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Escrita e Redação

Módulo II

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Sumário

Unidade 3 – Tipos de Redação...................................................................................... 3


3.1 – Narração........................................................................................................... 3
3.2 – Descrição ......................................................................................................... 4
3.3 – Dissertação....................................................................................................... 4
3.4 – Carta ................................................................................................................ 7
3.5 – Ofício............................................................................................................... 8
3.6 – Relatório ........................................................................................................ 11
3.7 – Ata ................................................................................................................. 12
3.8 – Resumo .......................................................................................................... 14
3.9 – Resenha.......................................................................................................... 17
3.10 – Poema .......................................................................................................... 20
3.11 – Autorização .................................................................................................. 21
3.12 – Declaração.................................................................................................... 22
3.13 – Redação empresarial e redação para processos seletivos ............................... 23
Unidade 4 – Conteúdo Complementar......................................................................... 27
4.1 – É quase igual, mas faz toda diferença ............................................................. 27
4.2 – O uso da crase ................................................................................................ 35
4.3 – A escrita de números ...................................................................................... 38
4.4 – Faça as devidas referências............................................................................. 41
4.5 – Perigos evitáveis no caminho para uma boa redação ....................................... 43
4.6 – Evite erros comuns ......................................................................................... 44
4.7 – Dicas importantes........................................................................................... 45
4.8 – Como turbinar seu desempenho em processos seletivos .................................. 46
4.9 – Os dez mandamentos de um bom texto........................................................... 47
5 – Análise de redações........................................................................................... 50
Conclusão do Curso .................................................................................................... 58
Unidade 3 – Tipos de Redação

A seguir, veremos os tipos de redações existentes e possíveis de serem pedidos


em provas de processos seletivos ou, em outros casos, utilizados diariamente.

3.1 – Narração

É uma explanação detalhada sobre um acontecimento ou sobre uma série de


fatos, ou seja, narrar é contar algo. Existem várias formas de narrativas: contos,
crônicas, parábolas, entre outros. A narração engloba seis pontos principais:

• O fato;
• Os personagens envolvidos no fato;
• Como o fato se deu;
• Quando o fato se deu;
• Porque o fato se deu;
• As consequências do fato.

Estes seis pontos são exatamente o que envolve a narrativa jornalística. Aliás,
que envolve o primeiro parágrafo das matérias de jornais, chamado de lead. Sendo
sempre as mesmas perguntas: o que, onde, como, por que e quando. As consequências
geralmente estão expostas no restante da matéria.

Exemplo:

Uma menina saiu de casa para ir até a escola em que estudava desde a primeira
série. Todos os dias ela pegava um ônibus que a deixava em frente a sua escola. Mas,
naquele dia, quando desceu do ônibus, havia acontecido um acidente com um amigo
seu. O garoto tinha sido atropelado!

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3.2 – Descrição

É muito comum, as pessoas confundirem este tipo de redação com a narração,


mas elas têm diferenças fundamentais que as caracterizam. A descrição também conta
com detalhes um acontecimento, porém ela preocupa-se mais com a caracterização de
pessoas, objetos e lugares. No entanto, é mais do que uma simples “fotografia”. Os
grandes textos descritivos dão uma visão nova daquilo que se vê todos os dias. Os
poetas costumam produzir grandes descrições.

Exemplo:

A menina saiu de casa para ir à escola. Ela tinha dez anos de idade e estava na
quarta série. Todos os dias, prendia seus cabelos negros e longos com elásticos
coloridos. Sua pele era clara e seus olhos grandes e castanhos. Adorava ir para à escola,
que era um ambiente muito agradável. Lá, a luminosidade dava ânimo para se cumprir
as atividades do cotidiano. Havia um grande número de salas e todas elas eram muito
bem organizadas e espaçosas.

3.3 – Dissertação

As dissertações tem sido o tipo de redação mais pedido em processos seletivos,


como vestibulares e concursos públicos. Este gênero permite que se desenvolva um
tema sobre os mais variados aspectos. Ela é baseada principalmente em uma análise e
sempre expõe ideias, motivo principal pelo qual tem sido utilizada de forma intensa nos
processos seletivos. Afinal, que melhor maneira de saber se alguém domina um assunto
da atualidade do que colocando para escrever sobre ele?

No desenvolvimento da dissertação é necessário ter raciocínio lógico. Eis a


importância de já estarmos informados sobre os aspectos que podem ser abordados em
determinados assuntos. Não podemos esquecer que o tempo é curto e dificilmente
teremos o luxo de parar para pensar em diversos aspectos de um mesmo tema. O
raciocínio pode ser de dois tipos: indutivo ou dedutivo.
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Raciocínio indutivo: é quando se utiliza experiências e observações para se
chegar a um princípio.

Exemplo:

• Pessoas idosas que praticam exercícios físicos vivem mais e melhor.


(experiência)

• 93% dos idosos que praticam exercício físico têm 90% menos chances de
um enfarte. (experiência)

• Os exercícios físicos proporcionam uma vida melhor e com menos


chances de infarto. (princípio)

Raciocínio dedutivo: quando você parte de uma norma para um fato específico.

Exemplo:

• Para passar no vestibular é necessário estudar muito. (norma)

• Luciana passou no vestibular. (fato específico)

• Luciana estudou muito e passou no vestibular. (fato específico)

Este tipo de redação exige que se tenha opinião. Sejamos coerentes ao transmitir
o nosso ponto de vista, descartando expressões como: na minha opinião, creio que, eu
acho, acredito piamente, entre outras. Estas expressões, certamente, darão um
aspecto negativo ao texto. Vamos considerar como terminantemente proibido usar a
primeira pessoa (eu) nas dissertações. A menos que seja pedido, o uso do “eu” só vai
prejudicar a redação. Precisamos lembrar de aspectos que deixam a estética do texto
infinitamente melhor, como:

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• Dar um espaço de margem para os inícios dos parágrafos;

• Uma dissertação tem no mínimo três parágrafos;

• Não destacar frases que acha mais importante. Isto é uma redação e não
um trabalho escolar;

• Nunca esquecer do título. Este é um erro muito comum que pode fazer
com que muitos candidatos passem na nossa frente;

• Nunca começar o texto com a mesma frase do título;

• O tempo verbal deve ser um só. Se começar a escrever no passado, não


mude para o presente no caminho, a não ser que isto seja imprescindível.

A melhor estrutura para se utilizar na construção de um texto dissertativo é a


seguinte:

introdução + desenvolvimento (argumentação) + conclusão

Proposta de exercício 6

Faça uma dissertação de 25 a 30 linhas, abordando o seguinte tema:

“A Copa do Mundo de 2014 no Brasil: benefício ou prejuízo para os


brasileiros?”

Pense em tudo o que já leu e ouviu sobre o tema em diferentes fontes, isto é
importante para que crie bons argumentos. Não se esqueça de colocar um título.
Imagine que estar participando de um processo seletivo, limite-se a um tempo máximo
de 40 minutos. Cabe lembrar que a dissertação deve conter: introdução,
desenvolvimento e conclusão.
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3.4 – Carta

Esse também pode ser um gênero de


redação pedido em vestibulares. Embora não
percebamos, as cartas, muitas vezes, estão
presentes em nosso dia a dia. Quando
escrevemos um e-mail para um amigo, por
exemplo, contando sobre algum
acontecimento, estamos redigindo uma carta.
Ela também é muito usada em locais de
trabalho, contendo características mais formais
para atender às necessidades da empresa, como
os pedidos burocráticos.

Independente de qual seja a função, a carta deve seguir uma estrutura.


Começaremos com o local e a data, a seguir identificamos a pessoa a quem ela se
destina (destinatário), seguido por vírgula e em seguida iniciamos o texto. Após
escrevermos o texto, finalizamos colocando o nosso nome (remetente). Vejamos o
exemplo a seguir:

São Paulo, 12 de fevereiro de 2012.

Prezado Diretor,

Gostaria de solicitar melhoras no local de trabalho para que minha função possa ser
exercida com maior eficiência. No momento, preciso de consertos em meu computador,
pois seu desempenho tem prejudicado o andamento dos processos administrativos.

Atenciosamente,
João da Silva.

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Proposta de exercício 7

Imagine que você é um cidadão inconformado com a atual situação da ausência


de asfaltamento em seu bairro e resolve mandar uma carta ao vereador, exigindo as
devidas providências junto à prefeitura. Não se esqueça de usar a linguagem padrão da
língua portuguesa, seguindo as características e estruturas exigidas para este tipo de
gênero textual: a carta.

