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1 INTRODUÇÃO

O óleo de palma é um dos óleos que são extraídos do fruto do dendezeiro.


Contém proporções iguais de ácidos graxos saturados (palmítico 44% e
esteárico 4%) e não saturados (oleico 40% e linoleico 10%). É uma fonte
natural de vitamina E, tocoferóis e tocotrienóis que atuam como antioxidantes.
É rico também em betacaroteno, fonte importante de vitamina A. É o óleo mais
apropriado para fabricação de margarina, pela sua consistência e por não
rancificar. É excelente como óleo de cozinha e frituras, sendo também utilizado
na produção de manteiga vegetal, apropriada para fabricação de pães, bolos,
tortas, biscoitos finos, cremes, etc. O maior uso do óleo de palma é como
matéria-prima na fabricação de sabões, sabonete, sabão em pó, detergentes e
amaciantes/amaciadores de roupa biodegradáveis, podendo ainda ser utilizado
(com restrições) como combustível em motores a diesel(FOOD
INGREDIENTES BRASIL 2014).

O dendê é a principal oleaginosa cultivada atualmente no mundo. Estima-


se que a área plantada em 2010, em 44 países, tenha sido de mais de 15
milhões de hectares, gerando uma produção de mais de 217 milhões de
toneladas de frutos. Desse volume produzido, foi possível obter 43,5 milhões
de toneladas de óleo de palma (ou azeite de dendê), extraído do mesocarpo, e
5,7 milhões de toneladas de óleo de palmiste, oriundo da amêndoa da palma
(FAO, 2012). Com base nesses valores, verifica-se uma produção total de óleo
de mais de 49 milhões de toneladas, o que equivale a 22,6% da produção
mundial de óleo vegetal total (EMBRAPA,2013).

Dos 44 países que cultivam o dendê, mais de 30 apresentaram aumento


na produção entre os anos de 2005 e 2010, refletindo a expansão dessa
cultura. O Brasil é o 12º maior plantador e produtor de dendê em fruto. A área
estimada de plantio em 2010 foi de 106 mil hectares, e o rendimento da
produção foram de quase 1,3 milhão de toneladas (FAO, 2012).

O óleo de palmiste, obtido em pequena quantidade da amêndoa do dendê,


é rico em ácidos láurico e mirístico (Figura 1), usado como alimento e base
para cosméticos. O óleo de palma é rico em ácidos oleico e linoleico (Figura 1),
sendo comumente usado na produção de cosméticos, ceras, lubrificantes,
biodiesel e outros produtos, além da indústria alimentícia (EDEM, 2002;
PAPONG et al., 2010; TAN et al., 2009).

Figura 1. Exemplos de ácidos graxos presentes no óleo de palmiste e óleo de palma .

No processo de extração desses óleos, são gerados diversos coprodutos.


Alguns já contam com um mercado definido, enquanto outros ainda precisam
de melhor avaliação para agregação de valor e, consequentemente,
fortalecimento da cadeia produtiva (EMBRAPA, 2013).

Neste trabalho será projetada uma planta de produção de azeite de dendê


em escala industrial através dos estudos das etapas de sua produção tendo
como base informações disponível na literatura.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Azeite de dendê ou Óleo de Palma

O óleo é extraído da polpa do fruto da palmeira oleaginosa Elaeis guineensis


por métodos físicos (prensagem mecânica) sem uso de solventes ou outras
substâncias químicas. O refino é feito de forma natural (fisicamente), são
usados apenas produtos naturais no seu processamento (ácido cítrico e terra
não ativada). Isso difere dos processos convencionais de refino químico que
usam soda cáustica para a neutralização dos ácidos graxos livres. No refino
físico do óleo de palma, os ácidos graxos livres são removidos por
destilação(AGROPALMA,2015).

Os óleos vegetais são produtos naturais constituídos por uma mistura de


ésteres resultantes da condensação de uma molécula de glicerol (triacilgliceróis
ou triglicerídeos), com três moléculas de ácidos graxos (SRIVASTAVA;
PRASAD, 2000). São constituídos de ácidos graxos de cadeias curtas ou
longas, cujo grau de saturação ou insaturação, é função da origem e tipo de
semente (SONNTAG, 1979). Os ácidos graxos mais comumente encontrados
nos óleos apresentam cadeias de 16 e 18 átomos de carbono. Essas cadeias
podem ser saturadas (sem duplas ligações) ou insaturadas (com duplas
ligações), tendo como principais constituintes os ácidos palmítico (1), esteárico
(2), oléico (3) e linoléico (4), Figura 2 (VIANI e BRAZ FILHO, 1996).

