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Presidente
Rodrigo Maia
1º Vice-Presidente
Waldir Maranhão
2º Vice-Presidente
Giacobo
1º Secretário
Beto Mansur
2º Secretário
Felipe Bornier
3ª Secretária
Mara Gabrilli
4º Secretário
Alex Canziani
Suplentes de Secretário
1º Suplente
Mandetta
2º Suplente
Gilberto Nascimento
3ª Suplente
Luiza Erundina
4º Suplente
Ricardo Izar
Diretor-Geral
Lucio Henrique Xavier Lopes
Secretário-Geral da Mesa
Wagner Soares Padilha
Câmara dos
Deputados
SÉRIE
Legislação
n. 249
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.
Versão PDF.
Modo de acesso: livraria.camara.leg.br
Disponível, também, em formato digital (EPUB).
ISBN 978-85-402-0519-2
CDU 323.12(81)(094)
SUMÁRIO DE ARTIGOS�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 7
APRESENTAÇÃO�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 8
LEGISLAÇÃO CORRELATA
1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28,
29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55,
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
APRESENTAÇÃO
Este livro da Série Legislação, da Edições Câmara, traz o texto atualizado do Estatuto da Igualdade
Racial, Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, e legislação correlata.
Com a publicação da legislação federal brasileira em vigor, a Câmara dos Deputados vai além da
função de criar normas: colabora também para o seu efetivo cumprimento ao torná-las conhecidas e
acessíveis a toda a população.
Os textos legais compilados nesta edição são resultado do trabalho dos parlamentares, que represen-
tam a diversidade do povo brasileiro. Da apresentação até a aprovação de um projeto de lei, há um
extenso caminho de consultas, estudos e debates com os variados segmentos sociais. Após criadas,
as leis fornecem um arcabouço jurídico que permite a boa convivência em sociedade.
A Câmara dos Deputados disponibiliza suas publicações na Livraria da Câmara (livraria.camara.leg.br) e na Bi-
blioteca Digital (bd.camara.leg.br/bd). Alguns títulos também são produzidos em formato audiolivro e EPUB. O
objetivo é democratizar o acesso a informação e estimular o pleno exercício da cidadania.
Dessa forma, a Câmara dos Deputados contribui para levar informação sobre direitos e deveres aos
principais interessados no assunto: os cidadãos.
Deputado Rodrigo Maia
Presidente da Câmara dos Deputados
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
A RELEVÂNCIA HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO país, não haveria por que estender essa distinção para
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL o campo dos homens livres, dizia ele. Os brasileiros
libertos eram cidadãos como quaisquer outros, não
A expansão europeia em direção a outros continentes, lhes podendo ser negado qualquer direito pelo simples
que se iniciou junto com a chamada Idade Moderna, foi fato de terem sido escravos. A proibição do voto dos
elemento fundamental no processo histórico que levou libertos, no entanto, foi legalmente imposta, revelando
ao surgimento do Brasil como Estado-nação. Nesse pro- que o estigma da escravidão se estendia, sim, a todos
cesso, os europeus, além de entrarem em contato com os que haviam sido um dia escravizados.
as populações autóctones do futuro território brasileiro,
A longa espera pela redação e promulgação do primeiro
para aqui transferiram vastos contingentes humanos
Código Civil brasileiro também expõe, embora de outro
de outras regiões do mundo, sobretudo da África, em
ângulo, a influência da aguda hierarquização racial
função, principalmente, de necessidades de mão de obra
sobre o processo legislativo. Nesse caso, a influência
para os empreendimentos coloniais. Aprendemos, por
não se dava pelo conteúdo positivo da lei formulada,
isso, desde cedo, que, a partir da contribuição inicial
mas pela dificuldade de formulá-la, pela ausência da
de portugueses, indígenas e africanos, logo acrescida
lei. Como definir sobre quem recairiam as normas do
pela de pessoas das mais diversas origens, formou-se
futuro Código Civil, dentro da concepção liberal for-
o povo brasileiro.
malmente dominante, em um contexto que dificultava
Da interação entre populações com experiências his- identificar quem era e quem não era cidadão no país?
tóricas distintas, que se enriqueciam pelo contato
No período em que se deu a abolição do escravismo,
com as experiências das demais, resultou o imenso
o sistema de predomínio mundial europeu já deixava
patrimônio cultural do país. No entanto, o grau de
para trás a forma propriamente colonial para adotar
desigualdade e opressão que marcou aquele encontro
outras estratégias de dominação, das quais fazia parte
inicial, decorrente de desmedida violência colonialista,
a consagração de hierarquias pseudocientíficas entre
deixou marcas difíceis de superar. A hierarquia entre
seres humanos, com base em critérios raciais. Assim, o
as populações de variada origem que compõem a po-
Brasil, cujo processo histórico de formação o tornava
pulação brasileira manteve-se presente em todos os
terreno fértil para esse tipo de ideologia, viu-se en-
indicadores econômicos e sociais, século após século,
redado numa malha de noções espúrias, legitimadas
reforçando-se, ademais, pela insidiosa discriminação
pelo prestígio da ciência. Tais concepções mostraram
racial que inexoravelmente se criou, em detrimento
toda a sua força institucional e legal nos programas
especialmente dos grupos humanos incorporados à
governamentais de atração de mão de obra racial e
sociedade nascente como escravos.
culturalmente “superior” para substituir a mão de obra
A relação entre populações assim fortemente hierar- de origem africana.
quizadas nunca deixou de ser uma questão crucial para
Somente no século XX começa a tornar-se dominante a
quem refletisse sobre o Brasil. Desde sempre, pontos
visão positiva sobre a diversidade humana presente na
de vista distintos se contrapuseram na reflexão sobre
construção do Brasil e a convicção de que o valor dos
a matéria, incluindo visões intransigentemente racis-
indivíduos e grupos não pode ser aferido por critério
tas, que chegaram a postular a incapacidade do povo
racial. Estávamos, não por acaso, no século em que o
brasileiro para se desenvolver social e economicamente,
predomínio europeu, construído nos quatro séculos
dado o seu vício racial de origem. Desde sempre também
anteriores, passava a perder força em todo o mundo.
as contradições objetivas da realidade se expressaram
em leis e em divergências e disputas sobre a forma de A nova visão a respeito do valor da diversidade racial
organização do Estado brasileiro. e da importância de que indivíduos de diversa ori-
gem tenham oportunidades iguais não deixou de se
Nos primeiros anos da nova nação independente, por
expressar na organização do Estado brasileiro e em
exemplo, o conselheiro Antônio Pereira Rebouças,
nossa legislação. O conjunto de diplomas normativos
deputado negro, defendeu vigorosamente, no parla-
apresentados nesta compilação já reflete essa visão,
mento recém-instalado, o direito de voto dos ex-es-
pois se estende da segunda metade do século XX aos
cravos nascidos no Brasil, após adquirirem a liberdade.
dias atuais. Sua importância ganha ainda maior nitidez,
Mesmo na vigência do escravismo, que introduzia uma
no entanto, quando ele é observado contra o pano de
distinção de fundo entre as pessoas que viviam no
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
fundo do processo de formação do país, que realça a dispor de um amplo enquadramento normativo da
a centralidade da questão racial em nossa história, matéria, que inclui a fixação dos princípios gerais que
inclusive no aspecto institucional e legal. guiam a atuação do Estado e da sociedade nessa área,
a criação da base legal para a estruturação do Sistema
A primeira e decisiva tarefa da luta antirracista, no plano
Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e o
legal, foi a de coibir a discriminação racial e o racismo.
encaminhamento das ações de promoção da igualdade
O processo, lento, começou por tornar contravenção
em diversas áreas (saúde, educação, liberdade de crença
penal a “prática de atos resultantes de preconceitos
e de culto, acesso à terra e à habitação e tantas outras).
de raça ou de cor” (Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951)
e culminou na determinação do artigo 5º, inciso XLII, Note-se que é no processo legislativo em sentido es-
da Constituição Federal de 1988, de que “a prática do trito, ou seja, aquele que acontece dentro das casas
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, legislativas, que as divergências e convergências sociais
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. em relação a determinado assunto e a correlação de
forças existente na sociedade ganham maior nitidez.
Nas últimas décadas, começou a ganhar volume no
Portanto, a Lei nº 12.288, de 2010, nos dá, também, um
debate público a noção de que cabe ao Estado não
retrato do estágio em que se encontra o tema da pro-
apenas combater a discriminação e o racismo, mas agir
moção da igualdade racial na esfera política brasileira.
positivamente na promoção da igualdade racial efetiva.
Esse estágio se refletiu tanto na tramitação1 da matéria
Na Constituição Federal de 1988, a influência dessa
como no conteúdo final do diploma legal. Nem todas
noção aparece em formulações ainda relativamente
as questões tratadas no Estatuto chegaram ao mesmo
tímidas, como, por exemplo, na referência explícita
grau de definição, mas poucas categorias de políticas
à proteção de manifestações culturais “indígenas e
públicas deixaram de ser abordadas, até porque a
afro-brasileiras” (art. 215, § 1º) ou na norma do Ato das
promoção da igualdade racial atinge realmente nossa
Disposições Constitucionais Transitórias que realça a
sociedade em todas as suas dimensões. Ademais, os
obrigação do Estado de emitir títulos que formalizem
princípios que permitem desenvolver novas iniciativas
o direito dos remanescentes das comunidades dos
nessas várias dimensões ficaram bem determinados
quilombos à propriedade definitiva das terras que
nos primeiros artigos da lei.
estejam ocupando (art. 68).
Registre-se, por fim, que o art. 4º, parágrafo único, do
Mais recentemente, a mudança – ou ampliação – de
Estatuto da Igualdade Racial consagrou legalmente a
perspectiva ganhou relevo institucional com a implan-
possibilidade de recurso a programas de ação afirma-
tação de agências dentro do Estado especialmente
tiva para reparar as distorções e desigualdades sociais
destinadas à promoção da igualdade racial. É assim
e demais práticas discriminatórias adotadas contra a
que surgem entes como a Secretaria de Políticas de
população negra, nas esferas pública e privada, durante
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Re-
o processo de formação social do país.
pública (Seppir) e o Conselho Nacional de Promoção da
Igualdade Racial (CNPIR) e iniciativas como a Política A Câmara dos Deputados, ao possibilitar o acesso,
Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR) e em meio de fácil manuseio e circulação, à legislação
o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial vigente sobre matéria de tamanha relevância na his-
(Planapir). Todas essas manifestações institucionais tória brasileira, estimula a discussão social sobre os
encontram suporte normativo em decretos transcritos caminhos que o país deve trilhar nessa área. Além
nesta publicação. disso, contribui para disseminar o conhecimento
sobre normas fundamentais para a definição da ima-
Mas o estágio culminante da atividade legislativa acon-
gem que o Brasil tem de si mesmo e de seu futuro,
tece quando se formam os consensos sociais e polí-
normas que têm significado imediato para a vida de
ticos indispensáveis para que o Congresso Nacional
milhões de brasileiros.
introduza um tema novo, ou o novo enquadramento
de um tema antigo, na ordem legal. A Lei nº 12.288, Márcio Nuno Rabat2
de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial),
1. Um bom resumo da maior parte da tramitação do Projeto de Lei nº 6.264, de 2005,
constitui, assim, um verdadeiro salto de qualidade que resultou no Estatuto da Igualdade Racial, encontra-se no parecer apresentado pelo
relator da matéria na Câmara dos Deputados, deputado Antônio Roberto, em 16 de julho
no tratamento dado pelo Estado brasileiro ao tema de 2008. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=405285>.
da promoção da igualdade racial. Com ela, passamos 2. Consultor legislativo da Câmara dos Deputados na área XIX (ciência política, sociologia
política, história e relações internacionais).
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais,
no saneamento básico, na segurança alimentar e nu-
CAPÍTULO I – DO DIREITO À SAÚDE
tricional e na atenção integral à saúde.
Art. 6º O direito à saúde da população negra será garan-
CAPÍTULO II – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À
tido pelo poder público mediante políticas universais,
CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
sociais e econômicas destinadas à redução do risco de
doenças e de outros agravos. Seção I – Disposições Gerais
§ 1º O acesso universal e igualitário ao Sistema Único
Art. 9º A população negra tem direito a participar de
de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recuperação
atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer
da saúde da população negra será de responsabilidade
adequadas a seus interesses e condições, de modo a
dos órgãos e instituições públicas federais, estaduais,
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade
distritais e municipais, da administração direta e indireta.
e da sociedade brasileira.
