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ATOS DE OFÍCIO - CARGO DE OFICIAL DE APOIO JUDICIAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS (TJ-MG).


TEORIA E EXERCÍCIOS

Aula 00 - Aula Demonstrativa


Prof. Ricardo Gomes

Aula 0

ATOS DE OFÍCIO - CARGO DE OFICIAL DE APOIO JUDICIAL


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS (TJ-MG).
Professor: Ricardo Gomes

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Breve Apresentação

Prezado(as) Concurseiros(as) de Plantão,


É com muito prazer que inicio o Curso de Teoria e Exercícios de
ATOS DE OFÍCIO – OFICIAL DE APOIO JUDICIAL!
Obs: este curso já é de acordo com o NOVO CPC! Em vigor
desde 17 de MARÇO de 2016!
Para quem ainda não me conhece, segue a minha breve
apresentação:
Meu nome é RICARDO GOMES, sou Bacharel em Direito pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA), formado no ano de 2007. Dei o primeiro
passo na caminhada pelos concursos públicos no mesmo ano, quando fui
aprovado exatamente no concurso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). nos
anos de 2006/2007. Após isso, fui aprovado nos concursos do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), do Tribunal Superior do
Trabalho (TST) e da Controladoria-Geral da União (CGU), no ano de 2008. Por
último, logrei êxito no concurso para o cargo de Procurador do Banco Central do
Brasil (BACEN), em 2009/2010.
Assim, também sou concurseiro igual a vocês! Atire a primeira
pedra quem não é ou não foi! Rsrs.
Trabalhei por mais de 1 ano no TSE. Posteriormente, trabalhei no
TJDFT e, desde 2008, atuo como Analista de Finanças e Controle da
Controladoria-Geral da União (CGU).
Por derradeiro, fui aprovado em 7º lugar para Consultor da
Câmara dos Deputados – Área 2 (Direito Processual Civil, Civil e
Internacional) em 2014.
Registro que também fui aprovado e nomeado no Concurso do
MPU de 2006, como Analista Judiciário – Área Judiciária.

Ricardo Gomes
Por sua aprovação!

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Metodologia e Conteúdo do Curso

Registro que nos Cursos de Legislação Específica de concursos


pretéritos (TJDFT, CNJ, STJ, TST, TSE, MP/RJ, MP/PI, TREs, TRTs e TJs
Estaduais) nós abarcamos, em todos eles, 100% das questões cobradas na
prova! A nossa intenção é repetir a mesma experiência nos concursos futuros!!
Portanto, aos estudos!
Com o estudo desse material, você, Aluno, não precisará preocupar-
se com a aquisição de outros materiais adicionais ou Livros de Legislação. A
dica é estudar as Aulas Teóricas, fazer os Exercícios Comentados, ler a lei seca
e repetir os exercícios com gabarito.
Aconselho a ler o material pelo menos 3 VEZES, deixando 1 delas
para a última semana antes da prova.
Uma das grandes vantagens dos Cursos do Ponto dos Concursos
elaborados para determinados concursos é a abordagem específica de CADA
PONTO DO EDITAL, fechando todas as lacunas possíveis de matérias e
questões a serem cobradas pelo examinador.
Os livros (doutrina), a despeito de trazerem uma maior vastidão de
assuntos, são muito pouco específicos, objetivos e direcionados para a sua
prova. Por outro lado, os Cursos do Ponto, de uma maneira geral, tentam levar
ao aluno os principais tópicos a serem cobrados na prova, com base em cada
item do edital, com comentários teóricos e por meio de exercícios de fixação
dos assuntos especificamente estudados nas aulas.
Seguindo a linha de nossos Cursos ministrados no Ponto dos
Concursos, este Curso para terá um CARÁTER PRÁTICO, voltado para o que,
efetivamente, vem sendo cobrado nas últimas provas de concursos.
Além do conhecimento e embasamento teórico que o aluno tem que
dominar, é fundamental na preparação para concursos que o aluno faça e
refaça quantos exercícios puder das matérias a ser estudadas, para que os

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conhecimentos apreendidos sejam verdadeiramente solidificados, aperfeiçoados


e lapidados.
Prova disso é que, mesmo após ser realizada uma leitura atenta e
debruçada sobre determinado material, quando vamos responder às questões
ficamos com um “montão” de dúvidas. Parece até que não aprendemos direito,
e ai dizemos: “mas eu estudei isto? como não sei responder à questão?”
Nestes casos, o aluno aprende, mas às vezes a sua visão e
entendimento não foi pontual, não memorizou os pontos mais relevantes,
correndo o risco de errar questões relativamente fáceis pela ausência de prática
e por não ter visto o assunto com “outros olhos”, outro viés.
Desse modo, os exercícios propiciam exatamente isto aos alunos:
lapidarem seus conhecimentos teóricos para atentarem facetas não
percebidas ao longo do estudo teórico, além também de revisarem e
rememorarem a teoria.
Desse modo, teremos uma parte teórica, com destaques e dicas dos
pontos altos, e uma lista de várias questões comentadas!
Abarcaremos, ademais, os aspectos mais relevantes da legislação,
da Constituição Federal e da atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, na
trilha do que tem cobrado as organizadoras, evitando-se as indesejáveis
discussões teórico-doutrinárias (ineficientes para provas!), pouco frutíferas para
o resultado almejado pelos concursandos, que é saber o necessário para
gabaritar as questões de Direitos Humanos.
Predisponho-me a ser um orientador dos estudos de cada um de
vocês, e não um Professor que passa o conhecimento eminentemente técnico.
Ao final de cada aula, farei um RESUMO do assunto abordado,
destacando os pontos mais relevantes.

Creio que, com a exaustiva resolução de questões e com uma metodologia mais
prática e didática, conseguiremos fechar a matéria de ATOS DE OFICIO! Na
última prova nós conseguimos 100% das questões dentro do curso!! Até porque
comentaremos exaustivamente todos os pontos do Edital listados abaixo,
sem qualquer lacuna.

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Gente, é assunto “pra caramba”!! Portanto, aos estudos!


Conteúdo do Curso:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

1. Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,


autuação e registro; protocolo; petição inicial; numeração e rubrica das
folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame
em cartório, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advogado;
carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e
publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado;
contestação.

2. Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, conteúdo,


forma e tipos.

3. Atos do juiz: sentença, decisão interlocutória e despacho; acórdão.

4. Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publicidade;


processos que correm em segredo de justiça.

5. Citação e intimação: conceito, requisitos, modalidades de citação: via


postal, mandado, por edital; cartas precatória, rogatória e de ordem.
Intimação na capital e nas comarcas do interior; intimação do
Ministério Público; contagem do prazo de intimação.

6. Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, do juiz e do


servidor, processos que correm em recessos.

7. Apensamento de autos: procedimento; requisitos da execução


provisória.

8. Autos suplementares: sobre obrigatoriedade, peças e guarda.

9. Custas e emolumentos.

10. Distribuição de feitos: critérios para distribuição e escala de


valores, ações que não dependem de distribuição.

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11. Condição a ser observada para a distribuição de petição inicial;


exceção.

12. Distribuição de feitos por dependência: conceito e casos em que


ocorre.

13. Procedimentos nos Juizados Especiais Cíveis. Dos atos processuais.


Do pedido. Das citações e intimações. Da revelia. Da conciliação e do
juízo arbitral. Da instrução e julgamento. Da resposta do réu. Das
provas. Da sentença. Dos embargos de declaração. Da extinção do
processo sem julgamento do mérito. Do cumprimento de sentença. Das
despesas e honorários.

14. Procedimentos nos Juizados Especiais Criminais. Da competência e


dos atos processuais. Da fase preliminar. Do procedimento
sumaríssimo. Da execução. Das despesas processuais.

Obs: Sempre aconselho aos alunos a acompanharem a parte aberta


do Curso, no Campo AVISOS, espaço onde postamos eventuais recados e
informes durante a vigência do Curso, inclusive de possíveis alterações nas
datas das aulas. 1

1
Obs: o cronograma das Aulas poderá ser alterado a qualquer tempo mediante prévio aviso aos Alunos na parte aberta do
curso, no Campo AVISOS.

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ULA DEMONSTRATIVA

Observação: O Novo Código de Processo Civil (Lei


13.105/2015) foi sancionado em 17/03/2015, mas só entrou em vigor em
17/03/2016 (vacatio legis de 1 ano). Com isso, em relação aos concursos
públicos, o novo CPC somente será cobrado após entrar em vigor, ou seja, em
março de 2016.