3.5 – Ofício

Ofício é o meio de comunicação utilizado entre dirigentes de órgãos e entidades,


titulares de unidades, autoridades e secretárias em geral. Usualmente, tem como
objetivo solicitar ou reivindicar algo a um superior. Podemos definir como uma “carta
oficial”. Assim sendo, exige-se uma linguagem estritamente formal, impessoal, clara,
pontual e concisa. Podem ser endereçados também a particulares e se caracterizam não
só por obedecer à determinada estrutura, mas, também, pelo formato do papel (formato
ofício).

Estrutura:

1. Designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

2. Denominação do ato – OFÍCIO;

3. Numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do


número;

4. Vocativo – Senhor e o cargo do destinatário, seguido de vírgula;

5. Texto – exposição do assunto;

6. Fechamento – Atenciosamente, seguido de vírgula;


8
7. Assinatura;

8. Nome;

9. Cargo;

10. Destinatário – tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/estado.

Observações:

• Se o ofício tiver mais de uma folha, numere as subsequentes com


algarismos arábicos, no canto superior direito, a partir do número dois;

• O destinatário deve figurar sempre no canto inferior esquerdo da


primeira página.

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Exemplo:

São Paulo, 22 de abril de 2012.

Ofício nº. 012/5829

À
Prefeitura Municipal de São Paulo

Pedido de Autorização

A Casa de Maria, inscrita no CNPJ nº. 00000000, com sede à Rua João Alves, 41
– Vila Rica, vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria solicitar autorização para
realização da 1ª Festa Beneficente Casa de Maria, na Praça dos Bandeirantes, em 14 de
junho, às 12:00.

O evento se destina à arrecadação de verba para a construção de uma oficina de


música para o entretenimento e educação das menores. Espera-se um público de mil
pessoas. Certos do deferimento do pedido, aguardamos a autorização.

Atenciosamente,

(assinatura)
Francisca do Amaral
Diretora

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3.6 – Relatório

Relatório é o documento em que


se relata, ao superior imediato, a
execução de trabalhos referentes a
determinados serviços ou a um período
relativo ao exercício de cargo, função ou
desempenho de atribuições. O relatório
deve obedecer a uma linguagem concisa,
exata e clara.

Estrutura:

1. Designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

2. Denominação do ato – RELATÓRIO;

3. Numeração/ano – sigla do órgão emissor, local e data na mesma


direção do número;

4. Assunto;

5. Vocativo – Senhor e o cargo do destinatário, seguido de vírgula;

6. Texto – é a exposição do assunto e consta de:

• Apresentação – refere-se à finalidade do documento;


• Desenvolvimento – explanação dos fatos de forma sequencial;
• Conclusão – resultado lógico das informações apresentadas;

7. Fechamento;

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8. Assinatura;

9. Nome;

10. Cargo;

11. Destinatário – tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/estado.

Observações:

• Se o relatório tiver mais de uma folha, numere em subsequência com os


algarismos arábicos (comuns);

• Há várias modalidades de relatório: roteiro, parcial, anual, eventual, de


inquérito, de prestação de contas ou contábil, de gestão e administrativo;

• O destinatário deve figurar no canto inferior esquerdo da primeira


página, quando não for encaminhado por um documento.

3.7 – Ata

Ata é o documento que registra,


com o máximo de fidelidade, o que se
passou em uma reunião, sessão pública
ou privada, congresso, encontro,
convenção, assembleias e outros eventos;
serve para comprovação, inclusive legal,
das discussões e resoluções tomadas.

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Observações:

• A redação obedece sempre às mesmas normas, quer se trate de


instituições oficiais ou entidades particulares. Escreve-se seguidamente,
sem rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou espaços em
branco;

• A linguagem utilizada na redação é bastante sumária e quase sem


oportunidade de inovações, exatamente por sua característica de simples
resumo de fatos. Também, em decorrência disso, os verbos são
empregados sempre no tempo passado e, tanto quanto possível, devem
ser evitados os adjetivos;

• A redação deve ser fiel aos fatos ocorridos, sem que o relator emita
opinião sobre eles;

• Sintetiza clara e precisamente as ocorrências verificadas;

• Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as retificações feitas


anteriormente;

• O texto é manuscrito, digitado ou se preenche um formulário existente,


como é usual em estabelecimentos de ensino, por exemplo;

• Para os erros constatados no momento da redação, dependendo do tipo


de ata, emprega-se a partícula retificativa "digo";

• Se forem notados erros após a redação, há o recurso da expressão "em


tempo";

• Os números fundamentais, datas e valores, de preferência, são escritos


por extenso.
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Exemplo:

Ata de eleição

No dia sete do mês abril do ano de dois mil e doze, às dez horas da manhã, ocorreram as eleições
do Centro Acadêmico, na Universidade Escolha Certa. Concorreram, nestas eleições, as chapas
“De Braços Abertos” e “De Volta à Luta”. Durante a eleição, houve trezentos votos de alunos
regularmente matriculados nesta instituição. Entretanto, obteve-se zero voto em branco e
cinquenta nulos. A chapa “De Braços Abertos” recebeu cento e cinquenta votos, a chapa “De
Volta à Luta” teve cem votos. Foi eleita a chapa “De Braços Abertos” para a gestão de um ano,
cujos membros são José Feliciano Neto (presidente), Letícia Sobreira do Amaral (vice-
presidente) e Bruno de Souza Miranda (secretário geral).

Maria Alice Pinheiros (assinatura)


Representante da Comissão Eleitoral

José Feliciano Neto (assinatura)


Representante da Chapa Eleita

Juliana Amorim Cabral (assinatura)


Representante da Gestão Anterior

Proposta de exercício 8

Imagine-se como síndico de um condomínio no qual houve uma reunião para


resolver problemas dos condôminos. Crie situações que foram conversadas e resolvidas
durante esta reunião e escreva uma ata.

3.8 – Resumo

O resumo tem por objetivo apresentar com fidelidade ideias ou fatos essenciais
contidos em um texto. Sua elaboração é bastante complexa, já que envolve habilidades
como leitura competente, análise detalhada das ideias do autor, discriminação e
hierarquização dessas ideias e redação clara e objetiva do texto final. Em contrapartida,
dominar a técnica de fazer resumos é de grande utilidade para qualquer atividade
intelectual que envolva seleção e apresentação de fatos, processos, ideias etc.

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O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo ao qual se
destina. No sentido exato, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto
original. A ordem como são apresentadas e as articulações lógicas do texto não devem
emitir comentários ou juízos de valor. Dito de outro modo, trata-se de reduzir o texto a
uma fração da extensão original, mantendo seus pontos essenciais.

Quando não há a exigência de um resumo formal, o texto pode igualmente ser


sintetizado de forma mais livre, com variantes na estrutura. Uma maneira de fazê-lo é
iniciar com uma frase do tipo: "No texto ....., de ......, publicado em ......., o autor
apresenta/discute/analisa/critica/questiona ....... tal tema, posicionando-se .....". Esta
forma tem a vantagem de dar ao leitor uma visão prévia e geral, orientando, assim, a
compreensão de que segue. Este tipo de síntese pode se for pertinente, vir acompanhada
de comentários e julgamentos sobre a posição do autor do texto e até sobre o tema
desenvolvido.

Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensáveis:


buscar a essência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e
fazer uma "colagem", sob a alegação de buscar fidelidade ao que se está escrito, não é
permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de "filtragem", uma
(re)elaboração. Se for conveniente utilizar algo a mais do que o original (para reforçar
algum ponto de vista, por exemplo), esses devem ser breves. Uma sequência de passos
eficientes para fazer um bom resumo é a seguinte:

• Ler atentamente o texto a ser resumido, assinalando nele as ideias que


forem parecendo significativas na primeira leitura;

• Identificar o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto


opinativo, uma receita, um discurso político, um relato cômico, um
diálogo etc.);

• Identificar a ideia principal;

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• Identificar a organização, as articulações e movimento do texto (o modo
como as ideias secundárias se ligam logicamente à principal);

• Identificar as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por


exemplo: segundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes
níveis de importância; segundo pontos em comum, quando se
perceberem subtemas);

• Identificar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e


outras vozes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar
no resumo formal, apenas no livre, quando necessário);

• Esquematizar o resultado deste processamento;

• Redigir o texto.

Evidentemente, alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros,


dependendo especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um
texto não muito longo e cuja estrutura seja perceptível na primeira leitura, apresentará
poucas dificuldades para quem o resume. De todo modo, quem domina a técnica – e
este domínio só se adquire na prática – não encontrará obstáculos na tarefa de resumir,
qualquer que seja o tipo de texto.

Resumos são ferramentas úteis ao estudo e à memorização de textos escritos.


Além disso, textos falados também são passíveis de resumir. Anotações de ideias
significativas ouvidas no decorrer de uma palestra, por exemplo, podem vir a constituir
uma versão resumida de um texto oral.