§ 2º O poder público garantirá que o segmento da
população negra vinculado aos seguros privados de Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9º,
saúde seja tratado sem discriminação. os governos federal, estaduais, distrital e municipais
adotarão as seguintes providências:
Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à po-
I – promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso
pulação negra constitui a Política Nacional de Saúde
da população negra ao ensino gratuito e às atividades
Integral da População Negra, organizada de acordo
esportivas e de lazer;
com as diretrizes abaixo especificadas:
II – apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço
I – ampliação e fortalecimento da participação de li-
para promoção social e cultural da população negra;
deranças dos movimentos sociais em defesa da saúde
III – desenvolvimento de campanhas educativas, inclu-
da população negra nas instâncias de participação e
sive nas escolas, para que a solidariedade aos membros
controle social do SUS;
da população negra faça parte da cultura de toda a
II – produção de conhecimento científico e tecnológico
sociedade;
em saúde da população negra;
IV – implementação de políticas públicas para o forta-
III – desenvolvimento de processos de informação, co-
lecimento da juventude negra brasileira.
municação e educação para contribuir com a redução
das vulnerabilidades da população negra. Seção II – Da Educação
Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacional de Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental
Saúde Integral da População Negra: e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório
I – a promoção da saúde integral da população negra, o estudo da história geral da África e da história da
priorizando a redução das desigualdades étnicas e o população negra no Brasil, observado o disposto na
combate à discriminação nas instituições e serviços Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
do SUS; § 1º Os conteúdos referentes à história da população
II – a melhoria da qualidade dos sistemas de informação negra no Brasil serão ministrados no âmbito de todo o
do SUS no que tange à coleta, ao processamento e à currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva
análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero; para o desenvolvimento social, econômico, político e
III – o fomento à realização de estudos e pesquisas cultural do país.
sobre racismo e saúde da população negra; § 2º O órgão competente do Poder Executivo fomen-
IV – a inclusão do conteúdo da saúde da população tará a formação inicial e continuada de professores e
negra nos processos de formação e educação perma- a elaboração de material didático específico para o
nente dos trabalhadores da saúde; cumprimento do disposto no caput deste artigo.
V – a inclusão da temática saúde da população negra § 3º Nas datas comemorativas de caráter cívico, os
nos processos de formação política das lideranças de órgãos responsáveis pela educação incentivarão a
movimentos sociais para o exercício da participação e participação de intelectuais e representantes do mo-
controle social no SUS. vimento negro para debater com os estudantes suas
Parágrafo único. Os moradores das comunidades de vivências relativas ao tema em comemoração.
remanescentes de quilombos serão beneficiários de
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de
incentivos específicos para a garantia do direito à
fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
incentivos a pesquisas e a programas de estudo vol- Parágrafo único. A preservação dos documentos e
tados para temas referentes às relações étnicas, aos dos sítios detentores de reminiscências históricas
quilombos e às questões pertinentes à população negra. dos antigos quilombos, tombados nos termos do § 5º
do art. 216 da Constituição Federal, receberá especial
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos
atenção do poder público.
competentes, incentivará as instituições de ensino su-
perior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação Art. 19. O poder público incentivará a celebração das
em vigor, a: personalidades e das datas comemorativas relacionadas
I – resguardar os princípios da ética em pesquisa e à trajetória do samba e de outras manifestações cul-
apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos di- turais de matriz africana, bem como sua comemoração
versos programas de pós-graduação que desenvolvam nas instituições de ensino públicas e privadas.
temáticas de interesse da população negra;
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a pro-
II – incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de
teção da capoeira, em todas as suas modalidades,
formação de professores temas que incluam valores
como bem de natureza imaterial e de formação da
concernentes à pluralidade étnica e cultural da socie-
identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216
dade brasileira;
da Constituição Federal.
III – desenvolver programas de extensão universitária
Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por
destinados a aproximar jovens negros de tecnologias
meio dos atos normativos necessários, a preservação
avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade
dos elementos formadores tradicionais da capoeira
de gênero entre os beneficiários;
nas suas relações internacionais.
IV – estabelecer programas de cooperação técnica, nos
estabelecimentos de ensino públicos, privados e comu- Seção IV – Do Esporte e Lazer
nitários, com as escolas de educação infantil, ensino
Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da
fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a
população negra às práticas desportivas, consolidando
formação docente baseada em princípios de equidade,
o esporte e o lazer como direitos sociais.
de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações so-
criação nacional, nos termos do art. 217 da Constitui-
cioeducacionais realizadas por entidades do movimento
ção Federal.
negro que desenvolvam atividades voltadas para a inclu-
§ 1º A atividade de capoeirista será reconhecida em
são social, mediante cooperação técnica, intercâmbios,
todas as modalidades em que a capoeira se manifesta,
convênios e incentivos, entre outros mecanismos.
seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre
Art. 15. O poder público adotará programas de ação o exercício em todo o território nacional.
afirmativa. § 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições
públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tra-
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos
dicionais, pública e formalmente reconhecidos.
responsáveis pelas políticas de promoção da igualdade
e de educação, acompanhará e avaliará os programas CAPÍTULO III – DO DIREITO À LIBERDADE
de que trata esta seção. DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
Seção III – Da Cultura
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
sociedades negras, clubes e outras formas de manifesta-
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
ção coletiva da população negra, com trajetória histórica
locais de culto e a suas liturgias.
comprovada, como patrimônio histórico e cultural, nos
termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal. Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de cren-
ça e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comuni-
africana compreende:
dades dos quilombos o direito à preservação de seus
I – a prática de cultos, a celebração de reuniões relacio-
usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob
nadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por
a proteção do Estado.
iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para § 2º As ações visando a promover a igualdade de
os efeitos desta lei, inclui não apenas o provimento oportunidades na esfera da administração pública
habitacional, mas também a garantia da infraestrutura far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a se-
urbana e dos equipamentos comunitários associados à rem estabelecidas em legislação específica e em seus
função habitacional, bem como a assistência técnica e regulamentos.
jurídica para a construção, a reforma ou a regularização § 3º O poder público estimulará, por meio de incentivos,
fundiária da habitação em área urbana. a adoção de iguais medidas pelo setor privado.
§ 4º As ações de que trata o caput deste artigo asse-
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações gover-
gurarão o princípio da proporcionalidade de gênero
namentais realizadas no âmbito do Sistema Nacional
entre os beneficiários.
de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela
§ 5º Será assegurado o acesso ao crédito para a pe-
Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005, devem considerar
quena produção, nos meios rural e urbano, com ações
as peculiaridades sociais, econômicas e culturais da
afirmativas para mulheres negras.
população negra.
§ 6º O poder público promoverá campanhas de sensi-
Parágrafo único. Os estados, o Distrito Federal e os
bilização contra a marginalização da mulher negra no
municípios estimularão e facilitarão a participação de
trabalho artístico e cultural.
organizações e movimentos representativos da popu-
§ 7º O poder público promoverá ações com o objetivo de
lação negra na composição dos conselhos constituídos
elevar a escolaridade e a qualificação profissional nos
para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação
setores da economia que contem com alto índice de ocu-
de Interesse Social (FNHIS).
pação por trabalhadores negros de baixa escolarização.
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados,
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao
promoverão ações para viabilizar o acesso da população
Trabalhador (Codefat) formulará políticas, programas e
negra aos financiamentos habitacionais.
projetos voltados para a inclusão da população negra
CAPÍTULO V – DO TRABALHO no mercado de trabalho e orientará a destinação de
recursos para seu financiamento.
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a
inclusão da população negra no mercado de trabalho será Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por
de responsabilidade do poder público, observando-se: meio de financiamento para constituição e ampliação
I – o instituído neste estatuto; de pequenas e médias empresas e de programas de
II – os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar geração de renda, contemplarão o estímulo à promoção
a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas de empresários negros.
as Formas de Discriminação Racial, de 1965; Parágrafo único. O poder público estimulará as ati-
III – os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar vidades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos
a Convenção nº 111, de 1958, da Organização Interna- locais, monumentos e cidades que retratem a cultura,
cional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no os usos e os costumes da população negra.
emprego e na profissão;
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar
IV – os demais compromissos formalmente assumidos
critérios para provimento de cargos em comissão e
pelo Brasil perante a comunidade internacional.
funções de confiança destinados a ampliar a parti-
Art. 39. O poder público promoverá ações que asse- cipação de negros, buscando reproduzir a estrutura
gurem a igualdade de oportunidades no mercado de da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso,
trabalho para a população negra, inclusive mediante estadual, observados os dados demográficos oficiais.
a implementação de medidas visando à promoção da
CAPÍTULO VI – DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
igualdade nas contratações do setor público e o in-
centivo à adoção de medidas similares nas empresas Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comu-
e organizações privadas. nicação valorizará a herança cultural e a participação
§ 1º A igualdade de oportunidades será lograda me- da população negra na história do país.
diante a adoção de políticas e programas de formação
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados
profissional, de emprego e de geração de renda voltados
à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas
para a população negra.
cinematográficas, deverá ser adotada a prática de
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
municípios que tenham criado conselhos de promoção II – financiamento de pesquisas, nas áreas de educação,
da igualdade étnica. saúde e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade
de vida da população negra;
CAPÍTULO IV – DAS OUVIDORIAS PERMANENTES
III – incentivo à criação de programas e veículos de
E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA
comunicação destinados à divulgação de matérias
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da relacionadas aos interesses da população negra;
lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, IV – incentivo à criação e à manutenção de microempre-
Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, sas administradas por pessoas autodeclaradas negras;
para receber e encaminhar denúncias de preconceito V – iniciativas que incrementem o acesso e a perma-
e discriminação com base em etnia ou cor e acompa- nência das pessoas negras na educação fundamental,
nhar a implementação de medidas para a promoção média, técnica e superior;
da igualdade. VI – apoio a programas e projetos dos governos esta-
duais, distrital e municipais e de entidades da socie-
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação ét-
dade civil voltados para a promoção da igualdade de
nica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à
oportunidades para a população negra;
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
VII – apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória
Judiciário, em todas as suas instâncias, para a garantia
e das tradições africanas e brasileiras.
do cumprimento de seus direitos.
§ 1º O Poder Executivo federal é autorizado a adotar
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mu-
medidas que garantam, em cada exercício, a trans-
lheres negras em situação de violência, garantida a
parência na alocação e na execução dos recursos ne-
assistência física, psíquica, social e jurídica.
cessários ao financiamento das ações previstas neste
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos
a violência policial incidente sobre a população negra. recursos orçamentários destinados aos programas de
Parágrafo único. O Estado implementará ações de res- promoção da igualdade, especialmente nas áreas de
socialização e proteção da juventude negra em conflito educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento
com a lei e exposta a experiências de exclusão social. agrário, habitação popular, desenvolvimento regional,
cultura, esporte e lazer.
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de
§ 2º Durante os cinco primeiros anos, a contar do
discriminação e preconceito praticados por servidores
exercício subsequente à publicação deste estatuto, os
públicos em detrimento da população negra, observa-
órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem
do, no que couber, o disposto na Lei nº 7.716, de 5 de
políticas e programas nas áreas referidas no § 1º deste
janeiro de 1989.
artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a par-
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ticipação nos programas de ação afirmativa referidos
ameaças de lesão aos interesses da população negra no inciso VII do art. 4º desta lei.
decorrentes de situações de desigualdade étnica, recor- § 3º O Poder Executivo é autorizado a adotar as medi-
rer-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública, das necessárias para a adequada implementação do
disciplinada na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. disposto neste artigo, podendo estabelecer patama-
res de participação crescente dos programas de ação
CAPÍTULO V – DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS
afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
§ 2º deste artigo.
Art. 56. Na implementação dos programas e das ações § 4º O órgão colegiado do Poder Executivo federal
constantes dos planos plurianuais e dos orçamentos responsável pela promoção da igualdade racial acom-
anuais da União, deverão ser observadas as políticas panhará e avaliará a programação das ações referidas
de ação afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4º neste artigo nas propostas orçamentárias da União.
desta lei e outras políticas públicas que tenham como
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordiná-
objetivo promover a igualdade de oportunidades e a
rios, poderão ser consignados nos orçamentos fiscal e
inclusão social da população negra, especialmente no
da seguridade social para financiamento das ações de
que tange a:
que trata o art. 56:
I – promoção da igualdade de oportunidades em edu-
I – transferências voluntárias dos estados, do Distrito
cação, emprego e moradia;
Federal e dos municípios;
17
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
II – doações voluntárias de particulares; Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos
III – doações de empresas privadas e organizações não para aferir a eficácia social das medidas previstas
governamentais, nacionais ou internacionais; nesta lei e efetuará seu monitoramento constante,
IV – doações voluntárias de fundos nacionais ou com a emissão e a divulgação de relatórios periódicos,
internacionais; inclusive pela rede mundial de computadores.
V – doações de Estados estrangeiros, por meio de con- 4
[...]
vênios, tratados e acordos internacionais.
Art. 65. Esta lei entra em vigor noventa dias após a data
TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS de sua publicação.
Art. 58. As medidas instituídas nesta lei não excluem Brasília, 20 de julho de 2010; 189º da Independência e
outras em prol da população negra que tenham sido 122º da República.
ou venham a ser adotadas no âmbito da União, dos
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
estados, do Distrito Federal ou dos municípios.