Figura 2: Estrutura dos ácidos palmítico (16:0) (1), esteárico (18:0) (2), oléico (18:1) (3) e
linoléico (18:2) (4). Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br
2.2 Composição e características físicas do óleo de palma

A composição química deste óleo é importante, pois dos ácidos graxos que
o formam são determinadas às propriedades físicas essenciais, como
viscosidade, ponto de fusão, estabilidade térmica e índice de cetano,
permitindo prever o comportamento, a susceptibilidade à decomposição e o
melhor método de manuseio (SUNDRAM, 2001). A composição e algumas
propriedades físicas do óleo de palma estão apresentadas nas Tabelas 1 e 2
respectivamente.

Tabela 1: Composição química do óleo de palma.

Tabela 2: Características físicas do óleo de palma.


2.3 Processo de produção

2.3.1 Processamento do fruto de dendê

O dendezeiro é considerado a oleaginosa de maior produtividade em todo o mundo,


com rendimento de 4 a 6 toneladas de óleo/ha, correspondendo 20 a 25 toneladas de
cachos de frutos frescos (CFF) por hectare. É uma cultura perene, cujo plantio é feito a
partir de mudas que se desenvolveram durante 12 a 18 meses em viveiro até alcançarem a
maturidade para o plantio definitivo. Sua produção inicia aos 3 anos de idade, atingindo seu
rendimento máximo entre os 7 e 15 anos. O replantio é feito após 25 a 30 anos, quando
torna-se anti-econômica a coleta dos frutos devido a altura alcançada pelas palmeiras. Ao
contrário das demais oleaginosas, o dendê produz durante o ano todo, não apresentando
safras estacionais, o que facilita a fixação da mão-de-obra e reduz os problemas com
erosão.

Como a característica da cultura do dendê exige beneficiamento dos frutos no máximo em


72 horas após a colheita, torna necessária a instalação de indústrias de extração de óleo
bruto junto aos plantios (DENPASA, 2010).
3 Descrição do Processo:

a) A Plantação

A produção do óleo de palma começa com a aquisição das sementes prégerminadas que
sãoree”. Após rigorosa classificação estas sementes são plantadas e tratadas em pré-
viveiros por um período mínimo de 03 meses, então são transferidas para viveiros,
permanecendo por um período de 12 30 meses onde são aplicadas as mais modernas
técnicas de cultivo. Após a etapa de viveiro a muda já está com aproximadamente 1 metro
de altura e é levada ao campo para ser plantada. O ciclo médio de produção será de
aproximadamente 25 anos (AGROPALMA, 2007).

b) Colheita e transporte de frutos

A palmeira do óleo de palma produz cachos de frutos maduros durante todo o ano, mas
existem períodos de alta e baixa produção. Cada cacho pesa aproximadamente de 10 a 20
kg e contém mais que 2.000 frutos, sendo o amadurecimento dos cachos não uniformes
em relação ao tempo. Entretanto a maioria do óleo é sintetizado nas últimas duas semanas
deste processo, e um correto julgamento do amadurecimento é essencial para assegurar
uma boa produção. O amadurecimento excessivo leva a biodegradação, empobrecendo a
qualidade final do óleo. O ótimo amadurecimento é julgado de acordo com a proporção de
perdas de frutos - ao redor de 5 a 10 unidades. O cacho é retirado da planta com auxílio de
ferramentas de corte (sacho e foice). Para plantas novas e menores é utilizado o sacho e
para plantas maiores e mais velhas, a foice. Nesta última, muitas vezes, é necessário ainda
uma haste para facilitar o corte dos cachos. Os frutos são transportados para a extração
em caixas de metal apropriadas para serem utilizadas na esterilização (AGROPALMA,
2007).

c) Extração

A partir do fruto da palma, podem ser produzidos dois tipos de óleos: óleo de palma (da
polpa) e óleo de palmiste (da semente ou amêndoa), ambos com diferentes características
físico-químicas. A produção de óleo de palma e de palmiste representam em peso, 22% e
2% do cacho de frutos frescos (CFF), respectivamente. Embora a maioria dos óleos de
sementes são extraídos com solvente, o óleo de palma é extraído por prensagem
(AGROPALMA, 2007).
Os principais passos do processo de extração são:

