Aluna brilhante e médica de reconhecido valor, Carolina Beatriz Ângelo
dedicou a sua curta vida á luta pelos ideais em que acreditava. Segundo a cronologia do Doc.A , Carolina nasceu na freguesia de S. Vicente, Guarda, a 16 de abril de 1878. A 1891 entra, com distinção, no Liceu da Guarda e em 1902 conclui a Escola Médico-cirúrgica de Lisboa com louvores e distinção. Entre 1906 e 1908 Carolina Beatriz torna-se co-fundadora do Comité Português da associação Paz e Desarmamento pelas Mulheres, do Grupo Português de Estudos Feministas e da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e entra para a Maçonaria. No ano da sua morte, 1911, requer a Comissão de Recenseamento a sua inclusão nos cadernos eleitorais em abril e vota nas eleições para constituintes, em 28 de maio. No Doc. C encontra-se a sentença do tribunal referente ao pedido de Carolina de incluir as mulheres nos cadernos eleitorais. Nesta sentença, proferida pelo juiz João Batista de Castro, é afirmado que “ excluir a mulher (…) de ser eleitora e ter intervenção nos assuntos políticos (…) é simplesmente absurdo e iníquo em oposição com as próprias ideias de democracia e justiça proclamadas pelo Partido Republicano”. Concluindo, aproveitando uma falha na Lei Eleitoral republicana, Carolina Beatriz Ângelo exigiu votar, recorrendo, para isso, aos tribunais. Foi a primeira mulher na Europa do Sul e fazê-lo, o que, só por si, lhe garante um lugar destacado na história do sufragismo.