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Peça Profissional V Respondida

AO JUÍZO DA XX VARA CRIMINAL, DA COMARCA DE VITORIA, ESPÍRITO SANTO

Felipe, já qualificado nos autos, vem interpor através de seu advogado com procuração em anexo

ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MEMORIAIS, COM FUNDAMENTOS NO ART. 403, § 3°, DO CPP

Fatos

Felipe, com 18 anos de idade, conheceu Ana em um bar, e depois de um bate papo, e trocas de caricias,
tiveram relações sexuais, (sexo oral, e vaginal) de forma voluntária por ambos. No dia seguinte, o Felipe
descobriu que a moça na verdade tinha apenas 13 anos de idade, apesar de sua aparência adulta. Felipe acabou por
ser denunciado pelo ministério publico estadual, pela pratica de crimes de estupro de vulnerável, previsto no
artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento
de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante
da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP.
Por ser réu primário e de bons antecedentes, com residência fixa, Felipe respondeu ao processo em liberdade. Ana
contou que tinha o costume de fugir de casa para frequentar bares adultos, as testemunhas de acusação, afirmaram
não saber das fugas de Ana. Já as testemunhas de defesa, informaram que o comportamento e as vestes de Ana
eram incompatíveis com uma menina de 13 anos, e que o Felipe não estava embriagado quando conheceu Ana. O
réu em seu interrogatório, contou que não perguntou a Ana sua idade porque acreditava que no local somente
adultos poderiam frequentar.

A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o
primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual. O ministério publico pugnou
pela condenação do réu, nos termos da denuncia.

Fundamentação Jurídica

Felipe ao conhecer Ana em um bar onde se frequenta maiores de 18 anos, não tinha como saber a idade
de Ana, posto que deduziu ser maior devido ao ambiente e comportamento da jovem, assim como as
testemunhas afirmaram que também acharam que a vitima era mais velha pelo comportamento e pelas
vestimentas. E que de forma voluntária praticaram sexo oral e anal. Caracterizando assim, o erro de tipo
segundo o art. 20, caput, do CP, o que gera a atipicidade da conduta. Entendendo-se que seja a pena fixada
no mínimo legal, pois o acusado é réu primário, tem bons antecedentes e residência fixa, as circunstâncias
judiciais estão ao seu favor, não tendo outra solução senão a absolvição do réu, com base no artigo 386, III,
do CPP.

Deve também ser excluído o concurso de crimes do art. 69 do CP, posto que o art. 217-A do Código Penal
tem como tipo ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos, em
se considerando a lei 12.015/2009, o crime de estupro de vulnerável e o de atentado violento ao pudor se
tornaram um tipo misto alternativo, devendo ser considerado um crime único.
Houve o reconhecimento da agravante de embriaguez preordenada mas o acusado não se embriagou para
praticar tais delitos, o mesmo estava apenas se divertindo em um bar com seus amigos. Os amigos do
acusado que estava presente afirmaram este não estava embriagado, e também não houve prova pericial
para comprovar a embriagues de Felipe, desta forma deve ser afastada a presença de tal agravante.

Felipe, na data do ocorrido, encontrava-se com 18 anos, devendo ser levado em consideração a
circunstancia atenuante, considerando como menor em relação ao código penal, nos termos do art. 65, I,
CP.

Requereu o ministério público que iniciasse o cumprimento da pena em regime fechado pelo rol do art. 1º
da lei 8.072 sendo o crime hediondo, de modo que, o art. 2º, §1º da mesma lei defende o inicio de
cumprimento de pena em regime fechado. Ocorre que, o STF já julgou tal dispositivo inconstitucional de
acordo com o art. 33, §2º, "a" prevê regime inicial fechado para crimes com pena superior a 8 anos, o que
não é o caso, devendo então fixar o regime inicial semi aberto para o acusado.

Pedidos

Diante do exposto, requer:

I. seja reconhecida a atipicidade da conduta por erro de tipo essencial inevitável, com a absolvição
sumaria do réu com base nos art. 386, III do CPP.
II. caso não seja procedente os pedidos anteriores que seja aplicada a pena mínima, já que o réu é
primário, de bons antecedentes, e o afastamento da agravante da embriaguez preordenada e a incidência
da atenuante da menoridade..
III. requeremos o afastamento do concurso material, artigo 69,do CP já que não ficou configurado dois crimes,
mas, apenas um.
IV. fixando o regime inicial de cumprimento de pena no regime semi aberto com base no art. 33, § 2°,
alínea "b" do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/90.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local / 15 de Abril de 2014

Advogado(a)

OAB/UF

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