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RECIFE
07/05/2018
Resumo do livro Introdução aos estudos históricos, capítulo 2: O conceito da história.
As definições da história são múltiplas. Besselaar (1954, página 427), a definiu como:
“a história é a ciência dos atos humanos do passado e dos vários fatores que neles influíram,
vistos na sua sucessão temporal”. Porém a história vista como ciência ainda gera discussões.
Pode afirmar apenas que os meios científicos auxiliam o historiador a adquirir conhecimentos,
que serão depois postos em ordem de resultados obtidos gerando uma certa sistematização.
O objeto material do estudo da história são os atos humanos (atos próprios do homem
enquanto homem). Tais como: amar, odiar, escrever, entre outros. São manifestações humanas
de valor intrínseco, que revelam certo grau de espiritualidade e originalidade. São meios de
encontrar novidades, originalidade, algo de pessoal.
Além disso, os atos humanos despertam interesse também pelo fato do homem
apresentar inteligência e livre arbítrio, único no reino animal a apresentar tais características. O
que os torna um ser histórico por natureza. O homem ainda possui a capacidade de refletir sobre
suas experiências e adquirir conhecimento para uso em situações futuras semelhantes.
Tornando possível o melhoramento de suas condições materiais e suas manifestações superiores
da vida humana. Tais experiências podem se tornar tradições e serem repassadas de indivíduos
a indivíduos ou de gerações a gerações.
O homem é definido como um ser histórico, pois é um animal que progride. Sua
tendência progressista é marcada por construções, conquistas intelectuais e espirituais. Tal
progresso só é possível pela capacidade do homem de aperfeiçoamento. Mesmo sendo um ser
limitado, possui a obrigação de conquistar sua liberdade e sua personalidade.
Para que exista o progresso é preciso que os conhecimentos sejam transmitidos, gerando
uma tradição. Não é algo mecanizado, mas depende do interesse de cada indivíduo a integração
com as experiências dos seus antepassados. As tradições podem apresentar duas questões
perigosas: 1- Passar as tradições de forma tirânica e gerar o engessamento da cultura, ao impedir
o desenvolvimento da nova geração; 2- Ideias racionalistas que os afastam das tradições e os
fazem perder o vínculo com a história.
O progresso é intrínseco do homem. Porém, nem todo progresso é positivo, visto que a
imperfeição faz parte da condição humana. O progresso dos tempos modernos gera
preocupação, pois teme que as técnicas e a ciência sufoque o homem mediante as invenções do
espírito. Ou seja, todo progresso é valioso apenas se, em uma escala de valores, não elimina
Deus, que é visto como o bem maior.
O destino das pessoas e povos podem ser alterados por diversos fatores externos. Mas
podem ser resumidos em duas categorias: 1- Fatores que independem da atividade humana,
mais conhecidos como caprichos do destino, como por exemplo: desastres naturais, acidentes
como cair do cavalo ou tropeçar e uma pedra; 2- Fatores de caráter quase que permanentes,
como por exemplo as condições climáticas e geográficas. Os fatores do tipo 1 só serão objetos
do historiador caso venham a repercutir no comportamento dos atores no palco histórico.
O tempo caracteriza o objeto formal da história, ou seja, os atos humanos são estudados
pela ótica do tempo. O tempo pode ser caracterizado como uma sucessão ininterrupta, um fluir
constante. O tempo está atrelado ao movimento. O espirito humano comtempla as três partes
do tempo: o presente; o passado através das suas recordações e o futuro através dos desejos e
planos.
A natureza humana sente o tempo não de maneira física, mas de maneira psicológica,
ou o tempo psicológico. Que o faz registrar cada momento e situação de maneira única. Dentro
de cada situação pessoal, o tempo é sentido de uma forma distinta. Para quem sofre, o tempo
pode ser interminável e maçante, já para quem goza de felicidade, o mesmo passar de tempo
pode ser um breve momento. A sucessão de tais situações únicas, de cada ser ou coletivo,
caracteriza o tempo histórico.
BESSELAAR, Jose Van Den. Introdução aos estudos históricos (I). Revista de História, São
Paulo, v. 9, n. 20, p. 407-493, dec. 1954. ISSN 2316-9141.