as
escalas; e as mudanças climáticas,
em escala global. Problemas que
atingem a mias de 25,0% da
população, mais de 1,5 bilhões de
pessoas que dependem direta-
mente dos recursos da terra em
processos de degradação, segundo
dados da FAO (2007).
Que tem haver o Mapa com
esse processo histórico, na
atualidade acelerado por ações
humanas e que em seu estado
crítico se projeta com agrava-
mento se nada for feito com
efetividade e oportunidade, em
relação à desertificação no País?
Na missão desse Ministério e de
suas empresas e companhias
associadas, destacam-se ações e

Ano 1
estratégias de promoção do
desenvolvimento sustentável e a
competitividade do agronegócio
em benefício da sociedade; na
visão de futuro, coloca-se o
reconhecimento pela qualidade e
agilidade na implementação de
políticas, entre outras, as de
segurança alimentar; e nos
objetivos, destaca-se a conserva-
ção e manejo integrado de
recursos naturais.
A erosão, acelerada por causa
de inapropriadas práticas de uso
e manejo dos recursos naturais
solo, água e vegetação provo-
cam perdas de produtividade
agrícola, insegurança alimentar,
fome, miséria (…), emigração
rural, além de perdas da
biodiversidade genética e de
espécies, em grande parte do
semi-árido, mais de 1.488
municípios, 15,6% do território
e mais de 20 milhões de
habitantes, em 2005. É um
problema nacional que bate às
portas do Ministério em busca
de solução. Uma solução a ser
gerada e implementada por
vários organismos, conforme se
mostra na seguinte figura.
Número 1
O Mapa e suas associadas,
sensíveis e preparadas para
contribuir na solução do
problema da desertificação,
propõe-se a agir em várias
frentes com destaque para o da
educação-treinamento para
conhecer, valorizar, proteger e
conservar – manejar recursos
como água, solo – vegetação.
Sua atuação é pautada pelo
entendimento de necessidades e
possibilidades do cliente, de
comunidades, do meio ambiente,
de instituições – organizações
públicas e privadas (…), não
apenas para dar legitimidade e
consistência às ações e resultados,
mas, para potencializá-los ao
complementá-los com as ações e
resultados de convocados ao agir,
conjuntamente, na busca e
implantação de soluções doura-
doras.
É pautada, também, pelo dever
– comprometimento confor-me a
sua missão, visão e objetivos –
metas; os recursos alocados; a
vontade – decisão política (…).
INTRODUÇÃO
O nível de desenvolvimento
do Semi-Árido Nordestino tem
sido, e contínua sendo, inferior,
dadas as indicações do IDH do
Nordeste e no País, devido ar
diversas causas, entre outras, à
complexidade de questões
ambientais não resolvidas e ao
crescimento de necessidades por
bens e serviços ambientais, não
disciplinados e que pressionam
2
Julho 2008
ciclos e reservas constantes ou em
decréscimo em decorrência de
indevidas atividades humanas.
O problema de degradação, de
redução de bens, de perdas (…)
do potencial produtivo da terra é
grave e se encontra na agenda,
programação e projetos do Mapa.
Esse Ministério reconhece que
a gravidade, complexidade e
extensão do problema extrapolam,
em muito, suas funções, recursos
e competências.
Simultaneamente reconhece
que suas ações e resultados, a
pesar de fundamen-tais na
solução, fazem parte de outras
ações e resultados, com os quais
se potencializa e para os quais
serve de complemento.
As ações de Combate à
desertificação e mitigação –
convivência com a seca destacam
alguns aspectos, tais como: a
caracterização do problemas com
suas causas, desdobramentos,
interações, evoluções (…) em
dimensões como a econômica, a
social e a ambiental; instrumentos
básicos de gestão integrada como
são os indicadores; aspectos
metodológicos para fundamentar
ações de educação, capacitação e
treinamentos; indicações para a
gestão, pesquisa para o
desenvolvimento limpo e
organização, entre outras.
Todas as propostas são
consideradas em um contexto de
processo, portanto, objetos de
contínuas melhorias e integrações.
 3
Ano 1 Número 1 Julho 2008

O QUE É política necessá-

Áreas enquadradas estão localizadas no
DESERTIFICAÇÃO? rias, em nível trópico semi-árido.
internacional) que O trópico semi-árido brasileiro abrange
É um processo de degradação ensejou um plano uma área de 980.711 Km2.
e/ou de destruição - perda do de Combate à Compreende oito estados do Nordeste, e
municípios do norte de Minas Gerais.
potencial produtivo da terra, desertificação. Quatro Núcleos no Brasil apresentam a
(riquezas naturais) e social que Esse plano com- desertificação em estágio grave: Gilbués
ocorre em zonas áridas, semi- preende atividades (Piauí), Irauçuba (CE), Seridó (entre
RN/PA) e Cabrobó (PE) (15.000 Km2)
áridas e sub-úmidas secas, de aproveitamento
resultado de vários fatores que integrado da terra,
agem isolada ou, simultanea- nesses ecossiste-
mente, incluindo, entre eles, mas frágeis e de
variações bio-climáticas e limitada capacida-
atividades humanas, com efeitos de de regenera-
negativos para esses ecossiste- ção, orientado para
mas frágeis e com limitadas o desenvol-
capacidade de regeneração, de vimento sustentá-
disponibilidades de bens e vel ao valori-zar
serviços ambien-tais. São esses ambientes:
atividades que aceleram a proteção de suas
erosão geológica
(desertização), al- Tabela 1 Clima, índice de aridez e terras afetadas por continentes.
CLIMAÍNDICE*ÁFRICAÁSIAAUSTRÁLIAEUROPAAMER. NORTEAMER. SULHiper-árido<
teram significa-
0,056.7202.7700030260Árido0,05  0,205.0406.2603.030110820450Semi-árido0,21 
tivamente a paisa- 0,505.1406.9303.0901.0504.1902.650Subúmido Seco0,21 
gem e levam à 0,652.6903.5305101.8402.3202.070Subúmido e úmido>0,65------TOTAL-
mudanças de ambi- 19.59019.4906.6303.0007.3605.430Fonte. Atlas Mundial Times, 1995. * Índice = Chuva / Evaporação =
entes bióticos para transpiração (evapotranspiração potencial).
ambientes abióti-
cos sem água.

