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I. FOTOSSÍNTESE
Resumo: Tem-se ouvido muito sobre o desinteresse do aluno do ensino médio pelo
aprendizado em Biologia. E segundo pesquisadores, é um fato ligado aos
significados que a Biologia não tem para os alunos. O presente trabalho foi
proposto e desenvolvido na E. E. de Urubupungá (EEU), uma escola de ensino
médio da cidade de Ilha Solteira, SP, com o objetivo de: através de um tema
específico, “a fotossíntese e a produção de alimentos e suas implicações no
ambiente”, e, com uma proposta de ensino-aprendizagem de forma contextualizada
e interdisciplinar, estimular, motivar os alunos pela Biologia e pela aprendizagem da
mesma. Durante o período em que o projeto foi desenvolvido, foi possível tratar
apenas da fotossíntese. Foram escolhidas três salas do Ensino Médio da EEU,
todas do diurno, sendo uma da primeira série e duas da segunda série. O projeto
iniciou-se com aplicação de questionário para saber o que os alunos conheciam
sobre o assunto. E na seqüência foi realizada uma exposição na forma de mini-
palestra sobre energia, formas de energia, fotossíntese, com o objetivo de
apresentar uma visão de relação entre o sol e as várias formas de energia na Terra
e também um feedback para os questionários aplicados. As atividades
experimentais aconteceram, em seguida, em sala de aula e em laboratório. A
análise dos dados obtidos permite concluir que a mini-palestra funcionou como
feedback e as atividades experimentais tornaram os alunos interessados pela
Biologia e pela escola. As professoras de Biologia se engajaram na sua formação
continuada. As atividades ainda permitiram aproximação entre as professoras de
Biologia da Escola e aproximação entre a Escola da Rede Oficial de Ensino e parte
da Universidade envolvida no projeto.
1. INTRODUÇÃO
Por que a Biologia se tem tornado desinteressante para os alunos do ensino
médio? O fato de a Biologia tratar de assuntos ligados à vida, às atividades da vida, bem como
do ambiente em que vivem, não tem ajudado a aumentar o interesse dos alunos por essa
Ciência. E por que a indiferença, tal desinteresse? Não só na Biologia, mas em muitas áreas
de conhecimento tem-se verificado um alto grau de desinteresse, à medida que se avança na
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Kuniko Iwamoto Haga, Faculdade de Engenharia, Campus de Ilha Solteira, E-mail: kuniko@bio.feis.unesp.br
2
À Circélia S. S. Caetano, pelo auxílio nas atividades de Laboratório, à Tereza Cristina S. Araújo, pelas atividades
de secretaria, ao Christian Ferreira Berti e Manoel Messias P. de Miranda, pelas atividades de Laboratório.
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escolaridade. Então se faz necessária a reflexão sobre a prática de ensino nas várias áreas de
conhecimento.
Segundo Gowin, citado por Moreira (1990), o processo de pesquisa pode ser
visto como uma estrutura de significados cujos elementos básicos são conceitos, eventos e
fatos. O que a pesquisa faz, através de suas ações, é estabelecer conexões específicas entre
um dado evento, os registros do evento, os julgamentos fatuais feitos com base nos
registros(ou em suas transformações), os conceitos que focalizam regularidades no evento e
os sistemas conceituais utilizados para interpretar os julgamentos factuais, a fim de se chegar à
explanação do evento. Nesse sentido, o papel do educador é fundamental para proporcionar
condições favoráveis para que o aluno possa aprender a aprender.
3
Jussara Hoffmann, Avaliação mito & desafio, Ed. Mediação, p.20.
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passar pela compreensão de conceitos e conteúdos interdisciplinarmente. A conexão entre
conhecimentos nas diferentes áreas, o interesse e os avanços observados devem ser objeto
de discussão.