AULA DEMONSTRATIVA

1. Da Jurisdição.

Os conflitos do homem são inerentes à sociedade humana. Desde os


primórdios, nas primeiras civilizações, o homem buscou formas de solução dos
conflitos e contendas existentes, sejam individuais, sejam coletivas.
O conflito de interesses surge quando alguém deseja satisfazer
determinada necessidade e outro não atende àquela demanda, formando a
chamada LIDE (conflito de interesses qualificado por uma pretensão de uma
parte resistida pela outra).
Para por fim aos conflitos humanos foram criados diversos
mecanismos pacificadores no seio social, desde a figura do líder religioso da
comunidade, o pajé na tribo indígena, mãe e pai de santo nas religiões afro,
autotutela ou autodefesa, etc. Com a evolução social, modernamente foram
instituídos outros instrumentos tão ou mais eficazes para a pacificação social,

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entre eles a Arbitragem e a Jurisdição (esta com a participação poderosa do


Estado na solução definitiva dos conflitos).
Destaca-se abaixo as formas mais conhecidas para composição dos
litígios:
1. AUTOTUTELA – a solução do conflito é realizada por simples
imposição de uma vontade sobre a outra. Esta forma de
resolução das contendas sociais remonta aos tempos antigos,
quando o Estado não se mostrava presente, obrigando ao lesado
a defender-se pessoalmente contra eventual ofensor. Nos tempos
atuais ainda temos resquícios dessa espécie primária de
composição dos litígios, como por exemplo: Legítima Defesa
Penal (art. 23 do Código Penal); Desforço imediato nas ações
possessórias; Estado de Necessidade Penal, entre outros
tantos casos.
Vale registrar que o exercício da Autotutela fora das hipóteses
expressamente previstas em lei, pelo particular, é considerado
Crime de Exercício Arbitrário das próprias razões, se for pelo
Estado, será considerado abuso de poder. Isto porque, hoje, a
regra é que os litígios sejam levados ao Poder Judiciário para sua
solução.
2. AUTOCOMPOSIÇÃO – é a busca amigável entre as partes
inicialmente conflitantes, sem a imposição de vontades de um
parte sobre a outra, para por fim ao combate de interesses. É
uma forma de solução do conflito pelo consentimento dos
litigantes em sacrificar suas intenções parciais em prol de uma
solução final para o embate. São 3 Formas de Autocomposição:
a. Transação – na transação ambas as partes renunciam a
parcela de suas pretensões (autor renuncia de parte de
seus pedidos e réu reconhece parcialmente a procedência
das alegações do autor). Resumo: concessões mútuas na
busca de uma solução comum para ambas as partes.
b. Submissão – é o reconhecimento jurídico do pedido do
autor pelo réu, isto é, o réu reconhece de forma livre as

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alegações do autor, entregando sem resistência o quanto


por ele solicitado. Exemplo: locador e locatário de imóvel
em conflito, por inadimplência deste, assinam contrato em
que o locatário obriga-se a desocupar o imóvel em um
determinado período de tempo (o conflito foi resolvido por
submissão do locatário às pretensões do locador –
reconheceu o pedido do autor).
c. Renúncia – é a desistência do autor, lesado em seu
direito, de continuar na busca da efetivação de sua
pretensão. Neste caso o autor é que abre mão de seu
direito.
Em todo caso, a Autocomposição instrumentaliza-se por
meio de um negócio jurídico entre as partes (Ex: Contrato;
termo de consentimento ou qualquer outra forma de
manifestação de vontade das partes concordantes).

3. ARBITRAGEM – é uma técnica de solução dos litígios por meio


da participação de um TERCEIRO não interessado na causa
(imparcial), que decidirá, a pedido das partes, o conflito entre
elas estabelecido. A Arbitragem é regulada pela Lei nº
9.307/1996, sendo por natureza voluntária (escolha das partes,
nunca por imposição) e somente poderá ser contratada por
pessoas capazes para solução de direitos patrimoniais
disponíveis.
Para firmarem o acordo pela Arbitragem como forma de
solucionar o conflito, as partes podem estabelecer de forma
prévia e abstrata que qualquer divergência entre elas poderá ser
resolvida por arbitragem (Cláusula compromissória), ou
estabelecer posteriormente e de forma concreta que o litígio já
existente e específico será resolvido pela arbitragem
(Compromisso arbitral).

 Cláusula Compromissória – prévia e abstrata


definição de arbitragem futura.

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 Compromisso Arbitral – posterior e concreta


definição de arbitragem atual.

Lei nº 9.307/1996
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.

O Novo CPC permite expressamente a arbitragem e promove a


solução consensual dos conflitos por meio de qualquer procedimento alternativo
(conciliação, mediação, e outros métodos).

CPC – 2016
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão
a direito.
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução
consensual dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

4. JURISDIÇÃO – etimologicamente, significa “dizer o direito”, pois


vem de “juris” (direito) e “dictio” (dizer). Em linguagem simples,
a jurisdição é a forma do ESTADO, por meio da autoridade
judicial, de dizer o direito ao caso posto. Veremos à frente em
maiores detalhes a Jurisdição e suas peculiaridades.

Conceito de Jurisdição.
A Jurisdição é o poder do Estado, através de um órgão jurisdicional
(Estado-Juiz), de julgar as causas que lhe forem apresentadas, dizendo o direito

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cabível ao caso concreto. Em outras palavras, a jurisdição é definição do direito


por meio de um terceiro imparcial (Estado), de forma autoritária, monopolista e
em última instância.
Segundo Ada Pelegrine Grinover, em clássica definição, a jurisdição
é a “função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito
que os envolve com justiça”.
O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, que vale
detalhar para melhor entendimento:

o Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de forma


monopolista, ou seja, o Estado chama para si a
responsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a ele
são reclamados, transformando-se em Poder Estatal de decidir
os conflitos a ele apresentados. A jurisdição como poder é
manifestação da capacidade do Estado de impor suas decisões
jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aqui é o
Estado com sua “mão de ferro”.
o Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma das
funções ou finalidades do Estado, a de pacificação social e
realização da justiça no caso concreto.
o Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode ser
conceituada como os atos materiais e visíveis (atos do
processo judicial no plano prático) desenvolvidos pelos Juízes,
investidos pelo Estado no poder de julgar.

Finalidade da Jurisdição.
A jurisdição tem 3 (três) grandes objetivos:

1. Objetivo Jurídico – aplicar o direito previsto na Lei (nas


normas jurídicas) ao caso concreto.
2. Objetivo Social – pacificar a sociedade, promovendo o bem
comum e eliminando os conflitos existentes.

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3. Objetivo Político – realizar a justiça, afirmar o poder


jurisdicional e preservar os direitos fundamentais do homem.

Princípios da Jurisdição:
1. Inevitabilidade – após as partes submeterem seu litígio à
jurisdição estatal, não poderão posteriormente furtar-se ao
cumprimento da decisão exarada (a execução da decisão
jurisdicional será inevitável para as partes do processo após a
deflagração do processo judicial).
2. Indeclinabilidade ou Inafastabilidade – é o princípio
processual constitucional da Jurisdição consistente na regra
de que nenhuma lesão ou ameaça de lesão poderá ser
afastada da apreciação do Poder Judiciário. Implica no dever
do Estado de solucionar os conflitos quando provocado pelas
partes, que é decorrência do direito fundamental de acesso ao
poder judiciário (direito de ação). Como o Estado detém o
monopólio da jurisdição e as partes possuem direito irrestrito
à ação, o Estado também tem o dever de prestar a tutela
jurisdicional e não apenas simples faculdade.
Com isso, não há questão que não possa ser posta em juízo
para decisão do magistrado. Todos têm direito de Ação de
forma ampla, abstrata e irrestrita, mesmo que, ao final,
comprovem-se infundadas suas demandas. O direito de ação
é puro e abstrato, independe de qualquer análise acerca do
mérito da questão.

CF-88
Art. 5
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito;

Peculiaridades relevantes acerca do Princípio da


Inafastabilidade/Indeclinabilidade, algumas das quais
destaco abaixo:

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a. Não necessidade de esgotamento das instâncias


administrativas para pleitear apreciação da questão na
esfera judicial – No Brasil vige o sistema de jurisdição
UNA, isto é, apenas um único Poder Estatal detém a
capacidade de decidir os conflitos, não havendo a
chamada Jurisdição Administrativa independente.
Exemplo: se um contribuinte de imposto entende como
indevida a cobrança Receita Federal, poderá recorrer
administrativa da cobrança, mas não ficará vinculado ao
término do processo administrativo para que possa,
eventualmente, apresentar a mesma celeuma no âmbito
judicial; decisões administrativas do Conselho de Defesa
Econômica (CADE) são plenamente controláveis
mediante acionamento do Poder Judiciário (lembrar que
tudo pode ser apreciado pelo Poder Judiciário);
b. Questões Esportivas – é a única exceção
constitucional ao Princípio da Inafastabilidade. Assim,
para que seja submetido ao Poder Judiciário alguma
questão tormentosa na esfera da justiça desportiva,
será necessário o prévio esgotamento daquela instância
para que sejam posteriormente remetidas ao Poder
Judiciário.

CF-88
Art. 217
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da
justiça desportiva, regulada em lei.

c. Impossibilidade de definição legal de condicionantes


ao acesso ao Poder Judiciário.