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Proposta de exercício 9

Acesse o site: http://www.releituras.com/biografias.asp

Escolha a biografia de um escritor e escreva um resumo de 15 linhas sobre a


vida e a obra do escritor escolhido. Atenção: escreva somente o essencial, não omita
informações importantes, escreva com as suas palavras e não copie do texto da
internet.

3.9 – Resenha

Podemos dizer que a resenha é um resumo crítico no qual é feita uma rápida
análise. Neste tipo de resumo, o autor além de resumir, irá assumir uma postura crítica
diante daquilo que está relatando. Por isso, na maioria das vezes, a resenha é escrita por
um especialista no assunto que está sendo tratado. Resenhas de livros, por exemplo, são
escritas por quem entende de literatura. O objetivo da resenha em jornais e revistas, na
grande parte dasa vezes, é o de divulgar livros, filmes ou eventos. É também bastante
utilizada no meio acadêmico.

Nela deve constar: título, referência da obra ou do evento do qual se fala, síntese
do conteúdo e crítica. Seu tamanho geralmente se restringe a uma ou, no máximo, duas
páginas, em caso de publicação em revistas e jornais pode ocupar até metade de uma
página.

Quando escrevemos uma resenha, devemos ter em mente que o leitor não
conhece a obra ou evento de que estamos falando, por isso o resumo é tão importante.
Devemos observar que a nossa opinião deve transparecer e que devemos tentar
convencer o leitor sobre o que estamos falando, entretanto, argumentos também são
importantes, embora não precisemos buscar muitas fontes para isto. A resenha pode
fazer com que o leitor sinta vontade de ler o livro, ou assistir o filme, a peça etc, sobre o
qual estamos falando ou o despreze antes mesmo de conhecer. O mais importante,
geralmente, é despertar a curiosidade do leitor para aquilo que estamos divulgando.
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Importante:

1 – Embora tenhamos que deixar bem claro a nossa opinião e posição em relação
ao que está sendo abordado, temos que evitar de usar termos como: “eu acho”, “eu
penso”, “na minha opinião”, nem qualquer outra marca de primeira pessoa, exceto se
você for alguém muito reconhecido na área. Caso contrário, o melhor a fazer é
generalizar a opinião como se fosse uma verdade universal, isto também é essencial
para que se convença o leitor.

2 – A crítica não deve aparecer no final da resenha, após ser feito um resumo.
Ela deve permear em todo o texto.

Exemplo:
Ensaio sobre a barbárie

Não se pode dizer que Ensaio sobre a Cegueira seja o melhor livro de José
Saramago. No entanto, a obra pode ser considerada especial, porque é uma critica ao
egoísmo, ao desprezo humano pela sua própria humanidade, à falta de solidariedade e,
principalmente, ao medo humano.

Saramago trata do sentimento de pavor com extrema ironia – todos


os personagens no decorrer da história agem por medo, transformando suas atitudes em
ações primitivas. O medo é gerado pela cegueira branca, metáfora inédita, que significa
o absoluto, o valor no seu limite e a mudança de condição. Essa brancura coloca em
exposição a pequenez do homem, à mercê de sua mesquinhez escondida sob a capa da
civilidade.

Existe um ditado que diz “em terra de cego quem tem olho é rei”. Na história
esta ideia se concretiza de forma assustadora, pois existe uma única pessoa que pode
enxergar: a mulher do médico. Mas, ao contrário do que reza o dito, nada há de
confortável ou de privilégio em ser o monarca: ela, ao mesmo tempo em que vira uma
válvula de escape para seu grupo, sofre exatamente porque vê as piores e inimagináveis

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cenas e fatos que alguém poderia ver. Com maior clareza ela enxerga a brutalidade, a
zoomorfização das pessoas, a barbárie humana em pleno século XX.

Esta barbárie humana não é algo novo na história da humanidade: ela já esteve
presente cotidianamente, desde o Egito Antigo, quando Faraós escravizavam pessoas e
as tratavam como animais. Desde então, a situação vem piorando, e um dos exemplos
mais recentes disso é a Guerra do Iraque, na qual os Estados Unidos criou e mantém o
conflito por interesses individuais e em que ações primitivas se mostram quase que sem
constrangimentos pela mídia – estupros, torturas físicas e psicológicas recorrentes.
Ensaio sobre a Cegueira trata desse assunto de uma forma dramática e aterrorizante: o
narrador expõe a animalidade humana sem deixar uma fresta de conforto ao leitor: a
cegueira, súbita e branca contagia, primeiro, um homem que espera um sinal
vermelho abrir. Depois dele, aos poucos, outras pessoas vão ficando cegas e a ”treva
branca” se alastra. Para prevenir que outras pessoas se contagiem, o governo manda um
grupo de cegos para quarentena num manicômio, onde elas sofrem com a falta de
higiene, com a fome, com a humilhação, com os conflitos internos e externos: de
seres civilizados, passam a seres brutalizados.

Ensaio sobre a Cegueira é uma obra literária que precisa ser lida por reunir a
linguagem filosófica e ao mesmo tempo irônica de José Saramago, que, ao desmascarar
o caráter brutal humano, este a grande desgraça da humanidade, o faz, de forma tocante,
levando o leitor a refletir sobre sua atuação no mundo.

Joana Saar

(Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/resenhas-finalistas/joana-
saar/#comments)

Proposta de exercício 10

Faça uma resenha do último livro que você leu ou do último filme que assistiu.
Lembre-se: você deve apresentar o livro ou filme para alguém que ainda não leu ou

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assistiu, por isso faça um bom resumo, não omita informações importantes da história.
Sua crítica pode ser negativa ou positiva e deve aparecer desde o começo do texto.

3.10 – Poema

O poeta, ao produzir uma obra, normalmente fundamenta-se em seus


sentimentos e, na intenção de expressar os mesmos para outras pessoas, escolhe uma
forma que seja a ideal. As poesias geralmente são escritas em
versos, passando assim a serem chamadas de “poemas”, podem
ter rimas e podem se apresentar com estruturas diferentes, em
relação à quantidade de versos.

É importante saber diferenciar a poesia do poema. Podemos


dizer que poesia é a arte, a capacidade de transformar
sentimentos e emoções em linguagem. Já o poema é uma
estrutura, muitas vezes é a poesia colocada em versos. A poesia
é muito mais livre e pode ser encontrada em outros gêneros literários, não se restringe a
forma de um poema, ela pode estar presente, por exemplo, em uma música, ou ser
escrita em prosa (frases completas, parágrafos, capítulos etc). Assim, também, nem
sempre em um poema encontraremos temas emotivos. Embora poesia e poema
apareçam muitas vezes ligados, um ao outro, e considerados em muitos lugares como
sinônimos, é importante saber que ambos são conceitos diferentes e independentes um
do outro. Podemos dizer que poesia é algo abstrato, enquanto que poema é algo
concreto, uma maneira da poesia encontrar forma.

Exemplo:

Meu Sonho
Parei as águas do meu sonho
Para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
Ficou por cima, a procurar...
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Os pássaros da madrugada
Não tem coragem de cantar,
Vendo o meu sonho interminável
E a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra
Perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
Porque insisto em te imaginar?
Quando vierem fechar meus olhos,
Talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta
E que vens, se o tempo voltar.

Cecília Meireles

3.11 – Autorização

As autorizações são utilizadas em muitos momentos do cotidiano. Podem


exercer funções mais complexas como a permissão que um chefe concede a um
funcionário, permitindo a ele determinado ato que influencia no processo de trabalho
dentro de uma empresa. Ou, ainda, pode ter uma função mais simples, como a
autorização que um pai dá ao filho, menor de idade, para que ele possa fazer algo como
sair mais cedo da escola.

De qualquer forma, as autorizações também devem seguir algumas regras para


que pareçam realmente algo sério e tenham valor, podendo alcançar o objetivo a que
foram destinadas. Para tanto, uma autorização deve ter: o nome do destinatário, o texto,
o que o autor está autorizando, o nome do autor seguido de sua assinatura, local, data e
identidade.

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Exemplo:

Autorização

À Diretora da Escola Municipal João Antônio Neto.

Eu, Paulo Menezes, pai do aluno Rafael Menezes da 4ª série do ensino fundamental,
autorizo meu filho a sair da escola, na presente data, uma hora antes do horário normal, por
motivos familiares.

Desde já agradeço,

Paulo Menezes

RG. 25.896.752-8
São Paulo, 15 de março de 2012.

3.12 – Declaração

O próprio nome já diz, usamos uma declaração quando precisamos declarar/


afirmar/comprovar a existência de algo.

