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500 Anos de Brasil

na Biblioteca Nacional

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Fundação BIBLIOTECA NACIONAL
500 Anos de Brasil
na Biblioteca Nacional
500 Anos de Brasil

Patrocínio Realização Colaboração

GOVERNO |
I FEDERAL I
T r a b a l h a n d o e m t o d o o Brasil
nMINISTÉRIO
DA CULTURA
na Biblioteca Nacional
Catálogo da Exposição em comemoração aos 500 Anos do Brasil e aos 190 anos
da Biblioteca Nacional - 13 de dezembro de 2000 a 20 de abril de 2001.

Organização e curadoria de Paulo Roberto Pereira

^ "V M I N I S T lí KIO l>A O I- IU R A


< I\ 5 F u n d a ç ã o BIBLIOTECA NACIONAL

Rio de Janeiro," dezembro de 2000


REPUBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL

Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso

Ministro da Cultura
Francisco Weffort

Presidente da Fundação Biblioteca


Nacional
Eduardo Portella

Chefe de Gabinete
Graça Coutinho de Cóes

Diretora do Departamento de
Processos Técnicos
Célia Zaher

Diretor do Departamento Nacional


do Livro
Eliner Corrêa Barbosa

Diretora cio Departamento de


Referência e Difusão
Suely Dias

Diretor cio Departamento de


Planejamento e Administração
Cilon Silvestre

Biblioteca Nacional (Brasil)


500 anos de Brasil na Biblioteca Nacional / organização Paulo Roberto Pereira - Rio de
Janeiro : Fundação Biblioteca Nacional, 2000.
144 p. : il. ; 2 5 cm.

Catálogo da exposição realizada na Fundação Biblioteca Nacional, em comemoração aos


500 anos d o Brasil e aos 190 anos da Biblioteca Nacional, de 13 de dezembro de 2000 a 20
abril de 2001.
ISBN 85-333-0120-0 (broch.)

1. Biblioteca Nacional (Brasil) - Exposições. 2. Brasil - Exposições.


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I. Pereira, Paulo Roberto, 1946 — II. Título.
c / l cs vinte
C D D 016.981

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J
O Brasil tem orgulho da Biblioteca
Nacional. Ela é, sem dúvida, uma das
mais importantes instituições culturais
do país. Seu esplêndido acervo (...) é
uma inestimável concentração de livros,
jornais, revistas, manuscritos, precioso
documentário de nossa história e de
nossa cultura. Quem a conhece por
dentro sabe avaliar a grandeza da
instituição (...), um órgão público
brasileiro dos mais prestantes e
respeitáveis, por isso gozando de posto
alto no juízo dos estudiosos e
pesquisadores.

AFRÂNIO COUTINHO

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ove de Outubro de mil novecentos e dez, achando<
{
'cio que o Soverno cFederaí mandar construir para
ional do Jiio cie Janeiro c em aue esta fá se acha h
Maria Cristina Gioseffi
Prefácio Francisco Weffort S
Irmandades e ordens religiosas
Unidade Nacional e
A Cidade do Livro e seus Rio/ando Azzi Abolição 4s
Arredores Eduardo Portelia 10 A Inquisição e o cristão-novo
Ronaldo Vainfas IV. A TRANSIÇÃO: DE COLÔNIA À
Introdução: a semente, CORTE 50
III. A PRESENÇA ESTRANGEIRA D. João VI no Brasil
a árvore e o fruto
NO BRASIL COLONIAL 38 Ismênia de Lima Martins
da brasiliana
A França Antártica, a França A documentação política, 1808 a
Paulo Roberto Pereira 12
Equinocial e os corsários franceses do 1840: a Independência (1808-1822),
século XV1I1 o Primeiro Reinado (1822-1831), o
Sob o signo do éden Paulo Knauss período regencial (1831-1840)
Brasil e Espanha: do descobrimento ao José Murilo de Carvalho
tropical i6 governo dos Felipes, rumo às novas Lúcia Maria Bastos P. das Neves
fronteiras sul-americanas Marcello Basile
I. BRASIL DOS VIAJANTES Roseli Santaella Stella Da Real Biblioteca à Biblioteca
Viajantes do século XVI / S 0 Brasil holandês Nacional
Paulo Roberto Pereira Heloísa Meireles Gesteira Ana Virgínia Pinheiro
Viagens e história natural dos séculos
XVII e XVIII
V. O BRASIL IMPERIAL DE D.
Ronald Raminelli
PEDRO II E O SÉCULO XIX 60
Viajantes e naturalistas do século XIX
Lília Moritz Schwarcz
Lorelai Kury
0 Brasil visto pelos artistas viajantes
VI. O NEGRO NO BRASIL
oitocentistas
ESCRAVISTA 63
Vera Beatriz Siqueira
Mariza de Carvalho Soares
Viajantes estrangeiros no século XX
Guillermo Giucci
Beatriz Jaguaribe
Karl Erik Schollhammer

II. A IGREJA NO BRASIL


COLONIAL 32
A Companhia de Jesus
Luiz Felipe Baeta Neves
A Utopia Retrato da invenção O saber e o sabor do
Republicana 66 do Brasil 90 Brasil wò
VII. A PRIMEIRA REPÚBLICA 68 XIII. A TIPOGRAFIA, O LIVRO, XV. LETRAS E ARTES NO
Américo Freire O JORNAL, A REVISTA, BRASIL 108
Lincoln Penna A CHARGE 92 A poesia
Cybelle de Ipanema Alexei fíueno
VIII. MODERNIZAÇÃO DA ARTE E Ficção em prosa
CULTURA NA PRIMEIRA XIV. A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM Ira Barbieri, Dau Bastos
REPÚBLICA 71 DO PAÍS 96 e Marcus Vinícius Nogueira Soares
Beatriz Resende A cartografia: a constituição do país O teatro
como território Décio de Almeida Prado
IX. A ERA VARGAS: DOS ANOS 30 Max Justo Guedes Os explicadores do Brasil
AOS ANOS 50 74 Do nascimento tia fotografia ao livro Sérgio Paulo Rouanet
Maria Celina D'Araújo fotográfico: um retrato da formação A historiografia da história do Brasil
do Brasil Amo Wehling
X. BRASIL CONTEMPORÂNEO Joaquim Marçal Ferreira de Andrade A música clássica 110 Brasil
Os anos JK 76 Késiah Pinheiro Viana Vasco Mariz
Marieta de Moraes Ferreira
Cláudia Mesquita XVI. A CIÊNCIA NO BRASIL 124
Dos anos de chumbo à globalização Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
Carlos Fico
XVII. A PAIXÃO DO BRASILEIRO 127
A música popular
XI. REBELIÃO, SECESSÃO,
Ricardo Cravo Albin
REVOLUÇÃO: DAS
A imagem do carnaval brasileiro:
INCONFIDÊNCIAS AOS GOLPES DE
do entrudo aos nossos dias
ESTADO 82
Fred Góes
Afonso Carlos Marques dos Santos
O Brasil do futebol: a produção de
milhões de reis em um século de paixão
XII. A MULHER NA SOCIEDADE
Simoni Lahud Guedes
BRASILEIRA 85
Mary dei Priore XVIW. OLHARES SOBRE O RIO DE
JANEIRO IIU
Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha
Prefácio
FRANCISCO WEFFORT

Ministro de E s t a d o da Cultura

Com o projeto 500 Anos de Brasil sequer suspeitasse das possibilidades conhecimento do modo como foram
na Biblioteca Nacionalessa que esse acervo oferece para se sendo construídas representações da
instituição, a mais antiga entidade conhecer o Brasil. terra, dos habitantes, dos costumes,
vinculada ao Ministério da Cultura, Este catálogo vem portanto das criações científicas e artísticas, e
que agora completa 190 anos de cumprir um duplo objetivo: revelar do processo histórico de formação da
existência, traz uma contribuição aos brasileiros a importância da nação.
inestimável às comemorações do V brasiliana guardada em sua O papel dos consultores, todos
Centenário do Descobrimento do biblioteca nacional, facilitando, ao altamente qualificados, foi
Brasil. A exposição fechará com mesmo tempo, a consulta a suas fundamental no sentido de
chave de ouro a programação do obras mais significativas. Nesse resguardar essa abertura para a
Ministério da Cultura para o evento, sentido, a idealização do evento foi diversidade e a complexidade de
mas o catálogo e o livro que a extremamente feliz: ao optar por olhares a que temos acesso a partir
acompanham ficarão como uma proposta abrangente o desse conjunto de referências. Além
referências indispensáveis para todos bastante para incluir, ao lado do da seleção criteriosa das obras,
os que desejarem conhecer o Brasil a recorte histórico, temas como a contribuem com um texto, no início
partir das obras que compõem o seu mulher, a comunicação impressa, as de cada portal, em que apresentam
acervo. ciências, as artes e a paixão, com notável poder de síntese o pano
Situada desde 1910 no belo apresenta o Brasil a partir da de fundo necessário para que
prédio de estilo eclético em plena cultura que aqui se produziu desde a possamos compreender as condições
Cinelândia, no centro do Kio de chegada dos portugueses, recorrendo de produção daquele conjunto de
Janeiro, a Biblioteca Nacional é ao para isso à diversidade de documentos e de cada um em
mesmo tempo muito e pouco documentos disponíveis, sem a particular.
conhecida pelos brasileiros. Muitos preocupação de hierarquizar sua Este projeto está em perfeita
passam por ela, freqüentam suas importância. Edições raras de obras sintonia com a orientação adotada
salas de consulta, têm conhecimento seiscentistas podem ser tão pelo Ministério da Cultura na
das raridades existentes em seu reveladoras quanto desenhos de programação que organizou para as
acervo, mas poucos avaliam a viajantes, partituras, fotos e recortes comemorações do V Centenário do
diversidade e a riqueza de suas de jornais recentes, desde que Descobrimento do Brasil. A opção
coleções. E talvez nenhum de nós contribuam para ampliar o foi de investir em trabalhos menos
visíveis em seus efeitos imediatos, evento; os consultores, especialistas da mais alta qualidade, desde que se
mas que possam trazer uma do mais alto nível, e as instituições possa contar com o empenho dos
contribuição definitiva para o a que pertencem, pela qualidade de funcionários, uma curadoria
conhecimento do país. Esse tipo de suas contribuições e pela disposição competente e uma rede de parceiros
trabalho só pode ser realizado por ern atuarem num projeto de disposta a trabalhar em conjunto. São
meio de pesquisa paciente e iniciativa do poder público que tem realizações como essa, motivada por
contínua, de longa duração, que como objetivo o interesse de toda a duas datas importantes na agenda do
demanda o esforço e a determinação sociedade brasileira; a Sociedade de país, que mostram o quanto
de inúmeros especialistas, Amigos da Biblioteca Nacional, caminhamos nesses quinhentos anos
instituições e patrocinadores, o que SABIN, sempre atuante para no sentido de produzir, conhecer e
fica evidenciado no processo de cooperar na viabilização dos valorizar nossa cultura.
realização do projeto 500 Anos de projetos da instituição; e,
Brasil na Biblioteca Nacional. finalmente, o curador e organizador
Por tudo o que fizeram e ainda se do projeto, que alia à competência
propõem a fazer, merecem os nossos acadêmica dedicação e entusiasmo,
sinceros agradecimentos todos os ingredientes indispensáveis para STADEN, Hans. Warhftige be scheribung eyner landschafft
deer wilden nacketen grimmigen menschenfressserieuthen in
que colaboraram nessa empreitada: conduzir um trabalho tão
der newen welt America gelegen.
o Presidente da Biblioteca Nacional, ambicioso.
professor Eduardo Portella, que, Para finalizar, não poderia deixar
como pesquisador e estudioso da de ressaltar uma característica dessa
cultura brasileira, soube proposta que, como Ministro da
compreender a importância deste Cultura do Brasil, me é especialmente
projeto e dar todo apoio à sua cara. Considero que este projeto é
realização; os funcionários da exemplar no sentido de mostrar, aos
instituição, que mesmo longe de brasileiros e aos estrangeiros, que
contarem com as condições ideais nossas instituições culturais guardam
<le trabalho, não mediram esforços verdadeiros tesouros, ainda pouco
para prestar sua inestimável explorados, e que é possível, mesmo
colaboração para o sucesso do com poucos recursos, realizar projetos
A Cidade do Livro e seus arredores
EDUARDO PORTELLA

O Brasil e a Biblioteca Nacional sob os auspícios do príncipe Ao que tudo indica o mundo da
decidiram festejar, de comum acordo D. João, trouxe-nos a que seria a biblioteca consegue ser a uma só
e no mesmo ano em curso, dois nossa Biblioteca Nacional. Parecia vez transparente e cifrado,
aniversários afins, ü primeiro fez nômade a princípio; mudava de misterioso e evidente. Guarda
500 anos, e a segunda está endereço sem maiores tesouros desconhecidos e, em cada
completando os seus 190 bem constrangimentos. Até que se página do livro que se abre, nos
vividos. Os dois registros têm algo instalou neste edifício sede, oferece a lição previsível ou
de familiar. O Brasil nasceu da confluente e eclético, imprevisível, e nos aponta
civilização escrita, em tempo paradoxalmente monumental e caminhos a serem percorridos. Mais
controvertido, todo entrecortado acolhedor. do que apontar caminhos, o livro
pelos ventos elísios do renascimento, Hoje a nossa Biblioteca expõe, na nos conduz, nos leva a continentes
da reforma, do maneirismo, da seleção cuidadosa que o seu acervo até então desconhecidos. Conviver
contra-reforma, do barroco. Vinham autoriza, o percurso nacional em com o livro significa predispor-se e
a ser correntes de ar que forma de livros, manuscritos, habilitar-se para a invenção.
oxigenavam, e não raro sufocavam a fotografias, partituras, imagens A nossa Biblioteca guarda
respiração. A mais certeira dessas diversas. Talvez seja uma história relíquias, sem que as esconda.
correntes mudou a rota da nau do mais literária que política ou, se Somos um serviço público, um
capitão-mor Pedro Alvares Cabral. preferirem, tão literária quanto espaço cidadão. As suas duas
Aí, quando o Brasil foi achado, Pêro política. Mas remetida para adiante. dimensões constitutivas andam
Vaz de Caminha, o escrivão da frota, Nenhum imobilismo bloqueia a juntas: preservar e propiciar,
lavrou, com a sua Carta, a certidão sua caminhada. A nossa Biblioteca proteger e facilitar. Por isso, agora
de nascimento da terra nova. É bom não vive apenas de recordações, mais do que nunca, recorremos às
que se diga, conforme o astrolábio nem, nesta hipótese, escravizada ciências da informatização para
da gente lusitana, que o oceano pela memória parasitária das coisas ampliar a recepção e atender a
tinha os pés na terra. Desde esses ou dos signos extraviados na poeira necessidades coletivas. Já não há
primeiros dias, ou essas primeiras dos tempos. Ela se nutre de lugar para bibliotecas sedentárias,
letras, estabeleceu-se uma sólida vontades jamais enfraquecidas e da porque imobilizadas, e artesanais,
cumplicidade entre o mar, a terra, e calorosa arqueologia do futuro, porque indiferentes às conquistas
a escrita. mistura história e vida cotidiana, tecnológicas — essas redes que
Muitos anos depois, uma outra como herdeira e agente do nosso tornam ainda mais públicos os
embarcação portuguesa, desta vez patrimônio cultural. saberes impressos e digitalizados.
Ler, interpretar e traduzir sempre A biblioteca é a cidade do livro mesmo modo a comunidade
(oram tarefas correlatas; sempre que, guiada pela leitura, nos intelectual e científica acolhendo e
trabalharam em regime de prepara para decifrar a peripécia transmitindo as novas exigências
escrupulosa parceria. Por elas humana. E uma cidade antiga e da pesquisa. A jovem senhora de
passa, ou é convocado, o nova — simultaneamente 190 anos não tem nada contra o
interminável cortejo mítico que vem sacralizada e secularizada. Pelas novo. Pelo contrário. Chega mesmo
de Babel, da Alexandria, até chegar suas artérias e pelos seus arredores a supor, a afirmar, que o novo é o
ao coração de Buenos Aires, e transitam sonhos não de todo renovado. E que sem a renovação,
encontrar-se, em algum canto da desfeitos, por vezes reembalados e, a Biblioteca, a cidade do livro e
sua Biblioteca, com o enigmático apesar do desvario generalizado, seus arredores, perderiam todo o
diretor, o inventor de linguagens, teimosamente confiantes. Os livros seu fascínio.
Jorge Luis Borges. Babel foi o inais se cruzam nos armazéns, nas
engenhoso compêndio de tradução estantes, nas prateleiras, como as
que nos foi possível escrever. Babel, pessoas se entreolham nas ruas e
a maldição do isolamento e o lugar nos corredores. Há entre eles e elas
SISSON, Sebastião Augusto. Álbum do
do reconhecimento do outro. Esta um intercâmbio afetuoso, não raro
Rio de Janeiro moderno.
tensão fundadora desde cedo silencioso, de saberes e de prazeres.
conferiu força vital e, como se não Na cidade do livro se pode
bastasse, desenhou imprevisíveis encontrar um ensinamento em
cartografias para a aventura cada esquina. Enquanto
humana. E justo falar de uma cidade, polis, civitas, res
Babel proscríta? Certamente não. publica, ela se sabe
Ou de uma Alexandria neste minuto biblioteca cidadã,
incendiada pela digitalização? destinada a informar,
Menos ainda. Uma nos ensinou a formar e implementar
desvelar, mesmo que ou até porque as condições da escolha
perigosamente, os ruídos da livre. Confia assim 110
convivência. A outra porque nos fez papel formador da leitura.
atravessar o labirinto, em meio a E o leitor, são os usuários que
chamas mortíferas, e alcançar o conferem legitimidade e
saber carregado de vida. conseqüência às bibliotecas. Do
A semente., a árvore e o fruto da brasiliana
^ PAULO ROBERTO PEREIRA

Curador da exposição

Em que medida 500 anos importantes estudiosos da cultura 1881. Não se propôs fazer um
depois das caravelas portuguesas brasileira, pertencentes às mais levantamento exaustivo de toda
terem encontrado um porto seguro, representativas instituições brasiliana existente no acervo da
num local paradisíaco abaixo do acadêmicas, científicas e culturais nossa principal Biblioteca, mas
Equador, se pode avaliar o legado do Brasil, como a UFRJ, a FBN, a expor peças que marcaram a
de civilização construído pelo povo UFF, a ABL, a UERJ, o IHGB, a trajetória da civilização brasileira
multirracial que aqui se formou? PUC/RJ, o Instituto Osvaldo Cruz nos últimos 500 anos. Para isso foi
Essa é a questão que se deparou a (Manguinhos), o CPDOC/FGV, a fundamental a colaboração do
Fundação Biblioteca Nacional com FAPERJ, a USP, a IJnB. "Colégio de Consultores" na
o projeto acalentado de exibir parte Essa exposição bibliográfica e seleção e comentário sobre as peças
dos seus tesouros bibliográficos e iconográfica, enfocando meio escolhidas, formando um conjunto
iconográficos, que moldaram a face milênio de produção documental de de módulos que abrangem as
do Brasil no transcorrer de meio e sobre o Brasil, com algumas principais manifestações da cultura
milênio, visando a integrar suas peças mais relevantes do precioso brasileira. Colocou-se na entrada
atividades nas comemorações do V acervo da Biblioteca Nacional, tem de cada módulo temático um
Centenário do Descobrimento do o intuito de revelar ao nosso país o portal, que é uma síntese do
Brasil e dos 190 anos de criação da que de mais representativo da assunto que compõe o conjunto
principal instituição da guarda da cultura brasileira, do Período estudado sobre o Brasil. Além
memória nacional. Colonial à Época Contemporânea, disso, cada peça traz sua descrição
Realizar o vasto evento em se encontra sob sua guarda. catalográfica e uma legenda
torno da brasiliana da Biblioteca Juntamente com essa mostra se explicativa, facilitando a pesquisa,
Nacional foi, sem dúvida, um apresenta o Catálogo da Exposição o que torna o Catálogo da
desafio que a excepcional equipe de da Brasiliana da Biblioteca Brasiliana um instrumento de
funcionários da Fundação Nacional, que já nasce como obra trabalho imprescindível para quem
Biblioteca Nacional soube singular, tendo como modelo o deseja conhecer algumas das obras
enfrentar, associando-se a um Catálogo da Exposição de História fundamentais da civilização
"Colégio de Consultores", formado do Brasil, que Ramiz Galvão e seus brasileira. Mas não é só isso. A
por cerca de quarenta dos mais colaboradores publicaram em Curadoria do evento, com o apoio
da Direção da Fundação Biblioteca conjuntos cartográfico e fotográfico, país nas artes plásticas, na
Nacional, idealizou o livro os desenhos dos artistas viajantes literatura, na música. Sem esquecer
Brasiliana da Biblioteca Nacional do século XIX. As principais obras a contribuição dos brasileiros para
- Cuia das fontes sobre o Brasil, que procuram interpretar e explicar a ciência e, ao mesmo tempo,
que complementará o Catálogo da o Brasil também estão presentes contextualizando aquilo que nos
Brasiliana. juntamente com os preciosos singulariza ante outras culturas
Este livro, com cerca de cimélios da literatura de viagens, através da música popular, do
quarenta capítulos, acompanhado do século XVI ao XX, em edições carnaval e do futebol, nessa afeição
de um expressivo conjunto de únicas que fazem a alegria dos generosa e cordial. Mas esse
imagens que complementam os bibliófilos. Todo o legado da vida componente do caráter nacional
textos, foi escrito pelos colonial brasileira está não impediu que o brasileiro
componentes do "Colégio de representado: das instituições questionasse a caminhada histórica
Consultores", e será lançado, em religiosas à presença de franceses, do seu país desde as inconfidências
abril de 2001, no encerramento da espanhóis, holandeses, dos quais a coloniais. Daí o destaque dado à
exposição e das comemorações dos Biblioteca Nacional possui peças de utopia republicana e sua luta pela
500 anos do descobrimento do extraordinário valor documental. modernização do país que vem
Brasil. A finalidade dessa obra é Deu-se grande ênfase ao Brasil do sendo refeita no transcorrer do
diferente, mas complementar ao século XIX, período rico em século XX, conforme se pode
Catálogo da Brasiliana da transformações que vai da chegada constatar com a "Era Vargas" e os
Exposição, pois conterá um do Príncipe Regente ao advento da "Anos JK ". Portanto, cada peça
conjunto de ensaios que resultaram República. A criação da Biblioteca dessa brasiliana tem um pouco do
da pesquisa realizada no acervo, Nacional e o aparecimento da Brasil dos sonhos de tantas
visando a oferecer um maior tipografia vieram mudar o gerações. Buscou-se enfatizar a
conhecimento sobre a brasiliana panorama mental do Brasil contribuição do negro e da mulher
nela existente. Portanto, trata-se de refletido nas preciosas peças agora brasileiros nesse anseio de um país
obras complementares que se exibidas, como jornais, revistas e do futuro que não esteja tão
integram com intuito de dar maior manuscritos, que relatam o distante para os nossos filhos e
visibilidade sobre a preservação do percurso de algumas figuras netos. E, como era natural, por
acervo a refletir a trajetória da fundadoras da unidade nacional e tudo o que a Cidade do Rio de
principal civilização do extremo da conquista da cidadania. Entre Janeiro representa para o Brasil,
ocidente nos trópicos. tantos originais preciosos merecem dedicou-se um olhar estrangeiro
A Exposição da Brasiliana da referência o da Abolição da com espírito de brasilidade à
Biblioteca Nacional traz a público Escravatura e o do I lino Nacional Cidade Maravilhosa.
algumas de suas principais Brasileiro; além, é claro, de
Dizia Ramiz Galvão, em 1881,
coleções, como o acervo manuscritos autógrafos de alguns
que a "Exposição de História do
iconográfico, com destaque para os dos principais artistas do nosso
Brasil", feita pela Biblioteca
Nacional, era a execução do pelo constante incentivo. Aos onde quer que estejam Maria do
pensamento patriótico do barão componentes do "Colégio de Carmo e Juvenal Alves Pereira,
Homem de Mello. Não tem sido Consultores", intelectuais certamente saberão entender por
outra a nossa intenção. Agora que brasileiros que aceitaram participar que carregamos 110 fundo <la alma
entregamos ao público brasileiro o de um projeto que parecia uma a utopia de mostrar o Brasil aos
fruto do trabalho gigantesco que aventura em torno do Brasil, nunca brasileiros.
íoi idealizar e preparar a exposição, será demais ressaltar a generosa
o catálogo e o livro a ela dedicação com que se envolveram
pertencentes, sentimos ter nele. Naturalmente que sem a
cumprido com a missão que nos foi colaboração eficiente e sempre
outorgada. Já que não se pode prestimosa do excelente corpo de
esquecer de que este é um dos funcionários da Fundação
principais eventos realizados pela Biblioteca Nacional não poderíamos
Biblioteca Nacional neste século. transformar em realidade o sonho
Gostaríamos de fazer um que nos acompanha 11a crença do
OUSELEY, William Gore. Views in South America from
agradecimento especial ao futuro do nosso país. Mas sei que, Original Drawings Made in Brazil, the River Plate, the Parana

Presidente da Fundação Biblioteca


Nacional, Professor Eduardo
Portella, que nos entregou a
curadoria deste Evento e em nós
depositou confiança. Não podemos
deixar de ressaltar o apoio
constante que tivemos dos seus
diretores - Célia Ribeiro Zaher,
Ciloii Silvestre de Barros, Elmer
Corrêa Barbosa, Suely Dias - que,
juntamente com a chefe-de-
gabinete Graça Coutinho de Cóes,
foram incansáveis nas suas diversas
etapas, colaborando para que
chegássemos ao porto ansiado.
Igualmente contraímos uma dívida
de gratidão para com a Sociedade
de Amigos da Biblioteca
Nacional/S A BIN na pessoa do seu
presidente Paulo Marcondes Ferraz

'5
na
Sob o Signo do Éden Tropical
I ^T Brasil dos Viajantes
Viajantes do Século XVI
Paulo Roberto Pereira

As narrativas de viagens José de Anchieta André Thevet, Hans A imagem do Brasil, construída
ao Brasil quinhentista Staden, Jean de Léry, Ulrich pelos viajantes do século XVI entre o
encerram o ciclo de Schmidel, Anthony Knivet, nascidas edênico e o selvagem, tornou o
procura da ilha Brazil, pois, "Ho da convivência na Terra tio Brasil. indígena o elemento fundador do
Brazil", em celta, quer dizer Terra da Então o Novo Mundo emblematizado processo de formação da identidade
Felicidade, que fora pressentida, na em Terra da Promissão viraria Terra nacional. É, pois, a partir dos
lenda e cartografia antigas. A dos Canibais. depoimentos de Hans Staden e de
primeira visão da Terra de Santa Esse conjunto de relatos André Thevet, publicados em 1557,
Cruz surge com Pero Vaz de quinhentistas, semente do Brasil na Alemanha e na França, com
Caminha, Mestre João Faras e o contemporâneo, revelador desse numerosas vinhetas e gravuras, que o
Piloto Anônimo. A seguir é Binot encontro com o outro através da homem do Novo Mundo se tornou
Paulmier de Conneville que descreve linguagem simbólica do maravilhoso, objeto de conhecimento generalizado.
esse encontro paradisíaco. No deve sua plena divulgação, logo no Assim, o Brasil surge, dentro do
entanto, é pela mão de Américo início do século XVI, à primeira imaginário da Renascença, como uma
Vespúcio que as gentes brancas e coletânea moderna de viagens Paesi idéia ou invenção da busca das ilhas
nuas, bondosas e pacíficas, foram nuovamente retrovati e Novo Mondo paradisíacas posta em circulação pelas
apresentadas aos europeus curiosos da Alberico Vesputio Florentino utopias do Humanismo de Erasmo,
de relatos fantásticos. intitula to, organizada por Fracanzano Morus, Bacon e Montaigne, que
0 retrato edênico inicialmente da Montalboddo, 1507, que serviu de entrelaça o mito da terra da promissão
traçado foi sendo substituído pelas modelo às coleções de viagens que com o Éden e o Eldorado.
narrativas de Pero de Magalhães de surgiram a partir daí, como a de
Gândavo, Gabriel Soares de Sousa, Giovanni Battista Ramusio, de 1550-
Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim, 1559.
1. Carta de Pero Vaz de Caminha. descobrimento do Brasil escrita por Primeira edição do mais antigo 8. SCHMIDEL, Ulrich. Newe welt: das
1.1 In: CASAL, Padre Manuel Aires de. um dos integrantes da armada de documento francês sobre o Brasil. A ist warhafftige beschreibunge aller
Corografia brasilica, ou relação Cabral. O relato saiu anônimo e em viagem de Gonneville a Santa schonen historien von erfindung viler
histórico-geográfica do reino do Brasil. dialeto italiano, mas o autor é Catarina relata o primeiro encontro de unbekanten konigreichen,
Rio de janeiro: Imprensa Régia, 1817, português e, provavelmente, o franceses com índios americanos, landschafften insulen unnd stedten ....
págs. 12-34. escrivão João de Sá. precursor das narrativas de Thevet, Franckfurts: 1567. 1v. 9[6],
Léry, Abbeville e D'Evreux. 110,59,[1]f.; [4],exlii, [1]f.); 33cm.
1.2 In: DENIS, Ferdinand. Lettre de
4. SOUSA, Pero Lopes de. Diário da (foi.).
Pedro Vas de Caminha, sur Ia
navegação da armada que foi á Terra
découverte du Brésil. In: Journal des S & a M t l g t r furgct 6c Primeira edição do relato do
do Brazil em 1530 sob a capitania-mor nrffc jwníxlStsbftcccito?uppm
voyages. Paris: Verneur, 1821, págs. aventureiro alemão que percorreu a
de Martim Affonso de Souza. Lisboa: UwfctOTgífangwr id? go»fftH bin/ttW., ,„
157/189. rica/ire bnòtfòftflt tiflt «'.in t?. graí*» uff frr bacia do Rio da Prata e o Grande
t/CMÍxn(m 8 limai y^Kfw^sl-ji (lofla
1839, in-8.°. «II cjm wfiffí Xío gmam.
Chaco, entre 1534-1554. As
São as duas primeiras edições da
Primeira edição do Diário que relata o aventuras de Schmidel no Novo
Carta de Caminha, em português e
inicio da colonização do Brasil pela Mundo, entre o Brasil, Paraguai,
em francês. Principal documento
frota comandada por Martim Afonso Peru, Bolívia e Argentina, é um
sobre a estada da frota de Pedro
de Sousa. Este roteiro, escrito por testemunho direto e valioso dessa
Álvares Cabral na Terra de Santa Cruz,
Pero Lopes de Sousa, irmão mais novo região no século XVI.
também conhecida como a certidão
do comandante da armada, descreve
de descobrimento do Brasil porque
a viagem pela costa brasileira, a 9. KNIVET, Anthony. The admirable
contém dia, mês, ano e até as horas
fundação da primeira vila no Brasil, adventures and strange fortunes of
em que a região foi avistada e dela se
São Vicente, em 1532, o contacto master Anthony Knivet, which went
tomou posse.
com degredados e a expulsão de with master Thomas Cavendish in his

franceses. second voyage to the south sea 1591.


2. Carta de Mestre João Faras.
London: Pauis Church-yard at the
In: VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. 7. STADEN, Hans. Warhftige be
5. SOUSA, Gabriel Soares de. figneof the Rofe,1625.
Revista Trimestral de Historia e scheribung eyner landschafft deer
Tratado descriptivo do Brazil em 1587.
Geographia ou Jornal do Instituto wilden nacketen grimmigen Primeira edição das experiências em
Edição por Francisco Adolpho de menschenfressserleuthen in der
Histórico e Geographico Brasileiro. Rio terras brasileiras de Anthony Knivet,
Varnhagen. Rio de Janeiro: newen welt America gelegen.
de Janeiro: I843, tomo V, n2 19, participante da segunda expedição do
Typographia Universal de Laemmert, Getrucftzu Marpurg: 1557. [89]f.: il„
págs. 342-344. corsário inglês Cavendish. A Vária
1851. [1]f. de estampa dobrada; 18cm. fortuna e os estranhos fados desse
Primeira edição da Carta de Mestre (4to).
Primeira edição integral da obra mais aventureiro, prisioneiro de Salvador
João, dirigida ao rei d. Manuel, escrita
completa e importante sobre o Brasil Correia de Sá na última década do
na atual baia Cabrália, onde realizou Primeira edição da Verdadeira história,
no século XVI. Não se conhece o século XVI, traduz as contradições
os primeiros estudos astronômicos no primeiro livro europeu sobre o Brasil,
original, mas circulou através de várias existentes na colônia brasileira.
Brasil, ao identificar, pela primeira vez, juntamente com o de André Thevet,
cópias anônimas até que Varnhagen
a Constelação do Cruzeiro do Sul. Les singularitez de Ia France
publicasse o texto completo na
Antartique, ambos publicados em
Revista do Instituto Histórico e
3. Relato do Piloto Anônimo. In: 7557. O relato realista das Duas
Geográfico Brasileiro.
MONTALBODDO, Fracanzano da. "De viagens ao Brasil, de Hans Staden, é
Ia navigatione de Lisbona a Callichut, dos mais preciosos sobre os
6. GONNEVILLE, Binot Paulmier de.
de lengua Portogallese in italiana." momentos iniciais da colonização, que
Campagne du navire TEspoir de
Paesi noaumente retrouati et Novo estimulou o aparecimento de uma
Honfleur. 1503-1505. Relation
Mondo da Alberico Vesputio Florentino falsa edição na mesma época. A
authentique du voyage du Capitaine
intitulato. [1507], O texto se encontra Biblioteca Nacional possui as duas
de Gonneville ès Nouvelles Terres des
nas folhas 58 (r) a 77 (v), capítulos LXII publicações alemães do século XVI.
Indes. Publiée intégralement pour Ia
a LXXXIII, livros 2" e 3a.
première fois avec une introduction et
Nesta antologia italiana foi impressa des éclaircissements par M. d'Avezac.
pela primeira vez a noticia do Paris: Challamel, 1869. In 8 o , 115 p.
Viagens e História Natural
dos Séculos XVII e XVIII Ronald Raminelli

No acervo da das cidades de Salvador, Olinda e Rio


Biblioteca Nacional do de Janeiro. As viagens administrativas
Rio de Janeiro eram planejadas e financiadas pelo
encontram-se valiosas edições governo metropolitano e colonial.
dedicadas às narrativas de viagem que Interessava à Coroa portuguesa jtttmniu.

nos permitem estudar os demarcar rotas, delimitar fronteiras e


deslocamentos, as estratégicas das avaliar potencialidades econômicas do Aunural A
potências européias e os projetos de território. Comandadas por
colonização da América Portuguesa administradores, elas buscavam
entre os séculos XVII e XVIII. consolidar a posse sobre o território
As viagens pelo Brasil deram percorrido. As viagens científicas eram
origem a inventários destinados a comandadas por naturalistas e
conhecer a geografia, o povoamento e pretendiam coletar espécies dos reinos
os reinos da natureza. Identificamos da natureza. Na época, o Brasil seria
três tipos de viagem. As viagens completamente desconhecido dos
exploradoras destinavam-se a sábios europeus, caso não houvesse os %
11
percorrer um território pouco escritos de Piso e Margraff, autores da
conhecido. Essas jornadas foram primeira história natural do Brasil.
empreendidas por holandeses, Alguns expedições percorreram o
franceses e ingleses, interessados nos nosso território 110 século XVIII,
territórios sob controle lusitano. Essas jornadas comandadas, sobretudo, por
viagens antecederam, por vezes, aos naturalistas luso-brasileiros.
ataques e conquistas do Maranhão,
~ Ov l O engenheiro militar François Pagan 7. FROGER, François. Relation d une 11. Prospecto da Cidade de S.
/ nt s/fut//>
Jv Á,J,' /^it/tr/ii publicou, em 1656, o relato sobre voyage... Amsterdam, L'Honoré et Maria de Belém do Grã-Pará, 1784.
V?,.
, . x".
C<„, S . . . Í . / / „ / , / . U S A
viagem ao rio Amazonas, atendo-se Chatelain, 1715. OR 51,2,6
T -v ao comprimento do rio, localização Este prospecto faz parte do acervo da
/ *
em latitude e longitude, o clima e as O livro de Froger possui uma elegante Viagem filosófica de Alexandre
/;.. <y*.„ . sJ.
nações indígenas. gravura de Salvador, concebida entre Rodrigues Ferrreira, que percorreu a
jtmti/t/t ) 1695 e 1698. Na imagem, a "Ville Amazônia entre 1783 e 1792. A
••• Oflt-c^-ícívityyx. —.
6-4ffítí/ ^yiff, m/ã^itjJÍM*. yU, 4. SAMPAIO, Francisco Xavier
r44d Capitale du Bresil" é vista a partir do cidade de Belém foi o ponto de
Ribeiro. Diário da viagem que em mar, localizando prédios e fortalezas partida da expedição, antes de
má&ntftvi visita, e correição das povoações da por meio de legendas. penetrar pelos rios amazônicos.
A
Capitania de S. José do Rio Negro fez o
1
^ — 4. SüL^tJt ouvidor, e intendente geral da mesma...
no anno de 1774 e 1775. Lisboa: Na 8. ALMEIDA, Francisco José 12. Plantas da expedição ao Pará.
Typografia da Academia, 1825. Lacerda e. Diários da viagem que fez
o Doutor. Astrônomo Francisco José Contando com recursos precários, a
1. ACUNA, Padre Cristoval de. 0 ouvidor intendente geral Francisco Lacerda. Viagem filosófica era composta de um
Descubrimiento dei gran rio Xavier Ribeiro Sampaio percorreu a naturalista, um jardineiro botânico, e
Amazonas. 1639. Madrid: Imprenta capitania de São José do Rio Negro, 0 paulista Francisco José de Lacerda e dois riscadores (desenhistas): José
dei Reyno, 1641. entre 1774 e 1775. No diário, Almeida, formado em matemática na Codina e José Joaquim Freire. Codina
abordou aspectos dos costumes Universidade de Coimbra, percorreu realizou dezenas de desenhos da
Pecíro Teixeira comandou uma indígenas, fauna e flora. estradas fluviais entre Belém e São fauna e da flora amazônicas.
importante viagem pelo rio Paulo com a incumbência de
Amazonas. O diário foi escrito pelo demarcar os limites fronteiriços com
jesuíta Acuna, fornecendo detalhes 5. VELLOSO, Frei José Mariano da as colônias castelhanas.
preciosos sobre o grande rio. Desde Conceição. Flora fluminensis -
então, os portugueses iniciaram documentos. Guanabara: Ministério
processo de ocupação da vasta bacia da Justiça; Rio de Janeiro: Arquivo 9. FERREIRA, Alexandre Rodrigues.
amazônica. Nacional, 1961. Descrição do peixe Pirarucu.

No Rio de Janeiro, frei José Mariano O naturalista baiano Alexandre


2. LA CONDAMINE, Charles Marie da Conceição Veloso realizou viagens Rodrigues Ferreira formou-se em
de. Relation abregée d'un voyage fait filosóficas e coletou espécies para o Coimbra. Depois empreendeu a
dans 1'interieur de 1'Amerique Real Museu de História Natural em Viagem filosófica, que percorreu a
Méridionale. Paris, Veuve Pissot, 1745. Lisboa e para a elaboração da Flora Amazônia entre 1783 e 1792.
fluminensis, obra que seria publicada Durante a viagem, descreveu a
0 naturalista francês Charles Ia somente depois de sua morte. agricultura, a fauna e a flora. Ele é
Condamine percorreu o rio Amazonas considerado um dos maiores
no início do século XVIII. Suas naturalistas luso-brasileiros.
observações foram fundamentais para 6. FREZIER, Amédée François.
as análises realizadas pelo grande Relation de Voyage de Ia Mer du Sud.
naturalista francês Buffon, sobretudo Paris: Geoffroy Nyon, 1717. 10. PUDSEY, Cuthbert. Diário de
em relação aos índios americanos. residência no Brasil de 1629 a 1640.
O engenheiro militar Frézier, por volta
de 1714, descreveu sobre o relevo O inglês Cuthbert Pudsey esteve em
3. PAGAN, Comte de. Relation acidentado de Salvador, retratando a Pernambuco durante o domínio
historique et geographique de Ia cidade em uma dupla perspectiva: holandês, entre 1629 e 1640. Este
Grand Rivière des Amazones dans uma vista panorâmica e uma planta manuscrito ainda inédito é composto
1'Amérique. Paris, Chez Cardin baixa. Tece ainda curiosas observações de 71 páginas e descreve os Índios, os
Besogne, 1656. sobre o cotidiano da cidade. portugueses e as campanhas
holandesas no Nordeste.
Viajantes e Naturalistas do Século XIX
Lorelai K u ry

/ O viajante do século
a XIX - o naturalista em
particular - parece ter
encarnado o observador exemplar do
Brasil. Portador de um olhar civilizador
dirigido aos trópicos e capaz de
classificar e hierarquizar o que vê, o
naturalista estrangeiro inspirou parte
da elite local em sua tarefa de forjar
uma identidade para a Nação. Nas
artes, na literatura e na história não é
difícil perceber a presença do ponto de
vista do naturalista.
A história natural foi uma espécie
de guia a orientar as idas e vindas dos
viajantes pelo território brasileiro. Seu
objeto consistia na descrição dos
fenômenos naturais e de suas inter-
MAXIMIUAM ALEXANDER PHILIP, relações. Esse campo de saber incluía
Prinz Von Wied-Neuwied
também a antropologia, definida como
(1782-1867). Reise nach brasilien in der
jarhen 1815 bis 1817 ... Frankfurt: E. H. sendo a descrição dos costumes dos
Brõnner, 1820-1821. diferentes povos e da constituição
física das "raças" humanas.
I -2.V. 9, A i '

kWJÍ*^^

FREIRE ALEMÃO, Francisco. Carta da No século XIX, os viajantes- topografia, presença de animais,
viagem que fiz do Crato ao Exu. Jardim e naturalistas buscavam descrever a agricultura, doenças reinantes,
Barbalha. Crato: 15 fev. 1860 (nanquim).
realidade de forma global, seguindo a costumes dos habitantes, instituições
tradição romântica, cujo paradigma administrativas etc. Desse modo, a
são as viagens de Humboldt. Para história natural não pode ser
grande paite dos viajantes que vieram entendida como uma especialidade
ao Brasil, naturalistas ou não, desvinculada dos demais campos de
compreender o país significava buscar conhecimento. História, filosofia,
a unidade subjacente à aparente estética e antropologia concorrem para
diversidade dos animais, vegetais, dar coerência à totalidade dos
minerais e populações que fenômenos observados.
encontravam. Assim, um relato de
viagem podia incluir considerações
sobre a biogeografia, climas,

23
1. CHORIS, Louis de. Vues et
paysages des régions equinoxiales,
pouvant servir de suite au voyage
pítoresque autour du monde. Paris:
s.d. [ 1822] ile de ste. Catherine -
gravura.

0 Brasil - principalmente o Rio de


Janeiro e Santa Catarina - era
passagem obrigatória dos navios que
faziam a volta ao mundo. Darwin,
Castelnau, Chamisso etc. deixaram
registros importantes de sua estada
aqui. O pintor Chor/s (1795-1828) fez
parte da viagem de circunavegação
comandada pelo russo Kotzebue.

2. ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig


von Eschwege, Baron, 1777-1855.
Pluto Brasiliensis. São Paulo: Comp.
Ed. Nacional, s/d.

Nascido no Grão-Ducado de Hesse,


engenheiro, Eschwege veio para o
Brasil em 1810, a convite de d. João,
como diretor do Real Gabinete
Mineralógico. Dedicou-se a pesquisar
as riquezas minerais, principalmente
da região de Minas Gerais. Foi
pioneiro na produção industrial de
ferro.
Spix e Martius fizeram parte da Freyreiss. Realizou desenhos e 7. SAINT-HILAIRE, Auguste de. Flora
comitiva de d. Leopoldina. Com o aquarelas que serviram de base para as brasiliae meridionalis. Paris: A. Belin,
3. FREIRE ALEMÃO, Francisco.
falecimento de Spix, Martius publicou gravuras publicadas em seu diário de 1825-1833, 3 v.
Carta da viagem que fiz do Crato ao
o relato de viagem e divulgou o viagem.
Exu. Jardim e Barbalha. Crato: 15 fev. O francês Auguste de Saint-Hilaire
material coletado no Brasil. Este último
1860 (nanquim). foi um importante botânico. Os
estudou tanto as paisagens brasileiras 6. RIEDEL, Ludwig. Manuscrito.
resultados de sua viagem ao Brasil
Botânico do Museu Nacional, quanto a morfologia vegetal. Dedicou- Diário de viagem.
ajudaram a consolidar sua carreira.
Francisco Freire Alemão participou, se também à antropologia e à história.
Ludwig Riedel participou da expedição Além da narrativa de suas viagens,
junto com Gonçalves Dias e
comandada pelo barão de Langsdorf, escreveu sobre as plantas medicinais
Guilherme Capanema, da primeira 5. MAXIMILIAM ALEXANDER
diplomata a serviço da Rússia. brasileiras. Até hoje sua Flora
grande expedição brasileira, a PHILIP, Prinz Von Wied-Neuwied
Estabeleceu-se no Brasil como diretor brasiliae meridionalis é consulta
Comissão Cientifica de Exploração, (1782-1867). Reise nach brasilien in
da Seção de Botânica do Museu obrigatória para os botânicos.
realizada entre 1859 e 1861, que teve der jarhen 1815 bis 1817 ... Frankfurt:
Nacional. Esse manuscrito, referente à
por objetivo estudar a natureza e os E. H. Brónner, 1820-1821.
viagem que fez da Bahia ao Rio de 8. SILVA, José Bonifácio de
costumes do Ceará.
O príncipe de Wied-Neuwied, Janeiro, foi redigido em alemão e em Andrada e & ANDRADA, Marfim
naturalista, viajou por conta própria francês. Francisco Ribeiro de. Viagem
4. MARTIUS, Karl Friedrid Philip
sob o pseudônimo de Max von mineralógica na Província de São
von. Flora brasiliensis. Stuttgartiae et
Braunsberg. Teve como companheiros Paulo. In: BOUBÉE, Nereo. Geologia
Tubingae: Sumptibus, J. G. Cottae,
no Brasil os naturalistas Sellow e
1829.
elementar aplicada à agricultura e 11. BIARD, Fr. A. Deux Années au
indústria, com hum diccionario dos Brésil. Paris: L. Hachette, 1862.

F L O RÁ termos geologicos, ou manual de


geologia. Rio de Janeiro: Tipographia
Pintor francês. Seu relato de viagem,

BRASILIENSIS Nacional. 1846.


ilustrado por ele, é extremamente
irônico. Dá ênfase ao aspecto pitoresco
SEU dos costumes e ás situações
José Bonifácio de Andrada e Silva
ENUMERATIO PLANTARUM iniciou sua carreira como desagradáveis e ameaçadoras de sua
IN mineralogista, viajando pela Europa, aventura tropical, tais como a presença
onde estudou com os melhores de animais ferozes e as instituições que
B I I A S I L I A
naturalistas da época. Publicou artigos julgava bárbaras, como a escravidão.
TAM SUA SPOXTE yUAM ACCEDENTE CULTURA científicos em revistas européias. No
rBOVENlENTlUAI, Brasil, viajou por São Paulo com o 12. POHL, J. B. E. Plantarum brasiliae
QUÀS
intuito de conhecer as riquezas Ícones et descriptiones. Vincobonae:
IN ITÍNERE AVSPK11S minerais da região. A. Strauss, 1827-1831. 2 vols.
M A X m i L I A N I J O S E P H I L BAV AIUAE REGIS
ANNIS 1317 — 1820 PERACTO 9. DESCOURTILZ. Ornithologie
Johann Emmanuel Pohl (1782-1834)

COLLEGIT, PARTIM DESCRIPSIT; fez parte da comitiva d. Leopoldina,


brésilienne. Rio de Janeiro:
junto com Spix, Martius, Mikàn, Raddi
ALIAS A
Rensburg, 1852.
e Schott, que chegou ao Brasil em
MAXIMILIANO SEREN. PRÍNCIPE WIDENSI,
Jean-Théodore Descourtilz (7-1855) 1817. Era especialista em botânica e
SKI.I. O V I O ALLLSÇUR ADYKCTAS ADD1DIT,
foi um dos diversos naturalistas geologia. Dirigiu o Museu Brasileiro
CUM.UUM1JUS A.II1COIIUXI P B O P I U 1 S Q U J Í S T U B I I S S K C U K D U . I I MKTIIODU.W
estrangeiros a se estabelecer no Brasil. de Viena até sua morte.
KATUKALK.Í1 DISrOSITAS KT II.LtSTHATAS KÜ1DIT
Especializou-se em iconografia
C. !••. PU. dl MJRTIUS. ornitológica, gênero muito em voga
na época. Outros grandes ilustradores
de pássaros do século XIX foram, por
voi.. u. PAUS piuoji. •
exemplo, Gould, Swainson e
Audubon.

10. GRAHAM, Maria. Helicônia.


[Prancha]. 1824.

Esposa de oficial da Marinha inglesa,


Maria Graham tornou-se amiga da
imperatriz Leopoldina e foi, por breve
período, preceptora de d. Maria da
S U Al 1' T 1 ü U S J. G. C O T T A E.
Glória. Escritora culta, conhecia
história, história natural, desenhava e
pintava. Criticava os costumes da
corte de Pedro I.
O Brasil Visto pelos Artistas
Viajantes Oitocentistas
Vera Beatriz Siqueira

Fechado até o início do


século XIX à
curiosidade dos artistas
europeus, o Brasil tornou-se assunto de
muitos deles a partir de então.
Profissionais e amadores vinham buscar
em terras tropicais não apenas novos
motivos artísticos, como também tuna
nova visualidade, capaz de desafiar a
tradicional unidade do discurso das
belas-artes.
Por aqui encontram alguns
problemas a serem enfrentados pela
linguagem da pintura: uma estrutura
visual inédita, uma natureza inextricável
e uma sociedade desprovida de civismo.
Diante desse Mundo Novo, cada artista
ENDER, Thomas. Interior da residência (quarto de desenvolve a sua estratégia própria de
dormir) do Barão von Huguel no Rio de Janeiro.
decifração de signos. Uns optam por
abordá-lo pelas margens, buscando
assuntos que apenas acrescentem ao
tradicional repertório temático europeu
alguns cenários diversos, ou ações
iiiiBi3Hiiai3iitriiiiiiiiiii

curiosas e tipos exóticos. Outros desses viajantes não pode ser tomada
ancoram-se na prática taxinômica e como simples registro desse Brasil quase
organizam verdadeiros glossários de desconhecido. Documentam,
gentes, costumes e paisagens. I lá certamente, a vida brasileira do sécido
também os <pie pressentem a XIX, mas só por documentar, antes, as
necessidade de adaptar antigos mais variadas atitudes diante desse
esquemas plásticos, ou quando muito Mundo Novo, da aversão ao encanto, do
usa-los com certa parcimônia. E ainda espanto à fria descrição da diferença.
há os que decidem compartilhar com
esse mundo diverso a sua característica
mabordável, e nos apresentam obras
que arcam com a impossibilidade da
Grünwedel, C. Baie de Rio de Janeiro prise du
conversão do novo ao velho.
Morro do Castello. Litografia colorida e guache.
Embora extremamente
convencionada, a narrativa pictórica Rugendas, Johann Moritz. Escravo tatuado
- -

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1. LE CLERCQ, Joannus Henrikus 2. DEBRET, Jean-Baptiste (1768- 3, 4, 5. RUGENDAS, Johann Moritz VISTA DO RIO DE JANEIRO

Willen (atrib.). 1848). (1802-1858) grafite,


Aspectos do Brasil. Vistas do Rio de NEGRO FEITICEIRO ALDEIA, s/d., bico-de-pena,
Janeiro e interior do país, c.1845. aquarela, 1828 18,5x26 cm Vindo ao pais como desenhista da
21 aquarelas montadas em álbum missão cientifica de Langsdorff,
Integrante da Missão Artística
Uma moldura com 4 imagens Rugendas acaba por se dedicar ao
Holandês, de quem não se possui Francesa, que chega ao Rio em 1816,
ESCRAVA registro de costumes locais, nos quais
maiores informações, esteve no Brasil Debret vive no pais por 15 anos. A
grafite, imagem pode-se notar o traço classificatório da
em 1844 e 1845. Produziu um longa convivência com a realidade
ESCRAVO DE FRENTE arte botânica, a detalhar os tipos
conjunto curioso e raro de imagens brasileira permite-lhe um contato
grafite, imagem humanos, as espécies vegetais e sua
sobre a viagem ao interior do pais, mais estreito com as peculiaridades
ESCRAVO DE PERFIL relação na paisagem.
marcadas pelo estranhamento diante da sociabilidade local, que aparece
grafite, imagem
da realidade brasileira. nas suas inúmeras aquarelas de tipos
ESCRAVO TATUADO 6. COURCY, Ernest, visconde de.
populares (negros, vendedores
grafite, imagem Six semaines aux mines d'or du
ambulantes, tropeiros etc).
Brésil...
Paris, 1889.
33 desenhos a lápis.
Nobre francês e artista amador, 10,11, 12. RIGHINI Léon (? -1884)
visconde de Courcy publicou em 1889

YW w w
ENTRADA DA FAZENDA CONCEIÇÃO, A

suas memórias de viagem às minas de MARGEM DO RIO ITAPICURU - MARANHÃO,

ouro brasileiras, que logo se tornou BRASIL, 1866

obra rara. Os desenhos que fez no desenho a grafite


Brasil mostram a influência da
VISTA DE BELÉM DO PARA, 1868
modernidade fin de siède parisiense,
Grafite
com traços ágeis e sem detalhes
descritivos. VISTA DE BELÉM DO PARA, 1872

Grafite
7. 8, ENDER, Thomas (1793-1875)
Artista italiano, Righini chega ao
ASPECTO TIRADO A BORDO DA FRAGATA
Recife, em 1856, como cenógrafo da
ÁUSTRIA EM SUA VIAGEM PARA o R i o DE
companhia de ópera de José
JANEIRO EM 9 / 4 / 1 8 1 7 , VENDO-SE ENTRE
Ramonda. Sua obra mostra paisagens
OUTROS PASSAGEIROS SPIX E MARTIUS.
de Pernambuco, Maranhão e,
1817.
sobretudo, de Belém do Pará,
Aquarela
marcadas pela destreza em articular
INTERIOR DA RESIDÊNCIA (QUARTO DE DORMIR) áreas de luz e sombra, equilibrando
DO B A R Ã O V O N HUGUEL NO RIO DE JANEIRO. detalhes descritivos e visão É p
Aquarela, 1817. panorâmica da paisagem.