3. Investidura – a atividade jurisdicional deve ser exercida


pelos órgãos estatais que foram regularmente investidos na

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função jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a


jurisdição aquele órgão a que a lei atribui o poder
jurisdicional.
Para ser investido regularmente na condição de Juiz
(Magistrado), a pessoa tem que ser aprovada em concurso
público de provas e títulos ou terá que ser nomeada para
Tribunais de Justiça, Tribunais Federais e Tribunais
Superiores, nas diversas formas previstas na Constituição
Federal (todas são formas de investidura regular na atividade
jurisdicional, que legitimam sua atuação funcional). Assim,
um Delegado de Polícia jamais poderá praticar atos exclusivos
da esfera judicial, posto não ter sido investido regularmente
no cargo de Juiz.

4. Indelegabilidade – o Juiz não pode delegar suas funções,


pois as exerce de forma exclusiva. É possível, contudo,
delegações da prática de atos por outros Juízes (ex: cartas de
ordem; cartas precatórias, etc), mas jamais para outros
órgãos diversos da atividade judicante (Exemplo: o mesmo
caso do Delegado de Polícia).

5. Inércia – o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a


jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende
de provocação das partes para início do processo). Este
princípio decorre do Princípio da Imparcialidade, tendo em
vista que se um Juiz iniciasse um processo, certamente desde
já teria uma posição que adotaria em sua decisão. Este
princípio guarda exceções legais. Exemplo: execução
trabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício;
procedimentos de jurisdição voluntária, etc.
A Inércia foi insculpida no próprio texto do Código de
Processo Civil, nos termos abaixo:

CPC - 2016

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Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve


por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

À regra da Inércia há exceções previstas em Lei, que


permitem o início excepcional do processo por provocação das
partes (Exemplo: Execução Trabalhista de verbas definidas;
Execução Penal; início do processo de inventário, se os
legitimados não o fizerem no prazo conferido pela Lei;
decretação da falência de empresa em recuperação judicial,
etc). Estas e outras exceções apenas confirmam a REGRA de
que o Juiz deve ser INERTE.

6. Aderência ou Territorialidade – o exercício da jurisdição


deve estar previamente vinculado a uma determinada zona
territorial, isto é, os Juízes têm autoridade jurisdicional tão
somente no território específico que exercem suas funções, o
chamado FORO. Na Justiça Estadual o Foro é a Comarca. Na
Justiça Federal, é a Seção Judiciária; Na Justiça Eleitoral é a
Zona Eleitoral. Este é o chamado Princípio da Aderência – a
jurisdição está aderente apenas à região geográfica de seu
exercício. Exemplo: o Juiz do STF tem jurisdição em todo o
país; o Juiz da capital de um determinado Estado tem
competência somente naquela região.
7. Unicidade – a jurisdição é UNA, não havendo divisões
internas da própria jurisdição, mas tão somente de seu
exercício. Assim, as classificações das Justiças (Comum e
Especial, entre outras) são apenas para caracterização e
definição de competências, não se tratando de diversas
jurisdições.
8. Substitutividade – o Estado-Juiz, com poder de império,
substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto.
Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas não
conseguem por si próprias com seus litígios.
9. Definitividade – aptidão para formação da coisa julgada. A

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jurisdição tem o condão de tornar suas decisões imutáveis.


10. Improrrogabilidade – a jurisdição não pode ser
exercida por Juiz incompetente, sendo os limites da jurisdição
estabelecidos na Constituição Federal.
11. Juiz Natural ou Imparcialidade – O Princípio do
Juízo Natural é extraído do Devido Processo Legal e de dois
específicos dispositivos do art. 5º da Constituição Federal
(incisos XXXVII e LIII). O Juiz Natural é aquele investido
regularmente na jurisdição (investidura) e com competência
constitucional para julgamento dos conflitos a ele submetidos.
É aquele previsto antecedentemente, com competência
abstrata e geral, para julgar matéria específica prevista em
lei.
A CF-88, ao instituir o Princípio visa coibir a criação de órgãos
judicantes para julgamento de questões depois do fato (ex
post facto) ou de determinadas pessoas (ad personam).
O Princípio do Juiz Natural pode ser visualizado sob 2 (dois)
prismas diversos:
1. Juiz Natural em sentido Formal – consagra 2
(duas) garantias básicas:
a. proibição de Tribunal de Exceção (art. 5º,
XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional (art. 5º, LIII).
Proibição de Tribunal de Exceção - O Tribunal de Exceção
é um órgão jurisdicional criado excepcionalmente para julgar
determinada causa, consistindo em um juízo extraordinário. É
o caso de criar um órgão judicial para julgar um específico
conflito. Exemplo: Tribunal Penal que julgou Saddan Russen
(apesar das barbáries que ele cometeu, vocês acham que ele
seria julgado de forma imparcial?); Tribunal de Nuremberg,
criado para julgar os crimes dos nazistas após a 2ª Guerra

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Mundial.
O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc
(para o caso), ou ex post facto (juízo designado após o fato)
ou ad personam (para determinada pessoa).
O Princípio do Juiz Natural garante a imparcialidade das
decisões judiciais. Portanto, é uma garantia constitucional ser
julgado por um juiz que já está posto. O Juiz Natural é o único
que pode ser imparcial.
No Processo Civil poderá ser atentado contra o Princípio
quando o Presidente do Tribunal designa unilateralmente um
Juiz para julgar determinada causa, sem passar o processo
pela distribuição eletrônica (critério objetivo e abstrato de
distribuição das ações entre os juízes disponíveis).
Respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional.
Além da proibição de Tribunal de Exceção, o Juiz Natural em
sentido Formal garante que o Juízo seja competente para
julgar a causa. Essa competência tem que ser fixada de
acordo com as regras legais processuais de determinação de
competência (critérios objetivos de fixação de competência). É
a lei que atribui a competência para o Juiz (ele não escolhe a
causa, nem a causa escolhe o juiz).
As regras gerais de determinação de competência,
previamente estabelecidas, fixam a competência do Juiz. Uma
ação não pode ser distribuída deliberadamente para um Juiz
específico sem um motivo legal para tanto. A distribuição
objetiva e imparcial dos processos é uma forma de garantir o
Juiz Natural. Por isso, violar a distribuição eletrônica de
processos é violar o Juiz Natural.
Frise-se que é a lei é quem cria as regras de competência,
bem como os modos de sua alteração. O que é vedado é o
próprio Juiz pleitear a alteração das regras que fixaram a sua
competência. Assim, a garantia do Juiz Natural veda o Poder

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de Avocação de processos por parte de Magistrado.

CF-88
Art. 5
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;

2. Juiz Natural em sentido Material – é a garantia da


imparcialidade do Juiz. Todo magistrado deve exercer
sua função de forma imparcial, equidistante das
partes. É garantia da Justiça Material (independência
e imparcialidade dos Magistrados).
Portanto, Juiz Natural é o Juiz Competente (dimensão Formal) e
Imparcial (dimensão Material).

Jurisdição Contenciosa e Voluntária.


O novo Código de Processo Civil (CPC) classifica a Jurisdição em
Contenciosa e Voluntária. A jurisdição voluntária é assunto específico
estudado em detalhes em aula específica. O Novo CPC prevê a partir do art.
719 e seguintes.

CPC
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em
todo o território nacional, conforme as disposições deste Código.

Portanto, a Jurisdição pode ser classificada em 2 (duas) principais


espécies, que passamos a detalhar:

o Jurisdição Contenciosa – é a jurisdição propriamente dita,


sendo a atividade estatal exercida pelo Poder Judiciário,
consistente no poder de dizer o direito no caso concreto,
solucionando as lides em substituição aos interesses das
partes.

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o Jurisdição Voluntária – consiste na integração e


fiscalização de negócios firmados entre particulares. Há
muita discussão na doutrina acerca da natureza da Jurisdição
Voluntária, se também seria ou não propriamente uma
Jurisdição (se não seria uma mera Administração Pública de
interesses privados).

