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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão
DJe 04/12/2012
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 8

13/11/2012 SEGUNDA TURMA

AG.REG. NA AÇÃO ORIGINÁRIA 1.723 RIO GRANDE DO SUL

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : ADRIANE BATTISTI E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : RAFAEL DA CÁS MAFFINI

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO ORIGINÁRIA.


PERDA DE OBJETO. AÇÃO JULGADA EXTINTA SEM ANÁLISE DE
MÉRITO. O ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA DEVE RECAIR SOBRE A
PARTE QUE DEU CAUSA À AÇÃO. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do
Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamento e
das notas taquigráficas, à unanimidade, em negar provimento ao agravo
regimental na ação originária, nos termos do voto da Relatora. Ausentes,
justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Joaquim Barbosa.

Brasília, 13 de novembro de 2012.

Ministra CÁRMEN LÚCIA - Relatora

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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AG.REG. NA AÇÃO ORIGINÁRIA 1.723 RIO GRANDE DO SUL

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : ADRIANE BATTISTI E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : RAFAEL DA CÁS MAFFINI

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - (Relatora):

1. Em 15.6.2012, julguei extinta a “Ação de Conhecimento pelo Rito


Ordinário – Ação Condenatória” ajuizada por Adriane Battisti e outros
contra a União, nos termos do art. 267, inc. III, do Código de Processo
Civil, e condenei a Ré nas custas e em honorários advocatícios que fixei
em 10% do valor da causa (art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil) .

2. A decisão agravada teve a seguinte fundamentação:

“8. Com o pagamento dos valores pleiteados pelos Autores,


evidencia-se a perda do interesse processual na presente ação
originária.
O art. 267 do Código de Processo Civil dispõe:
“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (...)
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como
a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse
processual“
O ônus da sucumbência deve recair sobre aquele que deu causa à
propositura da ação, mesmo quando julgada extinta sem análise de
mérito.
Nesse sentido:
“Ementa: PROCESSO CIVIL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.
EXTINÇÃO SEM ANÁLISE DO MÉRITO. CARÊNCIA
SUPERVENIENTE DA AÇÃO. CONDENAÇÃO NAS VERBAS

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AO 1.723 AGR / RS

DE SUCUMBÊNCIA. DECISÃO MONOCRÁTICA. AGRAVO


REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. RESISTÊNCIA
DESNECESSÁRIA À PRETENSÃO DO AUTOR. REDUÇÃO DA
VERBA HONORÁRIA. ART. 20, § 4º, CPC. FAZENDA PÚBLICA.
INEXISTÊNCIA DE PROVIMENTO CONDENATÓRIO.
EQUIDADE E MODERAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
I - A condenação da agravante na verba honorária deu-se em
absoluto respeito ao princípio da causalidade. Existência de
documento nos autos, juntado pela própria agravante, que evidencia
que a aprovação da prestação de contas afeta ao convênio celebrado
entre as partes ora em litígio, deu-se antes da sua citação. Resistência
à pretensão do autor injustificada.
II - Assiste razão à agravante, no que diz respeito ao montante
em que condenada, a título de verba honorária. Presentes no caso sob
julgamento duas das situações elencadas no § 4º, do artigo 20, do
Código de Processo Civil a justificar a fixação da verba honorária de
forma equitativa e moderada. Sucumbência da Fazenda Pública e
inexistência de provimento condenatório.
III - Redução da verba honorária. Agravo regimental
parcialmente provido” (ACO 839-AgR/AP, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, Plenário, DJe 15.8.2011, grifos nossos).
9. Pelo exposto, julgo extinto o processo sem análise de mérito,
nos termos do art. 267, inc. III, do Código de Processo Civil.
Condeno a Ré nas custas e em honorários advocatícios que fixo
em 10% (dez por cento) do valor da causa (art. 20, § 4º, do Código de
Processo Civil)” (DJe 22.6.2012).

3. Contra essa decisão a União interpõe, tempestivamente, agravo


regimental.

Pondera que a presente ação teria sido “proposta sem uma de suas
condições para ter o mérito julgado, qual seja, o interesse de agir, merecendo,
realmente, uma sentença terminativa, porém, com a condenação dos autores nos
ônus da sucumbência”(fl. 250).

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Salienta que teria havido o “reconhecimento administrativo do direito à


percepção da parcela remuneratória reclamada, cujo pagamento [teria sido]
condicionado à disponibilidade orçamentária do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região”, e que, assim, “o direito dos autores [teria sido] reconhecido a termo,
já que condicionado a um evento futuro e certo” (fl. 250).

Ressalta não ter havido “violação de direito, que só teria lugar se o


Tribunal, havendo disponibilidade orçamentária, se furtasse ao adimplemento de
sua obrigação”, quando, então, se iniciaria o prazo prescricional (fl. 251,
grifos no original).