Exímio aquarelista, Thomas Ender


13. SCHMIDT, R.
realiza centenas de obras em que se
PANORAMA DO RECIFE, 1826-1832
repetem as mesmas vistas ou figuras.
desenho aquarelado
Essa repetição forma uma
impressionante coleção, seja pela No século XIX difundiu-se o gosto
cultura da superfície pictórica, seja pelos panoramas urbanos, geralmente
pelo esforço obsessivo de registrar a apreciados em espaços circulares. A
inédita paisagem brasileira. articulação dos vários pontos de vista
exigia do artista a correção ótica das 14
9. BURCHELL, William John (1782?- deformações exigidas pela visão
1863) Petrópolis) e da ilha de Tenerife.
alongada e horizontal. No PANORAMA
C. 1835-1863. 1 5 4 AQUARELAS E
Rio DE JANEIRO. 11/11/1825 DO RECIFE, Schmidt coordena o
DESENHOS, MONTADOS EM ÁLBUM.
grafite e aquarela próximo e o distante por meio do
sombreamento do primeiro plano e Iniciado por I. P. G. Smith, continuado
Desenhista e botânico inglês, Burchell
da forte iluminação da ilha mais ao por sua filha Emma e, mais tarde, por
dedica-se em sua viagem ao Brasil à
fundo. Fanny e E. Voase, este álbum
formação de um herbário e ao
apresenta registros variados de
registro de cenas locais. Em seus
14. I. P. G. SMITH (1835); Emma viagens realizadas por artistas
desenhos nota-se como o artista
Juliana SMITH (1861); M. BIFFIN amadores britânicos. Realizadas em
articula a vastidão da paisagem
(1847); Fanny M. VOASE (1865); J. períodos e locais diferentes, as
tropical com a minuciosa atenção
E. R. VOASE (1863). Artistas imagens apontam o interesse
descritiva, através de um traço lirico e
amadores ingleses. generalizado, no século XIX europeu,
sutilmente melancólico.
pelas viagens a países distantes.
Álbum de vistas do Brasil (Pará,
Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro,

29
30

Viajantes Estrangeiros no Século XX


Guillermo Giuccí, Beatriz Jaguaribe

e Karl Erik Schollhammer

Não chegava o textos dos viajantes funcionam da "cor local" ou da "autenticidade"


viajante estrangeiro ao freqüentemente como guias de dos lugares é uma constante nos
Brasil nas primeiras viagem. São textos de informação relatos dos viajantes do pós-exótico.
décadas do século XX em busca de turística, que se caracterizam por um O viajante tio pós-exótico espera
antigüidades, museus ou lugares relato impessoal e que completam a encontrar 110 Brasil reminiscências de
sagrados. Tampouco necessitava informação com ilustrações, mapas e uma inocência natural. Ao
preparar-se coin antecedência, lendo estatísticas. Outros textos pretendem decepcionar-se 110 encontro com 11111
a literatura normativa. Em seus divulgar uma imagem positiva do mundo pervertido pelo lixo de sua
escritos o prazer deriva menos da Brasil. Nessas memórias de viagem é própria cultura, é levado a uma
identificação dos lugares que do significativa a ênfase na crítica severa. O viajante, na época
descobrimento: os viajantes admiram representação da vida cotidiana, com do turismo de massa, tenta restaurar
a natureza tropical, a mistura das a descrição de hábitos, habitações, as qualidades de aventura. Surge o
raças, o ritmo da modernização. Os comidas e roupas. As duas grandes "antiturista", que persegue a viagem
guerras, entretanto, transformaram o individual e avalia seu sucesso em
teor da viagem aos locais que, termos do improviso e dos contatos
embora periféricos, estavam espontâneos.
atrelados aos acontecimentos bélicos
que estilhaçavam a Europa. Nesse
cenário de guerra mundial, a
América Latina assume uma nova
feição: o refúgio. O fim da guerra
não desestimulou o interesse pelo
Brasil. Mas a queixa sobre a perda

9
1. BASTIDE, Roger. Brésil, terre des articuladores do Tratado de Versalhes 8. KIPLING, Rudyard. Brazilian
contrasts. Paris: Hachette, 1957. que deu fim à Segunda Guerra. Sketches.A presença de Kipling no
Clemenceau esteve no Brasil em Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1977
Roger Bastide (1889-1974) chegou ao
1910, após uma viagem à Argentina.
Brasil em 1939. Foi professor de Primeiro inglês a ganhar o Prêmio
sociologia da Universidade de São Nobel de Literatura. Escritor, poeta e
Paulo. Permaneceu no país até 1954. 5. Gibson, Hugh. Rio. New York:
jornalista, se colocou a sen/iço da
Sua extensa obra representa um Doubleday, Doran & Co., 1937. mística do imperialismo inglês numa
marco na fundação da sociologia Entre 1933 e 1937, o norte-americano série de romances que têm por
nacional e abrange diversos títulos - Hugh Gibson foi embaixador dos cenário a índia. Esteve no Brasil em
entre livros, ensaios e resenhas -sobre Estados Unidos no Brasil. Ao final 1927.
a sociedade e a cultura brasileira. deste período, publicou nos Estados
Unidos um livro de impressões sobre a 9. LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes
2- Bell, Alured Gray. The Beautiful capital brasileira: Rio. Trata-se de um tropiques. Paris: Plon, 1955.
Rio de Janeiro. London: William relato detalhado e rico em descrições
Trata-se, provavelmente, do livro de
Heinemann, 1914. do Rio de Janeiro. Gibson conhecia a
viagem mais conhecido do Brasil
cidade com profundidade e
Viajante inglês que se interessou pela moderno. O antropólogo francês,
curiosidade pouco freqüentes neste
América do Sul, mais membro da missão universitária
tipo de obra.
especificamente, pela cidade do Rio francesa, foi professor da USP entre
de Janeiro. 0 livro é um registro 1935 e 1938. Tristes trópicos é um
6. Girondo, Oliverio. Veinte poemas relato de suas reflexões sobre as
importante para a construção de um
para ser leidos en el tranvía. In: Obra. expedições que realizou no pais
retrato pitoresco do Rio de Janeiro
Buenos Aires: Losada, 1966. (Mato Grosso e Amazonas).
do começo do século. Bell é muito
citado nos estudos sobre o Rio de Poeta argentino de vanguarda que
Janeiro desta época. Trata-se, esteve no Rio de Janeiro em 1920. 10. ZWEIG, Stefan. Brasil, pais do
fundamentalmente, de um texto de Pertenceu ao grupo Martin Fierro. futuro. Rio de Janeiro: Guanabara,
divulgação das maravilhas da capital Escreveu, em 1924, o manifesto de 1941.
do Brasil. propagação nacional da revista Martin
Polêmica obra de um dos maiores
Fierro. Em seus poemas, há elementos
autores de íingua alemã do período
3. BISHOP, Elizabeth. Brazil. Time- dadaistas e surrealistas. Obras: Veinte
entreguerra. A visão positiva presente
Life. México: Offset, 1962. poemas para ser leidos en el tranvía,
em Brasil, país do futuro foi
Espantapájaros, Interlunio, En Ia
Durante os quase 20 anos em que contestada dramaticamente por sua
masmédula.
esteve no Brasil, a poetisa norte- morte trágica. Atordoado pelos
americana Elizabeth Bishop (1911- acontecimentos políticos da época,
7. PASSOS, John dos. Brasil on the Zweig suicidou-se em 1942, quando
1979) escreveu numerosos poemas
Move. New York: Paragon House, se encontrava exilado no Brasil.
dedicados ao pais e ao tema da
1991 (1963).
viagem. 0 livro de viagem, Brazil,
reúne reportagens realizadas para a Conhecido romancista norte-
revista Time-life. americano. Famoso pela trilogia
anticapitalista USA. Visitou o pais
4. Clemenceau, Georges. Notes de várias vezes, entre 1948 e 1968,
voyage: dans 1'Amérique du Sud. como repórter da revista Life. deixou
Paris: Unesco, 1991. um testemunho entusiasta, mas
também critico, de um período
Importante político e jornalista
otimista do Brasil.
francês, cuja atuação foi fundamental
para a vitória dos aliados na Primeira
Guerra. Foi também um dos
II ^r A Igreja no Brasil Colonial
A Companhia de Jesus
Luiz Felipe Baeta Neves

Maria Cristina Gioseffi

/ A história da presente, 110 período colonial, em ^ ú & l f í . •


COMA DR LAS ^ f-
^ jj ^ ^ ^ Companhia de Jesus se pontos tão distantes quanto a Çartesquelos Tttdrtsj ber»:.iiKs de!j Cq > J
confunde com a Amazônia e o Rio da Prata. E não paiiiade ISSVS qataudanciie(hJon ^
tfcriuicron a ios de la mifiu Compani* -
própria História do Brasil. Ela aqui se somente em duros combates contra a de la índia,y Europa, 'dejde el aiio
natureza "estranha e adversa'' ou deéMW.XLVlll.iue
instala desde o século XVI e aqui
comcciron, ha/Ia elpaflado
permanece — salvo interrupção contra a ganância de "cristãos DeLXIII. V)
(1759-1841) alheia à sua vontade — pervertidos", mas no cuidado com o
até nossos dias. ensino — e outras práticas de
Falando dos inacianos, é sempre perpetuação cultural — como bem o 4

preferível pensar em ação, em demonstram os livros que aqui


construção. Assim, procuraram eles escreveram e que aqui propagaram em
agir sobre este mundo novo buscando suas livrarias (bibliotecas) e em seus
construir um novo solo divino, uma colégios. TrilMadis de Portogucs cn CalWlífn,v>
Y/on licencia imprcflu. .
terra crislã que se integrasse aos povos A Biblioteca Nacional possui
I. Céimirt. V
já conquistados pela fé. significativo acervo relativo à extensa Por luandc BJima.v Iuin Aluarei.
M.-D. LXV.
O movimento característico desta e complexa atuação jesuítica no rttr

Ordem se volta para o conhecimento Brasil-Colônia. Tal acervo é


da realidade social e cultural da constituído por obras raras, 11

colônia e para a edificação da palavra manuscritos <• iconografia — de que


de Cristo, contrária a hereges e agora se exibem exemplos
pagãos. significativos —, além de livros e
Esta missão combativa e penosa outros documentos de alcance geral.
parecia não conhecer limites; está
1. Cartas jesuiticas. 1549-1568. 4. ANTONIL, André João (João 7. MONTOYA, pe. Antônio Ruiz de. 10. LEITE, Serafim. S.l.,. (Intr. e

Original. Manuscrito. 226 f. Antônio Andreoni). Cultura e Manuscrito guarani da Biblioteca notas). Cartas jesuiticas (De Nóbrega

São cerca de 70 cartas. Anchieta, Opulência do Brazil por suas drogas e Nacional do Rio de Janeiro, sobre a a Vieira).São Paulo: Nacional, 1940.

Nóbrega, Blásquez, Luís de Gran são primitiva catechese dos Índios das Cartas dispostas cronologicamente
minas, (...) Lisboa: na Officina Real
alguns dos principais missivistas. Estão missões. Rio de Janeiro: typ. G. pelo autor, onde cada padre de
Deslandiana, 1711.
hoje todas publicadas. N° 7 do Leuzinger e Filhos, 1879, v. VI. Nóbrega a Vieira, "do primeiro
Este famoso livro de Antonil, quase estadista missionário ao primeiro
Catálogo de cimélios. N° 58 do
tornado inacessível pela perseguição escritor do Brasil", enuncia um
Catálogo de pergaminhos iluminados. Esta obra que se oferece aos
colonial, guarda grandes méritos pela pouco da história dessa terra, em
N° 9.112 do CEHB. pesquisadores é um estudo
abundância e riqueza das informações uma seqüência de memória, história
sistemático sobre a "Língua Geral do
São cartas que foram escritas do Brasil que contém. Esta obra preciosa e conquista espiritual.
Brasil". A obra divide-se em três
pelos missionários, dirigidas á Casa de constitui um importante repositário
partes. A primeira contém a descrição
São Roque de Lisboa, residência dos sobre a vida econômica do Brasil em 11. Cópia de vnas cartas de
das obras impressas sobre a língua. A
jesuítas, e logo passadas para o livro princípios do século XVIII.
segunda reúne as noções gramaticais, algunos padres y hermanos dela
de registro. vocabulário e fragmentos da língua, Compania de Jesus que escrivieron
5. CARDIM, Fernão. Tratados da que estão dispersas em várias dela índia, lapon, y Brasil a los
2. VIEIRA, Antônio. Advertências Terra e gente do Brasil. Rio de Janeiro: coleções, obras de viajantes e outros padres y hermanos dela misma
para alguns cazos que podem J. Leite e Cia., 1925. autores. Na terceira parte, encontra-se compania / en Portugal
succeder acerca do cativeiro dos a resenha dos manuscritos relativos à transladadas de portugueses en
Esta obra precursora da nossa história
índios do Maranhão. Caza do Pará 29 língua.
retrata, pela narrativa de Cardim, o castellano ...[S.l.]: Por loan Aluarez,
de Septembro de 1655.
imaginário missionário relativo às 13 deziember [sic] 1555.[33]f.; 31cm.

Neste manuscrito Vieira escreve ao rei terras e gentes do Brasil primitivo. 8. VASCONCELOS, Simão de. (4to)

fazendo conhecer o desrespeito às Suas observações minuciosas Crônica da Companhia de Jesus do


Narrativas dos jesuítas que estiveram
suas determinações acerca do destacam a visão culta desse homem Estado do Brasil. Rio de Janeiro: João
nestes reinos sobre o "principio, o
cativeiro dos índios. Vieira adverte que que se revela geógrafo (descrevendo a Ingnácio da Silva, 1864.
sucesso e a bondade da cristandade
as injustiças cometidas aos índios terra), etnógrafo (retratando os A obra narra o primeiro período da daquelas partes". Além das narrativas
constituem os grandes empecilhos indígenas e suas práticas), zoólogo empreitada jesuitica no Brasil. 0 autor sobre os costumes, idolatrias e gentes
para a conversão dos gentios. •(examinando a fauna) e botânico descreve a vida dos missionários daqueles reinos.
(descobrindo a flora da terra embalados pelos preceitos da oração
3. ANCHIETA, pe. José de. Arte de desconhecida). e do trabalho, sem se assombrarem 12. DANIEL, Padre João. Tesouro
gramática da língua mais usada na com os perigos da "terra inóspita". descoberto no rio Amazonas.
costa do Brasil. Coimbra: Antônio de 6. LEITE, Serafim. História da Manuscrito original.
Mariz, 1595. Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa: 9. VIEIRA, Antônio. Copia de huma
Portugália/Rio de Janeiro: Civilização Obra que apresenta em 6 partes os
Esta obra impressa por Antônio de carta para el rey N. Senhor sobre as
Brasileira, 1938, t. 1. "Tesouros do Rio Amazonas": a
Mariz é reconhecidamente a primeira missões do Seara, do Maranhão, do
descrição geográfica, os habitantes, a
cartilha brasileira. Neste livro Anchieta Obra histórica de referência para Pará & do Grande Rio das
fertilidade e riqueza, as lavouras e
estrutura gramaticalmente a língua aqueles que desejam estudar a Almasonas Lisboa, na Officina de
modo de beneficio da terra, método
tupi, indicando formas de pronúncia, trajetória da Companhia de Jesus no Henrique Valente de Oliveira, 1660.
mais útil para a agricultura e método
ortografia, tempos verbais, Brasil. De acordo com o autor, as Na carta, Vieira relata ao rei o sucesso utilissimo para sua navegação. Além
acentuação etc. A obra possui fontes principais desta obra são as destas missões, cujos frutos se de curiosidades sobre o "Grande Rio".
encadernação em couro gravada próprias cartas, relações e documentos expressam pela grande conversão de
em dourado. dos atores históricos da Companhia. "almas inocentes" pelo batismo. O
padre ressalta a consagração do rei e
o milagre da providência divina nesta
nação onde inocentes estão
"naturalmente" inclinados para a
salvação.

.o n,
Irmandades e Ordens Religiosas
Riolando Azzi

Estabelecidas no termos de atendimento às nas lutas pela independência


Brasil a partir das populações interioranas e sertanejas. do país.
^JH^r últimas décadas do Tiveram também destacada atuação Não se deve olvidar, por fim, a
século XVI, as antigas Ordens dos na esfera missionária, em termos de contribuição dessas ordens para a
beneditinos, franciscanos, carmelitas conversão e catequese das tribos cultura popular, sobretudo através
e mercedários, de fundação indígenas. da difusão de algumas devoções e
medieval, deram uma contribuição Sob o aspecto social, os determinadas expressões de culto.
significativa para a vida religiosa, conventos masculinos e femininos
cultural e social da colônia tornaram-se espaços significativos
. T R I U N F O
brasileira. Deve-se ainda assinalar a para a conservação e promoção
EUCKARISTiCQ-
ÜXEUPI.AR l)A ClllfiSTANUAME LUSITANA
sucessiva presença dos capuchinhos social de muitas famílias luso- ca fabliu . ».l <v«A d* Pc ia M.mi» Tf.it.tl.cJ
„ _ •'"> DIVIN1SSIMO
e dos padres «lo Oratório. Merece brasileiras, com dificuldades de -
Sdélpvu
A Ct-Bh»-.
R AJo M ENTO
RctMM.rMjh.mnov» Tin.nl.
D A S E N H O R A D O PI L A R
também uma referência a fundação obter cargos condignos para seus
de conventos femininos de clarissas e filhos, ou casamento oportuno para V ILLA m RIC A,
- O K T E DA CAPITANIA DAS MINAS.
AMi^. * M*)u j,
carmelitas, bem como a atuação suas filhas. DBDêCADO A" SOtBKANA JiMIVAM
DKLOO ROSÁRIO
expressiva das ordens terceiras do Sol) o aspecto cultural, deve-se S IRMÃOS MITO* DA SUA IRMANDADE
11 uultntu Jc BHÍrew opUlo 4 [^IK» ntxUu '
P
Carmo e de São Francisco da assinalar a participação dessas anuil* LMo>, , „TrioM, mA C : :
<* S \ I M M * Z I * A W O

.'•*. y w.í
Penitência. ordens religiosas no movimento tISBO
»1 ornem» DAAUU5I
OCCJ.CDIIRD EGNC.'
A1X T.A"ROTf
L CCAÒ

Sol» o aspecto religioso, os iluininista, tendo diversos religiosos —Í—


MD—
.OCT!(I.iV>. :

Cl».-Aí",/„,»,.. ,-tffmim.
membros dessas ordens exerceram uma participação expressiva no
importante papel supletivo aos desenvolvimento científico do país.
encargos paroquiais confiados ao Essa nova perspectiva cultural abriu
clero diocesano, sobretudo em espaço para uma presença mais ativa
1. Constituições primeiras do Catarina Alves Paraguaçu, e das
arcebispado da Bahia. Coimbra: No terras circunvizinhas, e o mais que
Real Collegio das Artes da Companhia 1,1 ' CÔNSTITUIÇOfeN^ H
,V^ PRIME YR AS
nela constará, a qual doação foi
de Jesus, 1720. feita na era de 1586 (16 de julho)

As Constituições primeiras do
Traslado de doação da igreja de Nossa J . ARCEBISPADO DA BAHIA
arcebispado da Bahia, publicadas em
Senhora da Graça, construída por ^ Feytas , & ordenadas
1707, constituem a primeira legislação PELO 1LLUSTRISS1M0, B REVERENDISSIMO SENHOR
Catarina Paraguaçu, esposa de
eclesiástica do Brasil, regulamentando j D.SEBASTÍAÕ M O N T E Y R O
a situação das ordens e irmandades Caramuru, para os beneditinos, a fim DA VIDE, |
Arccbiíjpo do dito Arcebifpado , 8c do Confelho .
religiosas. de exercerem o culto litúrgico. dc Sua Mageftadc,
PROPOSTAS, E ACEITAS
EM O STXODO BIECESANO, 0 D/TO SENHOR
Franciscanos: celebrou em 12. deJunho do amo dc i 7 0 7 .
2. O triunfo Eucarístico. Lisboa
Occidental: Na Officina de Musica, 6. JABOATÃO, Antônio de Santa

1734. Maria. Novo orbe seráfico brasilico, ou


crônica dos Frades Menores da
Obra fundamental para conhecera província do Brasil. Lisboa: 1761, 2 v.
vida católica em Minas Gerais no
século XVIII. Embora tenha sido Novo orbe seráfico brasilico, de frei
proibida a presença de religiosos, lá Antônio Jaboatão. Obra fundamental COIMBRA,
estiveram as Ordens Terceiras. I S ! O R E A I . C O E L E O I O DAS ARTES d a C o m p . D E J E S U S ,
para a história dos franciscanos no M. DCCXX.
m Çm ttJatatRttniai mttfirwv V
período colonial, publicada em 1761; 2
3. NANTES, Martinho de. Relação volumes. f
-J
sincera e suscinta do Pe. Martinho de
Nantes, pregador capuchinho,
f
Carmelitas:
missionário apostólico no Brasil. Paris: 7. Traslado das chartas de
Quimper, chés Jean Perier, imprimeur sesmarias, escripturas de vendas,
d
u Roy, du Clergé du Collége, 1707. de doação de destrato, entrega e
missionário capuchinho, com o fim se pode alcançar dos documentos
obrigação, antes de posse e &, de
A obra descreve as atividades do Pe. de aldear os índios coroados do que se acham no archivo deste
terras da capitania do Rio de
Martinho de Nantes, missionário Distrito de S. Fidelis da Província convento. Ano de 1789.
Janeiro, principalmente
capuchinho na região do rio São do Rio de Janeiro. 1801.
concernente os religiosos do
Francisco durante o século XVII. Notícia da fundação do convento das
Convento do Carmo, 1566-1748. Petição do capuchinho frei Tomás de
mercês em Belém do Pará. Vindos do
Anais da Biblioteca Nacional, volume Castelo para aldear os Índios coroados.
4. MADRE DE DEUS, Gaspar da. Peru, os frades mercedários
LVII, 1935, p. 187-400. Durante o período colonial, os
Memórias para a história da capitania ingressaram no norte do Brasil em
(B. N.) 9381. capuchinhos franceses e italianos
de São Vicente. Lisboa: Typographia da 1639, na época em que o reino
dedicaram-se sobretudo às atividades
Academia, 1797. Traslado das cartas de sesmarias, português estava anexado á Coroa
missionárias.
escrituras de vendas e doações espanhola.
O beneditino Gaspar da Madre de
referentes ao Convento do Carmo do
Deus foi importante historiador. Nas Mercedários:
Memórias para a história da capitania Rio de Janeiro. Em razão de sucessivas Oratorianos:
9. Noticia da fundação deste
de São Vicente há um apêndice sobre doações recebidas, os carmelitas 10. Estatutos da Congregação do
Convento de N. S. das Mercês
a fundação das Ordens Religiosas na tornaram-se proprietários de muitos Oratório de São Felipe Neri em
desta cidade de Santa Maria de
colônia. bens. Pernambuco.
Belém do Pará, aonde se inclui o
descobrimento do Rio Amazonas, e Fundados no século XVII no Brasil
Capuchinhos
Ordem beneditina: outras noticias mais das fundações colônia, os padres do Oratório se
8. Petição dirigida ao vice-rei do
5. Traslado de doação da igreja de das aldeias do Rio Negro pelos expandiram na Região Nordeste, com
estado dr. Fernando José de
Nossa Senhora da Graça feita a primeiros religiosos da casas em Pernambuco e na Bahia.
Portugal, depois marquês de
este convento de São Bento por Congregação, extraído tudo o que
Aguiar, por frei Tomás de Castelo,
A Inquisição e o Cristão-novo
Ronaldo Vainfas

A Inquisição esteve familiares espalhados pela América


presente na história do Portuguesa entre o século XVII e o CAIMTUI.OS

Brasil desde o nosso início do XIX. Os cristãos-novos foram


primeiro século. Insinuou-se nos anos sempre as vítimas prediletas do
HISTORIA COLONIAL
1540 contra o donatário de Porto Tribunal, mas muitos outros foram
Seguro, Pero do Campo Tourinho, perseguidos: bígamos, sodomitas,
acusado de numerosas blasfêmias, e feiticeiros, blasfemos e mais indivíduos
J. tai»siraiH> tlr \lnvii
depois com o francês conhecido como suspeitos de heresia.
Jean Cointa, o senhor de Boles, nos Não há, pois, exagero em dizer
anos 1560. Mas foi no final do século que a história do Brasil colonial teve
XVI, em plena União Ibérica (1580- na ação inquisitorial um de seus
1640), que o Santo Ofício português capítulos mais importantes e trágicos.
enviou sua primeira visitação ao
nordeste brasílico, confiada a Heitor
Furtado de Mendoça. I leitor Furtado
percorreu a Bahia, Pernambuco e boa
parte do Nordeste ein busca,
Capistrano de Abreu preocupou-se com a colônia
sobretudo, de cristãos-novos suspeitos
portuguesa da América estudando as confissões e
de judaizar ein segredo. Outras denunciações do Santo Oficio no Brasil.
visitações foram depois enviadas ao
Brasil e montou-se uma estrutura
inquisitorial apoiada nas vistas
diocesanas e na rede de comissários e
1- Primeira visitação do Santo Apavorados com a chegada do Rastreando heresias e suspeitando de 10. Razões que apresentaram a El
Oficio às partes do Brasil pelo visitador, os moradores de cumplicidades judaico-holandesas na Rei D.João IV em favor dos
licenciado Heitor Furtado de Pernambuco confessaram de tudo: Bahia, a segunda visitação resultou, cristãos novos para lhes ser
Mendonça. Confissões da Bahia - desde a prática do criptojudaismo às porém, em poucos processos. Mas os perdoado a confiscação de seus
1591-1592. São Paulo: Paulo Prado, intimidades eróticas heterossexuais ou holandeses invadiriam mesmo a Bahia bens, sendo sentenciados pelo
1922. sodomiticas, matéria de que o Santo em 1624, poucos anos depois da Santo Ofício, e o que para isso
Ofício passou a cuidar no século XVI. visitação. oferecemos a S.M. em 1649
A chegada do visitador do Santo
Oficio à Bahia, em 1591, inaugurou a influenciado por Antônio Vieira, d.
5. Livro da visitação do Santo 8. Sentença que se deu no Santo
atuação mais sistemática da Inquisição João IV executou política em vários
Oficio da Inquisição ao estado do Oficio de Portugal ao Padre
no Brasil, instaurando, entre os aspectos favorável aos cristãos-novos
Grão-Pará, 1763-1769. Apresentação Manuel Lopes de Carvalho, natural
colonos, um pânico generalizado. portugueses, contrariando os
de J.R. do Amaral Lapa. Petrópolis, da cidade da Bahia, sacerdote do
interesses da Inquisição.
Vozes, 1978. hábito de São Pedro, que saiu
2. Primeira visitação do Santo
relaxado em carne, no auto
Oficio às partes do Brasil pelo Devemos ao saudoso historiador 11. Carta de Capistrano de Abreu
público da fé que se celebrou na
licenciado Heitor Furtado de Amaral Lapa a descoberta da tardia a João Lúcio de Azevedo tratando
Igreja de S. Domingos dessa
Mendonça. Denunciações da Bahia - visitação ao Grão-Pará, já no período das confissões e das denunciações
cidade de Lisboa Ocidental,
1591-1593. Introdução de Capistrano pombalino. Nela os cristãos-novos não do Santo Oficio no Brasil, 1925, 2
novembro de 1726. Cópia do século
de Abreu. S.Paulo: Paulo Prado, 192S. mais aparecem no rol das vítimas páginas
XVIII.
inquisitoriais. Mas é documento rico
Movidos pelo medo do Santo Oficio, Capistrano de Abreu foi um dos
sobre como estava o mundo indígena Padre secular e admirador de Vieira,
os colonos da Bahia atenderam à pioneiros na descoberta de fontes
da Amazônia após a expulsão dos Padre Manuel desafiou os
convocatória inquisitorial, entre 1591 inquisitoriais portuguesas relacionadas
jesuítas. inquisidores, chegando a dizer que ele
e 1593, denunciando-se uns aos ao Brasil. Manteve forte diálogo como
mesmo podia ser o Messias. Numa
outros por presumidos erros de fé. o historiador português João Lúcio de
6. Segunda visitação do Santo das últimas sessões de interrogatório,
Azevedo, estudioso dos cristãos-novos
Ofício às partes do Brasil pelo disse que a Inquisição era "um
3- Primeira visitação do Santo e do sebastianismo.
licenciado Marcos Teixeira. tribunal de ladrões" e tentou o
Ofício às partes do Brasil pelo
Denunciações da Bahia, 1618-1621. suicídio. Morreu queimado em auto-
licenciado Heitor Furtado de
Introdução de Rodolfo Garcia. de-fé, em 1726.
Mendonça. Denunciações de
Pernambuco, 1593-1595. Inrodução A segunda visitação do Santo Ofício
9. Resposta que o Pe. Antônio
de Rodolfo Garcia. S.Paulo: P.Prado, se restringiu à Bahia, no inicio do
Vieira, estando nos cárceres do
1929. século XVII. A preocupação essencial
Santo Ofício, oferece aos senhores
dos inquisidores continuava sendo o
Pernambuco era a capitania onde inquisidores sobre as censuras das
presumido criptojudaismo dos
mais havia cristãos-novos no final do suas propozições e em defesa do
cristãos-novos, acrescida do medo de
século XVI. Dentre eles, o célebre livro intitulado Quinto Império do
que eles auxiliassem os calvinistas
Bento Teixeira e a lendária Branca Mundo e da apologia do Clavis
holandeses numa possível invasão do
Dias, ela já falecida, ambos acusados prophetarum de Regno Christi.
Brasil.
de heresia na Mesa da Visitação.
O maior jesuíta do Brasil era defensor
7. Segunda Visitação do Santo dos cristãos-novos, além de adepto do
4. Primeira visitação do Santo
Oficio às partes do Brasil pelo sebastianismo. Prognosticou a
Oficio às partes do Brasil pelo
licenciado Marcos Teixeira. ressurreição de d.João IV, morto em
licenciado Heitor Furtado de
Confissões e ratificações da Bahia, 1656, como cabeça de Portugal, o V
Mendonça. Confissões de
1618-1620. Introdução de Eduardo Império do Mundo.
Pernambuco. Organização de
J A.Gonsalves de Mello. Recife: d Otiveira França e Sônia Siqueira.
Universidade Federal de Pernambuco, Anais do Museu Paulista, tomo XVII.
1970.
III ^ A Presença Estrangeira
no Brasil Colonial
A França Antártica, a França Equinocial
e os Corsários Franceses do Século XVIII
Paulo Knauss

Franceses e portugueses representou um tios maiores sucessos e na submissão forçada dos nativos da
na disputa colonial militares dos portugueses no século terra. Além disso, a disputa colonial
XVI. No Maranhão, no início do serviu para legitimar os mecanismos
Franceses e século XVII, o empreendimento da de controle social da vida dos colonos,
portugueses forain França Equinocial, amparada pela recorrendo à perseguição religiosa
rivais na colonização colaboração espiritual dos frades através da Inquisição.
da América. Os navegantes da França capuchinhos, antecipava o período das
LES S [N
foram os agentes mais importantes da companhias monopolistas coloniais.
defesa da liberdade dos mares. Desse No início do século XVIII, o fracasso
modo, contestaram a pretensão ibérica da expedição de Duclerc de ataque à
de exclusividade dos mares, expressa cidade do Rio de Janeiro, seguida pelo
no Tratado de Tordesilhas de 14(H. A sucesso da tomada da cidade em
partir disso, o quadro internacional da 1711, sob o comando de Duguay-
disputa colonial constituiu-se em um Trouin, representa o período do corso
dos pilares do desenvolvimento do baseado no saque e no butim.
colonialismo. Finalmente, os Tratados de Paz de
No contexto da disputa dos IJtrecht encerrariam a era da disputa
mares, os franceses estabeleceram a de terras, demarcando as fronteiras
colônia da França Antártica, na baía continentais dos impérios coloniais.
de Guanabara, em meados do século O medo dos franceses serviu
XVI, com base na permuta de como justificativa para que o domínio
produtos com os nativos da terra. A colonial português na América se
vitória na batalha de 1560 afirmasse com base 110 aparato militar
3
1- DENIS, Ferdinand. Une fête correspondência do comandante advenus en Maragnan, és années de Janeiro, que resultou no
bresilienne celebrée à Rouen en 1550. Villegagnon. 1613 & 1614, Second Traité. Paris, pagamento de um resgate pesado
Paris, J. Technes, 1850. Imprimerie de François Huby, 1615.] para os habitantes da cidade.

4 5. HEULHARD, Arthur. Villegagnon,


celebração da entrada do rei francês Edição do século XIX da crônica da
roi d'Amérique; un homme de mer au 9.4. Relation de Ice qui s'est passé
Henrique II na cidade de Rouen incluiu tentativa de colonização francesa do
XVIe. siêcle. Paris: Ernest Leroux, pendant Ia compagne de Rio de
3 participação de nativos da terra do Maranhão, de cujo original do século
1897. Janeiro, faite par 1'Escadre des
Brasil. No Renascimento, as idéias XVI só existem dois exemplares no
Vaisseaux du Roy, commandée par
acerca da vida natural serviram ao Mais importante biografia sobre mundo.
le Sieur Du Guay-Trouin, Paris, le 22
debate da condição humana. Nicolas Durand de Villegagnon,
Février de 1712. Rio de Janeiro:
comandante da empresa francesa na As empresas de Du Clerc e Du Guay-
Leuzinger, 1899. V. XX-1898. P. 232-
A França Antártica baia de Guanabara do século XVI, e Trouin
2
240; existe indicação no v. 102, ref.
- LÉRY, Jean de. Histoire d'un que narra seus grandes feitos militares 9.1. DU CLERC. Narração do Assalto
653, p. 105.
voyage fait en Ia terre du Brésil. /s.l./, e a perseguição que sofreu por parte que os franceses fizeram ao Rio de
Pour Antoine Chuppin, 1578. dos protestantes. Janeiro governados por Du Clerc, e a Importante relato francês sobre os
victoria que delles alcançou o fatos ocorridos durante o saque do
Além de ser uma crônica da empresa
6. Processo de João de Bolès e Governador\ja Cidade Francisco de Rio de Janeiro promovido pelos
colonial francesa na região da baia de
justificação requerida pelo mesmo Castro Moraes no anno de 1710. corsários franceses, em busca das
Guanabara, esta obra tornou-se um
documento do relativismo cultural, [cópia] - [Anais da Biblioteca riquezas da cidade devido ao grande
Relato do fracasso militar francês de
aproximando culturalmente europeus e Nacional, 1904. n° 25. p.215-308]. movimento do porto e ao ouro das
atacar o Rio de Janeiro, fazendo
indígenas, sendo um marco da defesa Minas Gerais.
Trata da história do protestante vários franceses prisioneiros dos
da bondade natural dos nativos da portugueses, e provocando o
francês que, depois de abandonar a
terra do Brasil. 9.5. Documentos relativos aos
França Antártica, se passou para o assassinato de seu comandante, o que
ataques franceses ao Rio de
lado dos nativos da terra, e depois serviu de pretexto para novo ataque
3 Janeiro em 1710-1711.... Originais e
- THEVET, André Les singularitez de para o lado dos portugueses e francês á cidade.
cópias. 69. Doe. 114p.
Ia France Antartique. A Paris: chez les terminou enredado nas teias da
heritiers de Maurice de La Porte, au Inquisição lusitana. 9.2. DU GUAY-TROUIN, René. Nesse códice acompanha-se pela
Clous Bruneau, à Lènfeigne S. Calude, Mémoires de Monsieur Du Guay- documentação entre as autoridades
1557. Trouin... Amsterdam, chez Pierre
A França Equinocial coloniais os ataques corsários dos
7. D'ABBEVILLE, Claude. Histoire de Mortier, 1730. (A obra tem ilustrações franceses ao Rio de Janeiro,
O autor tornou-se o cosmógrafo do
Ia Mission des Péres Capucins en l'lsle de embarcações, mas destaca-se o evidenciando a certeza e o medo
rei francês, sendo responsável pelos
de Maragnan et terres circonvoisines. frontispiciode Du Guay-Trouin.) permantente da invasão da cidade por
conhecimentos oficiais da geografia
Paris: Imprimerie de François Huby, corsários franceses.
^a França. Consagrou-se pela sua
1614. II. Trata-se do testemunho do corsário
imagem negativa dos nativos do
francês de suas empresas, contendo
Brasil, associando-os com a força Essa obra é uma crônica da empresa
br famosas ilustrações que apresentam os
uta e a maldade. colonial francesa no Maranhão do
barcos e a estratégia da ação de
inicio do século XVII e que ao expor a
tomada no Rio de Janeiro, o mais
4
' GAFFAREL, Paul. Histoire du Brésil defesa da conversão dos nativos,
importante dos seus feitos militares.
français au XVIe. siêcle. Paris: termina fornecendo um quadro valioso
Maisonneuve, 1878. [apêndice com da vida da gente da terra.
9.3. DE LAGRANGE, Louis Chancel
cartas de N.Villegagnon e N. Barré)
A tomada do Rio de Janeiro em 1711
8. D'EVREUX, Yves. Voyage dans le
A primeira obra da historiografia por Du Guay-Trouin. Rio de Janeiro:
Nord du Brésil fait durant les années
sobre a empresa colonial francesa na Dep. Imprensa Nacional, 1967.
1613 et 1614: préface et édité par
baia de Guanabara. Seu apêndice
Ferdinand Denis. Paris et Leipzig, A.
documental é importante para os Documento encontrado na Espanha
Franck, 1864. [trata-se de uma edição
Pesquisadores, destacando-se a que é um dos mais importantes relatos
da obra de Yves d'Evreux. Suitte de
dos acontecimentos da tomada do Rio
/'Histoire des choses plus memorables
-/O

Brasil e Espanha: do Descobrimento ao


Governo dos Felipes, Rumo às Novas
Fronteiras Sul-americanas
Roseli Santaella Stella

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Quando se trata de Tais ensaios materializaram-se com
abordar os laços entre o reconhecimento de Felipe II como rei
o Brasil e a Espanha, de Portugal, em 1581, representando a
há que se considerar o conjunto de posse do espólio deixado por d. Manuel,
transcenclentes circunstâncias seu avô materno, ao legítimo herdeiro
originadas na raia de largada da da Coroa lusa. Portugal e suas colônias
expansão ultramarina pela disputa das foram inseridas no sistema de governo
'"ias Afortunadas entre os Reinos polissinodal, através do qual a Espanha
Ibéricos. Pelo Tratado de Alcaçovas, gerenciava os destinos do seu vasto
ein 1479, as Canárias ficariam unidas território, tendo o Brasil papel de
a
Castela, enquanto os desconhecidos destaque no conjunto americano e no
territórios e rotas marítimas situadas contexto econômico euro-africano.
ao sul delas seriam de Portugal. Tal A emergente Colônia situada no
Pacto desdobrou-se no Tratado de flanco Atlântico representava o escudo
lordesilhas, em 1494, quando o Brasil natural para frear as investidas
recebeu a sua primitiva configuração inimigas sobre as ricas possessões de
na "genética" do Novo Mundo. Desse Castela no Novo Mundo. No entanto,
acordo não pactuaram os demais o mesmo escudo movia-se contra tais
filhos de Adão", contra os quais territórios, desde a zona platina até a
ainda pesavam os ensaios promovidos amazônica, cujo avanço seria freado
por ambas as coroas visando unir a face aos vários tratados de limites que
Península para triunfar no cenário alteraram o perfil das atuais nações
europeu e mediterrâneo. sul-americanas.
a) Do descobrimento ao governo dos impressões a respeito desta parte do sessenta anos de governo filipino no espanhola no processo de
Felipes Novo Mundo. Brasil. reconhecimento da independência
1. PINZÓN, Vicente Yanez. lusa, concluído em 1668.
Inquirição de testemunhas que foram b) 0 Brasil sob o governo espanhol: 7. ALBERNAZ, João Teixeira. Planta
com Vicente Yanes Pinzon e 1580-1640 da Restituição da Bahia. Século XVII. 10. MELHOR. Marqueses de
descobriram a ponta de Santa Cruz e 4. Capitanias dei govierno dei original Castelo. Códice da Coleção
Santo Agostinho. Cópia literal das Brasil. Descrição anônima, em Marqueses de Castelo Melhor.
Albernaz foi além da representação
perguntas sexta e sétima. espanhol, início do séc. XVII.
do sistema de ataque conjunto que Dentre as várias coleções da Biblioteca
Esta capitulação concedida por Nas raras descrições do gênero, esse restaurou Salvador dos holandeses em Nacional esta é a mais significativa
Fernando e Isabel é o primeiro manuscrito é pouco conhecido. No 1625. Sua planta é um raro para o exame da gestão filipina no
contrato para o governo do Brasil. acervo da Biblioteca Nacional destaca- documento da cidade ao tempo dos Brasil. E formada por documentação
Resultou da expedição de Pinzón que se por conter curiosos registros em Felipes, com suas igrejas, o palácio de original, na maior parte inexistente
descobriu terras situadas no atual castelhano, a respeito da divisão governo, as fortificações, o colégio e em Portugal e na Espanha. Além de
Ceará, em janeiro de 1500, quando se administrativa do Brasil sob o governo a olaria dos jesuítas, suas hortas, guardar manuscritos ou impressos
desconhecia que pertenciam a da Espanha. praças, ruas, casarios e as antigas que testemunham o empenho dos
Portugal pelo Tratado de 1494. portas que davam acesso à cidade. marqueses de Castelo Melhor para
5. MORENO, Diogo de Campos. recolher documentos em prol da
2. VACA, Alvar Nunez Cabeza de Jornada do Maranhão por ordem de 8. MARTINEZ, Francisco. Relación de restauração portuguesa, encerra
La relación y comentários dei 5. Majestade feita Felipe III no ano de Ia vitoria que alcanzaron Ias armas muitos outros de particular interesse
governador Alvar Nuhez Cabeza de 1614, por Diogo de Campos Moreno. Católicas en Ia Baia de Todos os para a Espanha a partir do final dos
Vaca, de Io acaescido en Ias dos Santos, contra Olandeses, que fueron Reis Católicos.
A empresa de Campos Moreno visava
jornadas que hizo a Ias índias. a sitiar aquella Plaça... Impressa com
reconhecer o norte do Brasil para
Valladolid, 1555. licença do Real Consejo de Castilla, 11. MASCARENHAS, Fernando,
salvaguardar por vias indiretas as
em Madrid: 1638. conde da Torre. Relação do subcesso
A obra de Cabeça de Vaca constitui riquezas do Alto Peru, principalmente,
que tewe no Brazil a Armada que S.
um dos primeiros relatos de viagem ao alcance dos franceses estabelecidos Este exemplar da Biblioteca Nacional
Magde. Mandou a cargo de Dom
no Brasil, reconstituindo a expedição em São Luís entre 1612 e 1615. destaca-se por ter sido impresso em
Fernando Maz Conde da Torre no anno
iniciada em Santa Catarina em 1541, Agregando-se a outros relatos Madri, com a autorização dos
de 1638 eloqo q chegou aquelle
rumo ao Paraguai, contendo a semelhantes depositados na Biblioteca Conselhos de Castela e de Estado de
estado pollos principios do anno de
primeira descrição sobre a hidrografia Nacional é peça fundamental para o Portugal e no mesmo ano em que a
639. [S.I., não antes de jan. 1639], 7 p.
e relevo da região do Pantanal. A exame da contribuição filipina no relação foi apresentada. Tais
mss. Original.
Biblioteca Nacional possui um dos processo de ocupação do extremo particularidades conferem outro valor
raros exemplares impressos em norte do Brasil. a obra, pois indicam a campanha Ao lado dos demais registros
Valladolid, em 1555, dessa que é a espanhola para promover as ações de manuscritos, impressos e iconográficos
obra mais antiga sobre a Flórida e o 6. OLIVEIRA, Diego Luis de. Felipe IV em defesa do Brasil, face aos que integram o conjunto da brasiliana
Rio da Prata. Provision dei Virrey dei Brasil D.' indícios de rejeição lusa ao domínio na Biblioteca Nacional, este relato
Diego Luis de Oliveira en que manda da Espanha. sobre a armada combinada para
3. APIANO, Pedro. "Libro dela hacer información de los danos que restaurar o nordeste forma o mais
Cosmographia de Pedro Apiano, el los Portugueses hacian en Ias 9. COELHO, Duarte Albuquerque. completo acervo sobre a resistência
qual trata Ia descripción dei Reducciones de índios, fecha en 4 Memórias Diarias de Ia guerra dei luso-espanhola contra a presença
mundo...". Envers: en Casa de deciembre de 1629. original Brasil por discurso de neve anos... holandesa no Brasil.
Gregório Bontio, 1548. Impresso em Madri, por Diego Dias de
Estando sob o mesmo cetro, ainda
Ia Carrera, 1654. c) A expansão geográfica do Brasil na
Esta Cosmografia traduzida para o que se tentassem coibir as investidas
Bacia do Prata
castelhano em 1548, ainda que desferidas desde o Brasil às reduções As memórias oferecidas a Felipe IV
12. Disposiciones dei Gobernador
apresente noticias incompletas sobre indígenas, segundo documentam foram impressas em Madri, em 1654,
de Buenos Aires contra los
o Brasil, destaca-se por ter sido vários manuscritos da Biblioteca após a restauração de Portugal. Mais
portugueses que estan en Ia
elaborada antes de 1524, ano em que Nacional, era impossível deter o que um mero relato de guerra, esta
Colonia. 1680
veio ã luz a primeira edição escrita em oportunista avanço português sobre o rara publicação revela o papel do
original
latim e quando eram raras as vagas território espanhol durante os Brasil como instrumento da relutância
Não há episódio mais trágico em d) Do Tratado de Madri ao de Santo
nossa história militar do que o dessa lldefonso
colônia. As palavras de Américo 15. Respuestas a Ia memória que
Jacobina Lacombe encerram a presentó en 15 de Enero de 1776
importância desse manuscrito sobre a el Exmo Senor. Don Francisco
reação espanhola frente ao antigo e Inoncencio de Sousa Coutiho" ...
persistente propósito luso de estender relativa á Ia negociacion entablada
o sul do Brasil até o estuário do Prata. para tratar dei arreglo y
sehalamiento de Limites de Ias
13. Manifesto legal, cosmografico, Possessiones Espaholas y
y histórico, en defesa dei derecho Portuguesas en América
de Ia Magestad Católica dei muy Meridional.
Soberano rey de Ias Espahas Don
Carlos Segundo .... para decision Este manuscrito é peça fundamental

de Ia propriedad de Ias para reconstituir o árduo trabalho

demarcaciones de Ia America, y diplomático realizado entre a Espanha

sobre Ia situacion de Ia nueva e Portugal para solucionar os efeitos

Colônia do Sacramento.... (Madrid das lutas travadas nos campos sul-

1682 ?) original americanos. Após quase cem anos da


fundação de Sacramento, a disputa
Este raro manifesto traz as conclusões havia-se estendido a São Pedro do Rio
do Congresso celebrado em Badajós Grande, Porto dos Casais, mais tarde
em 1682, para discutir os limites Santa Catarina, e aos Sete Povos das
americanos e a situação da Colônia de Missões.
Sacramento. A Biblioteca Nacional
guarda o mais completo conjunto 16. Memória geográfica de los
documental sobre o processo que viaje practicados desde Buenos
durou cem anos para fixar as Aires hasta el Salto Grande dei C i a relacíon}? c o m e n t á r i o s oel g o u e r n s
fronteiras sul-americanas. Parana por Ias primeras y do;2lluarnunc5cabeçabevaèa, ©eloacaefridocnlaa
segundas partidas de Ia &o0jc:fT3cía£5 quebi'50 o b s í n d i a s .
14. Relación de Io sucedio en a demarcacion de limites en Ia
e
xpusion de los Portugueses que América meridional, en
, * COIÍ PÍÍWKGÍO,
Pretendiendo invadir Ias conformidad dei tratado 1 . . jtfa rftjgwUMoy «wC^
Províncias dei Rio de Ia Prata,
Paraguay etc. se poblaron en
frente de Ias Islãs de S. Gabriel...
preliminar de 1777...

O Tratado de Madri, por si só, não


S
1680. original conseguiu definir a posse dos
entre as ex-províncias espanholas, 23 mapas aquarelados. Coleção
territórios no sul do continente
Portugal, Espanha e Brasil, cujas Morgado de Mateus.
0 conjunto documental sobre a americano. A fundação da Colônia de
relações remontam à fase dos
fundação de Sacramento desvenda os Sacramento mudou dez vezes de
descobrimentos. Na Biblioteca Nacional encontram-se
interesses econômicos portugueses no domínio. A expansão gerou vários
os vinte e três mapas aquarelados que
rio da Prata: continuar participando tratados: o Tratado Provisional (1681),
17. Cartas topográficas do integram estas cartas topográficas.
do comércio com Buenos Aires, tantas de Utrecht (1715), de Madri (1750),
v
Continente do Sul e parte Uma das estampas representa a Vila
ezes permitido pela Espanha durante do Pardo (1761), de Paris (1763) e de
meridional da America Portugueza de Santos, ponto estratégico das
a união das coroas. Santo lldefonso (1777), cuja divisão
com as Batalhas que o lllmo. E incursões organizadas rumo às
dos domínios foi conferida pelo
Exmo. Conde de Bobadella missões jesuíticas em território da
geógrafo Oyárvide, também piloto da
ganhou aos indios das Missoens Espanha e que foram destruídas nas
Real Armada da Espanha. Chegavam
do Paraguay. [S.I., 1775]. disputas entre portugueses e
ao fim difíceis negociações que
espanhóis pela posse da região.
aperfeiçoaram o trato diplomático
O Brasil Holandês
Heloísa Meireles Gesteira

Desde o início do século direção aos Países Baixos. A Biblioteca Maurício de Nassau-Siegen, esteve no
XVÜ os holandeses Nacional possui uma mostra Brasil a primeira missão propriamente
faziam incursões à costa significativa deste material. científica. Uma das marcas da
americana. Dessas viagens resultaram E curioso notar que a coleta de administração nassoviana foi a
descrições dos vários lugares visitados. informações sobre o Brasil não se construção da Cidade Maurícia
A fundação da Companhia das índias, limitou às estratégias militares e à (Mauritstadt) para sede do governo
em 1621, aumentou ainda mais a produção açucareira. Em 1624, mesmo batavo no Brasil. Dentro dos limites da
curiosidade sobre o continente ano da malograda tentativa de ocupar a cidade, mais precisamente ao redor do
americano. Cidade de São Salvador, foi publicado palácio Vrijburg, residência do conde,
O Brasil aparece com destaque nos nos Países Baixos o Reys boeck van het existiu um jardim que reunia espécies
escritos neerlandeses. Folhetos, mapas e rijk Brasilien, Rio de Ia Plata ende da fauna e du flora do Brasil e de
roteiros deixam transparecer os motivos Magalhaes, daer in te sien is de outras regiões dominadas pelos
que direcionaram os colonizadores gheleghentheyt van hare landen ende neerlandeses. O jardim atesta para o
batavos para a região dominada pelos steden liaren (Diário de viagem e interesse na realização de estudos
portugueses, mais precisamente as descrição t/as riquezas do Brasil, Rio minuciosos sobre a natureza americana,
Capitanias da Bahia e Pernambuco. O da Prata e Magalhães, onde se registra o que pode ser comprovado pelo
interesse no comércio do açúcar e a a situação dos países e cidades, bem belíssimo livro Historia Naturalis
guerra contra o império espanhol como dos usos e costumes). Este Brasiliae (1(>48), de Guilherme Piso e
figuram entre as principais justificativas folheto, hoje guardado pela Biblioteca Jorge Marcgrave. Este momento do
para o ataque. O açúcar brasileiro, Nacional, é fonte preciosa para estudos Brasil holandês foi registrado dentro do
tirado do rei de Espanha, seria mais históricos e etnográficos. estilo literário do século XV'11 por
uma fonte para suprir os gastos da Entre os anos de 1637/644, Gaspar Barléus no seu Rerum per
guerra contra o avanço espanhol em período do governo do conde João octenium in Brasília, de 1 (>47.
1. CALADO, Manuel. O Valeroso Espanha). T'Amsterdam, C. Nassau-Siegen o material necessário
Lucideno e triunpho da liberdade: Lodewijsksz, 1624. para escrever este livro enaltecendo os
primeira parte. Lisboa: 1648. feitos do conde durante o seu
Panfleto publicado a partir de um
governo no Brasil. Além dos mapas
Calado pertenceu a Ordem dos Padres discurso feito por Moerbeeck, aos
das capitanias conquistadas pelos
de São Paulo e foi defensor da Estados-Gerais dos Países Baixos
neerlandeses desenhados por Jorge
retomada do trono português pela Unidos, em defesa da expansão
Marcgrave, esta obra reúne belíssimos
Casa de Bragança. Viveu no Recife neerlandesa para o Atlântico. Neste
quadros feitos por Frans Post.
durante o governo do conde João texto encontram-se as razões politicas
Maurício de Nassau-Siegen. Escreveu e econômicas que sustentam a
8. BLAEU, Willem Janszoon, Novus
este livro em homenagem a João investida da Companhia das índias
Brasiliae typus, Amsterdam.
Fernandes Vieira, herói da expulsão Ocidentais contra Pernambuco e
dos neerlandeses do nordeste. Esta Bahia. Nesta carta podem ser vistas cenas da
obra é de grande valor para observar vida indígena, como um ritual de
a situação dos portugueses que 4. NIEUHOF, Johan. Gedenkwaerdige canibalismo e animais que
permaneceram na região dominada zee em lantreizen door de representam a natureza americana.
pelos batavos. voornaemste landschappen van West
en Oostindien. (Memorável viagem 9. BLAEU, Joan Brasília generís
marítima e terrestre às índias 5 nobilitate armorum et lettterarum
2. LA ET, Johannes. Beschrijvinghe
van West-lndien. (Novo Mundo, sua Ocidentais e Orientais). T'Amsterdam, scientia prestantmo.
6. Reys boeck van het rijk
descrição). Tot Leyden, bij Elzeviers, 1682.
Brasilien, Rio de la Plata ende Situada em Amsterdam, a oficina
1630.
Soldado da Companhia, esteve no Magalhaes, daer in te sien is de Blaeu transformou-se no principal
Johannes de Laet, diretor da Brasil de 1640 até 1649. Os assuntos gheleghentheyt van hare landen centro da edição cartográfica durante
Companhia das índias Ocidentais pela deste livro são variados, desde a ende steden haren... (Diário de o século XVII. Nesta carta, a costa
câmara de Amsterdam. Foi nesta obra administração de Nassau até os viagem das riquezas do Brasil, Rio da brasileira aparece toda demarcada.
que pela primeira vez este intelectual motivos da revolta dos portugueses Prata e Magalhães, onde se registra a Como instrumento politico
de renome das Províncias Unidas fez contra o governo neerlandês. situação dos países e cidades, bem importante, os mapas são mais um
referência ao Brasil, que ocupa parte como dos usos e costumes). Canin, mecanismo de tentativa de tomar
significativa do texto. É uma 5. PISO, Willem & MARCGRAVIUS, 1624. posse do território.
referência importante para os estudos Georgius. Historia naturalis Brasiliae.
Contemporâneo ao ataque à cidade
da natureza, da geografia, da história (História Natural do Brasil). Lud., 10. T'Neemen van de suyker
de Salvador, este panfleto descreve a
e dos costumes dos povos Elzevirium, 1648. prysen inde Bay de Todos los
costa do continente americano desde
americanos. Laet é também autor da Santos, 1629. (Tomada e apreensão
Este livro foi resultado dos trabalhos Magalhães até o Maranhão,
História ou Anais da privilegiada de um carregamento de açúcar na
da primeira missão propriamente realçando as principais cidades, portos
Companhia das índias Ocidentais, Bahia de Todos os Santos).
científica ao Brasil. Além das e fortificações. As gravuras que
desde a sua fundação até o ano de
informações sobra a fauna, a flora e acompanham o texto são de grande Os mapas também contam uma
1636, uma das principais fontes para
os habitantes naturais da terra, esta valor para as observações históricas e história. A Bahia de Todos os Santos
o estudo dos primeiros anos do
obra apresenta um estudo importante etnográficas. aparece como palco das guerras entre
dominio batavo na América.
das doenças tropicais e os os espanhóis e os neerlandeses.
tratamentos então conhecidos. Este 7. BARLAEUS, IGaspar, Rerum per
3. MOERBEECK, Jan Andries
livro permaneceu até o século XIX octenium in Brasília (História dos
Redenen Vvaeromme de West-
como uma das principais referências feitos recentemente praticados no
Indische Compagnie dient te
para os estudos de história natural do Brasil durante oito anos). Amsterdam:
trachtgen het Landt van Brasil ia den
Brasil. Ex typographeio loannis Blaev, 1647.
Coninck van Spangien te
ontmachtgen. (Razões por que a Ilustre humanista e poeta que escrevia
Companhia das índias Ocidentais deve na língua latina, Barlaeus recebeu das
tomar as terras do Brasil do rei de mãos do conde João Maurício de
5 S
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VJJ<J,( Van \ overgaen van