fontes e conservação–manejo Fig. acima, com indicações de

GRAVIDADE E
EXTENSÃO DO
PROBLEMA
Em termos globais, a Tabela
1, dá uma idéia da gravidade e
da extensão da desertificação,
em vários níveis, no mundo.
É tão grave e preocupante
(ainda que não com a intensi-
dade e vontade – decisão
integrado de seus recursos. ocorrências, em cinco níveis, na
Região do Nordeste.
Nesse combate é seguro e
significativo o papel e valiosa /
imprescindível a contribuição do
MAPA quando se orienta para a O CUSTO ECONÔMICO
agricultura sustentável e E SOCIAL DA
competitiva. DESERTIFICAÇÃO
A gravidade e extensão do As poucas informações
problema de desertificação no disponíveis não permitem inferir
Brasil podem ser observadas na para o semi-árido, dentre critérios

Ano 1
técnico-científicos, os valores
que devem ser atribuídos a
deserti-ficação, por conta da
redução de 2,0 a 3,0 % da
produtividade agrícola de
alimentos registrado no período
1977 a 1994; pela intensificação
de esforços e recursos, em torno
de 25,0% a mais, em relação a
1970/80, na produção agrícola;
pela redução em qualidade e
quantidade de recursos hídricos,
em ritmos acelerados de menos
2,8% no período 1960 / 80, para
menos 6,0% no período 1980 /
2000; pela persistência e
agravamento de índices de
desenvolvimento humano como
decorrência de problemas
nutricionais, deses-truturação da
família e da unidade de
produção, da emigração (…).
Parte do compromisso do
Mapa, no combate à desertifi-
cação é estimar os custos
sociais, ambientais e econômi-
cos desse fenômeno no semi-
árido, em vários níveis e
diversas condições físicas e
humanas. São estimativas que
fazem da caracterização do
problema, sob a perspectiva de
seu custo, para acenar, pela
racionalidade, na sua solução.
O COMPROMISSO DO
MAPA NO COMBATE À
DESERTIFICAÇÃO
As ações do Mapa se
inserem, de forma harmônica,
com propostas da Convenção
das Nações Unidas de Combate
à Desertificação, assinada pelo
Número 1
Brasil em 1994, ratificada e em
vigor a partir de 1997, com
indicações na Política Nacional
de Combate à Desertificação.
Essa Política tem como
referências: fortalecer a base de
conhecimento e desenvolvimen-
to de sistemas de informações
para monitorar, avaliar – agir em
regiões susceptíveis à desertifi-
cação; combater a degradação da
terra pela conservação e manejo
sustentável de recursos solo –
água – vegetação.
Além de diretrizes atreladas a
sua missão, visão e objetivos de
suas ações e resultados para o
desenvolvimento sustentável, o
Mapa se orienta, também, para
auxiliar a formulação de propos-
tas e implementação de gestão
ambiental integrada e de
conservação e manejo de
recursos naturais; para formular,
com ênfase, propostas para a
prevenção e para a recuperação
de áreas afetadas, entre outras.
Ao Mapa, ao compreender
organismos e setores de geração
– adaptação de informações para
novos conhecimentos e de
produtos para inovações (Embra-
pa), bem como de transferência–
extensão rural-; vigilância sanitá-
ria agropecuária; abastecimento
de alimentos; auxilio à formula-
ção de políticas para a compe-
titividade do agronegócio etc.,
compete, portanto, buscar
soluções e resolver problemas:
tecnologias limpas e de acesso
facilitado ao cliente, relativas à
segurança alimentar, à
recuperação da capacidade
4
Julho 2008
produtiva em áreas atingidas pela
desertificação (…).
Uma parte da melhoria de
índices de desenvolvimento
humano, ao combater a pobreza e
contribuir para gerar emprego,
melhorar estado de nutrição/
alimentação saudável, assegurar a
disponibilidade de água (…), está
na ação – resultado articulado do
Mapa. Uma ação que se destaca é
a de educação e consolidação do
conhecimento científico: cursos de
capacitação, material de
referências para treinamentos e
instrução formal e, principal-
mente, novas informações geradas
na pesquisa: campos
experimentais, laboratórios, redes
de pesquisadores.
Ações como as de zoneamento
ecológico – econômico para
orientar planeja-mentos, gestões
integradas, estudos prospectivos e
outros instrumentos como os de
crédito agrícola e assistência
técnica, PROFRUTA, PROÁGUA
(…) estão no foco e em agendas,
programas, projetos do Mapa para
o desenvolvimento da Região
Nordeste.
O Mapa desenvolve, participa,
financia, incentiva (…), em vários
níveis e escalas, ações e projetos
que de alguma forma procuram
mitigar efeitos das secas, facilitar
o convívio nessas zonas e
combater a desertificação. São
ações e resultados que se acusam
em múltiplos convênios, parcerias,
agendas e portfolios (…) de
estudos – pesquisa sobre a
diversidade biológica (ameaçada),
mudança climática (…).
 5
Ano 1 Número 1 Julho 2008