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1Considerações iniciais - 2O direito à saúde - 3As políticas públicas de saúde - 4As políticas estatais
de medicamento no âmbito do Rio de Janeiro - 5A participação popular e as ações integradas -
6Conclusão - 7Referências bibliográficas
1 Considerações iniciais
Neste tocante, há a incorporação de amplo rol de direitos fundamentais ao texto constitucional, com
o reconhecimento além de sua dimensão subjetiva de proteção de situações individuais em face do
Poder Público e dos particulares, do seu ângulo objetivo representando a consagração de uma
ordem objetiva de valores essenciais à sociedade.3
Esse novo status assumido pelos direitos do homem, importa na irradiação de sua força normativa
por todo o ordenamento jurídico, condicionando a interpretação das normas e institutos dos ramos do
Direito e vinculando a atuação dos poderes públicos, que passam a encontrar legitimidade na
concretização de seus preceitos.4
Através do conjunto de planos e programas de ações coordenadas, cabe aos entes federativos
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Direito à saúde, políticas públicas e fornecimento de
medicamentos: sustentabilidade mediante ações
integradas e participação popular na saúde pública
Neste tocante, consagrou a carta magna o dever fundamental dos entes federativos de oferecer a
saúde de forma universal, igualitária e gratuita garantindo aos cidadãos a ações e serviços de
promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como, a redução dos riscos de doença e outros
agravos.
Não obstante, no que tange em especial, ao fornecimento dos bens públicos necessários à
realização do direito à saúde verifica-se uma falta de articulação entre os entes federativos e entre as
demais políticas públicas garantindo à sociedade o oferecimento dos medicamentos necessários
para promoção, proteção e recuperação da saúde.
Para tanto, de início, analisa-se o direito à saúde na ordem jurídica pátria, de forma a delimitar
através de sua natureza, conteúdo, competência e sujeições, os limites, possibilidades e dificuldades
na concretização desse direito fundamental pelos poderes públicos dos entes federativos.
Após, volta-se ao estudo das políticas públicas, de forma a delimitar as ações e programas no âmbito
da saúde pública, impostas por lei, e analisar aquelas desenvolvidas em concreto pelos entes
federativos no âmbito do Rio de Janeiro no que tange ao fornecimento de medicamento.
Por fim, analisa-se a necessidade de articulação no planejamento, execução e controle das políticas
governamentais de saúde pública de oferecimento de medicamento à população, com ações estatais
prévias, concomitantes e posteriores de orientação, prevenção e promoção do direito à saúde,
desenvolvidos em participação com a sociedade.
Para tanto, utiliza-se por metodologia neste trabalho a crítica dialética, tendo sido eleito por meio de
pesquisa principal o bibliográfico, fundado principalmente na doutrina nacional e estrangeira sobre o
tema, sem que isto importe em desconsiderar a análise normativa e jurisprudencial quando
necessária.
2 O direito à saúde
No âmbito externo, o direito à saúde é um direito humano, tutelado pelos tratados internacionais
dentre eles a Declaração Universal dos Direitos Humanos,5 Pacto Internacional de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais,6 além do protocolo Adicional à Convenção Americana sobre
Direitos Humanos em matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.7
No Direito interno, enquanto direito fundamental o direito à saúde envolve um complexo de posições
jurídico-subjetivas para o seu titular, a saber, atua como direito de defesa, uma vez que impede
ingerências indevidas do Estado à saúde da pessoa,8 e por outro um direito a prestações, pois exige
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medicamentos: sustentabilidade mediante ações
integradas e participação popular na saúde pública
Com o reconhecimento expresso da saúde como direito fundamental pela Carta Magna, houve a
produção de inúmeras normas acerca do Direito Sanitário,15 regulamentando a saúde no Brasil,
inclusive, definindo as políticas estatais de saúde pública que devem ser seguidas pelos entes
estatais.