Eloi Ferreira de Araújo
18
LEGISLAÇÃO CORRELATA
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
21
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
3. Nada nesta convenção poderá ser interpretado como outros, as medidas especiais e concretas para assegurar
afetando as disposições legais dos Estados-Partes, como convier o desenvolvimento ou a proteção de certos
relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a estes
desde que tais disposições não discriminem contra grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições
qualquer nacionalidade particular. de igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem
4. Não serão consideradas discriminação racial as e das liberdades fundamentais.
medidas especiais tomadas com o único objetivo de Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade
assegurar progresso adequado de certos grupos ra- de manter direitos grupos raciais, depois de alcançados
ciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da os objetivos em razão dos quais foram tomadas.
proteção que possa ser necessária para proporcionar
Artigo III
a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de
Os Estados-Partes especialmente condenam a segre-
direitos humanos e liberdades fundamentais, contando
gação racial e o apartheid e comprometem-se a proibir
que, tais medidas não conduzam, em consequência,
e a eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas as
à manutenção de direitos separados para diferentes
práticas dessa natureza.
grupos raciais e não prossigam após terem sidos al-
cançados os seus objetivos. Artigo IV
Os Estados-Partes condenam toda propaganda e todas
Artigo II
as organizações que se inspirem em ideias ou teorias
1. Os Estados-Partes condenam a discriminação ra-
baseadas na superioridade de uma raça ou de um
cial e comprometem-se a adotar, por todos os meios
grupo de pessoas de uma certa cor ou de uma certa
apropriados e sem tardar uma política de eliminação
origem étnica ou que pretendem justificar ou encora-
da discriminação racial em todas as suas formas e de
jar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais
promoção de entendimento entre todas as raças e
e comprometem-se a adotar imediatamente medidas
para esse fim:
positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a
a) Cada Estado-Parte compromete-se a efetuar ne-
uma tal discriminação, ou quaisquer atos de discrimi-
nhum ato ou prática de discriminação racial contra
nação com este objetivo tendo em vista os princípios
pessoas, grupos de pessoas ou instituições e fazer
formulados na Declaração Universal dos Direitos do
com que todas as autoridades públicas nacionais
Homem e os direitos expressamente enunciados no
ou locais, se conformem com esta obrigação;
artigo 5 da presente convenção, eles se comprometem
b) Cada Estado-Parte compromete-se a não enco-
principalmente:
rajar, defender ou apoiar a discriminação racial
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difu-
praticada por uma pessoa ou uma organização
são de ideias baseadas na superioridade ou ódio
qualquer;
raciais, qualquer incitamento à discriminação
c) Cada Estado-Parte deverá tomar as medidas efi-
racial, assim como quaisquer atos de violência ou
cazes, a fim de rever as políticas governamentais
provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer
nacionais e locais e para modificar, ab-rogar ou
raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor
anular qualquer disposição regulamentar que
ou de outra origem étnica, como também qual-
tenha como objetivo criar a discriminação ou
quer assistência prestada a atividades racistas,
perpetrá-la onde já existir;
inclusive seu financiamento;
d) Cada Estado-Parte deverá, por todos os meios
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim
apropriados, inclusive se as circunstâncias o
como as atividades de propaganda organizada e
exigirem, as medidas legislativas, proibir e por
qualquer outro tipo de atividade de propaganda
fim, a discriminação racial praticadas por pessoa,
que incitar a discriminação racial e que a encorajar
por grupo ou das organizações;
e a declara delito punível por lei a participação
e) Cada Estado-Parte compromete-se a favorecer,
nestas organizações ou nestas atividades;
quando for o caso as organizações e movimentos
c) a não permitir as autoridades públicas nem ás
multirraciais e outros meios próprios a eliminar
instituições públicas nacionais ou locais, o incita-
as barreiras entre as raças e a desencorajar o
mento ou encorajamento à discriminação racial.
que tende a fortalecer a divisão racial.
2) Os Estados-Partes tomarão, se as circunstâncias
o exigirem, nos campos social, econômico, cultural e
22
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
23
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
uma lista por ordem alfabética, de todos os candidatos 3. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas
assim nomeados com indicação dos Estados-Partes foi necessários serviços de Secretaria ao comitê.
que os nomearam, e a comunicará aos Estados-Partes. 4. O comitê reunir-se-á normalmente na sede das
4. Os membros do comitê serão eleitos durante uma Nações Unidas.
reunião dos Estados-Partes convocada pelo secre-
Artigo XI
tário-geral das Nações Unidas. Nessa reunião, em
1. Se um Estado-Parte julgar que outro Estado igual-
que o quórum será alcançado com dois terços dos
mente Parte não aplica as disposições da presente
Estados-Partes, serão eleitos membros do comitê, os
convenção poderá chamar a atenção do comitê sobre
candidatos que obtiverem o maior número de votos e
a questão. O comitê transmitirá, então, a comunicação
a maioria absoluta de votos dos representantes dos
ao Estado-Parte interessado. Num prazo de três meses,
Estados-Partes presentes e votantes.
o Estado destinatário submeterá ao comitê as explica-
5.
ções ou declarações por escrito, a fim de esclarecer a
a) Os membros do comitê serão eleitos por um pe-
questão e indicar as medidas corretivas que por acaso
ríodo de quatro anos. Entretanto, o mandato de
tenham sido tomadas pelo referido Estado.
nove dos membros eleitos na primeira eleição,
2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data
expirará ao fim de dois anos; logo após a primeira
do recebimento da comunicação original pelo Estado
eleição os nomes desses nove membros serão
destinatário a questão não foi resolvida a contento dos
escolhidos, por sorteio, pelo presidente do comitê.
dois Estados, por meio de negociações bilaterais ou por
B) Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Par-
qualquer outro processo que estiver a sua disposição,
te, cujo perito deixou de exercer suas funções de
tanto um como o outro terão o direito de submetê-la
membro do comitê, nomeará outro perito dentre
novamente ao comitê, endereçando uma notificação
seus nacionais, sob reserva da aprovação do comitê.
ao comitê assim como ao outro Estado interessado.
6. Os Estados-Partes serão responsáveis pelas despesas
3. O comitê só poderá tomar conhecimento de uma
dos membros do comitê para o período em que estes
questão, de acordo com o parágrafo 2 do presente
desempenharem funções no comitê.
artigo, após ter constatado que todos os recursos
Artigo IX internos disponíveis foram interpostos ou esgotados,
1. Os Estados-Partes comprometem-se a apresentar ao de conformidade com os princípios do direito inter-
secretário-geral para exame do comitê, um relatório nacional geralmente reconhecidos. Esta regra não se
sobre as medidas legislativas, judiciárias, administra- aplicará se os procedimentos de recurso excederem
tivas ou outras que tomarem para tornarem efetivas prazos razoáveis.
as disposições da presente convenção: 4. Em qualquer questão que lhe for submetida, comitê
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em poderá solicitar aos Estados-Partes presentes que
vigor da convenção, para cada Estado interessado lhe forneçam quaisquer informações complementares
no que lhe diz respeito, e posteriormente, cada pertinentes.
dois anos, e toda vez que o comitê o solicitar. O 5. Quando o comitê examinar uma questão conforme o
comitê poderá solicitar informações complemen- presente artigo os Estados-Partes interessados terão
tares aos Estados-Partes. o direito de nomear um representante que participará
2. O comitê submeterá anualmente à Assembleia-Geral, sem direito de voto dos trabalhos no comitê durante
um relatório sobre suas atividades e poderá fazer su- todos os debates.
gestões e recomendações de ordem geral baseadas no
Artigo XII
exame dos relatórios e das informações recebidas dos
1.
Estados-Partes. Levará estas sugestões e recomendações
a) Depois que o comitê obtiver e consultar as in-
de ordem geral ao conhecimento da Assembleia-Geral,
formações que julgar necessárias, o presidente
e se as houver juntamente com as observações dos
nomeará uma Comissão de Conciliação ad hoc
Estados-Partes.
(doravante denominada “a comissão”, composta
Artigo X de 5 pessoas que poderão ser ou não membros
1. O comitê adotará seu regulamento interno. do comitê. Os membros serão nomeados com o
2. O comitê elegerá sua mesa por um período de dois anos. consentimento pleno e unânime das partes na
controvérsia e a comissão fará seus bons ofícios a
24
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
disposição dos Estados presentes, com o objetivo 3. Expirado o prazo previsto no paragrafo 2º do presente
de chegar a uma solução amigável da questão, artigo, o presidente do comitê comunicará o relatório
baseada no respeito à presente convenção. da comissão e as declarações dos Estados-Partes
b) Se os Estados-Partes na controvérsia não che- interessadas aos outros Estados-Partes na comissão.
garem a um entendimento em relação a toda ou
Artigo XIV
parte da composição da comissão num prazo de
1. Todo o Estado-Parte poderá declarar e qualquer
três meses os membros da comissão que não
momento que reconhece a competência do comitê para
tiverem o assentimento do Estados-Partes, na
receber e examinar comunicações de indivíduos sob sua
controvérsia serão eleitos por escrutínio secreto
jurisdição que se consideram vítimas de uma violação
entre os membros de dois terços dos membros
pelo referido Estado-Parte de qualquer um dos direi-
do comitê.
tos enunciados na presente convenção. O comitê não
2. Os membros da comissão atuarão a título individual.
receberá qualquer comunicação de um Estado-Parte
Não deverão ser nacionais de um dos Estados-Partes
que não houver feito tal declaração.
na controvérsia nem de um Estado que não seja parte
2. Qualquer Estado-Parte que fizer uma declaração
da presente convenção.
de conformidade com o parágrafo do presente artigo,
3. A comissão elegerá seu presidente e adotará seu
poderá criar ou designar um órgão dentro de sua ordem
regimento interno.
jurídica nacional, que terá competência para receber e
4. A comissão reunir-se-á normalmente na sede nas
examinar as petições de pessoas ou grupos de pessoas
Nações Unidas em qualquer outro lugar apropriado
sob sua jurisdição que alegarem ser vitimas de uma
que a comissão determinar.
violação de qualquer um dos direitos enunciados na
5. O secretariado previsto no parágrafo 3 do artigo 10
presente convenção e que esgotaram os outros recursos
prestará igualmente seus serviços à comissão cada ver
locais disponíveis.
que uma controvérsia entre os Estados-Partes provocar
3. A declaração feita de conformidade com o parágrafo
sua formação.
1 do presente artigo e o nome de qualquer órgão criado
6. Todas as despesas dos membros da comissão serão
ou designado pelo Estado-Parte interessado consoante
divididos igualmente entre os Estados-Partes na con-
o parágrafo 2 do presente artigo será depositado pelo
trovérsia baseadas num cálculo estimativo feito pelo
Estado-Parte interessado junto ao secretário-geral das
secretário-geral.
Nações Unidas que remeterá cópias aos outros Esta-
7. O secretário-geral ficará autorizado a pagar, se for
dos-Partes. A declaração poderá ser retirada a qualquer
necessário, as despesas dos membros da Comissão, antes
momento mediante notificação ao secretário-geral mas
que o reembolso seja efetuado pelos Estados-Partes
esta retirada não prejudicará as comunicações que já
na controvérsia, de conformidade com o parágrafo 6
estiverem sendo estudadas pelo comitê.
do presente artigo.
4. O órgão criado ou designado de conformidade com
8. As informações obtidas e confrontadas pelo comitê
o parágrafo 2 do presente artigo, deverá manter um
serão postas à disposição da comissão, e a comissão
registro de petições e cópias autenticada do registro
poderá solicitar aos Estados interessados de lhe for-
serão depositadas anualmente por canais apropria-
necer qualquer informação complementar pertinente.
dos junto ao secretário-geral das Nações Unidas, no
Artigo XIII entendimento que o conteúdo dessas cópias não será
1. Após haver estudado a questão sob todos os seus divulgado ao público.
aspectos, a comissão preparará e submeterá ao presi- 5. Se não obtiver repartição satisfatória do órgão criado
dente do comitê um relatório com as conclusões sobre ou designado de conformidade com o parágrafo 2 do
todas as questões de fato relativas à controvérsia entre presente artigo, o peticionário terá o direito de levar
as partes e as recomendações que julgar oportunas a a questão ao comitê dentro de seis meses.
fim de chegar a uma solução amistosa da controvérsia. 6.
2. O presidente do comitê transmitirá o relatório da a) O comitê levará, a título confidencial, qualquer
comissão a cada um dos Estados-Partes na controvér- comunicação que lhe tenha sido endereçada, ao
sia. Os referidos Estados comunicarão ao presidente conhecimento do Estado-Parte que, pretensamente
do comitê num prazo de três meses se aceitam ou não, houver violado qualquer das disposições desta
as recomendações contidas no relatório da comissão. convenção, mas a identidade da pessoa ou dos
grupos de pessoas não poderá ser revelada sem
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
11
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta lei, sem 14
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.
prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade
Brasília, em 24 de julho de 1985; 164º da Independência
por danos morais e patrimoniais causados:
e 97º da República.