Como estudamos, a Jurisdição Contenciosa é a própria jurisdição


do Estado, com todas as suas características, princípios e finalidades descritas.
De outro lado, cabe definir a natureza jurídica da Jurisdição Voluntária (se
seria jurisdição ou administração pública de interesses privados).
A Jurisdição Voluntária foi definida pelo legislador para os casos em
que o Juiz é chamado para atuar perante o particular como forma de
integração de sua vontade e de fiscalização de seus atos. Isto é, sem a
participação do Magistrado o interesse do particular não seria tutelado. Com
isso, o exercício dessa jurisdição tem uma finalidade clara: fiscalizar a atuação
do particular em hipóteses específicas em que haja interesse público envolvido.
O Juiz atua como um assistente das partes para a formalização
do ato. Exemplo: solicitação de notificação ou interpelação judicial do estado de
inadimplente perante o particular; procedimentos de justificação (produção de
prova antecipada, antes da instauração do processo); processo de interdição de
incapaz; processo de emancipação; homologação de acordo ou transação;
alienação de coisas; nomeação e destituição de tutores e curadores, etc, entre
tantos outros.
Para a chamada Doutrina CLÁSSICA, a Jurisdição Voluntária NÃO
é Jurisdição! Isto porque o Juiz figura como simples integrador e fiscalizador
dos atos praticados pelos particulares, agindo como um Administrador Público
(não como um Juiz) de interesses privados. Para esta Doutrina Clássica, a
Jurisdição Voluntária seria materialmente Administrativa e
subjetivamente/formalmente Judiciária.
Elenco abaixo as características da Jurisdição Voluntária para a
Doutrina Clássica:

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1. não há LIDE - por não haver brigas e conflitos, mas


apenas concurso ou convergência de vontades;
2. não há PARTES – por não haver lide, não há partes
parciais, mas apenas interessados;
3. o Juiz é um Administrador Público e não um Juiz;
4. não há a Substitutividade, tendo em vista que o Estado
não substitui a vontade das partes, mas a integra para
formalizar o ato (o Juiz se insere entre os participantes do
negócio jurídico);
5. não há Ação e nem Processo, mas apenas um simples
Procedimento;
6. não há Sentença de mérito, mas mera homologação de
acordo de vontades;
7. não há formação da Coisa Julgada (Definitividade) e
nem possibilidade de Ação Rescisória, tendo em vista ser a
jurisdição voluntária negócio jurídico consensual;

Para uma Doutrina mais Moderna, que vem crescendo em


aceitação no Brasil, a Jurisdição Voluntária é Jurisdição, pelos seguintes motivos
principais:
1. A não configuração de LIDE no início do processo não
significa que no processo de jurisdição voluntária não seja
possível o surgimento de conflito de interesses. Por isso, o
fato não haver Lide inicial não descaracterizaria a
Jurisdição Voluntária;
2. Apesar de não existir conflito entre partes, o conceito de
PARTES do processo é aquela que postula e não
necessariamente quem seja litigante;
3. A função jurisdicional abrange a tutela de interesses
particulares sem litigiosidade, desde que exercida por
órgãos investidos das garantias necessárias de

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impessoalidade e independência. Ou seja, a atuação da


jurisdição não está cingida à conformação do direito às
situações concretas, a solucionar conflitos, mas também a
tutelar também interesses de particulares, como órgão do
Estado;
4. O Juiz é uma autoridade imparcial e desinteressada, como
em qualquer atividade jurisdicional, diferentemente da
Administração Pública, que visa seus interesses parciais
(defesa legal dos interesses do Estado);
5. A Jurisdição Voluntária possui natureza Preventiva e não a
apenas de solucionar conflitos já existentes;
6. Existe um Processo Judicial de Jurisdição Voluntária
(Ação, Sentença, Apelação, etc). Note-se que os processos
de Jurisdição Voluntária são encerrados por Sentença, de
que cabe o Recurso de Apelação para o Tribunal, e não
por decisão administrativa;

CPC - 2016
Art. 724. Da sentença caberá apelação.

7. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade


estrita, podendo adotar em cada caso a solução que
considerar mais conveniente ou oportuna.

CPC - 2016
Art. 724.
Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de
legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que
considerar mais conveniente ou oportuna.

Deve-se ressaltar que predomina ainda no Brasil (posição


majoritária) o entendimento da Doutrina Clássica, o de que a Jurisdição
Voluntária tem natureza de Administração Pública de interesses privadas,
isto é, que NÃO é jurisdição.

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Resumo do entendimento acerca da Natureza Jurídica da


Jurisdição Voluntária:

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA

É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL

NÃO há Jurisdição Há Jurisdição

NÃO há Processo, mas mero Há Processo


Procedimento

NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes

Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada

NÃO há LIDE Pode haver LIDE

Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz

Peculiaridades do Processo de Jurisdição Voluntária:


o São legitimados para dar início ao Processo de Jurisdição
Voluntária o INTERESSADO, do Ministério Público ou da
Defensoria Pública;

CPC NOVO
Art. 720. O procedimento terá início por provocação do interessado,
do Ministério Público ou da Defensoria Pública, cabendo-lhes
formular o pedido devidamente instruído com os documentos
necessários e com a indicação da providência judicial.

o O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória do


Ministério Público em TODOS os procedimentos de
Jurisdição Voluntária. Todos os interessados devem ser
citados para manifestação em até 15 DIAS. A doutrina e a

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jurisprudência defendem que o MP não intervirá em todo caso,


mas somente nos processos que versem sobre direitos
indisponíveis. Assim, o MP estaria autorizado a não intervir
nos procedimentos em que não ficasse caracterizada a
indisponibilidade dos direitos. De todo modo, devemos ter em
mente o que prevê o CPC.

CPC
Art. 719. Quando este Código não estabelecer procedimento
especial, regem os procedimentos de jurisdição voluntária as
disposições constantes desta Seção.
Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o
Ministério Público, nos casos do art. 178, para que se manifestem,
querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

o Há uma relativização do princípio da legalidade estrita no


âmbito dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art. 724
do CPC que o Juiz não é obrigado a observar o critério da
legalidade estrita, podendo pautar seus atos na equidade e na
solução mais conveniente e oportuna ao caso.
O objetivo da norma é conferir ao Juiz em Jurisdição
Voluntária uma margem de discricionariedade maior para
decisão. Esta discricionariedade é maior tanto na condução do
processo, quanto em sua decisão, afastando um apego
exagerado às formalidades da lei. A intenção do legislador era
conferir uma decisão mais justa, mais oportuna e mais
adequada no âmbito da Jurisdição Voluntária, dando uma
maior elasticidade aos seus procedimentos. Com isso, fala-se
da utilização de um juízo de equidade e
discricionariedade.

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2. Da Ação.

Cena dos próximos capítulos, a ser estudada na próxima Aula


de nosso Curso de Processo Civil.

Pessoal, este foi apenas um aperitivo, tão-somente uma


demonstração de como serão as Aulas deste Curso. Na próxima Aula
continuaremos nosso estudo!
De todo modo, curtam alguns exercícios!!!!

Abaixo 2 listas de Exercícios: 1ª apenas com gabarito e a 2ª com


comentários.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

QUESTÃO 1: CESPE - 2012 - TJ-RR - Analista - Processual.


A jurisdição, que tem por finalidade compor os conflitos de interesses,
resguardando a ordem jurídica e a autoridade da lei, constitui uma das funções
de soberania do Estado. A respeito dessa função estatal, julgue os itens
subsequentes.
Segundo a doutrina, o juízo de conciliação configura uma das categorias dos
atos de jurisdição voluntária.

COMENTÁRIOS:

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Essa questão é polêmica! Foi disposta no concurso do TJ/RR de 2012 e muita


gente caiu na pegadinha! Na realidade, o examinador cobrou a Doutrina
Moderna da Jurisdição Voluntária, que admite a possibilidade de haver LIDE
(conflito de interesses) não só na Jurisdição Contenciosa, mas também na
Jurisdição Voluntária.
A não configuração de LIDE no início do processo de Jurisdição Voluntária não
significa que no processo de jurisdição voluntária não seja possível o
surgimento de conflito de interesses. Por isso, o fato não haver Lide inicial não
descaracterizaria a Jurisdição Voluntária.
Resumo do entendimento acerca da Natureza Jurídica da
Jurisdição Voluntária:

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA

É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL

NÃO há Jurisdição Há Jurisdição

NÃO há Processo, mas mero Há Processo


Procedimento

NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes

Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada

NÃO há LIDE Pode haver LIDE

Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 2: Prova: CESPE - 2012 - DPE-SE - Defensor Público.


Nos procedimentos de jurisdição voluntária, prepondera o princípio inquisitivo.

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COMENTÁRIOS:
O Princípio Inquisitivo é diverso do Princípio Dispositivo. Enquanto o Princípio
Dispositivo é a regra, na qual as partes têm o dever de praticar os atos
instrutórios, impulsionando o tramite regular do processo, no Princípio
Inquisitivo, o Juiz passa a atuar e determinar a prática de determinados atos
instrutórios.
Nesse caso, segundo o Princípio Inquisitivo, o Juiz poderá iniciar de ofício
alguns processos de jurisdição voluntária, conforme hipóteses previstas no CPC.

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 3: Prova: CESPE - 2012 - DPE-SE - Defensor Público.


De acordo com o CPC, no âmbito da jurisdição voluntária, o MP só deve ser
intimado em caso de direitos indisponíveis.

COMENTÁRIOS:
O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória do Ministério Público em
TODOS os procedimentos de Jurisdição Voluntária. Todos os interessados
devem ser citados para manifestação em até 15 DIAS. A doutrina e a
jurisprudência defendem que o MP não intervirá em todo caso, mas somente
nos processos que versem sobre direitos indisponíveis. Assim, o MP estaria
autorizado a não intervir nos procedimentos em que não ficasse caracterizada a
indisponibilidade dos direitos. De todo modo, devemos ter em mente o que
prevê o CPC.

