Você está na página 1de 15

Introdução à Edição Ampliada e Revisada 15

Introdução 17

PARTE I – O MINISTÉRIO DE LOUVOR

01. Descobrindo o meu chamado específico 23

02. O papel da música na sociedade, na Bíblia e no culto 35

03. O Ministério de Louvor – sua função e anatomia 51

04. Os cinco ministérios e o ministro de louvor 73

PARTE II – A FIGURA DO LÍDER DE LOUVOR

05. Entendendo o que é um líder de louvor 93

06. Funções de um líder de louvor 103

07. Qualificações de um líder de louvor 115

08. A preparação de um líder de louvor 131


09. O líder de louvor e a música 137

10. Um líder de louvor verdadeiramente líder 147

11. Conselhos gerais para um líder de louvor 161

PARTE III – A MINISTRAÇÃO DE LOUVOR

12. A principal tarefa do líder de louvor 173

13. O protocolo celestial 183

14. Fluindo com o rio de Deus 195

15. O mover profético e o momento de louvor 201

16. O cântico do Senhor 215

17. No campo de batalha 227

18. Seguindo uma direção clara 237

PARTE IV – FERRAMENTAS PARA UMA


MINISTRAÇÃO EFICAZ

19. Como montar uma lista de canções que


colaborem no fluir 249

20. O uso de sinais na facilitação do fluir 265

Conclusão 271

Bônus - Guia de Estudos para Grupos 273

BIBLIOGRAFIA 301
Pa rt e I

O ministério
de LOuvor
C a pí t u lo 1

Descobrindo o meu
chamado específico

Não é pela nossa força

À medida que vamos conhecendo igrejas e ministérios e nos


inteirando das dificuldades enfrentadas por cada um, tenho a
consciência mais clara de que o primeiro desafio a ser vencido no
Ministério de Louvor e artes se refere ao chamado ministerial.
O que mais vemos por aí são pessoas certas nos lugares erra-
dos. Sabe o que isso significa? Pessoas que têm um coração since-
ro para servir a Deus e fazer a Sua obra, mas que estão atuando no
lugar errado. Com isso, vários problemas são gerados para a pró-
pria pessoa e também para o ministério em que ela está inserida.
Essa pessoa que atua no lugar errado sempre se sente como
“um peixe fora do aquário”, nunca se sente confortável, e o traba-
lho no ministério para ela é feito com muito esforço. Muitos pen-
sam que esse sentimento de desconforto e esse esforço demasiado
são naturais, mas biblicamente isso não é verdade.
É claro que o ministério requer perseverança e diligência. Isso,

23
Mergulhando na Adoração

com certeza. Vemos, por exemplo, nas epístolas de Paulo a Timó-


teo como o apóstolo incentiva seu jovem discípulo a perseverar no
ministério apesar das dificuldades que se apresentavam no cami-
nho. Mas a Bíblia também nos fala da graça e da unção que Deus
nos dá quando estamos operando no ministério que Ele tem para
cada um de nós.
Temos muitos exemplos na Bíblia de pessoas que cumpriram
seu ministério debaixo da graça de Deus porque estavam no lugar
certo. Eu poderia citar Gideão. Ou Elias. Ester. Isaías. Jeremias.
Homens e mulheres que entenderam o propósito de suas vidas e
estavam no lugar certo.
Quando estamos no lugar certo, temos um sentimento de
paz no espírito. Vemos a mão de Deus operando, direcionan-
do, guiando, e repito – apesar das dificuldades que temos de
enfrentar dia após dia. Quando estamos no lugar que Deus
preparou para nós, percebemos, e as pessoas ao nosso redor
percebem ainda mais claramente, a graça de Deus em nossa
vida para a realização da tarefa.
Mas quando você está no lugar errado, toda essa paz inte-
rior desaparece. Parece que tudo tem de acontecer com muita
dificuldade. É um esforço diferente da fé e da perseverança que
acompanham os ministérios frutíferos. O ministério se torna
um fardo, e tanto você quanto as pessoas à sua volta percebem
que existe algo errado.
Estou chamando sua atenção para as pessoas à sua volta por-
que acredito firmemente que a igreja testifica o nosso chamado.
Seus líderes, pais, amigos próximos percebem claramente o cha-

