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NUTRIÇÃO DESPORTIVA
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3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - Noções básicas de alimentação e nutrição
8 UNIDADE 3 - Os macronutrientes
13 UNIDADE 4 - Os micronutrientes
24 UNIDADE 5 - Desidratação e rehidratação
27 UNIDADE 6 - Ergogênica nutricional e metabolismo
31 UNIDADE 7 - Distúrbios alimentares em atletas
36 UNIDADE 8 - Estratégias de nutrição para treinamento e competição

SUMÁRIO
41 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 - Introdução
Caros alunos! tir recuperação rápida posteriormente. O
atleta depende também da nutrição para
Alimento e água são condições básicas
manter a boa saúde e boa forma.
e essenciais para manutenção da vida! E
ter uma alimentação balanceada e equili- As grandes perdas de suor podem re-
brada aliada a bons hábitos, como a prá- presentar um risco para a saúde por in-
tica regular de atividade física, contribui duzirem desidratação severa, circulação
para a melhoria da saúde e da qualidade sanguínea e transferência de calor dete-
de vida em qualquer idade. rioradas, que darão origem à exaustão e
ao colapso induzido pelo calor.
Essas noções parecem muito primá-
rias e, realmente, em se tratando de uma A reposição insuficiente de carboidra-
apostila voltada para nutrição desportiva tos pode resultar em hipoglicemia, fadi-
e para um público seleto que cursa uma ga central e exaustão. A insuficiência de
especialização, são básicas, no entanto, proteínas induz perda protéica, especial-
não podemos nos esquecer de que todo mente por parte do músculo e, conse-
ensinamento, todo conhecimento começa quentemente, um equilíbrio nitrogenado
pelo primário, pelo óbvio. negativo e um desempenho reduzido.

A importância da nutrição é refletida Enfim, estratégias especiais de alimen-


em todos os níveis de esportes e na práti- tação e ingestão de líquidos antes, du-
ca observamos que a maioria das equipes rante e após os exercícios físicos podem
profissionais e dos atletas sérios contrata ajudar a reduzir a fadiga e melhorar o de-
os serviços de dietistas ou nutricionistas sempenho. As estratégias que reduzem
especializados em esportes para orientá- os distúrbios de fluidos e combustíveis
-los sobre alimentação e, assim, levá-los a causados pelos exercícios podem também
um desempenho ótimo. diminuir a fadiga ou adiar seu surgimento,
melhorando, portanto, o desempenho.
Segundo Maughan e Burke (2004), mui-
tos são os profissionais da medicina es- Entender a importância da nutrição
portiva, cientistas, técnicos e treinadores para o esportista, conquistar o conheci-
envolvidos no processo educacional ou mento científico para elaborar estraté-
na implementação de estratégias de nu- gias de alimentação e opções de cardápio,
trição corretas. Tanto estes profissionais utilizar adequadamente os suplementos
quanto os atletas e suas famílias (que ge- para otimizar o desempenho são alguns
ralmente os acompanham de perto) pre- dos objetivos lançados nesta apostila.
cisam conhecer a prática da nutrição e os
Ressaltamos que se trata de uma com-
princípios que a norteiam. Todos os dias,
pilação das matérias pertinentes à nu-
a alimentação deve fornecer ao atleta o
trição desportiva. Tentamos adotar re-
combustível e os nutrientes necessários
ferências atualizadas, sérias e de cunho
para otimizar o desempenho durante as
científico, entretanto, lacunas podem
sessões de treinamento, além de garan-
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surgir e para que sejam preenchidas, ao


final da apostila deixamos outras referên-
cias para acréscimos de conhecimento.

Gostaríamos de destacar também que


optamos por utilizar artigos disponibili-
zados na rede mundial de computadores,
por entender e acreditar que a internet
se utilizada com seriedade, oferece um
acesso mais fácil ao conhecimento, uma
vez que observamos ser difícil encontrar
nas cidades espalhadas por esse país de
dimensões continentais, livrarias que ofe-
reçam um acervo variado para os senho-
res alunos.

Desejamos a todos uma leitura agradá-


vel e informações úteis que acrescentem
conhecimentos e por que não: saúde!
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UNIDADE 2 - Noções básicas de alimentação e
nutrição
Os alimentos são substâncias que vi- nismo, como os nossos ossos, pele e mús-
sam promover o crescimento e a produção culos. Como exemplos, temos a carne, os
de energia necessária para as diversas ovos, o leite e seus derivados.
funções do organismo.
Energéticos = carboidratos e gor-
Os nutrientes, por sua vez, são subs- duras = fornecem energia para as ativida-
tâncias que estão presentes nos alimen- des do dia-a-dia. Exemplos: cereais, pães,
tos e são utilizadas pelo organismo. Os massas, bolos, batata e açúcar.
nutrientes são: proteínas, carboidratos,
Reguladores = vitaminas e sais
gorduras, vitaminas e sais minerais.
minerais = são necessários ao bom fun-
Poderíamos dizer que para uma boa ali- cionamento do organismo, auxiliando na
mentação é preciso saber: o que comer (e prevenção de doenças e no crescimento.
o que não comer) / quando comer / quanto Exemplos: óleos, gorduras e margarinas.
comer / como comer, pois assim a alimen-
Na tabela e figura a seguir – Pirâmide
tação suprirá o organismo de maneira efi-
de Alimentos – encontramos um guia que
ciente, sendo a base para a saúde física,
ilustra de forma bem simples os grupos de
mental e porque não dizer: moral!
alimentos e ajuda na escolha para uma ali-
De acordo com Mitchell (1988) apud mentação saudável.
Lollo, Tavares e Montagner (2004), por
nutrição entende-se a ciência que estu-
da o ato de nutrir-se através do conjunto
de processos que vão desde a ingestão
do alimento até a sua assimilação pelas
células, incluindo os fenômenos sociais,
econômicos, culturais e psicológicos que
podem influenciar na alimentação.

ALIMENTAR-SE: ATO VOLUNTÁRIO E


CONSCIENTE.
NUTRIR-SE: ATO INVOLUNTÁRIO E
INCONSCIENTE.

Como função, segundo o SESC (2003),


os nutrientes podem ser:

Construtores = proteínas = são


importantes para a construção do orga-
6

Fonte: SESC, 2003.

Segundo Maughan e Burke (2004, p. tos. E estima-se que o conteúdo de gor-


15), muitos dos problemas de nutrição dura corporal da média dos indivíduos do
do mundo relacionam-se ao fracasso sexo masculino dobre entre os 20 e os 50
em conciliar ingestão e necessidade de anos, enquanto no sexo feminino este ín-
energia. Enquanto nos países em desen- dice aumente em 50%.
volvimento a subnutrição é um problema
De todo modo, quando o assunto é saú-
crônico e causa morte, especialmente en-
de, alimentação equilibrada e atividade
tre crianças, na maioria dos países indus-
física regular formam uma dupla de des-
trializados, o maior problema é o excesso
taque. Segundo Neves (2009), tanto para
de energia na dieta, sendo a obesidade
um praticante habitual de exercícios físi-
e suas sequelas, importantes causas de
cos quanto para um atleta profissional,
morbidade e mortalidade. A maioria dos
observamos a importância de um cardá-
adultos consegue manter seu peso cor-
pio adequado, pois:
poral dentro de limites razoavelmente
estritos, indicando que a correspondência Equilibra as necessidades energéti-
entre ingestão e gastos de energia per- cas do indivíduo;
manece equilibrada. Esses mecanismos
Oferece os nutrientes básicos e im-
de controle, no entanto, não são perfei-
portantes a cada modalidade esportiva;
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Permite uma recuperação mais rá- campo profissional caracterizados pela


pida e adequada; análise, ensino e aplicação do conjunto de
conhecimentos sobre o movimento hu-
Atua como um recurso ergogênico;
mano intencional e consciente nas suas
Reduz a ação dos radicais livres; dimensões biológica, comportamental,
sociocultural e corporeidade. Como um
Evita situações desagradáveis
campo de intervenção profissional que,
como perda de massa magra, hipoglicemia
por meio de diferentes manifestações e
e câimbras.
expressões da atividade física/movimen-
Para trabalhar com o ser humano, em to humano/motricidade humana (tema-
termos de educação, incentivo e orienta- tizadas na ginástica, no esporte, no jogo,
ção na busca de uma vida saudável encon- na dança, na luta, nas artes marciais, no
tramos nutricionistas e professores de exercício físico, na musculação, na brinca-
educação física, dentre outros. Assim, se deira popular, bem como em outras mani-
voltarmos nossos olhares para a área de festações da expressão corporal) presta
Educação e observando a definição das serviços à sociedade caracterizando-se
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso pela disseminação e aplicação do conheci-
de Graduação em Enfermagem, Medicina mento sobre a atividade física, técnicas e
e Nutrição, do MEC (Ministério de Educa- habilidades, buscando viabilizar aos usu-
ção e Cultura), notamos que o Nutricionis- ários ou beneficiários o desenvolvimento
ta é um profissional com formação gene- da consciência corporal, possibilidades e
ralista, humanista e crítica. Capacitado a potencialidades de movimento visando a
atuar, visando a segurança alimentar e a realização de objetivos educacionais, de
atenção dietética, em todas as áreas do saúde, de prática esportiva e expressão
conhecimento em que a alimentação e a corporal.
nutrição se apresentem fundamentais
Como se observa, são dois profissio-
para a promoção, manutenção e recu-
nais, que além de grande responsabilida-
peração da saúde e para a prevenção de
de, devem possuir inúmeros conhecimen-
doenças de indivíduos ou grupos popula-
tos no campo das ciências da saúde, uma
cionais, contribuindo para a melhoria da
vez que lidam com o ser humano no que há
qualidade de vida, pautado em princípios
de mais delicado: o seu corpo físico e sua
éticos, com reflexão sobre a realidade
saúde.
econômica, política, social e cultural. O
MEC ainda diz que o Nutricionista com li-
cenciatura em nutrição está capacitado
para atuar na educação básica e na edu-
cação profissional em nutrição.

Já as Diretrizes Curriculares Nacionais


do Curso de Graduação em Educação Fí-
sica do MEC, de acordo com Lollo, Tavares
e Montagner (2004), compreende uma
área de estudo, elemento educacional e
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UNIDADE 3 - Os macronutrientes

Sabemos que todos os exercícios im- unidade de glicose (enormes polímeros de


põem aos músculos, maior demanda de glicose ramificados) chamadas de glicogê-
energia e quando eles são incapazes de nio.
atender essa demanda, a tarefa do exer-
cício não pode ser realizada.

