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Fernanda Peixoto
Doutoranda em Antropologia Social - USP e pesquisadora do Cebrap
tória dos milhar es de índios - os negro s da terra - apri sionado s pe los sertanis-
tas de São Paulo. " O surt o bandeirante, loca lizado entre 1628 e l 641, resul-
tou na caçada violenta aos índi os (inc lu ídas as mulher es e as cria nças), qu e
serv iriam de suste nta ção à econo1nia do plana lto.
"Do sertão ao povoado , de índio a esc ravo, foi este o ca minh o percorrido
pela maioria. " Tal camin ho é minucio sament e acompanhado pelo pesqui sa-
dor no s capítu los ce ntrais do vo lume. A religião, o co mpr adio e a tentativa
de enquadram ento da população cat iva numa categ oria étni ca padroni zada
- os " negros", os "c arijós " etc. - for am alguns do s instrumentos utili zados
para integra r o índi o à sociedade do co loni zador. As rebeliõe s e fugas, por
sua vez, os recursos do s escravos para rom per o cic lo da dominação. Vio-
lência e co ntrol e, aliados a di scur sos paterna listas e post uras prot etoras,
co nstitu em elemento s fundame ntais para a caracter ização do "caminho per-
co rrid o pe la maioria ", onde enfrentaram- se senhor es e esc ra vos, co lonos e
índio s.
Uma narrativa como esta, marcada por tragédia s e violências desde o prin-
cípio, não poderia ter u1n dese nlace ain eno. O final do século XVII e o séc u-
lo XVIII assistem à difu são da pobr ez a moral e à concentração de riqu ezas
na s mão s de algum as pouca s família s. A prese nça de esc ravo s negros na s
minas viria a alterar, po steriormente , as bases da soc ied ade pauli sta. Ma s
não o aprofundamento da mi séria .
Diante do quadr o i1npecavelmen te pintado pelo autor sob re as parti cula-
ridad es de São Paul o na Co lôn ia, fica u1na dúvida , 1nera ind agação. O es-
forço em diferenciar o caso pauli sta deixa a sensação de qu e a ex periência
co loni al no plana lto foi tão original, tão distinta da ocor rid a no resto do paí s,
que seu nexo com o sistema co lonial mais amp lo teria sido, no míni1no, frou-
xo . Afinal , a mão-de-ob ra indí ge na aqui obtid a não abastec ia os merca dos
do I itor al. A produção de trigo, por sua vez, co rrespondeu apena s provi sori-
amente ao surgin1ento de uma agricultura comercial no plan alto. O único elo
fort e de São Paulo co m o resto da sociedade co lonia l seria, então , a pre sença
do trabalho esc ravo?
Os jesuíta s, aqu i propo sitadam ente deixado s para o final, tê1n pape l ativo
na empre sa co lonial, atrav essa ndo integralm ente a intrin cada teia de relações
compo stas por índio s, co lonos e Coroa Portugu esa. Trazido s pela frota de
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REVISTA DE ANTROPOLOGIA, SÃO PAULO, USP, 1995, v. 38 nº 2.
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