I – ao meio ambiente;
II – ao consumidor; JOSÉ SARNEY
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histó- Fernando Lyra
rico, turístico e paisagístico;
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 198915
V – por infração da ordem econômica;
VI – à ordem urbanística; (Lei Antirracismo)
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
ou religiosos;
VIII – ao patrimônio público e social. O presidente da República
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
para veicular pretensões que envolvam tributos, con- sanciono a seguinte lei:
tribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do 16
Art. 1º Serão punidos, na forma desta lei, os crimes
Tempo de Serviço (FGTS) ou outros fundos de natureza
resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
institucional cujos beneficiários podem ser individual-
cor, etnia, religião ou procedência nacional.
mente determinados.
[...] Art. 2º (Vetado).
12
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indeni- Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida-
zação pelo dano causado reverterá a um fundo gerido mente habilitado, a qualquer cargo da Administração
por um conselho federal ou por conselhos estaduais de Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de
que participarão necessariamente o Ministério Público serviços públicos.
e representantes da comunidade, sendo seus recursos 17
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
destinados à reconstituição dos bens lesados. motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
§ 1º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di- procedência nacional, obstar a promoção funcional.
nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial Pena – reclusão de dois a cinco anos.
de crédito, em conta com correção monetária. 18
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis-
em dano causado por ato de discriminação étnica nos
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes
termos do disposto no art. 1º desta lei, a prestação
do preconceito de descendência ou origem nacional
em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que
ou étnica:
trata o caput e será utilizada para ações de promoção
I – deixar de conceder os equipamentos necessários ao
da igualdade étnica, conforme definição do Conselho
empregado em igualdade de condições com os demais
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese
trabalhadores;
de extensão nacional, ou dos conselhos de promoção de
II – impedir a ascensão funcional do empregado ou
igualdade racial estaduais ou locais, nas hipóteses de
obstar outra forma de benefício profissional;
danos com extensão regional ou local, respectivamente.
III – proporcionar ao empregado tratamento diferen-
[...]
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto
13
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. ao salário.
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
de serviços à comunidade, incluindo atividades de
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou
11. Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.529, de 30-11-2011; inciso IV
acrescido pela Lei nº 8.078, de 11-9-1990; inciso V acrescido pela Lei nº 8.884, de 11-6-
1994, e com nova redação dada pela Lei nº 12.529, de 30-11-2011; inciso VI acrescido
14. Artigo 22 primitivo renumerado para art. 23 pela Lei nº 8.078, de 11-9-1990.
pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24-8-2001, que também acrescentou o parágrafo
único; inciso VII acrescido pela Lei nº 12.966, de 24-4-2014; inciso VIII acrescido pela Lei 15. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6-1-1989, e retificada no Diário
nº 13.004, de 24-6-2014. Oficial da União, Seção 1, de 9-1-1989.
12. Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.288, de 20-7-2010, 16. Artigo com nova redação dada pela Lei nº 9.459, de 15-5-1997.
que também acrescentou o § 2º. 17. Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.288, de 20-7-2010.
13. Artigo 21 primitivo renumerado para art. 22 pela Lei nº 8.078, de 11-9-1990. 18. §§ 1º e 2º acrescidos pela Lei nº 12.288, de 20-7-2010.
28
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, 19. Caput do artigo, respectiva pena e §§ 1º a 3º com nova redação dada pela Lei nº 9.459,
de 15-5-1997, que também acrescentou as penas aos §§ 1º e 2º, os incisos I e II e o § 4º;
o casamento ou convivência familiar e social. inciso III acrescido pela Lei nº 12.288, de 20-7-2010.
Pena – reclusão de dois a quatro anos. 20. Artigo 20 primitivo renumerado para art. 21 pela Lei nº 8.081, de 21-9-1990.
21. Artigo 21 primitivo renumerado para art. 22 pela Lei nº 8.081, de 21-9-1990.
29
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
LEI Nº 9.029, DE 13 DE ABRIL DE 199522 as infrações ao disposto nesta lei são passíveis das
seguintes cominações:
(Lei da Discriminação no Emprego)
I – multa administrativa de dez vezes o valor do maior
Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e salário pago pelo empregador, elevado em cinquenta
outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou por cento em caso de reincidência;
de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras II – proibição de obter empréstimo ou financiamento
providências. junto a instituições financeiras oficiais.
O presidente da República 25
Art. 4º O rompimento da relação de trabalho por ato
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu discriminatório, nos moldes desta lei, além do direito
sanciono a seguinte lei: à reparação pelo dano moral, faculta ao empregado
optar entre:
23
Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discri-
I – a reintegração com ressarcimento integral de todo
minatória e limitativa para efeito de acesso à relação
o período de afastamento, mediante pagamento das
de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo,
remunerações devidas, corrigidas monetariamente e
origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, defi-
acrescidas de juros legais;
ciência, reabilitação profissional, idade, entre outros,
II – a percepção, em dobro, da remuneração do período
ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à
de afastamento, corrigida monetariamente e acrescida
criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do
dos juros legais.
art. 7º da Constituição Federal.
Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas
discriminatórias: Art. 6º Revogam-se as disposições em contrário.
I – a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado,
Brasília, 13 de abril de 1995; 174º da Independência e
declaração ou qualquer outro procedimento relativo à
107º da República.
esterilização ou a estado de gravidez;
II – a adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
empregador, que configurem; Paulo Paiva
a) indução ou instigamento à esterilização genética;
b) promoção do controle de natalidade, assim
LEI Nº 10.678, DE 23 DE MAIO DE 200326
não considerado o oferecimento de serviços e
de aconselhamento ou planejamento familiar, Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
realizados através de instituições públicas ou Racial, da Presidência da República, e dá outras providências.
privadas, submetidas às normas do Sistema
Faço saber que o presidente da República adotou a
Único de Saúde (SUS).
Medida Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso
Pena – detenção de um a dois anos e multa.
Nacional aprovou, e eu, Eduardo Siqueira Campos,
Parágrafo único. São sujeitos ativos dos crimes a que
segundo-vice-presidente, no exercício da Presidência
se refere este artigo:
da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do
I – a pessoa física empregadora;
disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a
II – o representante legal do empregador, como definido
redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, com-
na legislação trabalhista;
binado com o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002-CN,
III – o dirigente, direto ou por delegação, de órgãos
promulgo a seguinte lei:
públicos e entidades das administrações públicas dire-
ta, indireta e fundacional de qualquer dos poderes da Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. imediato ao presidente da República, a Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
24
Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta lei
e nos dispositivos legais que tipificam os crimes resul- 27
Art. 2º (Revogado.)
tantes de preconceito de etnia, raça, cor ou deficiência,
25. Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.288, de 20-7-2010; inciso com
22. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17-4-1995. nova redação dada pela Lei nº 13.146, de 6-7-2015.
23. Artigo com nova redação dada pela Lei nº 13.146, de 6-7-2015. 26. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 26-5-2003.
24. Caput com nova redação dada pela Lei nº 13.146, de 6-7-2015. 27. Artigo revogado pela Lei nº 12.314, de 19-8-2010.
30
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria sociedades de economia mista controladas pela União,
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, na forma desta lei.
da Presidência da República, e terá a sua composição, § 1º A reserva de vagas será aplicada sempre que o
competências e funcionamento estabelecidos em ato do número de vagas oferecidas no concurso público for
Poder Executivo, a ser editado até 31 de agosto de 2003. igual ou superior a 3 (três).
Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de § 2º Na hipótese de quantitativo fracionado para o
Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da Repú- número de vagas reservadas a candidatos negros,
blica, constituirá, no prazo de noventa dias, contado da esse será aumentado para o primeiro número inteiro
publicação desta lei, grupo de trabalho integrado por subsequente, em caso de fração igual ou maior que
representantes da Secretaria Especial e da sociedade 0,5 (cinco décimos), ou diminuído para número inteiro
civil, para elaborar proposta de regulamentação do imediatamente inferior, em caso de fração menor que
CNPIR, a ser submetida ao presidente da República. 0,5 (cinco décimos).
§ 3º A reserva de vagas a candidatos negros constará
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políti-
28
expressamente dos editais dos concursos públicos, que
cas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência
deverão especificar o total de vagas correspondentes à
da República, um cargo de secretário-adjunto, código
reserva para cada cargo ou emprego público oferecido.
DAS 101.6.
Parágrafo único. (Revogado.) Art. 2º Poderão concorrer às vagas reservadas a can-
didatos negros aqueles que se autodeclararem pretos
Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de secretário
29
ou pardos no ato da inscrição no concurso público,
especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
conforme o quesito cor ou raça utilizado pela Fundação
no cargo de ministro de Estado chefe da Secretaria
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Parágrafo único. Na hipótese de constatação de decla-
Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. ração falsa, o candidato será eliminado do concurso
e, se houver sido nomeado, ficará sujeito à anulação
Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da
da sua admissão ao serviço ou emprego público, após
Independência e 115º da República.
procedimento administrativo em que lhe sejam asse-
EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS gurados o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo
Segundo-Vice-Presidente da Mesa do Congresso Nacional, de outras sanções cabíveis.
no exercício da Presidência
Art. 3º Os candidatos negros concorrerão concomitan-
temente às vagas reservadas e às vagas destinadas à
LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 201430 ampla concorrência, de acordo com a sua classificação
no concurso.
Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas
§ 1º Os candidatos negros aprovados dentro do nú-
nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e
mero de vagas oferecido para ampla concorrência não
empregos públicos no âmbito da administração pública federal,
serão computados para efeito do preenchimento das
das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas
vagas reservadas.
e das sociedades de economia mista controladas pela União.
§ 2º Em caso de desistência de candidato negro apro-
A presidenta da República vado em vaga reservada, a vaga será preenchida pelo
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu candidato negro posteriormente classificado.
sanciono a seguinte lei: § 3º Na hipótese de não haver número de candidatos
negros aprovados suficiente para ocupar as vagas
Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por
reservadas, as vagas remanescentes serão revertidas
cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para
para a ampla concorrência e serão preenchidas pelos
provimento de cargos efetivos e empregos públicos no
demais candidatos aprovados, observada a ordem de
âmbito da administração pública federal, das autarquias,
classificação.
das fundações públicas, das empresas públicas e das
Art. 4º A nomeação dos candidatos aprovados respei-
28. Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 11.693, de 11-6-2008, que também tará os critérios de alternância e proporcionalidade,
revogou o parágrafo único.
29. Artigo acrescido pela Lei nº 11.693, de 11-6-2008.
que consideram a relação entre o número de vagas
30. Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 10-6-2014.
31
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
32. Incisos I, V, VI, VIII, IX, X e XI a XIV com nova redação dada pelo Decreto nº 6.509,
31. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21-11-2003. de 16-7-2008.
32
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
33
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
36
Art. 7º O CNPIR poderá instituir grupos temáticos Art. 13. O apoio administrativo e os meios necessários
e comissões, de caráter permanente ou temporário, à execução dos trabalhos do CNPIR, dos grupos temá-
destinados à elaboração de estudos e propostas que ticos e das comissões serão prestados pela Secretaria
serão submetidos à apreciação do conselho. Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
§ 1º O ato de criação de grupo temático ou comissão
Art. 14. Para o cumprimento de suas funções, o CNPIR
deverá especificar seus objetivos, composição e o prazo
contará com recursos orçamentários e financeiros
para a conclusão dos trabalhos ou apresentação de
consignados no orçamento da Secretaria Especial de
relatórios periódicos.
Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
§ 2º O CNPIR poderá convidar técnicos, especialistas,
representantes de órgãos e entidades públicas ou Art. 15. As dúvidas e os casos omissos neste decreto
privadas para acompanhar e participar dos trabalhos serão resolvidos pelo presidente do CNPIR, ad referen-
dos grupos temáticos e comissões. dum do colegiado.
CAPÍTULO III – DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE Art. 16. Este decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 8º São atribuições do presidente do CNPIR:
I – convocar e presidir as reuniões; Brasília, 20 de novembro de 2003; 182º da Independência
II – solicitar ao CNPIR a elaboração de estudos, infor- e 115º da República.
mações e posicionamento sobre temas de relevante
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
interesse público;
José Dirceu de Oliveira e Silva
III – firmar as atas das reuniões; e
IV – constituir e organizar o funcionamento dos grupos
temáticos e das comissões e convocar as respectivas DECRETO Nº 4.886, DE 20 DE
reuniões. NOVEMBRO DE 200338
CAPÍTULO IV – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Institui a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial
Art. 9º Poderão assistir às reuniões ordinárias ou extraor- (PNPIR) e dá outras providências.
dinárias do CNPIR, bem como dos seus grupos temáticos
O presidente da República, no uso da atribuição que
e comissões, cidadãos convidados pelo presidente ou
lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Cons-
por deliberação majoritária dos membros do colegiado,
tituição e
ou ainda, respectivamente, pelo coordenador do grupo
ou da comissão. Considerando que o Estado deve redefinir o seu papel
no que se refere à prestação dos serviços públicos,
Art. 10. A participação nas atividades do CNPIR, dos
buscando traduzir a igualdade formal em igualdade de
grupos temáticos e das comissões será considerada
oportunidades e tratamento;
função relevante e não será remunerada.