Conforme Maughan e Burke (2004),


GLICOGÊNIO HEPÁTICO
se a intensidade do exercício for alta, ou De acordo com Brouns (2005), a quan-
sua duração prolongada, o fornecimento tidade de glicogênio armazenado no fí-
da quantidade de energia adequada pode gado é de aproximadamente 100 g. Essa
ser difícil. Essa disfunção vai ocasionar a quantidade sofre mudanças periódicas
fadiga. dependendo da quantidade de glicogênio
que é fracionada para o suprimento de gli-
Em atividades simples como correr ou
cose sanguínea nos períodos de jejum e
nadar, a taxa de solicitação de energia
da quantidade de glicose que é fornecida
constitui uma função da velocidade. Já o
ao fígado após a ingestão de alimento. As-
tempo durante o qual determinada ve-
sim sendo, as reservas hepáticas de glico-
locidade pode ser mantida antes do sur-
gênio aumentam após as refeições, mas
gimento do processo de fadiga, é inver-
diminuem nos períodos intermediários,
samente proporcional à velocidade. Na
especialmente durante a noite, quando o
maioria das situações esportivas, no en-
fígado lança constantemente glicose na
tanto, a intensidade do exercício e, conse-
corrente sanguínea para manter um nível
quentemente, a demanda de energia não
sanguíneo normal de glicose.
é constante.
Um nível sanguíneo constante de glico-
Enfim, os músculos estão adaptados e
se, dentro de uma estreita variação fisio-
podem ser treinados para atender às vá-
lógica é importante, pois a glicose sanguí-
rias demandas da melhor forma possível.
nea é a fonte energética primária para o
E por eles, começaremos a falar dos ma-
sistema nervoso.
cronutrientes importantes e envolvidos
na nutrição desportiva. Durante o exercício físico, inúmeros
estímulos metabólicos e hormonais in-
duzirão uma maior captação de glicose
CARBOIDRATO sanguínea pelos músculos ativos a fim
de funcionar como combustível para as
É a mais importante fonte de energia –
contrações musculares. Para evitar que o
combustível – para o trabalho muscular de
nível sanguíneo de glicose caia até abai-
alta intensidade.
xo do valor fisiológico normal, o fígado
Sua forma de armazenagem no corpo, será estimulado ao mesmo tempo para
mais precisamente no fígado e nos mús- fornecer glicose à corrente sanguínea.
culos, é na forma de longas cadeias de Esse suprimento deriva principalmente
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do reservatório de glicogênio hepático e, plo, durante as sessões de treinamento


em menor grau, do processo de gliconeo- com tempo marcado. A captação de oxigê-
gênese por parte das células hepáticas a nio aumenta com os aumentos na inten-
partir de precursores tipo aminoácidos. sidade do exercício até ser alcançado um
valor máximo. Nesse ponto, a intensidade
do exercício é determinada como 100%
GLICOGÊNIO MUSCULAR do VO2.

A quantidade de glicogênio que é ar- A evolução temporal da depleção do


mazenada em todos os músculos do corpo glicogênio também será influenciada pelo
chega a aproximadamente 300 g nas pes- estado de treinamento do indivíduo, sen-
soas sedentárias e pode aumentar para do que aqueles altamente treinados pos-
mais de 500 g nos indivíduos treinados suem uma maior capacidade de mobilizar
por uma combinação de exercícios e do os ácidos graxos a partir dos depósitos de
consumo de uma dieta rica em carboidra- gordura, transportá-los para o músculo e
tos. utilizá-los como fonte de energia. Ao cor-
rerem, por exemplo, utilizarão menos car-
Os carboidratos intramusculares totais boidratos e mais gordura para as contra-
armazenados podem variar em equivalen- ções musculares.
te energético de 1.200 a 2.000 kcal.
Brouns (2005) nos oferece algumas
O ritmo em que ele é mobilizado para medidas que podem ser adotadas para
a produção de energia necessária para a economizar a utilização do glicogênio e
contração muscular depende do estado maximizar a capacidade de desempenho
de treinamento do atleta assim como da no exercício:
duração e da intensidade do exercício.
1. Realizar treinamento de enduran-
Para intensidades baixas a moderadas, ce (resistência) regular na parte inicial
a gordura funcionará como fonte energé- da manhã com cerca de 50 a 60% do VO-
tica substancial, enquanto as reservas de 2max (frequência cardíaca de 140-150
carboidratos serão utilizadas lentamente, batimentos por minuto) com o estômago
por exemplo, em uma prova de ciclismo vazio. Isso maximizará as adaptações no
com duração de 4 horas, durante a qual a metabolismo das gorduras, para poupar o
intensidade do exercício se aproxima de carboidrato.
55%-60% do VO 2max. Além disso, a con-
tribuição relativa de produção de gordura 2. Acumular glicogênio antes da com-
será menor durante as provas de menor petição ingerindo uma dieta rica em car-
duração com uma intensidade mais alta, boidratos seguida por um jantar rico em
como uma corrida de 1,5 horas com 65% gorduras na noite que precede a com-
do VO2max. Haverá uma contribuição má- petição. Isso pode resultar em um meio
xima dos carboidratos e uma contribui- hormonal e uma atividade enzimática fa-
ção relativamente baixa de gorduras nos voráveis por reduzir a oxidação de carboi-
eventos que exigem uma capacidade má- dratos e poupá-lo durante o exercício.
xima de exercício como ocorre, por exem-
10

Observação:

Quatro fatores importantes determinam a velocidade e o grau em que


são esvaziadas as reservas de carboidratos:

Intensidade do exercício;

Duração do exercício;

Estado de treinamento;

Ingestão de carboidrato.

GORDURA dura pode ser armazenada também ao


redor dos órgãos abdominais. Em atletas
A gordura é uma fonte energética “len-
altamente treinados a quantidade total
ta” em comparação com o carboidrato
de gordura que é armazenada no tecido
e quando se utiliza dela como fonte de
adiposo pode variar de 10 a 25% nas mu-
energia, os atletas podem trabalhar so-
lheres e de 5 a 15% nos homens. Essas
mente com 40 a 60% de sua capacidade
quantidades são bem menores se compa-
máxima de trabalho.
rarmos com pessoas de vida sedentária
Ainda em comparação com os carboi- (nas mulheres em torno de 20 a 35% e
dratos, possui vantagens sobre eles, pois nos homens em torno de 10 a 20%).
sua densidade energética é mais alta fa-
A maior utilização de gordura, como re-
zendo com que seja mais baixo o peso re-
sultado do treinamento, reduz a utilização
lativo de uma quantidade de energia em
dos carboidratos provenientes das reser-
armazenamento.
vas de glicogênio no organismo e, conse-
No corpo, a gordura é armazenada na quentemente, influenciará a duração da
forma de triglicerídeos nas células adipo- disponibilidade de carboidratos suficien-
sas que constituem o tecido adiposo. Uma tes durante o exercício.
pequena fração é armazenada dentro das
As dietas ricas em gordura são apresen-
células musculares e uma fração menor
tadas como sendo capazes de aprimorar a
de gordura circula no sangue na forma de
capacidade de oxidar os Ácidos Graxos.
quilomícrons derivados dos alimentos in-
geridos recentemente e dos ácidos gra- Teoricamente, se a gordura fosse o úni-
xos fixados a uma proteína plasmática de- co substrato, isso permitiria aos indivídu-
nominada albumina. os correr continuamente com velocidade
de maratona por mais de 70 km, equiva-
A maior parte do tecido adiposo pode
lente a um dispêndio de energia de mais
ser encontrada debaixo da pele. A gor-
de 70.000 kcal.
11

De todo modo, o tecido adiposo funcio- Os três principais reservatórios de pro-


na como a reserva energética mais impor- teína funcional são:
tante que irá fornecer ácidos graxos para
1. As proteínas plasmáticas e os ami-
a produção de energia em todas as condi-
noácidos plasmáticos (albumina e hemá-
ções em que, em virtude de uma ingestão
cias);
energética prolongada e insuficiente, a
disponibilidade de carboidratos torna-se 2. Proteína muscular;
limitada.
3. Proteína visceral (órgãos abdomi-
PROTEÍNAS nais).

As proteínas são os principais compos- Segundo Carvalho et al. (2003) apud


tos das células, dos hormônios e do siste- Brouns (2005), o aumento da ingestão de
ma imunológico. O consumo diário deve al- proteínas mais que três vezes o nível re-
cançar 10% a 15% do valor calórico total comendado não aumenta o desempenho
e podem ser encontrados em carnes, leite, durante o treinamento intensivo. Para
ovos e derivados. Seu consumo é funda- atletas, a massa muscular não aumenta
mental para a saúde de nosso organismo. simplesmente através de uma alimenta-
É preciso, entretanto, tomar cuidado com ção rica em proteína. Por exemplo, o au-
o excesso de proteína, pois, podem gerar mento do consumo extra de proteína de
sobrecarga hepática, problemas no rim, 100 g (400 calorias) para 500 g diárias não
entre outras complicações. aumenta a massa muscular. Calorias adi-
cionais na forma de proteínas são depois
Um suprimento apropriado de proteína
da desaminação (remoção do nitrogênio)
com a dieta diária é essencial para o cres-
usadas diretamente como componentes
cimento e desenvolvimento de órgãos e
de outras moléculas, incluindo lipídeos
tecidos, pois o corpo humano não possui
que são estocados em depósitos subcutâ-
reserva de proteínas se compararmos
neos. Assim, se numa dieta com excesso
com a grande reserva de energia existen-
de proteínas o músculo não tiver condi-
te no tecido adiposo e no glicogênio, sen-
ções de utilizar os aminoácidos para sín-
do que toda proteína no corpo é represen-
tese de tecido muscular, as cadeias car-
tada por proteína funcional, ou seja, ela
bônicas serão usadas na gliconeogênese
faz parte das estruturas teciduais ou dos
e o nitrogênio excedente excretado pela
sistemas metabólicos, tais como sistemas
urina. O aumento da excreção de nitrogê-
de transporte, hormônios, entre outros. A
nio leva a uma maior necessidade de água,
proteína que não é utilizada, o corpo de-
uma vez que ele é incorporado à ureia e
grada, oxidando os aminoácidos liberados
esta à urina. Isso, a longo prazo, pode so-
e excretando seu nitrogênio junto com a
brecarregar os rins e causar desidratação.
urina. A alternativa é metabolizar em gli-
cose ou ácidos graxos que poderão ser Enfim, o metabolismo muscular é abas-
armazenados e na condição de déficit de tecido por vários substratos, de acordo
energia são utilizados preferencialmente com a intensidade, a duração do exercício
como combustível energético para a res- e as características da preparação do atle-
síntese do ATP. ta e do ambiente. As limitações no meta-
12

bolismo durante o exercício podem ser


determinadas por fornecimentos inade-
quados daqueles substratos que garan-
tem a disponibilidade suficientemente rá-
pida de energia para as fibras musculares.
13

UNIDADE 4 - Os micronutrientes

MINERAIS um mineral é compensado por uma maior


excreção. Quando há perda excessiva ou
Vários são os minerais essenciais para
absorção deficiente, tanto o crescimento
o bom funcionamento do esqueleto e da
das células quanto a sua função celular fi-
musculatura. São também necessários
cam comprometidas, daí a importância de
para crescimento, para os processos de
manter o equilíbrio.
transmissão neural, contração muscular,
atividade enzimática dentre outras fun- No quadro abaixo, apresentamos as
ções. quantidades dietéticas recomendadas
para os minerais.
O conteúdo mineral no corpo difere en-
tre os tecidos bem como entre os compar-
timentos intra e extracelulares.