Ela se parece com uma autorização no que diz respeito à estrutura. Uma
declaração também deve conter: nome do destinatário; informação que está sendo
declarada, dados do autor; assinatura; data e local.

22
Exemplo:

Declaração

Eu, Paulo Menezes, portador do RG. 25.896.752-8 e do CPF 986.725.745.65,


residente e domiciliado na Av. Cândido do Portinari, 758 – na cidade de São Paulo, na
qualidade de diretor da Escola Paulista de Idiomas, declaro para os devidos fins que
Bruno Ferreira, portador do RG. 45.945.256-3 e do CPF 365.742.684-89, é aluno
regularmente matriculado na Escola de Idiomas Paulista, localizada na Rua Conde
Marachás, 457 – na cidade de São Paulo e frequenta as aulas regularmente.

Atenciosamente,

Paulo Menezes,
São Paulo, 22 de abril de 2012.

3.13 – Redação empresarial e redação para processos seletivos

Como já citamos, anteriormente, na hora de escrever um texto é sempre


necessário analisar o contexto em que ele será redigido, bem como suas funcionalidades
e propósitos. Textos utilizados para fins específicos terão suas características peculiares,
buscando sempre atender a função a que se destina. Neste capítulo, vamos falar um
pouco a respeito de textos escritos em ambientes de empresas e, portanto, voltados para
o trabalho e textos escritos em provas de processos seletivos, dirigido para noções mais
gerais da escrita.

23
Redação empresarial

Uma redação redigida no interior de uma


empresa certamente tem objetivos definidos e um
assunto específico. Ela normalmente carece de um
vocabulário que também seja específico e atenda
às necessidades da empresa.

Uma empresa voltada para a administração


usará termos desta área, um local de trabalho ligado ao ramo da saúde, dependerá de
palavras específicas deste meio e assim por diante.

No entanto, apesar das peculiaridades de cada uma, todas as redações devem


continuar seguindo passos e características fundamentais de todo texto, como a
uniformidade, a objetividade, a coerência e a coesão.

Como obter uniformidade:

Quando falamos em correspondência na empresa (principalmente nas grandes),


falamos automaticamente em uma quantidade gigantesca de papel, em uma enorme
massa de informações a serem produzidas diariamente, em uma diversidade respeitável
de destinatários: órgãos públicos, empresas coligadas, prestadoras de serviços, revendas
e público interno. Isso, naturalmente, ainda envolve peculiaridades regionais, formações
profissionais distintas, níveis de escolaridade (os mais diversos possíveis), afora o
sempre decantado estilo pessoal.

Não há, portanto, outro caminho que não o da busca da uniformidade, sem a qual
os textos produzidos se transformam em verdadeira “Torre de Babel”. Como então obtê-
la?

24
Uniformidade quanto à seleção do vocabulário

Os textos gerados na empresa devem permitir uma única interpretação. Portanto,


a palavra a ser utilizada deve:

• Ser de uso comum ao conjunto de usuários do idioma;

• Ser simples e menos rebuscada possível;

• Ser capaz de informar com o máximo de precisão e objetividade.

Sendo assim, faz-se necessário que evitemos os seguintes atos:

1 – Neologismos (inventar palavras) – A linguagem oral, por sua natureza


dinâmica, incorpora automaticamente todos os tipos de transformações das quais
passam a sociedade. Já a linguagem escrita tem um compromisso de preservar hábitos
culturais, que permitam que os usuários se comuniquem por intermédio de um único
idioma.

É natural, portanto, que a linguagem escrita incorpore as inovações e as


transformações de forma mais lenta, impedindo que a comunicação entre os falantes
fique prejudicada. O neologismo deve ser substituído por palavras dicionarizadas ou de
uso consagrado.

2 – Clichês e lugares comuns – Uma redação empresarial não deve incorporar


coloquialismos, cuja repetição transformou algumas expressões em frases feitas,
caricaturais e provincianas. Os clichês só contribuem para tornar o texto pesado, vicioso
e, consequentemente, pouco expressivo.

Nem por isso, as redações empresariais devem ser construídas com vocabulário
de difícil acesso ou entendimento. Como já dito, todo texto tem que ser claro e objetivo.

25
E-mail empresarial

Assim como na redação, um e-mail


empresarial também deve seguir algumas regras. A
maioria das pessoas está habituada com a linguagem
informal utilizada na internet e, na hora de escrever
um e-mail corporativo, acaba por pecar em alguns
aspectos, usando uma linguagem inadequada para o
ambiente de trabalho. Pode não parecer, mas
escrever um e-mail também pode exigir cuidados.

Ao escrever um e-mail relacionado ao trabalho, devemos ficar atentos à


linguagem; não podemos utilizar abreviações, gírias ou recursos da internet como
emotions; devemos finalizá-lo com uma saudação (Atenciosamente/Cordialmente);
colocando nosso nome e o setor do qual trabalhamos na empresa.

Redação para processos seletivos

Quanto aos processos seletivos, vamos


continuar utilizando a norma padrão da língua
portuguesa, porém com vocabulários mais gerais
e menos específicos. Os assuntos abordados para
vestibulares e concursos públicos costumam
estar na mídia e, sempre colocados através de
uma linguagem que seja mais universal, para que
todos os tipos de leitores possam compreendê-
los. Em um processo seletivo, também temos que partir do princípio de que não
conhecemos o nosso leitor e, portanto, torna-se necessário escrever um texto acessível
aos mais diversos públicos.

Sendo assim, o segredo é seguir as regras básicas expostas até o momento, ou


seja, ser claro, objetivo, conciso, coerente e coeso.

26
Unidade 4 – Conteúdo Complementar

4.1 – É quase igual, mas faz toda diferença

Agora, vamos esclarecer algumas dúvidas ortográficas que são muito comuns e
que se cometidas podem “sujar” muito o texto, nos colocando em grande desvantagem,
além de poder dar um sentido diferente do que desejamos. Erros deste tipo são muito
malvistos por quem entende e analisa redação.

1) Por que x Porque/Por quê x Porquê/Porque x Porquê

Usa-se a forma por que:

a) Sempre que for possível acrescentar: motivo, causa,


razão, coisa:

• Não sei por que (motivo) eles brigaram.


• Por que (razão) eles saíram?
• Por que (coisa) você se interessa no momento?
• Por que (causa) você luta?

b) Sempre que for possível substituir por uma das expressões: pelo qual, pela qual,
pelos quais e pelas quais:

• Esta é a razão por que (pela qual) eu não saí ontem.

Usa-se a forma porque:

a) Geralmente introduzindo explicação ou causa:

• Não reclames, porque é pior.


• Faltou à aula porque estava doente.
27
b) Nas orações interrogativas em que a resposta já é sugerida:

• Você não veio porque estava doente?

Usa-se a forma por quê:

a) Quando se refere a um dúvida ou pergunta e aparece antecedido de pontuação:

• Mário saiu e não disse por quê?


• Por quê? Você não acredita em mim?
• Não sei por quê, mas acho que fui enganado.

Usa-se a forma porquê:

a) Quando é substantivo, pode ser substituído por “motivo” ou “causa”:

• Ele não veio e ninguém sabe o porquê.


• O porquê de sua desistência ninguém ficou sabendo.

2) Senão/Se não:

Usa-se a forma “senão” equivalendo a:

a) do contrário: Saia daí, senão vai se molhar.


b) a não ser: Não faz outra coisa senão reclamar.
c) mas sim: Não teve a intenção de exigir, senão de pedir.
d) defeito, falha: Houve um senão em sua exposição.
Usa-se a forma se não:

a) igual a “caso não”:

• Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora.


28
b) introduzindo oração com conjunção integrante:
• Perguntou se não era tarde.

3) Há/a /a /à

a) A forma há equivale ao verbo haver, indicando tempo decorrido, neste caso, não
existe plural. Pode ser substituída por “faz”.

• Não o vejo há (faz) quinze dias.


• Há quatro anos ele foi eleito como prefeito.

Observação:

Não use o advérbio atrás, seguido de há. Isto é redundante e é considerado um


erro. A forma há, também pode corresponder a “existe”, neste caso não se faz
concordância:

• Há pelo menos cinco lojas de roupa nesta rua.

b) A forma a é preposição, indicando futuro, ou distância geográfica:

• Sairei de casa daqui a duas horas.


• Moro a dois quilômetros da escola.

A forma a também corresponde ao artigo definido utilizado antes de palavras


femininas no singular:

• A Maria não volta mais aqui.

29
c) Ah é uma interjeição. Esta forma é utilizada quando queremos expressar algum
sentimento ou emoção:

• Ah, que alívio! Pensei que nunca fosse conseguir chegar até aqui.

d) À é o que chamamos de crase.