CPC
Art. 719. Quando este Código não estabelecer procedimento
especial, regem os procedimentos de jurisdição voluntária as
disposições constantes desta Seção.

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Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o


Ministério Público, nos casos do art. 178, para que se manifestem,
querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

RESPOSTA CERTA: E

QUESTÃO 4: CESPE - 2012 - TJ-RO - Analista - Processual.


De acordo com o princípio da inércia judicial, o prosseguimento do processo
dependerá sempre de requerimento da parte ou do interessado, não podendo o
juiz agir de ofício.
QUESTÃO 5: CESPE 03/04/2011 - TJ - ES - Analista Judiciário 2 –
Administrativa.
Uma das características da atividade jurisdicional é a sua inércia, razão pela
qual, em nenhuma hipótese, o juiz deve determinar, de ofício, que se inicie o
processo.

COMENTÁRIOS:
Errado, pois o Princípio da INÉRCIA dispõe que o processo não pode ser
deflagrado pelo próprio Juiz, pois este é dependente da manifestação das
partes.
No entanto, à regra da Inércia há exceções previstas em Lei, que permitem o
início excepcional do processo por provocação das partes (Exemplo: Execução
Trabalhista de verbas definidas; Execução Penal; início do processo de
inventário, se os legitimados não o fizerem no prazo conferido pela Lei;
decretação da falência de empresa em recuperação judicial, etc). Estas e outras
exceções apenas confirma a REGRA de que o Juiz deve ser INERTE.
A despeito da inércia do Poder Judiciário, o processo não pode ficar parado,
depois de deflagrado, ao sabor e interesse das partes. Por isso, vige no
processo o Princípio do Impulso Oficial  cabe ao Juiz determinar a regular
marcha do processo.

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CPC - 2016
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

RESPOSTA CERTA: EE

QUESTÃO 6: CESPE 30/01/2011 - TRE - ES - Analista Judiciário –


Administrativa.
Uma das distinções entre a função jurisdicional e a administrativa é identificada
na imparcialidade do órgão estatal que exerce a função jurisdicional.

COMENTÁRIOS:
Perfeito, enquanto que a atuação da Administração Pública é eminentemente
PARCIAL (interesse apenas do ESTADO), a Função Jurisdicional é uma atuação
IMPARCIAL do Estado-Juiz como um terceiro desinteressado e equidistante das
partes.
O Juiz é uma autoridade imparcial e desinteressada, como em qualquer
atividade jurisdicional, diferentemente da Administração Pública, que visa
seus interesses parciais (defesa legal dos interesses do Estado).

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 7: TJ - ES - Analista Judiciário 2 – Administrativa [CESPE] -


03/04/2011.
A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-se a
vontade privada por uma atividade pública.

COMENTÁRIOS:

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É o Princípio da Substitutividade – o Estado-Juiz, com poder de império,


substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto. Ou seja, atua em
substituição às partes, quando essas não conseguem por si próprias com seus
litígios.

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 8: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -


26/09/2010.
O princípio da inércia, um dos princípios basilares da jurisdição, não admite
exceção.

COMENTÁRIOS:
É basilar da Jurisdição, mas admite sim exceção. À regra da Inércia há
exceções previstas em Lei, que permitem o início excepcional do processo por
provocação das partes (Exemplo: Execução Trabalhista de verbas definidas;
Execução Penal; início do processo de inventário, se os legitimados não o
fizerem no prazo conferido pela Lei; decretação da falência de empresa em
recuperação judicial, etc). Estas e outras exceções apenas confirma a REGRA de
que o Juiz deve ser INERTE.

RESPOSTA CERTA: E

QUESTÃO 9: OAB - Exame de Ordem Unificado 2009-3 [CESPE] -


17/01/2010.
Na jurisdição voluntária, as despesas serão pagas exclusivamente pelo
requerente.

COMENTÁRIOS:

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O Código prevê na parte de Custas e Despesas processuais que as despesas no


processo de Jurisdição Voluntária serão ADIANTADAS pelo requerente, mas
devem ser rateadas entre todos os interessados.

CPC - NOVO
Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas
serão adiantadas pelo requerente, mas rateadas entre os
interessados.

RESPOSTA CERTA: E

QUESTÃO 10: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -


26/09/2010.
O princípio da indelegabilidade estabelece que a autoridade dos órgãos
jurisdicionais, considerados emanação do próprio poder estatal soberano,
impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes ou de
eventual pacto para aceitarem os resultados do processo.

COMENTÁRIOS:
Na realidade o conceito foi trocado pelo Princípio da Substitutividade - o
Estado-Juiz, com poder de império, substitui a vontade das partes para decidir
o caso concreto. Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas não
conseguem por si próprias com seus litígios.

RESPOSTA CERTA: E

QUESTÃO 11: TRT 22ª - Analista Judiciário – Judiciário [FCC] –


14/11/2010.
A indeclinabilidade é uma característica
a) da ação.
b) da jurisdição.

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c) do processo.
d) da lide.
e) do procedimento.

COMENTÁRIOS:
Estudamos que a Indeclinabilidade ou Inafastabilidade é o princípio
processual constitucional da Jurisdição consistente na regra de que nenhuma
lesão ou ameaça de lesão poderá ser afastada da apreciação do Poder
Judiciário. Implica no dever do Estado de solucionar os conflitos quando
provocado pelas partes, que é decorrência do direito fundamental de acesso ao
poder judiciário (direito de ação). Como o Estado detém o monopólio da
jurisdição e as partes possuem direito irrestrito à ação, o Estado também tem o
dever de prestar a tutela jurisdicional e não apenas simples faculdade.
Com isso, não há questão que não possa ser posta em juízo para decisão do
magistrado. Todos têm direito de Ação de forma ampla, abstrata e irrestrita,
mesmo que, ao final, comprovem-se infundadas suas demandas. O direito de
ação é puro e abstrato, independe de qualquer análise acerca do mérito da
questão.

CF-88
Art. 5
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito;

Apesar de nascer em virtude do direito de Ação, a indeclinabilidade é uma


característica da Jurisdição. A Ação não é indeclinável, mas a Jurisdição o é.

RESPOSTA CERTA: B

QUESTÃO 12: TCE - RO - Auditor Substituto de Conselheiro FCC] –


05/09/2010.
A jurisdição contenciosa civil

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a) é divisível.
b) é atividade substitutiva.
c) é exercida pelo Tribunal de Contas da União.
d) é exercida por membro do Ministério Público.
e) não pressupõe território.

COMENTÁRIOS:
Quatro princípios importantes da Jurisdição que responde à questão:
1. Unicidade – a jurisdição é UNA, não havendo divisões
internas da própria jurisdição, mas tão somente de seu
exercício. Assim, as classificações das Justiças (Comum e
Especial, entre outras) são apenas para caracterização e
definição de competências, não se tratando de diversas
jurisdições.
2. Substitutividade – o Estado-Juiz, com poder de império,
substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto.
Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas não
conseguem por si próprias com seus litígios.
3. Investidura – a atividade jurisdicional deve ser exercida
pelos órgãos estatais que foram regularmente investidos na
função jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a
jurisdição aquele órgão a que a lei atribui o poder
jurisdicional.
Para ser investido regularmente na condição de Juiz
(Magistrado), a pessoa tem que ser aprovada em concurso
público de provas e títulos ou terá que ser nomeada para
Tribunais de Justiça, Tribunais Federais e Tribunais
Superiores, nas diversas formas previstas na Constituição
Federal (todas são formas de investidura regular na atividade
jurisdicional, que legitimam sua atuação funcional). Assim,
um Delegado de Polícia jamais poderá praticar atos exclusivos

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da esfera judicial, posto não ter sido investido regularmente


no cargo de Juiz.
4. Aderência ou Territorialidade – o exercício da jurisdição
deve estar previamente vinculado a uma determinada zona
territorial, isto é, os Juízes têm autoridade jurisdicional tão
somente no território específico que exercem suas funções, o
chamado FORO. Na Justiça Estadual o Foro é a Comarca. Na
Justiça Federal, é a Seção Judiciária; Na Justiça Eleitoral é a
Zona Eleitoral. Este é o chamado Princípio da Aderência – a
jurisdição está aderente apenas à região geográfica de seu
exercício. Exemplo: o Juiz do STF tem jurisdição em todo o
país; o Juiz da capital de um determinado Estado tem
competência somente naquela região.
Em resumo, faço as seguintes considerações:
 a Jurisdição NÃO é divisível, pois ela é UMA;
 a Jurisdição é substitutiva, por isso o item B está CORRETO.
 A Jurisdição somente é exercida por quem se investiu regularmente na
atividade jurisdicional (Tribunal de Contas e Ministério Público não
exercem atividade jurisdicional), por isso os itens C e D estão ERRADOS.
 A Jurisdição pressupõe sim território, pois serve de base e limitação de
sua atuação (princípio da Aderência ou Territorialidade). Portanto, item E
está ERRADO.