Daremos ênfase aqui sobre o Potássio,


Cálcio, Magnésio, Fosfato, Ferro e Zinco. O
sódio e o cloro ficarão para o próximo tópi-
co devido seu papel na homeostasia dos lí-
quidos. Mas, vale lembrar que pelo menos
20 minerais diferentes são necessários
em quantidades adequadas para manter o
funcionamento normal dos tecidos e das
células. Enquanto alguns são absorvidos
em pequenas quantidades, outros devem
ser fornecidos em quantidades maiores.

Nem todos os minerais estão livres


para finalidades metabólicas, sendo que
a principal fração do reservatório mineral
“metabólico” está concentrada no plasma
sanguíneo e no líquido intersticial.

De todo modo, a quantidade de mine-


rais que circulam nos líquidos corporais
é uma resultante de diferentes proces-
sos permanentes. A absorção a partir do
alimento, por um lado, e a captação ou a
liberação pelos tecidos, assim como a per-
da e excreções (através do suor, urina,
fezes) determinam o conteúdo mineral
real. Quando tudo está em ordem, acon-
tece um equilíbrio, ou seja, o excesso de
14

Quantidades dietéticas recomendadas para minerais (mg)

Idade Magnésio Cálcio Fósforo Ferro Zinco


Homens
15-18 400 1200 1200 12 15

19-24 350 1200 1200 10 15

25-50 350 800 800 10 10

Mulheres

15-18 300 1200 1200 15 12

19-24 280 1000 1200 15 12

25-50 280 800 800 15 12


Fonte: Brouns (2005)

POTÁSSIO - K perdas através do exercício (suor) e urina.


Amplamente disponível nos alimentos,
É o principal cationte intracelular, com
especialmente bananas, laranjas, batatas
uma concentração de aproximadamen-
e carne. Dependendo do tipo de alimento
te 40 vezes a concentração existente na
pode acarretar uma ingestão em torno de
água extracelular. É importante para a
8g /dia.
transmissão dos impulsos neurais, o po-
tencial de membranas e, consequente- Influência dos exercícios
mente, a contração das células muscula-
O potássio é perdido pelas células mus-
res, e para a manutenção de uma pressão
culares durante as contrações repetidas,
arterial normal.
causada por modificações na permeabi-
Segundo Brouns (2005), a maior parte lidade celular e pelos frequentes fluxos
do potássio ingerido é absorvido no intes- internos e externos de sódio e de potás-
tino e penetra na circulação. Quando em sio que fazem parte do processo de con-
excesso produz alterações no eletrocar- tração eletroquímica. Nas células muscu-
diograma e podem acarretar uma parada lares, o potássio é armazenado dentro do
cardíaca súbita. É excretado pela urina e glicogênio. Consequentemente, o fracio-
em menor grau, nas fezes e no suor. Sabe- namento do glicogênio acarretará libe-
-se que a diarréia resulta em altas perdas ração de potássio na célula muscular, e,
de Potássio. subsequentemente, pode acelerar a sua
perda pela célula com sua penetração no
A ingestão mínima recomendada é de
espaço extracelular. Como resultado, a
2 a 3,5 g/dia levando em consideração as
concentração de potássio tanto no líquido
15

intersticial quanto no plasma aumentará. bagas, as bananas, os cogumelos, nozes,


Quando a atividade física for de intensi- legumes e cereais são relativamente ri-
dade máxima, esse aumento será pronun- cos.
ciado.
Influência dos exercícios
Os baixos níveis plasmáticos de
MAGNÉSIO – Mg magnésio tanto em repouso como du-
rante o exercício foram relatados repe-
O conteúdo de Magnésio no corpo é de tidamente em atletas envolvidos em um
aproximadamente 20-30 g. Cerca de 40% exercício de endurance regular, pensando
dessa quantidade fica localizada dentro que resultava em metabolismo energé-
das células (especialmente no músculo), tico deteriorado, aumento da fadiga e a
cerca de 60% no esqueleto e apenas 1% ocorrência de cãibras musculares, porém,
no líquido extracelular. Brouns (2005) fala que estas últimas não
O Magnésio é um mineral essencial pre- puderam ser confirmadas em um estudo
sente em cerca de 300 enzimas que são realizado com corredores de maratona. O
necessárias para os processos biossintéti- mesmo autor observou também que as
cos e o metabolismo energético e desem- perdas ocorridas através do suor, em ge-
penha um papel importante na transmis- ral, são pequenas, mas podem tornar-se
são e na atividade neuromuscular: atua significativas com as altas taxas de trans-
em alguns pontos, sinergicamente com o piração prolongada. Além disso, a perda
cálcio, enquanto em outros é antagonista. de magnésio pode aumentar durante as
primeiras 24 horas após um exercício ex-
Como a maioria dos minerais, o seu ní- tenuante.
vel no plasma é mantido dentro de uma
variação estreita, encontrando-se meta-
bolicamente disponível dentro do peque-
CÁLCIO - Ca
no reservatório extracelular. Qualquer
modificação nesse reservatório é causa- O corpo humano contém 1.200 g de
da pela ingestão nutricional, pela capta- cálcio, dos quais aproximadamente 99%
ção ou liberação por parte dos tecidos ou estão fixados no esqueleto. Apenas uma
pelas perdas ou excreção. A absorção fra- fração de 1% está presente no líquido ex-
cional de magnésio no intestino é de apro- tracelular e nas estruturas intracelulares
ximadamente 35%. O magnésio é excre- dos tecidos moles, que é a parte metabo-
tado principalmente na urina, e pequenas licamente disponível. O cálcio plasmático
quantidades são perdidas com o suor. As é mantido em uma estreita gama princi-
fezes também contêm magnésio, porém palmente pelos hormônios que controlam
isso representa a fração não absorvida. a absorção, a secreção e a renovação ós-
sea. O cálcio que penetra no plasma deriva
O conteúdo em magnésio do alimento
do alimento ou da liberação por parte do
varia amplamente. Peixe, carne e leite são
tecido ósseo. Pode ser perdido através da
relativamente pobres em Magnésio, en-
urina, suor ou fezes.
quanto os vegetais, as frutas exóticas, as
16

Quando a ingestão de cálcio é muito FOSFATO


baixa, os seus níveis plasmáticos se man-
Companheiro do cálcio na formação do
têm constantes porque há maior liberação
osso, 85% do fosfato total está presente
pelo osso.
no esqueleto e o restante se distribui en-
A ingestão de cálcio varia de acordo tre os espaços extracelulares e intracelu-
com a quantidade e composição da dieta, lares nos tecidos moles.
sendo os produtos lácteos uma grande
É um elemento essencial em numero-
fonte de cálcio. Nozes, grãos de legumi-
sas enzimas bem como no metabolismo
nosas, alguns vegetais verdes (brócolis) e
energético. Sua ingestão e o fornecimen-
frutos do mar também são ricos em cálcio.
to ao sangue, afeta a formação do osso, o
Corredoras de longa distância exibem que nos leva a afirmar que sua ingestão
ingestões de cálcio que são mais baixas deve ser balanceada. É excretado, princi-
que a QDR (quantidade diária recomen- palmente, pela urina e pequenas frações
dada), sendo necessário uma ingestão de com as fezes e suor.
1.500 mg/dia para se conseguir o equilí-
Está presente em alimentos ricos em
brio desse mineral nas mulheres pós-me-
proteínas, tais como o leite, carnes, aves,
nopaúsicas que não recebem terapia de
peixes e cereais. Indivíduos sadios que se
reposição estrogênica.
exercitam não apresentam problemas de
Influência dos exercícios deficiência em fosfato.
Desempenha papel essencial no de- Influência dos exercícios
sencadeamento da contração muscular e
Exercícios com perda substancial
enquanto está sendo recaptado acontece
de suor resultam em hemoconcentração,
o relaxamento. O cálcio plasmático pode
que por sua vez elevará os níveis plasmá-
manter-se inalterado, diminuir ou aumen-
ticos de fosfato e são consideradas negli-
tar durante o exercício e estudos compro-
genciáveis.
vam que essa variação é atribuída a di-
versos fatores, tais como a perda de água
que resulta em maior concentração, uma
liberação aumentada pelo osso por causa FERRO – Fe
do estresse mecânico ou uma captação O Ferro é componente importante da
reduzida pelo osso em virtude da menor hemoglobina, mioglobina e diversas enzi-
mineralização óssea. mas tornando-o importante para a capa-
Em atletas do sexo feminino, sabe-se cidade fixadora de oxigênio das hemácias,
que há aumento de fraturas devido oste- transporte e transferência de elétrons na
oporose atlética, o que acontece quando cadeia de transporte dos elétrons. Cerca
o estrogênio que regula o metabolismo do de 30% está armazenado sob a forma de
cálcio está em níveis deprimidos. ferritina e hemosiderina e uma peque-
na parte como transferrina, funcionando
como indicadores do estado do ferro. As-
sim, um estado precário de ferro pode ser
17

indicado pelos baixos níveis de ferritina absorção de ferro inorgânico, enquan-


sérica, maiores níveis de protoporfirina to os componentes existentes nas fibras
nas hemácias, níveis de saturação reduzi- dietéticas, o chá, o café e o fosfato redu-
dos da transferrina e níveis reduzidos de zem a absorção.
hemoglobina. Por isso, com uma ingestão
Influência dos exercícios
inadequada de ferro, a forma de armaze-
namento será a primeira a ser afetada. Existem hipóteses a respeito de de-
Se a escassez for prolongada, afetará a ficiência ou excesso de ferro, mas como
produção de hemoglobina, resultando em as controvérsias são muitas e não há um
anemia ferropriva que irá reduzir a capaci- consenso geral, optou-se por não fazer
dade de transporte de oxigênio, afetando conjecturas que possam ser entendidas
a capacidade do desempenho de endu- erroneamente.
rance.
A tabela abaixo, oferece uma visão ge-
O Ferro está presente nas carnes ral dos padrões alimentares que levam à
vermelhas, fígado, aves, vegetais e ce- ingestão inadequada de ferro.
reais de coloração verde-escura. O Fer-
Fatores que indicam alto risco de dre-
ro-heme nas carnes é a melhor fonte de
nagem ou deficiência de ferro em atletas:
ferro absorvível. A vitamina C acelera a

Fatores que indicam possível aumento Pico recente no crescimento da adoles-


da exigência de ferro cência;
Gravidez (atual ou até um ano antes).

Fatores que indicam possível aumento Aumento súbito da carga de treinamento,


das perdas ou má absorção de ferro principalmente quando envolve corridas
em superfícies duras;
Problemas de má absorção gastrintestinal;
Sangramento gastrintestinal por causa de
uso crônico de alguns tipos de medicamen-
tos anti-inflamatórios;
Grandes perdas de sangue durante a
menstruação;
Excessiva perda de sangue em situações
de sangramento nasal frequente, cirurgia
recente, ferimentos graves;
Doações de sangue frequentes.
18

Fatores que indicam possível ingestão Ingestão de energia cronicamente baixa;


inadequada de ferro biodisponível Alimentação vegetariana, especialmente
dietas mal planejadas, que ignoram fontes
alimentares alternativas de ferro;
Dietas da moda ou padrões alimentares
irregulares;
Restrição na variedade dos alimentos inge-
ridos e falhas na combinação de alimentos
e refeições;
Ênfase excessiva em comidas prontas e
alimentos esportivos pobres em micronu-
trientes;
Dietas com altas concentrações de carboi-
dratos e elevado conteúdo de fibras aliada
à ingestão irregular de carnes, peixes e
aves;
Dietas restritas a alimentos naturais: con-
sumo insuficiente de alimentos contendo
cereais com ferro adicionado.