Representa uma fusão do a (as) que é um artigo com o a que é uma preposição:

• Fui a (para) a feira. = Fui à feira.

Também representa a fusão da preposição a com o pronome demonstrativo a


(as):

• Minha blusa é idêntica à da minha colega.

Veja no próximo capítulo mais regras sobre o uso da crase.

4) Nenhum/Nem um

a) Nenhum é empregado como antônimo de “algum”, significa “nulo”, “inexistente”:

• Entrou na casa sem que nenhum morador o notasse.

b) Nem um equivale a “nem um sequer”, nem um único:

• Nem um morador do prédio apareceu para a reunião.

5) Afim/A fim

a) Afim significa “semelhante”, “relacionado”:

30
• Temos gostos afins.
• Vou à papelaria comprar caderno, lápis e afins.

b) A fim (de) equivale a “para”, “com o propósito (de)”, “com a intenção (de)”:

• Procurei-o a fim de conversar.

Observação:

A fim (de) também tem sido usado com o propósito de dizer que se está “interessado”
por alguém ou com “vontade” de fazer alguma coisa:

• Jorge está a fim daquela garota que conhecemos semana passada no bar.
• Estou a fim de ir ao cinema.

6) À medida que/Na medida em que

a) À medida que = à proporção que:

• Alfredo construía a casa à medida que recebia as comissões.

b) Na medida em que = considerando que:

• Na medida em que não sou rico, não posso comprar um carro novo.

7) Ao encontro de/De encontro a

a) Ao encontro de indica conformidade, acordo:

• Os governantes deveriam ir ao encontro das necessidades do povo.

31
b) De encontro a indica oposição, conflito:

• Infelizmente seu pedido vai de encontro a nossas posses.

8) Aonde/Onde

a) Aonde deve ser usado com verbos que indicam movimento:

• Aonde (para onde) você vai?

b) Onde refere-se a lugar físico:

• A casa onde mora é bonita.

9) Ao invés de/Em vez de

a) Ao invés = ao contrário de:

• Ao invés de virar à esquerda, virou à direita.

b) Em vez de = no lugar de:

• Em vez de tomar leite, tomou chá.

10) Mal/Mau

a) Mal é antônimo de bem:

• Ele procedeu mal.


• Qual é a origem do mal?

32
Observação: Também pode ser conjunção temporal (= LOGO QUE):

• Mal deixou a casa, bateram à porta.

b) Mau é antônimo de bom:

• Sempre foi mau pagador.


• O mau tempo atrapalhou.

11) Tampouco/Tão pouco

a) Tampouco é advérbio. Significa também não:

• Não realizou a tarefa, tampouco apresentou qualquer justificativa.

b) Em tão pouco, temos o advérbio de intensidade tão modificando pouco, que pode
ser advérbio ou pronome indefinido:

• Tenho tão pouco entusiasmo pelo trabalho!

12) Cessão/ Sessão/Seção (Secção)

a) Cessão: ato de ceder:

• João fez a cessão dos seus direitos autorais.

b) Sessão: intervalo que dura uma reunião:

• Assistimos a uma sessão de cinema.

33
c) Seção ou secção: parte de um todo.

• Lemos à notícia na seção (ou secção) policial.

13) Mais bem/Melhor

a) Mais bem – usa-se antes de verbo no particípio:

• São os alunos mais bem preparados do colégio.

b) Melhor – usa-se antes de verbo que não esteja no particípio ou outras palavras:

• São bem melhores do que nós.

14. Demais/De mais

a) Demais é advérbio de intensidade e equivale a muito:

• Elas falam demais.

Também pode ser usado como substantivo, significando “os restantes”:

• Chegaram 11 jogadores para jogar; os demais ficaram no banco.

b) De mais é locução prepositiva e possui sentido oposto a de menos:

• Não haviam feito nada de mais.

34
15) Mas/Mais

a) Mas é usado para dar sentido de adversidade:

• O menino estava feliz, mas chorou ao se machucar.

b) Mais é usado para dar sentido de intensidade e como contrário de menos, indicando
quantidade:

• O menino pediu que lhe dessem mais chocolate.

4.2 – O uso da crase

A crase é a união da vogal “a” com o acento grave (`) e possui a função de
representar a fusão entre a preposição “a” com o artigo “a”, ou da preposição “a” com
pronome demonstrativo “a (as)” ou ainda, da preposição “a” com os pronomes
demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)”, “aquilo”.

O uso da crase exige tantos cuidados que preparamos este capítulo com algumas
regras para facilitar o entendimento na hora que surgir uma dúvida.

Confira algumas regras sobre o uso da crase:

• Somente ocorre antes de palavras femininas;

• É usada na indicação de horas ou parte do dia;

• Obrigatória antes de locuções adverbiais (à parte, à beça, à espera, à margem...);


prepositivas (à força de, à custa de, à espera de...) e conjuntivas (à medida que, à
proporção que...) formadas de substantivos femininos;

35
– “Aldo permaneceu calado, à espera.” (Fernando Sabino);
– Dormiram à espera de que tudo estivesse melhor no dia seguinte;
– À proporção que o menino crescia, a mãe o enchia de mimos.

• Acontece na fusão da preposição “a” com o pronome demonstrativo “a” com


“aquele(s)”, “aquela(s)”, “aquilo”;

• Não há crase antes da palavra “casa” se estiver empregada com o sentido de


“lar”, “residência”. Contudo, há crase na palavra “casa” se indicar
estabelecimento comercial ou for seguida de adjunto;

– Chegamos a casa às 11 da noite.


– Fui à casa de Maria ontem à noite.

• Não há crase antes da palavra “terra” quando esta se refere ao solo;

– “À noite já está embarcado, e nem desce a terra para esperar a maré.” (O.
Costa Filho)

– “Tanto eu quanto minha mulher já estávamos ajustados à terra e à gente de


Portugal.” (J. Montello)

• Ocorre com a palavra distância somente se significar “na distância” ou estiver a


distância estiver determinada;

– Estava à distância de cem metros.

• Com a locução prepositiva “até a” seguida de palavra feminina;

• Com os pronomes relativos: a qual, as quais, se o antecedente for feminino;

36
• Com o pronome relativo que antecedido do pronome demonstrativo “a” ou “as”
(mesmo sentido de “aquela, aquela”).

– Esta bagunça está muito pior à que fizeram na semana passada.

A crase é facultativa:

• Antes de nomes próprios femininos;

• Antes de pronomes possessivos femininos;

– Entreguei a carta à sua irmã... ou Entreguei a carta a sua irmã.

• Depois da preposição “até”.

Não há crase:

• Antes de nomes masculinos;

• Antes de nomes femininos, no plural, empregados sem artigo;

– Nunca foi chegada a bebidas.

• Antes de verbos;

– Põem-se a fazer tudo o que for preciso.

• Antes de artigo indefinido;

– Pedirei a uma colega que faça isso em seu lugar.

37
• Antes de pronomes pessoais e de tratamento (com exceção de “senhora,
senhorita e dona”);

• Antes de pronomes indefinidos;

• Antes dos demonstrativos “esta” e “essa”;

• Em locuções adverbiais constituídas de palavras repetidas: dia a dia, frente a


frente, ponta a ponta etc;

• Antes de expressões ou locuções adverbiais de instrumentos;

• Antes de nomes de cidades que não levam artigo;

– Vou a Paris.

• Antes dos pronomes relativos quem e cujo.

4.3 – A escrita de números

Em diversas situações nos vemos obrigados a


escrever números. Escrever “2” ou “dois”? “2 milhões”
ou “2.000.000”? Vejamos, abaixo, algumas regras simples
que padronizam a escrita de números e que facilitam a
leitura:

A) De um a dez, escrevemos por extenso e de 11 em


diante, em algarismos, com exceção em início de frase. Esta regra se aplica também aos
numerais ordinais:

• Duzentos estagiários serão demitidos.


• O décimo segundo da lista desistiu.
38
B) Cem, mil, milhão, bilhão, etc, devem vir por extenso:

• O efeito sobre o balanço foi um custo adicional de US$151 milhões.


• A Petrobrás tem uma dívida a receber do Governo de US$3 bilhões.

C) Escreva em algarismos quando números abaixo e acima de 11 estiverem lado a


lado.

• Serão convidadas de 6 a 15 pessoas.

D) Com mil, milhão, bilhão, trilhão prefira a forma mista:

• Já consultamos 3 mil revendas.


• Das subsidiárias da Petrobrás, apenas a BR apresentou lucro de US$ 31,9
milhões.
• A arrecadação alcançou R$2.362 trilhões. A despesa estimada era de R$760
bilhões, mas o pagamento dos atrasados onerou a folha.