KIEUW-NEDERLANDT
op den 27. ojugujli, Qude-Stijl\ aJnno 1664-
j | Y m o n G i l d e v a n R a r o p , S c h i p p e r o p ' t S c h i p d e G i d e o n , k o m e n d e v a n d e M e n a t e s , o f N i e u w - A m í t e r d a m i n N i E U vi
IJJfioainAND
„ T* ,, rr aa pp pp oo rr tt ee eerrtt ddaat t N i E U W - N E D E R L A N D T , m e t a c c o o r t , f o n d e r e e n i g h e t e g e n w e e r , dcn 8.Septembt
Nl
e u \ v e - S t i j l , a e n d e E n g e l í ê n is o v e r g e g e v e n ^ o p C o n d i t i e n ais v o l g h t :

1. mo?ben/ batfip ijáeenb?p25o?gerbanbefcpiacto/m oor6bjpficptgegcbentooíben


í? tfaen toe bat be,§taten «Genetaeí/ o ftebe fl3efí-3:nbifcíje Com* . X V.
pasme fuílm bclíouíJcn/ ofte bt2peftjcft befitten / alie be -Boutoe;
rpen cn$upfen(uptgcfonbert bie in be jfo?ten fouben rnogen ftaen) StHcfulJaltmicíSojgcríi/ «©fficiers/ cnJBagifltatenfnllen/ inbien 't&aewtelirft/
enbatfiettjaecbcrgunttoo^b/ om íiínnen fcjí maenbenalle foba-- continucren in fiare plactfe/ tot ben gctoioonelíjthcn rtjbt/ in toclthe be lãieuiue Clcctie
nige !13apenen en aimmonitie ban oof>logIj fjaet toeôeSoorenbe/ te gebacntuo?bt/aIjef banfullcnbetnieutoegchorcntocrben booj {jaerfeibcn/metbefecmia
betbocren/ofteboo,? be felbe betaelt tetoojben, bitie bat bc nicuVucgehoorenlBagjflraten fullen moctcn bocn ben «Ectban oetroutaia
{jept aen ftjn íEaie(iepttoan «engelanbt/ cer bat fpfiaer «©ffitje ambaerbenT
XVI.
serre pufeííjCQue Süupfen/ fulíen&Ijiben/tot bat gfietyuptltbaet
toe fp nu gcb^upcfit toçuben. 23p albien fiei fal lilijchcn batter ecnige publijcfte onftofíen 3tjn gebaen / en een mibbel
feraemt/ om befe onhofien te bctalen/ tjct ia gcaecoojbcctt/bat bit mibbelfal ftanbt ttrn- J
FFÂRÍR-?,AI«N0U1--BO2SCC/ enfiefioubenfiareUanberpen/$upfen/«SdEbe,- pcn/ ter tribt toe bat befe onltolíenfuHenbolbacnjijn. '
C blC 0 t í < , o u t , c n m 0 8 m 3 Ü n m br, £ na XVII.
«leubacfobJ J fp ° ' ~ £o«trcpen/cnbe He boo?-gemae ehte Contraeten/ ;&c&u!bcn en 3Dccr-fcfiulben/ binnen befefôjobin•
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XVIU.
P í & I ^ Í ,eÔ tí 3!ntooonbec boomemenjs toactomfclfôtebettretften/ijpfal gente; 23p albieufiet hanlilijchcn/ batbe31De(i-2i;nbifcfie<írompagnieban?[m(7crbamaen
ttanfnn,5 - toeecfien/ om fiem felben./ B^outo/ Hinberen/ ©lenaerg en goeberen pcmanüt Ijicr ccnigc fomme gelbtsí frôulbigfi í^f / fict i s geaccoojbcert/ bat bc rccognitie
'f^írtten/ en ôtecbanfôneJtanbecpen te bifponeren. ijan bcsrlji-pni cn aitberc fcjjultngc tnhomftcn bcí lêcficpen nncr íJebcíanbtbarcnbe/
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fi/ Q i ^ a t «npegerjjrft toegetfaen / om tupcítjcfi upt jScberlant õectoacrtf te ho; te planten/ fiacc fal bergunt en aengetoefen toerben/ tosftig aichcrjS a a n b t ó • rni«bim
W " "'^«flctociíen teplanten/ enbe bar b e ^ u p t f c ^cfiepcn bm fitet mogctt pemanbt ban fiacr foubc VDillen bienen ai.á een <Dicnaer/fp fulíen Djpeltjhü gecònttnuem
Vuojben/enbe baer naeS?pe-23o;gcr^5i)n. lluterr
pl í cn t)e ftcccm/ ofte mct ôacc n m n alIírícp
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^>oo toatmcer bc ítoníngfiban <3joot-2S;itannicn/ enbe be^tatcnber ©erecnifth-
feoerlanben accojbcrcn/ bat befe yiactíí en giobintíe/vuebcr infianbcn oan bcfâeeicn
S f i f r t e 1 1 "P 1 Holfonbt ofte elbccjftomenbe/fulíen met òaer B p õ ^ o t b e w ; ^ t a t e n fal gelebcrt tocrbcn/ toanneec fifnlBaiefieptfüIcftitffalbebeden/ bctTalon
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t>ftoffi l fltn tooiben/ en ban Ijtet berfonben luoiben/ aljí boo: befen booj onfe (íaenbeuoetobcc-gelcüettüjecbeju
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t f c n jDe 5>tabt op bc jRanatfianá falbermogen Ijacc «Bcbeputcerbcns te berhiffen/ eutic
°4& «líJicr fullcn Beíjouben / enbeefienieten b^ôepbt ban confcientte in &efe <0ebeputcerbcn fulíen fiare b>pe (lemmen Dcliben in alie publtjcque 23efonaieá/ foo
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K f e ^ Ô m a n o f t e ^ u n t f c b m a n V ^ c f i i p / ftilfiicr meentge celesentfiepíit XXII.
UjouJben ten ©oilohe/ tegenjí Ijoebanige jSatte 6et oochfcubejljn. JDelrftc eeni ge^unfen moefiten ficbben in bc JrojtrciTe «©ransic/fulien bermoaen/foa
fpüJiIIen/ bc j*onificatic fTecfiten / cn bcfioubcn ofte befittenfiare$*unfen / gelrtca cen
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Unidade Nacional e Abolição
IV ^ A Transição: de Colônia à Corte
D. João VI no Brasil
Ismênia de Lima Martins

Personagem central
de capítulos da maior
importância para a
I listória do Brasil, d. João VI não tem
sido objeto considerável da
historiografia brasileira
contemporânea. O estudo clássico de
Oliveira Lima, publicado pela primeira para outros tinha uma visão de para a emancipação política. A coleção
vez em 1()()8, mereceu uma segunda estadista. Teria sido o agente de manuscritos da Biblioteca Nacional
edição apenas em 1944. Resguardado fundamental de uma inteligente pode, sem dúvida alguma, colaborar na
todo mérito desta obra, de tão grande manobra política que vibrara forte produção de novos conhecimentos,
fôlego, restam muitas questões golpe à hegemonia napoleônica, e que sobretudo com respeito aos esforços do
colocadas por revisões recentes da resguardara a Coroa Portuguesa das monarca na propulsão de novas
historiografia sobre o antigo sistema humilhações sofridas por outras atividades manufatureiras e comerciais,
colonial, a dinâmica intenta da colônia monarquias européias. Aléin disso, como também sobre suas intervenções
e a transição para a independência. Se garantira a integridade do território 11a administração e na adequação
existe uma concordância de todos os ultramarino português, mantendo-se urbana do Rio de janeiro às novas
autores, que se basearam no 11a plenitude de seus direitos, com a necessidades ditadas pela condição de
depoimento daqueles que o trasladação da Côrte. As sede do Reino Unido.
conheceram de perto, com relação à transformações políticas e econômicas
sua bondade e afabilidade, todo resto é ocorridas 110 Brasil de então, onde as
BERTICHEN, Pedro Godofredo.
controvérsia. Para uns era inteiramente marcas «los grilhões coloniais eram O Brasil pitoresco e monumental.

despreparado para governar, e covarde; muito visíveis, prepararam o terreno A Praça do Comércio.
M A N U S C R I T O S RELATIVOS A O 3. Carta Régia ao príncipe regente esperar, com esta disposição, ao processo ou devassa original
PRÍNCIPE REGENTE E REI DE D. João, dirigida a Pedro Maria restabelecer-se do estado contra os insurgentes de 1817. São
PORTUGAL D. J O Ã O VI ( 1 7 6 7 - 1 8 2 6 ) Xavier de Ataide e Melo, decadente em que se encontra. mencionados os nomes de: José Luís
governador de Minas Gerais, Paranaguá (1812). da Rocha, Francisco de Paula de
Carta de d. João príncipe ordenando que forme um corpo Acompanham representação das Albuquerque Maranhão, Bernardo
regente, estabelecendo na cidade de soldados pedestres para lutar autoridades de Paranaguá ao Senado Luís Ferreira Portugal, Antônio
do Rio de Janeiro uma Academia contra os índios botocudos. Rio de solicitando levar ao conhecimento de Joaquim de Melo, José Mariano de
Real Militar, dando-lhe os Janeiro, 13/maio/1808 S.A.R. com a respectiva informação o Albuquerque, José de Barros Falcão,
respectivos estatutos e criando Impresso. 8 p. ofício da Câmara Municipal da citada Francisco Xavier Monteiro de Franca,
Uma
Í u n t a militar para dirigi-la. Rio A carta tem anotações manuscritas à vila e certidão passada por Luís João VI, Alexandre Dias de Carvalho,
de Janeiro, 21 dez. 1810. Cópia. 78p. margem. Col. Martins Ignácio de Oliveira Cercai relativa à o conde da Barca e outros.
Seguem-se: "Estatutos da Escola entrada da farinha de mandioca na
Militar. 1845", "Regulamento interno. Os botocudos induiam-se entre os referida localidade. 6.3 "Petição do frei Joaquim do
1848", "Fórmula do diploma de selvagens bravios vítimas de guerras
Amor Divino Rabelo e Caneca e de
Bacharel" e um projeto de novos de extermínios. Neste aspecto o A presença do rei no Rio de Janeiro
frei José Maria do Sacramento
estatutos para a Escola Militar. governo de d. João VI não trouxe estimulou o caráter reivindicatório de
Braine S.M.d. João VI suplicando
alterações registrãveis. certos grupos locais ou regionais que
que 'sejão soltos sem mais
A transferência da sede do reino e a se sentiam preteridos em relação a
delongas, declarando deverem ser
instalação da corte para o Rio de 4. Carta de d. João, príncipe outros.
Janeiro exigiram a promoção de uma incluídos no mencionado Decreto
regente, ao conde da Ponte,
série de iniciativas visando à criação de 6 de fevereiro de 1818." S I. n.d.
admitindo nas alfândegas do Brasil 6.1 "Documentos relativos à
de equipamentos sociais necessários à Inclusa: "Defeza dos Padres Fr.
toda e qualquer mercadoria Revolução de Pernambuco,
boa administração e â segurança do Joaquim d Amor Divino e Fr. José
estrangeira, ao mesmo tempo que Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio
reino
- Tal foi o caso da Academia Real Maria do Sacramento Braine."
permitia a exportação de produtos Grande do Norte de 1817."
Militar.
da terra à exceção do pau-brasil, Pernambuco, 1812/1818. Aos descontentamentos ligados à
para os países que se conservaram 254 doe. originais e cópias. 680p. crise da economia açucareira vão-se
2. Representação dos chineses em paz com a Coroa Portuguesa. formatos diversos. juntando: o ideário da Revolução
domiciliados no Rio de Janeiro e Bahia, 28/01/1808 Valiosa coleção contendo avultado Francesa, o modelo da Independência
s
eu distrito pedindo a S. M. Original, com a assinatura do Príncipe número de documentos e papéis per- dos Estados Unidos, os ônus da
nomeasse a seu compatriota Regente. 2 fls. tencentes ao processo ou devassa tributação e sobretudo os efeitos de
Domingos Manuel Antônio para Conhecida geralmente como "Carta original contra os revoltosos de 1817. uma grande seca que criaram um
servir-lhes de intérprete. Rio de São citados os seguintes nomes: d. clima favorável para chamada
de abertura dos portos"
Janeiro, 6/set/1819. João VI, José Pereira de Lima Gondim, Revolução Pernambucana de 1817.
2 doe originais 3p. formatos diversos Ainda na Bahia d. João, abriu os Antônio Ferreira de Albuquerque Apesar da ampliada configuração
assinaturas em caracteres chineses e portos do Brasil às Nações Amigas, Melo, João Francisco Fernandes, social do movimento, o mesmo foi
latinos pondo fim ao exclusivo comercial Francisco Xavier Monteiro de Franca, facilmente reprimido. Os condenados
ditado pelo pacto colonial, que Francisco de Assis Pereira da Rocha e foram anistiados, por decreto, na
O. João VI preocupou-se com vigorava há três séculos e atingindo o outros. ocasião da aclamação de D. João VI,
alternativas ao trabalho escravo bloqueio decretado pela França à
com exceção dos freis Joaquim
africano. Além da introdução de Inglaterra.
6.2 "Documentos relativos à d'Amor Divino - Frei Caneca, e o frei
colonos SUÍÇOS em Nova Friburgo,
facilitou a instalação de súditos de revolução de Pernambuco, José Maria do Sacramento que
5. Ofício da Câmara Municipal de solicitam a inclusão de seus nomes
outras partes do reino, como os Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio
Paranaguá a S.A.R. lembrando a naquele decreto.
chineses. Grande do Norte de 1817."
representação que fizera em 6 de
Pernambuco, 1817/1818.
julho de 1811 pedindo para a sua
216 doe. originais e cópias. 845p.
comarca um governador distinto
formatos diversos.
do de São Paulo, constituindo-a
Valiosa coleção contendo avultado
em nova província e declarando
número de documentos e papéis
pertencentes na sua quase totalidade
7. Decreto de 22 de abril de 1821, Vigésimo sétimo rei de Portugal, d. 10. Manuel de Oliveira Lima. D.
pelo qual d. João VI nomeia seu João VI foi o único monarca europeu João VI no Brasil (1809-1821). Rio de
filho, d. Pedro de Alcântara para aclamado na América. As grandes Janeiro: Jornal do Comércio, 1908.
regente, e seu lugar-tenente no festividades do Rio de Janeiro Estudo clássico e fundamental sobre
Brasil, tendo incluso as instruções destacaram-se mas em todas as d. João VI no Brasil, em três volumes.
a que se refere o decreto. Rio de províncias, sob diferentes formas, Publicado pela primeira vez em 1908
Janeiro, 22 de abril de 1821. ocorreram manifestações somente reeditado em 1945 na
comemorativas. coleção "Documentos Brasileiros"
Retomando a Portugal sob a pressão
pela Editora José Olympio e,
das cortes de Lisboa d. João VI
9. Retorno de d. JoãoVI a Portugal: recentemente pela Topbooks Editora,
nomeou para regente, em seu lugar-
9.1 D. João VI, rei de Portugal 1996.
tenente no Brasil, o herdeiro da Coroa
(1767-1826). Carta anônima dirigida
Portuguesa, seu filho d. Pedro de 11. Memorável aclamação do
a d. João VI, mostrando-lhe os
Alcântara. senhor D. João VI. Litogravura
inconvenientes do seu regresso ao
atribuída a Hyppolite Taunay.
reino. S.l. s.d. Original. 5p.
8.1. D. João VI, rei de Portugal
Carta anônima e sem data
(1767-1826) - aclamação Oficio do
Col. Aug. de Lima
governador da capitania de São
Paulo, conde da Palma, ao
9.2 D. João VI, rei de Portugal
marquês de Aguiar com a
(1767-1826) Proposta autografada
afirmação de que será
sobre o regresso da corte para
grandemente festejado nesta
Portugal e providências
capitania o dia 6 de abril, quando
convenientes para prevenir a
haverá a cerimônia da aclamação
revolução e tomar a iniciativa na
de S. M. D. João VI. São Paulo,
reforma política. Pelo conselheiro
10/jan/1817. Original. 2 p. N° 169 Cat
Silvestre Pinheiro Ferreira. Original
Mss São Paulo
com a assign. Autogr. Do auctor. In-
8.2 D. João VI, rei de Portugal fol. 3ff.
(1767-1826) - aclamação Discurso N° 6.705 do Cat. Exp. De Hist. Do
na Felicíssima Aclamação de Brasil
Augustíssimo Senhor D. João Sexto N° 999 do extrato
Rei Fidelissimo do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Recitado 9.3 D. João VI, rei de Portugal
na presença do limo e Exmo Senhor (1767-1826) Representações
Fernando Delgado Freire de dirigidas a d. João VI, pedindo a sua
Castilho, governador e capitão permanência no Brasil, pela Câmara
general da Capitania de Goiás, Municipal da Corte, Negociantes
assistindo todas as autoridades e Proprietários, Corporação dos
nobreza na sala do docel de Vila Ouríveis e Habitantes do Rio de
Boa a 6 de abril de 1817. Janeiro. Rio de Janeiro, março/1821
Original ? sem nome de autor. 6 f. n- 8 does. originais. 61 p. formatos
num. 1.Castilho, Fernando Delgado diversos.
Freire de. 2.Goiás (Capitania) -
O retorno de d. João VI a Portugal
Discurso. I.TÍtulo
provocou intenso debate. Aos
N° 6.894 do CEHB
conselheiros políticos opunham-se
N° 1.070 do extrato
vários seguimentos da sociedade local
que temiam a perda das vantagens
decorrentes da condição de sede do
reino.
Do cumentação Política, 1808 a Í840
José Murilo de Carvalho, Lúcia Maria Bastos P. Neves

e Marcello Basile

Os anos que vão de O comportamento das Cortes de encarada pelos contemporâneos como
1808 a 1840 Lisboa forçaram a segunda opção. o início de nossa existência nacional.
constituem um Proclamada a independência em O governo do país por si mesmo,
período crucial para a constituição do 1822, foi necessário construir o novo levado a efeito pelas regências então,
Brasil como país e para a definição de império, a começar por três tarefas revelou-se difícil e conturbado.
"ma nação brasileira. Com a chegada inadiáveis: a negociação do Rebeliões e revoltas pipocaram por
da Corte Real portuguesa, o Brasil reconhecimento internacional do país, todo o país, algumas lideradas por
tornara-se a sede da monarquia, a manutenção da unidade territorial grupos de elite, outras pela população
reduzido Portugal a simples colônia. país em torno do governo do Rio de tanto urbana como rural, outras ainda
Operava-se desse modo a inversão Janeiro e a organização política por escravos. O interesse das elites
colonial, fato único na história nacional. Essas foram as tarefas de prevaleceu, no entanto, com o golpe
moderna. A presença de d. João que se ocupou o Primeiro Reinado. da maioridade de 1840, que colocou
acompanhado de todo o aparato A rivalidade entre brasileiros e d. Pedro 11 no trono, inaugurando o
governamental demonstrou na prática naturais de Portugal acirrou-se à Segundo Reinado. Estava estruturado
<|ue o país podia governar-se a si medida que d. Pedro I cada vez mais o Império do Brasil com base na
mesmo. Daí em diante, a decisão a ser se aproximava da antiga metrópole, unidade nacional, na centralização
tomada não era mais sobre se haveria envolvido nas vicissitudes da guerra política e na preservação do trabalho
independência e sim sobre como seria civil que privara sua filha do direito escravo. Restava, contudo, definir a
a independência, em união ou em ao trono português. Para agravar a nova nação e criar os cidadãos.
divórcio com a metrópole. situação, a relutância do imperador
para cumprir os rituais e as exigências
do sistema representativo de governo
conduziu à sua abdicação, em 1831,
1. Sentinella da Liberdade na
Guarita de Pernambuco. Recife:
Typographia Cavalcante e Cia. 23/4 a
19/11/1823. (Periódico redigido por
Cipriano Barata de Almeida.)

Primeiro e mais famoso jornal do


principal representante do
liberalismo radical no período,
Cipriano José Barata de Almeida,
conhecido pela conduta
revolucionária e combativa aos
governos de Pedro I e regencial.

2. Aurora Fluminense: Jornal


Politico e Litterario. Rio de Janeiro:
várias tipografias, 21/12/1827 a
30/7/1839. (Periódico de linha liberal
moderado redigido por Evaristo
Ferreira da Veiga.)

Redigido por Evaristo Ferreira da


Veiga, foi o mais importante
periódico de linha liberal moderada, A.P.D.G. O Príncipe Regente D João e o beíja-mão real no Palácio de São Cristóvão.
crítico do governo de d. Pedro I e
defensor da Regência. Jornal redigido pelo mais conhecido 6. Breve noticia sobre a revolução de d. Pedro I, saudando a
publicista do Partido Conservador, do memorável dia 7 de abril de instauração da Regência como o
Justiniano José da Rocha, em 1831. Por Júlio Cezar Muzzi. Rio de advento de uma nova era para a
3. Nova Luz Brasileira. Rio de
parceria com Josino do Nascimento Janeiro: Seignot-Plancher, 1831 (2a nacionalidade brasileira.
Janeiro: várias tipografias, 9/12/1829
Silva e Firmino Rodrigues da Silva. ed.).
a 13/10/1831. (Periódico de linha
8 p. (Panfleto em celebração à
liberal exaltado, redigido por 8. Representação á Assemblea
abdicação de d. Pedro I.)
Ezequiel Corrêa dos Santos, com a 5. Os Pedreiros-livres e os Geral Constituinte e Legislativa
colaboração de Joào Baptista de IIluminados, que mais Uma das centenas de panfletos que do Império do Brasil, sobre a
Queiroz.) propriamente se deverião circularam no Brasil e em Portugal na Escravatura. Por José Bonifácio de
denominar os Tenebrosos, de época da Independência, é Andrada e Silva. Paris: Typ. de Firmin
Principal periódico liberal exaltado da cujas Seitas se tem formado a Didot, 1825. 40 p.
considerada a primeira representação
corte, defensor de reformas políticas pestilencial Irmandade, a que feita por mulheres, que pediam por
e sociais radicais, tendo Ezequiel Obra clássica de José Bonifácio de
hoje se chama Jacobinismo. seus maridos portugueses
Corrêa dos Santos como redator, Andrada e Silva, que estabeleceu os
Panfleto antinapoleônico de Vicente ameaçados de serem expulsos das
com a colaboração de João Baptista principais argumentos do
José Ferreira Cardoso da Costa. terras brasileiras.
de Queiroz. pensamento emancipacionista
Reimpresso no Rio de Janeiro:
brasileiro.
Impressão Régia, 1809. 36 p.
7. Requerimento, rasão e Justiça.
4. O Chronista Rio de Janeiro
Exemplo do ciclo de panfletos Representação dirigida a D. Pedro I
23/5/1836 a 2/4/1839. (Periódico 9. Carta aos Senhores Eleitores da
antinapoleônicos produzidos no de mulheres do Brasil. Rio de
conservador redigido por Justiniano Província de Minas Geraes. Por
Brasil e em Portugal, sobretudo entre Janeiro: Imp. Nacional, 1823. 1 f.
José da Rocha, Josino do Nascimento Bernardo Pereira de Vasconcellos. S.
1809 e 1811, de autoria de Vicente
Silva e Firmino Rodrigues da Silva.) Panfleto de Júlio Cezar Muzzi, dos Joào d'EI -Rei: Typographia do Astro
José Ferreira Cardoso da Costa.
muitos que celebraram a abdicação de Minas, 1828. 208 p.
Primeira prestação de contas feita por
um político brasileiro (o deputado Cj
ij
Bernardo Pereira de Vasconcellos) aos -a
seus eleitores assinala as dificuldades
em se colocar em prática os princípios
liberais de governo, frente aos
resíduos absolutistas vigentes no
Primeiro Reinado.

10. Constituição Política do


Império do Brasil. Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1824(ed.
oficial).

Primeira Constituição brasileira,


elaborada por um Conselho de
Estado e outorgada por d. Pedro I,
após a dissolução da Assembléia
Constituinte, consagrava os
princípios liberais, apesar de se calar
sobre a questão da escravidão e de
estabelecer o dispositivo conservador
do Poder Moderador.

13. A Liberdade das Republicas. 15. Preciso dos sucessos que DEBRET, Jean-Baptiste. Aclamação de
11. Abdicação de Sua Magestade
o
Obra do deputado Montezuma tiverão lugar em Pernambuco D. Pedro I no Paço Imperial
o Senhor Dom Pedro 1 . em favor
(Francisco Gê Acaiaba de desde a faustissima e gloriozissima
de seo filho ... Dom Pedro
Montezuma). Rio de Janeiro: Typ. do Revolução operada felizmente na
d'Alcantara. Rio de Janeiro:
Diário de N. L. Vianna, 1834. VI + Praça do Recife aos 6 do
Seignot-Plancher, 7/4/1831. 1 p.
correspondente mes de Março em
374 pp.
Carta de abdicação, dita voluntária, que o generozo esforço de nossos
de d. Pedro I, em favor de seu filho Obra do deputado Montezuma bravos Patriotas exterminou
d. Pedro de Alcântara. (Francisco Gê Acaiaba de daquela parte do Brasil o monstro
Montezuma), possivelmente a infernal da Tirania Real. 1817.
primeira a discutir detidamente, Impresso. Manifesto revolucionário da
12. Proclamação Diregida pela
refutando-o, o regime republicano junta do Governo Provisório de
Reunião dos Representantes da
de governo. Pernambuco que, em 1817, ali
Nação aos Brasileiros. Assinada
Por Luiz Francisco de Paula instaurou o primeiro governo
Cavalcante de Albuquerque. Rio de 14. Explicações Breves e Síngellas republicano do Brasil.
Janeiro: Typographia de T. B. Hunt e sobre o que he Federação.
Manifesto revolucionário da junta do
C., 1831. 1 p. Opusculo dividido em 7 capítulos, e
Governo Provisório de Pernambuco
oferecido aos Brasileiros em Geral
Proclamação oficial assinada por Luiz que, em 1817, ali instaurou o primeiro
por Hum seu Amigo. Rio de Janeiro:
Francisco de Paula Cavalcante de governo republicano do Brasil.
Typographia Nacional, 1831. 41 p.
Albuquerque, comunicando a
instalação da Regência Trina Provavelmente a primeira obra 16 .A Campainha e o Cujo.
Provisória, em decorrência da específica, publicada no Brasil, sobre Litogravura número 1, de Victor Larée.
abdicação de Pedro I e devido à a questão do Federalismo, tratado
menoridade do novo imperador. aqui de maneira critica.

55
Da Real Biblioteca à Biblioteca Nacional
Ana Virgínia Pinheiro

Como, quando e por desvelar de seu conteúdo, forma e


onde "começa" uma volume, a partir de cada letra ou
biblioteca nacional? imagem "descoberta e lida, tem a
Que livros constituíram o ponto de marca do extraordinário e reconhece-lhe
partida para a formação e o o caráter de biblioteca arquetípica, de
desenvolvimento da Biblioteca Nacional todos os livTos - essenciais e desejados.
brasileira? Quem foram os bibliotecários Ler a Biblioteca Nacional, mesmo
que garantiram à sua geração - e à sob grande cautela, não garante a
nossa - a leitura dos livros? Que investigação serenamente
biblioteca é esta, que, perpetuada e desapaixonada, porque a Biblioteca é
enobrecida pela mão do leitor, denuncia labiiintica e nela reside toda a
o fazer literário e científico e tem a ambivalência do saber - o sagrado e o
dimensão de monumento nacional? profano, o exato e o reticente, o singular
Revelar a Biblioteca Nacional e o plural, o que é e o que não é, o
brasileira pressupõe a sua consideração visível e o invisível, as trevas e a luz.
.4 PAfilS
como documento de um processo Nesta perspectiva, a Biblioteca Nacional njnuirnt f TR.
\rul y.tufM kit

intelectual, de múltiplas realidades brasileira é arrebatadora, o espaço


vividas e registradas. A Biblioteca, lúdico do pensamento, o lugar de
formada pela soma de outras resgate de uma memória nacional de,
o
... Regulamento da Biblioteca Nacional
bibliotecas, é a expressão metafórica de pelo menos, 5UU anos e, por
síntese do mundo, onde cada um de conseguinte, da arquitetura de sua AOLADO:

seus itens é segmento de outra infinitllde. Ata de inauguração da Biblioteca Nacional

biblioteca, secreta e simbólica. O


cAos vinte e nove de Outubro de mil novecentos e dez, achando-se
presentes no edifício que o Soverno {Federal mandou construir para a
{Bibliotheca lNacional do {Rio de Janeiro e em que esta já se acha in-
sta liada, S. €x. o Sr. {Presidente da {Republica Dr. cJVilo {Peçanha,
o Sr. (Ministro da Justiça e {Negocios interiores Dr. Csmeraldino
Olympio de Jorres bandeira, membros do Oongresso {Nacional, altas
autoridades, outros convidados, o Director do estabelecimento Dr. {Manoel
Gicero {Peregrino da Silva e respectivos funccionarios, foi pelo Sr. cPresidente
da ^Republica inaugurado o edifício, do que se lavrou a presente acta.
1a. Catálogo da Exposição de fora estudar ou consultar". Para o 5. Boletim bibliográfico, 1918- v. 1. em microfilme, a partir do
História do Brasil, realizada na cumprimento desse expediente, os Continuou como "Bibliografia levantamento de títulos disponíveis em
Biblioteca Nacional... a 2 de dezembro empregados estariam presentes, brasileira", a partir de 1983. todo o Brasil e da conseqüente
de 1881. Organizado na administração pontualmente, às 4h da manhã e às microfilmagem daqueles que a
O Boletim bibliográfico surgiu na
de B. F. Ramiz Galvão. Rio de Janeiro, 2 16h até o anoitecer, garantindo que, Biblioteca não possui ou daqueles
administração de Manuel Cícero
v. + 1 supl. um pouco antes do encerramento, os fasciculos que complementam
Peregrino da Silva, em 1886, com o fim
leitores seriam alertados, para que os coleções. O plano, atualmente, dispõe
0 Catálogo da Exposição de História do de registrar a entrada e divulgar todas
livros fossem guardados e a janelas, de 6.500 títulos, de 56 instituições, em
Brasil (CEHB), idealizado pelo barão as monografias e periódicos publicados
fechadas. 25.000 rolos.
Homem de Melo e publicado em 1881, no Brasil e depositados na Biblioteca
pelo então diretor da Biblioteca Nacional (Depósito Legal, Decreto n°
3. Regulamento da Biblioteca 8. JOÃO, príncipe regente de
Nacional, Benjamin Franklin Ramiz 1.825/1907). Publicado sob o titulo
Nacional... Rio de Janeiro, 1911. Portugal, 1799-1816. Decreto que
Galvão, é o "mais amadurecido Bibliografia brasileira, desde 1983, ê
manda accommodar no lugar das
exemplo de bibliografia histórica no O Regulamento da Biblioteca Nacional, corrente e circula em papel, em CD-
catacumbas da Ordem Terceira do
Brasil" (José Honório Rodrigues, 1969) aprovado por decreto do presidente da ROM e é disponibilizado na página da
Carmo (...) a Real Bibliotheca e o
e "a mais completa bibliografia República Hermes da Fonseca, em 11 Biblioteca (http://www.bn.br).
Gabinete dos instrumento de phisica e
brasileira até hoje publicada" (Lygia de julho de 1911, além de formalizar
mathematica. [Rio de Janeiro], 29 de
Cunha, 1990). as competências e o funcionamento da 6. Documentos históricos. Rio de
outubro de 1810. 1 f. ms. f/v. Cópia.
Biblioteca, em todos os dias não Janeiro, 1928-1955; 1999-v. 1-110;
1b. Galvão, Benjamin Franklin feriados, regulamenta o primeiro Curso 111. Esta única versão do decreto que
Ramiz. Convite para a cerimônia de de Biblioteconomia do Brasil e terceiro manda estender as instalações da Real
A coleção Documentos históricos,
inauguração da Exposição de História do mundo, como parte de sua Bibliotheca ao "lugar das catacumbas
iniciada em 1928, pelo Arquivo
do Brasil, que se-realizará com estrutura orgânica, objetivando formar da Ordem Terceira do Carmo, em 29
Nacional, e continuada pela Biblioteca
assistência de SS. MM. II. No dia 2 de profissionais aptos a abranger "todo o de outubro de 1810, consagra a data
Nacional, na administração Mário
Dezembro proximo, ás 11 horas da objecto de uma seção, inclusive a parte de sua assinatura como a da efetiva
Behring, destinava-se à publicação de
administrativa e practica dos diversos fundação da Biblioteca, no Brasil.
manhan, no edificio da Bibliotheca textos considerados relevantes para a
serviços". 0 curso desligou-se da
Nacional à rua do Passeio n° 48. Rio de história colonial e nacional, disponíveis
estrutura da Biblioteca e ê, hoje, 9. PEDRO I, imperador do Brasil.
Janeiro, 25 nov. 1881. 1 f em original ou cópia na Divisão de
oferecido pela Escola de "Ordem para que estabeleça residencia
Manuscritos; foi interrompida em 1955
Convite para a cerimônia de Biblioteconomia da Universidade do Rio no sotão da Biblioteca Imperial, o padre
e retomada em 1999.
inauguração da Exposição de História de Janeiro (UNI-RIO). Felisberto Antonio Pereira Delgado,
do Brasil, prevista para as 11 horas de Ajudante da Biblioteca, de modo que
2 de dezembro de 1881, no edificio da 7. Periódicos brasileiros em
4. Anais da Biblioteca Nacional [do (...) não só esteja habilitado e pronto
Biblioteca Nacional, na Rua do Passeio, microformas: catálogo coletivo,
Rio de Janeiro]. Rio de Janeiro, para cumprir a todo momento as
n° 48, com a presença do imperador. 1984. Rio de Janeiro : Biblioteca
1876-v. 1. Ordens, que lhe forem dirigidas (...);
Nacional, 1985. Cumulativo. 503 p.
mas para a conservar aberta e franca
2. Estatutos da Real Bibliotheca: Os Anais da Biblioteca Nacional, em todos os domingos, Dias santos ou
Esta edição dos Periódicos brasileiros
mandados ordenar por Sua periódico iniciado sob a direção de Feriados, que Sua Magestade Imperial
em microformas, de 1984, arrola 2.700
Magestade. Rio de Janeiro: na Regia Benjamin Franklin Ramiz Galvão, em se Dignar alli dirigir-Se". Palácio do Rio
títulos disponíveis em 42 instituições
Typographia, 1821. [8] f. impresso, com 1876, objetivam a "divulgação de de Janeiro, 22 de novembro de 1822.
brasileiras, em 13.000 rolos, através do
32 parágrafos. documentos preciosos, que até então Assinada por José Bonifácio de
Plano Nacional de Microfilmagem de
jazeram desconhecidos" (Teixeira de Andrada e Silva. 1 f. ms. Original.
Os Estatutos da Real Bibliotheca, Periódicos Brasileiros, coordenado pela
Melo, 1885) e, segundo decreto de
mandados ordenar por. João VI e Biblioteca, constituindo-se numa das
março de 1876, a publicação de Esta ordem, assinada por José Bonifácio
publicados em 1821, rezava em seus mais importantes fontes de informação
"manuscriptos interessantes (...) e de Andrada e Silva, determinando o
parágrafos 23 e 24, que a Biblioteca sobre o patrimônio hemerográfico do
trabalhos bibliographicos de ajudante da Biblioteca estabelecesse
funcionaria todos os dias não feriados, pais. A maior contribuição do plano
merecimento, compostos pelos residência no sótão do prédio da
abrindo de 9 a 13h e de 16h30min até está em atribuir à Biblioteca Nacional a
empregados da repartição, ou por primeira sede da Biblioteca Nacional, na
antes de anoitecer, porque não se condição de possuidora "da mais
indivíduos extranhos a ella". Ordem Terceira do Carmo, de modo
permitiria luz artificial "para a gente de completa coleção de jornais
que esteja sempre pronto para atender
brasileiros", em fasciculos originais e
a qualquer ordem ou quando "Sua
Magestade Imperial se Dignar alli 12. Fichas de Registro de leitores da
dirigir-Se", ressalta que Biblioteca Nacional (século XX).
excepcionalmente a Biblioteca poderia Folhas avulsas.
ser aberta á consulta nos feriados ou
dias santos. Fichas de registro e de identificação de
alguns dos leitores inscritos na f f í/^ijí/1?r^et/r.^/rr/rJ /ísr /^/e) ^
Biblioteca Nacional, nas décadas de
10- Ata de lançamento da pedra
1960 e 1970: Alexandre José Barbosa
fundamental da Biblioteca c w w / i r w « A^/ * A í , « Í ,t , ^íw^/íí^-
Lima Sobrinho, Carlos Drummond de
Nacional. Rio de janeiro, 15 ago.
1905. 3 f. Original. 48,5x36cm. Traz as
Andrade, João Ferreira Gomes (Jota r^m Oír^iO^y, .« m M / ^ ^ í ^ r i ^ í r f i í ^ í W y ntfvv
Efegê), Oduvaldo Vianna (filho), Paulo iW A f í í ^Ar « ^ r / » / «r em /* Jrr m^r. J
assinaturas do presidente Rodrigues
Rónai, Sebastião Bernardes de Souza
Alves e de ministros do governo.
Prata (Grande Otelo) e Theotonio Vilela
A Ata de lançamento da pedra Brandão. * m.
fundamental da sede da Biblioteca
* ' fy.r-.r, J»
Nacional, de 15 de agosto de 1905, na 13. Estatística de consulta da Seção
atual Avenida Rio Branco, registra as de Impressos e da atual Divisão de
assinaturas do presidente da República Obras Gerais da Biblioteca Nacional,
Rodrigues Alves, do ministro da Justiça no mês de setembro,
e Negócios Interiores J. J. Seabra, de respectivamente, de 1940 e de
membros do Congresso Nacional, do 2000. er» CY cr rxft -r<-r->% fé-rt y rt r+e,
prefeito Pereira Passos e do engenheiro
' ^ / c7 '
Í t c í rr • Al ( * ' - J . O i .
r
esponsável Francisco de Sousa Aguiar. Estatística de consulta na Seção de
>
A Ata informa que uma segunda via do Impressos, em setembro 1940, e da 22. A /í 22.
texto, acrescida de jornais do dia, de mesma seção, agora denominada

moedas correntes e de um exemplar Divisão de Obras Gerais, em setembro


2000. As estatísticas eram publicadas, etÉá**..
em cobre da medalha comemorativa,
foi encerrada na cavidade da pedra no início do século XX, e uma delas

fundamental. chegou a motivar Lima Barreto, em sua


crônica "A Biblioteca", publicada no
1 Correio da Noite, em 13 jan. 1915:
1 Ata de inauguração da
A estatística dos seus leitores é sempre
Biblioteca Nacional. 29 out. 1910. 3
f provocadora de interrogações. Por
- mss. Original 61,5x44,5 cm. Arquivo
exemplo: hoje, diz a noticia, que treze
Histórico da BN.
pessoas consultaram obras de
A Ata de inauguração da Biblioteca ocultismo. Quem serão elas? (...) O
Nacional, de 29 de outubro de 1910, guarani foi procurado por duas
inclui 110 assinaturas, destacando-se a pessoas. (...) É de causar aborrecimento
Co presidente da República Nilo aos velhos patriotas, que só duas
Peçanha, do ministro da Justiça e pessoas procurassem ler obras na
Negócios Interiores Esmeraldino lingua que, no entender dêles, é a dos
Olympio Torres Bandeira, de membros verdadeiros brasileiros. Decididamente
do Congresso Nacional, do diretor da êste pais está perdido...
Biblioteca Manuel Cícero Peregrino da
Silva, de funcionários e convidados.
6c

V ^ / O Brasil Imperial de D. Pedro II


e o Século XIX L í l i a M o r i t z S c h w a r c z

z
n

a.
2
o.

Difícil falar do Além disso, o próprio Império, memória mas, paradoxalmente,


século XIX no enquanto saída política, parecia isolado, obscurecerain o trabalho cativo ao
Brasil, sem pensar já que permanecia cercado por mesmo tempo em que naturalizaram a
na figura de d. Pedro II. Desde os repúblicas de todos os lados. Por outro política, tendo como ícone dileto o
primeiros momentos de seu reinado — lado, não havia como negar que o próprio monarca.
que colocou em cena o teatro político Segundo Reinado oscilava entre dois
da Maiorídade, e a pouca idade do pesados pêndulos: de um lado a
monarca brasileiro, até os anos finais, representação de uma realeza
afirmou-se um vínculo forte entre o civilizada, iluminada por sua origem A Aaaenbléa Ceral Legidatira I W t U

Artigo U n i » . O Senhor D. Pedro Scaundo, Intpreodar '

governante e seu Império. Por isso Bragança, Bourbon e I labsburgo; de lituciunai . DrFníMr Pn.ielii.. do Jboui, ha lieclaindo Maior
deade j i .
t i ç . <Ui Senado 1S .Ir M*w i . 4141. — Autaaio Fraaciare

mesmo, na construção do Estado, u outro, a relevância econômica do tráfico .Ia Paula a Malhada Cavalcanti ffAlfaemcvW». ~ J W Marli-
maim d' Alcuror. - Franriaeo da ('aula Cavalcanti d' Albuquerque.
— Joad Beuto Ce,Io Peneira de hl.11.. - Aulonio Pedra da ( W .
I Ifia,,.. de Mello a Saaaa.
imagem do imperador viu-se amarrada de escravos e desse tipo de mão-de-obra
à representação da própria nação. É que se espalhava por todo o território.
assim que o cálculo político se utiliza Dessa maneira, e diante de tantas A i i . » . Unieo. oaa a Senhor D. Pedro Segundo for
- " oe Nonward kua. Cooartho. que ae daniinaid Coa-
do Coroa , comporto ila ilea Meiubroa , que teria

também da "imaginação" e da ambivalências, o próprio processo de Paro do Senado i a de Maio de I U t . — Aolunia Fre.ieiare
de Paula e llollanda Cavalcanti d' Albuifernue. - Pianciaeo de

representação popular para garantir sua emancipação nacional, ficava marcado de Paula Cavalcei.li d' Albuquerque. - Jaad Benta Leito Ferreira

própria legitimidade. Nesse processo, é pelas vicissitudes da afirmação de urna


£
o soberano que aparece em questão: é o monarquia nos trópicos, e reiterava a
fiel da balança, aquele que se impõe representação do rei, como expressão
integral do poder. Enredado por tantas
diante do jogo político imediato, e surge
contradições, o Império foi pródigo na
idealizado diante de seus súditos, corno Hia .te Jeaeira. Na Tvpegra|d.ia Naeiuuat. ll«

a. criação de práticas e discursos que


3 se, em si próprio, simbolizasse a
primaram por gerar um tipo de
nacionalidade.
1. BASTOS, Aureliano Cândido privilegiadas: aqueles que se 7. BRASIL. Ministério da Guerra. nov. de 1880. Typ. da Gazeta de
Tavares, 1839-1875. Cartas do sacrificam para que vingue a nação. Operações de guerra contra o Notícias, 1880.
solitário: estudos sobre Reforma governo do Paraguay e sua
A partir da década de oitenta uma série
administrativa, Ensino religioso, 4 Oração de acção de graças pela terminação sob o comando em chefe
de associações passam a encampar a
Africanos livres, Tráfico de escravos. elevação de S. M. I. o senhor D. de S. A. R. Sr. Conde D'Eu de 16 de
luta pela abolição definitiva da
Liberdade de capotagem. Abertura do Pedro 2° ao pleno exercício de
o
abril de 1869 a 1 de março de 1870.
amazonas, Communicações com os escravidão. A Sociedade Brasileira
seus direitos magestáticos. Panfleto Rio de Janeiro: Laemmert, [S. d.] 48 p.
Estados Unidos, etc. 2 ed. Rio de contra a escravidão assumirá uma
de Januário da Cunha Barbosa. Rio de
Janeiro [Typ. da Atualidade] 1863. Apesar da oposição feita pela princesa espécie de liderança nesse processo.
Janeiro: Typ. do Diário de N. L.
359 p. Isabel, seu marido, o conde D'Eu,
Vianna, 1840. 13 p.
assumiu o comando das operações de 12. BRASIL. Decreto da Assembléia
0 famoso politico do Império discorre, Nesse documento estabelecem-se guerra após a retirada de Caxias. Ele Geral sancionado pela Princesa
alguns anos antes da Guerra do direitos e deveres do novo monarca teria ficado conhecido como aquele Imperial Regente, declarando extinta a
Paraguai e quando todo ambiente que se transformava em um símbolo, que "caçou" Lopez e dizimou o que escravidão no Brasil. Paço, 13 maio
parecia tranqüilo, sobre temas um ícone ideal para a garantir a restava do enfraquecido exército 1888. Manuscrito original. 1 f.
candentes do momento: a reforma do unidade desse Império de proporções paraguaio.
Esse foi sem dúvida o decreto mais
Estado, a questão da educação e, continentais.
importante e curto da história
sobretudo, o problema da mão-de- 8. TAUNAY, Alfredo d'Escragnolle
nacional. O Brasil seria o último país a
obra escrava ainda predominante em b) Exposições Gerais da Academia Taunay, Visconde de. A retirada da
abolir a escravidão e o fazia de
todo o Segundo Reinado. Imperial e Escola Nacional de Belas- Laguna. Trad. De Salvador de
maneira breve: sem indenizações,
Artes Medonça. Rio de Janeiro: Typ.
compensações ou reflexões sobre a
2. BRASIL. Congresso. Senado. 5. Catálogos originais das Americana, 1874. 279 p.
incorporação dessa população no
1840. Proclamação declarando a Exposições: 1841,1843, 1845 e território nacional.
maioridade do imperador Pedro II, 1846. 9. TAUNAY, Alfredo d'Escragnolle
dada no Paço da Assembléia Geral, Taunay, Visconde de. La Retraite de
A partir dos anos cinqüenta a 13. A LEI Áurea. Diário Popular. São
23 de julho de 1840. Rio de Janeiro: Laguna. Rio de Janeiro: Typ. Univ. de E
T Academia Imperial de Belas-Artes fica Paulo: 14 maio 1888. p. 1.
yp. da Assoc. do Despertador, 1840. & H. Laemmert, 1868. xiv, [15], 64p.
responsável por dar ao Império uma
1 f. Um dia após a abolição, o jornal
imagem oficial. Em suas exposições Esse testemunho constitui documento
Diário Popular estampa a medida e
Documento fundamental para a começavam a despontar grandes básico para a compreensão dos
revela a popularidade do ato.
compreensão do golpe que deu a D. nomes de uma arte acadêmica local impasses vivenciados no calor da
Pedro, com 14 anos, a chefia e aonde o tema do indigenismo batalha que marcou os destinos do
14. REBOUÇAS, André. Abolição
responsabilidade pela condução desse dialogava com a literatura da época. Segundo Reinado.
Immediata e sem indemnisação. Rio
imenso Império.
de Janeiro: Evaristo R. da Costa, 1883.
c) Sobre a Guerra do Paraguai d) Abolição
(Confederação Abolicionista, panfleto
3. MAGALHÃES, Domingos José 6. BRASIL. Exército. Campanha do 10. NABUCO, Joaquim. O
n. 1).
Gonçalves de. A Confederação dos Paraguay: diário do exército em abolicionismo. Londres, Abraham
Tamoyos. Rio de Janeiro: Typ. Paula operação sob o comando em chefe Kingdon, 1883. 256 p. Rebouças, um dos grande nomes do
Brito, 1856. do Exm. Sr. Marechal de exército Império e da própria campanha
Nabuco ficou guardado na memória
Marquez de Caxias... outubro. Rio de abolicionista, reflete sobre a
Diretamente financiado pelo Império, nacional como o grande defensor das
Janeiro: Typ. Nacional, 1867. 42 p. importância da medida, sua urgência,
esse romance representou uma idéias abolicionista. Esse texto, por
assim como analisa a questão mais
espécie de modelo da literatura Caxias transformou-se em figura sua vez, se converteria em uma
"espinhosa": a necessidade de não
romântica indianista oficial e foi nacional por conta de suas operações espécie de "bandeira" do
indenizar os proprietários de escravos.
aguardado como o grande durante a guerra. Sua saída da movimento, que tomava uma direção
documento épico de validação desse campanha, anterior ao encontro com única a partir da década de oitenta.
15. GOBINEAU, José Artur
reinado nas Américas. Nele, Índios o "caudilho Lopez" custou-lhe caro e
Gobineau, Conde de. Carta a D.
selvagens e depois catequisados sua figura foi afastada do centro de 11. Abolicionista: orgão da
Pedro II. Roma: 17 abr. 1886. Original.
"reconhecem" a primazia do regime decisões do Império. Sociedade Brasileira contra a
Manuscrito, 4f. Em francês.
ocidental e sua posição de vitimas Escravidão. Rio de Janeiro, n. 1, 1 de
Ministro da França no Brasil o conde 18. TRATADO matrimonial entre relações em que o imperador tenha
de Gobineau, mais conhecido por sua S.M. o Imperador do Brasil e Sua ultrapassado a mera oficialidade.
idéias contrárias à miscigenação racial, Alteza Real a Princesa D. Theresa
odiou tudo que viu durante sua Christina Maria, das duas Sicilias. 21. Eponine Octaviano. Carta a D.
estada no Império. Da experiência Viena, 20 maio 1842. Original. Pedro II. [S.I.], 23 fev. [18 ]. 1 bifol.
guardou, com bons olhos, apenas as Manuscrito, 6f. Mss. com vinheta floral a 2 cores.
relações que travou com d. Pedro II, Original. Coleção Tobias Monteiro
São famosos os relatos que revelam
cujo registro ficou bem preservado (Fotografar e Expor).
as dificuldades que se impuseram na
por meio da intensa troca de cartas
hora de encontrar uma esposa para o Nessa carta uma reconhecida amante
que estabeleceram.
jovem monarca d. Pedro II: a fama do de d. Pedro II insinua-se e revela como
pai ainda corria solta e o Brasil era um a vida amorosa do segundo monarca
16. PEDRO II, imperador do Brasil,
império distante, exótico e sem não foi, nesse sentido, tão distante da
182 5-1891. Bilhete ao Ministro José
destaque financeiro. Tereza Cristina do pai.
de Alencar, concedendo perdão a
era uma Bourbon, mas de um ramo
vários réus. [S.I.], 18jan. 1869.
afastado, o que não impediu as 22. Projeto de um túnel ligando a
Original. Manuscrito, 1f. Coleção
"negociações cuidadosas", cidade do Rio de Janeiro a Niterói.
Senador Alencar.
procedimentos necessários nesse tipo Londres, jul. 1877. Pelo engenheiro
D. Pedro II usou de seus direitos de casamento, entendido como um inglês H. Lindsay-Bucknall. Oferecido a
garantidos por meio do poder "negócio estratégico do Estado". S.M.I. pelo autor, compõe-se de um
moderador também no sentido de texto com especificações sobre a obra
comutar penas ou diminuir as 19. PEDRO II, imperador do Brasil, e urbanização dos terminais, duas
sanções. 1825-1891. Cartas a Paulo Barboza plantas e cópia de carta dos
da Silva. [São Paulo, s.d.]. Original. engenheiros Peter W. Barlow e Peter
17. PEDRO II, imperador do Brasil, Manuscrito, 2 does., 48f. Coleção W. Barlow Jr., opinando
1825-1891. Diário escrito por D. Tobias Monteiro. favoravelmente ao projeto (Londres,
Pedro II. [S.I.], 31 dez. 1861. Cópias, 30 nov. 1876). Encadernação em
Paulo Barboza, mordomo-mor e veludo com a coroa imperial.
14f. Cópia manuscrita por d.
figura central, sobretudo nos Autógrafo. 4 doe., 18p., 2f.
Hermínio da Silva Costa Lisboa e
primeiros anos do Segundo Reinado,
cópia datilografada por Octavio da
foi uma influência constante tanto na 23. Folhinha Nacional Brasileira do
Silva Costa, 1923. Coleção Tobias
educação como no comportamento ano de MDCCCXXXVII.
Monteiro.
politico de d. Pedro II.
D. Pedro legou uma série de diários
que acompanham diferentes 20. PEDRO II, imperador do Brasil,
momentos de seu reinado e, 1825-1891. Cartas da condessa de
sobretudo, suas viagens a partir dos Barrai [S.I.], mar. 1884/fev. 1887.
anos 1870. Nesse caso, porém, trata- Original. Manuscrito, 15 does., 44f.
se de um relato anterior à Guerra do Coleção Tobias Monteiro.
Paraguai e que reflete a estabilidade
Muito se tem comentado sobre as
do momento e a vontade de abrir
relações entre a condessa de Barrai e
mão de sua posição de mando
d. Pedro II. Tutora das filhas do
politico. Não há como esquecer,
monarca, após o casamento destas
porém, que o diário de um imperador
viu suas atividades se restringirem.
é sempre um peça pública, pensada
Passa a viajar ao exterior como dama
como peça para a posteridade.
da imperatriz e datam dessa época
suas relações mais próximas com o
soberano. A intensa e intima
correspondência revela uma amizade
duradoura e, talvez, uma das poucas
VI O Negro
o
no Brasil Escravista
Mariza de Carvalho Soares