Fonte: Adaptado de Burke [s.d.]

ZINCO – Zn Influência dos exercícios

O Zinco está presente em quanti- De acordo com Brouns (2005), o reser-


dades relativamente grandes no osso e vatório de zinco metabolicamente dispo-
no músculo. Entretanto, como acontece nível é representado pelo zinco sérico e
com outros animais, essas reservas não mudanças rápidas no volume sanguíneo
são metabolicamente disponíveis. O re- causado pelo exercício físico afetará o
servatório de Zinco que é prontamente estado do zinco sérico seja por desidra-
disponível circula no sangue, é pequeno e tação, que aumentará a concentração do
possui um ritmo de renovação (turnover) zinco em virtude da hemoconcentração,
rápido. Participa do crescimento e desen- seja por causa de um aumento do volume
volvimento dos tecidos, especialmente o plasmático após o exercício causado por
músculo, pois é uma substância essencial retenção de água e sódio.
em numerosas enzimas envolvidas nas
Enfim, sobre os minerais, podemos re-
principais vias metabólicas.
sumir que:
Carnes, fígado e frutos do mar são as
1. À semelhança do que ocorre com a
principais fontes de zinco na dieta. Os ali-
maioria dos nutrientes, a ingestão de mi-
mentos ricos em carboidratos, especial-
nerais depende da qualidade da dieta e
mente os provenientes de fontes refina-
da quantidade de energia consumida.
das, são pobres em zinco.
Alto consumo energético acarreta uma in-
19

gestão maior de minerais; Estudá-los é difícil, entretanto, pode-


mos obter amostrar do soro, dos tecidos,
2. Os atletas que consomem dietas
dos cabelos (pelos), unhas, fezes, urina e
energéticas precárias podem correr o ris-
suor, sendo as quatro primeiras, amostras
co de uma baixa ingestão de minerais, es-
que podem indicar o estado do reservató-
pecialmente de magnésio, cálcio e zinco.
rio de onde a amostra deriva e as últimas
OLIGOELEMENTOS três podem indicar o efeito do estresse
físico sobre as suas perdas. Alguns dos
Elementos em quantidades tão peque- oligoelementos são o Cobre, o Cromo e
nas que na realidade podemos considerar o Selênio e suas quantidades diárias re-
somente como “traços”, mas são essen- comendadas estão expressas no quadro
ciais aos processos biológicos por serem abaixo:
fundamentais para a formação de enzi-
mas vitais para determinados processos
bioquímicos como, por exemplo, a fotos-
síntese ou a digestão.

Fonte Cobre (mg) Cromo (µg) Selênio (µg)


H M H M H M
3,0 1,5 200 50 70 55
Fonte: Brouns (2005)

COBRE – Cu: na regulação normal do nível sanguíneo


de glicose;
Essencial ao corpo humano;
Sua insuficiência resulta em menor
Encontrado nas carnes de vísceras,
sensibilidade à insulina, regulação dete-
frutos do mar, nozes, sementes e batatas;
riorada da glicose sanguínea e, possivel-
Sua deficiência resulta em saúde mente, diabetes;
deteriorada e funcionamento inadequa-
Importante para quem faz trabalho
do;
físico pesado e consome dietas ricas em
Participa de um grande número de carboidratos.
enzimas e desempenha papel no metabo-
Diferentes tipos de estresse, in-
lismo energético, síntese protéica;
cluindo exercício, infecção e traumas físi-
proteção contra os radicais livres e cos, exacerbam os sinais de uma deficiên-
influencia o metabolismo do ferro. cia marginal de cromo.

CROMO – Cr SELÊNIO – Se
• Atua principalmente em combina- Componente essencial da enzima glu-
ção com a insulina e, consequentemente, tationa peroxidase que regula o fraciona-
20

mento dos hidroperoxidios em combina- xidante e existe a evidência acumulada de


ção com a vitamina E. Isso quer dizer que que os antioxidantes nutricionais podem
atua como antioxidante, fazendo uma ajudar a aprimorar o papel protetor para
varredura dos radicais livres que apare- a manutenção da integridade tecidual/ce-
cem sabidamente em números cada vez lular.
maiores nas situações de trauma, estres-
À semelhança do que ocorre com os
se e também durante o exercício extenu-
minerais e oligoelementos, os atletas en-
ante.
volvidos em treinamento intensivo, mas
Como acontece com os minerais, os oli- que consomem dietas com um baixo valor
goelementos são perdidos em quantida- energético, são mais propensos a adotar
de cada vez maiores como resultado do ingestões marginais de vitaminas.
treinamento físico intensivo. As perdas do
Abaixo, temos algumas vitaminas indi-
cobre pelo suor e do cromo pela urina po-
viduais e a influência dos exercícios:
dem, em certas circunstâncias, ultrapas-
sar as ingestões diárias recomendadas. TIAMINA – Vitamina B1
Seu papel mais importante é na conver-
são oxidativa do piruvato para acetil CoA,
VITAMINAS
que é uma etapa importante no processo
Também são nutrientes essenciais para de produção de energia a partir do carboi-
o corpo humano, participando em quase drato, por isso as necessidades recomen-
todas as funções biológicas. Atuam como: dadas estão relacionadas ao dispêndio to-
tal de energia e ingestão de carboidratos.
Coenzimas em muitas biorreações
e reações químicas, incluindo o metabo- RIBOFLAVINA – Vitamina B2
lismo energético;
Participante do metabolismo energéti-
Envolvidas na síntese protéica; co mitocondrial. O National Research Cou-
ncil relaciona sua ingestão com a inges-
Antioxidantes.
tão energética, mas não há estudos que
Os fatores que influenciam o estado comprovem necessidade de aumento na
das vitaminas são a ingestão de alimentos ingestão quando há aumento de metabo-
e a densidade vitamínica do alimento, a lismo energético.
biodisponibilidade (capacidade de ser ab- PIRIDOXINA – Vitamina B6
sorvida) e as perdas sofridas pelo organis-
mo. Atuante na síntese protéica, a B6 é re-
lacionada com atletas que usam a força
Qualquer escassez de uma vitamina e aos fisiculturistas. Mas nenhum estudo
pode resultar em um metabolismo aquém ainda comprova sua influência quando de-
do ideal, que a longo prazo pode resultar ficiente.
em menor desempenho ou até mesmo em
enfermidade. CIANOCOBALAMINA – Vitamina B12
Algumas vitaminas atuam como antio- Coenzima no metabolismo do ácido
21

nucléico, influenciando também a sínte- ALFA-TOCOFERAL – Vitamina E


se protéica. Também não há estudos que
Antioxidante, varredor dos radicais li-
comprovem influência de déficit nas po-
vres e protege as membranas celulares da
pulações atléticas.
peroxidase lipídica. Funciona juntamente
NIACINA com a vitamina C, o beta-caroteno e o se-
lênio e protege as hemácias contra a he-
Funciona como coenzima na substân-
mólise.
cia NAD (nicotina adenina dinucleotídio)
que desempenha papel proeminente na No quadro abaixo, são apresentadas
glicólise e é necessária para a respiração as quantidades dietéticas recomendadas
tecidual e síntese de gorduras. Sem dados para vitaminas:
suficientes que comprovem influência de
deficiência nas populações atléticas.
ÁCIDO PANTOTEICO
Componente do acetil CoA, o metabó-
lito intermediário no ciclo do ácido cítrico
para o metabolismo dos carbidratos e das
gorduras.

BIOTINA
Parte essencial das enzimas que trans-
portam carboxila e fixam o dióxido de car-
bono nos tecidos. A conversão de biotina
para coenzima ativa depende da disponi-
bilidade de magnésio e de ATP. Desempe-
nha papel essencial no metabolismo dos
carboidratos, das gorduras, do propionato
e dos aminoácidos de cadeia ramificada.
Ela é produzida no intestino delgado por
microorganismos e fungos.

ÁCIDO ASCÓRBICO - Vitamina C


Antioxidante hidrossolúvel é, prova-
velmente, a vitamina mais estudada. Ser-
ve para varrer os radicais livres que cau-
sam dano celular e protegem a vitamina,
e também é antioxidante. Ainda, acelera a
absorção de ferro no intestino e participa
da biossíntese de alguns hormônios.
22

VITAMINA IDADE/HOMENS IDADE/MULHERES


15-18 19-24 25-50 15-18 19-24 25-50
Vitamina B1(mg) 1,5 1,5 1,5 1,1 1,1 1,1
Vitamina B2(mg) 1,8 1,7 1,7 1,3 1,3 1,3
Niacina(mg) 20 19 19 15 15 15
Vitamina B6(mg) 2,0 2,0 2,0 1,5 1,5 1,5
Folato(µg) 200 200 200 180 180 180
Vitamina B12(µg) 2 2 2 2 2 2
Vitamina C(mg) 60 60 60 60 60 60
Vitamina A(µg) 1000 1000 1000 800 800 800
Vitamina D(µg) 10 10 5 10 10 5
Vitamina E(mg) 10 10 10 8 8 8
Vitamina K(µg) 65 70 80 55 60 65
Ácido pantotéico 8 8 8 8 8 8

Fonte: Brouns (2005).

ANTIOXIDANTES e RADICAIS LIVRES tologia dos tecidos.

Os radicais livres são átomos que con- Segundo Brouns (2005), sabe-se que
sistem em um núcleo com elétrons em “ór- um grande número de doenças e de le-
bita” ao redor do núcleo. Ele existe inde- sões celulares tóxicas está associado à
pendentemente por um período de tempo produção de radicais livres.
extremamente curto, que contém um ou
Os antioxidantes são compostos que
mais elétrons que não formam pares. Par-
doam prontamente elétrons ou hidrogê-
ticipam da etiologia do dano celular e das
nio sem que eles mesmos sejam trans-
patologias teciduais, ou seja, a oxidação
formados em radicais altamente reativos.
dos radicais livres pode desencadear ou
Dentre as classes de compostos nutricio-
prolongar a lesão celular por remover um
nais que agem dessa forma temos a vita-
átomo de hidrogênio de, por exemplo, um
mina E, C, beta-caroteno ou pró-vitamina
ácido graxo poli-insaturado em uma bio-
A, fenóis e indóis vegetais e compostos
membrana, iniciando o processo degra-
organossulfurosos.
dativo da peroxidação lipídica. Por outro
lado, os radicais livres podem afetar o me- O corpo possui vários mecanismos de
tabolismo das proteínas e dos ácidos nu- defesa contra os radicais livres, enzimáti-
cléicos, a integridade das biomembranas, cos e não-enzimáticos, incluindo co-fato-
as enzimas, e, portanto, a função e a pa- res derivados dos nutrientes.
23

O desempenho desportivo altamen-


te intensivo se caracteriza por inúmeros
eventos, que tornam extremamente pro-
vável a maior produção de radicais livres
e o dano celular correlato. O consumo de
oxigênio para a produção de energia ae-
róbica aumenta cerca de 20 vezes e o
mesmo ocorre com a produção de radicais
livres, pois ambos os processos estão in-
ter-relacionados quantitativamente.