Parágrafo único. Será expedido pelo CNPIR aos interes- Considerando que compete ao Estado a implantação
sados, quando requerido, certificado de participação de ações, norteadas pelos princípios da transversali-
nas atividades do conselho, dos grupos temáticos e dade, da participação e da descentralização, capazes
das comissões. de impulsionar de modo especial segmento que há
cinco séculos trabalha para edificar o país, mas que
Art. 11. O regimento interno do CNPIR será aprovado
continua sendo o alvo predileto de toda sorte de ma-
por resolução, e suas posteriores alterações deverão
zelas, discriminações, ofensas a direitos e violências,
ser formalizadas ao presidente do conselho, que as
material e simbólica;
submeterá à decisão do colegiado.
Considerando que o governo federal tem o compro-
Art. 12. A designação dos membros para a composi-
37
misso de romper com a fragmentação que marcou a
ção do CNPIR para o biênio 2008 a 2010 será efetuada
ação estatal de promoção da igualdade racial, incen-
mediante ato do ministro de Estado chefe da Secretaria
tivando os diversos segmentos da sociedade e esferas
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
de governo a buscar a eliminação das desigualdades
a ser publicado até o final do mês de agosto de 2008.
raciais no Brasil;
36. Artigo com nova redação dada pelo Decreto nº 6.509, de 16-7-2008.
37. Idem. 38. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21-11-2003.
34
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Considerando que o governo federal, ao instituir a Se- necessária a implementação de ações afirmativas, de
cretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade igualdade de oportunidades, traduzidas por medidas
Racial, definiu os elementos estruturais e de gestão tangíveis, concretas e articuladas;
necessários à constituição de núcleo formulador e
Decreta:
coordenador de políticas públicas e articulador dos
diversos atores sociais, públicos e privados, para a Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Promoção
consecução dos objetivos de reduzir, até sua completa da Igualdade Racial (PNPIR), contendo as propostas de
eliminação, as desigualdades econômico-raciais que ações governamentais para a promoção da igualdade
permeiam a sociedade brasileira; racial, na forma do anexo a este decreto.
Considerando que o governo federal pretende fornecer Art. 2º A PNPIR tem como objetivo principal reduzir as
aos agentes sociais e instituições conhecimento neces- desigualdades raciais no Brasil, com ênfase na popu-
sário à mudança de mentalidade para eliminação do lação negra.
preconceito e da discriminação raciais para que seja
Art. 3º A Secretaria Especial de Políticas de Promoção
incorporada a perspectiva da igualdade racial;
da Igualdade Racial fica responsável pela coordenação
Considerando-se que foi delegada à Secretaria Especial das ações e a articulação institucional necessárias à
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial a respon- implementação da PNPIR.
sabilidade de fortalecer o protagonismo social de seg- Parágrafo único. Os órgãos da administração pública
mentos específicos, garantindo o acesso da população federal prestarão apoio à implementação da PNPIR.
negra e da sociedade em geral a informações e ideias
Art. 4º As despesas decorrentes da implementação da
que contribuam para alterar a mentalidade coletiva
PNPIR correrão à conta de dotações orçamentárias dos
relativa ao padrão das relações raciais estabelecidas
respectivos órgãos participantes.
no Brasil e no mundo;
Art. 5º Os procedimentos necessários para a execução
Considerando os princípios contidos em diversos ins-
do disposto no art. 1º deste decreto serão normatizados
trumentos, dentre os quais se destacam:
pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
– a Convenção Internacional sobre Eliminação de todas Igualdade Racial.
as Formas de Discriminação, que define a discriminação
Art. 6º Este decreto entra em vigor na data de sua
racial como “toda exclusão, restrição ou preferência
publicação.
baseada na raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica, que tenha como objetivo anular ou restringir Brasília, 20 de novembro de 2003; 182º da Independência
o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo e 116º da República.
plano de direitos humanos e liberdades fundamentais
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
nos campos político, econômico e social”;
José Dirceu de Oliveira e Silva
– o documento Brasil sem Racismo, elaborado para o
programa de governo indicando a implementação de Anexo
políticas de promoção da igualdade racial nas áreas
POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO
do trabalho, emprego e renda, cultura e comunicação,
DA IGUALDADE RACIAL
educação e saúde, terras de quilombos, mulheres ne-
gras, juventude, segurança e relações internacionais; I – OBJETIVO GERAL
• Redução das desigualdades raciais no Brasil, com
– o Plano de Ação de Durban, produto da III Conferên-
ênfase na população negra, mediante a realização de
cia Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial,
ações exequíveis a longo, médio e curto prazos, com
Xenofobia e Intolerância Correlata, no qual governos e
reconhecimento das demandas mais imediatas, bem
organizações da sociedade civil, de todas as partes do
como das áreas de atuação prioritária.
mundo, foram conclamados a elaborar medidas globais
contra o racismo, a discriminação, a intolerância e a II – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
xenofobia; e
• Defesa de direitos
Considerando, por derradeiro, que para se romper ‒‒ Afirmação do caráter pluriétnico da sociedade
com os limites da retórica e das declarações solenes é brasileira.
35
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
‒‒ Reavaliação do papel ocupado pela cultura indígena dos agentes da esfera estadual ou municipal para
e afro-brasileira, como elementos integrantes da gerir as políticas de promoção de igualdade racial.
nacionalidade e do processo civilizatório nacional.
Gestão democrática
‒‒ Reconhecimento das religiões de matriz africana
‒‒ Propiciar que as instituições da sociedade assu-
como um direito dos afro-brasileiros.
mam papel ativo, de protagonista na formulação,
‒‒ Implantação de currículo escolar que reflita a plura-
implementação e monitoramento da política de
lidade racial brasileira, nos termos da Lei nº 10.639,
promoção de igualdade racial.
de 2003.
‒‒ Estimular as organizações da sociedade civil na
‒‒ Tombamento de todos os documentos e sítios de-
ampliação da consciência popular sobre a impor-
tentores de reminiscências históricas dos antigos
tância das ações afirmativas, de modo a criar sólida
quilombos, de modo a assegurar aos remanescentes
base de apoio social.
das comunidades dos quilombos a propriedade
‒‒ Participação do Conselho Nacional de Promoção
de suas terras.
da Igualdade Racial, composto por representantes
‒‒ Implementação de ações que assegurem de for-
governamentais e da sociedade civil, na definição
ma eficiente e eficaz a efetiva proibição de ações
das prioridades e rumos da política de promoção
discriminatórios em ambientes de trabalho, de
de igualdade racial, bem como potencializar os
educação, respeitando-se a liberdade de crença,
esforços de transparência.
no exercício dos direitos culturais ou de qualquer
outro direito ou garantia fundamental. IV – DIRETRIZES
• Ação afirmativa Fortalecimento institucional
‒‒ Eliminação de qualquer fonte de discriminação e ‒‒ Empenho no aperfeiçoamento de marcos legais que
desigualdade raciais direta ou indireta, mediante deem sustentabilidade às políticas de promoção
a geração de oportunidades. de igualdade racial e na consolidação de cultura de
planejamento, monitoramento e avaliação.
• Articulação temática de raça e gênero
‒‒ Adoção de estratégias que garantam a produção de
‒‒ Adoção de políticas que objetivem o fim da violação
conhecimento, informações e subsídios, bem como
dos direitos humanos.
de condições técnicas, operacionais e financeiras
III – PRINCÍPIOS para o desenvolvimento de seus programas.
36
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
37
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Art. 3º Fica instituído o Comitê de Articulação e Mo- Art. 6º O Comitê de Articulação e Monitoramento do
nitoramento do Planapir, no âmbito da Secretaria Es- Planapir poderá instituir comissões técnicas com a
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, função de colaborar para o cumprimento das suas
integrado por: atribuições, sistematizar as informações recebidas e
I – um representante de cada órgão a seguir indicado: subsidiar a elaboração dos relatórios anuais.
a) Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Art. 7º O regimento interno do Comitê de Articulação e
Igualdade Racial, que o coordenará;
Monitoramento do Planapir será aprovado por maioria
b) Secretaria-Geral da Presidência da República;
absoluta dos seus membros e disporá sobre a organi-
c) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
zação, forma de apreciação e deliberação das matérias,
Presidência da República;
bem como sobre a composição e o funcionamento das
d) Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
comissões técnicas.
da Presidência da República;
e) Ministério da Educação; Art. 8º Caberá à Secretaria Especial de Políticas de Pro-
f) Ministério da Justiça; moção da Igualdade Racial prover o apoio administrativo
g) Ministério da Saúde; e os meios necessários à execução dos trabalhos do
h) Ministério das Cidades; Comitê de Articulação e Monitoramento do Planapir e
i) Ministério do Desenvolvimento Agrário; das comissões técnicas.
j) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Art. 9º As atividades dos membros do Comitê de Arti-
à Fome;
culação e Monitoramento do Planapir e das comissões
k) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
técnicas são consideradas serviço público relevante
l) Ministério do Trabalho e Emprego;
não remunerado.
m) Ministério das Relações Exteriores;
n) Ministério da Cultura; e Art. 10. Este decreto entra em vigor na data de sua
o) Ministério de Minas e Energia; e publicação.
II – três representantes do Conselho Nacional de Pro-
Brasília, 4 de junho de 2009; 188º da Independência e
moção da Igualdade Racial (CNPIR).
121º da República.
Parágrafo único. Os membros do Comitê de Articulação
e Monitoramento do Planapir e respectivos suplentes LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
serão indicados pelos titulares dos órgãos nele repre- Dilma Rousseff
sentados e designados pelo ministro de Estado chefe
da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Anexo
Igualdade Racial.
OBJETIVOS DO PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS DE
Art. 4º Compete ao Comitê de Articulação e Monitora- PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL (PLANAPIR)
mento do Planapir:
EIXO 1: TRABALHO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
I – propor ações, metas e prioridades;
I – promover a inclusão e a igualdade de oportunidades
II – estabelecer a metodologia de monitoramento;
e de remuneração das populações negra, indígena,
III – acompanhar e avaliar as atividades de implementação;
quilombola e cigana no mercado de trabalho, com des-
IV – promover difusão do Planapir junto a órgãos e
taque para a juventude e as trabalhadoras domésticas;
entidades governamentais e não governamentais;
II – promover a equidade de gênero, raça e etnia nas
V – propor ajustes de metas, prioridades e ações;
relações de trabalho e combater as discriminações ao
VI – elaborar relatório anual de acompanhamento das
acesso e na relação de emprego, trabalho ou ocupação;
ações do Planapir; e
III – combater o racismo nas instituições públicas e
VII – propor revisão do Planapir, semestralmente, con-
privadas, fortalecendo os mecanismos de fiscalização
siderando as diretrizes emanadas das Conferências
quanto à prática de discriminação racial no mercado
Nacionais de Promoção da Igualdade Racial.
de trabalho;
Art. 5º O Comitê de Articulação e Monitoramento do IV – promover a capacitação e a assistência técnica
Planapir deliberará mediante resoluções, por maioria diferenciadas das comunidades negras, indígenas
simples, cabendo ao seu coordenador o voto de qualidade. e ciganas;
38
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
V – ampliar as parcerias dos núcleos de combate à IX – estimular a adoção do sistema de reserva de vagas
discriminação e promoção da igualdade de oportuni- para negros e indígenas no ingresso às universidades
dades, das superintendências regionais do trabalho, públicas;
com entidades e associações do movimento negro e X – apoiar a implantação de escolas públicas, de nível
com organizações governamentais; fundamental e médio, nas comunidades quilombolas e
VI – capacitar gestores públicos para a incorporação indígenas, com garantia do transporte escolar gratuito
da dimensão étnico-racial nas políticas públicas de e demais benefícios previstos no plano de desenvolvi-
trabalho e emprego; mento da educação;
VII – ampliar o apoio a projetos de economia popular e XI – apoiar as instituições públicas de educação su-
solidária nos grupos produtivos organizados de negros, perior no desenvolvimento de programas e projetos
com recorte de gênero e idade; e de ensino, pesquisa e extensão que contribuam para
VIII – propor sistema de incentivo fiscal para empresas a implementação e para o impacto de políticas de
que promovam a igualdade racial. ação afirmativa para as populações negra, indígena e
demais grupos étnicos sub-representados no ensino
EIXO 2: EDUCAÇÃO
de terceiro grau; e
I – estimular o acesso, a permanência e a melhoria
XII – fortalecer os conselhos sociais das instituições
do desempenho de crianças, adolescentes, jovens e
de ensino superior, com representantes de todos os
adultos das populações negras, quilombolas, indígenas,
segmentos envolvidos, para monitorar o Programa Uni-
ciganas e demais grupos discriminados, em todos os
versidade para Todos (Prouni), principalmente no que
níveis, da educação infantil ao ensino superior, con-
se relaciona à inclusão de jovens negros e indígenas.