Nos primeiros anos de diferentes proporções e dependendo tia do Brasil assistiram ao desembarque
ocupação da colônia atividade e da região, a escravidão de aproximadamente quatro milhões
do Brasil os engenhos africana conviveu com a escravidão de africanos. Distribuídos pelos
de cana-de-açúcar de Pernambuco e (ilegal) indígena. engenhos, plantações de tabaco e café,
Bahia combinaram o uso de escravos Na primeira metade do século lavras de ouro e diamantes; vivendo
índios e africanos. Desde então, juntos XVIII, a extração do ouro em senzalas ou trabalhando ao ganho
°u separados, enfrentaram a sociedade redimensionou o tráfico de escravos nas cidades, fugindo de seus senhores,
escravista promovendo fugas, ataques, entre a África e o Brasil, levando ao freqüentando calundus, batuques,
°u optando pelo difíc il aprendizado da desembarque de 1.700.000 africanos rezando nas irmandades ou
negociação com seus algozes. No final vindos, principalmente, de Angola, defendendo ideais liberais esses
do século XVI, a população africana e Congo, Benguela e Ajndá. No século africanos e afrodescendentes -fossem
a
f ' odescendente da colônia não devia XIX o tráfico, extinto em 1850, eles escravos, forros ou mesmo livres -
passar de 15 mil indivíduos. No século atingiu suas maiores cifras. Nesses construíram variados caminhos para
W II, especialmente nos engenhos, o cinqüenta anos entraram no Brasil sua inserção na sociedade escravista.
trabalho indígena começou a ser pelo menos 1.350.000 africanos. Em A documentação da Biblioteca
progressivamente substituído pelo sua quase totalidade, os africanos aqui Nacional ora exposta nos permite
trabalho dos escravos africanos. Em desembarcados se destinavam às entrever uma pequena mostra desses
1640, finda a União das Coroas, a fazendas de café do Vale do Paraíba, percursos, cujo traçado é tarefa do
dinastia de Bragança teve como uma na Província do Rio de Janeiro. historiador reconstituir.
de suas maiores preocupações Somadas as importações regulares
abastecer de africanos a colônia do ao tráfico clandestino e ao
Brasil que recebeu, ao longo do século, contrabando posterior a 1850, a
e
'n torno de 400 mil escravos. Em sociedade colonial e depois o Império
a) A ESCRAVIDÃO E M OBRAS D O SÉCULO tratamento dos escravos. Fala sobre as 6. CRUZ E SOUSA. Poema últimos românticos, mas sua obra, de
XVIII AO XIX: ações de liberdade movidas pelos "Emparedado". In: Evocações. Rio de difícil enquadramento, inaugura a
1. ROCHA, Manuel Ribeiro da. escravos contra seus senhores e Janeiro, Aldina, 1898. ficção e o realismo brasileiro. Em seus
Etiope resgatado... Lisboa: Officina também sobre as normas jurídicas e romances retrata a cidade do Rio de
João da Cruz e Sousa (1861-1898),
Patriarcal de Francisco Luís Ameno, religiosas relativas a casamentos entre Janeiro nas últimas décadas da
filho de africanos alforriados, nasceu
1758. escravos, abandono de escravos por escravidão. Conhecido como autor de
na vila do Desterro, hoje Florianópolis,
seus senhores, sociedades de Dom Casmurro e Memórias póstumas
Resgatar as almas dos povos gentios e inaugurou a escola simbolista no
emancipação e outros temas da de Brás Cubas, escreveu também
foi uma das justificativas mais aceitas Brasil. Negro, arrojado em suas idéias
época. Relíquias de casa velha, do qual faz
para a escravidão e o tráfico negreiro, escritas em prosa e verso, foi muito
parte o texto aqui apresentado.
fazendo do tema alvo de interesse perseguido no meio literário da
4. MALHEIRO, Perdigão. A
para muitos religiosos. No Brasil, antes época. 0 livro Evocações no qual está
escravidão no Brasil. Ensaio histórico, 10. GUIMARÃES, Bernardo. A
de Manuel Ribeiro da Rocha o grupo incluído o poema "Emparedado" está
jurídico, social. Rio de Janeiro: escrava Isaura. Rio de Janeiro: B. L.
dos jesuítas Antonil e Jorge Benci já entre suas obras póstumas.
Tipografia Nacional, 1866-1867. Garnier, 1875.
havia-se dedicado a ele. Enquanto os
primeiros tratam da conversão Agostinho Marques Perdigão Malheiro 7. GOMES, Carlos. Partitura da ópera Bernardo Joaquim da Silva Guimarães
associada a outros temas da (1824-1881), jurista, político é O escravo. (1825-1844) escreveu este romance
sociedade colonial, esta obra se considerado o primeiro historiador da em 1875. A personagem Isaura foi
Antônio Carlos Gomes (1836-1896),
dedica exclusivamente à escravidão, escravidão no Brasil. No ano de 1866, internacionalmente notabilizada numa
compositor e maestro, o maior nome
dando-lhe ainda uma abordagem quando da publicação do primeiro novela da TV Globo. A jovem escrava
do romantismo musical brasileiro foi
juridica, constituindo esta sua volume desta obra, foi eleito branca e educada que sofria nas mãos
autor de várias óperas onde destaca
novidade em relação às anteriores. presidente do Instituto Histórico e de seu cruel senhor conquistou os
os temas nacionais, entre elas, 0
Geográfico Brasileiro. 0 ensaio está telespectadores, reavivando o debate
Guarani, sobre os primeiros anos da
2. DUARTE, José Rodrigues de dividido em três partes que eqüivalem sobre a escravidão e o racismo em
presença portuguesa no Brasil. Em
Lima. Ensaio sobre a hygiene da a três volumes. A primeira é referente amplas camadas da população
1889 compôs 0 escravo, onde deu
escravatura no Brasil. Rio de Janeiro: ao Direito do Império sobre escravos e brasileira.
destaque ã problemática da
Laemmert, 1849. libertos de procedência africana
escravidão.
(1866), a segunda trata da escravidão 11. RODRIGUES, Nina. Os africanos
Tese baseada na teoria das raças e
e catequese dos indigenas do Brasil no Brasil. Sào Paulo: Comp. Ed.
apresentada â Faculdade de Medicina 8. ALVES, Castro. Poesia "Navio
(1867) e a terceira da escravidão Nacional, 1932.
do Rio de Janeiro em 1849. 0 autor negreiro". Publicada em 0 Myosote.
africana, do tráfico atlântico e da
divide sua argumentação em duas RJ, n° 1. 1869. pp. 19-28 Raimundo Nina Rodrigues (1862-
extinção da escravidão (1867).
partes. Na primeira trata da higiene 1906) era médico-legista, professor da
Antônio Frederico de Castro Alves
física, argumentando, por exemplo, Faculdade de Medicina da Bahia onde
b) A ESCRAVIDÃO NAS LETRAS E ARTES D O (1847-1871), poeta da fase final do
sobre a necessidade de adaptação dos ocupou a cátedra de medicina legal.
SÉCULO X I X : romantismo, foi um abolicionista
africanos antes de serem usados nos Ao lado de Silvio Romero foi um dos
5. GAMA, Luís. Trovas burlescas. Rio devotado, chamado "cantor dos
trabalhos pesados; na segunda trata primeiros estudiosos das populações
de Janeiro: Pinheiro & C., 1861. escravos". Seu poema "Navio
da higiene moral onde, entre outros africanas no Brasil. Defendia a
negreiro" foi publicado pela primeira
temas, adverte sobre os motivos que Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830- superioridade da raça branca e a
vez no primeiro número do O
levam muitos escravos ao suicídio. 1882) foi jornalista, poeta e escritor impossibilidade da civilização dos
Myosote, no Rio de Janeiro, em 1869.
romântico. Nasceu na Bahia, filho de negros, o que o levou ao estudo dos
O longo poema - com a narrativa do
3. PESSOA, Miguel Tomás. Manual uma africana. Nunca revelou o nome africanos na cidade de Salvador,
transporte de escravos da África para
do elemento servil. Rio de Janeiro: do pai, homem de posses que o dando origem á presente obra. O
o Brasil - foi publicado na integra e
Laemmert, 1875. vendeu como escravo quando ainda trabalho - realizado entre 1890 e
ocupou dez páginas do periódico.
menino. Trazido para São Paulo, 1905 - só veio a público em 1932,
O autor é bacharel em Ciências por iniciativa de Homero Pires que
acabou formado em Direito, vindo a
Jurídicas e Sociais pela Faculdade de 9. ASSIS, Machado de. "Pai contra reuniu e publicou os originais na
ser importante liderança do
Direito de São Paulo e advogado na màe" In: Relíquias de casa velha. Rio Coleção Brasiliana.
movimento abolicionista. Foi
cidade de Vitória. 0 texto apresenta de Janeiro: H. Garnier, 1906.
diretamente responsável pela
de forma simplificada os principais
libertação de mais de quinhentos Joaquim Maria Machado de Assis
temas da legislação referente ao
escravos. (1839-1908) foi contemporâneo dos
B) O universo da escravidão nos rica hoje disponível, incluindo 15. a - Rei negro escravista criou uma série de
documentos manuscritos descrições detalhadas e mapas. Ao mecanismos de controle da população
15. b - Batuques
b) 1. Tráfico de escravos lado dos quilombos merecem também escrava. As cartas régias foram
destaque as revoltas escravas que já instrumento usual na administração
12.a - Relação de escravos da As folias são conhecidas como
são freqüentes no século XVIII e se do modo de vida dos escravos. Como
Costa da Mina (1791)- cortejos de rei e rainhas que saem às
estendem ao longo do XIX. A revolta mostra esta carta, já no final do
ruas cantando e dançando sendo,
12.b - Mapa com escravos de de 1807 é a primeira de uma série século XVII proibe-se aos escravos o
com freqüência, tomadas como
Angola 1795 - delas ocorridas na Bahia até 1835. uso de ouro e prata. Destacam-se
simples festejos. Na verdade estão
ainda entre outros instrumentos de
12.C - Tráfico ilegal em previstas pela legislação eclesiástica
b) 3. Formas de organização de controle os passaportes usados para
Mangaratiba (1851) desde o século XVIII e são organizadas
autorizar deslocamentos de escravos
escravos, forros e livres: irmandades, no interior das irmandades para
de um lugar a outro e os recibos de
folias e batuques coletar esmolas para a realização das
Os dois primeiros documentos compra e venda. Merecem destaque
mostram o controle do tráfico legal festas anuais em honra dos santos.
as chamadas cartas de liberdade,
14. Regra ou estatutos por modo Também os batuques - onde a música
na década de 1790. Anteriormente a adquiridas pelos escravos por doação
de hum dialogo onde, se dá e a dança aparentemente profana são
esta década são escassas ou pouco ou compra.
noticia das Caridades e sua face mais conhecida - muitas
estudadas as fontes que permitem a
Sufragaçoes das Almas que uzam vezes encobrem grupos religiosos que
quantificação das importações. 0
os pretos Minnas, com seus exprimem sua crença através da
tráfico de africanos perdurou até
Nacionaes no Estado do Brazil, dança. Como não estavam ETHIOPE
1850, quando foi proibido em todo
Império do Brasil. A partir de então,
expecialmente no Rio de Janeiro, regulamentados e tiveram existência RESGATADO.
EMPENHADO , SUSTENTADO,
por onde se hao de regerem e num universo pouco letrado foram
apenas desembarques ilegais foram Correndo, inftruido, e libertado.
governarem fora de todo oabuzo DISCURSO
realizados, boa parte deles no litoral menos registrados. THEOLOGICO-JURIDICO,
gentilico e supersticiozo; E \ 1 Q U E SE P R O P Õ E NI O M O D O
cicromcrcar, h»vcr, e poiluir validuncfitc, uuanto
sul do Rio de Janeiro, especialmente alium, ciHiirotcro, oi Preto»cativos Africano»,
c a» principie» obriiMcóct, que correm •quem
composto por Francisco Alves de ' .4.11?. í, C
em Mangaratiba, de onde se tinha b) 4. Instrumentos de controle da
Souza pretto e natural do Reino
fácil acesso ã área de maior atração sociedade escravista SANTÍSSIMA VIRGEM
de Makim, hum dos mais
de mão-de-obra escrava da época: as
plantações de café do vale do Paraiba.
excelentes e potentados daquêla A existência de um livro próprio para M A R Í i
NOSSA SEN1IORÁ..
Pelo Pvlrc
oriunda Costa da Minna. o assentamento dos batismos de
MANOEL RIBEIRO ROCHA,
Lhhmnft, Diniútiu»J* CL- * " itjhiié, r *M< M-
escravos indica que além de conferir njiA, eBackud fumai* « UtrQtrfiJédt Ut Ct-
b)2. Formas de organização de Ao lado de iniciativas arrojadas como ao escravo a possibilidade de
escravos, forros e livres: quilombos e quilombos e revoltas, uma parcela salvação, o batismo é também um L IS BOA:
rebeliões considerável dos escravos permanece NaOflkma Patriarcal J : F
mecanismo de inserção diferenciada M. Dt C. I.VIII,
m !*/••» mIí-^Jii utttjciui.
sob controle de seus senhores, sem do escravo no universo católico. Este
13.a - Quilombo de Jaguaribe/BA
por isso abrir mão de formas próprias livro é o mais antigo livro de batismo
(1771)
de organização. Dentre as mais de escravo do Rio de Janeiro hoje
13.b - Quilombo de São Gonçalo conhecidas estão as irmandades disponível. Devido ã sua importância,
1
católicas freqüentadas por escravos e foi transcrito e publicado nos Anais da
3.c - Rebelião escrava de
forros. O estatuto da devoção das Biblioteca Nacional.
1807/Bahia
Almas dos pretos minas do reino de
O quilombo foi a forma de Makim mostra como grupos étnicos
17.a - Carta régia (1696)
organização escrava mais divulgada africanos se reuniam nas igrejas para,
Pela historiografia e pode ser através da devoção aos santos, 17.b - Passaporte de escravo
encontrado ao longo de toda a fortalecerem seus laços de identidade (1860)
vigência da escravidão. Parte étnica.
17. c - Compra e venda de
integrante da correspondência do
escravos
conde de Valadares, governador da
Capitania de Minas Gerais a
17. d - Carta de liberdade (1814)
documentação sobre a expedição ao
quilombo de São Gonçalo é a mais Ao longo dos séculos, para além dos
atos de violência, a sociedade
A Utopia Republicana
VII ^ r A Primeira República
Américo Freire e Lincoln Penna

O período que se estende de


1889 a 1930, relativo à
Primeira República
brasileira, foi um processo que
combinou afirmação, conformação e
agitação do regime republicano. No
primeiro caso, a proclamação não
havia assegurado de pronto o
funcionamento da República. Foi
necessário que algumas crises se
sucedessem para que se alcançasse
uma relativa estabilidade, a partir do A Família Real recebe do representante do Governo Provisório da recém-prodamada República o comunicado do seu exílio.
Litografia de Frias A. de Silveira. Galeria Histórica da Revolução Brasileira de 15 de Novembro de 1889 Rio, 1890
sistema americano de Campos Sales, a
Política dos estados, ou, como ficou surgimento dessa política a contrair todos, também a jovem oficialidade
popularizada, a dos governadores. práticas, vícios e expedientes de manifestou-se, todos na crença de que
A conformação deu-se em razão da períodos que derivam desde nossa lais assédios ao poder o tiraria da sanha
dificuldade de se implantar o formação histórica colonial. gananciosa das oligarquias. Sem
Federalismo em sua forma clássica, A agitação marcou igualmente os dúvida, a presença política desse grupo
resultando daí experiências mais ou tempos dessa Primeira República, plena assinalou o período cujo desfecho
menos heterodoxas quanto ao sistema de insatisfações, interrogações e desafios acabou por integrá-lo, após 30, aos
de administração da República. Nesta permanentes, tudo isso a motivar remanejamentos adotados com vistas a
conformação, algumas expectativas intervenções com vocações salvadoras. modernizar o país.
frustraram-se em meio a diversidade de Durante o período aqui examinado,
demandas cujo resultado foi o além dos operários imigrantes, quase
1. BARBOSA, Rui. Cartas de manifestações messiânicas que se 6. LINS, Álvaro. Rio Branco. Rio de Império, membro destacado do
Inglaterra. Rio de Janeiro: Typ. desenrolaram na Primeira República Janeiro: José Olympio, 1945. Partido Conservador, se transformou
Leuzinger, 1896. brasileira. Além do mérito de tornar em figura de proa do regime
acessível o manuscrito de Conselheiro, Publicado em 1945 sob os auspícios republicano, assumindo
Por ocasião da renúncia forçada de
contendo suas prédicas, isto é, os do Ministério das Relações Exteriores sucessivamente cargos como o
Deodoro, coube constitucionalmente
pronunciamentos de cunho filosófico em comemoração ao centenário de Ministério da Fazenda, a presidência
a seu vice-presidente, Floriano
e de sentido salvacionista do chefe da nascimento do Barão do Rio Branco, o do Estado de São Paulo e a
Peixoto, assumir o mandato
resistência sertaneja no interior da livro do embaixador Álvaro Lins Presidência da República.
presidencial, em 23 de dezembro de
Bahia, ao longo de boa parte da notabiliza-se, entre outras razões, pela
1891. Teve inicio, então, uma série de
década de 1890. Canudos, como larga utilização da documentação do 9. SILVA, Gastão Pereira da.
discussões a respeito da interpretação
ficou conhecida a Aldeia de Belo arquivo do Barão do Rio Branco Prudente de Moraes, o Pacificador.
do texto constitucional. Neste quadro,
Monte, organizada por Antônio depositado no Itamarati. José Maria Rio de Janeiro: s/d.
deu-se o exílio de Rui, que não parou
Vicente Mendes Maciel, o da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio
de pronunciar-se sobre os rumos do O livro destaca um traço que marcou
Conselheiro, construtor de cemitérios Branco) aparece na obra como o
regime republicano. Parte dessas a presença do primeiro presidente civil
e igrejas, era um povoado às margens principal responsável pela condução
considerações foram publicadas com brasileiro. Este traço é precisamente a
do rio Vaza-Barris. da política externa brasileira nas
o título de Cartas de Inglaterra, peça conduta conciliatória de Prudente, o
primeiras décadas republicanas, em
de grande valia para que o estudioso que lhe valeu a denominação de
4. FLORIANO. Memórias e que foram assinados importantes
do Brasil daqueles tempos possa Pacificador da República.
Documentos. Rio de Janeiro: MEC, tratados de limites com os países
aquilatar tanto o governo de Floriano A razão para que Prudente se
limítrofes.
quanto o evoluir das instituições 1939. destacasse por essa particularidade é
brasileiras. explicada pela sua ascensão à
O MEC publicou em 1939, centenário
7. SILVA, Ciro. Pinheiro Machado. Rio
de nascimento do presidente Floriano Presidência, após o fim do mandato
de Janeiro: L'iv. Tupã, 1951.
2. MOREL, Edmar. A revolta da Peixoto, um conjunto de documentos de Floriano. Ao término deste último
chibata. Rio de Janeiro: Graal, 1960. alusivos à trajetória militar e política Em sua obra, Ciro Silva faz a apologia governo, a situação politica brasileira
do alagoano que, juntamente com do prócer politico gaúcho. Pinheiro era tensa, em virtude dos
Obra de jornalismo histórico.
seu conterrâneo, Deodoro da Machado foi um fiel representante da acontecimentos da Revolta da
Porquanto utiliza-se do expediente do
Fonseca, possibilitaram a experiência principal corrente do republicanismo Armada que ainda ecoavam em fins
jornalismo político retrospectivamente.
republicana no Brasil. A firme do Rio Grande do Sul agregada em do ano de 1894, e as pressões de
Edmar Morei, repórter de grandes
determinação de Floriano valeu-lhe o torno do Partido Republicano Rio- grupos civis e militares que
recursos e profundamente sensível às
epíteto de Consolidador da República grandense (PRR). Dominou com mão desejavam, através de expediente
questões sociais que afligem, até hoje,
e o de " Marechal de Ferro". de ferro o Senado Federal e exerceu golpista, a continuidade de Floriano
o povo brasileiro, conseguiu dar ao
enorme influência política entre os no poder.
episódio ocorrido no Rio de janeiro,
n 5. BEVILAQUA, Clóvis. Cód. Civil dos anos de 1906 e 1915, quando morreu
o ano de 1910 e a seu líder, o
Estados Unidos do Brasil. Rio de assassinado no Rio de Janeiro. 10. SENNA, Ernesto. Deodoro -
marinheiro João Cândido, o
Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1917. Subsídios para a História - Notas de
Almirante Negro" um tratamento ao
8. FRANCO, Afonso Arinos de um repórter. Rio de Janeiro: Imp.
mesmo tempo descritivo e Em 1916o jurista Clóvis Beviláqua
Melo. Rodrigues Alves: apogeu e Nacional, 1913.
tendentemente trágico, que marcou legou ao pais o novo Código Civil
declínio do presidencialismo. Rio de
em profundidade a Marinha de Brasileiro. Determinado pela Deodoro da Fonseca assumiu a
Janeiro: José Olympio, 1973.
Guerra brasileira. Constituição de 1824, o Código Civil Proclamação da República muito mais
só entrou em vigor em primeiro de A obra representa o principal estudo por camaradagem corporativa do que
3. Prédicas e Discursos de Antônio janeiro de 1917. Em vigor até hoje, até hoje produzido sobre a carreira por convicções ideológicas. A
Conselheiro. In: NOGUEIRA, Ataliba. foi o primeiro texto legal de relevo - politica deste homem público de propaganda republicana não o
Antônio Conselheiro e Canudos. São depois da Constituição de 1891 - enorme influência na vida política entusiasmara, muito embora a visse
Paulo: Companhia Editora Nacional, introduzido pela República na ordem paulista e brasileira entre as décadas como instrumento favorável contra os
jurídica brasileira. de 1880 e 1920. políticos dos gabinetes do Segundo
A Obra do Jurista e Conselheiro do
Em seu livro, Afonso Arinos examina a Reinado, especialmente contra seus
IHGB, Ataliba Nogueira, é uma
maneira pela qual um conselheiro do desafetos.
referência para os estudos das
11. TAUNAY, Visconde de. 0 Sabe-se que o não cumprimento da sobre as teses do Apostolado 18. SILVEIRA, Urias Antônio da.
encilhamento. Rio de Janeiro: indenização aos ainda proprietários de Positivista, do qual Teixeira Mendes foi Galeria histórica da revolução
Melhoramentos, 1923. escravos, de cuja Abolição da um dos principais doutrinadores e brazileira de 15 de novembro de 1889
Escravatura retirou-lhes esta divulgadores. A obra reúne um que ocasionou a fundação da
Publicado originalmente em folhetins
propriedade, o aspecto mais conjunto considerável de documentos Republica dos Estados Unidos do
da Gazeta de Notícias em 1893, o
surpreendente daquele processo de do acervo pessoal de Benjamin Brazil. [Rio de Janeiro]: Typ. Universal
romance de Taunay registra a febre
liberação ao qual se encontrava Constant. de Laemmert & C„ 1890. 323 p.
especulativa que marcou o início da
submetido um contingente de
República brasileira, quando Ruy Proclamação da República em o
brasileiros negros, os afro-brasileiros 16. CAMPOS SALES, Manuel Ferraz
Barbosa exercia o Ministério da "Campo da Aclamação" no dia 15 de
assim considerados hoje em dia. de. Da Propaganda à Presidência. São
Fazenda no Governo Provisório novembro de 1889 e Entrega da
Para que os escravocratas não Paulo: Typographia "A Editora",
chefiado pelo marechal Deodoro da mensagem à D. Pedro II, pelo major
pudessem argüir suas perdas junto ã 1908.
Fonseca. O livro de Taunay serviu para Solon, no dia 16 de novembro de
Justiça, vários expedientes foram
popularizar uma imagem negativa a Publicado seis anos depois de deixar a 1889. Litografia concebida por Nicola
usados. O mais comum foi a queima
respeito do então chamado Presidência da República, o livro de Antônio Facchinetti.
ou destruição de documentos que
"encilhamento", que, até os dias de Campos Sales é, em primeiro lugar, um
comprovassem a existência do vinculo
hoje, tem sido alvo de intenso debate importante testemunho de um dos 19. Retratos do Brasil: oposição na
entre escravos e seus senhores.
entre os historiadores. artífices da República. Trata-se também República através da caricatura.
de um valioso documento sobre os Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional,
14. ASSIS, Machado de. Esaú e Jaco.
12. Manifesto Republicano. Jornal padrões políticos vigentes na primeira 1990.
Rio de Janeiro: Liv. H. Garnier, 1904.
A República. Rio de Janeiro, 13 de experiência republicana brasileira.
dezembro de 1870. Publicado em 1904, o romance Esaú e
Jacó é o penúltimo da vasta obra de 17. Diário de Floriano Peixoto,
Foi em meio à crise político-partidária
Machado de Assis. Em seu estilo peça da coleção de Sílvio Peixoto
do final da década de 1860, que
inconfundível, Machado de Assis doada à Biblioteca Nacional. Cadernos
surgiu o Partido Republicano.
conta a história de dois gêmeos em de Notas I - 32, 26, 8 (Presidente
Reunindo um conjunto expressivo de
eterna disputa. O pano de fundo ê a 1893).
lideranças, o novo partido divulgou
passagem do regime monárquico para
suas principais teses no Manifesto As anotações de Floriano sobre
a República. Por meio do narrador
Republicano, entre as quais a defesa assuntos os mais variados constituem
conselheiro Aires - personagem que
da constituição de uma República o conteúdo deste Diário. Sua consulta
também esteve presente em sua
Federativa no país, como nos moldes permite que o estudioso possa ter
última obra, Memorial de Aires,
dos Estados Unidos da América. uma idéia do caráter e da
Machado de Assis produz um relato
personalidade daquele que foi o
elegante e cético em que entrecruza
13. FARIA, Antão Gonçalves de. primeiro presidente a angariar
as desavenças entre os irmãos com as
Ofício do Governador Provisório do popularidade no Brasil. Desde
intrigas que marcaram a implantação
Estado do Rio Grande do Sul ao Dr. decisões refletidas na solidão do
do regime republicano.
Antão Gonçalves de Faria, ministro e poder até comentários acerca de
secretário de Estado dos Negócios particularidades da vida na capital do
15. MENDES, Raimundo Teixeira.
da Agricultura, Comércio e Obras pais, o Diário é uma fonte
Benjamin Constant. Rio de Janeiro:
Públicas, referindo-se ao seu aviso interessante de pesquisa do homem
Apostolado Positivista, 1891-1894.
circular n° 4, de 25 de dezembro de público mais enigmático da política
1891 que ordenou a destruição dos Publicada logo após o falecimento de brasileira até então, a ponto de
documentos sobre o extinto Benjamin Constant, o livro de Teixeira Euclides da Cunha tê-lo denominado
elemento servil existentes nos Mendes é referência obrigatória para de " Esfinge ", cuja decilração caberia
archivos das antigas repartições todos os interessados na vida de um aos historiadores do futuro.
provinciaes... A bordo da dos personagens centrais da
Canhoneira de Guerra Marajó, 6 de implantação da República brasileira. É
fevereiro de 1892. também importante obra de consulta
VIII ^f Modernização da Arte e Cultura
na Primeira República
Beatriz Resende

Proclamada a República, o numa baratinha! Aproxima-se o


, novo país precisa ser Centenário da Independência e o
revelado pela Brasil todo colabora para a
modernização do Rio de Janeiro, realização da Exposição
"Cartão-Postal". Pereira Passos, o Internacional do Centenário.
Haussmann tropical, saneia e Manuel Bandeira proclama a
embeleza. O Rio moderniza-se! O libertinagem poética. Di Cavalcanti
fotógrafo oficial, Augusto Malta, desenha seus Fantoches da Meia- AYRES, Emílio. O chá da Cavé

documenta a abertura da Avenida Noite e ilustra capas de livros


Central, a instalação do Obelisco, as vendidos em muitos milheiros. Os Mas o Brasil de Macunaíma não
senhoras, senhoritas e cavalheiros caricaturistas registram as novidades é apenas Rio e São Paulo. Acontece a
que circulam pela Avenida Beira-Mar e fazem a crítica dos poderosos. Revolução de 30 e os gaúchos
e pelo Passeio Público, tudo 1922 completa, durante a amarram seus cavalos no Obelisco da
iluminado pela Liglit & Power. Semana de Arte Moderna, em São cosmopolita Avenida Central. Os
São Paulo enriquece e começa a Paulo, a revolução artística. Villa- frenéticos anos 20 tinham chegado
discutir os rumos da arte nacional. Lobos rege o coro da Paulicéia ao final.
No Nordeste e cm Minas as revistas desvairada acompanhado por
literárias reúnem intelectuais. Oswald de Andrade, Tarsila do
Melindrosas e almofadinhas Amaral, Mário de Andrade e outros
descobrem o grande novidade do jovens intelectuais. No Rio de Janeiro
século: o cinema. Surgem os sky- a influência americana junta-se ao
scrapers. Na era da velocidade em Art-Déco na sofisticada Copacabana
três dias se vai do Rio a São Paulo com sua Avenida Atlântica.
1. Manuscrito original do Diário do 7. PICCHIA, Menotti dei. O homem b) Revistas: à semelhança do Opera de Paris, com
Hospício, de Lima Barreto. Páginas e a morte. Capa de Anita Malfatti. 12. Revista Careta, de 22/07/1922. pano de boca criado por E. Visconti.
finais do manuscritos, escritas a lápis Sâo Crônica "Futurismo" de Lima Barreto.
em papel do Hospício Nacional Paulo: Nacional, 1929.
21. Dl CAVALCANTI. Fantoches da
fornecido por Juliano Moreira.
13. Revista Paratodos, com capas Meia-Noite.
Apontamentos feitos pelo escritor 8. ANDRADE, Mário de. Paulicéa de J. Carlos, tendo carnaval como
desvairada. São Paulo: Casa Di Cavalcanti foi um dos principais
Uma Barreto durante o período em tema.
Mayença,1922. participantes da Semana de Arte
que esteve internado no Hospício
Paratodos destaca-se pelo especial Moderna, em São Paulo, em 1922.
Nacional, na Praia Vermelha, de
cuidado gráfico e ricas ilustrações. Editada em 1921 por Monteiro
dezembro de 1919 a fevereiro de 9. COSTALLAT, Benjamin.
Lobato & Cia., esta obra do artista
1920, em papel cedido pelo diretor, 9.1 A luz vermelha. Rio de Janeiro:
14. Revista de Antropofagia. carioca é apresentada por Ribeiro
Juliano Moreira. Leite Ribeiro, 1922.
Couto.
Fac-símile da Revista de Antropofagia,
2. Cartas de Monteiro Lobato a 9.2 Arranha-céu, chronicas. São principal veiculo de divulgação dos
Paulo: Nacional, 1929. 22. Xilogravuras de Oswaldo
Lima Barreto. manifestos dos Modernistas paulistas.
Goeldi para o livro Cobra Norato
Selecionar a de 02/set/1918 e de Loc.: og I 311,4,34(1929)
do poeta
15/nov/1918 em papel da Revista do Med.: 18x12 15. Revista Scena Muda (sobre
Capas desenhadas por Di Cavalcanti. modernista Raul Bopp. Pp. 28-29.
Brasil, a de 04/12/18 cinema).

À frente da Revista do Brasil e criando Benjamin Costallat foi o autor mais


O cinema é a nova mania. Surge a 23. Prancha original de J. Carlos
sua própria editora, Monteiro Lobato vendido durante a Primeira República.
Cinelândia no Rio e as revistas que para a Revista Paratodos. 211-357-
pretende introduzir os métodos Capa ilustrada por Di Cavalcanti
falam dos astros do cinema-mudo. 1954-c. 25 de maio de 1929
fordistas na produção de livros no mostra que dos EUA começam a vir
Brasil. novas influências. Nos anos 20, as revistas ilustradas
16. Revista Fon-fon. inovam nas artes gráficas graças aos
9.3 Mutt, Jeff e Cia. Rio de Janeiro: ilustradores que nelas colaboram, em
3. Originais de Manuel Bandeira
Leite Ribeiro, 1922. 17. Revista Kosmos. especial J. Carlos.
Cartas, Cartões e Fotografias
Dentre os principais colaboradores da
a) Livros: 9.4 Modernos... Contos. Rio de 24. Prancha de Tarsila do Amaral.
luxuosa Kosmos está Olavo Bilac,
Janeiro: N. Viggiani, 1920. Álbum apresentado por Sérgio Milliet.
cronista do pais que se moderniza.
4. BANDEIRA, Manuel. Carnaval. Rio Prancha X "Antropofagia".
O cuidado com as capas mostra a
de Janeiro: Jornal do Comércio, 1919.
c) Partituras: Depois de um almoço, em que
preocupação de Costallat com o livro
Mário de Andrade afirma ter sido a 18. Partitura do Trenzinho Caipira comeram rãs, a pintora Tarsila do
como um objeto moderno com
publicação de Carnaval, em 1919, de Villa-Lobos Amaral e o escritor Oswald de
capas desenhadas por Chin.
"um clarim de era nova, cantando já Andrade começam, em tom de blague,
d) Jornal:
sem incertezas e rouquidões". a elaborar a teoria antropofãgica. Em
10. MACHADO, Gilka. Crystais 19. Correio da Manhã, 18/03/1924
1929, Tarsila pinta o quadro
partidos. Rio de Janeiro: Revista dos Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de
Antropofagia.
5. RIO, João do. Cinematógrapho. Tribunais, 1915. Oswald de Andrade.
Porto: Chardron,1909. Republicado na Revista do Livro. Rio:
INL, dezembro de 1959, n. 16. 25. FERREZ, Marc O álbum da
Em 1915, Gilka Machado distingue-se
Crônicas de João do Rio (Paulo
Correio da Manhã: per 4 - 017,03,02 Avenida Central. Rio de Janeiro: 1903-
pela escrita desafiante dentre as
Barreto) falam da modernização da
Revista do Livro: per 1 - 232,04.14 1906.
cidade e do cotidiano autoras mulheres.

Em março de 1904 são inauguradas


11. ANDRADE, Carlos Drummond 20. Estudos decorativos para o
6. ARANHA, Graça. Canaã. Rio de as obras de abertura da Avenida
de. Alguma poesia. Belo Horizonte: Teatro Municipal (80 anos)
Janeiro: H. Garnier, 1901. Central, principal dos projetos de
Pindorama, 1930
"obras e embelezamento da cidade"
João do Rio apresenta, em 1913, o
elegante Teatro Municipal, construído
do prefeito Pereira Passos, nomeado
por Rodrigues Alves com a função de
transformar o Rio de Janeiro em
"cartão-postal".

26. MALTA, Augusto. Morro do


Castelo: com todos seus prédios,
'9reja [sic] de S. Sebastião, interiores,
Col. dos Jesuítas, Panoramas do
Morro etc. Rio [de Janeiro], 1922.
98 fotos

Derrubado em 1921, o morro do


Castelo abre espaço no Rio de Janeiro
para a Exposição do Centenário, em
1922.

27. AYRES, Emílio. 0 chá da Cavé.


In:
-— - Caricaturas: tipos e
costumes do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: [s.n.], 1910-1912.

Emílio Ayres foi um dos mais


expressivos nomes da caricatura da
sociedade carioca. Nesta imagem
aparecem dentre outros Bento de
Barros Pimentel, C. Fonseca Costa,
Francisco Pereira Passos, Ataulfo de
p
aiva, Humberto Gotuzzo, Pedro Leão
Velloso, J. M. Leitão da Cunha,
Hortènsia Mello.

P R I M E I R A E D I Ç Ã O

O M P A N H I A E D I T O R A N A C I O N A L
U A D O S O U S M O E S . S O S X O P A U L O
I X ^ A Era Vargas: dos Anos 30 aos Anos 50
Maria Celina D'Araujo A REMISSÃO DO CAUDILHO

Cuimi n u vida não foi de paz. não podia icr dc paz a H>a morta.
A cana de Varia, e um do, miuore, doeumcnlo, de no,u Hivó-
ru polrlica contemporânea. É um IcMcmunhodaellmozdinnna habdi-
dade decie coodolor dc tiomen» Da um |.»r* ala fona a Hóiória a
propõe a redenção de Ioda, aa Hiaa po„i-ei, falia, e pccado,
Um

Omld it Andrade

Conforme está vastamente por vezes se releva seu interesse pelo


documentado na Biblioteca desenvolvimento nacional e por outras
Nacional, a era Vargas está destaca-se seu pouco apreço pela lei e
1.1 Getúlio Vargas - estadista,
associada a mudanças estruturais na pelas instituições democráticas. Não
orador, homem de coração. Rio de
sociedade brasileira. Foi marcada por faltam também avaliações Janeiro: Ed. Século XX, 1942.
planejamento estatal, legislação social, eminentemente negativas: demagogia,
Publicado no auge do Estado Novo
investimentos estatais, precariedade estadolatria, populismo, (1937-1945), este livro è uma obra

das liberdades públicas, corporativismo e ojeriza ao mercado. típica da exaltação a Getúlio. Repleto de
citações de terceiros, visa a mostrar as
desenvolvimento econômico, controle A era largas caracterizou-se
qualidades intelectuais de Getúlio
sobre trabalhadores e sindicatos e, ainda pela presença dos militares na Vargas associadas a sua bondade
principalmente, pelo papel atribuído política. Com Vargas, os militares pessoal e a seu talento de estadista.

ao Estado como agente econômico e ganharam notoriedade inédita e se 1.2 Getúlio Vargas, história de um
social. tornaram atores políticos de todas as menino de São Borja. Rio de Janeiro:

horas. Nessa escalada, nem Vargas foi DNP, 1939.


Sob a era largas, o Brasil deixou
de ser um país agrário-exportador poupado: os militares que o Publicado na fase de consolidação do
Estado Novo (1937-1945), esta história
para se transformar em uma sociedade sustentaram no poder o depuseram
ilustrada, voltada para o público infantil,
urbano-industrial. Essa mudança por duas vezes: 1945 e l(),r>4. é uma da muitas que procuraram
veloz é atribuída ora à qualidade da exaltar, junto aos jovens e às crianças,
os méritos excepcionais de Getúlio
liderança de Getúlio ora à conjuntura
Vargas aqui retratado como um
internacional que o beneficiou, ora a predestinado a unificar o pais e a
tudo issí» associado às potencialidades comandá-lo pessoalmente através de
sua liderança.
do país e de seu povo. O legado de
Getúlio Vargas também é polêmico:
1.6 LESSA, Origenes. Getúlio Vargas 5. RAMOS, Graciliano. Memórias do 9. VIANA, José de Segadas. O
na literatura de cordel. São Paulo: Ed. cárcere. Rio de Janeiro: J. Olympio, sindicato no Brasil. Rio de Janeiro:
Moderna, 1982. 1953. Gráfica Olímpica, 1953.

Esta minuciosa pesquisa na literatura de O livro, um dos clássicos da literatura Um dos principais assessores do
cordel evidencia uma imagem popular brasileira, retrata o inicio da repressão governo Vargas em assuntos
positiva construída em torno de Vargas policial e militar ao comunismo depois trabalhistas, o autor dedica este livro a
e especialmente dedicada a elogiar sua do Levante de 1935. Adaptado para o descrever e explicar os direitos sindicais
"obra social". Sintomaticamente a cinema, tornou-se paradigmático da e o funcionamento dos sindicatos. Nele
o Presidente Vargas ouvindo Heitor Villa-Lobos
maior parte dessa literatura aborda sua descrição das prisões políticas, seus se descrevem os direitos dos

1-3 SILVA, José Pereira da. Getúlio morte e seus assassinos e fala de seu horrores e nonsenses. sindicalizados e se faz a defesa da

largas, as melhores páginas... leituras "encontro" com Deus. política sindical corporativa no Brasil.
6. BALDESSARINI, Hugo. Crônica de
cívicas: problemas sociais, militares,
2. La Razon, mayo de 1935, uma época (de 1950 ao atentado 10. CAÓ, José. Dutra, o presidente e a
econômicos, educacionais, evocação
Homenaje al Brasil. contra Carlos Lacerda), Getúlio Vargas restauração. São Paulo: Instituto
histórica etc. Rio de Janeiro: A. Marçal,
e o crime de Toneleros. São Paulo: Progresso Editorial, 1949.
1940.
Este número especial do jornal Companhia Editora Nacional, 1957.
argentino La Razon faz a propaganda Em meio à vasta literatura sobre
Este livro é classificado como obra
do esforço de cooperação entre Brasil, Explicando a liderança de Vargas em Getúlio Vargas, pouco se escreveu
educativa e didática voltada para
Uruguai e Argentina numa época em meio às transformações estruturais do sobre o governo Dutra (1946-1951)
professores e mestres. Está dividida em
que as rivalidades entre esses países país, dois terços do livro é dedicado ao que foi um interregno em meio à Era
Pequenos capitulos abordando temas
eram mais conhecidas do que suas segundo governo Vargas (1951-1954) Vargas. Esta obra faz a biografia de
variados como educação, indústria,
amizades recíprocas. principalmente a seus escândalos Dutra até chegar à Presidência,
religião, pátria etc. sempre
policiais e políticos. Em tom jornalístico, biografia essa construída com a
reproduzindo o que seriam as opiniões
3. A revolução de 1930 e seus reproduz grande parte do que a montagem do poder getuliano.
de Getúlio.
antecedentes: Coletânia de imprensa publicou sobre a crise do
1 fotografias, org. pelo Centro de governo. 11. VARGAS, Getúlio. Ao ódio
-4 SILVA, Gastão Pereira da. Getúlio
Pesquisa e Documentação de História respondo com perdão. Rio de Janeiro:
Vargas e a psicanálise das multidões.
Contemporânea do Brasil, FGV; coord. 7. ALMEIDA, José Américo de MLG Editora & Distribuidora Ltda.,
Rio de Janeiro: Zélio Valverde, 1941.
a
Ana M Brandão Murakami. Rio de Ocasos de sangue. Rio de Janeiro: José 1983.
Baseado em Le Bom, Freud e em Janeiro: Nova Fronteira, 1980. Olympio, 1954.
Este pequeno livro contém quatro dos
conceitos como "libido", "inconsciente
Este álbum inova ao reproduzir uma No calor do noticiário acerca da morte mais importantes documentos relativos
das massas", "Édipo social" e outros, o
iconografia pouco conhecida sobre o de Getúlio, o autor, ex-ministro e ex- ao segundo governo Vargas (1951-
livro justifica a legitimidade de Getúlio
movimento civil-militar que levou á opositor de Vargas, reúne relatos sobre 1954): o Memorial dos Coronéis e o
como "chefe" e compara-o a outros
Revolução de 1930. Aqui populares e a morte violenta de três políticos Manifesto dos Generais, de 1954, são
lideres como Mussolini, Hitler, Salazar,
soldados voluntários malvestidos brasileiros: Getúlio Vargas, Virgílio de as principais evidências das tensões
Mustafá Kemal e Roosevelt.
dividem a cena com tropas regulares. Mello Franco e João Pessoa, todos entre o governo e os militares. A Carta
Vencedores e vencidos são retratados diretamente vinculados à Revolução de Testamento e O Legado da Morte são
1-5 QUEIROZ JR„ José. 222 anedotas
sem os tons glamorosos ou caricatos 1930. os dois escritos finais de Vargas que
sobre Getúlio Vargas, anedotario
que a Era Vargas lhes imputou. selaram a versão que Getúlio construiu
Popular, irreverente e pitoresco. Rio de
8. LIMA, Hermes. Lições da crise. Rio sobre sua morte e seus inimigos.
Janeiro: Civilização Brasileira de Artes,
4. REALE, Miguel. Perspectivas de Janeiro: José Olympio, 1954.
1955.
integralistas. São Paulo: Odeon, 1933.
Escrito por um socialista, o livro invoca
Organizada logo após a morte Getúlio
O autoritarismo contou com a a crise do governo Vargas para
Por um jornalista amigo seu, esta obra
colaboração teórica e doutrinária de defender algumas teses em defesa da
é uma coletânea de piadas sobre
alguns expoentes da intelectualidade política nacionalista do petróleo, do
Vargas que quase sempre enaltecem
nacional que fizeram, a exemplo deste nacionalismo de Vargas, e sobre a
sua habilidade para preservar o poder,
livro, a crítica ao liberalismo e ao exaustão do presidencialismo e do voto
dissimular intenções, simular objetivos e
comunismo e justificaram a emergência proporcional no Brasil.
isolar inimigos.
do integralismo como uma via
adequada ao Brasil e a suas tradições.
X ^ r Brasil Contemporâneo
Os Anos JK
Marieta de Moraes Ferreira e Cláudia Mesquita

Hoje evocados como os responsável pela maciça criação de


"anos dourados" da nossa empregos e, especificamente, no
história recente, os Anos âmbito do Programa de Metas, com
JK tornaram-se paradigmáticos para a implantação da indústria
a cultura política e o imaginário automobilística e a fundação de
coletivo da sociedade brasileira, por Brasília - cidade-síntese de uma
conjugarem estabilidade política e época tão próspera em sonhos
crescimento econômico, somando ao quanto em contradições reais.
clima de efervescência cultural, daí Situado entre dois momentos
decorrente, mas, sobretudo, por extremamente críticos — suicídio de
Tom Jobim
constituírem um período ímpar de Vargas (1954) e a renúncia de Jânio
crença no Brasil como "país do Quadros (1961), e marcado por implantado por JK se confundem
futuro". crises militares no começo e fim do com sua personalidade otimista e
Esse clima de esperança e governo, Jacareacanga (1956) e criativa, fixada num sorriso largo e
euforia, embalado pela dissonância Aragarças (1959), os Anos JK cordial, marca registrada de uma
de Chega cie Saudade, ou pelo som representaram um caso singular de época, que, na perspectiva do
uníssono de "com o brasileiro não liá estabilidade constitucional depois de presente, se torna ainda mais
quem possa" para saudar a vitória 30, com um civil assumindo a emblemática como imagem do
da "seleção canarinha" na Suécia, Presidência e transferindo-a ao progresso e de esperança.
foi sustentado pela política sucessor no dia marcado pela
desenvolvimentista de JK, Constituição.
A democracia política e o
modelo de desenvolvimento
1 • Co missão de Estudos do desvendar áreas abrangentes do contraste com a amargura de seus De relevante papel na revolução da
Planalto Central. Missão Cruls, Planalto, que passou a ser conhecido anos de exilio são as marcas desse imprensa brasileira nos anos 50, o
1895. e estudado a partir do pioneirismo de trabalho, densa e detalhadamente Jornal do Brasil e em particular seu
Luis Cruls. elaborado. Suplemento Dominical eram espaços
A planta demostra o adiantamento
destinados ã divulgação das
dos trabalhos topográficos realizados
vanguardas artisticas, numa época de
Por Luis Cruls e sua equipe de 5. Relatório Cruls. 1a Edição. Rio de 8. BENEVIDES, Maria Vitória. O
grande inserção das discussões sobre
engenheiros, até o fim de 1895, Janeiro: Typ. Lith. C. Schmidt, 1896. governo Kubitscheck. Rio de Janeiro:
o papel da modernidade na produção
demarcando o quadrilátero onde, 60 Paz e Terra, 1976.
O histórico relatório da Comissão cultural de um novo pais.
anos mais tarde, seria construída
chefiada por Luis Cruls foi o resultado Obra referencial para a historiografia
Brasília.
de mais de 3 anos de um trabalho que dos anos JK, o livro de Maria Vitória
12.1 Revista Quatro Rodas. N°.01,
mobilizou uma grande equipe de Benevides resume os principais
agosto de 60.
2. ALMEIDA, Theodoro Figueira. engenheiros, botânicos e sanitaristas, aspectos do fascinante jogo político
Brasília, a cidade histórica da revelando uma levantamento preciso na era de Juscelino, além de abordar Publicação nascida junto ao agressivo
América. 1930. do clima, relevo e vegetação em uma a dinâmica da industrialização e da desenvolvimento da indústria
área de 14.400 km2, considerada economia de seu governo. automobilística nacional, Quatro Rodas
Um dos muitos projetos urbanísticos
ideal, por sua localização e condições vem atender ã demanda de um
destinados à futura capital federal,
naturais, para a construção da nova 9. KUBITSCHECK, Juscelino. A público consumidor cada vez mais
esse mapa de 1930 expõe um
capital federal. marcha do amanhecer. São Paulo: exigente, interessado em conferir os
desenho arrojado para a época, que
Bestseller, 1962. principais lançamentos de veículos, e
pretende ser um aspecto da
viajar pelas recém-inauguradas
funcionalidade da nova capital. A 6. KUBITSCHECK, Juscelino. Meu
Reúne, no discurso de Juscelino, as rodovias, através dos mapas e roteiros
Peculiaridade da obra é reforçada pela caminho para Brasília. Rio de Janeiro:
principais idéias do chamado turísticos publicados pela revista.
nomeação das principais vias da Bloch, 1976.
"nacional-desenvolvimentismo", base
cidade.
"Meu caminho para Brasília" revela a de um ambicioso plano de
12.2 Revista Senhor. No. 01
importância daquilo que se modernização, que extrapolava a
3-1 Plano-Piloto de Lúcio Costa. convencionou chamar de "meta- esfera do político e tomava conta dos Revista voltada para um público
1960. sintese" do programa de Juscelino. De mais variados setores da sociedade pensante, formador de opinião e
fato, a antiga idéia de transferência nos anos 50. sintonizado com as questões culturais

3.2 Novo Distrito Federal. Desenho da capital ganha novo fôlego através e os movimentos de vanguarda
D
E Clóvis Magalhães sobre o PLANO do espirito empreendedor de JK que, 10. Comissão de Exploração do artística. Possuía uma respeitável
PILOTO de Lúcio Costa. com o apoio da emergente Planalto Central - Artigos equipe de colaboradores, entre os
industrialização do pais, reuniu as Publicados na Imprensa. Rio de quais, Clarice Lispector, Anísio Teixeira,
O plano-piloto de Lúcio Costa, junto à condições para a mais importante Paulo Francis e Darcy Ribeiro.
Janeiro: H. Lobaerts & C„ 1894.
arquitetura de Niemeyer, é o marco realização de seu governo,
principal do projeto urbanístico de considerada uma das principais obras A publicação traz a repercussão do
12.3 Revista Maquis. No. 21. Ano III.
Brasília, projetada para refletir, com do século XX. relatório Cruls em diversos órgãos da
9randiosidade, o entusiasmo e o imprensa nacional e publicações Órgão de feroz oposição ao governo
arrojo dos Anos JK. cientificas estrangeiras, demonstrando de Juscelino, Maquis era o veiculo dos
7. CONY, Carlos Heitor. JK-
a boa aceitação da iniciativa da udenistas em sua combativa
Memorial do exílio. Rio de Janeiro:
Comissão e o desejo, por parte da campanha contra o que consideravam
Atlas da Comissão de Estudos Bloch, 1982. maioria da imprensa, pela ser o "Sindicato de Ladrões" presente
do Planalto Central. 1894.
A trajetória de uma das principais transferência da capital nos no Executivo. Suas principais criticas
Parte integrante do Relatório da personalidades de nossa vida política, conturbados primeiros anos da se dirigiam a supostos esquemas de
Comissão de Estudos do Planalto escrita durante os últimos anos de República. favorecimento e corrupção dentro do
Central, o atlas reúne os principais vida de Juscelino, ganha registro governo.
trabalhos topográficos na demarcação nessa obra de quatro volumes, co- 11. Manifesto Neoconcreto. Jornal
de terras circunvizinhas ao escrita por Carlos Heitor Cony. A do Brasil, Suplemento Dominical. 21 e
quadrilátero central, além de evocação de um passado glorioso e o 22/03/59.
12.4 Revista Alterosa. espírito de modernidade e, através do
Ektracrome - técnica de fotografia
A revista mineira de variedades é um
que realçava suas cores - detinha um
exemplo do tipo de publicação que
glamor que seduzia seus leitores.
sucumbiu ao processo de
reformulação da imprensa nos anos
50. De cunho regional e 13. Revista Status. Entrevista.

conservador, a revista voltava-se para Juscelino Kubitscheck: "Com mulher

um público de classe média em feia só danço em véspera de eleição."

transformação, que exigia Rio de Janeiro: jan. 76, Editora Três p.

publicações onde a tônica fosse de 11 a 20.

agilidade e dinamismo em suas Esta foi a última entrevista prestada


linhas editoriais. pelo presidente Juscelino Kubitscheck
antes de sua morte trágica.
12.5 Revista O Cruzeiro No.17. 11 -
02 - 1956 .

Publicação mais popular do Brasil nos


anos 50, O Cruzeiro deteve, ao longo
de suas cinco décadas de existência,
enorme prestigio junto ao público de
todas as camadas sociais. Sua grande
qualidade era a de dar uma dimensão
de espetáculo aos assuntos de suas
reportagens, seja pela ágil linha
editorial, seja pelo arrojo de suas
fotografias.

12.6 Revista Manchete. Edição


Histórica - Inauguração de Brasília.21 -
04-60.

A Revista Manchete, nascida no inicio


da década de 50, viveu o seu auge
durante o governo Kubitscheck,
traduzindo, como nenhuma outra
publicação, as esperanças e os anseios
que se concentravam na política e no
ideal juscelinista, sendo porta-voz de
suas realizações mais importantes.

12.7 Revista Jóia. No. 03.

Revista feminina de imponente


aspecto visual, Jóia está inserida no
rol das revistas consideradas
modernas em sua época. A figura da
capa era escolhida sempre como um
modelo feminino dentro desse
Dos Anos de Chumbo à Globalização Carlos F Í C O

FOLHA DF S. PAULO
São Paulo faz o maior comício

Época historicamente tão


próxima, a ditadura parece,
entretanto, muito distante,
talvez porque o regime militar,
sombrio, tenha sido simbolicamente
superado por campanha tão solar, a
das "Diretas". Porém, o período
deixou marcas profundas em nossas
vidas, que repercutem ainda hoje.
Economia, sociedade, política - em
todas essas esferas ecoa o passado
proximo/distante. Como recuperar
esse tempo? Alguns vestígios não são
apenas reminiscências: podem ser
pistas para se decifrar a história,
meios de acesso ao entendimento mais
difícil: o da nossa trajetória no tempo.

folha de S. Paulo. 17 abr 1984


Figueiredo envia emenda
e apela por negociação
, 2SS22- •~
•M
1. Editoriais "Basta!" (31/3/64), 1970, para a Secretaria de Imprensa 9. BUARQUE, Chico, GUERRA, Rui. A "linha-dura" tudo fez para sabotar
"Fora!" (1/4/64) e "Basta e Fora!" da Presidência da República. "Você vai me seguir". Música da a redemocratização, promovendo
(2/4/64, p. 6) do Correio da . A verdadeira paz. [s.l.j. peça Calabar. São Paulo: [1974?]. atentados, explodindo bombas,
Manhã. Impresso pelo Departamento de Partitura. seqüestrando e matando.
Imprensa Nacional, em março de
As arbitrariedades iniciais do regime Vitimas do terror cultural, da
1971 . . O povo não está 14. Folha de S. Paulo. 17 abr. 1984
militar assustaram até mesmo alguns censura, da polícia e de grupos de
só. [s.l.J. Impresso pelo (foto do comício das "Diretas Já", do
setores que, antes do golpe, extermínio, a música, o teatro, a
Departamento de Imprensa Nacional, dia 16).
clamavam pela deposição de Goulart. literatura e o cinema ainda assim
em fevereiro de 1972.
sobreviveram - e produziram obras Não apenas um clamor pela escolha
2. Ato Institucional. 9 abr. 1964. A propaganda política era o outro que permaneceriam. livre do presidente, as "Diretas, Já!"
Diário Oficial, 9 abr. 1964; Ato lado da censura. O milagre foram um indiscutível marco
Institucional n° 2. 27 out. 1965. econômico e a conquista da copa do 10. Jornal do Brasil, capa de 14 simbólico do esgotamento do regime
Diário Oficial, 27 out. 1965. Ato mundo de futebol auxiliaram a mar. 1979. Cobertura do greve dos militar.
Institucional n° 5. 13 dez. 1968. construção da imagem do presidente metalúrgicos. Há foto em que Lula
Diário Oficial, 13 dez. 1968. Médici como um homem popular aparece num pequeno palanque 15. Brasil: nunca mais. Petrópolis:
que fazia discursos poéticos. rodeado por milhares de pessoas. Vozes, 1985.
O primeiro ato institucional,
decretado pela Comando Supremo Novos e renovados sujeitos históricos A sociedade perdoou os
6. Revista Manchete, número
da Revolução, não tinha número. não pediram licença para entrar em torturadores?
posterior a 4 de abril de 1968, data
Ficou conhecido como Al-1 por causa cena e muito colaboraram para
da missa de sétimo dia do estudante
de outros, como o segundo, que dinamizar o projeto de 16. Revistan Manchete, número
Edson Luís. Destacar cobertura
estabeleceu nova temporada de remocratização do país. posterior ao funeral de Tancredo
fotográfica da saída das pessoas da
punições, ou o quinto, que tornou Neves, em 21 abr. 1985.
Candelária sendo atacadas por
perene os poderes arbitrários. 11. Contracapa de Pasquim, n°
policiais montados. A melancólica trajetória politica
559, mar. 1980, [apreendido].
brasileira nunca esteve tomada de
3. ALVES, Márcio Moreira. Torturas Mesmo antes do AI-5, a polícia agia Montagem sobre foto com ministros
tantos sobressaltos quanto no
e torturados. Rio de Janeiro: [s.n.], com truculência, marchando contra o e Figueiredo.
periodo 1985/1992.
1964. povo. Estudantes foram uma de suas
O deboche da imprensa nanica atraía
maiores vitimas.
A tortura ampliou-se muitíssimo o ódio dos generais-presidentes, mas 17. Anúncio do "Plano Cruzado"
depois do AI-5, mas existiu desde também aliviava os que temiam capa do Jornal do Brasil do dia 1
7. O Estado de S. Paulo, 24 out.
1964. Castelo Branco foi obrigado a manifestar-se. mar. 1986.
1974, p. 1. (Canto de Os lusíadas
mandar apurar as denúncias que
substituindo notícia censurada) Muitos zeros foram cortados, muitos
Márcio Moreira Alves publicou na 12. Volta de Leonel Brizola,
nomes foram dados à moeda.
imprensa. anistiado. Jornal do Brasil, 18 maio
0 povo não sabia da censura. Alguns "Tablitas", congelamentos e planos
1980.
a pressentiam, pois jornais como 0 tentam decifrar o enigma econômico
4. Intimaçáo do coronel Gérson de
Estado de S. Paulo publicavam A Campanha da Anistia abriu uma brasileiro.
Pina a Nelson Werneck Sodré
poesia, receitas ou orações no lugar nova temporada de manifestações
Coleção de Nélson Werneck Sodré.
das noticias censuradas. sociais no Brasil que terminariam por 18. Constituição de 1988 e O Exmo
Os inquéritos policiais militares (IPMs) levar multidões de volta às ruas. Sr. Presidente da República. José
eram usados para intimidar as 8. Charge de Millôr Fernandes na Sarney, discursando... (retratos
pessoas. Os encarregados dos IPMs contracapa de Pasquim, n° 288 13. O Globo, 14 jun. 1981. coletivos - Seção de Iconografia)
compunham a "linha-dura", embrião (túnel). Cronologia dos atentados ocorridos
As tentativas de refundação do pais
da comunidade de segurança e entre mar. 1978 e set. 1980. OAB
Sem saída, ã beira do abismo, não sempre passaram pela promulgação
informações. relaciona atentados entre março de
vendo a luz no fim do túnel, foi difícil de novas leis que, muitas vezes, são
78 e setembro de 80. O Globo, 14
manter a esperança durante a esquecidas, abandonadas ou
5. Livretes oficiais com discursos jun. 1981, p. 5.
ditadura. novamente formuladas.
de Médici: O jogo da verdade. [s.l.J.
Impresso pelo Departamento de
Imprensa Nacional, em junho de
19- Revista Veja. Pedro Collor conta
tudo. São Paulo, 27/05/92. ano 25, PA-
n°22.