2. OBJETIVOS
1. Promover vivência interdisciplinar entre professores de Biologia;
2. Motivar os professores a participarem da construção do conhecimento, junto com os
alunos;
3. Desenvolver experimentos para a compreensão da produção da matéria orgânica
pela fotossíntese;
4. Estimular os alunos do ensino médio a pesquisar, envolvendo-os na construção do
próprio conhecimento e,
5. Motivar os professores a investir na formação continuada.
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Para se conhecer o que pensam os alunos sobre o assunto, foi solicitado que
respondessem a um questionário (Questionário 1 – Q1), o que ocorreu no mês de abril.
Enquanto se processava a análise do Q1, paralelamente se estudavam as práticas de
laboratório e o preparo da mini-palestra.
Perguntas do Questionário 1 aplicado aos alunos da EEU
Questionário 1
Estamos convidando você para responder estas perguntas. Este é o nosso primeiro contato
e esperamos fazer muitos outros. Contamos com a sua colaboração e agradecemos muito
por ela, desde já.
1. O que você come e ou toma no seu almoço? (Faça uma lista dos alimentos)
2. Existe alguma relação entre os alimentos que você delicia no almoço e a luz do sol?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
Se você quiser justificar a sua resposta, ocupe o espaço que lhe reservamos.
3. Procure relacionar as coisas que o cercam, por exemplo, a roupa que você veste, o
lanche, o perfume que você usa etc.
“Muito obrigado pela contribuição e esperamos voltar, mais vezes, a conversar nesta forma
que o fizemos neste momento”.
A mini-palestra foi uma solicitação feita por parte da comunidade da Escola, através da
professora. Após a análise do Q1, foi elaborado e aplicado o questionário 2 (Q2), o que foi
realizado no mês de agosto. Simultaneamente à análise do Q2, organizou-se a realização das
práticas.
Questionário 2
De novo? É de novo, e contamos com sua paciência e nos perdoe. Precisamos da sua
colaboração.
1. Você quando vai à praia tomar sol, fica bronzeado. E as plantas tomam sol todos os dias
o dia todo; o que você acha que acontece com elas?
2. Os animais e os vegetais crescem em altura e peso. O mecanismo é o mesmo para os
dois? Dê sua preciosa opinião.
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
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Quanto às práticas, utilizando a lista de alimentos, foi sugerida e realizada a
identificação do amido através do teste do lugol (iodo) nesses alimentos, em sala de aula.
Para aumentar o grau de envolvimento dos alunos, a professora solicitou aos alunos que
trouxessem os alimentos para o teste de lugol. Procurou-se também relacionar amido com
fotossíntese, fotossíntese com as plantas e as plantas com a energia luminosa, luz do sol. Para
tanto, realizou-se a observação do pigmento fotossintético através do método da cromatografia
de papel com extrato do tecido vegetal ou simplesmente fazendo a “impressão” da folha sobre
o papel de filtro.
4. RESULTADOS OBSERVADOS
O fato de se discutir com os professores da E. E. de Urubupungá (EEU), no
início do ano letivo de 2002, foi bastante produtivo, pois foi um convite de participação no
projeto de ensino-aprendizagem e de formação continuada de professores. Da forma que foi
proposto o projeto, o processo de discussões, com a participação das professoras de Biologia,
permitiu que o desenvolvimento das atividades tivesse os conteúdos em acordo com o
programa da escola e da disciplina e isto foi importante, segundo as professoras.
Sendo Ilha Solteira sede de uma Usina Hidrelétrica com geração de três milhões
duzentos e trinta mil kilowatts e com a crise de energia elétrica, o desenvolvimento do tema
energia foi considerado pelas professoras, e também do ponto de vista da pesquisa em ensino-
aprendizagem, bastante motivador. Mas como relacionar com o Ensino de Biologia? O que a
mídia noticiava? A falta de água nos reservatórios e a crescente necessidade de buscar fontes
alternativas de geração de energia elétrica, como a eólica, a solar, entre outras. A energia
solar, uma conversão em energia elétrica e a questão da conversibilidade estavam sendo muito
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discutidas entre as várias áreas; por que não tratar dessa conversão pelos organismos vivos,
como as plantas, no processo fotossíntese?