A concretização dos direitos sociais, inclusive o direito à saúde, porém, reclama em maior grau
adjudicações de prestações de natureza participativa, normativa e material, com a criação e
colocação à disposição dos bens materiais e imateriais necessários à fruição dos bens e interesses
sociais tutelados.16
Enquanto veiculado por normas constitucionais, o direito à saúde goza de exequibilidade plena,17
permitindo sejam os bens e interesses que tutelam exigíveis perante o Estado, cabendo aos poderes
públicos oferecer as prestações necessárias à fruição desses direitos pelos seus titulares sob pena
de controle judicial e social.18
As políticas públicas, portanto, compreendem além da prestação imediata de serviços públicos pelo
Estado, a atuação normativa, reguladora e de fomento que combinadas de forma eficiente,
conduzem os esforços da esfera pública e privada na consecução dos fins almejados pela
Constituição e pela sociedade.20
Neste sentido, determina a Constituição de 1988 o dever dos entes públicos de formulação,
execução e controle de políticas públicas de acesso universal, igualitário e gratuito aos cidadãos a
ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como, a redução dos riscos
de doença e outros agravos.21
As políticas estatais de saúde pública, porém, orientam e vinculam não apenas as ações e serviços
públicos, mas a atividade de saúde suplementar oferecida pelos entes privados de saúde, uma vez
que sujeitos à atividade de regulação estatal mediante normatização e fiscalização da Agência
Nacional de Saúde Suplementar.23
As políticas públicas de saúde compreendem as indiretas que atuam sobre fatos determinantes à
saúde - como saneamento básico, meio ambiente, alimentação, moradia, o acesso aos bens e
serviços sociais, dentre outros - que garantem as condições de bem-estar físico, mental e social.24
Abrangem as políticas públicas diretas destinada à proteção da saúde, que englobam o direito às
medidas preventivas que minimizam os riscos à saúde propiciando uma vida saudável, como a
fiscalização e exercício do poder de polícia, como a vigilância sanitária, epidemiológica e o controle
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de epidemias.
Compreendem, também, as políticas que buscam a recuperação da saúde, que envolvem as ações
destinadas à recuperação da saúde da pessoa acometida de doença ou agravo, como o atendimento
hospitalar e ambulatorial, de diagnóstico e tratamento, inclusive, acesso aos medicamentos, cirurgias
e transplantes de órgãos.
Envolvem, ainda, as políticas que tendem à promoção da saúde, mediante as ações que buscam
evitar a exposição pelas pessoas a fatores condicionantes e determinantes de doenças, como
incentivo à pesquisa científica, programas de educação em saúde e campanhas de prevenção a
doenças.
Neste tocante, atribuem competência administrativa comum, para todos os entes federativos da
atividade de tutela da saúde e assistência pública,25 em especial, aos Municípios, de prestar com a
cooperação técnica e financeira da União e dos Estados, os serviços de atendimento à saúde da
população.26
Estipulam a integração das políticas públicas desses entes, com a articulação dos conjuntos de
ações e serviços de saúde, bem como, de controle, pesquisa e produção de insumos, medicamentos
e equipamentos de saúde, prestados pela Administração Pública Direta e Indireta em um Sistema
Único de Saúde.
Cabe ao Sistema Único de Saúde políticas públicas voltadas ao cidadão com oferecimento de bens e
serviços na proteção de sua saúde, ao profissional garantindo a saúde no meio ambiente do trabalho
e à iniciativa privada resguardando a saúde da população no exercício da atividade econômica e
científica.