A redemocratização e a imprensa
livre tornariam freqüentes as S T A D O S U N I D O S D O B R A S I L ,
denúncias de corrupção ensejando
um processo traumático de
depuração da vida politica brasileira. DIÁRIO OFICIAL
SEÇÃO I - PARTE I
20. Foto de leilão de empresas de DECRETO N.' 4 6 . 2 3 7 — D E 1 8 CE J U N H O D E 1959
telecomunicações na Bolsa de
Valores do Rio de Janeiro (1998) ASO cm - N.° a» CAPITAL FKDERAL QUARTA-FEIRA. 27 DE OUTtJBRO DE 196S

Cada vez mais. funções públicas


passam a ser desempenhadas por
A N A Ç Ã O
setores não estatais. Menos Estado e A Revolução é um m o v i m e n t o que veio d a Inspiração do povo brasileiro 1 1» Considerar-se-á proposta a emenda se fòr apresentada pela quarta
oara atender ã s suas asQirações mais legítimas: erradicar u n i a situação e parte, n o mínimo, dos membros d a C â m a r a dos Deputados ou do Senado
um govêrno que a f u n d a v a o P a í s n a corrupção e n a subversão. Federal, por mensagem <io Presidente da República, ou por mais da metade
mais... celulares? das Assembléias Legislativas dos Estados, manifestando-sc cada u m a delas
No preâmbulo do Ato que iniciou a institucionalização do movimento de
II de março de 1964 foi dito que o que houve c c o n t i n u a r á a haver, n ã o só pela maioria dos seus membros.
bo espirito e no c o m p o r t a m e n t o das classes a r m a d a s , m a s t a m b é m n a opi- S 29 D a r - s e - á por aceita a e m e n d a que fór aprovada em dois turnos,
nião pública nacional, é u m a a u t ê n t i c a revolução. E írisou-se q u e : na mesma sessão legislativa, por maioria absoluta d a C â m a r a dos Depu-
tados e d o Senado Federal.
a) ela se distingue d e outros movimentos armados pelo f a t o de q u e I 39 Aprovada numa, a emenda será logo enviada à outra C â m a r a ,
traduz, náo o lnterêsse e a vontade de u m grupo, m a s 0 lnterêsse e a von- p a r a s u a deliberação.
tade és Nação; Art. 3f Cabe à C â m a r a dos Deputados e a o Presidente d a República
b) a RevoluçAo Investe-se, por isso, no exercício do Poder Constituinte, a iniciativa dos projetos de lei sôbre matéria financeira.
Jteitíinando-se por sl m e s m a ; Art. 4» Ressalvada a competência da C â m a r a dos Deputados e do
e) edita normas Jurídicas sem que nisto seja limitada pela n o r m a t i - S e n a d o e dos Tribunais Federais, no que concerne aos respectivos serviços
vidade anterior á s u a vitória, pois graças á ação das Fórças Armadas e ao administrativos, .compete exclusivamente ao Presidente d a República a ini-
apoio inequívoco d a Naçáo, representa o povo e e m seu nome exerce o ciativa das leis que criem cargos, funções ou empregee públicos, a u m e n t e m
Poder constituinte d e que o povo é o único t i t u l a r . vencimentos ou a despesa pública e disponham sóbre a fixação d a s Forças
Não se disso que a Revolução foi, m a s que é e c o n t i n u a r á . Por Is,so o Armadas.
•eu Poder Constituinte náo se exauriu, t a n t o é d-U próprio do processo P a r á g r a f o único. Aos projetos oriundos dessa competência exclusiva do
revolucionário que tem do ser dinâmico p a r a atingir os seus objetivos. Pelo Presidente d a República não serão admitidas emendas que a u m e n t e m a
contrario traçou-lhe, no esquema daqueles conceitos, traduzindo u m a rea- despesa prevista.
lidade incontestável de Direito Público, o poder institucionalizante d e que Art. 5» A discussão dos projetos de lei de iniciativa do Presidente d a
a Revolução é dotada p a r a fazer vingar os princípios cm nome dos quais República começará n a C â m a r a dos Deputados o sua votação deve estar
a Nação se levantou c o n t r a a situação a n t e r i o r . oonclulda dentro de 45 dias, a contar do seu recebimehto.
" ' A autoUmltaçfto que a Revolução oe impôs no Ato Institucional de 9 de 5 1». F i n d o esse prazo sem deliberação, o projeto passará ao S e n a d o
•brü l'- IStH náo significa, p o r t a n t o , que t e n d o podéres p a r a limitAr-se, s e com a redação originária e a revisão será discutida e votada n u m só turno,
taUia negado a sl mesma por essa limitação, ou s e tenha despojado d a e deverá ser concluída no' Senado Federal dentro de 45 dias. Esgotado o
•siga do poder que lhe é inerente como movimento. Por Isso se declarou, prazo sem deliberação, considerar-se^á aprovado- o texto como proveio d a
textualmente, que "os processos constitucionais n á o f u n c i o n a r a m p a r a des- C â m a r a dos Deputados.
tituir o Govêrno que deliberadaraente sc dispunha a bolchevizar o Pais , } a 9 A apreciação das emendps d o Senado Federal pela C â m a r a dos
mas se acrescentou, desde logo. que "destituído pela Revolução, só a e s t a Deputados sn processará no orazo de de?, dias, decorrido o qual serão tidas
cabe ditar as n o r m a s e os processos' de constituição do novo Govêrno e como aprovadas.
atribuir-lhe' os podêres ou os Instrumentos Jurídicos que lhe assegurem o i 3 ' O Presidente di» República, se Julgar urgente a medida, poderá
exercício do Poder n o exclusivo lnterêsse d o P a i s " . solicitar que a apreciação do projeto se faça em 30 dlos, em 'sessão c o n j u u t a
A Revoluçfio está viva e n ã o retrocede. T e m promovido r e f o r m a s e do Congresso Nacional, n a forma prevista neste artigo.
»al continuar a empreendê-las. insistindo p a t r l ò t l c a m e n t e em seus propúsl- I 4 ' Se Julgar, por outro lado, que o projeto, náo sendo urgente, merece
tos de recuperação econômica, financeira, política e moral do Brasil. P a r a maior debate pela extensão do seu texto, solicitará que a s u a apreciação se
lato precisa de tranqüilidade. Agitadores do vários matizes e elementos ü a faça cm prazo maior, p a r a a s duas casas do Congresso.
«ituaçáo eliminada teimam, e n t r e t a n t o , cm se valer d o f a t o de haver ela Art. 6* Os artigos 94, 98, 103 e 105 da Constituição passam a vigorar
reduzido a curto tempo o seu período d e indispensável restrição a certas oom a seguinte redação:
farantlas constitucionais, e Já a m e a ç a m e desafiam a própria ordem revo- • A r t . 94. O Poder Judiciário é exercido peles seguintes órgãos:
lucionária precisamente n o m o m e n t o e m que esta. a t e n t a aos problemas I — Supremo Tribunal Federal;
administrativos procura colocar o povo n a prática e n a disciplina ao exer- I I — Tribunal Federal de Recursos e Juizes federais;
cício democrático. Democracia supõe liberdade, m a s n ã o exclui responsa- 311 — Tribunais e juizes militares;
bilidade nem Importa em licença p a r a c o n t r a r i a r a própria vocação política IV — Tribunais e Juizes eleitorais;
da Nação. Nflo se pode desconstitulr a Revolução, I m p l a n t a d a p a r a resta- V — Tribunais e juizes do t r a b a l h o . "
belecer a paz. promover o bem-estar do povo e preservar a h o n r a nacional. - A r t . 98. O Supremo Tribunal Federal, com sede n a CApftal
Assim, o Presidente d a República, n a condição d e C h e f e do Govêrno d a República e Jurisdição em todo o território nacional, compor-sc-á
Revolucionário e C o m a n d a n t e S u p r e m o das Fôrças Armadas, coesas n a m a - de dezesseis ministros.
nutenção dos ideais revolucionários, P a r á g r a f o único. O Tribunal f u n c i o n a r á cm plenário e dividido
Considerando que o Pais precisa de tranqüilidade p a r a o trabalho em em três t u r m a s de cinco ministros eada u m a . "
prol do seu desenvolvimento econômico e do bem-estar do Povo e que n ã o "Art. 103. O Tribunal Federal de Recursos, com sede n a C a -
Pode haver paz sem autoridade, que 6 também condição essencial da ordem; pital Federal, compor-se-á de treze Juizes nomeados pelo Presidente
. Considerando que o Poder Constituinte d a Revolução lhe é intrínseco, da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal,
não apenas para institucionalizá-la. m a s p a r a assegurar a continuidade d a oito e n t r e magistrados e cinco entre advogados e membros do M i -
nistério Público, todos com os requisitos do artigo 99.
«br» a que se propôs,
P a r á g r a f o único. O T r i b u n a l poderá dlvidlr-se em c â m a r a s ou
Resolve editar o seguinte: turmas."
- A r t . 105. Os Juizes federais serão nomeados pelo Presidente
ATO INSTITUCIONAL N? 2 da República dentre cinco cidadãos Indicados n a forma da lei pelo
S u p r e m o Tribunal Federal.
_ Art. 1» A Constituição do 1946 e as Constituições Estaduais e respectl- 4 1» Cada Estado ou Território e bem assim o Distrito Federal
emendas sáo m a n t i d a s com a s modificações constantes deste Ato. constituirão de per si u m a seção Judicial, que terá por sede a capi-
Art. 39 a Constituição poderá ser e m e n d a d a por iniciativa: ^ tal respectiva.
I - doa membro» d a C â m a r a dos Deputados ou do Senado Federal; 1 V> A lei fixará o n ú m e r o do Juizes de cada seção bem como
regulará o provimento dos cargos de Juízos substitutos, serventuários
II — do Presidente da República; e funcionários d a J u s t i ç a .
« I — das Assembléias Legislativas dos Estados.

Si
82

XI ^ Rebelião, Secessão, Revolução: das


Inconfidências aos Golpes de Estado
Afonso Carlos Marques dos Santos

•o

A ausência de uma pode-nos revelar uma outra dimensão


autêntica revolução na dessa história. Da contestação ao
História do Brasil, nos domínio colonial na América
moldes da Revolução Francesa ou da portuguesa às instabilidades políticas
Revolução de Independência das da República no século XX,
colônias inglesas da América do Norte, insatisfações sociais emergiram como
é tema recorrente na nossa motivadoras de conspirações e
historiografia. As grandes insubordinações. Contradições e
transformações políticas, como a tensões entre o poder central e as
própria Independência ou a elites regionais estiveram na base dos
República, teriam nascido sob a marca movimentos que ameaçaram a
das reformas institucionais ou a partir unidade do Império, que precisou ser
de golpes de Estado; ao passo que pacificado para se consolidar. S-SjSii la-jt»

movimentos autodenominados de Portanto, a inexistência de rupturas 5=


revolução, como o de 1930, não radicais não significou ausência de
16
passariam de remontagens lutas pela liberdade e não foram
oligárquicas do poder. Numa história poucos os brasileiros, das várias
sempre redefinida pelas elites, o povo gerações e tendências ideológicas, que
teria estado ausente das grandes desejaram e procuraram intervir na
a.
decisões, constituindo-se num história e nos destinos do Brasil.
espectador passivo.
Contudo, uma visita ao acervo
cs
o
-S" documental da biblioteca Nacional
Inconfidência, rebelião, secessão do Palácio, e preso nas cadeias da 7.3 Sublevação de Pernambuco em 9.2 VIANA FILHO, Luís. Sabinada.
a) 1 7 2 0 - M i n a s Gerais Relação. 1824, à testa da qual se A república baiana de 1837. Rio de
1- Discurso histórico e politico Salvador, 4 de setembro de 1798. apresentou Manuel de Carvalho Janeiro: José Olímpio, 1938.
s
obre a sublevação que nas Minas Paes D'Andrade. Apêndice ao
9.3 Autos do processo de Francisco
Gerais houve no ano de 1720. Documentos que integram os Autos Bosquejo Histórico do Brasil, por
Sabino Álvares da Rocha Vieira e
da Devassa da Revolta dos Alfaiates, J.A.B.M.B. Rio de Janeiro: 1838, 32p.
Narrativa acerca da Rebelião de Felipe outros, implicados na revolta
de 1798, ocorrida em Salvador. Este denominada - da Sabinada - de 7
dos Santos, ocorrida em 1720, na 7.4 CANECA, Frei Joaquim do
movimento também é conhecido de novembro de 1837 na Bahia.
Capitania de Minas Gerais. Amor Divino Rabelo (Frei Caneca).
como "Inconfidência Baiana". 1838. 5 v.
Obras.
b) 1 7 8 9 - M i n a s Gerais
e) 1801 - Pernambuco 7.5 Tifis Pernambucano. Jornal A República Baiana de 1837.
2- Observações que mostram não
s 5. Devassa de 1801, em publicado por Frei Caneca entre 1823 . j) 1842 - Minas Gerais
° o Crime de rebelião, que,
Pernambuco e 1824. 10. SOUSA, Bernardo Xavier Pinto
temerária, e sacrilegamente,
de. História da Revolução de Minas
intentaram alguns moradores da Documentos relativos à Conspiração Conjunto de documentos relativos à
Gerais em 1842. Rio de Janeiro: Tip.
Capitania de Minas, no Brasil, mas dos Suassunas, ocorrida em Confederação do Equador, em 1824,
a de Barroso e Comp., 1843.
legítima posse que tem os Pernambuco em 1801, publicados e que sublevou as províncias do
Senhores Reis de Portugal pela Biblioteca Nacional. Nordeste do Império do Brasil. A Revolução Liberal de Minas Gerais
daquelas Conquistas. Dedicadas a Destaca-se a atuação de Frei Caneca, em 1842.
Sua Alteza Real o sereníssimo o grande ideólogo e publicista do
f) 1817 — Pernambuco
Príncipe do Brasil por Domingos movimento. k) 1842-1845 - Rio Grande do Sul -
6.1 Defesa de Frei Joaquim do
Alvares Branco Munis Barreto, Farrapos
Amor Divino [Frei Caneca] e Frei
Capitão de Infantaria do h) 1821-1835-Pará 11.1 Guerra dos Farrapos: Ordens
José Maria Brainer.
Regimento de Estremós. s.l. /s.d. 8.1 Motins Políticos ou história dos do dia do General Barão de
ms. 6.2 Relação dos Réus da Revolução
principais acontecimentos políticos Caxias.
de 1817 da província do Pará, desde o ano
Narrativa sobre a Conjuração Mineira 11.2 VARELA, Alfredo. História da
6.3 Relação dos Revolucionários da de 1821 até 1835.
de 1789. grande revolução: o ciclo farroupilha
Capitania do Ceará Rio de Janeiro: Maranhão e Pará:
no Brasil. Edição Comemorativa do
1865-1890, 5 volumes.
c) 1794 - Rio de Janeiro Conjunto de documentos relativos à Centenário. Porto Alegre: Globo,
3 1933, 6 volumes.
- Devassa Ordenada pelo Vice-Rei Revolução de 1817, em Pernambuco, 8.2 Sedíção militar ocorrida no
Conde de Resende, em 1794, com irradiações em outras províncias Pará em Março de 1823, que deu
11.3 Proclamação aos Rio-
contra a Sociedade Literária do Rio do Nordeste do Reino do Brasil. em resultado a prisão dos
Grandenses [Guerra dos Farrapos:
de Janeiro. Destacam-se as referências a Frei membros da Junta governativa da
documentos impressos]. Alegrete /
Caneca. província. Documento relativo à luta
Documentação acerca da prisão dos Piratini / Cassapava: Typ. Republicana,
pela Independência no Pará, sem
letrados do Rio de Janeiro acusados, 1838-1843. 1 v.
g) 1824 - Pernambuco - nome do autor e data. 4 f.
em 1794, do crime de inconfidência,
Confederação do Equador A República Farroupilha.
publicada pela Biblioteca Nacional. O As sublevações no Pará, da
I) 1848-1849 - Pernambuco - Praieira
Principal indiciado foi o poeta e Independência às crises do período
7.1 Camaradas: Folheto impresso de 12.1 Ofício de Honório Hermeto
professor régio de retórica e poética regencial.
autoria de D. Pedro I, de 27 de julho Carneiro Leão, governador de
Manuel Inácio da Silva Alvarenga.
de 1824. Pernambuco, ao ministro dos
Negócios do Império, visconde de
d) 1798-Bahia i) 1837-1838-Sabinada
7.2 Manifesto de Manuel de Monf Alegre, de 31 de julho de
4. Autos da Devassa da 9.1 Peças do Processo de Francisco
Carvalho Paes de Andrade, 1849, informando a situação da
Inconfidência Baiana/Revolta dos Sabino Álvares da Rocha Vieira e
Presidente da Província de província de Pernambuco, as áreas
Alfaiates. outros implicados na rebelião
Pernambuco aos habitantes das pacificadas e as áreas sob controle
Auto para perguntas ao réu João de conhecida pelo nome de Sabinada.
Províncias do Norte do Império do dos revoltosos sob a liderança de
Deus do Nascimento, pardo forro, Bahia, 1838.
Brasil, em 1° de maio de 1824. Pedro Ivo.
com tenda de Alfaiate, na rua direita
12.2 Ofício de Honório Hermeto o) 1937 - Golpe do Estado Novo
Carneiro Leão, de 20 de agosto de 16. Diário Oficial do dia 10 de
1849. novembro de 1937, com a publicação
do decreto que institui o Estado Novo.
12.3 Ofício de Honório Hermeto
Carneiro Leão, de 7 de dezembro de O Golpe do Estado Novo.
1849.
p) 1964- Golpe Militar
12.4 ARAÚJO, José Tomás Nabuco
17. A primeira página dos seguintes
de. Justa apreciação do predomínio
jornais, do dia 1 de abril de 1964:
do partido Praieiro; ou História da
dominação da Praia. Pernambuco:
17.1 Correio da Manhã
Tipografia União, 1847.
7.2 Diário de Noticias
12.5 MELO, Jerônimo Martiniano
Figueira de. Chronica da rebelião 17.3 O Globo
Praieira em 1848-1849. Rio de
17.4 Jornal do Brasil
Janeiro: Tipografia do Brasil de J. J. da
Rocha , 1850. 17.5 Última Hora

A Revolução Praieira em Pernambuco. 17.6 Comando da Revolução edita


Ato Institucional em vigor até
m) 1893 - Revolta da Armada 1966.
13.1 FREIRE, Felisbelo Firmo de Jornal do Brasil de 10 de abril de
Oliveira. História da revolta de 6 de 1964.
setembro de 1893, Rio de Janeiro: O Golpe Militar de 1° de abril de
Cunha 8i Irmão, s.d. 1964 e a Queda do Governo
Constitucional.
13.2 MELLO, José de. O governo
provisório e a revolução de 1893. São
q) 1968-Golpe do AI5
Paulo: Nacional, 1938.
18. Diário Oficial com a publicação
A Revolta da Armada. do ATO INSTITUCIONAL N° 5 e a
publicação da Lista de Cassações
Golpes de Estado
O Ato Institucional N° 5: o Golpe
n) 1840 - Golpe da Maioridade
dentro do Golpe e o endurecimento da
14. Declaração da Maioridade de
Ditadura Militar.
S. M. Imperial o Senhor Dom
Pedro II, desde o momento em
que essa idéia foi aventada no
Corpo Legislativo até o ato de sua
realização. Rio de Janeiro, Tip. da
Assoc. dos Deputados, 1840.

O Golpe da Maioridade.
XII ^ A Mulher na Sociedade Brasileira
Mary dei Priore

O livro e a leitura história. As letras, os livros e todas as


comprovam que a história carreiras e trajetórias que daí
da mulher brasileira não é decorrem foram, todavia, árduas para
só dela. E também a história de seus as mulheres brasileiras. Hilda Hilst
sentimentos, medos e amores. E a ainda, hoje, queixa-se de que a
história das imagens que a projetam atividade de escrever requer muito
na literatura. E aquela de sua esforço. Em Anarquistas graças a
capacidade de traduzir a Dais (1982), Zélia Gattai pega-se
complexidade e a diversidade de suas pensando na reação de sua mãe ao ler
vivências e experiências em textos o livro: "Que menina atrevida! O que
literários. O texto impresso, assim não vão dizer!?" Essa conquista, essa
como a história, é um instrumento luta fora travada desde Nísia Floresta
fundamental para enfocar as mulheres por algumas mulheres que não
através das tensões e contradições que colocaram em primeiro lugar "o que
se estabeleceram em diferentes épocas, os outros vão dizer" e que tentaram se
entre elas e seu tempo, entre elas e a livrar da tirania do alfabeto, tendo
sociedade em que estavam inseridas. que primeiro aprendê-lo para depois
Ao longo de quinhentos anos, nos deslindar os mecanismos de
-
domínios do público ou do privado, dominação nele contido. "Antes - diz
em todos os recônditos de sua Count de Affònso Celso. Lígia Fagundes Telles, em As meninas
existência material ou espiritual - , a mulher era explicada pelos
livros e suas leitoras, escritoras e seus homens. Agora é a própria mulher que
BELL, Alured Gray. The Beautiful Rio de Janeiro
livros deram-se as mãos na ciranda da Caricaturas de Rian se desembrulha, se explica."
1. Ana Neri Janeiro: Relumé-Dumará/RIOARTE, abolicionista instalado numa chácara Consorte de d. Pedro I, a
MIRANDA, Ruy. A enfermagem na 1996. nas imediações de Ipanema, na qual rechonchuda arquiduquesa
prática e na história. Curitiba: UFPR, se cultivavam camélias. Era conhecida Leopoldina, mulher dotada de grande
Setor de Ciências da Saúde, 1983. Reconhecidamente a maior psiquiatra como "a dama das camélias". inteligência, foi de fundamental
brasileira. Sua longa vivência em participação no movimento da
Ana Néri trabalhou como enfermeira hospitais a levou a constatar que o Independência. Deu a noticia a José
8. Chiquinha Gonzaga
por ocasião da Guerra do Paraguai, mundo interno do esquizofrênico Bonifácio de que seria nomeado
DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga.
junto ao comando das tropas encerra insuspeitas riquezas e as ministro do reino e dos negócios
Uma história de vida. Rio de Janeiro:
brasileiras. Contava, então, 50 anos e conserva mesmo depois de muitos estrangeiros e acompanhou de perto
Rosa dos Tempos, 1991.
no campo de batalha tinha dois filhos anos de doença. os desdobramentos políticos entre
e um irmão. Serviu na guerra durante 1821-1822.
9. Tia Ciata
cinco anos. Foi condecorada pelo 5. Olga Benário
MOURA, Roberto. Tia Ciata e a
imperador d. Pedro II com uma
MORAIS, Fernando. Olga. São Paulo: pequena África no Rio de Janeiro. Rio 12. Tarsila do Amaral
pensão anual e as medalhas
Alfa-ômega, 1986. de Janeiro: Instituto Nacional de AMARAL, Tarsila do. Tarsila, 1918 -
"Humanitária de Prata" e
Música, 1983. 1968. Rio de Janeiro: Museu de Arte
"Campanha".
Esposa de Luis Carlos Prestes, foi Moderna, 1969.
entregue pela ditadura Vargas ao
Mulata baiana, moradora da Gamboa,
2. PEREIRA, Lúcia Miguel. governo da Alemanha nazista por ser "Quero ser a caipirinha de São
vivia da venda de quitutes.
Prosa de ficção (de 1870 a 1920). Rio judia e comunista. Faleceu num Bernardo brincando com bonecas de
Preocupada com o branqueamento da
de Janeiro: José Olympio, 1950. campo de concentração. mato." Assim Tarsila definia sua
cultura negra, fundou rodas de samba
que foram verdadeiros embriões das brasilidade e o apego às cores e
Uma das pioneiras da critica literária escolas de samba e de valorização das formas de nossa natureza. Participou
6. Patrícia Galvão (Pagu).
feminina, jornalista e escritora, autora raízes africanas. com Vicente do Rego Monteiro e Di
PAGU: Patrícia Galvão. Vida-obra
de renomada biografia sobre Cavalcanti da Semana de 22 em São
(organização de Augusto de Campos).
Gonçalves Dias, tradutora de Proust Paulo, fazendo, segundo críticos de
São Paulo: Brasiliense, 1982. 10. Cecília Meirelles
entre outros, mulher, enfim, de arte, uma pintura "antropofágica".
cultura refinada. Era casada com
Patricia Galvão, Pagu, ou ainda Mara
Otávio Tarquinio de Souza, ao lado de 11. D*.Leopoldina
Lobo, escritora, feminista e comunista 13. Chiquinha Gonzaga
quem morreu num desastre de avião. 11.1 Exposição das exéquias de
dos anos 30, foi uma das poucas
Sua Majestade a Imperatriz do
mulheres a descrever no romance 13.1 "Sympathia: Modinha."
Brasil de sua saudosa memória
3. Maria Bonita Parque industrial a vida dificil das
que fez o Senado da Câmara da
PEIXOTO, Afrânio. Maria Bonita. Rio operárias de seu tempo. 13.2 "Desalento: romance de
Cidade de Fortaleza, capital da
de Janeiro: Francisco Alves, 1914. Estrella: do drama em 3 actos; 1
província do Ceará.
acto. O perdão." Opereta.
7. Princesa Isabel
Companheira de Lampião, o mais Conselhos (de d. Pedro II, imperador 11.2 Correspondência da
famoso cangaceiro do Brasil e fonte 13.3"Teus olhares: Canção
do Brasil) a princesa Isabel como imperatriz Leopoldina dirigida à
de incontáveis canções, versos e brasileira."
melhor governar. sua tia. Vários lugares, 16 de janeiro,
lendas populares. Abandonou o
Edição fac-similar do manuscrito. São 1814.
marido para seguir seu amor. Sua 13.4"Collegio de Senhoritas:
Paulo: GRD, 1985.
lealdade e devoção a Lampião a opereta em 3 actos: Duetto dos
11.3 Correspondência da
redimiram, aos olhos do público em Pombos."
Depois de ter dado apoio ao imperatriz Leopoldina com a
geral, do papel convencional da
ministério Cotegipe, que era o mais condessa Lazansky. Vários lugares, 4
submissa mulher nordestina. Pianista e maestrina, destacou-se na
terrível adversário da escravidão, a
de junho, 1817.
luta pela República e Abolição. Fez
princesa Isabel para não desgostar os
campanha contra o regime
4. Nise da Silveira fazendeiros que viam seus escravos 11.4 Cartas (27) de d. Leopoldina,
monarquista até em lugares públicos.
GULLAR, Ferreira. Nise da Silveira: libertando-se pela fuga, assinou, em dirigidas a uma amiga, sobre
Proclamada a República, Chiquinha
uma psiquiatra rebelde. Rio de oito dias, a lei que aboliu a escravidão assuntos íntimos. Florença, etc.
seguia criticando os rumos do
(13/05/1888). Freqüentava um clube 1817.
governo. Durante o estado de sitio.
decretado em 1893 por Floriano 14.3 Clementina de Jesus inúmeros sucessos (Menino das 17. A condição da mulher na escrita
Peixoto, escreveu a música Aperte o Clementina, cadê você? MIS. laranjas, Lunik 9, Lapinha, Casa de feminina
botão, considerada irreverente. campo, Mestre-sala dos mares, Ponta 17.1 Hercília Nogueira Cobra
Recebeu ordem de prisão só Filha de um violeiro e capoerista, aos de areiaj. Desapareceu precocemente
escapando porque tinha parentes no 12 anos saia como pastorinha no deixando uma discografia irretocável. 1 Reprod: Sépia; In Calendários (In:
poder. bloco carnavalesco Moreninha das 1985. Década da Mulher... Cons. Est.
Campinas. Aos poucos começou a 15. A ciência, a política, a arte Da Condição Feminina
14.1 Bidu Sayão freqüentar rodas de samba e o Berta Lutz
Bidu Sayão: interpretações G.R.E.S da Portela. Casou-se com o Escritora feminista, abordava assuntos
inesquecíveis (Em homenagem do 35 mangueirense Albino Pé Grande, 15.1 LUTZ, Berta. A nacionalidade da malditos como o prazer sexual, o
aniversário de sua estréia no trabalhou vinte anos como doméstica. mulher casada. 1993. adultério e a prostituição, defendendo
Metropolitan Opera House). Em 1965 é lançada como cantora por o amor livre e plural para ambos os
S.I:Odyssey-1973. Herminio Belo de Carvalho. 15. 2 . Homenagem a ... sexos.
1925.
Bidu Sayão, ou Balduina de Moreira 14.4 Dolores Duran 17.2 ALMEIDA, Júlia Lopes de.
Saião, foi a maior cantora lírica MPB Compositores. Dolores Duran - Bióloga e advogada de São Paulo, A herança. 1909.
brasileira. Jovem, era conhecida como Vol.28. Localização: 000645 animou o movimento "sufragista"
Pequeno Rouxinol. Apresentou-se nos História da Música Popular Brasileira - cujo clímax foi atingido em 1932 com Foi jornalista e autora de livros de
teatros municipais do Rio de Janeiro e Vol.35. São Paulo: Abril Cultural - a concessão do voto às mulheres. sucesso. Trabalhou como redatora em
Colón, de Buenos Aires. Atuou no 1983. Fundadora da Legião da Mulher A semana, ao lado de Olavo Bilac,
Scala de Milão e na Academia Santa Brasileira, organizou, em 1922, o 1° Artur Azevedo e Filinto de Almeida -
Cecília, de Roma, no Town Hall. Foi Dolores Duran ou Adiléia Silva da Congresso Internacional Feminino que com quem casaria. Preocupada com
contratada por Toscanini para a Rocha, cantora e compositora, autora lutou pela melhoria das condições de urbanização, tinha por modelo a
Orquestra Filarmônica de Nova Iorque de inúmeras músicas de "dor-de- trabalho feminino nas indústrias, com "cidade jardim", cheia de flores;
onde consagrou-se definitivamente. cotovelo", como a bela Noite do meu instalação de creches, igualdade de bateu-se pelo modelo da Nova
bem (1959). Lançou-se em disco, salários, fiscalização sanitária etc. Mulher, misto de mãe-esposa e
14.2 Guiomar Novaes contudo, gravando sambas para o rebelde.
carnaval de 1953. Apresentava-se na 16. Nair de Teffé (Rian)
Noturnos - Chopin. Vols 1 & 2.
boate Vogue e no Beco das Garrafas e 16.1 SANTOS, Paulo César dos. Nair 17.3 DÉLIA (pseudônimo)
fez grande sucesso nacional e de Teffé: simbolo de uma época. BORMANN, Maria Benedita. Uma
Valsas de Chopin (Coleção Completa).
internacional. Suas músicas foram vitima. Rio de Janeiro: Typ. Central,
várias vezes rememoradas. 16.2 Petrópolis - RJ: Folha Serrana, 1884.
24 Prelúdios, op.28 - Chopin.
1983
Pianista desde os quatro anos 14.6 Elis Regina Maria Benedita Bormann também
apresentava-se no jardim da infância 16.3 BELL, Alured Gray. The conhecida pelo pseudônimo "Delia"
da escola, quando compôs a valsinha Presença de Elis Regina. Columbia. com o qual assinava textos nos jornais
Beautiful Rio de Janeiro. Caricaturas
Jardim da infância. Estudou na França de Rian. 1914. como A Gazeta da Tarde e O Paiz.
e apresentou-se em vários países até Elis Regina. Columbia - 1971. Além de abolicionista, lutava pela
apresentar-se no Municipal de São Primeira dama durante a Presidência independência financeira e sexual da
Paulo, durante a Semana de 22, Elis Especial. Philips - 1968. Nova Mulher, criticando a insistência
de Hermes da Fonseca, seu marido,
quando interpretou Villa-Lobos. Elis Regina foi aos 12 anos contratada Nair foi excelente cartunista e assinava da sociedade no casamento como
Considerada uma das maiores pelo programa da Rádio Farroupilha, como Rian (Nair invertido). Amiga de única opção possível.
Intérpretes de Chopin, Guiomar O Clube do Guri. Após algumas Chiquinha Gonzaga, abriu as portas
Novaes gravou inúmeros discos no apresentações na televisão, gravou do palácio do governo à música 17.4 REIS, Maria Firmina dos.
exterior e no Brasil. em 1961 Viva a Brotolãndia. Em popular brasileira. Ursula. San Luiz: Typ. do Progresso,
1964, vai para São Paulo, 1975.
participando de vários shows de bossa
nova. De 1965 em diante lança
Filha ilegítima, ganhava a vida como Faria Rocha, nascida num pequeno 19.4 SANTOS, João Felício dos. descrevia Bentinho, seu marido traído
professora. Participou do meio sitio em Papari, Rio Grande do Norte. Chica da Silva. São Paulo: Círculo do e personagem de Machado de Assis,
intelectual maranhense, colaborando Publicou, em 1832, Direitos das Livro, 1987. em D. Casmurro. Capitu representa o
na imprensa local e publicando livros mulheres e injustiças dos homens, contraste no modelo subordinado de
e antologias. É pioneira em dar texto no qual criticou os preconceitos Escrava no arraial do Tijuco, alforriada mulher imposto pelo Romantismo.
tratamento diferenciado aos seus da sociedade patriarcal brasileira. a pedido do contratador de diamantes
personagens escravos, denunciando a Viajou pela Europa onde foi apreciada João Fernandes de Oliveira de quem 19.8 VALENTE, Valentim. Anita
vida terrível a que estavam por figuras de renome como se tornou amante. Morava num Garibaldi: heroina por amor. Rio de
submetidos. Alexandre Herculano e o positivista edifício em forma de castelo, com Janeiro: Pongetti, 1949.
Augusto Comte. capela particular e teatro ao pé da
17.5 MOURA, Maria Lacerda de. serra de São Francisco. 19.9 SILVA, Maro. Anita Garibaldi.
Religião do amor e da beleza. São 19. Mitos femininos: Paraguaçu, Porto Alegre: Tchê!, 1985. (ilustrado)
Paulo: 0 Pensamento, 1929. Moema, Marília, Chica da Silva, d. 19.5 ALENCAR, José de. Iracema:

Beja de Araxá, Iracema, Maria lenda do Ceará. Rio de Janeiro: Typ. Anita Ribeiro da Silva conheceu o
Anarquista e feminista de classe Quitéria, Capitu, Anita Garibaldi, de Vianna, 1865. célebre guerrilheiro italiano Garibaldi,
média, professora e escritora mineira, Carmen Miranda, Leila Diniz, Zuzu por ocasião da Revolução Farroupilha.
ativista política radical. Nascida em Angel. Personagem central do romance de Na primeira batalha naval contra os
1877, Maria Lacerda escreveu livros 19.1 ABREU, Francisco Bonifácio José de Alencar publicado em 1860. "Farrapos", tomou parte na luta e
polêmicos como A mulher é uma Sacerdotisa dos tabajaras, filha do manobrou canhões. Acompanhou
de. Barão da Villa da Barra: Moema e
degenerada? (1924), Religião do amor pajé Araquém, cujas mãos tanto Garibaldi à Itália, que veio a adotar
Paraguaçu. Rio de Janeiro: Typ.
e da beleza (1926), Amai e não vos feriam quanto curavam, apaixonou-se como sua segunda pátria.
Regenerador de Just. J. da Rocha,
multipliqueis (1932), Hans Ryner e o pelo guerreiro branco Martim.
1860.
amor plural (1933), entre outros; Abandonando seu grupo, passa a 19.10 MIRANDA, Carmen. Foto. Rev.
publicou também a revista
Concubina de Diogo Álvarez, o
viver com ele, o que a faz perder Paratodos. Ano 12, n° 600, p. 21. 14
Renascença em 1932, e fez inúmeras gradativamente seus poderes. Morre jun 1930.
Caramuru, com quem se casou na
palestras nos meios intelectuais e nos ao dar à luz ao filho Moacir, emblema
França, na corte de Catarina de
círculos operários da época. Foi uma do nascimento da nova nação 19.11 SAIA, Luiz Henrique. Carmen
Médicis, depois de ter sido batizada
das raras pontes entre o mundo brasileira. Miranda (caricatura - Emilio Damiani)
com o nome de Luíza.
operário e o mundo das elites São Paulo: Brasiliense, 1984.
intelectuais e artísticas do país. 19.6 GONÇALVES, Osvaldo de
19.2 NUNES, Carlos Alberto da
Sales. Honra e glória a Maria Costumava cantar com as irmãs, na
Costa. Moema. São Paulo: Atena,
17.6 CAMPOS. Narcisa Amália de. Quitéria. Feira de Santana: Radami, pensão da mãe, sempre freqüentada
1950.
Nebulosas. Rio de Janeiro: B. L. 1995. por músicos. Foi levada, em 1929,
Garnier, 1872 para a Rádio Sociedade. Gravou
Retratada por Vítor Meirelles, Moema
Heroína do movimento de inúmeras marchas de carnaval, entre
é personagem do livro Caramuru, de
"Guiava-se por idéias européias Independência, Maria Quitéria de as quais Taí. Participou de revistas
frei José de Santa Rita Durão.
liberais, como as do escritor francês Jesus disfarçou-se de homem e foi musicais no Brasil e exterior,
Victor Hugo que colocara sua pena a combater os portugueses na Bahia. participou em filmes (Voz do
19.3 FRANCO, Affonso Arinos de
serviço de idéias democráticas e Vestia-se como um soldado de um carnaval), apresentou-se no cassino da
Mello. Dirceu e Marília. São Paulo:
progressistas. Lutou pela República e dos batalhões do imperador com a Urca. Seguiu para os EUA em 1939,
Martins, 1942.
Abolição, acreditando que essa era adição de um saiote escocês. estreando com o bando da Lua no
uma condição ética para o literato". musical Streets of Paris, na Broadway,
Maria Dorotéia Joaquina de Seixas,
19.7 ASSIS, Machado. Dom onde cantava Mamãe eu quero.. Em
musa, amada e destinatária da obra
Casmurro. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1941, assinou contrato para trabalhar
18. FLORESTA, Nisia. Conselhos ã Marília de Dirceu, publicada em
1899. em Hollywood onde veio a falecer aos
minha filha. Rio de Janeiro: F. de Paula Lisboa 1792, de autoria de Tomás
46 anos. Era a Pequena Notável:
Brito, 1845. Antônio Gonzaga, poeta pertencente
Capitu: Era mulher por dentro e por turbante á cabeça, tamancos
á plêiade mineira representante do
fora, mulher à direita e à esquerda, altíssimos e muitos balangandãs.
Nisia Floresta Brasileira Augusta era o Arcadismo no Brasil Colonial.
mulher por todos os lados. Assim a
pseudônimo adotado por Dionisia de
19.14 LACERDA, Luiz Carlos. Leila
para sempre Diniz. Rio de Janeiro:
Record, 1987.

19.15 GOLDENBERG, Miriam. Toda


mulher é meio Leila Diniz. Rio de
Janeiro: Record, 1995.

Excelente atriz de teatro, televisão e


cinema (Todas as mulheres do mundo,
Os paqueras, 0 mundo alegre de
HelôJ falecida tragicamente em
desastre de avião. Em 1969 deu
bombástica entrevista ao Pasquim, em
que falava de amor livre, virgindade e
relações afetivas numa linguagem
considerada chocante. Perseguida em
nome da "moral e dos bons
costumes" pela ditadura, nunca
perdeu a alegria de viver.

19.16 Eu. Zuzu Angel, procuro meu


filho. Rio de Janeiro: Philobiblion,
1986.
Dr. Assis. Brazil.
Gosto que a mulher fale, se expresse,
assim a estilista manifestava sua
insubordinação contra a colonização
cultural no modo de vestir da
brasileira. Misturando renda e chita e
estampas com motivos tropicais, Zuzu
conquistou nos anos 70 um espaço
internacional. Teve o filho assassinado
nos porões da ditadura, passando a
mover uma guerra surda contra o
governo Médici. Tudo indica que sua
morte foi um assassinato politico.

16.3 Senador Guimarães. Natal.


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Retrato da Invenção do Brasil
XIII A Tipografia, o Livro, o Jornal,
a Revista, a Charge
Cybelle de Ipanema

Há coisas axiomáticas, mas significativamente amenizado, porém professores estrangeiros, com a


nem por isso impedidas de não erradicado. Mulheres, crianças e liberalização dos portos, a expansão e
serem reveladas ou repetidas. escravos - compulsoriamente - e parte o gosto do luíhito da leitura, a
Uma linha gritante separa os conceitos do contingente masculino traçavam, montagem de bibliotecas particulares,
e suas conseqüências, de uma do Brasil de até a tipografia, um perfil a freqüência às públicas, a formação,
sociedade com letras, de outra, delas naturalmente pouco lisonjeiro. enfim, de uma sociedade nos moldes
privada. "Quem não lê mal ouve, mal A introdução da tipografia 110 da dos países que estavam à
fala, mal vê." Brasil vai permitir reverter o quadro, vanguarda.
0 analfabetismo, que ainda é com a difusão e comercialização do Os temas aqui enfocados trazem à
indicador, maior ou menor, em todos livro, o espraiamento da noticia, tona a reflexão do que teria faltado ao
os continentes, marcava através dos periódicos, a abertura de Brasil no hiato de 300 anos sem
esmagadoramente a sociedade estabelecimentos de ensino, a vinda de tipografia.
brasileira com um peso hoje Gazeta do Rio de Janeiro. 10 / 09 / 1808

GAZETA m s mm
DO R I O
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DE J A- mm $
'•í-.rí. «IVm N E I R O- '

QUARTA FEIRA 2 DE J A N E I R O DE 1811.


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U r fliiüj 1 X Í L

D E J Â - ^ ' N E 1 R O

Q U A R T A FEIRA 2 DE J A N E I R O DE f8u.

'^rftrin . . vim promove! ms;tom t

Rêctiiwe cultas peílovo rohovant. H O »V A í'

Rio iíe Janeiro 2 de Janeiro*

H E pena que y ã o decorrendo Buns dias apõz outros , e não tenhamos o gosto
de apresentar ao Público noticias verídicas e exactas sobre a grande crise l
<]ue provavelmente decidio a sorte do Reino de Portugal. Rodeados de h u m t t o p e i
de incertezas 'onere a esperança e t e m o r , perdem o-nos em conjecturas , abandona-
mo-nòs a cálculos 3 e hum qualquer vislumbre de noticia, mesmo destituído de ve-
risimilhança , nüs parece huma verdade demonstrada : repetimo-la b o n s aos o u t r o s ,
e em hum instante apparece com seu a y g m e n t o , com outras feições * eexaggera^»
da. N ã o deixa comtudô de nos causar hum grande prazer o observar , que estes
boatos quási todos são huma sentença de ruina , e morte aos nossos, a g g r e s s o r e s
despiedados j o que prova quanto e q i u o grande seja o Patriotismo oeste íiei P o v o 5
e ò ã p e - o sincero que o tem aíFerrado ao interesse da F a t r i a f honra do P r i n ç i p e ,
e manutenção do Culto.
Enire as noticias que vogão tem alguma possibilidade a seguinte v que veio da
Ma Grande.
C h e c o u aií no dia 2.4 do mez passado huma ' E m b a r c a ç ã o vinda de Jt amara-
cA , donde sahío no dia 8 do memo me/,. El ia dá por norteia, que no dia 6 ti-
nha entrado em Pernambuco hum Navio1 vindo
* ' •
de Lisbmi com breve» virf^em* , o -> j

qual participara que ps P-'ancí?-es tõráo banhos', e AJasseng iscara prisioneira'


Ora bem' sc vê que 3 p i ínita a data da partida do. Navio de Lisboa , o seu
n o m e , e o dia da batalha : pode porém, acontecer que hum Navio chegasse a Per-
namlmco em 30 dias, e cornmuri-casse ali aquella noticia, a qual passando a lia-
maracd»j narã assim dizer em g r o s s o , e destituída das circumstapcias, como vul-
garmente a «èhtè rude cosüirna éxpressàr-se â n;'o deixe loor isso1' de ser mui veri-
dica , e secundo nós todos ÍÍ desep.mos, Desculpe-nos o Público a participação de
a) Impressos sua vertente de instrumento da 8. Gazeta do Rio de Janeiro. Io 11. Diário do Rio de Janeiro
1. Relação da entrada que fez ... d. administração, iniciando a longa periódico publicado no Brasil,
f. Antonio do Desterro Malheiro ... trajetória a serviço da divulgação redigido, sucessivamente, por frei Primeiro jornal diário do Brasil, iniciou-
doutor Luiz Antonio Rosado da nacional. Tibúrcio José da Rocha, Manuel se em 01.06.1821, criação de
Cunha - é o impresso da Oficina de Ferreira de Araújo Guimarães e Zeferino Vito de Meireles. Viveu até
Antonio Isidoro da Fonseca, 1747 cônego Francisco Vieira Goulart. Rio 1878 e acolheu grandes figuras do
5. Manual de deputados ... Luís
Rafael Soyé. Rio de Janeiro: Tip. de de Janeiro: Impressão Régia, cenário politico e literário. De
Primeiro impresso produzido no Brasil, Silva Porto, 1822. 10/9/1808 a 31/12/1822. anúncios, inicialmente, crescem de
em 1747, da Oficina de Antônio tamanho e de importância sendo
Isidoro da Fonseca, no Rio de Janeiro. A oficina de Manuel Joaquim da Silva A Gazeta do Rio de Janeiro inaugura, olhado como mais velho que o
Praticamente, uma reportagem sobre Porto, desde 1822, é marca no em 10 de setembro de 1808, a Império.
a chegada do bispo, d. fr. Antônio do panorama cultural da cidade, inclusive imprensa no Brasil, com seus
Desterro Malheiro, ao Rio de Janeiro. por sua atuação de mercador de livros pioneiros jornalistas. Encerrou-se em
12. Diário de Pernambuco- prc- spr
que vinha de 1812. Foi muito ligado à 1822. Não em oficial, mas oficiosa, e
8(1)- microfilme 1825
2. Ao ilh° e ex™° sn™ Pedro Maria ... geração da Independência. reinou, suprema, até 1821 quando se

calcografia do pe. Viegas de inicia o jornalismo político no Brasil.


De 1825 (7 de novembro), detém o
Meneses; 6. Reforço patriótico ou Censor galardão de mais antigo órgão
Lusitano na interessante tarefa 9. Idade d'Ouro do Brazil. 1o brasileiro em circulação. Criado em
Em Vila Rica, o padre José Joaquim que se propôs de combater os periódico provincial e impresso em Recife por Antônio José de Miranda
Viegas de Meneses abriu em chapas de periódicos. Bahia, na Tip. da Viúva uma tipografia particular, redigido por Falcão. Totalmente vinculado ã vida
cobre o poema de Diogo Pereira Serva, e Carvalho, 1822. Diogo Soares da Silva de Bivar e pelo pernambucana.
Ribeiro de Vasconcelos, intitulado padre Inácio José de Macedo. Bahia:
Canto. Em homenagem ao governador Typographia de Serva, 14/5/1811 a
A viúva e filhos de Manuel Antônio da 13. A Província de 5. Paulo - 1875.
de Minas Gerais, Pedro Maria de 18/4/1823.
Silva Serva prosseguiram a ativa
Ataide e Melo. Ano de 1807.
empresa do fundador da tipografia e Fundada por Francisco Rangel Pestana
da imprensa na capitania da Bahia. No Semelhante à Gazeta do Rio de
e Américo Brasilico de Campos, em 4
3. Decreto de 13 de maio de 1808 seu desaparecimento, em 1819, a Janeiro, a Idade d Ouro é iniciativa de
de janeiro de 1875, mudou o nome,
- Cria a Impressão Régia tipografia Silva Serva apresentava uma Manuel Antônio da Silva Serva, na
com o advento da República, para O
Decreto do Governo Intruso... 1808 - bela folha de impressões de livros, cidade do Salvador <1811-1823). É a
Estado de S. Paulo, em circulação.
periódicos e peças oficiais. Bahia segunda unidade brasileira a ter
1813 Dos grandes veículos nacionais.
permitido o funcionamento de
tipografia.
Assinado pelo príncipe regente d. b) Jornais
14. Correio do Povo - Porto Alegre.
João, criou a Impressão Régia, 7. Correio Braziliense ou Armazém
abrindo ao Brasil a possibilidade sem Literário. 1o periódico brasileiro, 10. Jornal do Commercio. Principal
Importante marca da imprensa
fronteiras do aumento da educação redigido por Hipolito da Costa. jornal brasileiro da primeira metade
gaúcha, fundado por Francisco Vieira
e da cultura. Da maior importância Londres: Officina de W. Lewis, junho do século XIX, a cargo de Pierre
Caldas Júnior, em Porto Alegre,
para a vida brasileira, assumindo de 1808 a dezembro de 1822. Plancher e Emil Seignot. Rio de
permaneceu na familia até 1984,
vários nomes, e, aos 192 anos, a Janeiro: Typographia de Seignot-
quando foi fechado. Dava
Imprensa Nacional. De 1808 a 1822, livre de censura, o Plancher, 1/10/1827 até hoje.
credibilidade às notícias: senão saiu
brasileiro da Colônia do Sacramento,
no Correio, não é verdade.
Hipólito José da Costa Pereira Furtado Devido a Pierre Plancher, é o mais
4. Relação dos despachos ...
de Mendonça, edita em Londres o antigo jornal carioca em circulação,
Estrangeiros e da Guerra ... c) Revistas
Correio para ilustração de seus com o 1° número em 01.10.1827. Em
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 13 15. O Patriota - Rio de Janeiro,
compatriotas. Algumas vezes mais de 170 anos vem
de maio de 1808. 1813.
proibido, contribuiu, exilado para a acompanhando a vida nacional, como
Independência do Brasil. órgão de grande expressão. Já foi
No dia mesmo da criação da Primeira revista do Rio de Janeiro
Impressão Régia, primeira peça chamado de Ata da vida brasileira.
(1813-1814) e segunda do Brasil,
produzida pela tipografia oficial, na precedida por As Variedades (1812),
de Silva Serva, na Bahia. Em três 18.5 Capa do D. Quixote
tomos de pequeno formato, publicou (18/5/1895)
estudos de alto valor.
Do traço de Ângelo Agostini (1843-
16. O Auxiliador da Industria 1910), tornou-se a mais famosa
revista de charge politica e social do
Nacional - Rio de Janeiro, 1833
Órgão da Sociedade Auxiliadora da
indústria Nacional, voltado às classes
século passado, de larga aceitação em
todo o Brasil, com assinantes até do
ESTATUTOS
produtivas. Circulou no Rio de Janeiro, Amazonas. Fez rir o Rio de Janeiro e o D A
de 1833 a 1896. Acolhendo matérias pais, de 1876 a 1878.
sobre inventos, patentes, enriquecido
de ilustrações, e divulgando legislação 19. J. Carlos - A Careta
li E A L
vigente. HERMAN, Lima. Rio de Janeiro: José

d) Almanaques
Olympio, 1963.
B1BLIOTHECA.
17. Almanaque Laemmert José Carlos de Brito Cunha principiou a*"
MANDADOS ORDENAR POR SUA .MAGESTADE.
no Tagarela, em 1902. Colaborou em * - • .. * ,

Almanack Administrativo, Mercantil e muitas revistas do Rio de Janeiro, em


industrial da Corte do Rio de Janeiro, especial Careta, Revista da Semana, O
ampliado para da Corte e Província, Cruzeiro. Criador da "melindrosa" e
depois estendendo-se ao país inteiro. outros tipos, satirizando a vida
De 1843 a 1942. Fundado por carioca.
Eduardo e Henrique Lammert sua
imprensa com editora, livraria e 20. NÁSSARA, Antônio Gabriel.
tipografia prestou os maiores serviços Charge Welcome ao Cantagalo. RIO DE JANEIRO.
à grande parte do Império e da Aquarela original (Coleção Edmar
República. Morei). NA H E G I A TYPOCRAPIIIA.
1821.
e) Charges
18. Ângelo Agostini
18.1 Por cima e por baixo do rio
Paraguai (A Vida Fluminense
4/4/1868)

18.2 De volta do Paraguai (A Vida


Fluminense 11/6/1870)

18.3 Capa do 1o número da Revista


Ilustrada 1° de janeiro de 1876.