As escolhas das salas foram realizadas pelas professoras, três salas, duas da
segunda série (uma que apresentava problemas de disciplina) e uma da primeira série (com
pelo menos um grupo de cinco alunos totalmente desinteressado pela escola, pela sua
formação, desinteressado em aprender alguma coisa).
Questionário 1(Q1)
Questionário 2(Q2)
Com relação à pergunta dois deste questionário, parece que não ficou clara para
os alunos, portanto foi considerada mal formulada e devendo ser revista, já que é importante
para avaliar o aprendizado e relacionar com a cadeia alimentar.
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Elo, foi assim expresso porque levantou curiosidade, “quem quer saber o que pensa a sala sobre isto ou aquilo”?
ou talvez os alunos se sentiram importantes por estarem colaborando.
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A mini-palestra, apresentada pelos estagiários, teve como objetivo mostrar, de
forma sucinta, a energia, energia solar, o aproveitamento da energia solar, os alimentos, as
necessidades nutricionais do homem, fotossíntese. A idéia da palestra foi a de tentar mostrar
as relações que se estabelecem entre as várias áreas de conhecimento. Para a apresentação,
foi utilizado um vídeo de cerca de 5 minutos que tratou de energia, do sol, e da conversão da
energia da luz pelas plantas; nas transparências foi mostrada a relação:
alimento/nutrição/necessidade do corpo humano, e, em multimídia a fotossíntese. A mini-
palestra teve como objetivo realizar feedback sobre os assuntos “cobrados” através do Q1 e
Q2. Após a mini-palestra, sentiu-se a necessidade de conhecer o efeito da apresentação e
então foram aplicados novamente o Q1 e Q2.
5. ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
6. CROMATOGRAFIA
A observação da separação dos pigmentos da folha utilizando a técnica da
cromatografia foi realizada pela professora em sala de aula. A sala foi dividida em 8 grupos
com, no mínimo, cinco alunos por grupo. Cada grupo recebeu um pedaço de papel de filtro e
folhas verdes de plantas. Os alunos foram orientados para pressionar a folha numa das
extremidades do papel para obter uma mancha verde. Com o papel já com a mancha, os
alunos colocaram o papel, de forma que fosse mantido na posição vertical, dentro de um
becker contendo um filme de cerca de 5mm de álcool. Os alunos observaram a corrida, subida
para eles, do “extrato” da folha no papel de filtro. Observaram que a mancha verde
inicialmente observada dividiu-se em duas manchas, verde e amarela, ocupando posições
diferentes no papel. O que levou a professora a retomar o assunto célula, para falar sobre o
pigmento amarelo e onde se encontra. Nessa atividade, os alunos aprenderam também que é
possível separar substâncias misturadas. Pode-se também falar sobre capilaridade, sobre
afinidade entre substâncias, sobre peso molecular etc.
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Teste do lugol em plantas
Cada grupo recebeu dois vasos com plantas de soja; desses vasos, um foi
mantido sob condições de escuro durante 24 horas, num período de cinco dias. Os alunos
observaram as plantas identificadas pelo tratamento de luz e perceberam que plantas
crescidas no escuro estavam amareladas.
8. A AVALIAÇÃO DO PROJETO
A Biologia é considerada, pela grande maioria dos alunos, somente como uma
disciplina que trata de assuntos apenas teóricos e matéria “decoreba”.
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A proposta inicial foi feita apenas em parte, mas, aos poucos, verifica-se que a
participação das professoras vem aumentando e a dos alunos é mais comprometida com o seu
aprendizado.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DECI, E. L.; RYAN, R. M. Promoting self-determined education. Scandinavian Journal of
Educational Research, v. 38, n. 1, p. 3 -14, 1991
HOFFMANN, J. Avaliação Mito & Desafio, uma perspectiva construtivista. Editora Mediação,
Porto Alegre, 1991. p.128.
MOREIRA, M. A. Pesquisa em ensino: o vê epistemológico de Gowin. EEU, SP, 1990. p.94.
PACCA, J. I. A.; VIILLANI, A. A competência dialógica do professor de Ciências. Ata da XX
ANPED. Disquete do GT de Didática, Caxambu, MG, 1997.
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