24
Capítulo 1: Descobrindo o meu chamado específico

mado de Deus na sua vida, às vezes mais claramente do que você


mesmo. Por isso é tão importante que o nosso chamado ministe-
rial testifique no coração da igreja que nos cerca.
Além disso, se temos nos esforçado sem chegar a lugar algum,
talvez estejamos fazendo a obra de Deus com nossas próprias for-
ças, e esse não é o caminho de Deus. É preciso lembrar que o mi-
nistério, antes de ser nosso, é de Deus. E não devemos realizá-lo
nas nossas forças, mas no braço do Senhor dos Exércitos.
Vejamos o exemplo de Moisés. A Bíblia nos relata em Êxo-
do que, aos 40 anos, Moisés entendeu o seu chamado: ser o li-
bertador do povo de Israel. Mas o que ele fez? Quis realizar o
ministério no seu braço, do seu jeito, com suas forças. Afinal, ele
era o príncipe do Egito, educado pelos melhores professores. Foi
preparado para ser o sucessor de faraó. O que poderia dar errado?
Bem, você sabe o resultado, não é? A morte do egípcio e a fuga
para o deserto.
Mais quarenta anos se passaram, Moisés sozinho naquele
deserto, onde Deus o forjaria para que ele entendesse que o mi-
nistério não se faz do nosso próprio jeito, mas do jeito de Deus.
Até que, aos 80 anos, Moisés se encontra com Deus naquela sarça
ardente. Aquele Moisés que se coloca diante de Deus já não é o
mesmo de quarenta anos antes. Ao ouvir o que Deus lhe diz e o
que quer que faça, a resposta do velho Moisés poderia ser: “Mas
é claro, Senhor. Até que enfim o Senhor me chamou! Pôxa... me
deixou quarenta anos esperando aqui no deserto. Eu posso acabar
com faraó e libertar o teu povo do Egito”.
Mas a resposta que saiu dos lábios daquele homem foi tão di-

25
Mergulhando na Adoração

ferente dessa. “E-e-e-e-eu, Senhor? Ma-ma-mas e-e-eu na-nã-não


se-sei ne-ne-nem fa-fa-fa-lar...” Aquele homem, que antes confiava
na sua própria força, na sua própria inteligência, no seu próprio braço,
aprendeu no deserto que não era nada sem Deus. O precioso deserto
mais uma vez ensinando que o melhor é depender de Deus.
O resto da história você já sabe. À medida que Moisés foi
confiando nas forças do Grande EU SOU, o seu ministério foi
eficaz. Ele teve a graça de Deus para cumprir o seu chamado a
partir de então.
Pessoas certas nos lugares errados se tornam um fardo para o
resto do ministério. Permita-me a franqueza, mas elas impedem
que haja um crescimento verdadeiro onde estão inseridas. Aca-
bam criando situações constrangedoras, porque todos percebem
que elas não se encaixam ali.
Esta é uma tarefa difícil para o coordenador ou líder do Minis-
tério de Louvor. Identificar entre todos os seus liderados quais são
e quais não são as pessoas corretas para estarem ali. É uma tarefa
dolorosa, mas necessária. Dolorosa no presente, mas que no futuro
trará muitos frutos. Frutos para a própria pessoa, que será desafiada
a sair do seu lugar de conforto e a buscar de Deus o lugar ministerial
correto para estar, e frutos para o ministério, que poderá crescer de
forma adequada, com as pessoas corretas inseridas nele.

O chamado específico para o louvor e a adoração

O Ministério de Louvor não faz parte da lista de cinco minis-


térios dada pelo apóstolo Paulo em sua carta aos coríntios. Por-

26
Capítulo 1: Descobrindo o meu chamado específico

tanto, o Ministério de Louvor não é um fim em si mesmo. Deus


chama apóstolos para atuarem através da música. Deus chama
profetas para atuarem através da música e das artes. E assim tam-
bém acontece com os evangelistas, pastores e mestres.
Preste atenção nisso que acabo de dizer: Não existe ninguém
que seja somente um líder ou ministro de louvor, ou instrumen-
tista, ou dançarino, ou pintor. Todos nós nos encaixamos em um
dos cinco ministérios listados pelo apóstolo Paulo, e podemos
atuar através da música e das artes. O que pode e deve ocorrer em
nossas vidas é usarmos a música e as artes para exercermos esses
ministérios em nós.
Vejamos o que a Bíblia nos diz sobre o chamado específico
para o louvor e a adoração.