18.4 O coveiro dos sexagenários


(Revista Ilustrada 30/6/1885).
XIV ^ A Construção da Imagem do País
A Cartografia: a Constituição
do País como Território
Max Justo Guedes

I
No último quartel do século XV, L.N k-r
I E U W E CA E R . T F
MXfktr nkjMbyh U/r IJUU«V*.
I — mir i- U AfvwW.^U*
a escola cartográfica lusa Rn mrnnik kfikrírSrli*rr MJ^
L.fcyWr.• Ujmvt* tt L
«* JMj^J" « jftr frrmm A-
tornou-se a primeira da Europa, U fakfémikjd. h.Jt.mk r-w—r. j
k£i i *£r mi rm
notadamente porque as viagens
Wiktn Pro
pioneiras da Carreira da índia e a
ação dos nautas portugueses no Alftwai P

Oriente forneciam-lhe conhecimentos


de primeira mão e notável acuidade.
Esta primazia foi mantida Epuremci

durante todo o século XVI, mas sofreu


forte abalo quando Províncias Unidas,
na sua guerra de independência contra
Castela, iniciaram suas expedições
marítimas no rumo das terras e ilhas
asiáticas.
Apoiada por magnífico conjunto
de artistas, gravadores e homens de
ciência, a escola cartográfica holandesa HONDIUS. Jodocus (1563 - 1612)
rapidamente superou a congênere Nieuw» Caerte van hei wanderbaer ende gondrijcke landt Guiana. 1598
portuguesa e predominou na Europa
até o espetacular desenvolvimento
ocorrido na França, após a fundação
da Academia de Ciências de Paris
ALBERNAZ, João Teixeira
(oficina).
Pequeno atlas do Maranhão
e Grào-Parà, I, c. 1629

(reinado de Luís XIV) e a solução dc os estagnados estudos matemáticos, A gigantesca produção


problema crucial à cartografia: a geográficos e astronômicos em cartográfica então surgida serviu de
determinação astronômica das Portugal; havia que ser totalmente base para que, 110 Império e início da
longitudes. Tendo como base os refeito o mapa do Brasil e negociados República, fossem solucionadas as
estudos e descobertas de Galileu e as os limites americanos com os vizinhos nossas questões de fronteiras e
tábuas de outro italiano, Cassino, a castelhanos. Nas academias militares organizada a Carta do Império do
cartografia francesa alcançou níveis portuguesas e na do Rio de Janeiro, Brasil (1875); não foram menores os
altíssimos que veio mostrar os formou-se notável plêiade de geógrafos esforços no mar, pois permitiram que,
gigantescos avanços que os portugueses e astrônomos que, a princípio, nos dias atuais, a Diretoria de
haviam realizado nos territórios hoje acompanhando os estrangeiros I lidrografia e Navegação construa
brasileiros, burlando a linha de contatados, reformularam totalmente cartas náuticas de excepcional
Tordesilhas. 0 alarme na corte lusitana a cartografia do Brasil para as qualidade.
obrigou a Coroa a contratar, 110 demarcações dos limites do Tratado de
estrangeiro, técnicos que reavivassem Madri (1750) e, posteriormente, do de
Santo Idelfonso (1777).

97
1. PTOLOMEU. In: Johann Scholtus. Em 1570, Abraham Ortelius publicou,
Tabula Terre Nove. Publicada no em Antuérpia, o Theatrum Orbis
Suplementum da edição de 1513. Terrarum, que pode ser considerado o
primeiro atlas moderno. Contendo 53
No inicio do século XV a Geografia foi
cartas, obteve retumbante sucesso em
conhecida no Ocidente e impressa,
sucessivas edições, atualizadas pelos
com mapas, pela primeira vez, em
Additamentum; o mapa das Américas
Bolonha, 1477. O Descobrimento da
aqui apresentado foi introduzido nos
América tornou a obra
de 1587.
momentaneamente desatualizada,
pelo que só em 1507 foi feita nova
5. HONDIUS, Jodocus (1563 -
edição, com introdução de seis
1612). Nieuwe Caerte van het
tabulae modernae; outra notável
wanderbaer ende gondrijcke landt
edição é esta de 1513 (Estrasburgo,
Guiana, 1598.
Johann Scholtus, com 20 novas cartas
no suppIementurrU entre elas a Esta carta evidencia os novos
Tabula Terre Nove. conhecimentos geográficos adquiridos
pela (fracassada) expedição de Sir
2. Typus cosmographius Walter Raleigh (1595) ao reino da
universalis, publicado no Novus orbis Guiana, em busca do Eldorado, e
9
regionum, Basilea. ampliados nos dois anos imediatos
por viagens de Laurence Keymis e Jornada do Pará, visando a também demonstra os importantes
Publicado no Novus Orbis Regionum
Leonard Berry. expulsar da região amazônica conhecimentos náutico-geográficos
ac Insularum veteribus Incognitarum,
holandeses e franceses que ali se obtidos pelos portugueses com a
editado em Basiléia, 1532, por J.
6. LASSO, Bartolomeu e LANGREN, haviam estabelecido. Antonio Vicente Jornada do Maranhão (expulsão dos
Hervagium, com a colaboração de J.
Henricus F. van. Delineatio omnium Cochado foi o piloto da expedição, franceses) e ações portuguesas na
Huttich e do célebre Simon Grynaeus,
orarum totius Australis partis tornando-se profundo conhecedor da Amazônia após a fundação do forte
que redigiu o prefácio desta coleção
Americae, 1599, publicado na obra de navegação das águas equatoriais, que do Presépio, que daria origem á
de mapas das novas terras
Linschoten Navigatio ac itinerarium utilizou na Descripção aqui mostrada. cidade de Belém.
descobertas.
etc. Haia, 1599. Notável é, também, a estrada
8. GERRITZ, Hessel. Tlandt van Brasil mandada abrir por Bento Maciel
3. GASTALDI, Giacomo. Brasil. 1544, Este belo mapa, de autoria do
met aengelegene Provincien. Publi. no Parente do Pará até o Maranhão para
Veneza: publicado em Ramusio, cartógrafo português Bartolomeu
Nieuwe Wereldt, de Johannes de Laet, assegurar as comunicações entre
Raccolta di Navigationi et viaggi, Lasso, foi gravado por Henricus
de 1625. ambos.
1550-9, Florentius van Langren para a primeira
edição (holandesa) da notável obra de Desenhada pelo notável roteirista e
Foi publicado na célebre raccolta de 10. ALBERNAZ, João Teixeira
Jan Huygen van Linschhoten cartógrafo Hessel Gerritsz, autor deste
Giambattista (Giovanni) Ramusio (oficina). Atlas universal. Anônimo - I,
Itinerário. Voyage ofte Schipvaert etc. e mais nove mapas que loann/s de
Navigationi et Viaggi (Veneza, 1550- c. 1632.
(Cornelis Claes, Amsterdam, 1596); Laet incluiu na sua obra Niewe
1559), importantíssimo marco nas
traduzida para o latim, foi publicada, Wereldt ofte Beschrinjvinghe van Este atlas universal (truncado) é,
relações de viagens e navegações.
em Amsterdam, 1599, também por West-lndien, ou seja, Novo Mundo ou seguramente, de autoria de João
Este mapa ilustra o Terzo volume,
Cornelis Claes, com o titulo Navigatio Descrição das índias Ocidentais, Leide, Teixeira Albernaz I; desenhado em
sendo interessantes as cenas com
aa Itinerarium etc. 1625. pergaminho, é aberto por
costumes indigenas.
importantíssimo planisfério no qual
7. COCHADO, Antonio Vicente. 9. ALBERNAZ, João Teixeira o Brasil aparece em posição central,
4. ORTELIUS, Abraham (1527 -
Descripção dos Rios Para Curupa e (oficina). Pequeno atlas do Maranhão estendendo-se do equador ao rio da
1598). Americae Sive Novi Orbis, Nova
Mazonas, c. 1623-24. e Grão-Pará, I, c. 1629. Prata.
Descriptio, 1570, publicado num dos
Additamentum que, a partir de 1573, Após a expulsão dos franceses da Esta seqüência de três cartas náuticas,
foram feitos ao Theatrum Orbis França Equinocial (1615), foi enviado de autor anônimo, mas seguramente
Terra rum. Francisco Caldeira de Castelo Branco á da oficina de João Teixeira Albernaz I,
11. VISSCHER [Piscator] ( 1 6 1 8 - 14. WIT, Frederick de ( 1 6 1 0 - 1698). O mapa de Nicolas de 1650 foi revisto 20. FRITZ, Samuel (1656 - 1725). El
1679), NICOLAS (1618 - 1679) Nova Totius Americae Descriptio, por seu filho Guillaume "levando em Gran Rio Marahon o Amazonas Con
PHARNAMBUCI, c. 1640 Frederick de Wit, 1660. conta" as memórias mais recentes, Ia Mission de Ia Compania de Jesus.
segundo afirmou; o território Quito: 1707.
Incluído em belíssima estampa (mapa, Embora o delineamento não difira
brasileiro, a exemplo de Blaeu e Wit, é
vista panorâmica e texto), o mapa de muito do mostrado no mapa de Esta importantíssima carta do rio
extremamente reduzido em latitude,
Visscher, gravado por seu pai Claes Janssonius c. 1646-7, deve ser notado Solimóes-Amazonas e seus
de pouco ultrapassando, na costa, o
Jansz. Visscher, retrata o ataque e o alargamento longitudinal do formadores foi desenhada em 1691,
trópico de Capricórnio.
tomada de Pernambuco pela território brasileiro e o enriquecimento após o jesuíta Fritz haver descido a
esquadra da Companhia das Índias da sua rede hidrográfica. imensa caudal até Belém (1689), onde
18. FERNÁNDEZ DE MEDRANO,
Ocidentais (W.I.C.), em fevereiro de Notáveis são as seis vistas de cidades teve contato com seu colega padre A.
Sebastian e MENDOZA SANDOVAL,
1630, após heróica mas inútil e vilas americanas da parte superior Conrado Pfeil, autor de mapa do
Joseph de. Carta Geographica de una
resistência de Matias de Albuquerque. (inclusive Olinda) e a representação de "Grande rio das Amazonas" hoje
nueva Descripcion dei gran rio y
É, provavelmente, baseado em planta indígenas americanos. desaparecido, que deve ter dado
império de Ias Amazonas Americanas,
do cartografo português Cristóvão preciosas informações a Fritz.
Bruxelas: c. 1700.
Alvares e levantamentos do auxiliar de 15. ALBERNAZ, João Teixeira II O mapa foi gravado em Quito e
engenheiro Pieter van Beuren. (anônimo). Atlas do Brasil cJ 29 cartas, Fernández de Medrano (1646-1704), alcançou tal êxito que voltou a ser

C. 1666. engenheiro militar, foi professor da impresso na França e na Inglaterra dez

12. JANSSONIUS. Joannes. Academia Real Militar de Bruxelas anos depois; o original manuscrito
Este atlas do Brasil (truncado, com 29 (Países Baixos espanhóis, onde foi está na Biblioteca Nacional de Paris,
Accuratissima Brasilae Tabula.
cartas) do qual falta a folha de rosto e impressa a CARTA), chegando ao para onde foi levado pelo célebre La
Amsterdam: s.d (?).
as duas primeiras cartas parciais, è posto de general de batalha; foi Condamine.
Incluída no Novus atlas sive theatrum seguramente de autoria de João excelente geógrafo e especialista em
orbis terrarum (quatro volumes), Teixeira Albemaz II, cosmógrafo-mor e fortificaçóes; a CARTA GEOGRAPHICA 21. L'ISLE, Guillaume de (1675 -
impresso, em Amsterdam, na prolífico cartógrafo atuante em ê muito rica em relação aos territórios 1726). Carte D'Amerique. Paris: 1733.
seqüência dos atlas da firma Portugal na segunda metade do espanhóis da América do Sul, mas
Mercator-Hondius. São mostradas, em século XVII. Deve ter aprendido o inferior às do conde de Pagan e Trata-se de edição póstuma da mais
insertos, a "Baya de Todos Santos" e a oficio com o avô Albemaz I, embora Samuel Fritz no que concerne à bacia importante e fiel carta do continente
"Villa d'Olinda" de Pernambuco, de sua obra seja bem menos cuidada que Solimões / Amazonas. americano até então desenhada;
grande interesse para os holandeses, a do mestre. repete a de 1722, que acompanhou a
em face da ocupação batava do dissertação que fez sobre a
19. L'ISLE, Guillaume de
Nordeste. 16. BLAEU, Joane (1596 - 1673). "Determination géographique de Ia
(1675-1726). L'Amerique Meridionale
Nova e Accurata Brasilaes totius situation et de 1'etendue des
- c . 1700.
13. GOLIATH, Cornelis e SCHUT, Tabula, p. 1.650. differentes parties de Ia Terre", ambos
Pieter H. Perfecte Caerte der Desenhada "para uso do sereníssimo golpes mortais nas falsificações
Na vastíssima obra deste ilustre
gelegentheyt van OLINDA de duque de Borgonha" a carta foi, cartográficas portuguesas visando a
cartógrafo, editor do Atlas Major, um
Pharnambuco MAVRITS STADT ende t' posteriormente, gravada em colocar a foz do rio da Prata na parte
dos mais importantes monumentos da
RECIFFO, por Cornelis Goliath, 1648. Amsterdam por I. Covens e C. lusa da divisória de Tordesilhas. Em
geografia do século XVII, esta carta
Mortier. conseqüência, a Coroa portuguesa
Trata-se da versão gravada de mapa BRASÍLIA tem o mérito de apresentar
É bastante superior aos mapas teve que reformular os estudos
manuscrito, hoje na Biblioteca a divisão de nosso território em
holandeses e franceses que a matemáticos, geográficos e
Nacional de Viena, de autoria Cornelis capitanias do Pará a São Vicente,
antecederam, embora mantendo os astronômicos nas suas academias
Goliath, cartógrafo de Maurício de onde, a exemplo dos espanhóis, os
limites usuais para o território militares, com gigantesco beneficio
Nassau quando governava o Brasil holandeses consideravam findar a
brasileiro, não obstante decorridos 20 para o melhor mapeamento do
Holandês; apresenta duas vistas, uma jurisdição portuguesa. Notável é a
anos desde a fundação de Paranaguá, território brasileiro (Tratados de Madri
da cidade Mauricia e Recife, outra de distribuição da população indígena.
da Colônia do Sacramento e do e Santo lldefonso).
Friburgo, corte do conde.
avanço dos luso-brasileiros no
Gravura em cobre de Pieter H. Schut, 17. SANSON, Nicolas (1600 - 1667) chamado Continente do Rio Grande
impressa por Claes Jansz. Visscher. e SANSON, Guillaume (1633(?) - (Rio Grande do Sul).
1703). Amerique Meridionale, 1679.
22. GUSMÃO, Alexandre de e Faria. Produziu valiosas peças ao preparar-se o de Santo lldefonso A região aqui cartografada era de
(coord.). Mapa das cortes. 1749. cartográficas, entre elas a Tabula (1777) já dispunham as autoridades capital importância em razão das
nova, atque accurata America espanholas de notável peça minas auriferas do Mato Grosso,
Para as negociações do tratado de
Australis etc., 1772, também do cartográfica, o mapa de Cano y alcançadas navegando-se pelos rios
limites entre o Brasil e os territórios
acervo da Biblioteca Nacional. Olmedilla, gravado em 1775 representados.
espanhóis vizinhos iniciadas no final de
Concluídas as demarcações da especialmente para as negociações.
1746 e, a partir de 1747, instruídas
Comissão do Sul regressou a Lisboa, Trata-se, indubitavelmente, do melhor 30. FERREIRA, João da Costa (1750
pela brilhante inteligência do brasileiro
onde foi lente da Academia Real de mapa geral da América do Sul até - 1822). Carta náutica do litoral
Alexandre de Gusmão, secretário de d.
Marinha até seu falecimento. então produzido, embora os brasileiro entre as proximidades da
João V, fez-se necessária a elaboração
pequenos erros que apresenta, baía da ilha Grande e ilha de Santa
de um mapa dos territórios em litígio,
25. BLASCO, Michelangelo (c. 1710 obrigando a correções nas chapas e Catarina (c. 23° 20' S e 28° 00' S), p.
pois o interior do continente era
- c. 1772). Documento 1°. Treslado de originando segunda tiragem. 1793.
precarissimamente conhecido.
húa parte do Mappa Geral etc c. A Biblioteca Nacional, em seu
Coube a coordenação da elaboração Costa Ferreira, engenheiro militar, veio
1758, Mssl, 28, 24, 14 riquíssimo acervo, possui exemplares
deste mapa a Gusmão que, para o Brasil, em 1788, para participar
de ambas, rarissimas, diga-se.
aproveitando-se daquele Natural de Gênova, Blasco foi das demarcações dos limites do
desconhecimento, fê-lo da forma mais contratado para a demarcação de Tratado de Santo lldefonso; mandado
28. CARVALHO, José Simões de.
favorável às pretensões portuguesas, limites do Tratado de Madri; trabalhou servir em São Paulo, ali adquiriu
Carta do Rio Branco e suas
conseguindo com isto a assinatura do na Comissão do Sul a partir de 1752 e grande fama elaborando, com seu
confluentes, 1787.
Tratado de Madri, em 13 de janeiro produziu importante obra ajudante A. Rodrigues Montesinho, a
(aliás, 14) de 1750. cartográfica; o mapa aqui Para as demarcações de limites do carta "Corographica e Hidrographica
apresentado serviu para apresentar as Tratado de Santo lldefonso (1777) de toda a Costa do mar da Capitania
23. FARIA, José Custódio de Sá dúvidas dos geógrafos demarcadores. foram criadas quatro comissões de São Paulo", com latitudes e
(1710 - 1792). Demonstração do Tal era a capacidade de Blasco que, ao conjuntas luso-espanholas. A quarta e longitudes observadas pelo astrônomo
curso do Rio Ygatemy e terreno regressar definitivamente a Portugal, última delas trabalhou no rio Negro e real Francisco d'Oliveira Barbosa; além
adjacente, José Custódio de Sá e foi nomeado engenheiro-mor do afluentes do norte do rio Solimões; desta, executou cartas dos portos de
Faria, s. I., c. 1754. reino. chefiou a parte portuguesa o Santos, Cananéia, Paranaguá e
governador de Mato Grosso João Guaratuba.
Para demarcação dos gigantescos
26. GALLUZI, Henrique Antonio. Pereira Caldas, sendo um dos A carta mostrada é de excelente
limites do Tratado de Madri foram
Mappa geral do Pará etc., 1759. astrônomos o doutor José Simões de elaboração e foi básica para os
criadas duas comissões, a do Sul e a
Carvalho. levantamentos do barão de Roussin,
do Norte, das quais participaram uma Galluzi, de origem italiana, foi
Esta quarta comissão produziu quase três décadas mais tarde.
plêiade de notáveis astrônomos, contratado para as demarcações do
abundante cartografia, notadamente
engenheiros, geógrafos e Tratado de Madri, chegando ao Brasil
dos rios Negro, Branco e Japurá, em 31. NIEMEYER, Jacob Conrado de
desenhadores; dela fez parte o na frota do Maranhão (1753), para
busca das ligações entre eles. (1788 - 1862). Carta Corographica do
sargento-mor José Custódio de Sá e trabalhar na Comissão do Norte; as
Império do Brazil dedicada ao Instituto
Faria, encarregado de uma das três comissões espanhola e portuguesa
29. Anônimo e SERRA, Ricardo Histórico e Geográfico brazileiro. Rio
partidas da Comissão do Sul, que jamais se encontraram, mas os
Franco de Almeida (? - 1798). de Janeiro: Heaton e Rensburg, 1846.
levaria a fronteira até o rio Jauru; o demarcadores portugueses não
Mappa da parte do rio Guaporê, e
mapa apresentado é um dentre ficaram inativos, produzindo valiosos Litografado no Rio de Janeiro por
dos rios Sararé, Galera, S. João e
centenas então produzidos. mapas da região amazônica; um Heaton 8i Rensburg, o mapa do entáo
Branco, c. 1795.
deles, de autoria de Galluzi, é aqui coronel Niemeyer constituiu notável
24. CIERA, Miguel (Michele) mostrado. Almeida Serra, notável astrônomo e esforço, se considerados os recursos
Antônio engenheiro militar brasileiro, foi da época; dela já constam os limites
(? - 1782). [Rio da Prata I], Miguel 27. CANO y OLMEDILLA, Juan de designado para trabalhar na terceira brasileiros àquela data e os entre as
Ciera, 1758. Ia Cruz (1734-1790). Mapa comissão, havendo chegado à Vila várias províncias do Império.
Geográfico de America Meridional, s. Bela em 1782, tornando-se notável Nada menos de 10 insertos mostram
C/era, nascido em Pádova (República
I. [Madri], 1775. conhecedor de toda a região as plantas do Rio de Janeiro, ilha do
de Veneza) foi contratado para
percorrida desde o rio Madeira até o Maranháo e oito capitais de
astrônomo das demarcações do Ao contrário do que ocorrera quando
Jauru e baia Negra. províncias.
Tratado de Madri, trabalhando com Sá das negociações do Tratado de Madri,
32. Comissão da Carta Geral (1864 atividade; planejada para ser feita em
- 1878). Carta do Império do Brasil 42 folhas, o número jamais foi
organizado pela Comissão da Carta alcançado; em 1871 estavam prontas
Geral sob a presidência do General 31, mas foram consideradas
Henrique de Beaurepaire Rohan, [Rio insatisfatórias; novo planejamento,
de Janeiro], Inst. Heliographico A. reduzindo aquele número para 30,
Henschel, 1875. jamais foi cumprido, o que levou o
ministro Cansansão de Sinimbu a
Gravada no Rio de Janeiro pelo
extinguir a comissão, em razão dos
Instituto Heliographico A. Henschel,
gastos que acarretava.
foi o resultado prático dos
demorados trabalhos da Comissão da
Carta Geral nos seus 14 anos de

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Do Nascimento da Fotografia ao Livro Fotográfico
um Retrato da Formação cio Brasil
Joaquim Marçal Ferreira de Andrade

e Késiah Pinheiro Viana

A fotografia foi o resultado de por conquistar, também - já no século Fotografias originais do século XIX
1. CALCAGNO, Luiz Bartolomeu.
um processo que se XX - um papel preponderante com o
Tiradores de esmolas para a festa do
desenvolveu durante séculos e advento da reportagem fotográfica. Divino, na paroquia de N. 5. da
recebeu impulso decisivo à época do Tomando como ponto de partida Abadia de Bom Sucesso. Minas Gerais,
Renascimento italiano, quando tomou o acervo fotográfico histórico da 1875. 1 foto.

forma a camera obscura, logo provida Biblioteca Nacional, onde destacamos Típica cena do interior do Brasil no
período, dentre muitas realizadas por
de lentes que vieram amplificar o algümas imagens marcantes,
Luiz Calcagno, este grupo musical
desejo humano de reproduzir pertencentes em sua maior parte à tinha participantes de diversas faixas
visualmente sua própria realidade. Coleção d. Thereza Christina Maria, etárias e cumpria importante função

Pouco depois de sua descoberta, já 110 formada pelo imperador d. Pedro II nas festas religiosas. 0 longo tempo
de exposição, necessário para a
século XIX, a fotografia logo começa a no século XIX e consistindo no melhor realização da fotografia, justifica a
ser apropriada pelos mais diversos testemunho do período inicial da postura pouco natural dos retratados.

campos do conhecimento. fotografia em nosso país, pretendemos


2. CHRISTIANO JÚNIOR. Escravos.
Ademais, segue o mesmo rumo da traçar em seguida, em linhas gerais,
Rio de Janeiro, entre 1864 e 1866. 6
gravura, incorporando-se às páginas um percurso do livro fotográfico fotos em 3 cartões.

do livro impresso. Surgem então os brasileiro e/ou acerca do Brasil, desde É bastante provável que Christiano
Urros fotográficos, onde a imagem suas origens até os nossos dias. Júnior tenha realizado a mais extensa
série de retratos de escravos dos anos
deixa de ser um elemento meramente
1860, no Rio de Janeiro, trazendo-os
ilustrativo e passa a ocupar o lugar ao seu estúdio e fotografando-os em
principal, ficando o texto a ela frente a cenários nem sempre
condizentes com a realidade. Há
subordinado. Posteriormente, a
imagens de caráter puramente
fotografia é incorporada às etnográfico e outras onde os negros
publicações periódicas, onde termina de ganho demonstram suas
7. FIDANZA & Cia. Arco da artistas de Paris, (...) e acompanhados
Companhia do Amazonas, visto da de três volumes in-4o, sobre a
terra e do rio. In: . Festejos no historia, as instituições, as cidades, as
Pará por ocasião da visita de D. Pedro fazendas, a cultura, a colonisação,
II. Belém, 7 set. 1867. 3 fotos, fotos 1 etc., do Brazil, por Charles
e 2. Ribeyrolles".

Curioso observar a preocupação de


10. MULOCK, Benjamin R.
Fidanza - rara, para a época - em
Passenger station at Bahia being
registrar os dois pontos de vista,
erected for the Bahia & San Francisco
diametralmente opostos, do arco
Railway, 5jan. 1861. In: .
construído por ocasião dos festejos.
Cidade de Salvador e construção da
Trata-se de um 'preciosismo' que vai
ferrovia Bahia and S. Francisco
nos mostrando o rumo que a
Railway. Salvador, 1861. 59 fotos,
fotografia documental e jornalística foto 53.
tomará, décadas à frente.
Benjamin Mulock foi contratado pelo
empreiteiro da estrada de ferro Bahia
8. FRISCH, August. Amaúas, indiens & San Francisco Railway para
antropophages... In: . Tipos documentar a sua construção.
habilidades. Seu objetivo era 5. FERREZ, Marc. Rua Larga de São humanos e aspectos naturais. Realizou, então, algumas das mais
comercializá-las entre os estrangeiros Joaquim [ej Pavilhão da República. In: Amazonas, c. 1865. 14 fotos, foto 7. belas fotografias panorâmicas de
. Festejos por ocasião da posse obras de engenharia que se
3. CORRÊA, J. A. Secca de 1877-78. do Presidente Prudente de Moraes. Rio August Frisch teria sido o primeiro
conhecem em nosso pais.
Ceará, 1877-1878. 14 fotos. de Janeiro, 15 nov. 1894], 13 fotos, fotógrafo a penetrar no Amazonas.

fotos 5 e 9. Para obter cenas como esta,


Este impressionante conjunto de 11. NIEMEYER, Louis. Serraria de
fotografou um Índio em estúdio,
fotografias de vitimas da seca do S.A.R. o Principe de Joinville. In:
Marc Ferrez é unanimemente provavelmente improvisado, para
Ceará de 1877-78, a mais terrível do . Vistas photographicas da
considerado o principal mestre da depois superpô-lo à cena da mata,
século XIX, deu origem àquela que Colonia Dona Francisca. [Joinville],
fotografia brasileira oitocentista. Estes num evidente recurso de
talvez seja a primeira utilização da 1866. 18 fotos, foto 6.
dois instantâneos dos festejos da fotomontagem. Um instrutivo
fotografia na imprensa brasileira com posse de Prudente de Moraes estão exemplo do 'olhar europeu', suas Otto Louis Niemeyer, fotógrafo de
um caráter de denúncia, de entre os primeiros que conseguiram fotos foram premiadas na Europa. apurado senso estético, foi um
comprovação de fatos até então captar o clima da ocasião, o que os pioneiro da colonização alemã no sul
negados pelo poder central do país (0 reveste de um significado todo 9. FROND, Victor. Brazilpittoresco. do Brasil, tendo ofertado o álbum que
Besouro, 20 de julho de 1878). especial. Paris: Lemercier, 1861. Pr. 47: Le inclui esta foto ao imperador d. Pedro
départ pour Ia roça, gravura de F. II em 1866. O dono da serraria,
4. DIETZE, Albert Richard. Pinheiro 6. FERREZ, Marc. Revolta da Armada. Sorrieu. Pr. 74: Fazenda de Quissaman príncipe de Joinville, havia se casado
brasileiro. In: . Colônias de In: . Revolta da Armada. Rio de pris de Campos, gravura de Jacottet. com d. Francisca de Bragança e
imigrantes europeus. Espirito Santo, Janeiro, 1894. 20 fotos, fotos 12 e 19 Áustria, filha de d. Pedro I, recebendo
[entre 1869 e 1878], 53 fotos, foto 9. Estas litografias foram produzidas a
Marc Ferrez era Fotógrafo da Marinha como dote grandes extensões de terra
partir de fotografias de Victor Frond e
Dietze foi talvez o mais importante Imperial, sendo capaz de preparar naquela região, nas quais surgiu a
fazem parte da obra "Brazil
pioneiro da fotografia capixaba, mas chapas com sensibilidade suficiente nova colônia.
pittoresco. Álbum de vistas,
só agora começa a receber o devido para 'congelar' as embarcações em panoramas, paisagens, monumentos,
reconhecimento e o merecido lugar suas fotografias. Na Revolta da 12. PACHECO, Joaquim Insley
costumes, etc., com os retratos de
na história da fotografia brasileira. Armada, realizou uma verdadeira Pedro II e Teresa Cristina Maria. Rio de
Sua Magestade Imperador Don Pedro
Seu trabalho de documentação dos reportagem fotográfica, Janeiro, 1883. 2 fotos. Platinotipia.
II et da familia imperial,
primeiros colonos chegados à colônia acompanhando os diversos estágios e photographados por Victor Frond, É bastante provável que este par de
de Santa Leopoldina tem valor situações do 'drama' dos navios lithographiados pelos primeiros retratos imperiais não encontre similar
estético e documental. envolvidos no conflito.
habilidoso e criativo, tendo marcante dos imigrantes poloneses e
participado com esta genial alemães na cidade de Curitiba, PR,
fotomontagem da exposição Louisiana onde a figura dos anões se esconde
Purchase Exhibition em St. Louis, EUA, nos jardins, representando "a cultura
onde recebeu a medalha de prata. céltica viva e presente". No que se
refere às suas dimensões, trata-se de
Livros Fotográficos (sécs. XIX E XX) um dos menores - senão o menor -
17. AMADO, Jorge, DAMM, Flávio, livros fotográficos já produzido no
CARIBÉ. Bahia boa terra Bahia. [Rio Brasil.
de Janeiro] : Image, [19—].
20. CACCAVONI, Arthur. Álbum
A obra é dedicada a Pierre Verger. descrittivo anuario dello stato dei
Segundo o colofão, a idéia do livro foi Pará. Belém: [s.n.J, 1898.
de Jorge Amado que logo teve o apoio
Anuário do Estado do Pará referente
entusiástico de Carybé e Flávio Damm.
ao ano de 1898, realizado pelo
Na feitura do roteiro trabalhou também
empresário de origem italiana Arthur
Luiz Vianna Filho. Segundo depoimento
Caccavoni, destinado aos
do fotógrafo Flávio Damm, depois de
estabelecimentos financeiros,
editadas as fotografias, com desenhos
industriais e comerciais e aos viajantes
11 e paginação Carybé, o trabalho foi
de uma linha de transportes náuticos.
em todo o mundo - em especial a 1868. Brasil, entre 1868 e 1869. 1 apresentado a Jorge Amado, recém-
A obra alterna breves textos
imagem do imperador d. Pedro II, álbum (41 fotos), foto 24. chegado de uma viagem, tendo só
informativos e farta publicidade com
fazendo uma pedra de trono, em meio então nascido o texto que a
São mais de trinta trabalhadores, em vistas fotográficas de Belém e
a um cenário tropical. Pacheco era acompanha.
diferentes locais, posando para o a arredores, que se apresentam com
também pintor e participou de diversos 18. ARBORETUM Amazonicum : 1
fotógrafo - talvez um dos mais absoluta regularidade ao longo de
salões nacionais de belas-artes. década. [Belém) : Museu Paraense de
arrojados retratos de grupo realizados todo o volume.
Historia Natural e Ethnographia,
até então. Esta fotografia faz parte de
13. PLANTAS parasitas. In: Plantas 1900.
um álbum especialmente preparado 21. CRAVO NETO, Mário. Salvador.
parasitas. Pará?, 18—. 3 fotos, foto 2. Salvador: Aires, 1999. 242 p.
pelo fotógrafo Augusto Stahl para o Em 1900, o botânico suíço Jacques
Este é um exemplo ancestral da imperador d. Pedro II. Hubner, fundador da Seção de
Mário Cravo Neto é considerado um
utilização da fotografia na Botânica do Museu Goeldi, do qual se
dos grandes nomes da fotografia
documentação das espécies vegetais, 15. STAHL & Cia. Cachoeira de Paulo tornou depois diretor, lançou o
brasileira contemporânea. Em alguns
podendo ser considerado um marco Afonso, Rio São Francisco. Alagoas, Arboretum Amazonicum, coletânea
de seus ensaios mais divulgados,
da progressiva substituição do 186-, 1 foto. bilíngüe (portuguès-francês) de alguns
conjuga de maneira peculiar o caráter
ilustrador botânico pelo fotógrafo. Na dos mais interessantes aspectos de
0 fotógrafo paisagista alemão documental á sua expressão pessoal e
verdade, esta substituição nunca se nossa flora, documentados em
Augusto Stahl chegou a Recife PE em artística. Este livro fotográfico sobre a
concretizou na sua totalidade e o fotografias provavelmente de sua
1853, mudando-se na década cidade de Salvador foi idealizado e
trabalho do ilustrador botânico tem o própria autoria. Impresso na Suiça,
seguinte para o Rio de Janeiro. editado por ele, em parceria com
seu espaço e o seu valor até os nossos objetivava a divulgação nacional e
Realizou um dos mais notáveis outros profissionais.
dias. internacional de aspectos pouco
trabalhos de fotografia paisagística do
conhecidos da floresta tropical
período. 22. FUSS, Peter. Brasil. Berlim:
14. RIEDEL, Augusto. Lavra de amazônica.
Atlantis-Verlag, [c. 1937], 304 p.
diamantes do Sr. Comor. Felisberto
16. VIEIRA, Valério. Os trinta "A escolha das photographias que
d'Andrade Brant, Sào Joáo da 19. AZEVEDO, Orlando. Jardim de
Valérios. S.I., c. 1890. 1 foto. anões. Curitiba: Fotografia ornam este livro obedeceu a duas
Chapada, Minas Gerais. In: .
Viagem de S.S.A.A. Reaes Duque de Além de dominar vários processos Comunicação e Ed., 1992. [124] p. ordens de considerações: o esplendor

Saxe e seu augusto irmão D. Luis fotográficos, o fotógrafo paulistano panoramico do paiz e as
Orlando Azevedo documenta um
Philippe ao interior do Brasil no anno Valério Vieira era um profissional características ou peculiaridades que o
curioso aspecto da influência
assignalam." Assim inicia-se o A obra tem apresentações de Manuel Segundo o Barão do Rio Branco, "O 30. SLOMP, Vilma. Dor. São Paulo:
preâmbulo da obra, que é seguido de Bandeira e Cândido Portinari e Álbum de Vistas do Brasil se destina a DBA, 1998. [33] p.
um texto informativo, de cunho legendas de Orígenes Lessa. Segundo acompanhar o texto da segunda
históríco-geográfico e que tenta dar a pesquisadora Helouise Costa, o edição de Brésil, extrato da Grand Experimentando um dos possíveis
conta do pais em seis páginas. fotógrafo Jean Manzon, que Encyclopédie, trabalho com o qual eu territórios da expressão pessoal no livro
Impresso em rotogravura, os textos e trabalhou durante longos anos em tive a honra de colaborar, sob a fotográfico, Vilma Slomp expõe toda a
legendas estão em português, parceria com o jornalista David Nasser direção de M. E. Levasseur, do sua dor através de fotografias cuja
alemão, espanhol, inglês e francês. na revista 0 Cruzeiro, de Assis Instituto". Sob este aspecto, então, realização, segundo a crítica de arte
Chateaubriand, "deu concretude não se trata precisamente de um livro Angélica de Moraes, "coincidiu com
23. HESS, Erich Joachim. Isto ê o visual a um conjunto de idéias fotográfico, embora a obra se momentos pessoais especialmente
Brasil! [São Paulo]: Melhoramentos, preconcebidas sobre o Brasil, sustente como tal. O Barão compara-a difíceis da autora. Para exorcizá-los, a
[1959], [120] p. ao Brazil pittoresco, afirmando que "a fotógrafa se armou de sua câmara e,
provenientes de várias fontes: do
programa do Estado Novo, das presente coleção é a mais completa para além da terapia pessoal, construiu
A obra tem prefácio e legendas de
diretrizes da arte de cunho social e que foi publicada até aqui". um conjunto de trabalhos dotados de
Rachel de Queiroz, além de uma
introdução de Rodrigo M. F. de das idéias engendradas no seio da valor artístico. (...) Como na pintura
intelectualidade modernista". 28. RIO BRANCO, Miguel. Silent holandesa antiga, a luz é a grande
Andrade, amigo de Hess, que trabalhou
book. São Paulo: Cosac 8. Naify, 1997. protagonista de tudo, delineando com
como fotógrafo do IPHAN durante
26. RIBEYROLLES, Charles. Brazil precisão todas as formas. Uma luz-
longos anos. Traz uma visão do Brasil Silent Book é um livro de artista, que é
pittoresco: álbum de vistas, lucidez que, sob a aparência
tão em voga naquele período histórico. também um livro fotográfico. Neste
panoramas, paisagens, costumes, etc., falsamente agradável de uma foto
caso, como diz o titulo, não há texto
24. KLUMB, Revert Henrique. Doze com os retratos de Sua Magestade bonita, investiga e escava a ferida".
algum - sequer uma apresentação ou
horas em diligência: guia do viajante Imperador Don Pedro II et da familia
prefácio - o que representa o outro
de Petrópolis a Juiz de Fora ... Rio de imperial. Paris: Lemercier, 1861. 31. Traveis in Brazil. [Rio de
extremo da proposta do livro
Janeiro: J. J. da Costa Pereira Braga, Janeiro: s.n., 1939], 198 p.
Antes de Klumb, o fotógrafo francês fotográfico, aqui já liberto do texto.
1872.
Victor Frond, então radicado no Rio Idealizada e editada pela S.A. V.l.
de Janeiro, já editara aquele que é 29. SALGADO, Sebastião. Terra. São (Sociedade Anônima de Viagens
Entre outras iniciativas pioneiras,
considerado o primeiro livro de Paulo: Companhia das Letras, 1997. Internacionais), visava á propaganda
Klumb foi também o autor do
fotografias da América Latina, o Brazil 143 p. do Brasil, especialmente no sentido
primeiro livro ilustrado com
pittoresco. No entanto, as litografias Embora os livros fotográficos de turístico. Segundo o prefácio da obra,
fotografias inteiramente produzido,
que o ilustram não foram realizadas Sebastião Salgado - hoje, o fotógrafo o tráfego internacional de turistas
litografado e impresso no Brasil - nas
no Brasil e sim na França, na brasileiro de maior projeção naqueles anos indicava claramente
suas próprias palavras, "o primeiro
Imprimeríe Lemercier, a melhor oficina internacional - venham abordando uma preferência pela América do Sul,
guia do viajante, feito no pais".
gráfica parisiense da época. Além temáticas universais, com fotografias o que criava a necessidade de se
Segundo Pedro Vasquez, trata-se de
disso, não fazem parte do corpo do dos quatro cantos do planeta, este é produzir material de divulgação não
"um dos marcos maiores da história
livro propriamente dito, sendo inteiramente dedicado ao Brasil e trata apenas para seduzir o visitante, mas
da fotografia no Brasil. Livro que tem
apresentadas em separado num de um dos temas mais palpitantes de orientá-lo. Após situar o pais no globo
seu valor incrementado pelo fato de
portafólio de grande formato. nossa atualidade, tendo exercido forte terrestre, seguem dois breves textos:
documentar as condições de viagem
Ressalte-se que o texto de Ribeyrolles influência no recente processo de 'Historical sketch' e 'Some facts about
naquela que foi a primeira rodovia
foi produzido sob encomenda de conscientização nacional e internacional Brazil'. A seguir, as fotografias
brasileira, importante fator de
Victor Frond. acerca do problema dos sem-terra. legendadas, separadas por região e
integração e consolidação da
identidade nacional". Ressalte-se o diálogo estabelecido com sempre antecedidas por pequenos
27. RIO BRANCO, José Maria da mapas.
a prosa do escritor português José
Silva Paranhos, Barão do. Álbum de
25. MANZON, Jean. Flagrantes do Saramago e com a música do
vues du Brésil exécuté sous la
Brasil. Rio de Janeiro: Bloch, [1950], compositor Chico Buarque.
direction de J. M. da Silva-Paranhos
196 p.
Baron de Rio-Branco. Paris: Imp. A.
Lahure, 1889.
O Saber e o Sabor do Brasil
XV ^ r Letras e Artes no Brasil m MARÍLIA
DE

DIfRCEO.
A Po esia P O.R T. A. G.

Alexei Bueno

LISBOA:
NA TYPOGRAFIA NUNESIANA
ANNO M. DCC. xau_

Com Licmcii d* Jttál Mtyt d* Conmufilo


Ctral foírt oExâw, t CmfmrJ dos L i i r u .

Herdeiro, por seu amoroso, reencontramos essa plêiade Andrade, Vinícius de Moraes, João
descobrimento, de uma de artistas que, espantosamente Cabral de Melo Neto, para omitirmos
grande tradição lírica jovens, se inscreveram no mais fundo tantos nomes. Se a velha e geral idéia
vazada em uma admirável da alma brasileira: Álvares de de uma epopéia nacional acabou por
língua românica — que ainda em seu Azevedo, Casimiro de Abreu, não se materializar na nossa poesia,
primeiro século como país alcançaria o Fagundes Varela, entre outros. Após antes se cumprindo nesses dois
apogeu sob o gênio de Camões —, o um interregno parnasiano, onde monumentos que são como que a
Brasil não poderia deixar, através da alcançamos o requintado cuidado llíada e a Odisséia brasileiras, Os
sua história, de ser marcado pelo signo formal de um Raimundo Correia e de sertões e Ora/ide sertão:veredas,
da poesia. Cinco séculos dela se um Olavo Bilac, Alberto de Oliveira ambos em prosa; se esse quase poema
encontram nesta exposição. Das ou Vicente de Carvalho, mergulhamos nacional que é o Romanceiro da
primeiras tentativas diretamente novamente na essência profunda do Inconfidência se afirma na verdade,
ligadas à metrópole até o fenômeno poético com o Simholismo antes de tudo, como uni poema
aparecimento do elemento nacional no trágico de um Cruz e Sousa e a universal sobre a I listória e seus
barroco satírico ou religioso de uin altitude mística de um Alphonsus de mecanismos trágicos, não podemos
Gregório de Matos e nas cenografias Cuimaraens, chegando finalmente ao deixar de nos emocionarmos e
arcádicas dos poetas da Inconfidência estranho e apocalíptico expressionismo orgulharmos com esse fabuloso
Mineira, encaininhamo-nos de Augusto dos Anjos. Em plena patrimônio lírico criado ein nosso
lentamente para a plena eclosão da eclosão da modernidade, vemos o meio milênio de busca por uma nação,
alma nacional 110 Romantismo. Do surgimento desse extraordinário patrimônio a cada dia enriquecido, ein
Gonçalves Dias dos grandes poemas conjunto de poetas formado por meio à luta diária contra os equívocos
Manuel Bandeira. Jorge de Lima, e extravios estéticos, pela geração
indiauistas até o Castro Alves da
Cecília Meireles, Carlos Dniimnond de presente.
revolta abolicionista e do lirismo
1. TEIXEIRA, Bento. Prosopopéia. 1a 5. GONZAGA, Tomás Antônio. 9. FREIRE, Junqueira. Inspirações do último e maior nome da poesia

edição. Lisboa: Antônio Álvares, 1601. Marilia de Dirceu. 1a edição. Lisboa: claustro. Bahia: Typographia de Camilo romântica no Brasil.

Nunesiana 1792, 1799, 1802, 1811; de Llelis Masson & C. 1a edição. 1855.
Impressa em Lisboa em 1601, a 14. ASSIS, Machado de. Manuscritos
Impressão Régia, 1812.
Prosopopéia, de Bento Teixeira, é Em sua relação dramática com a vida
do poema "Mundo interior".
considerada a primeira produção religiosa, registrada nas Inspirações do
Primeiras edições de Marilia de Dirceu, Manuscrito autógrafo do poema
poética de um autor radicado no Brasil. claustro, de 1855, o baiano Junqueira
da princeps de 1792 até a primeira "Mundo interior", de Machado de
Nela o autor faz o elogio de Jorge de Freire consagrou-se como outro dos
brasileira, da Impressão Régia, em Assis. Embora a sua obra de poeta não
Albuquerque Coelho, governador de grandes nomes da poesia romântica no
1812. O célebre livro de Tomás Antônio se compare ã de prosador, o nosso
Pernambuco, em estilo camoniano. Brasil.
Gonzaga foi a mais popular obra maior ficcionista do século XIX compôs
poética desse período em nossa lingua. não poucos poemas admiráveis,
2. MATTOS, Gregório de & Guerra. 10. ABREU, Casimiro de. As

In: Manoel Pereira Rabello. Vida e primaveras. 1a edição. Rio de Janeiro: sobretudo em Ocidentais, onde se
6. GAMA, Basílio da. O Uraguai. Typ. de Paulo Brito, 1859. encontra este soneto.
morte do Doutor Gregório de Mattos &
Lisboa: Regia Officina Typographica, 1a
Guerra. Códices produzidos entre os
edição. 1769. Com As primaveras, publicadas aos
séculos XVII e XIX. 15. SOUSA, Cruz e. Broquéis. 1a
vinte anos, em 1859, livro de uma
edição. Rio de Janeiro: Magalhães,
Primeira edição de O Uraguai, de profunda e irrepetivel simplicidade,
Toda de publicação póstuma, a obra de 1893. (Versos)
Basilio da Gama, de 1769. Talvez, nos Casimiro de Abreu tornou-se um dos
Gregório de Matos, o maior poeta do
seus cinco cantos em decassílabos dois ou três poetas mais populares da
nosso período barroco, sobreviveu em
brancos, a mais original das tentativas nossa poesia em todos os tempos. Com a edição de Broquéis, em 1893,
numerosos códices apógrafos, como
épicas da nossa poesia colonial. Cruz e Sousa dá inicio ao Simbolismo
estes da Biblioteca Nacional. Pelo seu
11. VARELA, Fagundes. Cantos do no Brasil. Embora os seus maiores
número e dispersão, dão origem a um
7. DIAS, Gonçalves Primeiros cantos. ermo e da cidade. Rio de Janeiro: B. L. poemas se encontrem nos livros
dos maiores problemas textuais da
Últimos cantos. Rio de Janeiro: Eduardo Garnier, s/d. póstumos Faróis e Últimos sonetos,
poesia brasileira.
e Henrique Laemmert, 1846. 1a edição. pertence a Broquéis a posição de
Cantos do ermo e da cidade, de 1869,
grande marco histórico do movimento.
3. COSTA, Cláudio Manuel da. Se nos Primeiros cantos, de 1846, é o último livro publicado em vida por
o
Obras. I edição. Coimbra: Offina de Gonçalves Dias surge como o primeiro Fagundes Varela, o nosso romântico
16. GUIMARAENS, Alphonsus de.
Luiz Seco Ferreira, 1768. grande nome da nossa poesia com mais agudo sentimento da
Dona Mistica. Rio de Janeiro: Typ. de
romântica, nos Últimos cantos, de natureza e o autor da mais alta elegia
A primeira edição das Obras de Cláudio Leuxinger & C., 1899. 1a edição.
1851, ele alcança o apogeu de seu da poesia brasileira, "O cântico do
Manuel da Costa, um dos dois maiores
gênio, em poemas como o insuperável Calvário". Primeira edição de Dona Mística, 1899,
poetas do nosso período arcádico, foi
1-juca-pirama". de Alphonsus de Guimaraens, o outro
impressa em 1768, em Coimbra, e traz
12. ALVES, Castro. Manuscrito do grande nome da poesia simbolista no
no frontispicio uma das mais
8. AZEVEDO, Álvares de. Obras de poema "A cachoeira de Paulo Afonso". Brasil, um dos maiores sonetistas e um
espantosas gralhas da história da
Manuel Antônio Álvares de Azevedo. dos grandes misticos da lingua
tipografia em nossa língua, sendo por Manuscrito autógrafo de A cachoeira
Rio de Janeiro: Tip. Americana de J. J. portuguesa.
isso vulgarmente conhecida como de Paulo Afonso. Publicado
da Rocha. 1a edição, 2 vols., 1853 -
"Orbas". postumamente em 1876, este último
1855. Primeiro volume. 17. CORREIA, Raimundo. Versos e
ciclo de poemas de Castro Alves reúne
versões. Rio de Janeiro: Typ. e Lith.
4. DURÃO, Santa Rita. Caramuru. A primeira edição das Obras de Álvares vários dos maiores momentos da
Moreira Maximino & C. 1887. 1a
Lisboa: Régia officina typográfica, 1781. de Azevedo tornou-se, como é comum poesia brasileira.
edição.
Manuscrito autógrafo em livros que alcançaram grande
popularidade, uma raridade Em Versos e versões, de 1887,
13. ALVES, Castro. Espumas
Raro manuscrito do Caramuru, de bibliográfica. Com ela a poesia Raimundo Correia, o mais "artista" dos
flutuantes. Bahia: Camilo de Lellis
Santa Rita Durão, composto e impresso brasileira atingiu uma nova
Masson, 1870. 1a edição. nossos parnasianos, cria, entre
em Portugal, em 1781, representando sensibilidade, através de um poeta traduções e poemas próprios, um dos
uma tentativa de épica sobre modelo morto com apenas vinte anos de idade. Primeira edição das Espumas
títulos fundamentais da escola.
camoniano com assunto brasileiro. flutuantes, de 1870, único livro
publicado em vida por Castro Alves,
18. BILAC, Olavo. 21.2 Confissão sobre a obra poética irreverência iconoclasta do Modernismo
18.1 Poesias. Rio de Janeiro: São de Augusto dos Anjos escrita por no Brasil.
Paulo: Teixeira & Irmão, Porto, Typ. da Carlos Drummond de Andrade,
Empr. Litt. E Typographica, 1888. 1a especialmente para a Exposição 26. MELO NETO, J. Cabral de. Cão
edição. Comemorativa do Centenário de sem plumas. Barcelona: 0 Livro
Nascimento do mencionado poeta, Inconsútil, 1950.
18.2 Manuscrito original do poema
organizada pela Biblioteca
Na estrada da vida. Publicado em 1950, em Barcelona, pelo
Nacional. Original. 1 pág.
próprio autor, em sua oficina O Livro
Com a primeira edição das Poesias, em
Inconsútil, 0 cão sem plumas aponta
1888, Olavo Bilac se consagra como o 22. BANDEIRA, Manuel. Cinza das
para uma série de caminhos que
mais popular e admirado poeta horas. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do
levariam o seu autor para uma vertente
brasileiro da passagem do século XIX Commércio, 1917.
construtivista muito pessoal, abrindo
para o XX, exercendo uma
Em 1917, com A cinza das horas, livro uma nova fase na poesia brasileira
avassaladora influência que só
ainda basicamente neo-simbolista, dá- depois do Modernismo.
começará a ser abalada com o
se a estréia de Manuel Bandeira, uma
Movimento Modernista.
das maiores e mais amadas vozes da 27. RICARDO, Cassiano. Martim-
poesia modernista no Brasil. Cererê. São Paulo: Nacional, 1936.
19. OLIVEIRA, Alberto de. Manuscrito
do poema " 0 rio azul". Com Martim-Cererê, ou o Brasil dos
23. ANDRADE, Drummond de. Rosa
meninos dos poetas e dos heróis,
Manuscrito autógrafo do poema " 0 rio do povo. Rio de Janeiro: J. Olympio,
publicado 1928, Cassiano Ricardo, que
azul", de Alberto de Oliveira, o mais 1945.
depois passaria pelas mais variadas
longevo e o mais ortodoxo dos
Com A rosa do povo, de 1945, Cario vertentes poéticas, alcançou uma
membros da famosa Trindade
Drummond de Andrade se consagra imediata e consagradora presença
Parnasiana.
como a grande voz coletiva e social da dentro do Movimento Modernista.
poesia brasileira na metade do século
20. ESTRADA, Osório Duque.
XX, inclusive numa série de admiráveis 28. BOPP, Raul. Cobra Norato. São
Manuscrito original da letra do "Hino
poemas da Guerra. Paulo: Irmãos Ferraz, 1931.
Nacional Brasileiro".
Publicado em 1931, Cobra Norato, do
Poeta medíocre e critico intransigente, 24. MEIRELES, Cecília. Romanceiro da
gaúcho Raul Bopp, tornou-se, por seu
coube a Osório Duque Estrada a Inconfidência. Rio de Janeiro: Livros de
amazonismo e seu folclorismo, um dos
incancelável glória de ser o autor da Portugal, 1953.
livros icônicos do Modernismo brasileiro
letra do Hino Nacional brasileiro, da
Obra máxima de Cecilia Meireles, a em sua vertente nacionalista, ainda que
qual vemos aqui o manuscrito original.
maior poetisa brasileira de todos os de um autor irrealizado no resto de sua
tempos, o Romanceiro da obra.
21. ANJOS, Augusto dos.
Inconfidência, publicado em 1953,
21.1 Eu. Rio de Janeiro: s/d. 1912.
revela-se, para além do seu sentido de 29. LIMA, Jorge de. Invenção de
Aparecido em 1912, como uma bomba poema histórico e poema nacional, um Orfeu. Rio de Janeiro: 1952.
no meio da poesia da nossa belle magnífico poema sobre a própria
Monumental, barroca, hermética e
époque, o Eu de Augusto dos Anjos, História.
complexa, a Invenção de Orfeu, última
obra de um expressionismo torturado e
obra de Jorge de Lima, publicada em
extremamente original, tornou-se, após 25. MENDES, Murilo. História do
1952, traz, no seu tecido de poemas
ser ignorado por uma critica Brasil. Rio de Janeiro: Ariel, 1937.
de todas as formas, alguns dos grandes
esteticamente despreparada, o livro de
Apesar de depois repudiada pelo seu momentos da poesia brasileira
poemas mais reeditado da literatura
autor, a História do Brasil, de Murilo moderna.
brasileira.
Mendes, publicada em 1932, é uma
das obras mais exemplares da
Ficção em Prosa
Ivo Barbieri, Dau Basto
JOSE LINS DO REGO
e Marcus Vinícius Nogueira Soares
FOGO MORTO
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ROMANCE

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De olho nos títulos Alencar, quando a ficcionalidade se


constantes do acervo da emancipa de outras modalidades de
Biblioteca Nacional, o escrita e adquire consciência de sua i.i.i .
LI-VRARIA 'JOSÉ OLYMPIO EDITORA
trabalho considera a autonomia. 0 terceiro momento trata
literatura ficcional produzida no Brasil da ficção realista, quando,
desde o início da colonização até a sobrepondo-se a todos os escritores
atualidade. Inscritas nessa moldura brasileiros, avulta a figura ímpar de
bastante ampla, recebem enfoque mais Machado de Assis. Consideram-se, em Lispector e de Guimarães Rosa.
forte as obras que, tendo resistido ao seguida, perspectivas de análise Embora elaborem linguagens muito
tempo, à crítica e à historiografia abertas pelo naturalismo em romances diferentes e construam universos
literária, hoje continuam lidas e de Inglês de Sousa, Aluísio Azevedo e fie cionais distintos, esses dois
apreciadas. Correndo na linha Adolfo Caminha. 0 quarto momento escritores elevam a prosa narrativa de
cronológica, o texto se detém ein focaliza, primeiro, rupturas de ficção no Rrasil a culminâncias
quatro momentos. O primeiro vanguarda, radicalizadas na prosa do rarissimamente alcançadas. A
desentranha a ficcionalidade embutida Macunaíma, de Mário de Andrade, e transfiguração do regionalismo
em documentos do período colonial, nos fragmentos do Miramar e do sertanejo de um lado e a escavação
como na Carta de Pero Vaz de Serafim, de Oswald de Andrade. nas profundezas do humano de outro,
Caminha, nos Diálogos <las grandezas Deslocando-se para o Nordeste, dá-se, longe de contraporem duas vertentes
do Brasil, e no Compêndio do a seguir, atenção ao surto do romance igualmente poderosas na história de
peregrino da América, de Nuno na década de trinta com destaque nossa novelística, parecem fazê-las
Marques Pereira. 0 segundo momento para José Lins do Rego e Craciliano convergir numa espécie de coroamento
se ocupa do surto da ficção romântica, Ramos. Por fim, o olhar se detém na da trajetória da invenção ficcional
privilegiando o trio Macedo-Almeida- originalidade da prosa de Clarice brasileira.
1. PEREIRA, Nurio Marques. determinados pelo meio e sujeitos á compromisso do escritor que ousa
Compêndio narrativo do peregrino da tirania do sexo, fervilham, sem saídas, encarar de frente os problemas sociais
América. Lisboa Occidental: officina na promiscuidade desse caldeirão e políticos do seu tempo.
de Manuel Fernando da Costa, 1728. étnico.
12. RIO, João do. A correspondência
Considerada a primeira obra de ficção
8. ASSIS, Joaquim Maria Machado de uma estação de cura. Rio de
escrita no Brasil por um brasileiro,
de. Memórias póstumas de Brás Janeiro: Leite Ribeiro & Murillo, 1918.
Compêndio do peregrino da América
Cubas. Rio de Janeiro: Typ. Nacional,
registra, entre longas lições de Personificação do dandismo no Rio da
1881.
doutrina moral e religiosa, flagrantes Belle Époque, João do Rio
curiosos da vida dos habitantes da Memórias póstumas de Brás Cubas é (pseudônimo de Paulo Barreto) em
colônia durante o século XVIII. grande evento revolucionário na Correspondência de uma estação de
ficção brasileira. Tendo provocado cura, atualiza com toques
2. MACEDO, Joaquim Manuel de. perplexidade em espíritos lúcidos da impressionistas a forma clássica do
A moreninha. Rio de Janeiro: 10 ed., época em que foi lançado, só na romance epistolar.
Romomce
H. Garnier, 1899. segunda metade do século XX
Gorar ia, K/O SE OLYMPIO CcÍL&rra,
começa a ser lido e avaliado em suas 13. LOBATO, Monteiro. Urupês. São
Novela despretensiosa, A moreninha é
reais dimensões. Paulo: Revista do Brasil, 1918.
a primeira matriz em prosa moderna 17
da nossa ficção e inaugura uma longa Com Urupês, entra na cena ficcional
9. POMPÉIA, Raul D'Ávila. O
série de perfis da mulher brasileira. 5. GUIMARÃES, Bernardo. A brasileira a figura do caipira Jeca-Tatu,
Ateneu.Rio de Janeiro: Gazeta de
Recebida com simpatia pelos escrava Isaura.Rio de Janeiro: B. L. personagem até aqui esquecido.
Notícias 1888.
contemporâneos, prolonga o sucesso Garnier, 1875.
até hoje, contando mais de cem A singularidade de O Ateneu decorre 14. ANDRADE, Mário de.
Libelo melodramático contra o
edições. das sutilezas de obsen/ação e análise Macunaima. São Paulo: Of. Graf. de
preconceito racial, A escrava Isaura
psicológica, do refinamento artístico E. Cupolo, 1928.
mexe com o inconsciente social
3. ALMEIDA, Manuel Antônio de. da escrita, da contundência retórica de
brasileiro. Muito popular aqui e lá Síntese do popular e do erudito,
Memórias de um sargento de milicias. suas sátiras e do desmonte da
fora, a versão televisiva conheceu Macunaima é uma espécie de suma
Rio de Janeiro: typ. Brasiliense de montagem organicista da narrativa de
extraordinário sucesso na China onde da cultura brasileira, reelaborada em
Maximiano Gomes Ribeiro,1854-55. românticos e naturalistas.
o romance teve tiragem de 500.000 linguagem moderna e em forma de
Escrito em linguagem corrente e exemplares. narrativa de vanguarda.
10. LOPES NETO, Simões. Contos
gênero cômico, Memórias de um
gauchescos.Pelotas: Echenique, 1912.
sargento de milícias imortalizou-se 6. TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. 15. ALMEIDA, José Américo de. A
graças à vivacidade da narrativa e ao Inocência.Rio de Janeiro: s/ed.,1872. Durante a voga dos diversos bagaceira. Rio de Janeiro: Castilho,
sabor de muitos achados que até hoje 1872. regionalismos, nas primeiras décadas 1928.
divertem os seus leitores. deste século, sobressai a figura de
Jóia do romantismo tardio, Inocência Trazendo para o espaço literário o
Simões Lopes Neto pela felicidade da
é romance muito lido no Brasil e um mundo dos engenhos de açúcar do
4. ALENCAR, José de. O Guarani. síntese realizada entre elementos de
dos mais traduzidos no exterior para Nordeste, a chegada de A bagaceira
Rio Grande: Typ. do Diário 1857. um gauchismo local e valores
línguas como: francês, italiano, é saudada como o abre-alas do
humanos que os transcendem.
Inaugurando, entre nós, a prosa de espanhol, alemão, dinamarquês, romance social da década de 30.
ficção com sotaque brasileiro, O sueco, polonês e japonês.
11. BARRETO, Afonso Henriques
Guarani põe em cena o Índio como 16. REGO, José Lins. Fogo morto.
de Lima. Triste fim de Policarpo
símbolo heróico de um pais livre e 7. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Rio Rio de Janeiro: José Olympio, 1943.
Quaresma. Rio de Janeiro: Revista dos
soberano. de Janeiro: Garnier, 1890.
Tribunais, 1915 Coroamento do ciclo de romances da
Através de grandes painéis cana-de-açúcar. Fogo morto narra a
Policarpo Quaresma é um caso bem-
representando deserdados sociais no decadência dos engenhos e dramatiza
sucedido de obra literária empenhada
Rio do fim do século XIX, O cortiço a ruina da sociedade patriarcal
em dar corpo ficcional ao
põe em cena novos atores que. nordestina.
17. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Romance ainda não devidamente do Rio de Janeiro, alcançou grande
Rio de Janeiro: José Olympio, 1938. apreciado. Menina morta constrói um êxito junto aos leitores, recepção que
mundo, permeado de imagens e não se repetiria na primeira edição em
Compondo, em quadros pungentes, a
símbolos trans-históricos, sobre um livro no mesmo ano.
situação de abandono de uma familia
fundo histórico e social preciso: o
de retirantes acossados pela seca,
declínio da sociedade patriarcal- 26. Revista brasileira: I cap. de
Graciliano traça com mão de mestre o
escravocrata brasileira. Memórias póstumas de Brás
destino daqueles que, tendo perdido
Cubas. 15/Mar/1880.
tudo, inclusive a palavra, são privados
22. ROSA, João Guimarães. Grande
até do que não têm. 0 romance que efetuou uma ruptura
sertão: veredas. Rio de Janeiro: José
radical na ficção brasileira, Memórias
Olympio, 1956.
18. MACHADO, Dionélio. Os ratos. póstumas de Brás Cubas aparece
São Paulo: Nacional, 1935. No mesmo ano em que lança Grande primeiramente na Revista Brasileira,
sertão: veredas, Guimarães Rosa periódico para o qual também
Apartado da prosa neo-realista de
publica Corpo de baile, alentado contribui Silvio Romero, mais tarde
cunho regional, o gaúcho Dionélio
volume de novelas do sertão mineiro critico ferrenho da obra machadiana.
Machado aprofunda em Os ratos
que, pela magia da palavra, ganha
contradições do homem conflitado
significados universais. É a explosão do 27. A estação: I cap. de Quincas
com o meio social que o cerca e
maior talento verbal em língua Borba. 15/jun/1886; último cap.
confina.
portuguesa. 15/set/1891.