E) Para evitar dúvida, especificar sempre a ordem de grandeza dos números.

• Este mês, as solicitações das revendas de Altamira giraram em torno de 200


mil a 500 mil litros.

F) Com números quebrados, usa-se algarismos.

• A média será de R$1 milhão para cada ex-servidor, contra R$133.333,00


dos aposentados e pensionistas do setor privado.

G) Nas datas, número de páginas, horas, não utilizar ZERO antes do número.

Errado Certo
08 horas 8 horas

39
página 05 página 5
dia 03 dia 3

H) Usar sempre algarismos em:

– Tabelas, relatórios que envolvem cifras e quadros estatísticos.

– Horas, minutos e segundos, exceto quando a hora indica período de tempo:

• A reunião levou quatro horas.

– Datas em geral, inclusive quando forem nomes de logradouros:

• 12 de outubro de 1992.
• Avenida 9 de julho .

– Porcentagem, pesos, dimensões, grandezas, medidas e proporções em geral:

• 252, 200 ha, 500 kg...

– Números que indiquem capítulos, folhas ou páginas:

• Folhas 35 e 36, Capítulos 1 e 12.

– Seriação de eventos:

• 3° Simpósio de Revendas, 2ª Congresso de Derivados de Petróleo.

– Não existe hífen nos ordinais:

• Vigésimo terceiro

40
– Na numeração de cláusula de um acordo ou contrato, de artigos ou parágrafos de leis,
use: de 1 a 9 numerais ordinais; de 10 em diante, numerais cardinais.

• Cláusula terceira.
• Cláusula vinte e nove.

I) Para escrever por extenso 1.000, o correto é “mil”. Alguns bancos exigem a escrita de
“um mil” ou até “hum mil” em cheques, sob a alegação de evitar fraudes, porém este
modo de escrever não é considerado na norma padrão do português.

• Mil reais.
• Dois mil reais.

4.4 – Faça as devidas referências

Quando falamos em texto escrito, existe um perigo muito grande em relação ao


que chamamos de plágio, que nada mais é que se apropriar de uma produção intelectual
alheia. Tomemos muito cuidado, pois isto é muito grave! Podemos inclusive ser
punidos, ou em caso de concursos ou provas, sermos desclassificados. Cabe não
copiarmos textos ou partes de textos de alguém sem citarmos o devido autor. Esta
medida nos livrará de possíveis acusações de plágio.

Citações são muito bem-vindas em relação a reforço de argumento, pois


provamos que há base para aquilo que estamos falando, basta utilizá-las corretamente.
No Brasil foi criada a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que regula e
padroniza as referências. Vejamos algumas dicas simples que você pode e deve sempre
seguir em suas redações:

• Sublinhar, colocar entre aspas, ou se for digitado, colocar em itálico, títulos de


obras;

41
• Colocar entre aspas, ou em itálico, falas de outras pessoas, seguidas do nome e
sobrenome do autor;

• Em um trabalho acadêmico, nunca se esquecer de colocar a bibliografia no fim


do trabalho com as devidas referências de todas as fontes que utilizar;

• Mesmo que não copie literalmente as palavras de um autor, se fizer referência às


ideias de outra pessoa, deve-se cita-la. Toda vez que não se cita um autor fica
subentendido de que aquelas ideias são nossas. Tomemos cuidado;

• Se copiar literalmente um texto publicado, use aspas, indicando o nome do


autor, fonte e ano de publicação;

• Ao utilizar as ideias de alguém, mas sem copiar exatamente as palavras, não usar
aspas, mas indicar o nome do autor, a fonte e o ano de publicação;

• Em uma citação direta (quando se usa as exatas palavras do autor) com até três
linhas, insirir a citação em seu próprio parágrafo, entre aspas. E entre parêntesis
colocar o sobrenome e nome do autor seguido do ano de publicação e página.

Exemplo:

Segundo Carlos Heitor Cony, “O crime, para o burguês, só não compensa


quando a polícia está contra” (2000 p.270).

Bibliografia:

“Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000,
pág. 270.

• Se a citação ultrapassar três linhas, o correto é pular uma linha, destacando a


citação do parágrafo com recuo maior da margem esquerda e fonte menor.

42
• Modelo de referência bibliográfica:

SOBRENOME, Nome do autor. Título da obra resenhada. Cidade: Editora, ano da


publicação. Número de páginas.

4.5 - Perigos evitáveis em uma boa redação

É longo o caminho para se escrever bem, mas há um conjunto de regrinhas


simples que ajudam a errar menos nessa importante atividade. Vejamos algumas das
coisas que você pode evitar.

1. "Não sei bem o que dizer da especialização precoce dos jovens, mas a eliminação
do juvenil do Corinthians foi também muito precoce no campeonato!"
Está aí um bom exemplo de “bola fora”. Comece sua redação lendo com atenção
todos os elementos que o examinador apresentou para você utilizar. Procure ver se
realmente entendeu o que se pede. Pense num caminho, faça um esquema se preferir, e
veja se você não está forçando ou inventando algo fora do contexto.

2. "Esse tipo de gente merece ser exterminado".


Radical demais, não parece? É até grosseiro. Nas dissertações, como
recomendação geral, evite os riscos desnecessários de posições extremistas. Além de
que racismo é crime. Vale a pena procurar desenvolver um texto equilibrado, mostrando
as coisas de forma ampla e assumindo posições sem partidarismos extremos.

3. "De uma perspectiva pedagógica e heuristicamente enviesada, o numerário foi


ínfimo."
Veja aí que escrever com clareza é muito importante. Os outros devem entender
o que você escreveu (especialmente os examinadores). Não use palavras que você acha
bonitas, mas não entende o que significam. A frase acima não é apenas complexa,
apesar de usar termos que existem, ela é desprovida de sentido. Uma técnica que
poderia ajudar seria colocar-se no lugar do leitor. Ele entenderia seu argumento?

43
4. "Fazem muitos anos que eu queria isso/ Se ela quiser deixar isso para mim
fazer/ A muito tempo estou afins".
Evite erros básicos. Sugerimos que faça um exercício: corrija os erros que estão
em destaque vermelho nas frases entre aspas. Fuja de palavras de grafia duvidosa para
você. Use só termos conhecidos. Respeite a gramática e as regras de grafia. Isso é
fundamental.

5. Escreva um texto limpo e organizado.


Nem precisava ser dito, mas limpeza conta. Procure manter uma letra razoável.
Nada de “emporcalhar” a folha. É o mínimo para seu cuidado com o conteúdo e para a
qualidade do texto não desaparecer no meio de rabiscos. Afastar pedras do caminho não
constrói a boa redação, apenas evita que você comprometa seu trabalho.

4.6 – Evite erros comuns

Dentre as falhas mais comuns encontradas em textos dissertativos, podemos citar


o uso de coloquialismos, ausência de organização das ideias, ambiguidades,
impropriedade vocabular e conector impróprio. Vejamos mais algumas falhas possíveis:

Período longo demais

A menos que tenha muita segurança no que estamos dizendo, ao escrever


devemos evitar períodos longos demais. Muitas informações em um só período quase
sempre resultam em falta de clareza e ambiguidade.

"É segundo esta noção de projeto que vamos, a partir desta visão humanista da
problemática urbana – sem deixar de levar em consideração as nossas condições de país
de formação colonial – analisar os projetos de cidade expressos nos trabalhos de
diversos órgãos federais." (período mal construído).

Correção: Vamos analisar os projetos expressos nos trabalhos de diversos


órgãos federais, a partir de uma visão humanista da problemática urbana.
44
Problemas de significado e construção

"Era um belo sábado, uma noite muito agradável onde um lobo uiva no alto da
colina dos Andes, demonstrando estar solidário ou anunciando sua solidão ...." (redação
de aluno).

O trecho acima, extraído de uma redação de vestibular, apresenta alguns


problemas de significado e de construção:

a) uso inadequado da palavra onde;


b) imprecisão vocabular de solidário em lugar de solitário.

4.7 – Dicas importantes

1. Ler com atenção o tema proposto. Não correndo o risco de receber uma nota baixa
por ter se afastado do tema.

2. Planejar o texto ajuda a desenvolver o raciocínio, definindo a ideia central, o objetivo,


estabelecendo uma linha de argumentação e uma conclusão;

3. Evitar usar letra de forma, que dificulta a distinção entre maiúsculas e minúsculas.
Uma boa grafia – legível e sem floreios – e limpeza são fundamentais. Não nos
esquecendo dos pingos nos "i": não vale usar bolinhas no lugar deles;

4. Não começar com períodos longos, temos que expor logo nossas ideias. Não usar
expressões como "eu acho", "eu penso" ou "quem sabe", que mostram dúvidas nos
argumentos;

5. Sejamos claros: evitemos usar palavras difíceis que possam prejudicar a compreensão
de texto. Tenhamos em mente que a redação deve se destacar pela unidade, clareza,
coerência e concisão;

45
6. Sejamos simples: não usemos palavras que cuja grafia não tenhamos certeza. Em
dissertações, não podemos usar gírias, pois elas não fazem parte da norma culta da
língua portuguesa.