RESPOSTA CERTA: B

QUESTÃO 13: TJ - PA - Analista Judiciário – Direito [FCC] –


24/05/2009.
Jurisdição é
a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que
regulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade.
b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social,
estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.

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c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer


o direito no caso concreto.
d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o
Estado a solução de um conflito de interesses.
e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o
Direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.

COMENTÁRIOS:
Item A – errado. Somente o Poder Judiciário exerce jurisdição. A faculdade de
propor e sancionar leis é uma atribuição constitucional do Presidente da
República de caráter legislativo (atípica das atividades do Executivo), mas
dissociadas da jurisdição.
Item B – errado. Esta é a função típica do Poder Legislativo (inovar na ordem
jurídica).
Item C – correto. Perfeito! Este é o conceito de Jurisdição (dizer o direito no
caso concreto).
A Jurisdição é o poder do Estado, através de um órgão jurisdicional
(Estado-Juiz), de julgar as causas que lhe forem apresentadas, dizendo o direito
cabível ao caso concreto. Em outras palavras, a jurisdição é definição do direito
por meio de um terceiro imparcial (Estado), de forma autoritária, monopolista e
em última instância.
Segundo Ada Pelegrine Grinover, em clássica definição, a jurisdição
é a “função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito
que os envolve com justiça”.
O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, que vale
detalhar para melhor entendimento:

o Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de forma


monopolista, ou seja, o Estado chama para si a
responsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a ele
são reclamados, transformando-se em Poder Estatal de decidir

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os conflitos a ele apresentados. A jurisdição como poder é


manifestação da capacidade do Estado de impor suas decisões
jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aqui é o
Estado com sua “mão de ferro”.
o Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma das
funções ou finalidades do Estado, a de pacificação social e
realização da justiça no caso concreto.
o Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode ser
conceituada como os atos materiais e visíveis (atos do
processo judicial no plano prático) desenvolvidos pelos Juízes,
investidos pelo Estado no poder de julgar.

Item D – errado. Este é o direito de Ação.


Item E – errado. A Jurisdição não é um instrumento, pois se trata de um Poder.
O instrumento é o PROCESSO e não a Jurisdição.

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 14: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa


[FCC] – 07/09/2008.
Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e formas legais.

COMENTÁRIOS:
Princípio da Inércia – o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdição
não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende de provocação das partes
para início do processo). Este princípio decorre do Princípio da Imparcialidade,
tendo em vista que se um Juiz iniciasse um processo, certamente desde já teria
uma posição que adotaria em sua decisão. Este princípio guarda exceções
legais. Exemplo: execução trabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício;
procedimentos de jurisdição voluntária, etc.

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A Inércia foi insculpida no próprio texto do Código de Processo Civil, nos


termos abaixo:

CPC - NOVO
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 15: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa


[FCC] – 07/09/2008.
Na jurisdição voluntária, não há lide, tratando-se de forma de administração
pública de interesses privados.

COMENTÁRIOS:
Para a Doutrina Clássica, a Jurisdição Voluntária NÃO é Jurisdição, mas
apenas Administração Pública de interesses privados, entre outros motivos,
porque não há LIDE - por não haver brigas e conflitos, mas apenas concurso
ou convergência de vontades.
Observem que predomina no Brasil ainda a Doutrina Clássica, inclusive para as
Bancas de Concurso.

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 16: TRT 23ª - Analista Judiciário – Judiciária [FCC] –


24/06/2008.
O art. 5o, XXXVII da Constituição Federal dispõe que "não haverá juízo ou
tribunal de exceção". Esse dispositivo consagra, em relação à jurisdição, o
princípio
a) da especialização.

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b) da improrrogabilidade da jurisdição.
c) da indeclinabilidade da jurisdição.
d) do juiz natural.
e) da indelegabilidade da jurisdição.

COMENTÁRIOS:
1. Juiz Natural ou Imparcialidade – O Princípio do Juízo
Natural é extraído do Devido Processo Legal e de dois
específicos dispositivos do art. 5º da Constituição Federal
(incisos XXXVII e LIII). O Juiz Natural é aquele investido
regularmente na jurisdição (investidura) e com competência
constitucional para julgamento dos conflitos a ele submetidos.
É aquele previsto antecedentemente, com competência
abstrata e geral, para julgar matéria específica prevista em
lei.
A CF-88, ao instituir o Princípio visa coibir a criação de órgãos
judicantes para julgamento de questões depois do fato (ex
post facto) ou de determinadas pessoas (ad personam).
O Princípio do Juiz Natural pode ser visualizado sob 2 (dois)
prismas diversos:
1. Juiz Natural em sentido Formal – consagra 2
(duas) garantias básicas:
a. proibição de Tribunal de Exceção (art. 5º,
XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional (art. 5º, LIII).
Proibição de Tribunal de Exceção - O Tribunal de Exceção
é um órgão jurisdicional criado excepcionalmente para julgar
determinada causa, consistindo em um juízo extraordinário. É
o caso de criar um órgão judicial para julgar um específico
conflito. Exemplo: Tribunal Penal que julgou Saddan Russen

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(apesar das barbáries que ele cometeu, vocês acham que ele
seria julgado de forma imparcial?); Tribunal de Nuremberg,
criado para julgar os crimes dos nazistas após a 2ª Guerra
Mundial.
O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc
(para o caso), ou ex post facto (juízo designado após o fato)
ou ad personam (para determinada pessoa).
O Princípio do Juiz Natural garante a imparcialidade das
decisões judiciais. Portanto, é uma garantia constitucional ser
julgado por um juiz que já está posto. O Juiz Natural é o único
que pode ser imparcial.
No Processo Civil poderá ser atentado contra o Princípio
quando o Presidente do Tribunal designa unilateralmente um
Juiz para julgar determinada causa, sem passar o processo
pela distribuição eletrônica (critério objetivo e abstrato de
distribuição das ações entre os juízes disponíveis).
Respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional.
Além da proibição de Tribunal de Exceção, o Juiz Natural em
sentido Formal garante que o Juízo seja competente para
julgar a causa. Essa competência tem que ser fixada de
acordo com as regras legais processuais de determinação de
competência (critérios objetivos de fixação de competência). É
a lei que atribui a competência para o Juiz (ele não escolhe a
causa, nem a causa escolhe o juiz).
As regras gerais de determinação de competência,
previamente estabelecidas, fixam a competência do Juiz. Uma
ação não pode ser distribuída deliberadamente para um Juiz
específico sem um motivo legal para tanto. A distribuição
objetiva e imparcial dos processos é uma forma de garantir o
Juiz Natural. Por isso, violar a distribuição eletrônica de
processos é violar o Juiz Natural.
Frise-se que é a lei é quem cria as regras de competência,

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bem como os modos de sua alteração. O que é vedado é o


próprio Juiz pleitear a alteração das regras que fixaram a sua
competência. Assim, a garantia do Juiz Natural veda o Poder
de Avocação de processos por parte de Magistrado.

CF-88
Art. 5
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;

2. Juiz Natural em sentido Material – é a garantia da


imparcialidade do Juiz. Todo magistrado deve exercer
sua função de forma imparcial, equidistante das
partes. É garantia da Justiça Material (independência
e imparcialidade dos Magistrados).
Portanto, Juiz Natural é o Juiz Competente (dimensão Formal) e
Imparcial (dimensão Material).

RESPOSTA CERTA: D

QUESTÃO 17: TRT 9ª - Técnico Judiciário – Administrativa [FCC] –


12/09/2006 (ADAPTADA).
Considere as afirmativas a respeito da atividade jurisdicional:
II. A atividade jurisdicional só tem início quando provocada.
III. A atividade jurisdicional pode ser delegada a órgãos do Poder Legislativo e
do Poder Executivo.
Está correto o que se contém APENAS em
a) II.
b) II e III.
c) III.

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d) nenhuma.

COMENTÁRIOS:
Item II – correto. É o Princípio da INÉRCIA Jurisdicional.
Item III – errado. É o Princípio da Indelegabilidade – o Juiz não pode
delegar suas funções, pois as exerce de forma exclusiva. É possível, contudo,
delegações da prática de atos por outros Juízes (ex: cartas de ordem; cartas
precatórias, etc), mas jamais para outros órgãos diversos da atividade
judicante (Exemplo: o mesmo caso do Delegado de Polícia).
Este Princípio decorre do Princípio da Investidura – a atividade jurisdicional
deve ser exercida pelos órgãos estatais que foram regularmente investidos na
função jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a jurisdição aquele órgão
a que a lei atribui o poder jurisdicional.
Portanto, é impossível a delegação das atividades jurisdicionais a órgãos de
outro Poder (Legislativo e Executivo).

RESPOSTA CERTA: A

QUESTÃO 18: Banco Central – Procurador [FCC] – 08/01/2006.


O princípio da inércia da jurisdição significa que
a) nenhum Juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e forma legais.
b) todos os atos processuais dependem de preparo.
c) a lei processual só admite a submissão da sentença ao duplo grau de
jurisdição, se houver recurso voluntário da parte.
d) o Juiz não determinará a emenda da petição inicial, salvo se o réu arguir sua
inépcia.
e) ao Juiz é vedado impulsionar o processo, cabendo somente à parte requerer
o que entender necessário.