No que tange ao cidadão, abrangem as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, que buscam
eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários, bem como,
proporcionar o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança na saúde individual ou
coletiva, para adoção de medidas cabíveis.27
Envolvem, ainda, a vigilância nutricional e orientação alimentar com medidas que melhorem o padrão
de consumo alimentar e o estado nutricional dos cidadãos, bem como, a assistência terapêutica
integral, com oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar e
de medicamentos e produtos para a saúde.29
No âmbito federal, vige a política pública nacional de medicamentos aprovada em 1998 pelo
Ministério da Saúde, que orienta a elaboração e determina a readequação pelos seus dos
programas, projetos e atividades referentes ao fornecimento de medicamento ocorridos no âmbito
das esferas federal, estadual e municipal.31
Inserida na política nacional de saúde, tem por objetivo, garantir a segurança, eficácia e qualidade
dos medicamentos usados no tratamento de agravos à saúde, permitindo a promoção do uso
racional e do acesso à população dos medicamentos, sendo os demais insumos - como
imunobiológicos e hemoderivados - objeto de políticas próprias. Página 4
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medicamentos: sustentabilidade mediante ações
integradas e participação popular na saúde pública
São diretrizes básicas dessa política pública, a adoção de relação de medicamentos essenciais, a
regulamentação sanitária dos medicamentos, a reorientação da assistência farmacêutica, a
promoção do uso racional do medicamento, a promoção na produção de medicamentos e a garantia
de segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos.
No que tange à reorientação da assistência farmacêutica, engloba a promoção do uso racional dos
medicamentos, otimização e eficácia no sistema de distribuição no setor público, desenvolvimento de
iniciativa que possibilitem a redução dos medicamentos e a descentralização da gestão.
Na referida lista estão elencados todos os medicamentos disponíveis no âmbito do Estado do Rio de
Janeiro e seus Municípios, sendo os medicamentos básicos de financiamento tripartite e execução
pelos Municípios, aos quais cabem a seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição
e dispensação dos medicamentos.33
Não se ignora que, a par deste modelo de gestão de medicamentos, enfrentam os Municípios, na
prestação no referido serviço público, problemas no que tange ao seu desenvolvimento e qualidade,
exteriorizado precipuamente na falta de infraestrutura e operacionalidade e dificuldade de
atendimento das demandas da população.35
São comuns as notícias da falta de medicamento na rede pública do Rio de Janeiro,37 como de
postos de saúde fechados38 e falta de vacina,39 além de investigações que apuram medicamentos
vencidos e equipamentos hospitalares abandonados em depósitos ou unidades abandonadas no
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medicamentos: sustentabilidade mediante ações
integradas e participação popular na saúde pública
Município.40
Mediante o controle social do poder se garante a cooperação entre os atores estatais e não estatais
na coordenação dos múltiplos e complexos interesses, auxiliando na formação de um espaço público
que, baseado na negociação e consenso, atribui um maior grau de legitimidade, transparência,
racionalidade e eficiência à persecução dos fins sociais.42
Em um modelo estatal vigente, marcado pela coexistência de duas forças antagônicas - a ideologia
liberal - exteriorizada na liberdade da iniciativa privada e a autorregulação da economia - e a
perspectiva social - traduzida na intervenção do Estado na busca do desenvolvimento social, o
controle social corresponde a importante instrumento também na proteção e promoção dos direitos
sociais.43
Há, portanto, uma centralidade assumida pelo controle social na fiscalização dos poderes públicos,
em especial, no que se concerne às limitações das arenas políticas e jurídicas em se tratando de
controle da legitimidade e eficiência dos programas governamentais e de atribuição de
responsabilidade política aos agentes estatais.
O controle social pode ser exercido de forma direta pelo grupo social, através de instrumentos
formais - de natureza política, administrativa ou financeira concedidos pela ordem jurídica e
exercidos exclusivamente na esfera pública estatal - ou informais - não institucionalizados e
promovidos no campo privado ou público não estatal.45
No que se refere aos programas governamentais, ocorre através da aferição das expectativas sociais
no planejamento da ação estatal e da participação dos cidadãos nos processos decisórios na
execução destes planos, se garante a correção da legitimidade da ação estatal, assim como um
maior grau de neutralidade e racionalidade nas decisões públicas,47 gerando, portanto,
sustentabilidade do modelo.
Com este consenso administrativo no planejamento e execução das políticas públicas, permite-se,
através da harmonia e conjugação das atividades estatais e privadas, a obtenção dos elementos
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integradas e participação popular na saúde pública
necessários para a garantia do atendimento das demandas sociais com a ampliação do grau de e
ficiência no oferecimento dos respectivos bens e serviços públicos.48
Não importa ignorar a expertise dos agentes administrativos envolvidos na definição da portaria com
as drogas essenciais à comunidade, mas a delimitação diante de um cenário de recursos limitados,
de planos de ação condizentes com a demanda atual, evitando a judicialização das questões, que
produz distorções no sistema que tornam as políticas social e economicamente insustentáveis.