4.8 – Como melhorar seu desempenho em processos seletivos

De nada adianta a “decoreba” que a memória pode


deletar a qualquer instante. O lance é encontrar um bom método
de estudo, que valorize o raciocínio e a associação de ideias. Só
assim, as informações vão desembarcar em nosso cérebro para
ficar permanentemente. Mas não existem fórmulas prontas.
Cada pessoa tem seu estilo, cada um sabe de que forma rende
mais. Vejamos a seguir, algumas dicas que podem melhorar a
sua vida:

1. Um pouco de ordem na bagunça não vai fazer mal a ninguém, ao contrário. Mantendo o
local de estudo normalmente arrumado, nos sentiremos mais animados em estudar, mas
também vamos encontrar a borracha, a régua e tudo o mais que precisarmos.

2. Organizar as matérias em pastas, onde também poderemos colocar recortes de jornais e


outros materiais estratégicos;

3. Determinar quantas horas iremos reservar diariamente (o fim de semana entra na jogada)
para estudar e façamos uma grade de matérias de acordo com este tempo, tentando cumprir
este horário;

4. Descubrir em qual período nos sentimos mais disposto e acordar neste horário para
estudarmos;

5. Relacionar pelo menos duas disciplinas diferentes para um mesmo dia e programar
intervalos entre elas. Assim, também, quando cansarmos ou não estivermos entendendo
uma, podemos aproveitar a outra;
46
6. Reconhecer limites, indo até onde render o nosso máximo. Quando precisarmos de uma
pausa, não deixemos que o intervalo ultrapasse 15 minutos, senão a preguiça aparece ou a
concentração vai para o espaço;

7. Quando retomarmos a jornada, recomeçaremos com uma matéria diferente;

8. Estudar as matérias das quais temos mais dificuldade enquanto estivermos com a cabeça
fria;

9. Depois de uma aula ou de lermos um conteúdo, cabe rever o que foi transmitido;

10. Façamos todos os exercícios propostos. Se vacilarmos em alguma questão,


perguntemos. Arrastar dúvidas pode atrapalhar a compreensão do próximo tópico;

11. Dicionário não é enfeite de estudante. Se não soubermos o significado de alguma


palavra ou tivermos dúvidas quanto sua grafia, usemos e abusemos;

12. Ao fazermos cursinho, fiquemos atentos às datas do plantão de dúvidas e das aulas de
reforço.

4.9 – Os dez mandamentos de um bom texto

Escrever requer imaginação e familiaridade com palavras. Para isso, o melhor


que podemos fazer é praticarmos muito, adquirindo o hábito de escrever, desde bilhetes
até diário, seguindo as dicas de Francisco Platão Savioli, coordenador de Gramática e
Redação, e Eduardo Calbucci, professor de Literatura, do Anglo Vestibulares.

Não Fuja do tema em questões

Toda redação propõe um tema de improviso para debater. Fugir dele é revelar
que não compreendemos o pedido ou arriscar a sorte, reproduzindo um texto decorado.
Ambos os casos são motivos para anular a redação. Por isso, devemos reservar uma
47
parte do tempo para compreender a proposta. Toda redação começa pela interpretação
das ideias contidas no texto sugerido.

Respeite o tipo de texto proposto para abordagem do conteúdo

Escrever uma narração em lugar de uma dissertação ou produzir um poema em


vez de um texto em prosa também pode levar à anulação da prova. Como a maioria dos
vestibulares exige uma dissertação em prosa, é essencial conhecermos as características
desejáveis em um texto dissertativo.

Opine com argumentos em vez de jurar sinceramente

Todo texto deve revelar a opinião do seu produtor. Mas, além de escrevermos o
que pensamos, será preciso encontrarmos argumentos para sustentar o nosso ponto de
vista. Aí, sim, conseguiremos a adesão dos interlocutores.

Leve em conta e comente as opiniões contrárias

Para defender um ponto de vista com eficiência, devemos ter conhecimentos


sobre o tema e sobre as diversas opiniões existentes a este respeito.

Não caia em contradição

Devemos evitar incoerências. Se o texto começa defendendo uma determinada


opinião, espera-se que ele continue fazendo esta defesa até o fim.

Não permita que as palavras não correspondam com a sua intenção

Em toda cultura existem lugares-comuns, ideias prontas, clichês, preconceitos


que se insinuam no discurso de quem fala ou escreve. Devemos nos policiar, sem jogar
no papel aquilo que não tenha passado antes pelo raciocínio crítico.

48
Respeite as normas da língua padrão

A não ser em casos muito específicos, em que se pode recorrer à variante


informal, espera-se que a redação do vestibular ou de qualquer outro processo seletivo
obedeça aos preceitos da norma padrão escrita.

Nunca esqueça de dar um título ao seu texto

A menos que a prova diga que não é necessário criar um título, sempre devemos
fazê-lo. Uma redação sem título é algo que o corretor percebe de imediato.

Tome cuidado com as repetições

Diversifiquemos o nosso vocabulário e, a menos que não encontremos outra


saída, não podemos utilizar palavras repetidas. Isto representa um erro de coesão e
pouco vocabulário, podendo dar uma visão negativa à redação.

Leia constantemente

Não podemos nunca deixar de ler. Tenhamos sempre um livro em casa, uma
história em quadrinhos, revistas ou artigos de jornais. A leitura ajuda a enriquecer o
vocabulário, aumentando cada vez mais a familiaridade com a língua portuguesa em sua
forma escrita.

Proposta de exercício final

Como exercício final, faça uma redação (dissertação) com o tema abaixo
colocado.

As empresas de transportes públicos em todo país têm a obrigação de levar em


segurança os passageiros. No entanto esta palavra "segurança" geralmente só é aplicada
a questões de trânsito. E a questão dos assaltos no interior dos transportes públicos? Os

49
passageiros têm o direito de serem indenizados pelas empresas em caso de assalto
dentro de ônibus?

5 – Análise de redações

Neste capítulo, vamos fazer a análise de duas redações para vermos exemplos de
bons textos. Vamos ficar atentos para todos os aspectos estudados até aqui e identificá-
los.

Análise 1

Esta redação foi retirada de uma prova do ENEM que teve como temática a
“leitura”. Vamos ver os aspectos positivos e negativos nela existentes.

Redação
Quadro Negro

Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes


diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória
importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação
histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.

Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-
se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das
anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm,
sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito
devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação
adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.

A aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a


reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma
frequente em nossas vidas. Outros sim, é impossível que a nossa visão do mundo ao
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redor não se modifique com essa capacidade adquirida.

Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante,


precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e
gera novas ideias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca
terminamos de transformar e sermos transformados.

A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida,


porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar.
Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro
Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, autores,
repleto de transformação e de vida.
Análise

1º Parágrafo

Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes


diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória
importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação
histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.

Perceba que a introdução deste texto foi muito bem escrita. O candidato iniciou
o assunto citando um importante autor da literatura brasileira, foi claro e objetivo, além
de não ter cometido erros gramaticais. O escritor também conseguiu dar uma ideia para
o leitor sobre o que trata o seu texto. Além disso, ele faz uma afirmação a respeito da
relevância da escrita. Fiquemos atentos e vejamos que esta afirmação será defendida no
próximo parágrafo, o que dá coerência e “amarração” ao texto (coesão).

2º Parágrafo

Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-
se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das

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anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm,
sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito
devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação
adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.

Aqui o candidato mais uma vez cita o nome de escritores, o que demonstra que
ele é bem informado e tem conhecimento sobre o que está falando. Essas citações ainda
servem para defender a afirmação feita anteriormente sobre a importância da escrita. Ao
citar autores renomados, ele se utiliza de um argumento consistente. Neste parágrafo,
ele também continua a ser claro e objetivo, iniciando a parte que corresponde ao
desenvolvimento do seu texto de maneira positiva.

3º Parágrafo

A aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a


reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma
frequente em nossas vidas. Outros sim, é impossível que a nossa visão do mundo ao
redor não se modifique com essa capacidade adquirida.