 Esterilização: Os cachos de frutos vêm da plantação em caixas de metal


(containers com carga de cachos em torno de 8 toneladas) que são
introduzidas em esterilizadores horizontais onde são cozidos com vapor
direto a 2,5 - 3kg/cm2 de pressão. O tempo total de processo é de 90
minutos incluindo o tempo de carregamento e descarregamento (do
esterilizador). Os objetivos da esterilização são: inativação de enzimas,
facilitarem o desprendimento dos frutos das buchas, amolecimento dos
frutos, facilitarem na separação das nozes da polpa e coagulação das
proteínas.

 Debulhamento: Após saírem do esterilizador, as caixas são


descarregadas para a alimentação do debulhador. Este consiste em uma
rotação horizontal de um tambor com paredes vazadas, no qual cada cacho
é centrifugado para soltar o fruto aderido.

 Digestão e Prensagem: Os frutos soltos sobem a partir de um elevador de


canecas para o digestor. Este é provido de aquecimento com vapor indireto
e braços agitadores. A função principal desta etapa é romper o mesocarpo,
quebrando as células oleosas, para facilitar a extração de óleo. O tempo de
digestão é de 30 minutos a uma temperatura de 90 a 100 °C. A prensagem
é feita de forma continua imediatamente após a digestão do material. A
prensa libera um líquido que é consistido por 52% de óleo, 8% de sólidos,
40% de fase aquosa e torta contendo fibra dos frutos e amêndoas.

 Clarificação e Purificação: Clarificação consiste na separação do óleo


das impurezas (fase aquosa e sólidos finos). Esta etapa é conduzida em
tanques de decantação e centrífuga decanter de três fases. O óleo
recuperado é ainda purificado em centrífugas de pratos e seco a vácuo.
A clarificação do óleo de palma e do de palmiste é extremamente
importante, pois é o que define a qualidade final do produto. A eliminação
das impurezas constituídas de areia e fibras deve ser feita em conjunto com
a extração para que não haja severa deterioração do óleo além de danos
aos equipamentos por abrasão.

3. Balanço de massa

O balanço de massa foi feito para extração de 28 toneladas de cachos de


fruto fresco.

3.1- Esterilizador

Condensado
CFF 3t
28 t/h Esterilizador
Cachos esterilizados
25 t

O esterilizador opera a 135 °C e pressão de 2,9 atm, por


aproximadamente 1 hora, dessas 25 t de cachos esterilizados 72,4% se
constitui de frutos, que equivale 18,1 t, a outra parte são de cachos vazios.

3.2- Prensagem

Prensa
Frutos Óleo de Prensa
18,1 t 9,4 t
Fibra úmida + caroço

8,7 t

O fruto e transferido para a prensa, A prensagem é feita de forma


continua, e o liquido que e liberado e constituído de 52% de óleo e 48% de fibra
úmida e caroço.
3.3- Clarificação

Óleo da prensa
9,4 t resíduos
3,53 t

Óleo de palma
5,87 t
No processo de clarificação o rendimento de óleo de palma e de 62,5 %
e de resíduos 37,50%.

No balanço geral da produção de extração, o rendimento de óleo de


palma por de cacho de frutos fresco e de 21%.

REFERENCIAS

Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA, Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Manaus: 2003.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa Agroindústria Tropical,


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Valorização de
coprodutos da cadeia do dendê. Fortaleza: 2013.

Santos, Nairo Rildo. Reestruturação produtiva e desenvolvimento regional:


estudo de caso sobre a Empresa Agropalma S.A. 2008.176 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos
Estudos Amazônicos, Belém, 2008.
Ribeiro, Haroldo Jorge da Silva, Estudo comparativo dos processos de
separação na obtenção do biodiesel de óleo de palma bruto (elaeis
guineensis, jacq), 2014,1143 f, Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal do Pará, Instituto de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química, Belém, 2014.

Denpasa, Dendê do Pará S/A, Página institucional disponível em: <


http://denpasa.com.br/pt-br/oleo-de-palma-utilizacao/> , Acesso em:28
nov.2018.

Mejer Agroflorestal Ltda, cultivo, extração e refino de óleo de palma e palmiste,


Revista Food Ingredients Brasil, São Paulo,n°31,2014.

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