Vários estudos apontam que a dor mus-


cular, após uma sessão intensiva de exer-
cício em indivíduos menos bem treinados,
pode estar relacionada aos radicais livres.
Sugerem que eles desempenhem um pa-
pel importante durante o processo infla-
matório que causa a dor muscular, rigidez
e perda da força muscular, especialmente
entre 2 e 5 dias após a competição espor-
tiva, mas que o suprimento de quantida-
des adequadas de antioxidantes pode re-
duzir tanto a gravidade quanto a duração
dessa dor muscular tardia.

Enfim, segundo Maughan e Burke


(2004) vitaminas e minerais desempe-
nham um papel-chave na otimização da
saúde e no desempenho do atleta.

Em muitos casos, pode haver aumen-


to na exigência de determinado micro-
nutriente em consequência da prática de
programa regular de exercícios. No entan-
to, não existem normas fixas para inges-
tão de vitaminas e minerais por atletas. Ao
contrário, o que se sugere é uma ingestão
de energia moderada a alta, caracterizada
pela variedade dos alimentos ricos em nu-
trientes para que o atleta possa chegar a
níveis de ingestão de vitaminas e minerais
acima do padrão considerado adequado
para a população em geral e correspon-
dente a suas respectivas necessidades.
24

UNIDADE 5 - Desidratação e rehidratação


A água é o maior componente do cor- transferência de metabólitos e de potás-
po humano, representando 45 a 70% do sio do lado interno para o externo da célu-
peso corporal total. Isso quer dizer que la. O resultado é que a água intersticial se
uma pessoa com 75 kg terá em média 45 tornará hipertônica em comparação com o
litros de água e por dedução, podemos sangue. Enfim, o volume plasmático dimi-
inferir que um atleta treinado com alta nui e o volume muscular aumenta durante
massa corporal magra e baixa massa de o exercício.
gordura terá um conteúdo hídrico relati-
Quanto ao espaço extracelular, este é
vamente alto.
composto por dois subcompartimentos: o
Em condições normais, ou seja, ingerin- interstício – circunda as células e constitui
do líquidos adequadamente, o conteúdo o líquido intersticial e o vásculo – espaço
hídrico corporal será mantido de uma for- dentro dos vasos sanguíneos. O conteú-
ma constante. Mas não é possível armaze- do de água desses compartimentos é de
nar água no corpo, pois os rins excretarão aproximadamente 11,5 e 3,5 litros, res-
qualquer excesso de água. Por outro lado, pectivamente, produzindo um total de 15
é possível desidratar o corpo ao gerar um litros de líquido extracelular. Ele é meio de
desequilíbrio entre a ingestão e a perda permuta entre as células e o sangue.
de líquidos. Nesse sentido, a água será
Igualmente em relação aos líquidos ex-
perdida por dois compartimentos princi-
tracelulares, o conteúdo hídrico do tecido
pais nos quais normalmente o conteúdo
muscular aumentará e o plasma sanguí-
hídrico é mantido constante – pelos com-
neo diminuirá, em virtude das contrações
partimentos intracelular e extracelular.
musculares repetidas.
O conteúdo intracelular total de líqui-
Os eletrólitos mais importantes e que
dos é representado aproximadamente
exercem efeito sobre o conteúdo hídri-
por 30 litros, cerca de dois terços da água
co fora das células são o cloro e o sódio e
corporal total. Essa água é mantida den-
dentro das células, o magnésio e o potás-
tro da célula por uma força osmótica cau-
sio.
sada pelo conteúdo eletrolítico e protéico
relativamente alto. Sobre a ingestão diária de líquidos, esta
está associada normalmente com o con-
Sobre as influências do exercício, as
sumo de alimentos (salgados, condimen-
contrações musculares resultarão na
tados) e com a presença de boca seca.
produção e no acúmulo de metabólitos
Em grande parte, isso é responsável pelo
dentro da célula. Inicialmente, há um gra-
comportamento aprendido que induz o
diente osmótico que resulta em captação
indivíduo a beber. Mas, a sede verdadeira
global de água para dentro da célula, co-
surge como consequência da desidrata-
meçam simultaneamente os processos
ção intra e extracelular.
de transporte e as mudanças na permea-
bilidade das membranas e assim ocorre a Para haver um equilíbrio, o correto se-
25

ria ingerir líquidos de acordo com a reno- O exercício eleva a taxa metabólica.
vação diária total de água, que é conside- Apenas cerca de 25% da energia tornada
rada como sendo de aproximadamente disponível por vias matebólicas são usa-
4% do peso corporal em adultos. Isso quer das para executar o trabalho externo; o
dizer que tendo o sujeito 70 kg, deveria restante é dissipado como calor, confor-
ingerir ao menos 2,5 a 3 litros de água o me a figura abaixo:
que ajuda a evitar distúrbios metabólicos
e problemas renais.

Fonte: Maughan e Burke (2004)

Quando a demanda de energia é alta, ção do calor.


como durante o exercício, o resultado são
Segundo Maughan e Burke (2004), du-
altas taxas de produção de calor. Para limi-
rante o exercício pesado em ambientes de
tar o aumento potencialmente prejudicial
clima quente e seco, isso pode significar
da temperatura central, a taxa de perda
perda considerável de água, embora esse
de calor tem de ser aumentada proporcio-
em geral não seja o principal mecanismo
nalmente. A manutenção da alta tempe-
de perda de calor em seres humanos.
ratura na pele facilita a perda de calor por
radiação e convecção. Esses mecanismos Numa linguagem mais simples, desidra-
são eficazes somente quando a tempera- tação trata-se de um problema de saúde,
tura ambiente é baixa e a taxa do movi- uma disfunção de nosso organismo, de-
mento do ar sobre a pele é alta. Sob alta corrente de uma deficiência da concen-
temperatura ambiente (acima de 35º C) o tração de água em nosso corpo, o que in-
que significa que a temperatura da pele viabiliza a boa manutenção do mesmo.
será inferior à do ambiente, a evaporação
Causas da desidratação:
constitui o único mecanismo de dissipa-
26

Baixa ingestão de líquidos (princi-


palmente a água, que participa da maior
parte dos processos vitais em nosso orga-
nismo);

Perda excessiva de líquidos corpo-


rais por: vômitos; diarréia; produção ex-
cessiva de urina (poliúria); sudorese ex-
cessiva; exposição prolongada à luz solar.

Sintomas ou consequências da desidra-


tação:

Aumento da sede e redução da uri-


na;

Fraqueza e fadiga;

Tontura e dores de cabeça;

Boca e/ou língua seca;

Prejuízo das atividades renais;

Irritabilidade ou apatia (falta de


energia).

No caso dos atletas, as soluções para a


reidratação em geral são produzidas com
o intuito de que sejam repostos os líqui-
dos e os minerais perdidos pela transpira-
ção, assim como quantidades limitadas de
energia na forma de carboidratos.

Segundo Maughan e Burke (2004),


a ingestão de fluidos e de carboidratos
beneficia o desempenho na maioria dos
eventos esportivos e das atividades de
exercícios. Os efeitos da desidratação so-
bre o desenvolvimento já são bem conhe-
cidos. As consequências variam de decrés-
cimo súbito, mas geralmente importante,
no desempenho, quando o nível de déficit
de fluidos é baixa, há graves riscos para a
saúde, no caso de perdas substanciais de
fluidos durante exercícios realizados sob
calor.
27

UNIDADE 6 - Ergogênica nutricional e


metabolismo
A Medicina Esportiva estabelece um ável. Os consumidores de suplementos
conceito para o termo “agente ergogêni- nutricionais geralmente utilizam essas
co” que abrange todo e qualquer mecanis- substâncias em doses muito acima do re-
mo, efeito fisiológico, nutricional ou far- comendável, o que também se constitui
macológico que seja capaz de melhorar a em uma preocupação, apesar de grandes
performance nas atividades físicas espor- controvérsias quanto aos eventuais pro-
tivas, ou mesmo ocupacionais. blemas à saúde consequentes ao abuso.
Para se ter uma ideia do consumo de su-
De acordo com Brouns (2005) “a ergo-
plementos por atletas, Barros Neto (2001)
gênica nutricional descreve as substân-
fala de um estudo de 1999, o qual relatou
cias alimentares cujos efeitos consistem
que entre 100 atletas noruegueses de
em aprimorar o desempenho. Esse efeito
vários esportes de nível nacional, 84 usa-
pode ser físico assim como mental”.
vam algum tipo de suplemento nutricio-
Dessa forma, tomando por base estu- nal. Muitos atletas usavam vários suple-
dos de Barros Neto (2001), podemos sub- mentos nutricionais, a grande maioria dos
dividir os agentes ergogênicos em 3 gru- quais não apresenta qualquer comprova-
pos: ção científica de efetividade ergogênica.
Usando uma linguagem leiga, parece uma
a) Fisiológicos eterna busca do “espinafre do Popeye”.
Os agentes ergogênicos fisiológicos
Para Brouns (2005), apesar do uso de
incluem todo mecanismo ou adaptação
suplementos mostrar maior prevalência
fisiológica de melhorar o desempenho fí-
em atletas, principalmente atletas de eli-
sico. O próprio treinamento pode ser visto
te, Sobal e Marquart já relatavam em tra-
como um agente ergogênico fisiológico. A
balho publicado em 1994, uma incidência
adaptação crônica à altitude, ao promover
de 40% de consumidores de suplemen-
um aumento de glóbulos vermelhos, atua
tos nutricionais na população não atleta
como um agente ergogênico fisiológico na
de praticantes de atividades físicas. Em
medida em que o retorno a baixas altitu-
levantadores de peso, Burke e Read, em
des propicia uma melhora do desempenho
1993, constataram uma incidência de
físico aeróbio nos primeiros dias subse-
consumo de 100%.
quentes ao retorno, enquanto a capacida-
de de transporte de oxigênio pelo sangue Segundo Barros Neto (2001), do ver-
permanecer aumentada. dadeiro arsenal de suplementos nutri-
cionais que encontramos no mercado, o
b) Nutricionais único que tem efeito ergogênico compro-
Os agentes ergogênicos nutricionais vado cientificamente é a creatina, que
caracterizam-se pela aplicação de estra- tem se constituído no recurso interativo
tégias e pelo consumo de nutrientes com com o treinamento atualmente mais uti-
grau de eficiência extremamente vari- lizado para aumento de massa muscular.
28

O seu consumo nos Estados Unidos já consumo de esteróides anabólicos.


