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Diagnóstico tardio de uma crise infinita

Atentado de provocação
Experiência de um estado de sítio
Sonhar com explosões
Ser Guerra
Tudo é comum
Exigir o impossível
Corpo inconveniente
Corpo dissidente
Corpo presente

Não podemos mais justificar o estado presente. Não podemos mais justificar os pequenos
medos que criamos e, como mantra, repetimos a cada segundo a nós mesmo sobre a
incertitude do nosso futuro. Não podemos mais deixar que a crueldade de uma parcela da
realidade opressora interpele os nossos enunciados e nos silencie. O lugar de ser é o aqui, e o
agora.

O status quo a cada dia se configura mais reluzentemente em uma indeterminação. É para
confrontá-lo que gritamos. Dentro do mundo não cabe mais a resignação. Precisamos
ressignificar os modos como traímos planetas, e também como destruímos o mito dos heróis.
É preciso aceitar que não há mais espaço para o antigo. A voracidade com que reclamam
nossos corpos tem de ser inversamente proporcional à voracidade com que nós os
abocanharemos. A deglutição deve ser um exercício constante, e a indigestão a prova de
nossa vitória.

É necessário que nos tornemos monumentos, e que os moldes dos nossos corpos sejam
aqueles que as histórias reverberarão. Exigir o impossível hoje é um desígnio.
Precisamos assustá-los com seus próprios erros. Eles são os culpados pela intolerável
condição de desigualdade no mundo, e não podemos deixar que escapem ilesos. Precisamos
abandonar o esforço arrastado e enveredar o caminho para uma nova liberdade. Como
barricada ou onda, que nossos corpos inundem as ruas e o sonho dos nossos detratores. Que
nossa inconveniência se faça presente, e que a dissidência de nossos corpos seja a tônica para
a construção de um novo amanhã.

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