siderando as modalidades de educação de jovens e
adultos e a tecnológica; EIXO 3: SAÚDE
II – promover a formação de professores e profissio- I – ampliar a implementação da política nacional de
nais da educação nas áreas temáticas definidas nas saúde integral da população negra;
diretrizes curriculares nacionais para a educação das II – promover a integralidade, com equidade, na atenção
relações étnico-raciais e para o ensino de história e à saúde das populações negras, indígenas, ciganas e
cultura afro-brasileira, africana e indígena; quilombolas;
III – promover políticas públicas para reduzir a evasão III – fortalecer a dimensão étnico-racial no Sistema
escolar e a defasagem idade-série dos alunos perten- Único de Saúde, incorporando-a à elaboração, imple-
centes aos grupos étnico-raciais discriminados; mentação, controle social e avaliação dos programas
IV – promover formas de combate ao analfabetismo desenvolvidos pelo Ministério da Saúde;
entre as populações negra, indígena, cigana e demais IV – aferir e combater o impacto biopsicossocial do
grupos étnico-raciais discriminados; racismo e da discriminação na constituição do perfil
V – elaborar projeto de lei com o objetivo de garantir de morbimortalidade da população negra;
às comunidades ciganas a equivalente prerrogativa de V – promover ações que assegurem o aumento da
direito contida no art. 29 da Lei nº 6.533, de 24 de maio expectativa de vida e a redução da mortalidade da
de 1978, que garante a matrícula nas escolas públicas população negra e indígena;
para profissionais que exercem atividade itinerante; VI – ampliar o acesso das populações negra, indígena,
VI – promover a implementação da Lei nº 10.639, de cigana e quilombola, com qualidade e humanização,
9 de janeiro de 2003, e do disposto no art. 26-A da a todos os níveis de atenção à saúde, priorizando a
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, do Parecer questão de gênero e idade;
CNE/CP nº 3, de 2004, e da Resolução do CNE nº 1, VII – preservar o uso de bens materiais e imateriais do
de 2004, garantindo seu amplo conhecimento pela patrimônio cultural das comunidades quilombolas,
população brasileira; indígenas, ciganas e de terreiro;
VII – promover e estimular a inclusão do quesito raça VIII – desenvolver medidas de promoção de saúde e
ou cor em todos os formulários de coleta de dados implementar o programa saúde da família, nas aldeias
de alunos em todos os níveis dos sistemas de ensino, indígenas, acampamentos ciganos e comunidades
público e privado; quilombolas;
VIII – estimular maior articulação entre a instituição IX – assegurar a implementação do programa nacional
universitária e as comunidades tradicionais, proporcio- de atenção integral às pessoas com doença falciforme
nando troca de saberes, de práticas e de experiências; e outras hemoglobinopatias;
39
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
X – desenvolver ações específicas de combate à disse- IV – combater todas as formas de abuso aos direitos
minação de HIV/Aids e demais DST junto às populações humanos das mulheres negras, indígenas, quilombolas
negras, indígenas e ciganas; e ciganas;
XI – disseminar informações e conhecimento junto às V – estimular a implementação da política nacional de
populações negras, indígenas e demais grupos étnico- enfrentamento ao tráfico de pessoas;
-raciais discriminados, sobre suas potencialidades e VI – combater a exploração do trabalho infantil, es-
suscetibilidades em termos de saúde, e os consequentes pecialmente o doméstico, entre as crianças negras
riscos de morbimortalidade; e e indígenas;
XII – ampliar as ações de planejamento familiar, às VII – ampliar e fortalecer políticas públicas para rein-
comunidades de terreiros, quilombolas e ciganas. serção social e econômica de adolescentes e jovens
egressos, respectivamente, da internação em instituições
EIXO 4: DIVERSIDADE CULTURAL
socioeducativas ou do sistema prisional;
I – promover o respeito à diversidade cultural dos grupos
VIII – combater os estigmas contra negros, índios e
formadores da sociedade brasileira e demais grupos
ciganos; e
étnico-raciais discriminados na luta contra o racismo,
IX – estimular ações de segurança que atendam à espe-
a xenofobia e as intolerâncias correlatas;
cificidade de negros, ciganos, indígenas, comunidades
II – estimular a eliminação da veiculação de estereótipos
de terreiros e quilombolas.
de gênero, raça, cor e etnia nos meios de comunicação;
III – fomentar as manifestações culturais dos diversos EIXO 6: COMUNIDADES REMANESCENTES
grupos étnico-raciais brasileiros e ampliar sua visibi- DE QUILOMBOS
lidade na mídia; I – promover o desenvolvimento econômico sustentável
IV – consolidar instrumentos de preservação do patri- das comunidades remanescentes de quilombos, inse-
mônio cultural material e imaterial dos diversos grupos rindo-as no potencial produtivo nacional;
étnicos brasileiros; II – promover o efetivo controle social das políticas
V – garantir as manifestações públicas de valorização públicas voltadas às comunidades remanescentes
da pluralidade religiosa no Brasil, conforme dispõe de quilombos;
a Constituição; III – promover a titulação das terras das comunidades
VI – estimular a inclusão dos marcos históricos signi- remanescentes de quilombos, em todo o país;
ficativos das diversas etnias e grupos discriminados, IV – promover a proteção das terras das comunidades
no calendário festivo oficial brasileiro; remanescentes de quilombos;
VII – apoiar a instituição do feriado nacional no dia 20 V – promover a preservação do patrimônio ambiental
de novembro, Dia da Consciência Negra; e do patrimônio cultural, material e imaterial, das co-
VIII – estimular a inclusão de critérios de concessões munidades remanescentes de quilombos;
de rádio e televisão que garantam políticas afirmativas VI – promover a identificação e levantamento socioe-
para negros, indígenas, ciganos e demais representantes conômico de todas as comunidades remanescentes de
de minorias étnico-raciais brasileiras; e quilombos do Brasil;
IX – estimular a inclusão de cotas de representantes VII – ampliar os sistemas de assistência técnica para
das populações negras, indígenas, ciganas e demais fomentar e potencializar as atividades produtivas das
minorias étnicas, nas mídias, especialmente a televisiva comunidades remanescentes de quilombos, visando
e em peças publicitárias. o apoio à produção diversificada, seu beneficiamento
e comercialização;
EIXO 5: DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA PÚBLICA
VIII – estimular estudos e pesquisas voltados às ma-
I – apoiar a instituição do Estatuto de Igualdade Racial;
nifestações culturais de comunidades remanescentes
II – estimular ações de segurança pública voltadas para
de quilombos;
a proteção de jovens negros, indígenas, quilombolas e
IX – estimular a troca de experiências culturais entre
ciganos, contra a violência;
comunidades remanescentes de quilombos do Brasil
III – estimular os órgãos de segurança pública estadual
e os países africanos; e
a atuarem com eficácia na proteção das comunidades
X – incentivar ações de gestão sustentável das terras
de terreiros, indígenas, ciganas e quilombolas;
remanescentes de quilombos e a consolidação de banco
de dados das comunidades tradicionais.
40
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
41
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
VII – registrar identidade étnico-racial dos beneficiários VII – apoiar ações afirmativas que objetivem ampliar
nos diversos instrumentos de cadastro dos programas o acesso e permanência do jovem negro, indígena e
de assistência social, de segurança alimentar e de cigano na escola, notadamente na universidade.
renda de cidadania;
VIII – fortalecer as inter-relações do Conselho Nacional
DECRETO Nº 7.261, DE 12 DE
de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), organi-
zado pelo Decreto nº 6.272, de 23 de novembro de 2007,
AGOSTO DE 201040
e com as entidades representativas de remanescentes
Aprova a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos
de quilombos, povos indígenas, ciganos e comunidades
cargos em comissão da Secretaria de Políticas de Promoção
de terreiros; e
da Igualdade Racial da Presidência da República, e dá outras
IX – criar, fortalecer e ampliar programas e projetos de
providências.
desenvolvimento social e segurança alimentar e nutri-
cional, com ênfase nos saberes e práticas indígenas, O presidente da República, no uso da atribuição que lhe
ciganas, quilombolas, de contextos sociorreligiosos confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição, e
de matriz africana. tendo em vista o disposto nos arts. 50 da Lei nº 10.683,
de 28 de maio de 2003, e 8º da Medida Provisória nº 483,
EIXO 11: INFRAESTRUTURA
de 24 de março de 201041, decreta:
I – assegurar o acesso da população negra, indígena,
quilombola e cigana, urbanas ou rurais, aos programas Art. 1º Ficam aprovados a Estrutura Regimental e o
de política habitacional; Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão da
II – estabelecer política de promoção da igualdade Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
racial nos programas de financiamento de habitação, da Presidência da República, na forma dos Anexos I e II.
de interesse social, sob gestão do governo federal;
Art. 2º Em decorrência do disposto no art. 1º, ficam
III – fornecer orientação técnica aos municípios para que
remanejados, na forma do Anexo III, os seguintes car-
incluam no seu planejamento territorial áreas urbanas e
gos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
rurais, os territórios quilombolas e as áreas de terreiro
Superiores (DAS):
destinadas ao culto da religião de matriz africana;
I – da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
IV – promover eletrificação nas áreas habitadas pelas
Racial da Presidência da República para a Secretaria
comunidades negras, quilombolas e indígenas do meio
de Gestão, do Ministério do Planejamento, Orçamento
rural; e
e Gestão: um DAS 101.6; e
V – promover o saneamento básico nas áreas habitadas
II – da Secretaria de Gestão, do Ministério do Planeja-
pelas comunidades negras e quilombolas.
mento, Orçamento e Gestão, para a Secretaria de Polí-
EIXO 12: JUVENTUDE ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência
I – ampliar as ações de qualificação profissional e da República: um cargo de natureza especial.
desenvolvimento humano voltadas aos jovens negros,
Art. 3º Os apostilamentos decorrentes da aprovação
especialmente nas áreas de grande aglomeração urbana;
da Estrutura Regimental de que trata o art. 1º, deverão
II – promover ações de combate à violência contra a
ocorrer no prazo de trinta dias, contado da data de
população negra, indígena e cigana jovens;
publicação deste decreto.
III – promover políticas públicas nas áreas de ciência,
§ 1º Após os apostilamentos previstos no caput, o
tecnologia e inovação que tenham como público alvo
ministro de Estado chefe da Secretaria de Políticas
a juventude negra, indígena e cigano;
de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
IV – assegurar a participação da juventude negra,
República fará publicar, no Diário Oficial da União, no
indígena e cigana nos espaços institucionais e de par-
prazo até trinta dias, contado da data de publicação
ticipação social;
deste decreto, relação nominal dos titulares dos car-
V – reduzir os índices de mortalidade de jovens negros,
gos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
indígenas e ciganos;
Superiores (DAS) a que se refere o Anexo II, indicando,
VI – promover ações de reforço à cidadania e identidade
inclusive, o número de cargos vagos, sua denominação
do jovem, com ênfase na população negra; e
e respectivo nível.
40. Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 13-8-2010.
41. Medida provisória convertida na Lei nº 12.314, de 19-8-2010.
42
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
§ 2º Em virtude do disposto neste decreto, ficam de- VI – promoção do acompanhamento da implementação
clarados exonerados os titulares de cargos que deixam de legislação de ação afirmativa e definição de ações
de existir na nova estrutura regimental. públicas que visem o cumprimento dos acordos, conven-
ções e outros instrumentos congêneres assinados pelo
Art. 4º O ministro de Estado chefe da Secretaria de
Brasil, nos aspectos relativos à promoção da igualdade
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presi-
e de combate à discriminação racial ou étnica.
dência da República poderá editar regimento interno
para detalhar as unidades administrativas integrantes CAPÍTULO II – DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
da estrutura regimental do órgão, suas competências
Art. 2º A Secretaria de Políticas de Promoção da Igual-
e as atribuições de seus dirigentes.
dade Racial tem a seguinte estrutura organizacional:
Art. 5º Este decreto entra em vigor na data de sua pu- I – órgão de assistência direta e imediata ao ministro
blicação, produzindo efeitos a partir de 19 de agosto de Estado:
de 2010. a) Gabinete; e
b) Secretaria Executiva;
Art. 6º Fica revogado o Decreto nº 5.197, de 27 de
II – órgãos específicos singulares:
agosto de 2004.
a) Secretaria de Planejamento e Formulação de
Brasília, 12 de agosto de 2010; 189º da Independência Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
e 122º da República. b) Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas; e
c) Secretaria de Políticas para Comunidades Tradi-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
cionais; e
Paulo Bernardo Silva
III – órgão colegiado: Conselho Nacional de Promoção
Eloi Ferreira de Araújo
da Igualdade Racial (CNPIR).