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COMENTÁRIOS:
Princípio da Inércia – o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdição
não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende de provocação das partes
para início do processo). Este princípio decorre do Princípio da Imparcialidade,
tendo em vista que se um Juiz iniciasse um processo, certamente desde já teria
uma posição que adotaria em sua decisão. Este princípio guarda exceções
legais. Exemplo: execução trabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício;
procedimentos de jurisdição voluntária, etc.
A Inércia foi insculpida no próprio texto do Código de Processo Civil, nos
termos abaixo:

CPC
Art. 2o Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão
quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma
legais.

RESPOSTA CERTA: A

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EXERCÍCIOS COM GABARITO

QUESTÃO 1: CESPE - 2012 - TJ-RR - Analista - Processual.


A jurisdição, que tem por finalidade compor os conflitos de interesses,
resguardando a ordem jurídica e a autoridade da lei, constitui uma das funções
de soberania do Estado. A respeito dessa função estatal, julgue os itens
subsequentes.
Segundo a doutrina, o juízo de conciliação configura uma das categorias dos
atos de jurisdição voluntária.
QUESTÃO 2: Prova: CESPE - 2012 - DPE-SE - Defensor Público.
Nos procedimentos de jurisdição voluntária, prepondera o princípio inquisitivo.
QUESTÃO 3: Prova: CESPE - 2012 - DPE-SE - Defensor Público.
De acordo com o CPC, no âmbito da jurisdição voluntária, o MP só deve ser
intimado em caso de direitos indisponíveis.
QUESTÃO 4: CESPE - 2012 - TJ-RO - Analista - Processual.
De acordo com o princípio da inércia judicial, o prosseguimento do processo
dependerá sempre de requerimento da parte ou do interessado, não podendo o
juiz agir de ofício.
QUESTÃO 5: CESPE 03/04/2011 - TJ - ES - Analista Judiciário 2 –
Administrativa.
Uma das características da atividade jurisdicional é a sua inércia, razão pela
qual, em nenhuma hipótese, o juiz deve determinar, de ofício, que se inicie o
processo.
QUESTÃO 6: CESPE 30/01/2011 - TRE - ES - Analista Judiciário –
Administrativa.
Uma das distinções entre a função jurisdicional e a administrativa é identificada
na imparcialidade do órgão estatal que exerce a função jurisdicional.
QUESTÃO 7: TJ - ES - Analista Judiciário 2 – Administrativa [CESPE] -
03/04/2011.

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A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-se a


vontade privada por uma atividade pública.
QUESTÃO 8: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -
26/09/2010.
O princípio da inércia, um dos princípios basilares da jurisdição, não admite
exceção.
QUESTÃO 9: OAB - Exame de Ordem Unificado 2009-3 [CESPE] -
17/01/2010.
Na jurisdição voluntária, as despesas serão pagas exclusivamente pelo
requerente.
QUESTÃO 10: MPE - RO - Promotor de Justiça Substituto [CESPE] -
26/09/2010.
O princípio da indelegabilidade estabelece que a autoridade dos órgãos
jurisdicionais, considerados emanação do próprio poder estatal soberano,
impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes ou de
eventual pacto para aceitarem os resultados do processo.
QUESTÃO 11: TRT 22ª - Analista Judiciário – Judiciário [FCC] –
14/11/2010.
A indeclinabilidade é uma característica
a) da ação.
b) da jurisdição.
c) do processo.
d) da lide.
e) do procedimento.
QUESTÃO 12: TCE - RO - Auditor Substituto de Conselheiro FCC] –
05/09/2010.
A jurisdição contenciosa civil
a) é divisível.
b) é atividade substitutiva.

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c) é exercida pelo Tribunal de Contas da União.


d) é exercida por membro do Ministério Público.
e) não pressupõe território.
QUESTÃO 13: TJ - PA - Analista Judiciário – Direito [FCC] –
24/05/2009.
Jurisdição é
a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que
regulamentem situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade.
b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social,
estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.
c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer
o direito no caso concreto.
d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o
Estado a solução de um conflito de interesses.
e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o
Direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.
QUESTÃO 14: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa
[FCC] – 07/09/2008.
Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e formas legais.
QUESTÃO 15: TRT - 19ª Região - Analista Judiciário – Administrativa
[FCC] – 07/09/2008.
Na jurisdição voluntária, não há lide, tratando-se de forma de administração
pública de interesses privados.
QUESTÃO 16: TRT 23ª - Analista Judiciário – Judiciária [FCC] –
24/06/2008.
O art. 5o, XXXVII da Constituição Federal dispõe que "não haverá juízo ou
tribunal de exceção". Esse dispositivo consagra, em relação à jurisdição, o
princípio
a) da especialização.

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b) da improrrogabilidade da jurisdição.
c) da indeclinabilidade da jurisdição.
d) do juiz natural.
e) da indelegabilidade da jurisdição.
QUESTÃO 17: TRT 9ª - Técnico Judiciário – Administrativa [FCC] –
12/09/2006 (ADAPTADA).
Considere as afirmativas a respeito da atividade jurisdicional:
II. A atividade jurisdicional só tem início quando provocada.
III. A atividade jurisdicional pode ser delegada a órgãos do Poder Legislativo e
do Poder Executivo.
Está correto o que se contém APENAS em
a) II.
b) II e III.
c) III.
d) nenhuma.
QUESTÃO 18: Banco Central – Procurador [FCC] – 08/01/2006.
O princípio da inércia da jurisdição significa que
a) nenhum Juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e forma legais.
b) todos os atos processuais dependem de preparo.
c) a lei processual só admite a submissão da sentença ao duplo grau de
jurisdição, se houver recurso voluntário da parte.
d) o Juiz não determinará a emenda da petição inicial, salvo se o réu arguir sua
inépcia.
e) ao Juiz é vedado impulsionar o processo, cabendo somente à parte requerer
o que entender necessário.

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GABARITOS OFICIAIS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C C E E E C C E E E

11 12 13 14 15 16 17 18

B B C C C D A A

RESUMO DA AULA

Destacam-se abaixo as formas mais conhecidas para composição


dos litígios:

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1. AUTOTUTELA – a solução do conflito é realizada por simples


imposição de uma vontade sobre a outra. Esta forma de
resolução das contendas sociais remonta aos tempos antigos,
quando o Estado não se mostrava presente, obrigando ao lesado
a defender-se pessoalmente contra eventual ofensor. Nos tempos
atuais ainda temos resquícios dessa espécie primária de
composição dos litígios, como por exemplo: Legítima Defesa
Penal (art. 23 do Código Penal); Desforço imediato nas ações
possessórias (arts. 1.210 e 1.467-1471); Estado de
Necessidade Penal, entre outros tantos casos.
2. AUTOCOMPOSIÇÃO – é a busca amigável entre as partes
inicialmente conflitantes, sem a imposição de vontades de um
parte sobre a outra, para por fim ao combate de interesses. É
uma forma de solução do conflito pelo consentimento dos
litigantes em sacrificar suas intenções parciais em prol de uma
solução final para o embate. São 3 Formas de Autocomposição:
a. Transação – na transação ambas as partes renunciam a
parcela de suas pretensões (autor renuncia de parte de
seus pedidos e réu reconhece parcialmente a procedência
das alegações do autor). Resumo: concessões mútuas na
busca de uma solução comum para ambas as partes.
b. Submissão – é o reconhecimento jurídico do pedido do
autor pelo réu, isto é, o réu reconhece de forma livre as
alegações do autor, entregando sem resistência o quanto
por ele solicitado.
c. Renúncia – é a desistência do autor, lesado em seu
direito, de continuar na busca da efetivação de sua
pretensão. Neste caso o autor é que abre mão de seu
direito.
3. ARBITRAGEM – é uma técnica de solução dos litígios por meio
da participação de um TERCEIRO não interessado na causa
(imparcial), que decidirá, a pedido das partes, o conflito entre
elas estabelecido. A Arbitragem é regulada pela Lei nº

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9.307/1996, sendo por natureza voluntária (escolha das partes,


nunca por imposição) e somente poderá ser contratada por
pessoas capazes para solução de direitos patrimoniais
disponíveis.

 Cláusula Compromissória – prévia e abstrata


definição de arbitragem futura.
 Compromisso Arbitral – posterior e concreta
definição de arbitragem atual.