havia ultrapassado as 300 toneladas so-
Faremos uma pequena abordagem de
mente em 1997. Apesar da literatura não
algumas possíveis alternativas nutricio-
relatar efeitos colaterais relacionados ao
nais para as drogas ilegais, assim como
seu uso, as consequências de eventuais
alguns suplementos alimentares coloca-
superdosagens ou uso por períodos de
dos no mercado para os atletas, deixando
tempo extremamente prolongados ainda
claro que não é intenção defender ou con-
requer um certo cuidado. A preocupação
denar tais usos, somente expor devido o
nesses casos não está restrita ao consu-
interesse dentro da nutrição desportiva.
mo por parte de atletas. O aumento de
massa muscular promovido pela suple-
mentação de creatina constitui-se em um
efeito extremamente sedutor para os que RIBOSE
praticam exercícios com objetivos priori- Exercícios intensos e explosivos levam
tariamente estéticos e que muitas vezes a alterações metabólicas como a deple-
relegam a saúde a um plano secundário. ção da reserva de fosfato de creatina, ao
c) Farmacológicos fracionamento de ATP › AMP › IMP pro-
dutos terminais; aumento no lactato mus-
Os agentes ergogênicos farmacológi- cular e sanguíneo e aumento da xantina,
cos constituem-se, sem dúvida, no maior hipoxantina, adenina e ácido úrico.
problema para a saúde, a ética e a própria
legislação esportiva. Após o exercício, os produtos de fracio-
namento mencionados nos aumentos de
Sem sombra de dúvida, dentre os xantina, hipoxantina, entre outros. pode-
agentes ergogênicos farmacológicos, os riam ser perdidos pelo músculo. Isso resul-
esteróides anabólicos ocupam o lugar ta em menor conteúdo total de nucleotí-
principal. Seu potente efeito anabolizan- dio de adenina (TAN).
te associado à prática de exercícios com
pesos, acena com a promessa do record A ressíntese dos nucleotídios de ade-
para o atleta e do “corpo perfeito” para o nina é um processo longo; assim sendo, a
“malhador” de academia. recuperação até um nível normal pode le-
var entre 3 e 4 dias.
Infelizmente, cada vez mais o efeito te-
rapêutico dos anabolizantes é desvirtua- Segundo Brouns (2005), foi aventada a
do a ponto da própria concepção leiga do hipótese de que o suprimento oral de ri-
seu nome ser associada à um perigo imi- bose pode dar origem a uma recuperação
nente, o que de fato se justifica em decor- mais rápida do reservatório de TAN após
rência dos abusos cometidos e dos episó- sessões de treinamento intensivo ou de
dios trágicos frequentemente relatados. competições, porém, não existe evidência
dessa ocorrência em seres humanos.
De acordo com Barros Neto (2001),
chega-se a criar até um certo terrorismo, A ingestão de 16 g de ribose não con-
associando o uso de qualquer suplemento seguia elevar os níveis sanguíneos de ri-
nutricional como o primeiro passo para o bose de maneira significativa até um nível
29

capaz de acelerar a recuperação. Essa do- na se revelou capaz de contrabalancear


sagem não conseguia aprimorar qualquer a queda nos níveis plasmáticos de colina
parâmetro do desempenho. durante o exercício, mas não existem es-
tudos que comprovem um efeito benéfico
da suplementação com colina ou lecitina
CREATINA sobre os índices do desempenho.

É a substância ergogênica mais estu- Outros aminoácidos têm sido estuda-


dada na última década. Embora não tenha dos, principalmente por causa da secreção
sido incluída na lista de dopagem do Co- de hormônios estimulantes, que afetam o
mitê Olímpico Internacional (COI), Brouns metabolismo cerebral e aprimoram a con-
(2005) nos afirma que foram publicadas centração mental, assim como o impulso
inúmeras revisões excelentes que forne- para realizar um desempenho máximo,
cem ao leitor informações abundantes e mas os dados disponíveis ainda são limi-
detalhadas sobre a creatina. tados. Dentre esses aminoácidos temos a
arginina, ornitina e o triptofano.
A creatina é sintetizada no corpo hu-
mano a partir dos aminoácidos arginina, A cafeína foi incluída na lista de dopa-
metionina e glicina com um ritmo de 1 a 2 gem do COI, mas ela é ingerida diariamente
g/dia. Está presente no músculo esquelé- por muitos atletas. Ela merece destaque,
tico, que contém cerca de 95% do reser- pois foi muito estudada e seu impacto so-
vatório total de creatina. bre o desempenho e o metabolismo tor-
nam essa substância altamente interes-
Ela pode estimular a síntese protéica, sante para os fisiologistas do desporto.
facilitando a ressíntese do ATP no sistema
de energia. É o estimulante mais usado frequente-
mente em todo o mundo. É um composto
Como efeitos colaterais têm o aumento de ocorrência natural com o nome de tri-
do peso corporal em torno de 2 a 3% após metilxantina, presente em grande núme-
a suplementação com a Creatina. ro de produtos alimentares e de bebidas.

Uma explicação tradicional para o efei-


LECITINA e COLINA to ergogênico da cafeína consistia no fato
de que estimula o sistema nervoso cen-
A colina é o precursor da acetilcolina, tral, resultando em mobilização de ácidos
um neurotransmissor de grande impor- graxos livres por parte do tecido adiposo.
tância para o sistema nervoso central e Admitia-se que este último fato acelerava
para a transmissão dos impulsos neuro- a captação de ácidos graxos pelo múscu-
musculares. Ela sofre uma redução signi- lo e a subsequente oxidação, em favor de
ficativa durante o exercício intensivo de uma maior produção de energia.
endurance. Foi sugerido que essa redução
desempenha algum papel no surgimento Estudos recentes lançaram algumas
da fadiga. dúvidas acerca da validade dessa teoria
para o atleta que se exercita. Foi observa-
A suplementação com colina ou leciti- do que, em muitos estudos, um aumento
30

na concentração de ácidos graxos livres


no sangue ocorria como resultado da in-
gestão de cafeína, mas que isso não acar-
retava um aumento na oxidação da gordu-
ra, nem uma diminuição na utilização de
glicogênio. Apesar dessas observações,
a cafeína melhorava o desempenho na
maioria desses estudos.

A ingestão de cafeína, especialmente


em grandes quantidades (mais de 4 mg /
kg de peso corporal), pode resultar em
efeitos colaterais, mas que em geral são
ligeiros. Dentre eles: irritação da parede
gástrica, assim como o intestino, o que
pode acarretar refluxo ácido-gástrico e
alterações da motilidade intestinal. Oca-
sionalmente pode ocorrer diarréia.
31

UNIDADE 7 - Distúrbios alimentares em


atletas
Segundo Brouns (2005); Vilardi, Ribei- ralmente seguida por uma purgação. Os
ro e Soares (2001), pode-se caracterizar métodos de purgação frequentemente
os distúrbios alimentares ou transtornos encontrados, os quais estão relaciona-
alimentares (TA) por alterações no com- dos a um comportamento patológico de
portamento alimentar, incluindo anorexia controle de peso incluem: indução a vô-
e bulimia nervosa, sendo estes mais fre- mitos, abuso no uso de laxantes, diuréti-
quentemente encontrados em atletas fe- cos e moderadores de apetite e prática de
mininas. exercícios físicos intensos. Para American
College of Sports Medicine (1997) apud
De acordo com Ruud & Grandjean
Vilardi Ribeiro e Soares (2001), as prin-
(1996), a anorexia nervosa é caracteriza-
cipais consequências da bulimia nervosa
da por uma extrema restrição energética
são: perda de fluidos e eletrólitos durante
autoimposta, tendo como objetivo a per-
a purgação, podendo levar à desidratação,
da excessiva de peso.
desequilíbrio ácido-básico e eletrolítico e
Segundo Sundgot-Borgen & Corbin arritmias cardíacas. Algumas atletas que
(1987); Wichmann & Martin (1993); Katch induzem o vômito após episódios de com-
& McArdle (1996) apud Brouns (2005), os pulsão alimentar podem apresentar uma
sintomas mais comuns da anorexia nervo- diminuição na concentração do potássio
sa incluem: manutenção do peso corpo- sérico, que é o principal cátion responsá-
ral inferior a 85% do que é considerado vel pela contração muscular. A fraqueza
adequado para estatura e idade, intenso muscular característica de tais atletas
medo de engordar, percepção alterada da pode estar relacionada à hipocalemia.
imagem corporal, distúrbios menstruais,
Segundo Yurth (1995); Katch & McAr-
desmineralização óssea, perda de mas-
dle (1996); American College of Sports
sa muscular e gordura corporal, irregula-
Medicine (1997) apud Vilardi Ribeiro e So-
ridades digestivas, arritmias cardíacas,
ares (2001), a indução a vômitos também
desidratação, intolerância ao frio (mãos e
pode resultar em problemas físicos crôni-
pés), cabelos finos e fracos, entre outros.
cos, incluindo distúrbios gastrintestinais;
Conforme American College of Sports Me-
aumento da glândula parótida; erosão e
dicine (1997) apud Vilardi Ribeiro e Soares
perda do esmalte dentário; desidratação;
(2001), deve-se ressaltar, que uma signi-
entre outros.
ficante restrição energética acarreta uma
diminuição na taxa metabólica basal e Conforme Sundgot-Borgen (1994)
prejuízos nas funções músculo-esqueléti- apud Vilardi Ribeiro e Soares (2001), além
ca, cardiovascular, endócrina, termoregu- desses clássicos distúrbios, uma condição
latória e outras. prevalecente entre atletas é a “Anorexia
Atlética”. Os critérios para seu diagnósti-
Segundo Ruud & Grandjean (1996), a
co incluem: perda de peso, atraso na pu-
bulimia nervosa está relacionada a uma
berdade, disfunção menstrual, queixas
ingestão descontrolada e compulsiva, ge-
32

gastrintestinais, ausência de doença ou par de competições pode ser considerado


desordem afetiva que pudesse explicar a um fator importante no desenvolvimento
redução de peso, falsa imagem corporal, desses transtornos. Tal fato pode ocorrer
excessivo medo de ganhar peso, restrição pelo fato de os atletas serem normalmen-
alimentar, vômitos autoinduzidos, uso de te muito preocupados com a saúde e, em
laxantes, diuréticos e exercícios físicos alguns esportes, o peso correto ajudar o
compulsivos. atleta a atingir um melhor desempenho.