Argumenta que os autores deveriam suportar os ônus


sucumbenciais, pois o “fundamento único para o ajuizamento da demanda
[teria sido] a suposta iminência da ocorrência da prescrição”, que não teria
iniciado, a demonstrar a “inequívoca a ausência de interesse processual” (fl.
251).

Pede o provimento do agravo regimental para que sejam invertidos


os ônus da sucumbência.

É o relatório.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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13/11/2012 SEGUNDA TURMA

AG.REG. NA AÇÃO ORIGINÁRIA 1.723 RIO GRANDE DO SUL

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - (Relatora):

1. Razão jurídica não assiste à Agravante.

2. A União argumenta que não deveria suportar os ônus


sucumbenciais, pois o “fundamento único para o ajuizamento da demanda
[teria sido] a suposta iminência da ocorrência da prescrição”, que não teria
iniciado, a demonstrar a “inequívoca a ausência de interesse processual” (fl.
251).

3. Na presente espécie, os ora Agravados ajuizaram, em 22.11.2007,


ação condenatória contra a União para receberem valores reconhecidos
como devidos, administrativamente, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, há cinco anos.

Evidente o interesse de agir dos ora Agravados, que, ante a omissão


do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, optaram por buscar,
judicialmente, o reconhecimento de seus direitos e a condenação da ora
Agravante ao pagamento desses valores.

4. Em observância ao princípio da causalidade, o ônus da


sucumbência deve recair sobre aquele que deu causa à propositura da
ação, mesmo quando julgada extinta sem análise de mérito.

Sobre o princípio da causalidade, leciona Yussef Said Cahali:

"Segundo Carnelutti (...), o princípio da causalidade responde


justamente a um princípio de justiça distributiva e a um princípio de
higiene social. De um lado, é justo que aquele que tenha feito
necessário o serviço público da administração da Justiça lhe suporte a

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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AO 1.723 AGR / RS

carga; e, de outo lado, é oportuno, pois a previsão deste encargo reage a


uma contenção no sentido de se fazer o cidadão mais cauteloso”
(CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1997, p. 42, grifos nossos).

Na Ação Cível Originária n. 839-AgR/AP, este Supremo Tribunal


aplicou o princípio da causalidade em ação extinta sem julgamento de
mérito:

“Ementa: PROCESSO CIVIL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.


EXTINÇÃO SEM ANÁLISE DO MÉRITO. CARÊNCIA
SUPERVENIENTE DA AÇÃO. CONDENAÇÃO NAS VERBAS
DE SUCUMBÊNCIA. DECISÃO MONOCRÁTICA. AGRAVO
REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. RESISTÊNCIA
DESNECESSÁRIA À PRETENSÃO DO AUTOR. REDUÇÃO DA
VERBA HONORÁRIA. ART. 20, § 4º, CPC. FAZENDA PÚBLICA.
INEXISTÊNCIA DE PROVIMENTO CONDENATÓRIO.
EQUIDADE E MODERAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
I - A condenação da agravante na verba honorária deu-se em
absoluto respeito ao princípio da causalidade. Existência de
documento nos autos, juntado pela própria agravante, que evidencia
que a aprovação da prestação de contas afeta ao convênio celebrado
entre as partes ora em litígio, deu-se antes da sua citação. Resistência
à pretensão do autor injustificada.
II - Assiste razão à agravante, no que diz respeito ao montante
em que condenada, a título de verba honorária. Presentes no caso sob
julgamento duas das situações elencadas no § 4º, do artigo 20, do
Código de Processo Civil a justificar a fixação da verba honorária de
forma equitativa e moderada. Sucumbência da Fazenda Pública e
inexistência de provimento condenatório.
III - Redução da verba honorária. Agravo regimental
parcialmente provido” (ACO 839-AgR/AP, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, Plenário, DJe 15.8.2011, grifos nossos).

Mantenho, assim, a condenação da União nas custas e em honorários

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advocatícios, uma vez que deu ensejo ao ajuizamento da ação.

5. Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.

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Decisão de Julgamento

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SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NA AÇÃO ORIGINÁRIA 1.723


PROCED. : RIO GRANDE DO SUL
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
AGTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : ADRIANE BATTISTI E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : RAFAEL DA CÁS MAFFINI

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto da Relatora. Ausentes,
justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello e Joaquim
Barbosa. 2ª Turma, 13.11.2012.

Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Presentes


à sessão o Senhor Ministro Gilmar Mendes e a Senhora Ministra
Cármen Lúcia. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros
Celso de Mello e Joaquim Barbosa.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo da Rocha Campos.

P/ Fabiane Duarte
Secretária

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