O sacerdócio levítico e a ordem de Melquisedeque

Um dos termos mais comuns usados para designar as pessoas


envolvidas com o Ministério de Louvor e de artes nas igrejas é
“levita”. Vamos rapidamente estudar um pouco sobre o que signi-
fica esse termo e as suas aplicações.
Nós vemos no livro de Números, no capítulo 1, versículos 49
a 53: O Senhor falara a Moisés, dizendo: Somente não contarás a
tribo de Levi, nem levantarás o censo deles entre os filhos de Israel;
mas incumbe tu os levitas de cuidarem do tabernáculo do Testemunho,
e de todos os seus utensílios, e de tudo o que lhe pertence; eles levarão o
tabernáculo e todos os seus utensílios; eles ministrarão no tabernáculo e
acampar-se-ão ao redor dele. Quando o tabernáculo partir, os levitas

27
Mergulhando na Adoração

o desarmarão; e, quando assentar no arraial, os levitas o armarão; o


estranho que se aproximar morrerá. Os filhos de Israel se acamparão, cada
um no seu arraial e cada um junto ao seu estandarte, segundo as suas tur-
mas. Mas os levitas se acamparão ao redor do tabernáculo do Testemunho,
para que não haja ira sobre a congregação dos filhos de Israel; pelo que os
levitas tomarão a si o cuidar do tabernáculo do Testemunho.
Os levitas eram os responsáveis pelo Tabernáculo do Senhor.
Veja bem, não estamos falando que os levitas eram os responsá-
veis pela música do Tabernáculo, porque, até o Tabernáculo de
Davi, a música não fazia parte do culto a Deus.
Eram eles os que desmontavam e montavam a tenda, carre-
gavam os utensílios e, principalmente, eram eles que carregavam
a Arca do Senhor. Durante todo o tempo de peregrinação pelo
deserto e pela Terra prometida, foram os levitas os responsáveis
por armar e desarmar o Tabernáculo.
Os levitas não tiveram terras como herança, pois o Senhor
lhes disse que Ele mesmo era a sua herança. Eles eram sustenta-
dos pelas outras tribos de Israel para se dedicarem exclusivamente
ao serviço do Tabernáculo. Em Números 3:12 o Senhor diz a
Moisés: Eis que tenho eu tomado os levitas do meio dos filhos de Is-
rael, em lugar de todo primogênito que abre a madre, entre os filhos de
Israel; e os levitas serão meus.
Muitos séculos depois, quando Davi se tornou rei de Israel e
trouxe para Jerusalém a Arca que estivera fora do Tabernáculo por
muitos anos, por causa da desobediência dos filhos de Samuel, ele
não a colocou novamente no Tabernáculo de Moisés, que ficava
em Gibeão, mas trouxe a Arca para Jerusalém, e a colocou em

28
Capítulo 1: Descobrindo o meu chamado específico

uma tenda que ficou conhecida como Tabernáculo de Davi. Ali


sim foi introduzida a música, por ordem de Davi, que planejou
e arquitetou todo um esquema de adoração 24 horas diante da
presença de Deus. Ele dividiu os sacerdotes, músicos, porteiros
e todos os levitas envolvidos com o Tabernáculo em turnos para
que houvesse ministração diante da Arca 24 horas.
Muitos estudiosos e líderes de louvor utilizam o termo “le-
vita” para designar uma pessoa que está envolvida no Ministério
de Música e Louvor. Existe uma contenda teológica sobre isso,
porque outra corrente de pensamento afirma que o sacerdócio
levítico se encerrou juntamente com a Velha Aliança. E nós, que
estamos debaixo da Nova Aliança, fomos feitos sacerdotes segun-
do a ordem de Melquisedeque, como diz o livro de Hebreus, em
várias passagens (5:6; 6:20; 7:11; 7:15; 7:17).
Melquisedeque aparece na Bíblia pela primeira vez em Gêne-
sis 14:18, e é apresentado como rei de Salém. Ele vem até Abraão
e traz pão e vinho. E a Palavra nos diz que, além de rei, ele era
“sacerdote do Deus Altíssimo”. Muitos teólogos dizem que Melqui-
sedeque é uma figura de Cristo, o Rei e Sacerdote, e é isso o que
a Palavra nos afirma em Hebreus. E, segundo essa corrente, o
sacerdócio levítico foi findado com a Velha Aliança, e o sacer-
dócio segundo a ordem de Melquisedeque passou a vigorar. Não
podemos deixar de nos lembrar da passagem de 1 Pedro 2:9, que
nos diz: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
Portanto, não deveríamos chamar os músicos de levitas, mas en-

29
Mergulhando na Adoração

xergarmos todos os crentes como sacerdotes, que ministram igual-


mente diante do Senhor, através da Sua adoração. O propósito desta
exposição é mostrar que sempre houve e ainda há pessoas chamadas
especificamente para servir a Deus através da música.

Como descobrir se eu sou chamado para isso?