Segundo Morgan, Vecchiatti e Negrão Atletas podem ser considerados um


(2002), os Transtornos Alimentares (TAs) grupo de risco para o desenvolvimento de
possuem uma etiologia multifatorial, sen- TA, já que geralmente têm intensa preo-
do determinados por diversos fatores que cupação com a saúde e o bem-estar e são
interagem entre si de modo complexo, mais críticos em relação aos seus corpos
para produzir e, muitas vezes, perpetuar e peso do que não-atletas praticantes
a doença. habituais de atividade física. Em algumas
modalidades esportivas, o peso corporal
Esse quadro, de acordo com Fiates e
pode influenciar diretamente a perfor-
Salles (2001), costuma ter fatores com al-
mance do competidor, causando, em ho-
gum evento significativo como perdas, se-
mens, o desejo de se tornarem maiores
parações, mudanças, doenças orgânicas,
para ganharem vantagem.
distúrbios da imagem corporal, depres-
são, ansiedade e, até mesmo, traumas de Segundo Oliveira et al. (2003), quando
infância, como abuso sexual. No entanto, os atletas não atingem suas expectati-
a forma como esses fatores atuarão como vas competitivas pode haver um aumento
causa do distúrbio ainda não está esclare- da visão negativa em relação a seus cor-
cida. pos, levando-os a buscar o padrão ideal. A
combinação entre performance esporti-
Para Morgan, Vecchiatti e Negrão
va, imagem corporal e peso pode levar o
(2002), os TAs e a distorção da imagem
esportista a um distúrbio de imagem cor-
corporal podem ocorrer em atletas, inclu-
poral.
sive do sexo masculino, sendo os esportes
de maior risco, tanto para homens quanto Segundo Oliveira et al. (2003), enquan-
para mulheres, aqueles nos quais uma bai- to atletas mulheres que sofrem de TA
xa porcentagem de gordura corporal é de- participam de modalidades que exigem
sejável, como maratonas e cross-country, um corpo magro e belo, como atletismo,
além dos esportes nos quais altos índices ginástica artística, nado sincronizado, gi-
de massa magra são interessantes, como nástica olímpica e dança, principalmente
algumas lutas, danças e corridas a cavalo. ballet, os esportistas do sexo masculino
acometidos de dismorfia muscular par-
Sundgot-Borgen, Torstveit e Skarderud
ticipam comumente de atividades que
(2004) apud Morgan, Vecchiatti e Negrão
envolvem força, como o futebol america-
(2002), relatam existir maior frequência
no, lutas e fisiculturismo. Por outro lado,
de distúrbios alimentares em atletas do
segundo Melin e Araújo (2002), homens
que em não-atletas, sendo que partici-
podem sofrer também de AN e BN, prin-
33

cipalmente bailarinos, jóqueis, ginastas, são inter-relacionados em etiologia, pato-


nadadores, fisiculturistas, corredores e gênese e deficiências de ferro, irregulari-
praticantes de luta-livre. As causas que dades menstruais, desmineralização ós-
levam atletas a sofrer de distúrbios ali- sea e danos músculo-esquelético, podem
mentares ainda não foram estabelecidas. influenciar o desempenho atlético e, in-
clusive, levar a morbidade e mortalidade.
No caso de portadores de AN, nota-se
uma hiperatividade decorrente dos lon- Um estudo realizado na Noruega por
gos períodos de jejum praticados, prova- Torstveit e Sundgot-Borgen (2005) apud
velmente decorrente de uma hipolepti- COSTA et al (2007), mostrou que a tríade
nemia. Em estudo relatado por Assunção, tem prevalência significativa tanto em
Cordás e Araújo (2002), pesquisadores atletas quanto em mulheres não atletas
observaram pacientes do sexo feminino praticantes de atividade física. Assim,
com transtorno alimentar, notando que como nos outros TAs, a prevenção depen-
78% realizavam exercícios excessiva- de de atenção por parte dos atletas, pais
mente e ainda que 60% eram atletas an- e treinadores.
tes de serem acometidas com o TA.
De acordo com Damasceno et al. (2005),
Segundo Oliveira et al (2003), treina- os praticantes de atividade física tendem
dores, patrocinadores e familiares podem a buscar uma melhora da aparência físi-
ter forte influência no desenvolvimen- ca, sendo um fenômeno sociocultural, às
to de TA, através de comentários sob a vezes mais significativo do que a própria
forma física dos atletas. Por essa razão, satisfação econômica, afetiva ou profis-
treinadores devem estar bem informados sional. Os principais motivos pelos quais
quanto aos distúrbios de autoimagem e pessoas iniciem programas de atividade
TAs. física são a insatisfação com o próprio
corpo ou mesmo pela imagem que se tem
De acordo com Villardi, Ribeiro e Soa-
dele e pela valorização exacerbada de bai-
res (2001), apesar do crescente interesse
xos níveis de gordura corporal.
pela nutrição esportiva, ainda hoje, trei-
nadores e até mesmo os atletas insistem Estudo realizado por Braggion (2002),
em cuidar do tratamento dietético, não avaliou mulheres com média de 65,8 anos
buscando a orientação do profissional nu- de idade, praticantes de atividade física.
tricionista. O método utilizado foi uma escala de 9 si-
lhuetas para verificar a satisfação com a
A prevalência de AN e BN em atletas
aparência corporal. Diagnosticou-se que,
ainda não é conhecida no Brasil, porém
entre as mulheres, a maioria (71,7%) es-
estima-se que sua incidência aumentou
tavam insatisfeitas com a aparência cor-
de 15% para 62%.
poral.
Segundo Costa et al. (2007), a inter-re-
Damasceno et al (2005) quantificou em
lação entre transtorno de comportamen-
seu estudo o tipo físico ideal e verificou o
to alimentar, amenorréia e baixa densida-
nível de insatisfação com a imagem corpo-
de óssea é chamada de tríade da mulher
ral de praticantes de caminhada. Partici-
atleta. Todos esses componentes, que
34

param desse estudo 186 pessoas, sendo mais comuns. Especialmente entre aque-
87 mulheres e 98 homens. Os resultados les bailarinos que possuem um peso cor-
apontaram que as mulheres tendem a es- poral mais alto natural, em comparação
colher silhuetas menores que a atual, e no com aqueles que possuem um tipo corpo-
caso dos homens, verificou-se a tendên- ral ectomórfico natural.
cia de desejar possuir um corpo com maior
Dentre os problemas ou efeitos do tipo
massa muscular e menor quantidade de
de corpo que buscam para alcançar um bi-
gordura corporal, assim como relatado no
ótipo ultramagro, inclui-se a menarca tar-
estudo de Araújo e Araújo (2003) apud
dia, padrões alterados de menstruação e
Costa et al (2007).
inadequações nutricionais que podem dar
Resumindo... origem a efeitos fisiológicos negativos.
Nos casos extremos, foram relatadas a
Partindo das conclusões que uma ali-
osteoporose e as tendinites crônicas.
mentação restritiva ou o comportamento
obsessivo em relação ao controle de peso No caso dos lutadores, a preocupação
podem ser autodestrutivos, pois a restri- com peso excessivo é comum na maio-
ção energética intensa pode causar um ria dos eventos desportivos nos quais
aumento na conservação de energia ou na vigoram certas categorias ponderais. O
eficiência da energia que, por si só, pode impacto que uma perda rápida de peso
tornar menos efetivas todas as tentativas pode exercer sobre vários parâmetros do
adicionais de perda de peso ou de contro- desempenho físico foi motivo de inúme-
le do peso, vários cientistas dedicaram um ros estudos. Os métodos que usam para
número considerável de publicações aos redução ponderal são a manipulação die-
aspectos de distúrbios alimentares tipo tética utilizando-se dietas bem balancea-
anorexia e bulimia, bem como às práticas das, o jejum e a redução ou eliminação de
dietéticas perigosas entre os atletas en- líquidos; a aeróbica para reduzir a gordura
volvidos em disciplinas desportivas nas corporal, a desidratação conseguida por
quais se admite que um peso corporal bai- exposição térmica (sauna) ou exercícios
xo é essencial para o desempenho. em uniformes de náilon ou uma vesti-
menta com múltiplas camadas. O uso de
Segundo Sundgot-Borgen e Corbin
diuréticos, laxativos, procedimentos para
(1987) apud Brouns (2005), atletas que
limpeza colônica e uma dieta com baixíssi-
competem em desportos que exigem
mo valor calórico também foi encontrado
peso específico ou magreza corporal, tais
nos estudos. A perda rápida de peso an-
como os desportos de natureza estética,
tes dos procedimentos de pesagem para
de endurance (que significa resistência)
a competição, seguida por um aumento
ou caracterizados por classes ponderais
rápido de peso, assim como pela repetição
são os mais afetados.
regular desse procedimento, chamado de
Conforme Brouns (2005), no caso dos ciclagem ponderal não mostram efeito so-
bailarinos das companhias de dança orien- bre o desempenho anaeróbico, enquanto
tadas para o alto desempenho, a anorexia o desempenho aeróbico, em geral, é pre-
e bulimia são os distúrbios alimentares judicado pelos procedimentos com perda
35

rápida de peso, o que pode acontecer de-


vido a menor disponibilidade de glicogê-
nio muscular.

Não há dúvidas de que são atletas que


devem ser educados acerca das estraté-
gias a longo prazo, capazes de proporcio-
nar um controle ponderal e um aconselha-
mento dietético ótimos.
36
UNIDADE 8 - Estratégias de nutrição para
treinamento e competição
Podemos dividir as estratégias de nu- de gordura, contribui para um menor de-
trição no antes, durante e após o exercício sempenho da atividade física), avaliar a
físico, além é claro, da divisão em treina- perda de peso (a perda rápida pode estar
mento e competição. relacionada à desidratação e consequen-
temente à perda de massa magra), não
Apresentaremos na sequência, orien-
consumir suplementos nutricionais sem a
tações ou estratégias voltadas especi-
indicação de um profissional habilitado. A
ficamente para algumas modalidades
hidratação também é de extrema impor-
esportivas, salientando que o tempo e o
tância para quem almeja um bom desem-
espaço não nos permitem discorrer sobre
penho nas provas e treinos.
cada uma delas, mais a bibliografia a res-
peito é extensa e sugerimos uma pesqui- De acordo com Belico (2009), para o
sa individual no esporte de interesse. atleta adequar as suas necessidades em
macro e micronutrientes é necessário um
As pessoas têm necessidades calóricas
cardápio individualizado, pois cada indiví-
e nutricionais diferentes, desse modo,
duo tem uma necessidade nutricional di-
lembramos que um plano alimentar indivi-
ária.
dualizado é fundamental.
Durante os treinos, se a atividade pos-
suir duração de até 1 hora e intensidade
PARA CICLISTAS E CORREDORES de moderada a baixa, pode-se fazer uso
apenas de água, sendo que, a hidratação
Nessas modalidades esportivas, os deve ser de forma gradual 150 ml a cada
treinos e provas apresentam longas du- 20min. Esse mesmo esquema de hidrata-
rações e percursos com variados graus ção vale se o treino possuir duração su-
de dificuldade e intensidade, por isso, o perior à 1 hora. É importante não esperar
ciclismo e a corrida são considerados es- o final da primeira hora para se hidratar,
portes de grande exigência física e nu- pois neste momento, o atleta já estará so-
tricional. As refeições (pré e pós-treino e frendo alguns sintomas da desidratação.
muitas vezes durante a atividade) dos ci- Porém, quando a atividade física possuir
clistas devem ser constituídas em maior duração superior à 1 hora, a hidratação
proporção por carboidratos. Porém, os ali- com água não é mais suficiente, pois o
mentos com propriedades antioxidantes organismo começa a ficar depletado em
(alcachofra, salsa, cereja, frutas cítricas, alguns nutrientes. Portanto, em treinos
pimentão vermelho, tomate) não podem com duração superior à 1 hora deve-se in-
ser esquecidos, pois atuam reduzindo a gerir juntamente à água, carboidratos na
produção de radicais livres decorrentes forma de gel e repositores hidroeletrolí-
da prática esportiva, especialmente nas ticos (carboidratos e eletrólitos) também
atividades de longa duração. É importan- respeitando o intervalo de 20min. Duran-
te manter sempre o equilíbrio calórico (o te os treinos, não é necessária a ingestão
excesso de peso corporal proveniente
37