Ademais, permite-se delimitar a partir disto, a atribuição dos entes envolvidos na realização da
competência comum de realização do direito à saúde, trazendo eficiência na gestão do serviço
público e economicidade na aquisição das drogas essenciais à comunidade, ao delimitar as regiões
e, portanto, as atribuições municipais, estaduais e federais, relativas a determinado agravo de saúde.
No que tange ao Rio de Janeiro, que foi objeto da análise do presente trabalho, verifica-se as
restrições à participação popular e as ações integradas seja no nível orgânico - entre os entes
federativos - ou substancial - quanto a natureza preventiva ou repressiva da política de saúde - no
paradigmático caso de surto de dengue observado no Município nos últimos anos.
O baixo grau de efetividade das medidas estatais para a contenção dos respectivos surtos cíclicos
sofridos na região, torna necessário repensar a participação popular no controle de endemias, com a
inserção da comunidade nos processos endêmicos-epidêmicos, de forma a garantir maior eficácia na
implementação do programa, mediante, inclusive, a partilha de responsabilidade na difusão do vetor
da doença.49
6 Conclusão
No que tange à análise específica dos programas e ações governamentais desenvolvidos no âmbito
do Estado do Rio de Janeiro para oferecimento de medicamentos à população, verificou-se limites e
dificuldades no modelo, que resultam em amplo processo de judicialização e baixo resultado no que
tange à redução de agravos de saúde.
Analisou-se que a saúde é direito fundamental social dos cidadãos, reconhecido tardiamente pela
ordem jurídico-constitucional brasileira, e o sistema de saúde pública é a entidade administrativa
ligada a todos os entes federativos que partilham da competência e, portanto, dever de garantir a
concretude ao respectivo direito subjetivo.
Inegável que a previsão no desenho institucional de um modelo universal e gratuito de saúde pública
conduz a um amplo rol de políticas públicas que devem ser desenvolvidas pelo Estado e
precipuamente, gera questões como o limite dos recursos públicos para a sua satisfação e a
dificuldade de garantia de eficácia da ação governamental.
Neste viés, verificou-se que dentre as políticas públicas de saúde constitucionalizadas por força da
Carta de Outubro, extrai-se o direito de fornecimento de medicamento, que no âmbito do Estado do
Rio de Janeiro, encontrou dificuldades como a ausência de drogas para a demanda social e amplo
grau de atendimento médico nas redes públicas, o que demonstra baixo grau de sustentabilidade do
modelo. Página 7
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medicamentos: sustentabilidade mediante ações
integradas e participação popular na saúde pública
Inúmeras são as dificuldades como os limites do modelo democrático brasileiro que conduz à baixa
participação popular na gestão pública, bem como, baixo grau de expertise e articulação na gestão
administrativa dos entes federativos de forma a garantir planos de ação integrados.
Todavia, parece claro que em um modelo de Estado tanto democrático quanto federado, a
participação dos titulares do poder e a divisão responsável das atribuições entre os entes estatais
são dois paradigmas importantes para buscar garantir um programa eficiente e sustentável de
fornecimento de medicamentos.
Conquanto o processo decisório das políticas públicas de oferecimento de remédios permanecer não
permeado pela colaboração da sociedade e não envolver uma partilha de atribuições e a correlação
de medidas atuais e futuras, com repressão e prevenção de agravos de saúde, o modelo
permanecerá com baixo grau de eficiência e sustentabilidade, não alcançando de forma satisfatória
os fins propostos.