Meu propósito principal não é me aprofundar nessa questão,


e sim mostrar que biblicamente sempre existiram pessoas sepa-
radas por Deus para se dedicarem ao Ministério de Música e de
Artes. Inclusive nos céus. Vemos pela Bíblia que os querubins são
os anjos encarregados de ministrar à presença de Deus, e, como
símbolo disso, Deus ordenou que se colocassem querubins nas
extremidades da Arca (Êxodo 25:19-20).
Mas como descobrir se sou chamado por Deus para este
ministério? Quero apresentar aqui três passos que nos ajudam
a entender e a discernir o chamado de Deus em nossas vidas,
aplicando-os especialmente no caso do Ministério de Louvor e
Adoração.

Orando e jejuando

Na vida cristã não existe atalho. A primeira forma de saber de


Deus qual é o nosso chamado, seja ele em que área for, é buscando
a Sua presença. É com muita oração que ouvimos a voz de Deus.
É jejuando que nos tornamos mais sensíveis à Sua voz. Ele é a
fonte de todas as respostas. Não existe um manual onde podemos

30
Capítulo 1: Descobrindo o meu chamado específico

encontrar tudo pronto. Precisamos buscar intimidade com o Pai


para saber onde Ele nos quer realizando a Sua obra.

Olhe para os seus talentos naturais

A Bíblia nos diz no Salmo 139 que, antes mesmo que nas-
cêssemos, todos os nossos dias já estavam escritos. Deus plantou
em cada um de nós talentos, habilidades que Ele sabe que são
necessários para cumprirmos o propósito d’Ele em nossas vidas.
No nosso caso, envolvendo música e artes, se Deus te separou
para estes ministérios, Ele provavelmente colocou em você al-
gumas habilidades. Talvez Ele tenha te dado uma bela voz, uma
boa afinação, facilidade com instrumentos, capacidade de inter-
pretação, uma boa elasticidade e jeito para dançar, uma grande
criatividade.
Esses são pequenos sinais de que talvez você tenha sido sepa-
rado para trabalhar com dança, teatro, pintura, música. Isso não
significa que as pessoas já nascem prontas. Pelo contrário. Mais
à frente vamos falar detalhadamente sobre isso, pois todas essas
áreas artísticas requerem muito estudo, mas estamos falando de
habilidades naturais que nos apontam para algo, nos sinalizam
alguma coisa da arte de Deus, que nos criou.
Por exemplo, eu sei que não fui chamado para dançar. Como
sei disso? Se você me conhecesse concordaria comigo de primei-
ra. Não tenho o equilíbrio necessário para a dança. Não tenho
a elasticidade necessária. O “swing” necessário. Claro que talvez
pudesse ter estudado e, com muito esforço, me tornado um dan-

31
Mergulhando na Adoração

çarino. Mas estamos falando de habilidades naturais. Você, que


quer se envolver com o departamento de música e artes, possui
essa facilidade com as notas, um bom ouvido musical, uma voz
afinada, facilidade para desenhar, expressar em movimentos o que
está no coração?

Tente, experimente e esteja disposto a errar

Muitas pessoas não descobrem o seu lugar ministerial porque


não estão dispostas a se expor e a errar. Ficam sempre na sua zona
de conforto, não querendo ser repreendidas por ninguém. Mas
para descobrirmos o nosso lugar precisamos nos expor.
Peça para fazer um teste vocal. Peça a alguém que o ouça to-
cando. Faça aulas de piano. Ou, quem sabe, de pintura. Não existe
nada de errado em tentar. É tentando que vamos descobrir se
realmente gostamos de algo ou não. Como saber se você prefere
violão ou piano se você nunca tentou nenhuma das duas opções?
Como saber se você tem talento para a dança se você nunca se
inscreveu em uma aula?
Precisamos nos livrar do nosso orgulho e permitirmos a nós
mesmos que erremos. Mas para isso também precisamos estar
dispostos a ser corrigidos e rejeitados. Quem sabe você vai ouvir
um “não” do regente do coral? Ou quem sabe um “não” da líder do
Ministério de Dança?
Muitas pessoas estão estagnadas porque um dia ouviram um
“não” de alguém e desde então nunca mais tentaram nada. Estão
afundadas no ódio e no rancor e na autocomiseração. Essa não

32
Capítulo 1: Descobrindo o meu chamado específico

é a postura correta. Precisamos saber que poderemos ouvir um


“não” ou uma crítica, e que isso irá doer sim, mas que precisamos
aprender com eles e continuar em frente, até encontrarmos o nos-
so lugar.
Lembre-se: um ministério frutífero é composto por pessoas
certas que estão nos lugares certos. Descubra o seu lugar!

33

Você também pode gostar