de alimentos, visto que, há formas mais se há ou não a necessidade de adicionar


práticas e eficazes para suprir as necessi- suplementos protéicos também varia de
dades do indivíduo nessa fase. pessoa para pessoa. A hidratação tam-
bém é importante no pós-treino. Uma dica
Segundo Belico (2009), antes da práti-
é verificar o peso antes e após o treino e
ca do ciclismo, é importante evitar alguns
consumir pelo menos 1 litro de água para
alimentos, tais como: ricos em lipídeos
cada quilo perdido durante a atividade.
(molhos, biscoitos recheados, manteiga,
salgados, maionese) e proteínas que per- A alimentação pré-exercício deve ser
manecem um maior tempo no estômago; feita de 40 a 60 minutos antes da corrida.
os ricos em fibras (frutas com casca, hor- Já a pós-treino deve ser realizada nas pri-
taliças cruas, as castanhas, as sementes e meiras duas horas após a atividade. Quan-
os farelos) não são recomendados neste to mais próximo do término do exercício
momento, pois podem causar desconfor- for a refeição pós-treino, melhor e mais
to intestinal e os ricos em cafeína (café, rápida será a recuperação.
chá preto, chá mate, refrigerantes à base
Conforme Neves (2009), em se tratan-
de cola) devido ao seu efeito diurético,
do de maratonistas, embora cada atleta
podem ocasionar a desidratação. Deve-se
precise ter um plano nutricional persona-
priorizar os carboidratos de baixo a médio
lizado, esta necessidade se torna ainda
índice glicêmico (biscoito integral, maçã,
de mais relevância no praticante de ma-
morango, suco de frutas), pois fornecem
ratona. A maratona é uma atividade capaz
energia de forma mais eficiente e gradu-
de modificar a homeostase fisiológica do
al, evitando os picos glicêmicos. É impor-
atleta. Assim, para que o praticante tenha
tante começar o exercício bem hidratado.
uma ingestão alimentar adequada e sufi-
Portanto, deve-se ficar atento à hidrata-
ciente de carboidratos, líquidos e demais
ção também nesta fase. Uma sugestão
nutrientes, é preciso um planejamento
para alimentação pré-treino: pão com
criterioso. Quem pratica atividade física
geléia (sem açúcar e sorbitol) + suco na-
moderada, 3 vezes por semana por exem-
tural (gelado, sem açúcar e coado) + fruta
plo, tem a possibilidade de descanso entre
sem casca, de preferência pêra, maçã ou
um e outro treino, o que facilita a recupe-
pêssego. Lembrando que a refeição deve
ração do estoque de glicogênio. Já quem
ser realizada cerca de 40 min antes do
treina para uma prova de longa duração,
treino.
precisa de uma perfeita organização das
Após a prática da atividade, a alimen- refeições pré e pós-treino para que seus
tação tem um papel fundamental e deve estoques deste combustível sejam devi-
ser feita o mais próximo possível do final damente reposto, o que repercutirá em
do exercício, até mesmo para evitar per- maior rendimento e menor chance de en-
das de massa magra. Deve-se dar prefe- trar em fadiga rapidamente. Se a alimen-
rência aos carboidratos com alto índice tação não fornecer a quantidade calórica
glicêmico (pão branco, mel, batata, arroz) adequada, o atleta poderá ainda perder
associados às fontes de proteína (carnes massa magra, o que é extremamente in-
magras, queijos). A quantidade indicada e desejável. Além disso, vitaminas e mine-
38

rais antioxidantes devem ser usados com cluindo nessa categoria tanto os em pó e
mais frequência por quem quer se prepa- os líquidos, como os em gel. No caso dos
rar para a maratona. suplementos em pó, estes devem ser di-
luídos em uma quantidade de água que
garanta um rápido esvaziamento gástri-
PARA OS LUTADORES co. Como parâmetro, deve-se manter uma
concentração em torno de 6 a 8% – a qual
A alimentação antes do treino é muito pode ser obtida diluindo em torno de 30
importante para garantir a energia ne- gramas de carboidratos em 400/500 ml
cessária para a realização da atividade fí- de água. Normalmente, os repositores lí-
sica. O atleta pode realizar uma pequena quidos de carboidratos já contêm a con-
refeição, aproximadamente 1 hora antes centração ideal. A temperatura da água
do treino, sendo que esta refeição deve- também é importante, visto que a água
rá ser rica em carboidratos complexos de gelada garante absorção mais rápida.
baixo índice glicêmico – visando um forne- Alguns indivíduos relatam que o consu-
cimento gradual de energia durante o trei- mo de carboidratos logo antes do treino
namento, moderada em proteínas e baixa ocasiona hipoglicemia durante o mesmo,
em gorduras e fibras, pois essas tendem a principalmente quando se utiliza dextro-
retardar o esvaziamento gástrico. se. Isso pode ser evitado mantendo-se os
Caso ocorra o treinamento duas vezes níveis de glicose plasmática estáveis com
ao dia, deve-se sempre realizar a refeição o consumo de carboidratos durante o trei-
pré-treino antes de cada treino e não so- namento.
mente antes de um deles. Essa refeição Recomenda-se que durante os treinos
pode ser composta, por exemplo, de pão mantenha-se uma regularidade quanto à
branco com queijo branco magro ou queijo ingestão de líquidos, carboidratos e ele-
cottage, ou então, batata doce cozida com trólitos, dependendo da intensidade e du-
uma porção pequena de peito de fran- ração do treinamento, além das condições
go sem pele cozido, grelhado ou assado. climáticas que não podem ser despreza-
Para os dias em que for impossível se rea- das.
lizar uma refeição sólida, pode-se utilizar
uma refeição líquida suplementar. Porém, Além da hidratação adequada, a admi-
deve-se atentar para que essa refeição nistração entre 30 e 60 gramas de carboi-
líquida seja rica em carboidratos e mode- dratos de rápida absorção em cada hora
rada em proteínas. Caso se deseje utilizar de treino, garante uma menor depleção
frutas nessa refeição, utilizar somente dos níveis de glicogênio muscular e hepá-
uma unidade, pois um excesso de frutose tico, proporcionando melhora da perfor-
prejudica o esvaziamento gástrico. mance e resistência. Novamente, deve-se
atentar para a concentração da bebida,
Entre dez e quinze minutos antes do mantendo esta sempre em torno de 6 a
treinamento, pode-se oferecer maior 8%. Recomenda-se também, para acele-
energia consumindo maltodextrina ou rar o esvaziamento gástrico, que se ingira
outros suplementos que oferecem vários os líquidos em espaços regulares (15 em
tipos de carboidratos em conjunto, in-
39

15 minutos), ao invés de utilizar pequenos Segundo o mesmo autor, a segunda


“goles” várias vezes. refeição, deve ser realizada entre apro-
ximadamente 40 e 60 minutos após o
Para atividades com duração maior de
treino, sendo que essa refeição deve ser
60 minutos, recomenda-se que se inclu-
preferencialmente sólida, tendo como
am alguns eletrólitos nas bebidas, princi-
base alimentos como: arroz, macarrão,
palmente sódio e potássio, evitando com
batata, mandioca, pão de forma branco,
isso a hiponatremia (redução nos níveis
cará, inhame, peixe fresco, frango, queijo
plasmáticos de sódio), garantindo uma
cottage, verduras, legumes e suco de fru-
maior retenção de líquidos pelo organis-
tas. Vale ressaltar que essa refeição deve
mo e ainda, evitar possíveis cãibras.
ser rica em carboidratos e proteínas, mas
Após o treinamento, é de extrema im- pobre em lipídios. Neste horário, devido
portância repor os nutrientes depletados a ingestão de carboidratos de alto índi-
para garantir ótima recuperação e evitar o ce glicêmico (dextrose e maltodextrina)
catabolismo. Essa refeição é fundamental alguns minutos antes, os níveis do hor-
para atletas de luta, visto que estes indi- mônio anabólico insulina encontram-se
víduos muitas vezes dividem seus treina- elevados e promoverão maior captação
mentos em duas etapas durante o dia, e celular de todos os nutrientes ingeridos
caso não tenham garantido uma boa recu- neste momento, inclusive os lipídios.
peração, a performance no segundo trei-
De maneira geral, cuidando devidamen-
no do dia será prejudicada.
te de sua alimentação, o atleta conseguirá
Segundo Peres (2006), nessa fase, tor- não só manter a sua saúde, mas também
na-se necessária à ingestão de alimentos preservar sua composição corporal, favo-
ricos em carboidratos e proteínas para re- recer o funcionamento das vias metabóli-
por o gasto muscular, facilitando a recu- cas associadas a atividade física, permitir
peração do indivíduo. Essa refeição deve o armazenamento de energia (glicogênio
ser feita após 2 horas (no máximo) do muscular) retardando a fadiga pelo au-
término do exercício, pois esse é o perío- mento da resistência ao exercício, contri-
do em que o estímulo para a reposição de buir para encremento da massa muscular
energia está acentuado. O ideal é que se (hipertrofia) e auxiliar na recuperação de
divida a refeição após o treino em duas. A lesões ou traumas eventualmente provo-
primeira, imediatamente após o treino, na cados pelo exercício.
qual os suplementos alimentares são de
A alimentação é, portanto, de funda-
grande valia, pois é uma forma prática e
mental importância para um bom desem-
eficiente de se repor os nutrientes deple-
penho em qualquer modalidade esportiva.
tados durante a atividade física. Na pri-
Para isso, deve ser balanceada e comple-
meira refeição, pode-se consumir carboi-
ta, fornecendo todos os nutrientes ne-
dratos de alto índice glicêmico, tais como
cessários ao organismo para que ele rea-
a maltodextrina e a dextrose, pois estes
lize suas funções de crescimento, reparo
em conjunto proporcionam melhor absor-
e manutenção dos tecidos e, além disso,
ção do que a dextrose isoladamente.
produza energia.
40

Não podemos nos esquecer que as ne- Assim, seu rendimento será melhor e o
cessidades nutricionais, porém, são dife- seu corpo ficará mais saudável.
rentes de um indivíduo para o outro em
função de alguns fatores, tais como:

Sexo;

Idade;

Peso;

Estatura;

Patologias (hipoglicemia, diabetes,


cálculo renal, etc.);

Tipo de esporte (modalidade);

Tempo de prova/competição (cur-


ta, média ou longa duração);

Fase em que o atleta se encontra


(treinamento, competição ou pós-compe-
tição).

Enfim, concordando com Macedo


(2001) na elaboração de uma dieta para
o desportista, deve-se levar em conside-
ração todos esses aspectos e, principal-
mente, suas necessidades em termos de
energia para que possa suportar o esforço
físico. Além disso, os hábitos, a condição
física, as intolerâncias alimentares, entre
outros, também fazem parte desse leque
de critérios necessários para um profis-
sional nutricionista aplicar uma conduta
adequada.

Pode-se dizer que uma orientação nu-


tricional personalizada, juntamente com
um treinamento bem elaborado, propor-
cionarão ao atleta grandes conquistas
com excelentes resultados. Uma boa dica,
portanto, é procurar um profissional des-
sa área para acompanhá-lo em seu treina-
mento, estabelecer a melhor dieta para
durante e depois das atividades físicas.
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