43
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
IX – realizar outras atividades determinadas pelo mi- e execução orçamentária e financeira dos programas
nistro de Estado. e ações das políticas de promoção da igualdade racial
e das ações previstas no Plano Plurianual (PPA);
Art. 4º À Secretaria Executiva compete:
IV – realizar e apoiar a elaboração de estudos e diag-
I – assessorar e assistir o ministro de Estado, no âmbito
nósticos sobre as desigualdades raciais;
de sua competência;
V – elaborar instrumentos de acompanhamento, mo-
II – exercer a coordenação superior dos temas, das ações
nitoramento e avaliação de políticas de promoção da
governamentais e das medidas referentes às áreas de
igualdade racial;
atuação da secretaria;
VI – apoiar a formulação e execução de planos, programas
III – colaborar com o ministro de Estado na direção,
e ações estratégicas de promoção da igualdade racial,
orientação, coordenação e no controle dos trabalhos
desenvolvidos por entes da federação e entidades da
da Secretaria de Políticas de Promoção e Igualdade
sociedade civil;
Racial e na definição de diretrizes e na implementação
VII – apoiar a formação de gestores de políticas públicas
das ações da sua área de competência;
de promoção da igualdade racial;
IV – coordenar a articulação da Secretaria com os de-
VIII – apoiar a criação de mecanismos de avaliação e
mais órgãos do governo federal para a condução das
análise de formulação e execução de planos, programas
políticas e programas nas áreas afetas a políticas de
e ações estratégicas de promoção da igualdade racial,
promoção e igualdade racial;
desenvolvidos por entes da federação e entidades da
V – atuar nas atividades relacionadas à promoção de
sociedade civil;
ampla divulgação de políticas para promoção e igual-
IX – incentivar e apoiar a criação e manutenção de bancos
dade racial;
de dados dos órgãos da administração federal, direta
VI – acompanhar o andamento dos projetos de interesse
e indireta, com indicadores econômicos e sociais que
da Secretaria em tramitação no Congresso Nacional, em
contemplem a questão cor, raça e etnia;
articulação com a Subchefia de Assuntos Parlamentares
X – implementar os procedimentos de apoio adminis-
da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência
trativo no âmbito da Secretaria;
da República;
XI – gerenciar, em articulação com a Secretaria de Ad-
VII – coordenar e articular as relações federativas da
ministração da Casa Civil da Presidência da República,
Secretaria, realizando a interlocução com a Subchefia
os assuntos de desenvolvimento organizacional e de
de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações
administração geral da Secretaria de Políticas de Pro-
Institucionais da Presidência da República;
moção da Igualdade Racial; e
VIII – realizar a interlocução com a Subchefia para Assun-
XII – realizar outras atividades determinadas pelo
tos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República;
ministro de Estado.
IX – apoiar a articulação institucional da Secretaria com
órgãos governamentais e organizações não governa- Art 6º À Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas
mentais, tendo em vista a implementação de políticas compete:
de promoção e igualdade racial; e I – coordenar e articular as políticas públicas na for-
X – promover a realização de pesquisas e estudos mulação das políticas transversais e de promoção da
que visem a aprimorar, em qualidade e quantidade, igualdade racial;
as informações referentes a políticas de promoção e II – apoiar o ministro de Estado em matérias relativas
igualdade racial. ao ordenamento jurídico nacional e internacional de
ações afirmativas, bem como desenvolver estudos
Seção II – Dos órgãos Específicos Singulares
acerca da política da promoção da igualdade racial já
Art 5º À Secretaria de Planejamento e Formulação de contemplada na legislação ou que venha a ser subme-
Políticas de Promoção da Igualdade Racial compete: tida ao Congresso Nacional;
I – planejar, formular, coordenar e avaliar a execução III – assegurar a execução de acordos, convenções e
das políticas de promoção da igualdade racial; programas de intercâmbio e cooperação com organismos
II – propor a formulação de diretrizes orçamentárias nacionais e internacionais, públicos ou privados, nas
que incentivem a execução das políticas intersetoriais questões relacionadas com a promoção da igualdade
de promoção da igualdade racial; racial;
III – planejar, realizar, coordenar, supervisionar e con- IV – coordenar grupos temáticos destinados ao estu-
trolar as atividades relacionadas com o planejamento do e à elaboração de propostas sobre promoção da
44
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
45
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
prejuízo das cotas ou limites fixados nos respectivos Art. 15. Na execução de suas atividades, a Secretaria
regulamentos de pessoal. de Políticas de Promoção da Igualdade Racial poderá
firmar contratos ou celebrar convênios, acordos, ajustes
Art. 14. O desempenho de função na Secretaria de
ou outros instrumentos congêneres com entidades,
Políticas de Promoção da Igualdade Racial constitui
instituições ou organismos nacionais ou internacionais
serviço relevante e título de merecimento para todos
em assuntos de sua área de competência, bem como
os efeitos da vida funcional.
praticar atos de gestão orçamentária, financeira e
patrimonial dos recursos a ela destinados.
46
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Anexo II
a) Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
CARGO/ DENOMINAÇÃO/
UNIDADE NE/DAS
FUNÇÃO/No CARGO/FUNÇÃO
1 Assessor Especial 102.5
3 Assessor 102.4
GABINETE 1 Chefe de Gabinete 101.5
3 Assessor Técnico 102.3
2 Assistente 102.2
Ouvidoria 1 Ouvidor 101.4
1 Coordenador 101.3
Coordenação
1 Assistente Técnico 102.1
SECRETARIA EXECUTIVA 1 Secretário Executivo NE
1 Secretário 101.6
1 Diretor de Programa 101.5
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E FORMULAÇÃO DE
2 Gerente de Projeto 101.4
POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
6 Assessor Técnico 102.3
2 Assistente 102.2
1 Secretário 101.6
1 Diretor de Programa 101.5
SECRETARIA DE POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS
2 Gerente de Projeto 101.4
5 Assessor Técnico 102.3
1 Secretário 101.6
1 Diretor de Programa 101.5
SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA COMUNIDADES TRADICIONAIS
2 Gerente de Projeto 101.4
3 Assessor Técnico 102.3
b) Quadro Resumo de Custos dos Cargos em Comissão da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
DECRETO Nº 8.136, DE 5 DE
DECRETO DE 16 DE ABRIL DE 201343
NOVEMBRO DE 201344
Convoca a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
Aprova o regulamento do Sistema Nacional de Promoção da
A presidente da República, no uso da atribuição que
Igualdade Racial (Sinapir), instituído pela Lei nº 12.288, de 20
lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, alínea a da Cons-
de julho de 2010.
tituição, decreta:
A presidenta da República, no uso da atribuição que
Art. 1º Fica convocada a III Conferência Nacional de Pro-
lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, da Constituição,
moção da Igualdade Racial, a ser realizada no período
e tendo em vista o disposto no art. 47 da Lei nº 12.288,
de 5 a 7 de novembro de 2013, na cidade de Brasília,
de 20 de julho de 2010, decreta:
Distrito Federal, com o tema Democracia e Desenvol-
vimento por um Brasil Afirmativo. Art. 1º Fica aprovado o regulamento do Sistema Na-
Parágrafo único. A III Conferência Nacional de Promoção cional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), na
da Igualdade Racial será presidida pela ministra de forma do anexo.
Estado chefe da Secretaria de Políticas de Promoção
Art. 2º Este decreto entra em vigor na data de sua
da Igualdade Racial da Presidência da República e, em
publicação.
sua ausência ou impedimento, pelo secretário executivo
daquela pasta. Brasília, 5 de novembro de 2013; 192º da Independência
e 125º da República.
Art. 2º Compete aos estados e ao Distrito Federal con-
vocar as respectivas etapas da III Conferência Nacional DILMA ROUSSEFF
de Promoção da Igualdade Racial. Luiza Helena de Bairros
§ 1º As etapas estaduais e distrital da III Conferência
Nacional de Promoção da Igualdade Racial ocorrerão Anexo
até a data de 30 de agosto de 2013.
REGULAMENTO DO SISTEMA NACIONAL
§ 2º As conferências de que trata o caput poderão ser
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
precedidas de conferências municipais ou regionais.
CAPÍTULO I – DA DEFINIÇÃO E DOS
Art. 3º O regimento interno da III Conferência Nacional
MARCOS REGULATÓRIOS
de Promoção da Igualdade Racial será aprovado pelo
Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e Seção I – Da Definição
editado por portaria da ministra de Estado chefe da
Art. 1º O Sistema Nacional de Promoção da Igualda-
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
de Racial (Sinapir), instituído pela Lei nº 12.288, de
da Presidência da República.
20 de julho de 2010, constitui forma de organização
Art. 4º As despesas com a organização e a realização e de articulação voltadas à implementação do con-
da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade junto de políticas e serviços destinados a superar as
48
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
desigualdades raciais existentes no país, prestado pelo CAPÍTULO II – DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
Poder Executivo federal.
Seção I – Dos Princípios
§ 1º O Sinapir é um sistema integrado que visa a des-
centralizar e tornar efetivas as políticas públicas para Art. 4º São princípios do Sinapir:
o enfrentamento ao racismo e para a promoção da I – desconcentração, que consiste no compartilhamento,
igualdade racial no país. entre os órgãos e entidades da administração púbica
§ 2º O sistema tem a função precípua de organizar e federal, das responsabilidades pela execução e pelo
promover políticas de igualdade racial, compreendidas monitoramento das políticas setoriais de igualdade racial;
como conjunto de diretrizes, ações e práticas a serem II – descentralização, que se realiza na definição de
observadas na atuação do poder público e nas relações competências e responsabilidades dos estados, Dis-
entre o Estado e a sociedade. trito Federal e municípios, de modo a permitir que as
políticas de igualdade racial atendam as necessidades
Art. 2º O sinapir será organizado por meio da definição
da população;
de competências e responsabilidades específicas para
III – gestão democrática, que envolve a participação
a União e para os demais entes federados que aderirem
da sociedade civil na proposição, acompanhamento
ao sistema.
e realização de iniciativas, por meio dos conselhos e
§ 1º O funcionamento do sistema deve assegurar que
das conferências de promoção da igualdade racial; e
a ação de cada parte integrante observe a finalidade
IV – estímulo à adoção de medidas que favoreçam a
comum, garantida a participação da sociedade civil e
promoção da igualdade racial pelos Poderes Legislativo
o controle social das políticas públicas.
e Judiciário, Ministério Público, Defensorias Públicas e
§ 2º Deverão ser adotadas estratégias para assegurar à
iniciativa privada.
política de igualdade racial prioridade no planejamento
e no orçamento dos entes federados que aderirem Seção II – Dos Objetivos
ao Sinapir de modo a garantir o desenvolvimento de
Art. 5º São objetivos do Sinapir, de acordo com o art. 48
programas com impacto efetivo na superação das
da Lei nº 12.288, de 2010:
desigualdades raciais.
I – promover a igualdade étnica e o combate às de-
§ 3º O Sinapir deve garantir que a igualdade racial seja
sigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive
contemplada na formulação, implementação, monito-
mediante a adoção de ações afirmativas;
ramento e avaliação de políticas públicas, em todas as
II – formular políticas destinadas a combater os fatores
esferas de governo.
de marginalização e a promover a integração social da
Seção II – Dos Fundamentos Legais população negra;
III – descentralizar a implementação de ações afirma-
Art. 3º São fundamentos legais do Sinapir:
tivas pelos governos estaduais, distrital e municipais;
I – Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o
IV – articular planos, ações e mecanismos para promo-
Estatuto da Igualdade Racial, em cujo Título III (Capítulos
ção da igualdade étnica; e
I, II e III) foi instituído o Sinapir;
V – garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos
II – Convenção Internacional sobre a Eliminação de
criados para a implementação das ações afirmativas
todas as Formas de Discriminação Racial, aprovada
e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
pelo Decreto Legislativo nº 23, de 21 de junho de 1967,
ratificada pela República Federativa do Brasil em 27 de CAPÍTULO III – DOS INSTRUMENTOS GERENCIAIS
março de 1968 e promulgada pelo Decreto nº 65.810,
Art. 6º Constituem instrumentos de gestão do Sinapir:
de 8 de dezembro de 1969;
I – o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial
III – Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
(Planapir), e os planos estaduais, distrital e municipais;
instituída pelo Decreto nº 4.886, de 20 de novembro
II – o Plano Plurianual de Governo; e
de 2003; e
III – a Rede-Sinapir, a ser criada com o fim de promover:
IV – Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial
a) a gestão de informação;
(Planapir), aprovado pelo Decreto nº 6.872, de 4 de
b) as condições para o monitoramento;
junho de 2009.
c) a avaliação do Sinapir; e
d) o acesso e o controle social.