19. LISPECTOR, Clarice. Publicado durante cinco anos na


23. CALLADO, Antônio. Quarup. Rio
19.1 Perto do coração selvagem. sofisticada revista de variedades A
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
Rio de Janeiro: A Noite, 1942. Estação, Quincas Borba sofreu muitas
Publicado em plena ditadura militar, modificações na versão em livro.
19.2 Carta manuscrita original
Quarup é recebido como gesto de
dirigida às irmãs.
resistência ao autoritarismo e como 28. A estação: I cap. de O alienista.
0 primeiro romance de Clarice um sopro de alento utópico na Rio, 15/outubro/1891.
Lispector não provocou, de imediato, atmosfera asfixiante daqueles anos de
Sátira contundente às instituições do
reações significativas. Só algumas chumbo.
fim do século XIX, O alienista, de
décadas mais tarde a autora será
Machado de Assis, foi divulgado na
descoberta e valorizada, embora a 24. Correio mercantil: I cap. de
revista A estação, antes de integrar a
novidade de sua escrita já estivesse Memórias de um sargento de
coletânea de contos Papéis avulsos.
toda naquelas páginas de estréia. milícias. 27/jun/1852. Último cap.
31/jul/1853.
20. VERÍSSIMO, Érico. O tempo e o
Divulgado no interior do suplemento
vento. O continente. Porto Alegre:
dominical "A pacotilha" do Correio
Globo, 1950.
Mercantil sob o pseudônimo: "um
O primeiro volume de O tempo e o brasileiro", Memórias de um sargento
vento destaca-se dentro da obra de de milícias é o único romance
Érico Veríssimo pela dimensão épica publicado por Manuel Antônio de
conferida aos feitos narrados e pelo Almeida.
enraizamentio mítico de personagens
plantados na tradição de lutas da 25. Diário do Rio de Janeiro: I cap.
história gaúcha. de O Guarani. 20/Abr/1857.

Marco do indianismo romântico, O


21. PENA, Cornélio. A menina
Guarani, de José de Alencar, quando
morta. Rio de Janeiro: José Olympio,
publicado pela primeirea vez no Diário
1954.
O Teatro Décio de A l m e i d a Prado

Mas, dentro desse quadro mais generosa, mais literária, e


de âmbito universal, é sobretudo mais ligada aos destinos
NELSON RODRIGUES

inegável que o teatro, no do Brasil, do que seja teatro.


Brasil, passa por um dos A situação histórica atual não deixa de
seus períodos de maior vitalidade apresentar semelhanças marcantes
criadora - o mais fecundo talvez de com a que vigorou no alvorecer do B l b u m í>c f a m í l i a
toda a sua história. Pela primeira teatro nacional, aproximadamente de
e
vez, desde João Caetano, demos aos 1840 a 1870. Repetem-se, em termos
nossos atores a possibilidade diversos, as mesmas esperanças, as D e s t i f c o ò c H-loiva
desenvolver vocações dramáticas ou mesmas aspirações, o mesmo empenho
trágicas, de representar, por exemplo, em criar um teatro expressivo do
Sófocles e Shakespeare. Em relação ponto de vista social e moral, que
ao espetáculo, diminuímos pense e exprima cenicamente a
consideravelmente a distância que nacionalidade. Se os autores do T
nos separava da Europa: se nem Romantismo e do chamado Bealismo
sempre as nossas representações são têm muito maior significação literária
primorosas, ao menos não nos falta, global (Gonçalves de Magalhães,
como antes, informação estética. Gonçalves Dias, Macedo, Alencar,
Porque, após tanto decênios, Castro Alves), os atuais ganham
praticamente um século, de possivelmente em vocação teatral
preponderância de formas e fórmulas específica. São homens de teatro - e
comerciais, voltamos a uma não poetas e romancistas que às vezes
concepção mais larga, mais nobre, também escrevem peças.
1. PENA, Martins. Quem casa quer da então jovem Capital Federal, pólo Brasil que não tem mais razão de
casa (encenada em 1845). O juiz de de atração de uma iludida gente do ser", com repercussão na temática,
paz da roça (encenada em 1838). O interior, como a familia do que passará ao "ciclo do presente", e
juiz de paz da roça. Comédia (farsa) fazendeiro que protagoniza a peça. na própria linguagem do autor, que
de Luís Carlos Martins Pena. S. I., explorará com sucesso a
1837. 22 f. S. (Rio de Janeiro, RJ, 5 4. ANDRADE, Oswald de. O rei da teledramaturgia, como na adaptação
nov. 1815 - Lisboa, 7 dez. 1848) vela (São Paulo, SP, 11 jan. 1890 - da sua peça Os ossos do barão.
22 out. 1954)
Criador da comédia de costumes
7. GOMES, Dias. O pagador de
brasileira, Martins Pena se Na redentição da Antropofagia
promessas. 1960 (encenada em
caracteriza pela simplicidade do operada pelo Tropicalismo, O rei da
1960). Salvador, BA, 19 out. 1922 -
entrecho e do diálogo, que vela encontrou finalmente seu
São Paulo, SP, 18 mai. 1999.
surpreendem, contudo, em encenador, José Celso Martinez
desfechos de um insólito caricatural Corrêa, exatas três décadas depois A "tentativa de um Teatro Popular",
que arrebata a platéia, composta de escrita por Oswald de Andrade, plataforma estética de Dias Gomes,
pelo mesmo tipo social de suas tornando a peça, ontologicamente, a encontrou em O pagador de
personagens: a classe média de um primeira do moderno teatro promessas sua realização, através de
pais recentemente emancipado, que brasileiro, condição que é conferida, temática e linguagem genuinamente
ia consolidando linguagem e por critério cronológico de populares, que imortalizaram - em
costumes próprios. montagem, a Vestido de noiva, de livro, no teatro, no cinema e na tevê
Nélson Rodrigues. - a personagem Zé-do-Burro, que só
2. FRANÇA JÚNIOR. As doutoras morto conseguiu entrar na igreja
(encenada em 1889). Edição de 5. RODRIGUES, Nélson. Vestido de para cumprir sua promessa a Santa
Edwaldo Cafezeiro. Rio de Janeiro: noiva. Rio de Janeiro: 1945 Bárbara/ lansã, nos braços da
Tecnoprint, 1985. (encenada em 1943). (Recife, PE, 23 multidão que se confrontou, em seu
ago. 1912 - Rio de Janeiro, RJ, 22 favor, com o padre e a policia.
Faro aguçado em redações de vários
dez. 1980)
jornais do Rio de Janeiro, França
8. VIANA FILHO, Oduvaldo. Rasga
Júnior, continuador da comédia de De uma só vez o autor, o público e o
coração. Rio de Janeiro, Serviço
costumes de Martins Pena, fazia do teatro brasileiros saíram consagrados
Nacional de Teatro, 1980 (escrita em
dia-a-dia fluminense a matéria para da estréia de Vestido de noiva: o
1974, encenada em 1979). Rio de
suas peças e folhetins, o que é bem autor, porque superava todas as
Janeiro, RJ, 4 jun. 1936 - 16 jul.
o caso da noticia de que se formava expectativas criadas por sua peça
1974.
a primeira mulher da Faculdade de anterior; o público, porque se
Medicina, criando a partir do fato mostrava capaz de ir além do riso da Testamento do autor, concluído em
um de seus maiores êxitos teatrais, sociedade que então roubava a cena; leito hospitalar. Rasga coração
As doutoras. e o teatro, porque contradizia o sintetiza a sua visão de mundo, onde
severo juízo de José Veríssimo: ética e estética se integram em um
3. AZEVEDO, Artur. A Capital "Produto do Romantismo, o teatro teatro compromissado com os
Federal (encenada em 1897). São brasileiro finou-se com ele." Mais do destinos da sociedade, como quando
Luís, MA, 7 jul. 1855 - Rio de que renovação, Vestido de noiva foi traça, na peça, um painel da vida
Janeiro, RJ, 22 out. 1908. uma revolução teatral. brasileira ao longo de quatro
décadas de lutas, da Revolução de
A veia satírica que fez com que Artur
6. ANDRADE, Jorge. A moratória 30 ao Al-5, razão por que é
Azevedo perdesse seu cargo oficial
1955. (Barretos, SP, 21 mar. 22 São interditada por cinco anos pelo
no Maranhão, após criticas em
Paulo, SP, 13 mar. 1984) regime militar.
jornais, acompanhou-o na mudança
para o Rio de Janeiro, em 1873, A moratória, como outras peças do
cidade sobre a qual escreverá a peça seu "ciclo paulista", assinala, para
em que ironiza o mito de civilidade Jorge Andrade, "a morte de um
Os Explicadores do Brasil
Sérgio Paulo Rouanet

"Explicar" vem de um Quasímodos, heróis sem


verbo latino que significa nenhum caráter, brasileiros
desdobrar. Os professores cordiais, Jecas-Tatus, Caetés,
" de retórica ou de filosofia, meigos habitantes do
em Roma, explicavam a sabedoria mundo que o português
antiga, desdobrando rolos de papiro. criou. Mas no avesso dessa
Foi isso (jue os explicadores do Brasil, multiplicidade absurda, abre-se
desde Caminha, tentaram fazer, a perspectiva de uma
descrevendo e interpretando, isto é, multiplicidade possível, em que
desenrolando o que estava dobrado. E todas essas identidades se
é isso o que a Biblioteca Nacional está interpenetrarão, formando a figura
querendo fazer com os explicadores, de um brasileiro plural,
expondo obras, desdobrando rolos. multiidentitário, que se evade a todas
Não é um empreendimento frívolo. as explicações, porque todas elas
Falsa ou verdadeira, toda explicação, pretendem congelá-lo num esquema,
quando se difunde, modifica o objeto numa história, numa identidade. Para
que se quer explicar. Em parte, toda longa jornada, há sempre um
passamos a ser o que nossos primeiro passo, e o primeiro passo é
explicadores achavam que éramos. Por que os explicados venham olhar os
isso, estaremos vendo a nós mesmos explicadores. E para isto que existe
quando virmos nossos explicadores. este módulo.
Somos tudo isso: mulatos
neurastênicos do litoral, Hércules- Caricatura de Gilberto Freire por Alvarus
1. CELSO, Afonso. Por que me ufano em que, talvez pela primeira vez em Brasil (os outros são Sobrados e evolucionismo linear e etnocêntrico.
do meu pais. Rio de Janeiro: nossa literatura, se valoriza o mocambos, 1936, e Ordem e Uma de suas inovações, como observa
Laemmert, 1901. sertanejo - "rocha viva de nossa raça" progresso, 1950), é o ensaio mais Antônio Cândido, é o emprego de
-, pondo em xeque os pressupostos importante publicado no pais no "admirável metodologia dos
Espécie de manual de civismo
racistas da ciência da época. século XX, e Gilberto Freyre seria, nas contrários, que alarga e aprofunda a
destinado aos jovens e sem
palavras, por exemplo, de Sérgio velha dicotomia da reflexão latino-
pretensões literárias ou cientificas. Por
3. FERNANDES, Florestan. Rouanet, "o maior 'explicador' que o americana", temperada "por uma
que me ufano do meu país teve
Integração do negro na sociedade de Brasil já conheceu". A revolução visão mais compreensiva, tomada em
enorme influência na formação de
classes. São Paulo: Dominus, 1965. operada pela obra pode ser parte a porções de tipo hegeliano",
muitas gerações de brasileiros, além
evidenciada, entre outros aspectos, dinâmica, portanto. Muitos desses
de dar origem à palavra ufanismo, A obra em geral de Florestan
por inaugurar no país uma ciência contrastes, porém, referem-se a
designativa de um traço da psicologia Fernandes assinala a emergência da
compreensiva, interpretativa, em características psicológicas dos
de segmentos do povo. O otimismo e análise social cientifica no Brasil,
oposição ao positivismo e ao brasileiros (a polemizada idéia do
nacionalismo exagerados do autor, calcada não apenas em exaustivas "homem cordial", por exemplo), o
naturalismo deterministas, por
intensamente criticados pelos fontes documentais, mas também em que denota o vinculo ainda com a
introduzir a teoria culturalista, em
modernistas, podem ser rigor teórico e metodológico, ensaistica tradicional.
contraposição às concepções
exemplificados por afirmações, terminologia apurada, e, sobretudo,
etnocêntricas e evolucionistas e por
familiares, como: "Não há no mundo na descoberta ou retomada em novas
uma original e precursora valorização 6. NABUCO, Joaquim. Minha
pais mais belo que o Brasil", bases conceituais, por parte de uma
do estudo da vida privada e do formação. Rio de Janeiro: H. Garnier,
"Amemos apaixonadamente o Brasil, equipe ou de novos e brilhantes
cotidiano, com a decorrente 1900.
pelas suas lindezas sem par" ou, pesquisadores que o tomaram, no
ampliação da noção de fontes
ainda, pelo inventário de suas dizer de Carlos Guilherme Motta, Nesta obra, como também em 0
documentais. Talvez a principal
riquezas naturais e de suas glórias, como "verdadeiro ponto de abolicionismo (1883), Joaquim
inflexão realizada por Casa grande &
como as vitórias militares e os referência". Este livro, em particular, Nabuco questiona a existência de uma
senzala tenha sido sobre as relações
inúmeros e notáveis heróis. ao estudar a situação do negro numa unidade do povo brasileiro. Prova em
sociedade de classes inicia, de certo étnicas no Brasil, consideradas
contrário são a dualidade e a
modo, a procura de respostas essencialmente como troca cultural (e
2. CUNHA, Euclides da. instabilidade originárias da escravidão
objetivas para a situação racial do não como o encontro de "raças"
2.1 Os sertões. Rio de Janeiro: e "sua obra", tanto no plano das
Brasil, a qual, ao contrário das "superiores" e "inferiores"), o que foi
Laemmert, 1902. instituições e da mentalidade, quanto
conclusões veiculadas nas fundamental para a compreensão e
entre os antigos senhores e os antigos
2.2 CUNHA, Euclides da. Manuscrito "explicações" anteriores, está valorização da diversidade cultural do
escravos. Em época de predomínio de
de um capítulo inédito de Os sertões. imbricada á situação social país.
concepções racistas, Nabuco
[S. L., s.d.]. 40 p.; autógrafo; contém (econômica, política e ideológica) em
antecipava a visão, mais tarde
dedicatória a Aloísio de Carvalho: que o negro, como qualquer outro 5. HOLANDA, Sérgio Buarque.
desenvolvida por Gilberto Freyre, de
texto escrito em vermelho e preto. grupo étnico, está inserido. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José
que a inferioridade do negro decorria
Olympio: 1936.
Ainda que interpretasse o Brasil de sua condição de escravo, e não de
dentro de paradigmas racistas e 4. FREYRE, Gilberto. Casa grande e Considerado por Antônio Cândido um suposta inferioridade racial.
deterministas em vigor na Europa, senzala. Rio de Janeiro: Maia & dos três livros fundadores da análise
como os de que as sociedades se Schimidt, 1933. social brasileira moderna ("os outros 7. PRADO JR., Caio. Formação do
explicam pelo jogo entre raça e meio são Casa grande & senzala, de Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed.
4.1 DIAS, Cícero. Casa grande do
geográfico e as "raças" mistas são Gilberto Freyre, e Formação do Brasil Brasiliense, 1945.
Engenho Noruega, antigo engenho
inferiores e degradadas, Euclides da contemporâneo, de Caio Prado
dos bois, Pernambuco. Rio de Janeiro: Ao oferecer uma interpretação do
Cunha consegue criar em Os sertões Júnior), Raízes do Brasil, embora
José Olympio, 1964. Desenho original. Brasil que iria inspirar grande parte
uma obra-prima em muitos sentidos: escrito por um historiador, introduz
qualidade literária, aguda visão dos modernos estudos históricos e
entre nós as contribuições da
humanista na descrição da terra, do Não para poucos estudiosos do sociológicos produzidos no pais nas
sociologia de Max Weber e da história
homem e da luta de Canudos, pensamento social brasileiro, Casa últimas décadas, este livro é um dos
social francesa, contribuindo
intensidade dramática, além de traçar grande & senzala, Io volume da marcos iniciais - ao lado de análises
decisivamente para se romper com as
uma história etnológica do brasileiro Introdução à sociedade patriarcal no como as de Celso Furtado e Nélson
descrições naturalistas e o
Werneck Sodré - das nossas ciências deste esquema interpretativo é a teorias raciais e psicologizantes, além
sociais e histórica. Seus pressupostos rejeição às concepções racistas, mas de crenças como as de que a
teóricos, materialistas e dialéticos são parcial, pois o autor ainda admite que aristocracia latifundiária brasileira
de que a organização e a dinâmica o mestiço degenera depois das constitui a matriz positiva de nossa
das sociedades devem ser buscadas primeiras gerações. nacionalidade; os mestiços que
nos interesses, ações e relações dos ascendem o fazem enquanto
grupos sociais - os agentes 9. ROMERO, Sílvio. História da parcialmente arianos (e não como
econômicos, as classes e camadas literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ed. mestiços); Índios e negros são povos
sociais, as forças políticas - e não B. L. Garnier, 1888. inferiores, que precisam de um
mais em forças originárias do clima ou governo forte para se ajustar ao
Na opinião de Dante Moreira Leite (O
das raças formadoras. No caso do mundo civilizado e branco.
caráter nacional brasileiro, 1983),
Brasil, o sentido da colonização -
Silvio Romero ofereceu "a versão
produzir gêneros tropicais e metais
porventura mais ampla do Brasil, por
para o mercado externo, segundo a
volta dos fins do século passado" -
conjugação dos interesses
versão que tinha como objeto de
mercantilistas do Estado absolutista,
análise o "caráter nacional" de um
dos grupos mercantis portugueses e
povo, definido a partir das
dos colonos que viravam senhores de
características, do meio físico e dos
terra e escravos - , tornou-se o núcleo
traços psicológicos. O núcleo de sua
conceituai do qual se partiu para a
reflexão - que irá constituir-se num
investigação dos múltiplos aspectos
dos pólos do pensamento brasileiro
da vida material e social brasileira,
na virada do século - é que o "caráter
fazendo desabrochar uma cada vez
brasileiro" é "mestiço" e está em
mais prolífica e densa análise do
formação, causa de certa instabilidade
Brasil.
moral pela desarmonia das Índoles e
das aspirações no povo, dificultando
8. PRADO, Paulo. Retrato do Brasil.
assim a formação de um ideal
São Paulo: Duprat-Mayença, 1928.
nacional comum.
Publicado no mesmo ano que
Macunaíma - que Mário de Andrade 10. VIANNA, Oliveira. Populações
dedica a Paulo Prado, mecenas dos meridionais do Brasil. São Paulo:
modernistas -, Retrato do Brasil Monteiro Lobato, 1922.
também tem como objeto de reflexão
A inclusão de uma obra de Oliveira
o "caráter nacional", constituindo-se,
Vianna entre as dez mais importantes
segundo Dante Moreira Leite, na
do pensamento social brasileiro deve-
"primeira interpretação rigorosamente
se mais, como é o caso também de
psicológica de nossa história e de
Por que me ufano do meu país, à
nosso caráter nacional". Para o autor,
influência que exerceu num dado
o povo brasileiro foi marcado por três
momento da história do Brasil - o
traços que constituem a nossa
periodo de influxo das idéias fascistas
maneira de ser: luxúria, cobiça e
na Europa e no Brasil - do que à
tristeza (o livro começa e termina com
agudeza ou, menos ainda, à
a frase: "Numa terra radiosa, vive um
atualidade de sua explicação do Brasil.
povo triste"), os dois primeiros
Se Populações meridionais do Brasil é
verdadeiras obsessões que
um dos primeiros estudos sociológicos
perturbavam o espirito e o corpo,
feitos no pais, baseia-se, no entanto,
ocasionando abatimento físico e
em pressupostos de uma ciência já
moral, abulia, tristeza. A novidade
atrasada para a época, como as
A Historiografia
da História do Brasil
Arno Wehling

A historiografia expressa a descritivo, problematizador ou


cultura e a persona de uma polêmico, mas o vigor de sua
coletividade, sociedade ou contribuição estará na capacidade
país. Em seus diversos perceptiva do autor, na qualidade de
momentos, nossa historiografia suas fontes e na retidão de suas
cumpriu esse papel, refletindo as intenções. Atendidos estes requisitos, a
diferentes circunstâncias da formação obra historiográfica, quaisquer que
brasileira, tanto no plano geral, como sejam suas limitações, deixará entrever
110 regional ou no local. a humanidade dos sujeitos históricos e
Por esse motivo, conhecer a os traços mais marcantes de sua
historiografia brasileira é conhecer os identidade coletiva. E o que se dá com
valores que embasarain os algumas das melhores expressões da
comportamentos de grupos sociais, historiografia sobre o Brasil que
instituições e indivíduos, ajudando a integram a exposição "500 anos de
entender suas opções e atitudes. Com Brasil na Biblioteca Nacional".
ela, também percebemos as luzes e
GÃNDAVO, Pero de Magalhães.
sombras do processo histórico, bem História da província Santa Cruz
como os destaques e os esquecimentos
dos cronistas, dos historiadores e dos
testemunhos.
A escrita da história - e não 3
ocorreu de outro modo no caso 2o2s
brasileiro - pode ser feita com caráter

Jiy

I
1. GÂNDAVO, Pero de Magalhães. nacional, da monarquia constitucional
História da província Santa Cruz. e do predomínio português na
Lisboa: Officina de A. Gonsalvez, colonização.
1576.

Primeira história do Brasil a ser


6. SOUTHEY, Robert. História do HISTORIA
Brasil. Rio de Janeiro: Liv. B. L. Garnier,
publicada, em 1576, narra os
acontecimentos referentes à
colonização portuguesa, descrevendo
também costumes indígenas, a flora e
1862.

A História do Brasil, de Robert


Southey, que pretendia ser o
AMERICA
PORTUGUEZA»
a fauna. Heródoto do Brasil, foi primeiramente D E S D E O A N N O D E MIL E Q U I N H E N T O S
publicada na Inglaterra, sendo bem do feu dafcobrimento, até o de mil e fetecentos
e vinte e quatro.
2. SALVADOR, Frei Vicente de. documentada e apresentando
O F F E R E C I V A
História do Brasil. interpretações fecundas para o
conhecimento do passado, sobretudo A' M A G E S T A D E A U G U S T A
Inédita até fins do século XIX, a D E L R E Y
antes da divulgação da obra de
História do Brasil foi concluída em
Varnhagen.
1627, distinguindo-se pelo caráter
fidedigno e por certo espirito critico
7. ABREU, Capistrano de. Capítulos
D. J O A Õ V.
em relação ao governo metropolitano NOSSO SENHOR,
de História colonial.Rio de Janeiro: M. C 0 éM TOSTA
e ao comportamento dos colonos.
Orosco & C. , 1907. POR SEBASTIAÕ DA ROCHA PITTA
FIDALGO DA CASA D E SUA M A G E S T A D E , C A V A L L E I R O
3. PITA, Sebastião da Rocha Os Capítulos de história colonial é ProfclTo da Ordem de Chriflo, Coronel do Regimento dalnfan-
trabalho de síntese fundamentado em teria da Ordenam;* da Cidade da Bahia, e dos Privilegia,
História da América Portuguesa. dos delia, e Acadêmico Snpranumerario da Acade-
Lisboa Occidental: Officina de Joseph amplo domínio das fontes mia Real da Hiltoria Porcugucza.

Antonio da Silva, 1730. documentais e com notável percepção


dos traços profundos da formação LISBOA O C C I D E N T A L ,
Publicado em 1727, a História da brasileira. Na Officina de JOSEPH A N T O N I O D A SYLVA,
América portuguesa caracteriza-se Impreflor da Academia Real.
pela grandiloqüência barroca, mas M. D C C . X X X .
8. SIMONSEN, Roberto. História Cun toJitt di /,VCT[« tutejfjríji.
baseia-se em séria pesquisa de
econômica do Brasil. São Paulo:
arquivos e coleta de depoimentos.
Companhia Editora Nacional, 1937.

4. VILHENA, Luís dos Santos. A História econômica do Brasil,


Notícias soteropolitanas e brasilicas. trabalho contemporâneo dos de
Gilberto Freyre, Caio Prado Jr. e Sérgio
Professor régio na capitania da Bahia Buarque de Holanda, é exemplo de
em fins do século XVIII, Vilhena narra preocupação em desvelar as
a evolução histórica do pais e traça estruturas econômicas do período
um quadro rico da sociedade e colonial.
instituições de sua época.

9. RODRIGUES, José Honório.


5. VARNHAGEN, Francisco Adolfo Conciliação e reforma no Brasil. Rio
de. História geral do Brasil. Rio de de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
Janeiro: E. e H. Laemmert, 1854.
Conciliação e reforma no Brasil
A História geral do Brasil, baseada em constitui-se em análise histórica que
sólida pesquisa arquivística, cumpriu o procura estudar o desenvolvimento da
programa sugerido por Karl von sociedade e da vida politica no pais,
Martius ao Instituto Histórico e tomando como base a natureza dos
Geográfico Brasileiro, sendo redigido conflitos e as estratégias de sua
dos pontos de vista da unidade resolução.
A Música Clássica
Vasco Mariz

Carlos Gomes

0 Brasil pode orgulhar-se de Janeiro, até o regresso de d. João VI a em qualidade às suas melhores
haver produzido o maior Portugal, em 1821, atravessou um congêneres na Europa. Depois foi o
compositor das Américas no período de extraordinária atividade 110 silêncio, por falta absoluta de dinheiro
século XIX — Carlos Gomes setor da música sacra. As cidades após a Independência, até a
- e também o maior gênio musical do coloniais da Terra do Ouro Maioridade tle d. Pedro II e o
continente no século XX - Villa-Lobos. organizaram verdadeiros sindicatos de despontar tle Carlos Gomes.
No entanto, a partir dos anos sessenta músicos, as innandades, que atuavam I loje em dia oferecemos ao nosso
o Brasil se fez notar e aplaudir no intensamente nas numerosas igrejas da público e ao mundo musical as obras
exterior mais pela música popular. região e nas residências de ricos de uma centena de compositores que
Embora tenhamos hoje excelentes comerciantes tia época. No último trilham com sucesso os caminhos das
compositores clássicos, nenhum deles quartel do século XV III havia mais de mais avançadas experiências musicais
conseguiu o mesmo destaque mil músicos em atividades em Minas de vanguarda. Na entrada do século
internacional de Carlos Gomes e Villa- Gerais. Dois grandes nomes ressaltam XXI, nossos músicos clássicos estão
Lobos em suas respectivas épocas. nesse período: Emerico Lobo de rigorosamente atualizados e informados a
O curioso é que também no Mesquita e José Maurício Nunes de todas as novidades musicais que
século XVIII o Brasil teve notável Garcia. Viajantes estrangeiros de surgem na Europa e nos Estados
produção musical, das melhores nas passagem pelo Brasil elogiaram as Unidos da América e estão
Américas, embora ainda pouco atividades da Capela Real 110 Rio de participando com êxito nos mais
conhecida fora do Brasil. A música em Janeiro e as óperas encenadas no importantes festivais internacionais
Minas Gerais e depois no Rio de Teatro São João, como equivalentes com as suas obras.

qiü ü a .
§
iiw g , 5 2 5 ura \.<yiia 1 <sr.

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3. NAZARETH, Ernesto. - Odeon. 8. GUARNIERI, Camargo. Ponteio
pE^NAMBUCO-1882- NUMERO ULTIMO n" 8.
Compositor essencialmente carioca,
era considerado por Villa-Lobos como Guarnieri foi o líder da segunda
"a verdadeira encarnarão da alma geração nacionalista, destacando-se
musical brasileira". Darius Milhaud pelo seu estilo autêntico e refinado. A
julgava "genial" o criador do tango série dos "Ponteios" é representativa
brasileiro Odeon. de sua obra pianistica.

4. BRAGA, Francisco. - Hino à b) Vitrina com as grandes obras de


Bandeira. musicologia brasileira.
9. Arte da Música (1823) - primeiro
A pedido do prefeito Pereira Passos, o
compositor escreveu um pequeno livro sobre música publicado no Brasil.

hino, com versos de Olavo Bilac, para A presente edição é uma curiosidade
ser utilizado nas cerimônias de gráfica e histórica, a primeira obra de
hasteamento da bandeira nas escolas nossa musicologia após a
públicas do Rio de Janeiro. Foi depois Independência.
adotado pelas Forças Armadas como
o Hino à Bandeira.
10. SILVA, Francisco Manuel da.
Compêndio de música prática,
5. VILLA-LOBOS, Heitor. Choros n" publicado em 1832.
12.
O autor do nosso Hino Nacional foi
A série dos Choros, utilizando um bom compositor e notável
conjuntos instrumentais diferentes, foi professor. Esta obra parece ser a
a mais importante contribuição do primeira no gênero. Graças a ele foi
nosso maior compositor para a música fundado o primeiro conservatório de
moderna internacional. música no Brasil, em 1855.

6. FERNANDEZ, Lorenzo. Sinfonia 11. ANDRADE, Mário de. Ensaio


n° 2. sobre a música brasileira.

Lorenzo foi um dos lideres da primeira Esta foi a obra da musicologia


geração do movimento musical brasileira que maior influência teve
Uli iiJ.lPmill Htnít nacionalista brasileiro. Esta obra é em sua época e orientou duas
programática, inspirada no "Caçador gerações de compositores no sentido
de Esmeraldas", de Olavo Bilac, e foi da música de caráter nacionalista,
a) Vitrina com obras raras e partituras 2. GOMES, Carlos. Partitura da ópera escrita pouco antes de sua prematura baseada no estudo do folclore.
originais O guarani. morte.
1. D. Pedro I - Hino da c) Vitrina com revista brasileira de
Esta ópera foi o primeiro e o maior
Independência 7. MIGNONE, Francisco. Maracatu música
sucesso de Carlos Oomes.A ópera
do Chico Rei. 12. Revista brasileira de música
Não ê verdade que o príncipe tenha correu o mundo e ainda
composto a música na tarde de 7 de recentemente foi encenada com êxito Mignone foi o músico mais completo Esta foi a revista musical de maior
setembro de 1822. O mais provável é em Bonn e Washington. que o Brasil já produziu. Celebrizou-se prestigio nacional e de melhor
que d. Pedro tenha ajustado o seu pelos seus painéis orquestrais baseados divulgação no período de 1934/44.
hino, dias depois, às palavras de no folclore afro-brasileiro e esta é, Seu diretor era Luiz Heitor Corrêa de
Evaristo da Veiga. talvez, a sua obra-prima. Azevedo, depois chefe da seção de
música da Unesco em Paris.
13. Música viva

Essa famosa revista foi porta-voz do


grupo do mesmo nome, dirigido por
H.J.Koeiireutter, e que obteve excelente
divulgação no período 1945-55 e
muito influenciou a nova geração de
compositores no sentido de uma
modernização da música brasileira.

14. SANTORO, Cláudio. Sonata n° 3.

Nosso melhor sinfonista, que tanto


sucesso obteve na Europa nos anos
60 e 70, escreveu também numerosas
peças para piano-solo, como esta
Sonata n° 3.

15. PEIXE, Guerra. Roda de amigos.

Esta é uma das melhores obras de


câmara do nosso maior artesão
musical, escrita para pequena
orquestra e solistas de instrumentos
de sopro.

123
124

>

§
XVI ^ A Ciência no Brasil
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

A. . I
ELEMENTOS
DE

ASTRONOMIA'
PARA USO DOS ALUMNOS

A C A D E M I A R E A L M I L I T A R

O R D E N A D O

MANOEL F E R R E I R A DE ARAÚJO GUIMARÃES


">:*<* Mêr d* RcmI CtifO d* EigtMÂnm . r Uilr

Durante o período colonial, brasileiros se destacaram no campo d* j*mrf an*o d* rtjctid* Academ*.

ao contrário da Espanha e das ciências naturais; dentre eles,


da Inglaterra,
P " Portugal
o não podemos citar José Bonifácio de
estimulou em suas colônias Andrada e Silva (1763-1838) e as
RIO DE JANEIRO.
o estudo das ciências nem criou importantes missões exploradoras de N A I M P R E S S A M R E G I
->/ -/ti • '
universidades, bibliotecas ou escolas Alexandre Rodrigues Ferreira (1756- 1NNO M. DCC. XI

de ensino superior. Assim, até o século 1815), a Viagem filosófica, e a de João


Por Otdtm dt S. A. R.

XIX quase toda a atividade científica Barbosa Rodrigues (1842-1909),


110 Brasil vai limitar-se às missões Exploração e estudo do rale do
estrangeiras que observavam, Amazonas (1875), cujos originais se G U I M A R Ã E S , M a n u e l Ferreira d e Araújo. Elementos

da astronomia
coletavam e classificavam os nossos encontram também na Biblioteca
recursos naturais. Todos os viajantes e Nacional.
exploradores que vieram pesquisar no No Segundo Império, as de Manguinhos e de uma plêiade de
Brasil, não deixaram seguidores nem iniciativas de d. Pedro II muito homens voltados à pesquisa científica,
modificaram a condição cultural do incentivaram as ciências. Em 1874, a dentre eles Oswaldo Cruz (1872-
país. Escola Central foi dividida em Escola 1 ( )17), Carlos Chagas (1879-1934) e
Com a vinda da família real em Politécnica e Escola Militar, Manuel de Abreu (1894-1962).
1808. foram tomadas uma série de possibilitando, assim, pela primeira lodavia, o ensino permaneceu
medidas que contribuíram para o vez que fosse conferido o grau de inteiramente afastado da renovação
nosso desenvolvimento científico: bacharel em ciências. científica que se operava nos países
ensino superior, museu de história No início do século XX, a industrializados. Em meados dos anos
natural e jardim botânico. Antes de situação crítica de saúde pública 1930, a criação das faculdades de
nossa Independência, poucos provocou o aparecimento do Instituto ciências, em São Paulo e no Bio de
a) Livros bioeletro-gênese - um minucioso
1. ALMEIDA, Francisco Antônio biógrafo.
de. A paralaxe do Sol e as passagens
de Vênus. Rio de Janeiro: Typ. do 4. Coleção Freire Alemão. Estudos
Apóstolo, 1878. botânicos.

Francisco Antônio de Almeida foi o O médico brasileiro Francisco Freire


astrônomo brasileiro responsável Alemão (1797-1874), notável
pela utilização do revólver botânico e hábil desenhista,
fotográfico - invento do astrônomo elaborou Estudos botânicos (1834-
francês Jules Janssen <1824-1907), 1866), em 17 volumes, nos quais se
que deu origem ao cinema - durante encontram reunidos as mais
a passagem do planeta Vênus sobre preciosas descrições da flora
o disco solar, em Nagasaki, Japão, brasileira.
em 9 de dezembro de 1874.
5. CORREIA, Manuel Pio. Dicionário
2.1 ALPOYM, José Fernandes das plantas úteis do Brasil e das
Pinto. Exame de bombeiros. Madrid: exóticas cultivadas. Rio de Janeiro:
Officina de Francisco Martinezabad, Imprensa Nacional, 1926.
1748. Res.
O botânico brasileiro Manuel Pio
Janeiro, deu uma nova dimensão ao 2.2 ALPOYM, José Fernandes Correia (1874-1934) reuniu a mais
ensino científico no Brasil. Pinto. Exame de artilheiro. Lisboa: valiosa descrição das plantas úteis,
Officina de José Antônio Plates, exóticas cultivadas do Brasil em um
A primeira contribuição científica
1744. monumental dicionário, ainda hoje,
à civilização, elaborada por um uma das mais importantes fontes de
Engenheiro militar português José
natural das Américas, foi o feito referência sobre a flora brasileira.
Fernandes Pinto Alpoim (1700-1765)
realizado, em 1700, pelo brasileiro - um dos mais importantes nomes
6. COUTO, Carlos de Paula.
Bartolomeu Lourenço de Gusmão da engenharia colonial no Brasil -
Paleontologia Brasileira. Rio de
publicou dois valiosos tratados
(1685-1724) que conseguiu a Janeiro: Dep. Imprensa Nacional,
destinado ao ensino de engenheiros
ascensão em alguns metros de um - Exame de artilheiro (1744) e Exame
1953.

pequeno balão cheio de ar quente, a de bombeiros (1748). No Rio de O paleontologista brasileiro Carlos
Passarola, cujo desenho original Janeiro, executou vários projetos que de Paula Couto (1910-1982) pioneiro
alteraram o panorama arquitetônico na descoberta da fauna de
encontra-se na Biblioteca Nacional. da capital do vice-reinado, como o mamíferos pré-históricos que viveram
Esta experiência que precedeu a Palácio dos Vice-Reis (atual Paço no Brasil.
utilização prática de um balão Imperial) e o famoso Arco do Teles.
7. GOELDI, Emil August. Álbum de
tripulado, pelos irmãos franceses
3. CHAGAS FILHO, Carlos. Meu aves amazônicas. Rio de Janeiro: Liv.
Joseph e Etienne Montgolfier (1740- pai. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Clássica de Aves, 1854-1900.
1810 e 1745-1799), em 1783, cuja Cruz, 1993.
O naturalista brasileiro de origem
dirigibilidade seria conseguida, em Médico brasileiro Carlos Ribeiro suíça Emil August Goeldi (1859-
1001, pelo brasileiro Alberto Santos- Justiniano das Chagas (1879-1934), 1917) descreveu e desenhou com
famoso pela descoberta da doença grande precisão e arte a fauna do
Dumont (1873-1932) que, em 1906,
que leva o seu nome. Teve em seu Brasil, em especial as aves da região
com uma nave mais pesada que o ar, filho, o cientista Carlos Chagas Filho amazônica.
daria início ao domínio do espaço. (1910-2000) - pioneiro no estudo da
8. GUIMARÃES, Manuel Ferreira 11.3 RUSCHI, Augusto. Orquídeas O astrônomo brasileiro de origem
de Araújo. Elementos da astronomia do Estado do Espirito Santo. Rio de belga Luís Ferdinando Cruls (1848-
(primeiro livro de astronomia Janeiro: Expressão e Cultura,1986. 1908), além de chefiar a comissão
publicado no Brasil). Rio de Janeiro: que delimitou a região onde seria
O naturalista brasileiro Augusto
Imprensa Régia, 1814. construída a cidade de Brasília,
Ruschi (1915-1986) - notável por
determinou as nascentes do rio
O militar, político, jornalista e seus estudos sobre os beija-flores e
Javari, cuja localização foi
astrônomo brasileiro Manuel Ferreira as orquídeas - foi um ardoroso
fundamental na solução da questão
de Araújo Guimarães (1777-1838) - defensor da natureza no Brasil.
acreana, disputa de fronteira entre o
professor da Academia Real da Transformou sua residência,
Brasil e a Bolívia.
Marinha de Lisboa e da Academia construída no século XIX por seu avô
Real Militar no Rio de Janeiro - num terreno de 80 mil metros
15. AZEVEDO, Fernando de. As
escreveu o primeiro livro de quadrados da mata, em um museu
ciências no Brasil. [Rio de Janeiro]
astronomia publicado no Brasil. de história natural que doou ao
Melhoramentos [1956] 2 v. il.
governo federal.
9. IHERING, Rodolpho von. O sociólogo e educador brasileiro
Dicionário dos animais do Brasil. São 12.1. Santos-Dumont, Alberto. Fernando de Azevedo (1894-1974),
Paulo: Secretaria da Agricultura, Dans L'Air. Librairie Charpentier et além da obra-prima A cultura
Indústria e Comércio, diretoria de Fasquelle, Paris, 1904 brasileira (1956), coordenou a mais
Publicidade Agrícola, 1940. completa coletânea de ensaios sobre
12.2 Santos-Dumont, Alberto. O as ciências em nosso pais: As
O zoólogo brasileiro Rodolpho von
que eu vi, o que nós veremos. São ciências no Brasil (1955).
lhering (1883-1939) elaborou o mais
Paulo, 1918 (com dedicatória de
completo dicionário dos animais do
Santos-Dumont ao dr. Coelho Neto). 16. GUSMÃO, Bartolomeu
Brasil. Suas descrições são até hoje
Lourenço de. A Passarola. [1709]
fundamentais, haja vista a nova O aeronauta brasileiro Alberto
edição desta valiosa obra que deverá Santos-Dumont - pai da aviação -, O religioso e aeronauta brasileiro
sair ainda este ano. após assegurar a dirigibilidade dos Bartolomeu Lourenço de Gusmão
balões, em 1901, conseguiu, mais (1685-1724), um dos pioneiros da
10. RODRIGUES, João Barbosa. tarde, em 1906, realizar o primeiro aeronavegaçào, que em virtude de
Sertum palmarum brasiliensium. vôo documentado do mais pesado suas experiências com um balão de
Bruxelles: Imprimerie Typographique que o ar na história da aviação. ar quente - A Passarola - foi
veuve Monnom, 1903. apelidado de Padre Voador.
13. SICK, Helmut. Ornitologia
O botânico brasileiro João Barbosa
brasileira, cód.
Rodrigues (1842-1909) - pioneiro no
estudo sobre palmeiras e orquídeas O ornitólogo brasileiro de origem
no Brasil - escreveu várias obras- alemã Heinrich Maximiliam Friedrich
primas sobre a flora brasileira. Helmut Sick (1910-1991)- pioneiro
Deixou também valiosos relatos na descrição das aves brasileiras
sobre suas viagens às regiões ameaçadas de extinção - deixou os
amazônicas e às nações indigenas. mais belos livros sobre as aves
brasileiras editados no Brasil.
11.1 RUSCHI, Augusto. Aves do
Brasil. São Paulo: Ed. Rios, 1979. 14. CRULS, Luís. Carta de Luis Cruls
ao Imperador do Brasil, D. Pedro II,
11.2 RUSCHI, Augusto. Beija-flores
prestando informações para que este
do Estado do Espirito Santo. São
pudesse observar o aparecimento de
Paulo: Ed. Rios, 1982.
um cometa nos céus de Petrópolis.
Rio de Janeiro, 24 de janeiro de
1887.
£
£
«o
53
CQ

XVII ^ A Paixão do Brasileiro I 5


o,

A Música Popular
Ricardo Cravo Albin

A história tia música renovação cultural que nos redimiu: a modesto patamar cultural. Por quê?
popular brasileira nasce 110 dramática ascensão e formalização da Porque a elas faltam as labaredas
exato momento em que, civilização mulata no Brasil. E com ela, rejuvenescedoras tanto da
numa senzala qualquer, os a consolidação de sua filha miscigenação, quanto as de um país
índios (quem sabe se os mesmos primogênita, a mais querida e a mais jovem, como o Brasil.
registrados por Jean de Léry, que os viu abrangente, a MPB.
cantando ao tempo da França Alias, a extraordinária capacitação
Antártica de Villegagnon?) começam a brasileira de incorporar, de deglutir, de £
oa
acompanhar as palmas dos negros ruminar as mais várias culturas — a
cativos, enquanto os colonizadores meu ver, de resto, a contribuição mais
brancos se deixam penetrar pela magia original do Brasil para a história das
do cantarolar das negras de formas civilizações, neste milênio - vai
curvilíneas. Esse almágama, maturado encontrar, justamente no nosso
sensual, lentamente, por mais de cancioneiro, seu espelho mais
quatro séculos, daria uma resultante veemente, provocador e estimulante.
definida há cerca de cem anos, quando Devo observar que as músicas
é criado, 110 Rio, o choro e quando populares de outros países como
surgem o maxixe, o frevo e o samba. Alemanha, França, Portugal, Rússia,
Daí para cá, o último século, Itália, toda Escandinávia e tantos
aberto tanto pela Abolição da outros (à exceção dos Estados Unidos,
Escravatura (1888) quanto pela onde o jazz se desenvolveu com vigor
Proclamação da República (1880), diferente) são muitíssimo mais
assistiu à consolidação de unia discretas e - aí sim - avaliadas em Chiquinha Gonzaga
1. BARBOSA, Domingos Caldas. e verdadeiro do termo, da história da
Viola de Lereno. Lisboa: Na Officina MPB. A marcha "O abre-aias"foi a
Nunesiana, Anno 1798. música mais cantada no carnaval que
abriu o século XX (1889-1900),
O modinheiro Domingos Caldas
enquanto a modinha "Lua branca",
Barbosa espalhou suas canções pelo
extra ida da peça "Forrobodó", é até
Rio colonial nas décadas derradeiras
hoje uma das modinhas mais
do século XVIII. As cantigas, no mais
marcantes do mesmo século.
das vezes de amor, estruturadas em
versalhada opulenta, quase sempre
5. BAHIA, Xisto. Isto é bom. Lundu.
exagerada, tinham ancestralidade
Disco 78 com Eduardo das Neves.
plantada nas fontes portuguesas das
canções medievais. Este disco é duplamente importante.
Primeiro, por conter a gravação do
2. GARCIA, Padre José Maurício lundu de Xisto Bahia (1838-1885), a
Nunes. Partitura "Beijo a mão que peça mais famosa do lunduzeiro
me condena".(edição organizada por mais reconhecido do pais no século
Pixinguinha e Copinha
Aluísio de A. Pinto) XIX. Eduardo das Neves, o célebre
Nego Dudu gravou o disco, para a 8. BARBOSA, Orestes. Samba, sua 10. SINHÔ. Partitura Jura.
Peça rarlssima, datada de 1830, esta
Odeon Talking Machine, que história, seus poetas, seus
modinha, cuja forma se enquadra Se Donga foi historicamente o
retomou nos anos 10 o pioneirismo manuscritos e seus cantores. Rio de
nos parâmetros do gênero musical primeiro sambista, o Sinhõ (José
de Fred Figner e sua Casa Edison, Janeiro: Livraria Educadora, 1933.
popular, é um derradeiro suspiro Barbosa da Silva) terá sido o pioneiro
que começaram a fabricar os discos
d'amore (sua última composição) do Orestes Barbosa não foi apenas o a profissionalizá-lo, embora em
iniciais (em 78 RPM) a partir de
nosso primeiro grande compositor, grande poeta da obra-prima "Chão torno do nome. 0 sucesso de Sinhõ
1902.
geralmente considerado o maior de estrelas". Foi jornalista qualificado (1920-1930) teve seu apogeu com o
autor de música sacra das Américas nas melhores redações do seu tempo samba "Jura", gravado quase
6. ROSA, Noel. Partituras originais
no século XVIII. e ainda autor deste belo livro, em simultaneamente por Aracy Cortes e
de "Com que roupa?".
que são passados em revista Mário Reis, que então iniciava
3. SILVA, Francisco Manuel da. Noel Rosa estreou com "Com que personagens e fatos relevantes carreira pelas mãos do autor,
Partitura "A Marrequinha de laiá" roupa", no carnaval de 1931. O ligados ao inicio do samba, também seu professor de violão.
(lundu). maior poeta da MPB, cognominado considerado hoje por muitos como o
"o filósofo do samba", faria, além gênero nacional, em música popular. 11. Partitura "Valsa de uma
O lundu é considerado, ao lado da
das músicas de referência biográfica, cidade" - Antônio Maria e Ismael
modinha, o gênero musical inicial em
algumas peças em que louvava a 9. BABO, Lamartine & IRMÃOS Neto (1954)
que foi vazado o inicio da MPB,
sedução do Rio de Janeiro, como a VALENÇA. Partitura de " 0 teu
justamente sua face miscigênica, em Se a marcha "Cidade Maravilhosa"
rara "Cidade mulher". cabelo não nega".
que o ritmo negro e a descontraçào (de André Filho, 1933) é o hino
literária são observadas. Esta Esta marchinha bem pode ser oficial da cidade do Rio de Janeiro, a
7. PINTO, Alexandre Gonçalves
partitura é, especialmente, considerada a mais célebre e valsa do poeta e cronista Antônio
(o Carteiro). Choro
significativa porque foi escrita pelo significativa da história do carnaval Maria e do músico e criador do
mesmo severo autor do Hino Considerado o primeiro livro sobre o brasileiro. Escrita por Lamartine Babo conjunto "Os cariocas", Ismael Neto,
Nacional Brasileiro, em 1840. gênero musical carioca, o choro, e pelos Irmãos Valença (autores de é o outro hino da cidade. Um terno,
criado pelo flautista J. A. da Silva frevo do Recife), ganhou os corações lirico hino-valsa, em que a
4. GONZAGA. Chiquinha. Partitura Callado a partir de 1870, este brasileiros a partir do carnaval de modernidade que seria introduzida
" 0 abre-alas". volume tem valor histórico 1932, sendo exaltada até hoje como pela bossa-nova já se antecipa.
qualificado Apesar da irregularidade abertura e encerramento dos bailes
A maestrina Chiquinha Gonzaga carnavalescos.
e até precariedade, por vezes, do
pode ser considerada o primeiro
texto.
grande autor, no sentido mais amplo
12. "Modinhas imperiais" - Mário 15. JOBIM, Tom & MORAES,
de Andrade - 1930 Vinícius de. Partitura original de
"Chega de saudade".
Esta primeira edição de Mário de
Andrade é fruto de exaustivo trabal- Esta música pode ser considerada
ho de pesquisas que lhe tomou "peça de ruptura" da MPB. A
vários anos. O resultado, contudo, é ruptura provocada pela bossa-nova
opulento, como informação e como de Tom Jobim e Vinícius de Moraes -
definição das modinhas por ele recol- sem, é claro - esquecer-se do violão
hidas. Trata-se do primeiro grande do seu principal intérprete, o baiano
livro editado no Brasil sobre tema lig- João Gilberto. Juntos eles três
ado à música popular brasileira, a fizeram a revolução da bossa-nova,
modinha. internacionalizando a música popular
do Brasil a partir de 1960. Um
13. DONGA. Partitura de "Pelo caminho hoje sem volta e que
telefone". qualifica a MPB como o mais bem-
sucedido produto de exportação
A partitura original de "Pelo
cultural de que dispõe o pais.
telefone" não representa apenas a
certidão de batismo do samba, em
1917, apesar da palavra já existir
muito antes, inclusive sendo ligada,
aqui e acolá, a algumas outras
músicas. Contudo, seu autor, Donga
(Ernesto dos Santos), correu ã
Biblioteca Nacional para registrá-la, o
que significava uma intenção muito
clara de preservar os direitos que
dela poderiam ser absorvidos
posteriormente.

