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DIREITO PENAL
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/03/2015, DJe 6/4/2015.
AMPLA DEFESA
A CF/88 estabelece, em seu art. 5º, incisos LV e LXIII:
Art. 5º (...)
LV — aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LXIII — o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;
O Pacto de San José da Costa Rica, que vige em nosso ordenamento jurídico com caráter supralegal,
estabelece em seu art. 8º, inciso II, alínea “g”, que “toda pessoa tem direito de não ser obrigada a depor
contra si mesma, nem a declarar-se culpada”.
Por força desses dispositivos, a doutrina e a jurisprudência entendem que, no interrogatório, tanto na fase
policial, como em juízo, o réu poderá:
a) ficar em silêncio, recusando-se a responder as perguntas sobre os fatos pelos quais ele está sendo
acusado;
Obs.1: prevalece que o réu não pode negar-se a responder as perguntas relativas à sua qualificação, sendo
o direito ao silêncio relativo apenas à segunda parte do interrogatório.
Obs.2: o silêncio do interrogado não pode ser interpretado como confissão ficta, devendo ser encarado
pelo magistrado como mera ausência de resposta.
Obs.3: o direito ao silêncio também é conhecido como nemo tenetur se detegere.
LIMITES DA AUTODEFESA
A autodefesa é um direito ilimitado?
Não. A autodefesa não é um direito absoluto. Exemplo disso, já consagrado há muito tempo, é o fato de
que se o réu, em seu interrogatório, imputar falsamente o crime a pessoa inocente, responderá por
denunciação caluniosa (art. 399, CP).
Assim como no caso do uso de documento falso, também na hipótese de falsa identidade, o STF entende
que há crime quando o agente, para não se incriminar, atribui a si uma identidade que não é sua. Essa
questão já foi, inclusive, analisada pelo Pleno do STF em regime de repercussão geral:
O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da CF/88) não alcança aquele que atribui falsa
identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto,
típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP). O tema possui densidade constitucional e
extrapola os limites subjetivos das partes.
STF. Plenário. RE 640139 RG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2011.
Em suma, tanto o STF como o STJ entendem que a alegação de autodefesa não serve para descaracterizar
a prática dos delitos do art. 304 ou do art. 307 do CP.