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Oficina de Comunicação Audiovisual – Módulo 2

Professor José Mamede


Alunas: Stéfane Souto e Tainana Andrade.

Projeto de Ensaio Fotográfico

Título
Privação de Liberdade

Tema
O Ensaio tratará não de liberdade em seu sentido poético como direito
universal do indivíduo e não se limitará ao relato da existência de regras de
convivência em uma sociedade dita livre. A perspectiva a ser tomada será a da
extrapolação de tais limites estabelecidos no senso comum, quando a
liberdade é reduzida em qualquer aspecto – expressão, pensamento, ir e vir,
uso do corpo etc – não por acordo prévio, mas para atender ao interesse
daquele que limita.

Desenvolvimento do Tema
Tomando liberdade como um conceito relativo, dependente de fatores
limitantes de uma vida em sociedade, pode-se entender que dificilmente será
exercido de forma plena e despreocupada. O conceito então deve ser re-
arranjado de acordo com a situação. Tratar de privação de liberdade nos abre
um leque muito maior de exploração da criatividade, além de fazer justiça à
relatividade que a palavra-chave “Liberdade” carrega.
O pensamento anarquista do teórico político russo Mikhail Bakunin sobre o
conceito nos serve de abertura de trabalhos de pesquisa:

"Sou um amante fanático da liberdade, considerando-a como o único


espaço onde podem crescer e desenvolver-se a inteligência, a
dignidade e a felicidade dos homens; não esta liberdade formal,
outorgada e regulamentada pelo Estado, mentira eterna que, em
realidade, representa apenas o privilégio de alguns, apoiada na
escravidão de todos; (...) só aceito uma única liberdade que possa ser
realmente digna deste nome, a liberdade que consiste no pleno
desenvolvimento de todas as potencialidades materiais, intelectuais e
morais que se encontrem em estado latente em cada um (...)."

Norteadas por Bakunin, encontramos no livro “Em Defesa da Sociedade”


livro de Foucault, estudos e criticas relacionados aos mecanismos de controles
sobre o corpo, indivíduos e sexualidade, ampliados pela concepção de cidade-
modelo do século XIX. Já nos princípios anarquistas de Emma Goldman
encontramos uma intensa luta “pela satisfação das necessidades da vida, de
acordo com os desejos, gostos e inclinações individuais.” Ela foi uma
importante ativista que lutou durante o século XIX pela liberdade de expressão
como forma de atingir a mudança social, levantou a bandeira em defesa da
liberdade sexual e a sua extensão para as demandas homossexuais. Criticava
também o sistema presidiário. Para Goldman, os crimes eram uma
conseqüência lógica de um sistema econômico injusto, além do que os
encarceramentos só serviam para ampliar desigualdades.
A partir de tais pensamentos – com os quais entramos em concordância -
vimos a importância de fazermos o registro de maneira poética das mais
freqüentes formas de privação da liberdade em seu mais amplo e diversificado
sentido, tão questionado e buscado pelas pessoas.
Não temos a intenção aqui, de levantar o debate sobre os princípios
anarquistas e nem muito menos defendê-los. Mas sim mostrar que só neles
encontramos a defesa da liberdade plena e completa dos indivíduos sem
formas de coerção, e a partir daí gerando uma reforma na sociedade.

Objetivos
O objetivo do projeto é representar de forma simbólica e alusiva os
diversos limites impostos sobre o direito natural do indivíduo a ser livre. Usando
a ficção, serão expostas situações onde, de tão lapidada, é possível confundir
controle de liberdade com a inexistência dela.

Técnica Aplicada
O ensaio será trabalhado em cores por tratar de abordagens simbólicas,
onde as cores exprimem também significados. Por serem utilizadas locações
em ambientes fechados e abertos, além da imprevisibilidade da meteorologia
em período de transição de estações, usaremos o ISO 400. As cenas serão
feitas de modo horizontal e vertical, utilizando em alguns momentos de
enquadramentos médios e de detalhe. Uma das cenas será feita a partir de
ponto de vista alto. Profundidade de campo reduzida e média.

Descrição das Cenas


1. Cena 1 – Liberdade de Expressão.
Três atores. Um dos atores está sentado confortavelmente ‘lendo’ um jornal
em branco, enquanto os outros dois estão intrigados testando objetos que não
funcionam: Um megafone e duas caixas de som rasgadas.

2. Cena 2 – Liberdade de ir e vir.


Usando a grade do Museu de Arte Moderna, faremos menção à prisão,
enquadrando a fotografia para pegar o ‘perfil’ da grade, com duas mãos
colocadas para fora, remetendo a posição usual dos presidiários. As mãos
estarão sujas, contrastando com os desenhos de Carybé na grade e com o
céu.

3. Cena 3 – Liberdade de uso do corpo.


Para tratar de privação de liberdade do uso do corpo, uma personagem
estará posicionada do lado esquerdo do enquadramento da foto, vestida com o
corpo e parte do rosto coberto como uma burqa. Por cima da roupa, algumas
tiras de ataduras enrolarão as partes de conotação sexual da mulher, como o
busto e a cintura.

4. Cena 4 – Liberdade de Pensamento.


Ele (ator) estará deitado na grama em posição fetal com as mãos tapando
o rosto. O personagem ocupará o centro da foto. Arrumada na grama, uma
corrente formará um sinal de interrogação acompanhando o desenho da
cabeça do ator. A perspectiva será de cima.

5. Cena 5 – Liberdade de Escolha.


O impedimento da liberdade de escolha será representado por um
personagem posicionado de frente a uma tela onde estará pintada uma estrada
que se bifurca. Um dos lados da tela, ou seja, um dos caminhos a ser seguido,
estará manchado por tinta derramada. O personagem demonstra ter intenção
de escolher esse caminho.

6. Cena 6 – Liberdade de Ser.


Esse aspecto engloba várias maneiras de representação do que viria a ser
‘liberdade de ser’. Optamos pela escolha da sexualidade e de estilo. Um dos
atores escolhidos tem alargador em uma das orelhas. Esse funcionaria como
delimitador de espaço e através dele seria possível ver um casal de meninas
que insinuariam o início de um beijo, mostrando-se apenas em um lugar
restrito.

7. Cena 7 – Privação do Riso.


Esse sub-tema nos remete a idade média, quando o riso qualificava o ser
humano como profano, uma vez que a divindade não ri, e ao contemporâneo,
quando o humor é restrito dependendo da situação. A cena é composta por
dois personagens. Um dos atores vestido com roupas alegres, enquanto o
outro, vestido com cores escuras e expressão sarcástica, colocará em seu
rosto uma máscara com aspecto triste. Ao canto estarão livros sagrados e de
comédia.

8. Cena 8 – Liberdade por liberdade.


Nessa última cena a liberdade será tratada como conquista, situação pós-
privação. O personagem estará fazendo esforço – com sucesso - para se livrar
de amarras. Fundo mais escuro e corpo mais claro.

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