49
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
I – formação de cadastro nacional dos órgãos de po- República em conjunto com os ministérios responsá-
líticas de promoção da igualdade racial, nas esferas veis pela execução de politicas setoriais de promoção
estadual, distrital e municipal; e igualdade racial.
II – desenvolvimento de portal na internet, com acesso
Art. 9º As conferências devem ser realizadas a cada
diferenciado e voltado para a divulgação das ações dos
quatro anos, conforme cronograma a ser definido
diversos órgãos e entidades que compõem o Sinapir.
pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Parágrafo único. Simultaneamente ao funcionamento
Racial da Presidência da República, ouvido o Conselho
do sistema, ocorrerão o aperfeiçoamento e a disse-
Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
minação dos instrumentos e técnicas de avaliação e
monitoramento das ações dos órgãos e entidades que Art. 10. Os órgãos estaduais de promoção da igualdade
compõe o Sinapir e a análise do impacto dessas ações racial dos entes que aderirem ao Sinapir são responsáveis
nas condições de vida das populações negra, indígena pela criação de fóruns estaduais de gestores municipais
e cigana. e pelo apoio ao seu funcionamento, a fim de assegurar a
descentralização da política de promoção da igualdade
CAPÍTULO IV – DA ESTRUTURA DO SINAPIR
racial e possibilitar a representação dos municípios na
Seção I – Da Estrutura instância de formação de pactos do Sinapir.
Art. 8º Integram a estrutura do Sinapir: Art. 11. Fica instituído, no âmbito do Sinapir, o Fórum
I – conferências de Promoção da Igualdade Racial na- Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial
cional, estaduais, distrital e municipais, que constituem (Fipir), com o objetivo de implementar estratégias para
instâncias formais de diálogo entre o setor público e a a incorporação da política nacional de promoção da
sociedade civil, visando a garantir a participação social igualdade étnico-racial às ações governamentais de
na proposição, implementação e monitoramento das estados e municípios.
políticas públicas; § 1º Ao Fipir competirá atuar como instância de for-
II – Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial mação de pactos entre os entes federados, com o fim
(CNPIR), de natureza consultiva, ao qual compete exercer de promover a igualdade racial e o enfrentamento ao
o controle social, por meio do acompanhamento da racismo.
implementação das políticas de promoção da igualdade § 2º O Fipir será composto por dirigentes responsáveis
racial, e contribuir para que sua execução esteja em pela articulação e pela coordenação da política de
conformidade com as diretrizes da Conferência Nacional promoção da igualdade racial da União, dos estados,
de Promoção da Igualdade Racial; do Distrito Federal e da representação dos municípios
III – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade em cada estado, escolhida no fórum estadual de ges-
Racial da Presidência da República (Seppir-PR), respon- tores municipais.
sável pela articulação ministerial e pela coordenação § 3º O regimento interno provisório do Fipir e as orien-
central do sistema; tações gerais para o funcionamento dos fóruns esta-
IV – Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade duais de gestores municipais serão definidas em ato
Racial (Fipir), espaço de formação de pactos no âmbito do ministro de Estado chefe da Secretaria de Políticas
do sistema, constituído pela Secretaria de Políticas de de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Repú- República.
blica e pelos órgãos de promoção da igualdade racial § 4º Uma vez que o Fipir e os fóruns estaduais de ges-
estaduais, distrital e municipais, responsáveis pela tores municipais estejam compostos, respectivamente,
articulação da política nas suas esferas de governo; e por cinquenta por cento dos estados e por cinquenta
V – Ouvidoria Permanente em Defesa da Igualdade Ra- por cento dos municípios com órgãos de promoção da
cial do Poder Executivo, responsável pela interlocução igualdade racial, será elaborado o regimento interno
imediata entre cidadãos e o Poder Público, a qual cabe de ambas as instâncias.
funcionar como canal para o recebimento de opiniões e § 5º Para a votação do regimento interno do Fipir,
reclamações, a mediação de conflitos e o encaminha- cada esfera da federação representada no fórum terá
mento de denúncias de racismo e discriminação racial. direito a um voto.
Parágrafo único. A implementação do sistema em âm- § 6º Para fins do disposto no § 5º, considera-se o Dis-
bito federal será feita pela Secretaria de Políticas trito Federal incluído na esfera estadual.
de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
50
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
§ 7º A coordenação do Fipir compete à Secretaria de V – elaborar e executar os planos estaduais e distrital
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência de promoção da igualdade racial;
da República, que proverá o apoio administrativo e os VI – apoiar os municípios na criação de órgãos de pro-
meios necessários ao seu funcionamento. moção da igualdade racial e na elaboração e execução
de seus planos;
CAPÍTULO V – DA ADESÃO, PARTICIPAÇÃO,
VII – realizar conferências estaduais e distrital de pro-
COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES
moção da igualdade racial e apoiar a realização de
Seção I – Da Adesão ao Sistema conferências municipais;
VIII – fortalecer os planos e programas decorrentes da
Art. 12. São requisitos para adesão de estados, Distrito
Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial; e
Federal e municípios ao Sinapir:
IX – executar a política estadual e distrital de promoção
I – instituição e funcionamento de conselho voltado
da igualdade racial, em conformidade com o que for
para a promoção da igualdade racial, composto por
pactuado no Sinapir.
igual número de representantes de órgãos e entidades
Parágrafo único. Salvo as condições previstas nos in-
públicas e de organizações da sociedade civil; e
cisos I e II do caput, as demais poderão ser satisfeitas
II – instituição e funcionamento de órgão de promoção
concomitantemente à participação do estado ou Distrito
da igualdade racial na estrutura administrativa.
Federal no Sinapir.
Parágrafo único. Os municípios poderão satisfazer as
condições previstas nos incisos I e II do caput por meio Art. 15. São condições para participação dos municípios
de consórcios públicos, nos termos do art. 26. no Sinapir:
I – instituir e apoiar administrativa e financeiramente
Seção II – Das Condições para a Participação de
os conselhos municipais voltados para a promoção da
Estados, Distrito Federal e Municípios no Sinapir
igualdade racial;
Art. 13. Participam do Sinapir a União, representada II – assegurar o funcionamento dos órgãos municipais
pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualda- de promoção da igualdade racial, oferecendo condições
de Racial da Presidência da República e pelos órgãos administrativas e financeiras, observados os requisitos
responsáveis pela execução de políticas setoriais de e as formas de gestão do Sinapir, nos termos do art. 14;
promoção da igualdade racial, e, os estados, Distrito III – participar e contribuir para o fortalecimento dos
Federal e os municípios que tenham aderido ao sistema. fóruns estaduais de gestores municipais de promoção
Parágrafo único. Ato do ministro de Estado chefe da da igualdade racial;
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial IV – participar do Fórum Intergovernamental de Pro-
da Presidência da República disciplinará os procedi- moção da Igualdade Racial, por meio de representação
mentos a serem seguidos no processo de adesão ao do respectivo fórum estadual de gestores municipais;
Sinapir pelos entes federados, no prazo de noventa V – elaborar e executar os planos municipais de pro-
dias, contado da data de publicação deste decreto. moção da igualdade racial;
VI – realizar as conferências municipais de promoção
Art. 14. São condições para a participação de estados
da igualdade racial; e
e Distrito Federal no Sinapir:
VII – executar a política de promoção da igualdade
I – instituir e apoiar administrativa e financeiramente
racial em âmbito municipal, em conformidade com o
os conselhos estaduais e distrital voltados para a pro-
que for pactuado no Sinapir.
moção da igualdade racial;
§ 1º Salvo as condições previstas nos incisos I e II do
II – assegurar o funcionamento dos órgãos estaduais e
caput, as demais poderão ser satisfeitas concomitan-
distrital de promoção da igualdade racial, oferecendo
temente à participação dos municípios ao Sinapir.
condições administrativas e financeiras, observados
§ 2º Os municípios poderão satisfazer as condições
os requisitos e as formas de gestão do Sinapir, nos
para a participação no sistema por meio de consórcios
termos do art. 14;
públicos, nos termos do art. 26.
III – participar do Fórum Intergovernamental de Pro-
moção da Igualdade Racial; Art. 16. Ato do ministro de Estado chefe da Secreta-
IV – organizar e coordenar fóruns estaduais de gestores ria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
municipais de promoção da igualdade racial; Presidência da República, no prazo de noventa dias,
51
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Art. 17. A sociedade civil participará do sistema por meio Art. 22. As políticas de promoção da igualdade racial e
dos conselhos voltados para a promoção da igualdade de enfrentamento ao racismo pactuadas no âmbito do
racial em âmbito nacional, estadual, distrital e municipal sistema serão cofinanciadas pela União e os estados,
e das conferências de Promoção da Igualdade Racial. Distrito Federal e municípios que aderirem ao Sinapir.
Art. 18. A composição de grupos de trabalho, comitês Art. 23. O mecanismo de financiamento do Sinapir, em
ou outras instâncias para as quais a sociedade civil âmbito federal, compreende recursos oriundos:
tenha representantes devidamente designados será I – do orçamento da Secretaria de Políticas de Promo-
considerada forma de participação no sistema. ção da Igualdade Racial da Presidência da República;
II – das ações orçamentárias previstas na lei orçamen-
Art. 19. A execução pela sociedade civil de projetos
tária anual direcionadas à promoção da igualdade racial
específicos de promoção da igualdade racial e de en-
e enfrentamento ao racismo;
frentamento ao racismo, de interesse da coletividade,
III – de doações voluntárias de particulares, de empre-
financiados pelo poder público, também constitui forma
sas privadas e de organizações não governamentais;
de participação no Sinapir.
IV – de doações voluntárias de fundos nacionais e
Seção IV – Das Competências e internacionais; e
Responsabilidades da União V – de doações de estados estrangeiros, por meio de
convênios, tratados e acordos internacionais.
Art. 20. Compete à União coordenar o Sinapir e exercer
as seguintes funções: Art. 24. As transferências voluntárias de recursos federais
I – adotar políticas de fomento para a participação para apoio à promoção da igualdade racial deverão
de estados, Distrito Federal e municípios no sistema; priorizar os entes estaduais, distrital e municipais que
II – articular planos e programas a serem pactuados no tiverem aderido ao Sinapir.
âmbito do Sinapir e executados sob a coordenação dos Parágrafo único. A Secretaria de Políticas de Promoção
órgãos de promoção da igualdade racial integrantes da Igualdade Racial da Presidência da República poderá
do sistema; selecionar projetos de estados, Distrito Federal e mu-
III – fortalecer os planos e programas decorrentes da nicípios por editais, priorizados aqueles apresentados
Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial; por entes que tiverem aderido ao Sinapir.
IV – apoiar os estados, o Distrito Federal e os municí-
Art. 25. O apoio a iniciativas de organizações da socieda-
pios na criação de órgãos de promoção da igualdade
de civil será feito por meio de parcerias com entidades
racial e na implementação das políticas de promoção
selecionadas mediante editais de chamamento público.
da igualdade racial;
V – executar a política de promoção da igualdade racial CAPÍTULO VII – DISPOSIÇÕES GERAIS
em âmbito federal, monitorá-la e criar instrumentos
Art. 26. Os entes que quiserem aderir ao Sinapir pode-
para aferir a sua eficácia;
rão formar consórcios públicos para a implementação
VI – implementar o Plano Nacional de Promoção da
conjunta das políticas de promoção da igualdade racial.
Igualdade Racial (Planapir);
VII – realizar conferências nacionais de promoção da Art. 27. A participação nas atividades do Fipir é considerada
igualdade racial e apoiar a realização das conferências prestação de serviço público relevante, não remunerada.
estaduais e distrital; e
Art. 28. Ato do ministro de Estado chefe da Secretaria
VIII – apoiar o funcionamento da Ouvidoria Permanente de
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Pre-
Promoção da Igualdade Racial no poder público federal.
sidência da República disciplinará normas adicionais
necessárias ao cumprimento do disposto neste decreto.
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – 5 ª EDIÇÃO
Art. 29. Será criado no âmbito do governo federal o de matriz africana, comunidades quilombolas e povos
Disque Igualdade Racial, sob responsabilidade da Se- de cultura cigana.
cretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Parágrafo único. Poderão ser celebradas com os es-
da Presidência da República, para receber denúncias tados, Distrito Federal e municípios integrantes do
de racismo e discriminação racial, em especial, as rela- Sinapir parcerias para formação de rede nacional de
cionadas à juventude negra, comunidades tradicionais atendimento às vítimas de discriminação racial.
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LISTA DE OUTRAS NORMAS E
INFORMAÇÕES DE INTERESSE
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