14. CERNICCHIARO, Vincenzo.


Storia delia musica nel Brasile. Ari Barroso

Milano: Fratelli Riccioni, 1926.

Esta rarlssima edição (datada de


1926) è considerada fundamental
para a história da nossa música
popular, porque qualifica pela
primeira vez a MPB em livro editado
fora do Brasil. Fato a considerar-se
aqui é que este livro jamais foi
traduzido para o português, o que
configura um quase absurdo
editorial.

12 9
A Imagem do Carnaval Brasileiro:
do Entrudo aos Nossos Dias
Fred Góes

fSL O carnaval é uma das infinidade de manifestações (jue "trieletrizado" com rock e samba duro
l'fm manifestações que melhor desvelam a fisionomia múltipla dos com reggae, denominada de axé.
expressam a pluralidade nossos caracteres regionais. Não Durante pelo menos trinta anos,
-"j*™ cultural da gente brasileira. comemoramos, portanto, um na era áurea do rádio, nossa música
Descendente das festas pagas de carnaval, mas muitos deles, e popular dividia-se entre a música de
tempos imemoriais, foi aqui diferenciados. Do Rio de Janeiro, as meio de ano e a de carnaval, momento
reinventado, ao miscigenar elementos Escolas de Samba se espalharam pelo em que a marchinha e o samba
sacros e profanos de diversas origens, Brasil, tornando-se a expressão mais reinavam absolutos. Com o advento
especialmente, portuguesa, negra e conhecida. Mas além delas, há as da televisão, o desfile das Escolas de
ameríndia. Escolas de Samba paulistas que se Samba cariocas tornou-se, junto com
E nesse período, em que a originam, muitas vezes, das torcidas o futebol, o produto cultural de
linearidade da cronologia cotidiana se organizadas dos clubes de futebol. Em exportação que melhor nos
redimensiona e a estratificação social Pernambuco, a festa destaca-se pelo identificava no exterior. Assistimos
se torna mais inaleável, que melhor vigor das orquestras de frevo, nas neste momento, tempo de
revelamos a exuberância de nossa suas diversas modalidades, pelas globalização, virtualidade e aceleradas
criatividade em vários campos troças c blocos, maracatus, transformações, ao carnaval
artísticos, por meio da música, da caboclinhos e pelos bonecos gigantes ultrapassar os limites dos dias
dança, da indumentária, de diferentes de Olinda. Na Bahia, contrastam os precedentes à quaresma, nas versões
expressões das artes plásticas e das afoxés percussivos, de origem carnas/folias fora de época, ao ano
artes cênicas. Somos, enfim, os religiosa, com a fúria sonora do Trio inteiro, por todo o país. A marchinha,
produtores da mais monumental festa Elétrico, caminhão da alegria, de o samba e o frevo tornam-se axé-
do planeta. Isso porque o conceito onde surge a sonoridade music e a fantasia é substituída pelo
genérico de carnaval abarca uma antropofágica, que mistura frevo abadá.
1. Dois croquis dos figurinos da 7. ALENCAR, Edigar de. O carnaval 1896. Diz a legenda: "Por uma arte 17. LIRA, Mariza. Relíquias cariocas:
Escola de Samba Estácio de Sá do carioca através da música. Rio de ainda mais diabólica do que a carnaval, as grandes sociedades,
carnaval de 1992, de autoria de Chico Janeiro: Freitas Bastos, 1965. carnavalesca, enorme quantidade de cordões e ranchos carnavalescos,
Feitosa (ala "os acadêmicos"). confetes e serpentinas caiu sobre este escolas de samba. Vamos Ler! Rio de
Obra panorâmica da evolução da
desenho que representava as proezas Janeiro, p. 51-53, 9 fev. 1939.
A Escola de Samba Estácio de Sá foi música carnavalesca, dos primórdios ao
do carnaval e os belos préstitos das três
campeã no ano de 1992 com enredo final dos anos 70, em sua 3' edição de Mansa Lira, musicóloga e foldorísta, foi
principais sociedades. Os Tenentes e
de autoria do carnavalesco Chico 1979. O autor indica os grandes uma das pioneiras dos estudos da
Democráticos ficaram completamente
Feitosa em homenagem à Semana de sucessos ano a ano. música popular urbana.
sacrificados! Todavia, é bom declarar:
Arte Moderna. Junto aos croquis das
Quem tiver curiosidade de querer vê- 18. J. CARLOS. Revista Paratodos
fantasias Graça Aranha e Guilherme de 8. Eneida. História de carnaval carioca.
los, poderá satisfazer seus desejos 23/02/23 (CAPA)
Almeida há um recorte de tecido usado Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
tirando, um por um, todos os
na confecção do figurino. 1958. Desenho caricatural de J. Carlos que
confetes".
O livro de Eneida de Morais, lançado retrata com fidelidade o clima de folia
2. PEDERNEIRAS, Raul. Carnaval de
em 1958, é referência básica para os 13. DOM QUIXOTE p.8 do carnaval, em que se vê um homem
outrora: cenas da Vida Carioca.
que estudam o universo carnavalesco. travestido de bailarina e a figura de
Caricaturas. Rio de Janeiro: Off. graph. Ângelo Agostini representa duas
Além de cronista, poetisa e contista, era Carlitos.
do Jornal do Brasil, 1924. situações de fim de festa: a 4' feira de
a promotora do Baile do Pierrot que se
cinzas na rua e num salão. 19. Revista Paratodos 23/02/23 (a
Obra doada ã FBN pelo autor em 1924. tomou uma tradição do carnaval
Estão representadas as fantasias carioca. mesma revista) pp. 22/23
14. AL [José de Alencar], Ao correr da
características dos carnavais de rua do Baile dos Artistas no ano de 1923,
penna (revista). Correio Mercantil. Rio
Rio que nos anos 20 já não eram mais 9. FONYAT, Bina. Carnaval. Rio de
de Janeiro, 14jan. 1855. realizado no Palácio Teatro.
usadas. Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
José de Alencar noticia a grande 20. Revista Paratodos 23/02/23 (a
Homens solitários, fantasiados de Índio,
3. PEDERNEIRAS, Raul. Carnaval de novidade para o carnaval de 1855, a mesma revista) pp. 24/25
eram personagens comuns que foram
outrora. cenas da vida carioca. saída da Grande Sociedade Congresso
desaparecendo do carnaval de rua do Flagrantes do carnaval de 1923: Bailes
Desenho. Bigodinho: História das Sumidades Carnavalescas, da qual
Rio de Janeiro. de Clubes, o corso e préstitos da 3'
carnavalesca. Rio de Janeiro: Off. graph. foi um dos fundadores. O desfile
feira gorda em que se vêem os carros
do Jornal do Brasil, 1924. 10. PILÓ, Manuel. Quarteto. Figuras ocorreu no dia 18 de fevereiro de 1855,
alegóricos ou "carros de crítica" de
do Carnaval, ico - 48 cartas color. saindo às 15 horas do Largo D. Manuel
Obra doada à FBN pelo autor em 1935. algumas das mais famosas Grandes
Fantasia , recoíhendo-se no Teatro de S. Pedro.
História em quadrinhos que retrata uma Sociedades: Tenentes do Diabo,
cena do carnaval do passado. Carnaval
15. RIO, João do. Elogio do cordão. Fenianos e Democráticos.
Fantasias recorrentes nos carnavais dos Kosmos. Rio de Janeiro, fev. 1906. não
4. JULIÃO, Carlos prancha XXXVI 21. Foto de Alair Gomes: Carnaval
anos 50. paginado.
de Rua
5. JULIÃO, Carlos prancha XXXVII
Em seu Elogio do cordão de 1906, João
11. J. Carlos. Revista Paratodos
Festa de Reis em aquarelas de Carlos do Rio afirma: "O cordão é o carnaval, Fotografia do acervo de Alair Gomes
8/05/26. Desenho original.
Julião, século XVIII, em que são é o último elo das religiões pagãs, é doado à FNB em que o tema central é o
retratados o cortejo e a coroação de Desenho original de J. Carlos (arte final) bem o conservador do sagrado dia do amor mascarado, o amor fugaz de
uma rainha negra. Esta é uma das para a capa da Revista Paratodos de 8- Deboche ritual." Os desenhos que carnaval.
formas de expressão religiosa 05-1926. A melindrosa foi a ilustram o texto são de Kalisto. Há,
absorvidas pelo carnaval. protagonista do traço do autor, entre eles, um travesti, vestido de 22. Foto de Alair Gomes : Carnaval
tomando-se uma fantasia freqüente em baiana, cheio de tatuagens. de Rua
6. Partitura de "Mamãe Eu Quero". todos os carnavais.
Fotografia do acervo de Alair Gomes
16. ANDRADE, Carlos Drummond
Uma das músicas mais executadas no doado à FBN em que o Bloco Cacique
12. Dom Quixote ano 2 n.52 p.4/5 de de. Um homem e seu carnaval. Revista
carnaval, desde seu lançamento em de Ramos e flagrado em plena evolução
22/02/1896. leitura. Rio de Janeiro, n. 8, ano XVI,
1937. Marchinha exemplarmente na Av. Rio Branco no ano de 1971.
popular e carnavalesca tanto em termos Ângelo Agostini propõe uma fev. 1958. p.11
de música, quanto de letra da autoria brincadeira carnavalesca ao leitor, no O poeta revela sua perplexidade diante
de Vicente Paiva e Jararaca desenho que retrata o carnaval de da louca folia carnavalesca. Sente-se
(José Luiz Calazans). abandonado por Deus.
32

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1 Brasil do Futebol: a Produção de
Milh ões de Reis em utu Século de Paixão
Simoni Lahud Guedes

Dentre as múltiplas mesmas razoes que nos sentimos


dimensões da brasilidade "vira-latas", que esquadrinhamos
construídas ao longo «Ia minuciosamente o que representamos
•j - história, pós e pré- como a "nossa formação étnica" para
cabralina, uma das mais vigorosas é, compreender os determinantes de
sem dúvida, a que se consolida no nosso fracasso.
último século através do futebol. Nos Esporte mais popular do mundo,
campos de futebol, os brasileiros têm o futebol tem um segredo: é sempre o
colocado em jogo inúmeros mesmo e é sempre diferente. É
significados, com níveis de mágico. Apropriado como uma das
abrangência e referências diversas. A principais referências sobre o Brasil e
honra nacional não é o menor deles. os brasileiros, tem-se constituído no
De fato, como nos lembra o gênio de mais importante espaço simbólico no
Nélson Rodrigues, é o futebol que tem qual cristalizamos e negociamos nossa
a possibilidade de nos transformar, de identidade nacional, permitindo <|iie
um momento para outro, através dos exaltemos as nossas glórias e
caprichos de uma bola e do driblemos os nossos fracassos.
desempenho do selecionado, em
milhões de reis, vestidos com o manto
da bandeira nacional brasileira,
milagrosa e simultaneamente
individualizados c irmanados por
nossa emoção. Mas é também pelas
1. FREYRE, Gilberto. Sociologia. Rio publicado no Jornal do Brasil de
de Janeiro: José Olympio, 1945. sábado, 20 de junho de 1970.

Estréia "Acadêmica" do Futebol Tributo do poeta à paixão nacional.

2. MÁRIO FILHO. O negro no futebol 7 MENDONÇA, Marcos Carneiro


brasileiro. Rio de Janeiro: Pongetti, de. Álbuns de recortes (2)
1947 Contém, além de recortes de jornais
de 1910 a 1919, em suas mais de
O livro mais importante acerca do
quinhentas páginas, referentes aos
futebol brasileiro, enriquecido com
jogos de que o autor participou, uma
um prefácio famoso de Gilberto
série(nomes, lembretes, gracejos) de
Freyre.
observações do próprio punho de
Marcos e, ainda, fotografias.
3. MAZZONI, Thomaz. História do
futebol no Brasil: 1894-1950 São Legado do atleta-historiador à
Paulo: Edições Leia, 1950. posteridade: preciosidade guardada
pela Biblioteca Nacional.
Também um livro fundamental,
totalmente construído com arquivos
8. Jornal dos Sports
do autor.
Este jornal fundado em 1931 é ainda
4. LYRA FILHO, João. Introdução à o maior existente dedicado ao
sociologia dos desportos. Rio de jornalismo esportivo que é parte
Janeiro: Bloch; Brasília: Instituto fundamental do fenômeno do futebol
Nacional do Livro, 1973 brasileiro.

João Lyra Filho foi o pioneiro na


9. Manchete esportiva
sociologia dos esportes no Brasil.
Textos e, principalmente, imagens que
5. RODRIGUES, Nélson À sombra popularizaram e divulgaram o futebol
das chuteiras imortais. Seleção e notas no Brasil, através desta importante
de Ruy Castro. São Paulo: Companhia revista.
das Letras, 1993
10. MARTINS, Aldemir. Brasil
. A Pátria em
futebol-rei. Rio de Janeiro: Imago,
chuteiras. Seleção e notas de Ruy
1965.
Castro. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994 O estilo brasileiro de futebol: o drible,
o jogo de cintura, a finta ...
Do "complexo de vira-latas" à "pátria
de chuteiras", o futebol brasileiro
deve a Nélson Rodrigues a autoria de
suas maiores jogadas nas letras.

6. ANDRADE, Carlos Drummond


de. Poema dedicado à equipe
brasileira vencedora da Copa do
Mundo de Futebol de 1970,
XVIII ^ Olhares Sobre o Rio de Janeiro
Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha

S. É quatro vezes centenária a se registram nestes quatros séculos as v iajar para conhecer e contemplar o
ímf atração que a região da mudanças ocorridas na região. exótico e o pitoresco de terras
baía de Guanabara e do Rio A expansão da cidade do Rio de distantes, canalizou para o Rio de
— de Janeiro sempre exercem Janeiro, de pequeno núcleo no morro Janeiro grande número desses
sobre os que a ela aportaram. Cara de Cão (1565), transferido dois aficionados , testemunhas oculares
Desde que a frota de Martim anos depois para o morro mais que, posteriormente, de volta a seus
Afonso de Souza, entre 1530-1532, protegido e a cavaleiro da baía - países legaram aos contemporâneos
passou pela região ainda desconhecida, morro do Castelo - em 1567 - e daí suas impressões. Conhece-se pela
que as manifestações entusiásticas avançando para a várzea e para o opulenta bibliografia o quanto de
sobre a paisagem com exuberante interior e circunvizinhanças, numa fascínio a paisagem e os costumes da
vegetação tropical enchem páginas e potente e visível conquista da terra, cidade do Rio de Janeiro exerceram
páginas de muitos dos mais conhecidos tomada paulatinamente aos charcos e sobre os europeus.
livros sobre a terra fluminense, pântanos; u instalação e Os testemunhos reunidos nesta
registrando impressões de franceses, desenvolvimento do núcleo urbano (de mostra dão a medida exata do
ingleses, alemães, suecos, arquitetura típica colonial) e o interesse pela cidade do Rio de
dinamarqueses, russos, além dos aumento populacional (com a Janeiro, através dos documentos
portugueses colonizadores. I)a simples variedade de raças e cores) estão iconográficos e cartográficos, bem
descrição textual às impressões fixados nos inúmeros documentos como os preciosos e profusamente
expressas com sensibilidade por artistas iconográficos e cartográficos que até ilustrados livros de viajantes que
ou amadores com formação nas hoje são objeto de interesse por parte atualmente fazem parte do acervo da
técnicas de pintura, desenho, aquarela de estudiosos e colecionadores. Biblioteca Nacional.
e gravura (não esquecendo a partir dos A visão romântica da paisagem
meados do século XIX a fotografia) que no século XIX, levando os europeus a ADALBERT, príncipe da Prússia. Skizzen zu den Tagebuch.
1. ADALBERT, príncipe da Prússia. século XIX por um inglês que serviu no CHAMBERLAIN, Henry, 1796-1844. de vários quadros a óleo, reuniu
Skizzen zu den Tagebuch. Berlim: exército em Lisboa e acompanhou a Oficial da marinha inglesa, sediado no valioso documentário social - tipos,
Dekersche Geheime Ober corte ao Brasil. Mordaz e satírico nas Rio de Janeiro entre 1815 e 1829. aspectos e costumes, acontecimentos
Hofuchdruckerei, 1847. 44 est. observações registradas e nos traços Artista amador, de seus esboços e históricos que ocorreram na cidade
caricaturais das estampas que, nas desenhos realizados foi editado na entre 1816 e 1831 editados em
ADALBERT, príncipe da Prússia, 1811-
peças referentes ao Brasil, enfocam Inglaterra um álbum de aguatinta - litografias que compõem três volumes.
1873. Alemão, o príncipe de Wied- tipos populares, panoramas, costumes
cenas: o beija-mão real no Palácio de Nomeado professor de Pintura
Neuwied viajou pelo Brasil na década locais. Fazem parte do documentário
São Cristóvão e uma cena de recepção Histórica na Imperial Academia de
de 1840, percorrendo a Bahia, Espirito que intitulou Vistas e costumes da
em residência particular, onde eram Belas-Artes, voltou ã França em 1831.
Santo. Chegando de navio à cidade, cidade do Rio de Janeiro que já
comum os saraus musicais sempre
desenhou algumas das mais belas mereceu neste século duas edições
com a presença dos castrati - 6. DESMONS. Panorama da cidade do
visões do Rio de Janeiro reproduzidas fac-similares.
rarissimos documentos da vida social Rio de Janeiro. Coleção de 13 vistas
a aguatinta no seu famoso álbum
no Rio de Janeiro entre 1808 e 1821. do Rio de Janeiro desenhadas por
intitulado "Do meu diário". O recorte
5. DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage Desmons. Rio de Janeiro: Banco do
das montanhas, a luminosidade do
3. BERTICHEN, Pedro Godofredo. 0 pittoresque et historique au Brésil; ou Estado da Guanabara, 1963.
raiar do dia, a lua refletida nas águas
Brasil pitoresco e monumental. Sêjour d'un artiste français au Brésil Reprodução do original.
da baía de Botafogo ou a silhueta do
Publicado por Rensburg. Rio de Janeiro depuis 1816 jusqu 'en 1831
gigante adormecido visto do alto-mar DESMONS, lluchar, 1803-1858, post.
: Lith Imperial de Rensburg, 1856. 46 inclusivement. Paris : Firmin-Didot
tornam as aguatintas de seu álbum Francês, com formação artística, se
est. frères, 1834-39. 3 v. color.
um dos mais preciosos conjuntos transfere para o Rio de Janeiro em
iconográficos publicados no século BERTICHEN, Pedro Godofredo, 1796- DEBRET, Jean-Batiste, 1768-1848. 1840 tendo fixado aspectos da cidade
XIX. 1866. Artista holandês radicado no Francês, com formação acadêmica na que compõem o álbum editado por
Rio de Janeiro na segunda metade do Academie des Beaux-Arts de Paris, Lemercier em 1855 com treze
2. A.P.D.G. Sketchs of Portuguese Life, século XIX. Além de quadros a óleo, aluno do famoso pintor David de aspectos paisagísticos.
Manners and Costume and Character. dedicou-se á litografia preparando um quem recebeu influências marcantes.
Illustrated by twenty coloured plates conjunto de 45 pranchas de aspecto Veio para o Brasil como membro da 7. ENDER, Thomas. Zeichnungen von
by A.P.D.G. London : B. Withaker, arquitetônicos da cidade, editado em Missão Artística Francesa. Colaborou Schiffer...und figuren mit 71 Seiten.
1826. 346 pr. aguatinta color. 1856. em 1816 na ornamentação da cidade 1817. 244 des. originais.
por ocasião dos festejos da coroação
A. P. D. G. Sob estas iniciais se ENDER, Thomas, 1793-1875.
4. CHAMBERLAIN. Views and de d. João V! rei de Portugal e
esconde o autor de uma das mais Austríaco de formação acadêmica, foi
Costumes of City and Neighbourhood também da recepção á princesa
interessantes obras que retrata em aluno da Escola de Belas-Artes de
of Rio de Janeiro, Brazil, 1819-1820. Leopoldina, princesa austríaca e
estampas e textos costumes Viena. Participou da Missão Cientifica
London : Mowlet and Brinner, 1822. esposa do príncipe real d. Pedro. Além
portugueses. Escrito nos prímórdios do Austríaca que acompanhou em 1817
36 est. aguatinta color.

12
9. JULIÃO, Carlos. Riscos illuminados MARTINET, J. Alfred, 1821-post. 1872.
de figurinhos de brancos e negros dos De família francesa dedicada às artes
uzos de Rio de Janeiro e Serro do Frio. gráficas por várias gerações, desde o
Aquarelas. século XVII - veio para o Brasil na
década de 1840, trabalhando como
JULIÃO, Carlos, 1740-? Italiano de
pintor e lítógrafo deixando óleos e
Turim, contratado pelo exército
litografias de pontos pitorescos da
português, participou de viagens às
cidade, reunidas em álbum
colônias - índia e Brasil. Além de
acompanhado de descrição. Sua
mapas de fortalezas, reuniu num atuação foi estudada e publicada nos
álbum de aquarelas testemunhos de Anais da Biblioteca Nacional, vol. 98,
costumes do Rio de Janeiro e Serro do onde está levantada toda sua obra
Frio em número de 43 folhas. 0 gráfica que inclui também registros de
conjunto compreende também vários santos.
desenhos de deuses da índia,
acompanhados de explicações e
12. MOREAUX, Louis Auguste. Rio
desenhos de objetos da prata do Peru
de Janeiro pitoresco, por L. Buvelot e
encontrados num navio naufragado
Auguste Moreaux. Rio de Janeiro :
nas costas de Perriche (em Portugal).
Lith. de Heaton e Rensburg, 1845. 18
Todo álbum é de propriedade da
litog.
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
tendo merecido edição fac-similar em MOREAUX, Louis Auguste, 1818-
1960. 1877. De origem francesa, veio com
seu irmão François René, viajaram por
10. LUDWIG AND BRIGGS, Brazilian várias regiões do Brasil e participaram
Souvenir, a Selection of the Most da Exposição Geral de Belas-Artes em
Peculiar Costumes of the Brazils. Rio 1841, obtendo medalhas de ouro.
de Janeiro : Lith. Ludwig e Briggs, Pintaram temas religiosos e desenhos
1845. 30 lit. aquar. de festas populares. Destaca-se na
obra de Louis Auguste o álbum de
LUDWIG, Pedro & BRIGGS, Frederico
litografias preparado em colaboração
Guilherme. Sócios da firma que no Rio
com Louis Buvelot, artista que partiu
de Janeiro se dedicou a trabalhos de
para Austrália onde se radicou.
caráter comercial de reprodução
litográfica.
13. FERREZ, Gilberto (Texto e
Briggs estudou na Imperial Academia
organização). A muito leal e heróica
de Belas-Artes e se aperfeiçoou em
cidade de S. Sebastião do Rio de
a princesa Leopoldina, recèm- 8. HASTREL, Adolfo d'. Rio de litografia na oficina da Day and Haghe
Janeiro. Rio de Janeiro : Ed. por R. de
esposada do príncipe real d. Pedro. Janeiro ou Souvenirs du Brésil dessinés em Londres. Ê deles o álbum de
Castro Maya, C. Guinle de Paula
Permaneceu um ano no Brasil d'après nature. Paris : F. Delarue; costumes do Brasil editado naquela
Machado, F. Machado Portella e Banco
produzindo cerca de 800 aquarelas London : Hambart Júnior L. Co., 1859. firma e que mereceu edição fac-similar
Boavista, 1965.
que levadas para a Áustria, HASTREL, Adolphe d', 1802-1870. pela Biblioteca Nacional,
t
atualmente enriquecem a Biblioteca da Artista francês que visitou a cidade na acompanhado de estudo histórico A muito leal e heróica cidade de São
Academia de Belas-Artes. A Biblioteca década de 1840-1850, fixando em sobre o artista e sua oficina. Sebastião do Rio de Janeiro,
Nacional do Rio de Janeiro possui um litografias de espírito romântico organizada para marcar as
precioso conjunto de esboços a lápis e aspectos da paisagem, o pitoresco da 11. MARTINET, J. Alfred. O Brasil comemorações dos quatrocentos anos
aquarelas de sua autoria, onde estão arquitetura com pequenas figuras de pittoresco, histórico e monumental. de fundação da cidade, a obra se
fixados aspectos da cidade, costumes costumes em seu álbum impresso Rio de Janeiro : Typ. Laemmert, 1847. constitui num dos marcos dos festejos
de escravos e panoramas. depois de sua volta. 21 p., 4 lit. aquar. que se realizaram no ano de 1965.
Síntese histórica dos quatros séculos RUGENDAS, Johann Moritz, 1802- aperfeiçoou-se em litografia com dos assuntos comerciais. Além das
através de textos eruditos valorizados 1858. Natural da Alemanha, pintor e Engelmann na Alsácia e com atividades inerentes ao cargo,
pelas inúmeras ilustrações a cores desenhista com formação acadêmica Senenfelder em Paris. Contratado para participou da Sociedade Filantrópica
selecionadas em livros, peças avulsas na Academia de Belas-Artes de lecionar esta técnica aplicada â Beneficente, ligada aos SUÍÇOS alemães
raras e preciosas. É importante obra Munique, sendo influenciado também reprodução cartográfica no Arquivo e foi ativo participante da praça do
de referência para os estudiosos do por seu pai e tios, também artistas. Militar, chegou no ano de 1825. comércio. Desenhista amador, levou
Rio de Janeiro. Veio ao Brasil em 1821 participando Trabalhou cinco anos para o governo para a Alemanha desenhos do Rio que
da Missão Científica russa, dirigida imperial, desligando-se de seus foram editados em Berlim com o titulo
14. OUSELEY, William Gore. Views pelo barão de Langsdorff, porém compromissos, após o que deu Saudades do Rio de Janeiro.
in South America from Original desistiu de acompanhar o roteiro da continuidade aos trabalhos em oficina
Drawings Made in Brazil, the River expedição e independentemente própria. De volta à Suíça, levou 20. VIDAL, Emeric Essex. Picturesque
Plate, the Parana. London : T. produziu grande número de desenhos desenhos de vistas e aspectos do Brasil lllustrations of Rio de Janeiro. Texto de
MacLean, 1852. 26 est. color. de regiões brasileiras. De volta a que foram gravados á aguatinta por G. Ferrez e E. Martins. Buenos Aires :
Europa editou na litografia de Friederich Salathé e que ocorrem em Libreria L'Amateur, 1961. 24 aquar.
OUSELEY, William Gore, 1797-1866,
Engelmann com texto bilingüe o álbum, cujas folhas são enquadradas
inglês, veio para o Brasil em 1834- VIDAL, Emeric Essex, 1791-1861.
álbum Viagem de um pintor ao Brasil. em litografias de decoração
1835, exercendo cargos na diplomacia Membro da marinha inglesa, prestou
Em 1831 volta ã América - ao México naturalista. Este álbum, editado três
da legação britânica. Viajou também à serviços na esquadra do Atlântico Sul,
e Chile; em 1847 retorna ao Brasil vezes em fac-símile, teve no publicado
Argentina. Deixou-nos um álbum de ocasião em que fixou em desenhos
sempre documentando os aspectos da em 1967 um estudo informativo sobre
litografias coloridas que inclui várias aspectos do Uruguai, Argentina e
paisagem, usos e costumes cujos os litógrafos Steinmann e Salathé.
pranchas do Rio de Janeiro, impressa Brasil, entre os anos 1836-1837. Suas
desenhos atualmente enriquecem
na Inglaterra em 1852. magníficas aquarelas estão reunidas
várias coleções brasileiras. Deixou 19. THEREMIN, Wilhelm Karl.
ainda quadros a óleo e retratos de em álbum impresso au pochoir;
Saudades do Rio de Janeiro. Berlim: L.
15. PLANITZ, Carlos Roberto, barão membros da Família Imperial Brasileira. conhecem-se aspectos inusitados dos
Sachs e comp., 1835. 6 litogr. aquar.
de. 12 vistas do Rio de Janeiro, arrabaldes da cidade - Tijuca,
desenhadas por C.B. de Planitz e THEREMIN, Karl Wilhelm, 1784-1852. Botafogo, Laranjeiras e uma
17. SISSON, Sebastião Augusto.
lithographadas por Speckter e Cia. De origem alemã, chega ao Brasil como excepcional festa a bordo da fragata
Álbum do Rio de Janeiro moderno. Rio
Hamburgo : Roberto Kitter; Rio de cônsul-geral da Prússia encarregado inglesa ancorada no porto do Rio.
de Janeiro : Lith. de A. Sisson, [18—].
Janeiro : Ed. Laemmert [circa 1840). 12 est.
12 litogr.
SISSON, Sebastien Auguste, 1829-
CARLOS ROBERTO, barão de Planitz, 1898. Pintor, desenhista, caricaturista
1806-1847. Alemão de origem e litógrafo, veio ao Brasil em 1852,
radicou-se no Brasil exercendo cargo participando dos trabalhos litográficos
de professor do Colégio D. Pedro II de caráter satírico, publicados no Brasil
tendo-se naturalizado brasileiro. Ilustrado e retratos de brasileiros
Conhecem-se de sua autoria os ilustres ligados â política. Editou na
desenhos litografados de 12 aspectos sua Litografia Imperial de A. Sisson o
da cidade e um panorama tirado da álbum citado nesta exposição e
ilha das Cobras, em 4 partes. Homem também uma revista de caráter
de grande cultura, desenhou também satírico: A comédia social.
um Atlas Genealógico da Família
Imperial e textos elaborados em latim,
18. STEINMANN, Johann. Souvenirs
italiano e alemão.
do Rio de Janeiro, dessinés d'après
nature & publiés par J. Steinmann,
16. RUGENDAS, Johann Moritz.
1839. 12 est. color.
Malerische Reise in Brasilien. Paris :
Engelmann & Cia., 1835. 100 est. STEINMANN, Johann Jacob, 1800-
1844. Natural de Basiléia (Suiça)
Karl Erik Schellhammer III. A PRESENÇA ESTRANGEIRA NO BRASIL

Colégio de Consultores Professor associado do Departamento de


Letras, PUC-Rio. Doutorado em Semiótica
COLONIAL
A) A França Antártica, a França Equinocial
Geral, Aarhus Universitet, Dinamarca. Co- e os corsários franceses do século XVIII

PREFÁCIO Fluminense. Autor de Imagens da colonização. autor do livro As linguagens da violência. Rio Paulo Knauss

Francisco Weffort Rio/São Paulo: Jorge Zahar Ed./Edusp, 1996. de Janeiro: Rocco, 2000. Doutor em História (UFF), professor do

Sociólogo e professor da Faculdade de Departamento de História e Coordenador do

Filosofia. Ciências e Letras da Universidade de C) Viajantes e naturalistas do século XIX II. A IGREJA NO BRASIL COLONIAL Setor de Iconografia do Laboratório de

São Paulo. Foi professor convidado da Lorelai Kury A) A Companhia de Jesus História Oral e Iconografia/LABHOI da

Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Doutora em Histoire et Civilisations. Ecole des Luiz Felipe Baèta Neves Universidade Federal Fluminense. Entre outras

Atualmente, é o Ministro da Cultura. Hautes Etudes en Sciences Sociales, EHESS, Professor da Universidade do Estado do Rio de publicações, é autor de Rio de Janeiro da
França. Atuação profissional na Universidade Janeiro/UERJ. Doutor em Antropologia Social pacificação; franceses e portugueses na
APRESENTAÇÃO do Estado do Rio de Janeiro/UERJ; Fundação pelo Museu Nacional/UFRJ. Curador no Centro disputa colonial (1991).

Eduardo Portella Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. Autora de La Nature Cultural Banco do Brasil em agosto de 1998.

É ensaísta, diretor da Revista Tempo Brasileiro. des Voyages. Utopies, méthodes, collections Autor de Vieira e a imaginação social jesuitica: B) Brasil e Espanha: do descobrimento ao

Professor Emérito da Universidade Federal do (France, 1780-1830). Paris: L'Harmattan, Maranhão e Grão-Pará no século XVIII. Rio de governo dos Felipes, rumo ás novas

Rio de Janeiro, diretor de pesquisa do Colégio 2000. Janeiro: Topbooks, 1998. fronteiras sul-americanas

do Brasil. Autor de vários livros, entre os Roseli Santaella Stella

quais, Dimensões I, Teoria da comunicação D) O Brasil visto pelos artistas viajantes Maria Cristina Oioseffi Doutora em História pela Universidade de São

literária e O intelectual e o poder. Tem oitocentistas Mestrado em Psicologia e Práticas Sócio- Paulo, secretária-geral da Associação

exercido diversas funções públicas, nacionais e Vera Beatriz Siqueira Culturais pela Universidade do Estado do Rio Internacional Anchieta (AIA). Desde 1983,

internacionais, sempre nos campos da Doutora em História Social pelo Instituto de de Janeiro/UERJ. Autora de Cotidiano é um dedica-se ao tema do Brasil Filipino e seus

educação, ciência, cultura e comunicação. Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. mito ou a precariedade da existência. desdobramentos. Coordenadora cientifica do

Atualmente preside a Fundação Biblioteca Especialista em História da Arte e da Pesquisadora: FAPERJ/DNL, Fundação Projeto Resgate Barão do Rio Branco - Seção

Nacional. Arquitetura no Brasil pela PUC/RJ. Principais Biblioteca Nacional. Espanha, autora de O domínio Espanhol no
atividades profissionais: professora adjunta de Brasil durante a monarquia dos Felipes. São
História da Arte, UERJ, e curadora do módulo B) Irmandades e ordens religiosas Paulo, UNIBERO/2000.
INTRODUÇÃO
"Escritas de viagem", da exposição "A Riolando Azzi
Paulo Roberto Pereira
Paisagem Carioca", Museu de Arte Moderna Doutor em Filosofia pela Universidade Federal C) O Brasil holandês
Curador do evento "500 Anos de Brasil na
- Rio de Janeiro. do Rio de Janeiro/UFRJ e em História pela Heloísa Meireles Oesteira
Biblioteca Nacional", em comemoração dos
Universidade Federal Fluminense/UFF Mestre em História Social da Cultura pela
190 anos de criação da Biblioteca Nacional e
E) Viajantes estrangeiros no século XX Pesquisador do Centro João XXIII, Rio de PUC/RJ. Doutoranda em História pela
do V centenário do descobrimento do Brasil.
Ouillermo Oiucci Janeiro, Membro da Comissão de Estudos de Universidade Federal Fluminense Autora de O

Doutor pela Universidade de Stanford (USA), é História da Igreja Latino-Americana (CEHILA). jardim Maurício: conhecimento e colonização
I. BRASIL DOS VIAJANTES
autor de Viajantes do maravilhoso: o Novo Autor, entre outros, de A cristandade colonial da América durante o domínio batavo no Brasil.
A) Viajantes do século XVI
Mundo (Companhia das Letras, 1992). Foi Mito e ideologia. Petrópolis, Vozes, 1987.
Paulo Roberto Pereira
Doutor em Letras pela UFRJ. Professor de professor visitante na Albert-Ludwigs
Universitat (Freiburg, Alemanha) e na C) A Inquisição e o cristão-novo IV. A TRANSIÇÃO: DE COLÔNIA A CORTE
Literatura Brasileira na Universidade Federal
Universidade de Stanford. Ronaldo Vainfas A) D. João VI no Brasil
Fluminense. Curador Associado do módulo
Doutor em História Social pela Universidade Ismênia de Lima Martins
"Carta de Caminha" na "Mostra do
de São Paulo. Professor Titular em História Doutora em História pela Universidade de São
Redescobrimento", da Associação Brasil 500 Beatriz Jaguaribe
Moderna na Universidade Federal Paulo. Professora do Curso de Pós-Graduação
Anos Artes Visuais. Entre outras publicações, é É formada em Literatura Comparada pela
Fluminense/UFF Membro do Comitê Assessor em História da Universidade Federal
autor de Os três únicos testemunhos do Universidade de Stanford (1986). Foi
de História da CAPES, desde 1997. Fluminense. Na UFF foi coordenadora de pós-
descobrimento do Brasil (1999). professora visitante nos departamentos de
Pesquisador do CNPq, desde 1990. Com graduação e Pró-Reitora de Extensão Foi
espanhol e português de Dartmouth College e
vários livros publicados. membro de comissões do MEC relativas á
B) Viagens e história natural dos séculos Stanford University. Desde 1988 leciona na

XVII e XVIII Escola de Comunicação da UFRJ. Em 1998 extensão universitária e à memória nacional.

Ronald Raminelli publicou o livro Fins de século: cidade e Atualmente é presidente da Sociedade de

Doutor em História pela Universidade de São cultura no Rio de Janeiro (Rocco). Amigos do Museu do Ingá e do Centro de

Paulo. Professor da Universidade Federal Memória Fluminense.


C) A documentação política, 1808 a 1840: V. O BRASIL IMPERIAL DE D. PEDRO II E O VIII. MODERNIZAÇÃO DA ARTE E B) Dos anos de chumbo à globalização
a Independência (1808-1822), o Primeiro SÉCULO XIX CULTURA NA PRIMEIRA REPÚBLICA Carlos Fico
Reinado (1822-1831), o período regencial Lilia Moritz Schwarcz Beatriz Resende É doutor em História pela Universidade de São
(1831-1840) É professora livre-docente no Departamento Doutora em Literatura Comparada pela Paulo, professor de Teoria e Metodologia da
José Murilo de Carvalho de Antropologia da Universidade de São Paulo Universidade Federal do Rio de Janeiro. História da Universidade Federal do Rio de
Ph.D. em Ciência Política, Stanford, 1975. (USP). É autora, entre outros, de O espetáculo Professora de Literatura Comparada e Teoria Janeiro. Dentre outros livros, publicou
Professor de Ciência Política da UFMG, do das raças - cientistas, instituições e questão Literária da Faculdade de Letras da UFRJ e Reinventando o otimismo: ditadura,
IUPERJ e de História na UFRJ. Pesquisador do racial no Brasil do século XIX (São Paulo, coordenadora do Programa de Pós-Graduação propaganda e imaginário social no Brasil (FGV,
The Institute for Advanced Study, Princeton, 1993) e As barbas do imperador - d. Pedro II, em Ciência da Literatura. Foi representante do 1997), O regime militar (Saraiva, 1999) e

professor convidado das Universidades de um monarca nos trópicos (São Paulo, ministro da Cultura no Rio de Janeiro, de Ibase: usina de idéias e cidadania (Garamond,

Londres. Oxford, Leiden, Califórnia, Stanford e Companhia das Letras, 1998, Prêmio 1996 a abril de 1998, dirigindo a Delegacia 2000).

da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Jabuti/Livro do Ano). Regional do MINC/RJ. Publicou Cronistas do

Sociales. Autor, entre outros, de Os Rio; Lima Barreto e o Rio de Janeiro em

bestealizados, 1987, e A formação das almas. fragmentos.


XI. REBELIÃO, SECESSÃO, REVOLUÇÃO:
1991. VI. O NEGRO NO BRASIL ESCRAVISTA DAS INCONFIDÊNCIAS AOS GOLPES DE

Mariza de Carvalho Soares ESTADO


Lúcia Maria Bastos P. das Neves Doutora em História pela Universidade Federal IX. A ERA VARGAS: DOS ANOS 30 AOS Afonso Carlos Marques dos Santos
Doutora em História Social pela Universidade Fluminense (1997). Professora adjunta do ANOS 50 Doutor em Ciências Humanas pela USP.
de Sáo Paulo (1992). Professora do Departamento de História da Universidade Maria Celina D'Araújo Professor titular de Teoria e Metodologia da
Departamento de História da Universidade do Federal Fluminense. Autora de Devotos da Pós-doutora em Ciência Política junto ao História do IFCS/UFRJ. Destacam-se entre os
Estado do Rio de Janeiro. Diretora do Instituto cor. Identidade étnica, religiosidade e Center for Latin America Studies, Universidade seus trabalhos: No rascunho da nação:
de Filosofia e Ciências Humanas da UERJ escravidão no Rio de Janeiro (século XVIII). Rio da Flórida; doutora em Ciência Política pelo inconfidência no Rio de Janeiro. Rio de
Pesquisador do CNPq. Autora de O império de Janeiro. Civilização Brasileira (no prelo). IUPERJ. Professora de Ciência Política na Janeiro, Biblioteca Carioca, 1992; O Rio de
do Brasil. RJ: Nova Fronteira, 1999 (em co- Universidade Federal Fluminense e na Escola Janeiro de Lima Barreto. Rio de Janeiro,
autoria com Humberto F. Machado) Brasileira de Administração Pública da RIOARTE, 1983. É o atual coordenador do
VII. A PRIMEIRA REPÚBLICA Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Marcello Basile Américo Freire CPDOC/FGV. Conselheiro estadual de cultura do Rio de
Doutorando em História Social pela Doutor em História pela UFRJ. Atividades Janeiro, em dois mandatos.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. profissionais: coordenador do Núcleo de
Mestrado em História Social pela Universidade Estudos e Pesquisa do Rio de Janeiro do X. BRASIL CONTEMPORÂNEO

Federal do Rio de Janeiro Premiação: Prêmio CPDOC da Fundação Getúlio Vargas. Professor A) Os anos JK XII. A MULHER NA SOCIEDADE
de Melhor Trabalho (1° lugar) da XVII Jornada do Mestrado em História da Universidade Maríeta de Moraes Ferreira BRASILEIRA
Interna de Iniciado Cientifica do Centro de Severino Sombra, Vassouras/RJ. Professor do É doutora em História pela Universidade Mary Del Priore
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Colégio de Aplicação da UFRJ. Autor do livro Federal Fluminense; pós-doutorado na Ecole Formada em História pela PUC/SP. Pós-
Federal do Rio de Janeiro, 1995. Uma capital para a República. Rio de Janeiro: des Hautes Etudes em Sciences Sociales-EHSS, graduada pela USP, onde leciona História do
Revan, 2000 Paris, É diretora do CPDOC/FGV; professora de Brasil Colonial desde 1989. Autora de vários
D) Da Real Biblioteca à Biblioteca Nacional História do IFCS/UFRJ; presidente da livros sobre o período, foi vencedora do
Ana Virgínia Pinheiro Lincoln Penna Associação Internacional de História prêmio "Casa Grande & Senzala", por duas
É bibliotecária da Fundação Biblioteca Doutor em História Social (USP). Autor de OraWOHA, desde junho/2000. vezes seguidas, além de ter sido agraciada
Nacional e professora da Escola de Uma história da República, Rio, Nova com o Prêmio Jabuti em 1998. Como
Biblioteconomia da Universidade do Rio de Fronteira, 1989. República brasileira, Rio, Nova Cláudia Mesquita professora e escritora, colabora para jornais e
Janeiro (UNI-RIO); mestre em Administração Fronteira, 1999. Atividades docentes: Ê mestre em História da Cultura pelo Instituto periódicos no país.
Publica (FGV/EBAP). Em 1986, ganhou o coordenador-geral de Pós-Graduação da de Filosofia da Universidade Federal do Rio de
Prêmio Biblioteconomia e Documentação, do USS/Vassouras-RJ. Professor do Programa de Janeiro. Desde 1989 exerce a função de
Instituto Nacional do Livro pela obra Que é Pós-Graduação em História Social do pesquisadora e coordenadora do Núcleo de XIII. A TIPOGRAFIA, O LIVRO, O JORNAL,
livro raro? (Rio de Janeiro: Editora Presença). IFCS/UFRJ. História Oral da Fundação Museu da Imagem A REVISTA, A CHARGE
e do Som, instituição da qual atualmente ê Cybelle de Ipanema
vice-presidente. Tem apresentado trabalhos
Livre-docente e doutora pela UFRJ. Presidente
em encontros de história oral e museologia.
do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de
Janeiro. Primeira secretária do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro; Acadêmica organizado a obra completa de vários autores for Social Research. Doutor em ciência política Brasil. Foi o estruturador e o primeiro diretor
de Número da Academia Portuguesa da brasileiros e portugueses. Colabora em pela Universidade de São Paulo (USP), 1980. do Museu da Imagem e do Som. Autor, entre
História, Principais trabalhos com Marcello de diversos órgãos de imprensa no Brasil e no Membro da Academia Brasileira de Letras. outros, de "MPB - A história de um século",
Ipanema: A imprense na Bahia. Rio de Janeiro: exterior. É atualmente diretor do Instituto Diplomata de carreira, foi embaixador em edição trillngüe da FUNARTE (1998); ocupou a
1977; Imprensa fluminense. Rio de Janeiro: Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Copenhague e Praga. Autor da lei de presidência da Embrafilme e do Instituto
1985. Janeiro (INEPAC). incentivo à cultura que leva seu nome. Nacional de Cinema (1970 - 1971), e criou
vários prêmios culturais, como Golfinho de
B) Ficção em prosa E) A historiografia da história do Brasil Ouro, Estácio de Sá e a Coruja de Ouro.
XIV. A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO Ivo Barbieri Amo Wehling

PAÍS: Livre-docente em Literatura Brasileira (UFF, Professor titular de Teoria da História da UFRJ B) A imagem do carnaval brasileiro: do
1975). Professor Titular de Literatura Brasileira e diretor do Curso de História da Universidade entrudo aos nossos dias
A) A cartografia: a constituição do pais
na UERJ desde 1995. Foi vice-reitor (1984-87) Gama Filho. Professor titular de História do Fred Góes
como território
e Reitor (1988-92) da UERJ. É editor da Direito Luso-Brasileiro da UNI-RIO. Pesquisador É compositor, dramaturgo e professor/doutor
Max Justo Guedes
EdUERJ desde 1994 e presidente do conselho do CNPq. Presidente do Instituto Histórico e em Teoria da Literatura da Faculdade de Letras
Titular da diretoria do Patrimônio Histórico e
Superior da FAPERJ desde 1996. Livros Geográfico Brasileiro. Com publicações nas da UFRJ. É membro do Conselho de Cultura
Cultural da Marinha, e contra-almirante em
publicados: Oficina da palavra. Rio de Janeiro, áreas de Teoria da História/Historiografia e do Estado do Rio de Janeiro. É autor dos
1998. Autor de O descobrimento do Brasil e
Achiamê, 1980. Geometria da composição. Instituição/História do Direito. seguintes livros: O país do carnaval elétrico.
Brasil costa norte, cartografia portuguesa
Rio de Janeiro, Sete Letras, 1997. Salvador, Corrupio,1982; Gilberto Gil, São
vetustissima, IHGB. É membro da Academia
F) A música clássica Paulo, Brasiliense,1984, O que é geração beat,
Portuguesa de História, da Academia de
Marcus Vinícius Nogueira Soares Vasco Mariz com André Bueno, e 50 anos de trio elétrico.
Marinha (Portugal) e da Real Academia de Ia
Doutor em Literatura Comparada pela UERJ. Representante junto à OEA e embaixador do Salvador, Corrupio, 2000.
História (Espanha). Atualmente é presidente
Atualmente, trabalha como professor Brasil no Equador, Israel, Chipre, Peru e
de honra do Comitê Internacional de História
substituto de Literatura Brasileira na UERJ. A Alemanha. Como musicólogo, historiador e C) Brasil do futebol: a produção de
da Náutica e da Hidrografia.
mais recente publicação é o ensaio Memórias ensaísta, foi presidente do Conselho milhões de reis em um século de paixão

B) Do nascimento da fotografia ao livro de um sargento de milícias: um romance Interamericano de Música; Chefe do Simoni Lahud Guedes

fotográfico: um retrato da formação do único, publicado na revista Portuguese Literary Departamento Cultural do Itamaraty, titular da Mestre em Antropologia Social, Museu
and Cultural Studies. 4, University of Academia Brasileira de Música (que presidiu de Nacional, UFRJ, com a dissertação "0 Futebol
Brasil
Massachusetts Dartmouth, 2000. I99I a I993). Obras: Heitor Villa-Lobos, Brasileiro: instituição zero". Doutora em
Joaquim Marçal Ferreira de Andrade
compositor brasileiro (I948-I989), onze edições; Antropologia Social, Museu Nacional, UFRJ.
Mestrando em Design do Departamento de
Dau Bastos História da música no Brasil, cinco edições, Professora do Departamento de Antropologia,
Artes e Design da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Professor adjunto Doutor em Literatura Comparada pela UERJ, UFF Pesquisadora do CNPq Membro do

de Fotografia no Departamento de Artes e onde leciona Literatura Brasileira. Escreveu Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas,
artigos para publicações acadêmicas e XVI. A CIÊNCIA NO BRASIL UFF Autora de O Brasil no campo de futebol:
Design da PUC/RI. Chefe da Divisão de
periódicos como Jornal do Brasil e O Globo. Ronaldo Rogério de Freitas Mourâo estudos antropológicos sobre os significados
Iconografia da Biblioteca Nacional, a partir de
Publicou sete livros, entre eles, o romance Das Doutor pela Universidade de Paris, astrônomo do futebol brasileiro Niterói: 1998.
1996. Curador da exposição "A coleção do
tripas, coração. Traduz das línguas inglesa e no Observatório Nacional e pesquisador no
imperador - fotografia brasileira e estrangeira
francesa. CNPq. Já publicou mais de sessenta livros entre
no século XIX" - Rio de Janeiro, Sâo Paulo,
eles Dicionãrio enciclopédico de astronomia e XVIII. OLHARES SOBRE O RIO DE JANEIRO
Buenos Aires, Porto e Lisboa.
C) O teatro astronáutica, com cerca de 20 mil verbetes, Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha

Décio de Almeida Prado único em seu gênero no mundo, editado pela Bibliotecária e museóloga trabalhando
Késiah Pinheiro Viana
Principal estudioso do teatro brasileiro, com Nova Fronteira. Pertence a inúmeras durante 50 anos na Biblioteca Nacional.
Bacharel em Biblioteconomia e Documentação
vasta obra publicada sobre a dramaturgia associações astronômicas internacionais. Dirigiu as Divisões de Iconografia de 1950 a
na Universidade Federal Fluminense.
nacional. Falecido recentemente. Idealizou e fundou, em março de 1984, o 1976 e de Acervos Especiais entre 1976 e
Bibliotecária na Divisão de Iconografia da FBN.
Museu de Astronomia e Ciências Afins. 1990. Autora de, entre outros. Riscos

D) Os explicadores do Brasil iluminados de figurinho de brancos e negros

Sérgio Paulo Rouanet de usos do Rio de Janeiro e Serro do Frio.


XV. LETRAS E ARTES NO BRASIL
Cursos de pós-graduação em economia, na XVII. A PAIXÃO DO BRASILEIRO 1960; O Rio de Janeiro através das estampas
A) A poesia
Universidade de George Washington; em A) A música popular antigas. 1965. Thomas Ender, o artista de
Alexei Bueno
ciência política, na Universidade de Ricardo Cravo Albin missão cientifica austríaca, 1968
Escritor, editor, tradutor. Poeta com vasta obra
publicada, editor da Nova Aguilar, tendo Georgetown; e em filosofia, na New School Formado em Direito pela Universidade do
Ficha técnica Agradecimentos

Departamento de Referência O conjunto que forma este projeto — a


CATÁLOGO F l NDAÇÃO BIBLIOTECA
Exposição, o Catálogo e o livro Brasiliana
Curador e organizador NACIONAL e Difusão tia Biblioteca Nacional - Guia das fontes
Paulo Roberto Pereira Coordenadoria de Acervo sobre o Brasil - só se tornou possível graças
Departamento de Processos Especializado ao apoio do Ministério da Cultura, ao
Designer empenho tia Presidência da Fundação
Técnicos Ceorgina Staneck
Biblioteca Nacional e às empresas
I ictor Burton
Cordenadoria de Preservação patrocinadora e colaboradora. Como
Divisão de Iconografia
curador desta exposição, quero ainda
Designers assistentes Jaynie Spinelli Joaquim Marçal F. de Andrade expressar o meu agradecimento e
Adriana Moreno e Míriam Lerner reconhecimento, pela participação direta ou
Divisão de Conservação e
Setor de Cartografia indireta neste evento, aos técnicos da
Pesquisador Restauração Fundação Biblioteca Nacional e.
Maria Dulce de Faria
Marcos fíohen Pastos Maria Aparecida de I ries Marsico especialinentre, às seguintes pessoas:
Divisão de Obras Raras
Revisor Laboratório de Restauração Andréa jakobsson
Rejane Benning
Ana Faufa
Liamara Leite Fanaia
José Bernarelino C. \1. I ieira Ana Lúcia de Abreu
Divisão ile Manuscritos
Ana Rosa Ahrends
Centro de Conservação e
Secretária Carmen Tereza Coelho Moreno Carlos Martins
lolantla S. <los Santos Encadernação Carlos Alberto Sepúlveda
Elizabeth Moraes da Costa Divisão de Música e Arquivo Carlos Roberto Maciel Levy
Reproduções fotográficas Sonoro Cilene da Cunha Pereira
Jaime Acioli Cláudio de Carvalho Xavier
Departamento de Planejamento Olicia Campos
Cristina Fragoso Pirea
e Administração Fabiano Mello Andion Batista
EXPOSIÇÃO Coordenadoria de Acervo Geral
Assessoria de Planejamento e Fernanda Elisa da Cunha Pereira
Projeto da exposição Arma Naudi Fernanda Soares
Administração Franco Portella
Arquitetura Divisão de Obras Gerais
l 'baUlo Miranda llelder Homem
Fernando Sendyk Fera Maria da Costa Califfa José Mauro Gonçalves
Coordenadoria de Administração Laurent Vidal
Design Seção de Referência Lílian Barreto
José Flano de Assis
I ictor Purton Lúcia Nolasco
Marina Cavalcanti
Divisão de Manutenção Marcos Rohen Bastos
Assistentes de projeto Massaud Moisés
Administrativa Divisão de Publicações Seriadas
Mônica Carneiro Alves
Adriana Moreno, Paulo César Maria Angélica Brandão I arella
Moacir Firmino da Silva Oswaldo Campos Mello
Rocha e José Cláudio Travassos Patríca Cunha
Pastos Coordeandoria de Planejamento Divisão de Informação Documental Paulo Celso du Cunha Pereira
Maria Eva da Silva Eliane 1'erez Ricardo Oiticica
Montagem Ronaldo Menegaz.
Coordenação Serviço de Informática
Sociedade de Amigos da Biblioteca
Fernando Sendyk Júlio Barboza Castro
Nacional/S ABIN

Assistente Paulo Fernando Marcondes Ferraz


Departamento Nacional
José Cláudio Travassos Pastos
do Livro
Cenotécnica Coordenadoria <le Editoração e
Adonai Sigma Difusão do Livro
Mateus Feuicio Ribeiro
Iluminação
lu/myr Ferreira

Pratica veis
Rohr
M

1.016.851
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ISBN 85 - 333 - 0120 - 0


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A CULTURA
SABIN - SOCIEDADE DE AMIGOS DA BIBLIOTECA NACIONAL

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