Percebamos que o autor do texto é coerente todo o tempo. Neste parágrafo, ele
acrescenta um elemento (a reflexão) que serve para reforçar a afirmação feita no
primeiro parágrafo sobre a importância da leitura. Ao citar outro benefício trazido pelo
ato de ler, ele mais uma vez defende o seu ponto de vista.

4º Parágrafo

Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante,


precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e
gera novas idéias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca
terminamos de transformar e sermos transformados.

Aqui o candidato reflete sobre outros elementos também ligados à leitura e

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prepara o texto encaminhando-o para uma possível conclusão.

5º Parágrafo

A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida,


porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar.
Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro
Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de idéias, pensamentos, autores,
repleto de transformação e de vida.

Vejamos que na sua conclusão, o autor do texto confere uma “amarração” a tudo
o que foi dito anteriormente e, mais uma vez, cita o nome de autores renomados para
conferir autenticidade às suas afirmações e argumentações.

Análise 2

O texto a seguir foi retirado de uma prova de vestibular da FUVEST que teve
como temática “a tecnologia e a informação”. Vamos fazer mais uma análise?

Redação

Desregramento Tecnológico

O progresso e as inovações tecnológicas resultaram da necessidade do homem


dinamizar-se através da diminuição das dimensões temporais e geográficas. Para tanto,
o processo de globalização propiciou o surgimento de um mundo digital apto a
disponibilizar toda a informação necessária ao progresso do homem. No entanto, a
mesma tecnologia que informa, aliena; e, à medida que cresce a velocidade das
mudanças, aumenta a massificação e dependência do mundo digital.

Embora a informação seja um direito defendido a todos, é pequeno o número de


pessoas no mundo com total acesso às tecnologias provedoras de notícias e a sua
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compreensão. Isso porque o surgimento das novas tecnologias é um bem perpetuador do
conhecimento àqueles que já a acessam e um fator de maior atraso àqueles sem o poder
aquisitivo de acompanhar as inovações. Assim, o louvor incondicional às mudanças e a
celebração da velocidade com que ocorrem, deveriam ser mais criticamente observados
e acompanhados de reformas às tradicionais fontes.

Contudo, aos próprios com acesso à digitalização, confere-se outra problemática:


o mal uso dos bens eletrônicos. A exemplo disso tem-se a massificação e a
desinformação causada pela internet, decorrentes da propagandagem e de fontes
imprecisas nela presentes. Nesse contexto, mesmo as boas iniciativas, como a
disponibilização à Biblioteca Nacional Brasileira, são ofuscadas em meio ao excesso de
informações, responsável por conduzir pesquisas à imprecisão e pessoas à crença
incondicional pelos valores nela divulgados. Além da massificação, esse excesso digital
contemporâneo leva à questão do dia. Nesse sentido, a contemplação do progresso
decorre também da necessidade de tornar a vida mais aprazível e desprovida de
motivações e dificuldades na busca de um objetivo. Consequentemente, tem-se o tédio,
como retratado na obra A cidade e as serras, de Eça de Queiroz, na qual o personagem
Jacinto é retratado infeliz em meio ao progresso e somente reencontrou a felicidade ao
valorizar apenas as poucas tecnologias necessárias à sobrevivência, como a instalação
de rede telefônica na esquecida Tormes de Portugal.

Não há, pois, apenas que se comemorar o progresso do mundo digital, deve-se
usá-lo com precisão e nele contemplar as possibilidades de ampliar o conhecimento
sobre a humanidade. Assim, o questionamento de Drummond sobre “como vencer o
oceano/ se é livre a navegação/mas proibido fazer barcos?” valida-se na era digital, pois
não há como haver progresso no mundo digital se são tantos os manipulados e os sem
acesso. Cabe regrar essa informalidade e tecnologia para que toda a humanidade possa
dela ter proveito.

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Análise

1º Parágrafo

O progresso e as inovações tecnológicas resultaram da necessidade do homem


dinamizar-se através da diminuição das dimensões temporais e geográficas. Para tanto,
o processo de globalização propiciou o surgimento de um mundo digital apto a
disponibilizar toda a informação necessária ao progresso do homem. No entanto, a
mesma tecnologia que informa, aliena; e, à medida que cresce a velocidade das
mudanças, aumenta a massificação e dependência do mundo digital.

O autor deste texto o introduz falando do surgimento do mundo digital, assunto


que será desenvolvido ao longo da redação. Já no primeiro parágrafo, ele coloca
também aspectos negativos acerca da tecnologia, o que também será retomado e
argumentado a partir do próximo parágrafo.

2º Parágrafo

Embora a informação seja um direito defendido a todos, é pequeno o número de


pessoas no mundo com total acesso às tecnologias provedoras de notícias e a sua
compreensão. Isso porque o surgimento das novas tecnologias é um bem perpetuador do
conhecimento àqueles que já a acessam e um fator de maior atraso àqueles sem o poder
aquisitivo de acompanhar as inovações. Assim, o louvor incondicional às mudanças e a
celebração da velocidade com que ocorrem, deveriam ser mais criticamente observados
e acompanhados de reformas às tradicionais fontes.

Aqui o candidato, desenvolve um dos aspectos negativos trazidos pela


tecnologia e coloca dois lados distintos de uma mesma questão para desenvolver a sua
argumentação.

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3º Parágrafo

Contudo, aos próprios com acesso à digitalização, confere-se outra problemática:


o mal (mau) uso dos bens eletrônicos. A exemplo disso tem-se a massificação e a
desinformação causada pela internet, decorrentes da propagandagem (neologismo) e de
fontes imprecisas nela presentes. Nesse contexto, mesmo as boas iniciativas, como a
disponibilização à Biblioteca Nacional Brasileira, são ofuscadas em meio ao excesso de
informações, responsável por conduzir pesquisas à imprecisão e pessoas à crença
incondicional pelos valores nela divulgados. Além da massificação, esse excesso digital
contemporâneo leva à questão do dia. Nesse sentido, a contemplação do progresso
decorre também da necessidade de tornar a vida mais aprazível e desprovida de
motivações e dificuldades na busca de um objetivo. Consequentemente, tem-se o tédio,
como retratado na obra A cidade e as serras, de Eça de Queiroz, na qual a personagem
Jacinta é retratada infeliz em meio ao progresso e somente reencontrou a felicidade ao
valorizar apenas as poucas tecnologias necessárias à sobrevivência, como a instalação
de rede telefônica na esquecida Tormes de Portugal.

Neste parágrafo, o candidato cometeu alguns erros, que podem ser vistos nos
destaques em vermelho. Um deles foi o emprego da palavra “mau” e outro foi o uso da
palavra “propagandagem”, considerada um neologismo. Vimos que não devemos
utilizar neologismos em redações de processos seletivos. Todavia, se o uso de
neologismo for considerado indispensável, temos que usar aspas. Além disso, o
parágrafo ficou muito longo, podendo até ser dividido em duas partes. Cabe lembrarmos
que parágrafos muito longos dificultam o entendimento do texto e podem prejudicar a
sua clareza. Outro erro cometido pelo aluno foi o de não ter destacado o nome da obra A
cidade e as serras, ele poderia ter feito isto sublinhando ou colocando o título entre
aspas.

4º Parágrafo

Não há, pois, apenas que se comemorar o progresso do mundo digital, deve-se
usá-lo com precisão e nele contemplar as possibilidades de ampliar o conhecimento

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sobre a humanidade. Assim, o questionamento de Drummond sobre “como vencer o
oceano/ se é livre a navegação/mas proibido fazer barcos?” valida-se na era digital, pois
não há como haver progresso no mundo digital se são tantos os manipulados e os sem
acesso. Cabe regrar essa informalidade e tecnologia para que toda a humanidade possa
dela ter proveito.

Nesta conclusão, o candidato confere “amarração” ao texto ao mencionar


elementos anteriormente discutidos e também demonstra conhecimento sobre o assunto
em questão e sobre assuntos relacionados, ao citar um autor renomado de maneira
correta.

Comentários adicionais

Observe que nos dois textos, anteriormente analisados, há elementos de


fundamental importância na escrita de uma redação como a presença do título, a
“amarração” conferida ao texto, a coerência e a estrutura seguida. Além disso, os dois
autores demonstram que possuem conhecimentos e informações sobre os assuntos
tratados, o que reforça a necessidade da leitura diária e constante.

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Conclusão do Curso

Aqui se encerra o módulo II do curso. Para obter seu certificado, faça a segunda
prova. Esperamos que tenha compreendido os principais conceitos e técnicas de Escrita
e Redação e que possa aplicá-los em sua vida pessoal e profissional. Não deixe de
contatar-me caso tenha qualquer dúvida, comentário ou sugestão.

Atenciosamente,

Prof. Redação.

Equipe Cursos 24 Horas.

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