4. JURISDIÇÃO – etimologicamente, significa “dizer o direito”, pois


vem de “juris” (direito) e “dictio” (dizer). Em linguagem simples,
a jurisdição é a forma do ESTADO, por meio da autoridade
judicial, de dizer o direito ao caso posto.
O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, que vale
detalhar para melhor entendimento:

o Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de forma


monopolista, ou seja, o Estado chama para si a
responsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a ele
são reclamados, transformando-se em Poder Estatal de decidir
os conflitos a ele apresentados. A jurisdição como poder é
manifestação da capacidade do Estado de impor suas decisões
jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aqui é o
Estado com sua “mão de ferro”.
o Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma das
funções ou finalidades do Estado, a de pacificação social e
realização da justiça no caso concreto.
o Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode ser
conceituada como os atos materiais e visíveis (atos do
processo judicial no plano prático) desenvolvidos pelos Juízes,
investidos pelo Estado no poder de julgar.

A jurisdição tem 3 (três) grandes objetivos:

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1. Objetivo Jurídico – aplicar o direito previsto na Lei (nas


normas jurídicas) ao caso concreto.
2. Objetivo Social – pacificar a sociedade, promovendo o bem
comum e eliminando os conflitos existentes.
3. Objetivo Político – realizar a justiça, afirmar o poder
jurisdicional e preservar os direitos fundamentais do homem.

Princípios da Jurisdição:
1. Inevitabilidade – após as partes submeterem seu litígio à
jurisdição estatal, não poderão posteriormente furtar-se ao
cumprimento da decisão exarada (a execução da decisão
jurisdicional será inevitável para as partes do processo após a
deflagração do processo judicial).
2. Indeclinabilidade ou Inafastabilidade – é o princípio
processual constitucional da Jurisdição consistente na regra
de que nenhuma lesão ou ameaça de lesão poderá ser
afastada da apreciação do Poder Judiciário. Implica no dever
do Estado de solucionar os conflitos quando provocado pelas
partes, que é decorrência do direito fundamental de acesso ao
poder judiciário (direito de ação). Como o Estado detém o
monopólio da jurisdição e as partes possuem direito irrestrito
à ação, o Estado também tem o dever de prestar a tutela
jurisdicional e não apenas simples faculdade.
3. Investidura – a atividade jurisdicional deve ser exercida
pelos órgãos estatais que foram regularmente investidos na
função jurisdicional. Ou seja, somente poderá exercer a
jurisdição aquele órgão a que a lei atribui o poder
jurisdicional.
4. Indelegabilidade – o Juiz não pode delegar suas funções,
pois as exerce de forma exclusiva. É possível, contudo,
delegações da prática de atos por outros Juízes (ex: cartas de
ordem; cartas precatórias, etc), mas jamais para outros

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órgãos diversos da atividade judicante (Exemplo: o mesmo


caso do Delegado de Polícia).
5. Inércia – o Poder Judiciário é inerte (parado), pois a
jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende
de provocação das partes para início do processo). À regra da
Inércia há exceções previstas em Lei, que permitem o início
excepcional do processo por provocação das partes (Exemplo:
Execução Trabalhista de verbas definidas; Execução Penal;
início do processo de inventário, se os legitimados não o
fizerem no prazo conferido pela Lei; decretação da falência de
empresa em recuperação judicial, etc).
6. Aderência ou Territorialidade – o exercício da jurisdição
deve estar previamente vinculado a uma determinada zona
territorial, isto é, os Juízes têm autoridade jurisdicional tão
somente no território específico que exercem suas funções, o
chamado FORO.
7. Unicidade – a jurisdição é UNA, não havendo divisões
internas da própria jurisdição, mas tão somente de seu
exercício. Assim, as classificações das Justiças (Comum e
Especial, entre outras) são apenas para caracterização e
definição de competências, não se tratando de diversas
jurisdições.
8. Substitutividade – o Estado-Juiz, com poder de império,
substitui a vontade das partes para decidir o caso concreto.
Ou seja, atua em substituição às partes, quando essas não
conseguem por si próprias com seus litígios.
9. Definitividade – aptidão para formação da coisa julgada. A
jurisdição tem o condão de tornar suas decisões imutáveis.
10. Improrrogabilidade – a jurisdição não pode ser
exercida por Juiz incompetente, sendo os limites da jurisdição
estabelecidos na Constituição Federal.
11. Juiz Natural ou Imparcialidade – O Princípio do
Juízo Natural é extraído do Devido Processo Legal e de dois

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específicos dispositivos do art. 5º da Constituição Federal


(incisos XXXVII e LIII). O Juiz Natural é aquele investido
regularmente na jurisdição (investidura) e com competência
constitucional para julgamento dos conflitos a ele submetidos.
É aquele previsto antecedentemente, com competência
abstrata e geral, para julgar matéria específica prevista em
lei.
A Jurisdição pode ser classificada em 2 (duas) principais espécies,
que passamos a detalhar:

o Jurisdição Contenciosa – é a jurisdição propriamente dita,


sendo a atividade estatal exercida pelo Poder Judiciário,
consistente no poder de dizer o direito no caso concreto,
solucionando as lides em substituição aos interesses das
partes.
o Jurisdição Voluntária – consiste na integração e
fiscalização de negócios firmados entre particulares. Há
muita discussão na doutrina acerca da natureza da Jurisdição
Voluntária, se também seria ou não propriamente uma
Jurisdição (se não seria uma mera Administração Pública de
interesses privados).

Características da Jurisdição Voluntária para a Doutrina


Clássica:
1. não há LIDE - por não haver brigas e conflitos, mas
apenas concurso ou convergência de vontades;
2. não há PARTES – por não haver lide, não há partes
parciais, mas apenas interessados;
3. o Juiz é um Administrador Público e não um Juiz;
4. não há a Substitutividade, tendo em vista que o Estado
não substitui a vontade das partes, mas a integra para
formalizar o ato (o Juiz se insere entre os participantes do
negócio jurídico);
5. não há Ação e nem Processo, mas apenas um simples

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Procedimento;
6. não há Sentença de mérito, mas mera homologação de
acordo de vontades;
7. não há formação da Coisa Julgada (Definitividade) e
nem possibilidade de Ação Rescisória, tendo em vista ser a
jurisdição voluntária negócio jurídico consensual;
Para uma Doutrina mais Moderna, a Jurisdição Voluntária é
Jurisdição, pelos seguintes motivos principais:
1. A não configuração de LIDE no início do processo não
significa que no processo de jurisdição voluntária não seja
possível o surgimento de conflito de interesses. Por isso, o
fato não haver Lide inicial não descaracterizaria a
Jurisdição Voluntária;
2. Apesar de não existir conflito entre partes, o conceito de
PARTES do processo é aquela que postula e não
necessariamente quem seja litigante;
3. A função jurisdicional abrange a tutela de interesses
particulares sem litigiosidade, desde que exercida por
órgãos investidos das garantias necessárias de
impessoalidade e independência. Ou seja, a atuação da
jurisdição não está cingida à conformação do direito às
situações concretas, a solucionar conflitos, mas também a
tutelar também interesses de particulares, como órgão do
Estado;
4. O Juiz é uma autoridade imparcial e desinteressada, como
em qualquer atividade jurisdicional, diferentemente da
Administração Pública, que visa seus interesses parciais
(defesa legal dos interesses do Estado);
5. A Jurisdição Voluntária possui natureza Preventiva e não a
apenas de solucionar conflitos já existentes;
6. Existe um Processo Judicial de Jurisdição Voluntária
(Ação, Sentença, Apelação, etc). Note-se que os processos

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de Jurisdição Voluntária são encerrados por Sentença, de


que cabe o Recurso de Apelação para o Tribunal, e não
por decisão administrativa;
7. Apesar da permissão de modificação das decisões por fato
superveniente, a regra é pela possibilidade de constituição
de coisa julgada. Ademais, da mesma forma em que há
processos de Jurisdição Contenciosa sem coisa julgada
(exceção), o mesmo pode ocorrer com os processos de
Jurisdição Voluntária.
Predomina ainda no Brasil (posição majoritária) o entendimento
da Doutrina Clássica, o de que a Jurisdição Voluntária tem natureza de
Administração Pública de interesses privadas, isto é, que NÃO é jurisdição.
Resumo do entendimento acerca da Natureza Jurídica da
Jurisdição Voluntária:

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA

É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL

NÃO há Jurisdição Há Jurisdição

NÃO há Processo, mas mero Há Processo


Procedimento

NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes

Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada

NÃO há LIDE Pode haver LIDE

Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz

Peculiaridades do Processo de Jurisdição Voluntária:

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o São legitimados para dar início ao Processo de Jurisdição


Voluntária o INTERESSADO e o Ministério Público;
o O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória do
Ministério Público em TODOS os procedimentos de
Jurisdição Voluntária.
o Há uma relativização do princípio da legalidade estrita no
âmbito dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art.
1109 do CPC que o Juiz não é obrigado a observar o critério
da legalidade estrita, podendo pautar seus atos na equidade e
na solução mais conveniente e oportuna ao caso.

Finalizo aqui os meus comentários desta pequena Aula


Demonstrativa, convidando a todos para a próxima aula (AULA 1), que dará
continuidade ao estudo do Direito Processual Civil.
Espero a todos na AULA 1!
Fraterno Abraço e até a próxima!
Ricardo Gomes
Por sua aprovação!

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