7 Referências bibliográficas
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Direito à saúde, políticas públicas e fornecimento de
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1 Uma das obras percussoras sobre o tema é A força normativa da Constituição de Konrad Hesse
extraída a partir de sua aula inaugural na cátedra da Universidade de Freiburg. Segundo o autor, a
norma constitucional não tem existência autônoma em face da realidade, mas tão pouco se limita ao
reflexo das condições fáticas: sua essência reside na pretensão de eficácia, de sua concretização na
realidade imprimindo-lhe ordem e conformação. HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição.
Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 1991. p 14-15.
4 Apresentam os direitos fundamentais, portanto, uma dupla ordem de sentido: como vínculos
axiológicos, que condicionam a validade material das normas produzidas e enquanto fins que
orientam o Estado Constitucional de Direito. FERRAJOLI, Luigi. Derechos e garantias: La ley del
mais débil. 1. ed. Madrid: Trotta, 1999. p. 22.
5 A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 estipula que todo ser humano tem direito a
um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e à sua família, saúde e bem-estar (art. XXV).
6 O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1996 ratificado pelo Dec.
591/1992 estipula que os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa de
desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental (art. 12.1), além de vedar, o
emprego de crianças e adolescentes em trabalhos que lhes sejam nocivos à moral e à saúde (art.
10.3).
8 Assim, na Ordem Constitucional garante a inviolabilidade do direito à vida (art. 5.º, caput) que tem
por pressuposto o direito à saúde, a submissão à tortura nem a tratamento desumano ou degradante
(art. 5.º, III), a vedação de penas cruéis e de trabalho forçado (art. 5.º, XLVII), a integridade física e
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medicamentos: sustentabilidade mediante ações
integradas e participação popular na saúde pública
11 SCLIAR, M. Do mágico ao social: a trajetória da saúde pública. Porto Alegre: L&PM, 1998. p.
32-33.
12 Art. 196 da CF/1988 (LGL\1988\3). Porém, ainda que não previsse de forma expressa a abertura
do catálogo material de direitos fundamentais trazido pelo art. 5.º, § 2.º, permitiria a consagração
como direito implícito decorrente do próprio regime de direitos fundamentais.
15 Dentre eles destacam-se: a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080 e 8.142/1990), Lei da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Lei 9.782/1999), Lei sobre os Planos e Seguros Privados de
Assistência à Saúde (Lei 9.656/1998), Lei da Agência Nacional de Saúde Suplementar (Lei
9.961/2000), a Lei que autoriza a criação da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia
(Lei 10.972/2004), a Lei de Bioética (Lei 11.105/2005) dentre outras.
16 Isto não importa desconhecer que a concretização dos direitos sociais também depende da sua
realização na dimensão negativa ou que possuem uma eficácia em relação aos particulares,
impondo restrições aos direitos e liberdades ou determinando o cumprimento de dadas prestações
como ocorre com as contribuições sociais. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional:
Direitos fundamentais. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998. t. IV, p. 341-342.
18 Embora a seara adequada à decisão acerca dos bens e interesses que serão concedidos para a
fruição dos direitos sociais seja a deliberação pública no âmbito do Poder Legislativo, uma vez não
oferecidas as prestações necessárias à fruição dos referidos direitos pelos seus tutelares cabe o
controle pelo Poder Judiciário e pela própria sociedade conformando a atividade dos poderes
públicos aos fins almejados pela Constituição. Sobre o tema, vide: MOURA, Emerson Affonso da
Costa. Do controle jurídico ao controle social: parâmetros a efetividade dos direitos sociais. Revista
de Direito Constitucional e Internacional. vol. 77. p. 131-184. São Paulo: Ed. RT, 2011.
19 Neste ponto, há uma interpenetração da esfera política na ciência jurídica, resultante da crescente
preocupação dos juristas com a realização dos direitos sociais, ampliando a comunicação entre
estes dois subsistemas sociais: as ciências políticas e o direito. Sobre as consequências e as
possíveis vantagens e riscos desta correlação, vide por todos: BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito
administrativo e políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 241-244.
