Você está na página 1de 2

A FESTA DE AGOSTO EM MONTES CLAROS (MG): REFLEXOS E

TRANSFORMAÇÕES NO USO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

Luis Fellipe Dias Souza ¹


Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Laurentiz ²

Resumo: As festas locais são eventualidades urbanas tradicionais que rompem com o ritmo
cotidiano e introduzem novas possibilidades e apropriações para os espaços públicos, alterando
temporariamente sua paisagem e seus fluxos (FONTES, 2013). Apesar do caráter transitório,
tais transformações deixam marcas permanentes, promovendo uma forte interação social (que
em condições habituais a cidade não costuma alcançar), promovendo-se a criação de uma
identidade local compartilhada (PUJOL CRUELLS, 2007). Um exemplo disso é a tradicional
“Festa de Agosto” (ou “Festa dos Catopês”, como é popularmente conhecida), que ocorre
anualmente no município de Montes Claros, região norte de MG. Oriunda de uma tradição
religiosa, e que aos poucos foi desdobrando-se para uma festividade profana, a festa é exemplo
de uma intervenção temporária no espaço urbano, que abrange aspectos culturais e de lazer
seculares, e que expressa a versatilidade dos espaços públicos, uma vez que as comemorações
ganham a rua e as praças da região central e atraem atividades inusitadas para o lugar, deixando
um legado tanto material quanto imaterial para a cidade. O evento está entre as mais importantes
e antigas manifestações da cultura tradicional da cidade, e as comemorações fazem parte de
uma tradição secular que acontece há 178 anos, e que sintetiza uma identidade cultural. Durante
o período de sua realização, a Festa promove a interação social e a modificação temporária do
espaço urbano de Montes Claros (ruas, avenidas e praças), onde a mesma se insere, permeando
a relação dos ocupantes momentâneos e dos moradores da cidade com todo seu contexto
temporal, espacial e social. Desta forma torna-se necessário realizar uma investigação
preliminar sobre os espaços públicos e sua utilização como espaços de festa e, através desse
estudo, compreender as influências que as atividades ali exercidas têm sobre a construção e
transformação desses ambientes. Diante disso, o objetivo principal do trabalho é identificar a

¹ Mestrando pelo Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU).
² Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design (FAUeD) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
influência que a Festa de Agosto exerce, enquanto intervenção temporária, no uso dos espaços
públicos como locais de festa, e qual legado (material e imaterial) é deixado pelo evento, e que
se reflete na arquitetura, usos e domínios do bairro em que é sediado. Como procedimento
básico, deverá ser feito um levantamento bibliográfico sobre a temática, com o intuito de reunir
um breve histórico da origem e da consolidação da Festa na contemporaneidade, e elucidar o
objeto e problema propostos para estudo. Além disso, deverá ser adotada como base a
metodologia utilizada por Sansão Fontes (2013), que lança mão da observação in loco e análises
gráficas feitas em mapas, croquis e fotografias de diferentes recortes temporais, com o objetivo
de identificar as características e especificidades da festa e do bairro em que se insere, de
maneira a avaliar como o espaço coletivo é apropriado através da Festa, de que forma o evento
modifica temporariamente os espaços que a acolhem, e quais transformações são deixadas, de
forma permanente, após sua efêmera existência.

Palavras chave: espaço público; festa local; Festa de Agosto; identidade cultural.

REFERÊNCIAS

FONTES, A. Sansão. Intervenções temporárias, marcas permanentes: Apropriações, arte e


festa na cidade contemporânea. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. 400 p.

PUJOL CRUELLS, Adriá. “Festejar la calle”. In: Revista Neutra. n° 16. Sevilla: 2007.

Você também pode gostar