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20 BARCELLOS, Ana Paula de. Constitucionalização das políticas públicas em matéria de direitos
fundamentais: o controle político-social e o controle jurídico no espaço democrático. Revista de
Direito do Estado. ano 1. n. 3. p. 18 e 22. Predomina em sua natureza, a intervenção cogente do
Estado na realização dos bens e valores sociais, razão pelo qual, não englobam os programas
realizados em associação com a sociedade civil, através de mecanismos e instrumentos
institucionais ou não. Neste sentido: LEAL, Rogério Gesta. Os princípios fundamentais do direito
administrativo brasileiro. São Leopoldo: Anuário do Programa de Pós-graduação em Direito da
Universidade do Vale do Rio Sinos, 2000. p. 223.
23 Art. 4.º da Lei 9.961/2000 dispõe que compete à ANS elaborar o rol de procedimentos e eventos
em saúde, que constituirão referência básica, estabelecer parâmetros e indicadores de qualidade e
de cobertura em assistência à saúde para os serviços próprios e de terceiros oferecidos pelas
operadoras, normatizar os conceitos de doença e lesão preexistentes, dentre outras.
31 A política nacional de medicamento foi aprovada pela Portaria 3.916, de 30.10.1998. Disponível
em: [http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_medicamentos.pdf].
32 Como dispõe a Deliberação CIB-RJ 1.589, de 09.02.2012, foi aprovada a Relação Estadual de
Medicamentos Essenciais - REME-RJ que corresponde aos medicamentos disponíveis no âmbito do
estado do Rio de Janeiro e/ou Municípios, não importando a responsabilidade pelo financiamento,
distribuição e dispensação. Disponível em:
[www.saude.rj.gov.br/atencao-a-saude-1/595-assistencia-farmaceutica/legislacao/11450-deliberao-cib-rj-n-1589-de-09
Acesso em: 16.11.2013.
35 MAYORGA P. Fraga, BRUM CK, Castro EE. Assistência farmacêutica no SUS: Quando se
Efetivará? In: MISOCZKY, MC. Bordin R. (org). Gestão local em saúde: práticas e reflexões. Porto
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37 Pacientes que dependem de medicamentos da rede pública do Rio de Janeiro não estão
conseguindo manter o tratamento de suas doenças por falta de remédios. Muitos casos já foram
parar na justiça, mas continuam sem solução. Disponível em:
[http://noticias.band.uol.com.br/jornaldaband/videos/2013/11/09/14748190-faltam-remedios-na-rede-publica-do-rio.htm
Acesso em: 16.11.2013.
38 Moradores do Rio de Janeiro que planejavam buscar remédios ou tomar vacina contra a gripe nos
postos de saúde municipais encontraram no dia 22.04.2013 os portões fechados. A Prefeitura
decidiu dar ponto facultativo aos funcionários, já que no dia seguinte era feriado municipal (Dia de
São Jorge). Disponível em:
[www.estadao.com.br/noticias/geral,cariocas-encontram-postos-de-saude-fechados,1024171,0.htm].
Acesso em: 16.11.2013.
45 Adota-se como objeto de estudo, o controle social puro ou natural, ou seja, aquele exercido
diretamente pela sociedade sobre o Estado através dos instrumentos mencionados. Não se ignora,
todavia, a existência de um controle não puro ou institucional exercido indiretamente pela sociedade
através de entidades e órgãos públicos, como e.g. Ministério Público, Procons e outros, mediante
instrumentos administrativos e judiciais sobre a ação estatal. Sobre a distinção: BARCELLOS, Ana
Paula de. Papéis do Direito Constitucional no Fomento do Controle Social Democrático. Revista de
Direito do Estado. n 12. p. 82-83.
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47 A participação de sujeitos que possam trazer diferentes perspectivas de resolução, por vezes,
com conhecimentos específicos sobre o tema, melhora a qualidade das decisões administrativas
pela melhor compreensão da dimensão e possíveis soluções do problema, além de permitir com a
abertura do processo decisório aos vários atores sociais, maior facilidade de aceitação pelos seus
destinatários. SILVA, Vasco Manuel Pascoal Pereira da. Em busca do acto administrativo permitido.
Coimbra: Almedina, 1998. p. 402.
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